REVISTA-LABORATÓRIO DA DISCIPLINA DESIGN DE NOTÍCIAS E PLANEJAMENTO VISUAL NO JORNALISMO 2017/2 CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - HABILITAÇÃO JORNALISMO - UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - UCS
INTERNET COMO VÁLVULA DE ESCAPE
pág. 15
NDEPEDÊNCIA FINANCEIRA EMPODERA AS MULHERES pág. 3
ÁBITOS SAUDÁVEIS SÃO SINÔNIMO DE QUALIDADE DE VIDA
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ROJETOS PARA PRESERVAR E OCUPAR A MAESA pág. 9
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EXPEDIENTE Reitor Dr. Evaldo Antonio Kuyava Diretora do CCSO - Centro de Ciências Sociais Dra. Maria Carolina Rosa Gullo Coordenador do curso de Jornalismo Me. Marcell Bocchese Disciplina Design de notícia e planejamento visual no jornalismo Professora Dra. Marlene Branca Sólio Diagramação Veronice de Fátima Paim
ALUNOS Bruna Fernandes Valtrick Caroline Cesca Denise Maria Dal Picolli Costa Évelynn Marinho Alves Gabriella Borges de Paula Jennifer Bauer Eme Kétlin Pinto Varela Luiz Guilherme Francischini Schmitz Marília Alves da Rosa Mario Ducatti Neto Morgana Pereira de Moraes Pablo Ribeiro Regina de Fátima Lain Roberto Peruzzo Sheila Amanda Nicoletti Veronice de Fátima Paim Vitória Ricardo
EDITORIAL
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ocê sabe o que significa “Entrelinha”? É algo que se subentende, não escrito diretamente. É com esse propósito que cada matéria desta edição busca interpretar as mudanças da nova sociedade, trazendo temas que proponham uma reflexão sobre as opções e estilos de vida. Com o advento da tecnologia e a facilidade de acesso à informação, as pessoas passaram a buscar novas alternativas, seja em busca de liberdade ou de qualidade de vida. Insatisfeita com os grandes veículos de comunicação, a sociedade passou a manifestar-se por conta própria, trazendo à tona as entrelinhas, que eram consenso social. Ainda assim, pela própria ve-
locidade das mudanças, os cidadãos permanecem alheios e em frequente dúvida sobre a forma de viver. Na mesma proporção em que dispõem de um turbilhão de informações diárias, o que inclui novas leis, novas regras, e mesmo a falta delas, aumenta a vulnerabilidade do sujeito em relação a si e aos outros. Acredita-se que a renovação é necessária e que vai ocorrer de forma consciente, gradual, permitindo que todas as pessoas se sintam incluídas, sendo parte dessa sociedade. Propõe-se, com esta edição, que ao ler você tenha subsídios necessários para alinhar a reflexão e a mudança.
SUMÁRIO
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CONFLITOS PESSOAIS E INTERPESSOAIS DE ASSUMIR-SE TRANSGÊNERO NO BRASIL
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DO INFORMAL AO FORMAL
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PRIMEIRO ANO DO SIM CAXIAS DIVIDE OPINIÕES
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ARTE SE FAZ TAMBÉM NAS RUAS
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www.ucs.br 2017/2
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INDEPENDÊNCIA FINANCEIRA EMPODERA AS MULHERES Além de ganhar seu dinheiro, mulheres lutam por salários e condições melhores de emprego, para se livrar da opressão psicológica e violência física.
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REPORTAGEM: Jennifer Bauer Eme
m dos assuntos mais comentados no último ano, o empoderamento feminino colocou em debate questões relacionadas aos direitos das mulheres como: decisões sobre o próprio corpo e desconstrução dos padrões de beleza, entre outras pautas que sempre permearam o cotidiano feminino. A condição de submissão em que muitas mulheres se encontram mostra a importância de discutir, por exemplo, a realidade do mercado de trabalho, lugar onde o gênero feminino sofre segregação e disparidade salarial. Segundo pesquisa divulgada em março deste ano, pela classificadora de empregos Catho, a diferença salarial entre homens e mulheres, no mesmo cargo, pode chegar a 75%. Em parâmetros gerais, essa diferença é de 30%.
“é preciso educar as mulheres para se sentirem livres e capazes de sustentar-se sozinhas” Outro fato que chama atenção é o nível de especialização feminina. De acordo com os dados do Plano Nacional de Qualificação, do Ministério do Trabalho e Previdência Social, realizado no ano passado, 18,8% das mulheres brasileiras têm Ensino Superior completo, enquanto 39,1% têm Ensino Médio completo ou superior em
Fonte: IBGE - CENSO 2010
andamento. Para os homens, a pesquisa aponta os índices, respectivamente, de 11% e 33,5%. Mesmo com maior qualificação, a mulher precisa sofrer calada a violência imposta pelo companheiro por não conseguir se manter financeiramente. Muitas vezes essa dependência financeira transforma a mulher, em número da crescente e triste estatística da violência doméstica. Em 2016, a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) em Caxias, recebeu cerca de 6 mil denúncias de violência contra a mulher, na maioria os casos eram de violência doméstica.
Para a coordenadora do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, Lourdes Zabot Elias, é preciso educar as mulheres para se sentirem livres e capazes de sustentar-se sozinhas. Lourdes fala, ainda, do papel governamental nessa questão. “Nossa pauta principal este ano é conseguir que o município abra mais creches aqui. Muitas mulheres precisam de vagas gratuitas para terem um local seguro onde deixar os filhos enquanto trabalham. Isso também é empoderar. Ela precisa ter condições para sair desta situação”, destaca.
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OS CONFLITOS PESSOAIS E INTERPESSOAIS DE SE A SSUMIR TRANSGÊNERO NO BRASIL Gênero e sexualidade despertam o sentimento de curiosidade das sociedade. Mas infelizmente, no Brasil o assunto ainda não desperta respeito.
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REPORTAGEM: Évelynn Marinho Alves, Gabriella Borges e Kétlin Varela
Brasil é o país que mais mata transgêneros no mundo; ao mesmo tempo, é um dos que mais procura vídeos pornográficos deste tipo. “Quantas Dandaras serão necessárias para algo mudar?” É com essa frase que o militante LGBT Zion Raphael Alves desabafa sobre a atual situação das pessoas Trans no país. Ele se refere ao caso da travesti Dandara, agredida com murros e pedradas, antes de ser brutalmente assassinada a tiros no Ceará, no início ano, enquanto os cúmplices filmavam a violência. Infelizmente, crimes de ódio
como esse não são isolados. Não é necessário muito mais do que colocar a palavra “transexual” na internet para se informar sobre a preocupante realidade que a população vive. O relatório da ONG mundial Transgender Europe confirma que o Brasil é o 1º colocado na lista dos países que mais matam transexuais, e nos aponta como responsável por 42% das mortes de transgêneros no mundo todo. Outro dado alarmante é informado pela ONG Grupo Gay da Bahia, que monitora a vivência dos LGBTs. Em menos de 10 anos, as mortes quase
dobraram desde que a pesquisa é feita, há 37 anos. Ao contrário do que se pensa, não evoluímos nesse sentido. A violência sistêmica e o preconceito não podem ser encarados como normalidade. Para diminuir esses números alarmantes, é necessário quebrar o tabu sobre a transgeneridade e conversar abertamente com a sociedade sobre o assunto, promovendo iniciativas de respeito e igualdade.
Afinal, o que é ser transexual? resultado disso é que o sistema nervoso tem uma expectativa que não é refletida na realidade do corpo, o que causa sofrimento e não aceitação, do indivíduo. Conforme explica a estudante transexual Felicity (nome fictício, a apedido), desde a infância, o sentimento é de não se sentir confortável com o próprio corpo. “Desde pequenos nos sentimos deslocados, como se não pertencêssemos ao mundo em que vivemos. E nós temos traços e comportamentos que as pessoas julgam e discriminam, porque consideram errado, porque é masculino ou feminino. Nós sabemos quem somos e como nos sentimos, que forma de amor queremos, mas é na adolescência que surge esse conflito de ‘quem eu sou’, ‘o que eu quero para o meu futuro’? E aí, quando conseguimos nos aceitar, começa nosso processo de metamorfose.”
Bandeira que representa os transsexuais, travestis e transgêneros. CRÉDITO: National Progress Party
CRÉDITO: Marcello Casal Jr. - Agência Brasil
De acordo com Lucas Fürstenau de Oliveira, Mestre e Doutor em Neurociências (UFRGS), transexualé a pessoa que quer ocupar o papel social e também quer ter o corpo como alguém do gênero do sexo oposto. Isso acontece porque o cérebro e o corpo estão fora de sintonia, uma característica que surge ainda no útero. Conforme ele explica, ainda durante o desenvolvimento uterino do feto existe um processo “masculinizador” do corpo e do cérebro: hormônios masculinizantes são liberados no útero; desenvolve-se um corpo com características masculinas e um cérebro masculino. Sem a liberação desses hormônios, são gerados um corpo e um cérebro femininos. No caso das pessoas transexuais, ocorre confusão entre esses dois papéis, ou seja, é a masculinização do cérebro em um corpo não masculinizado, e vice-versa. O
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A metamorfose pessoal e coletiva É da mesma forma que Zion e Felicity falam sobre suas histórias. Ele conta que por volta dos 16 anos começou a pesquisar para entender como se sentia e que na época, nem o Google tinha muito material sobre pessoas transgênero e sobre o tratamento hormonal. Hoje em dia, se tem mais informação. “Na época me assumi como uma mulher homossexual, tentei me aproximar do que eu queria ser. Mas quando eu contava como me sentia, um homem, me diziam ‘ou eu, ou a mudança’. Eu preci-
sava de ambos para ser feliz, mas quis viver o meu sonho de ser o homem que eu sempre fui, só que com a aparência errada.” “Não foi a sociedade que fez me sentir uma mulher, porque na sociedade ainda há muito preconceito. Eu quis me entender para me sentir bem comigo mesma. E comecei a fazer todo o processo para feminilização do meu gênero. Mas só aos 19 anos consegui ser encaminhada de Caxias do Sul para o Hospital de Clínicas de Porto Alegre, que é onde transgê-
neros podem iniciar tratamento psicológico e terapia.” Mesmo assim, o processo pelo Sistema Único de Saúde (SUS) não é rápido. Desde 2008 a cirurgia de mudança de sexo é permitida somente após os 21 anos, com a norma de ter realizado 2 anos de acompanhamento psicológico. Com poucas formas de tratamento, poucos especialistas e longas filas de espera, muitos transexuais acabam comprando medicação no mercado negro, sem saber a procedência.
Aceitação: entre eu e a sociedade Felicity lembra que é no momento da aceitação que começa o impacto familiar. Os pais não estão preparados e não conseguem entender como os filhos se sentem, o que culmina em brigas, expulsões de casa, e outras dificuldades que vem a partir disso, como o abandono escolar e a prostituição como meio de sobreviver. O militante transgênero Zion explica que, pela falta de apoio, não sobram muitas opções para as travestis e transexuais, que sentem na pele
ONGs LGBTs DE CAXIAS DO SUL • Construindo Igualdade • Identidade LGBT de Caxias do Sul
A cartunista brasileira Laerte se assumiu transgênero em 2011 e é uma das personalidade influentes na causa Trans
a exclusão e se sentem cada vez mais marginalizados.”Quando eu me assumi homem trans, trabalhava em um shopping, em um negócio para crianças. Oito meses depois, fui substituído por motivos contraditórios, e fiquei um ano sem emprego. Fui a dezenas de entrevistas, mas ninguém me chamava,” conta. Porém, a identidade de uma pessoa transexual não diz respeito apenas ao corpo físico e às roupas que usa. Segundo aponta
o neurocientista Lucas Fürstenau de Oliveira, em entrevista à Entrelinhas, a aflição causada pelo desacordo entre cérebro e corpo é normalmente aliviada com intervenção hormonal ou cirúrgica. A taxa de satisfação entre a população trans, que optou pela transexualização é de mais de 90%. Normalmente, as pessoas que se sentem insatisfeitas com o resultado da cirurgia percebem que, na realidade, não se encaixam no sistema binário de gênero.
Ser Transgênero em Caxias do Sul Infelizmente, ser transgênero e viver em Caxias do Sul não é muito diferente do que no resto do Brasil. Mesmo com a garantia em lei, que não podem ser discriminados ou descartados por suas opções de vida, os LGBTs ainda encontram muita dificuldade para ter as mesmas oportunidades e o mesmo tratamento de pessoascisgênero. A marginalização exclui os transgêneros e reduz as chances de uma vida plena e feliz. Muitos acabam migrando para a prostituição e condições de exploração sexual por não terem outras opções, fato que por si só demonstra como ainda são fetichizados e objetificados em nossa sociedade.
Esses dados e essas vivências reforçam a necessidade de o País investir em políticas públicas para a população transexual, tanto para melhorar sua qualidade de vida quanto para promover igualdade e convivência entre grupos. “O medo muitas vezes nos cega, nos faz viver como um ator. Mas a liberdade supera todo o medo. Tenho esperança de que um dia os meus filhos vivam em um mundo melhor, e os filhos deles também; que esses fatos fiquem apenas como passado, como dados de pesquisa de um tempo antigo de sofrimento que acabou”, finaliza Zion.
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DO INFORMAL AO FORMAL UMA NOVA PERSPECTIVA PARA O COMÉRCIO DE RUA
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os últimos anos, Caxias do Sul tornou-se referência no acolhimento a imigrantes, principalmente vindos do Senegal. Atualmente, cerca de 700 senegaleses moram na cidade. Entre eles, em torno de 40 trabalham como ambulantes nas ruas, mas sem a formalização desse comércio. No início do ano, os indígenas que vendem seus produtos no centro da cidade também foram alvo de polêmica. Ainda que eles, diferentemente dos senegaleses, tenham autorização para vender artesanato nas áreas centrais, não podem vender produtos industrializados. Se fizerem isso, entram na mesma categoria de vendedores que atuam na ilegalidade. A polêmica se deu no final de janeiro, após guardas municipais
REPORTAGEM: Roberto Peruzzo tentarem remover um casal de indígenas que vendiam chapéus e outros itens no Centro de Caxias. A cena provocou indignação na população, pois a Guarda Municipal usou armas de choque alegando resistência do casal. Após o fato, uma reunião entre o Ministério Público Federal (MPF), juntamente com a Secretaria de Segurança Pública e Proteção Social e representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai), definiu os rumos para o encaminhamento à legalidade de atuação dos indígenas no Centro da cidade. “A Funai é parceira e sempre vai estar presente na questão indígena, que terá uma continuidade de melhoria. Hoje, infelizmente, o artesanato quase não existe mais, e ninguém consegue sustentar uma
família vendendo apenas artesanato”, explicou o coordenador da Funai de Porto Alegre, Jorge Carvalho, que acompanha o caso desde o início. A Prefeitura de Caxias do Sul organizou, no final de janeiro, frentes de trabalho, coordenadas pela primeira-dama do município, Andrea Marchetto Guerra, para acolher os imigrantes que aqui residem. Os senegaleses pontuaram as principais dificuldades que enfrentam na cidade, principalmente em relação ao trabalho. “A gente quer ajudar a cidade a crescer e respeitar a lei. Nosso sonho é buscar uma vida melhor aqui”, afirma o presidente da Associação dos Senegaleses de Caxias do Sul, Abdou Lahat Ndiaye, mais conhecido por Billy.
Secretaria Municipal do Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Emprego (Sdete), a fim de buscar informações para obter a regularização. Eles também são orientados a procurarem o Sistema Nacional de Emprego (Sine) e a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), dependendo do caso. Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Caxias do Sul, Sadi Donazzolo, ao combater a venda de produtos sem procedência no centro da cidade, o comércio é fortalecido, fomen-
tando o desenvolvimento da economia do município com geração de empregos.“Enfrentar a concorrência desleal e a não observância da legislação vigente prejudica os comerciantes, afetando, até mesmo, a empregabilidade, já que impacta diretamente no volume das vendas”, observa Donazzolo. Conforme o secretário municipal de Segurança Pública e Proteção Social, José Francisco Mallmann, a Operação Centro Legal segue em andamento, de segunda a sexta-feira, das 9 às 19 horas.
no Bairro São Pelegrino. A primeira edição teve pouca adesão dos comerciantes. Outro objetivo do evento é aumentar o contato entre as culturas, e com o tempo, ser um marco no calendário da cidade. A 1ª edição foi realizada no dia 7 de maio. Segundo levantamento
da Secretaria de Economia, Trabalho e Desenvolvimento, foram comercializados R$ 60 mil reais em mercadorias. No total, 180 expositores participaram. Segundo dados da Secretaria, cerca de 10 mil pessoas passaram pela praça.
Operação Centro Legal Uma das operações de combate à ilegalidade mais polêmicas, na atualidade, é a Operação Centro Legal, a mesma que gerou a confusão com os indígenas. A medida é uma iniciativa das secretarias de Segurança Pública e Proteção Social (SSPPS) e do Urbanismo (SMU). O principal objetivo da operação é a valorização do comércio legalizado, nas ruas de Caxias. Apesar das controvérsias, um dos pontos positivos da operação é que a mesma encaminha quem estiver na informalidade para a
Feira sem Fronteiras Uma alternativa para esses comerciantes é a “Feira sem fronteiras”, projeto idealizado pela Prefeitura, para oferecer um espaço aos vendedores que trabalham nas ruas do centro. A feira ocorre no segundo domingo do mês, das 10 às 17 horas,
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PRIMEIRO ANO DO SIM CAXIAS DIVIDE OPINIÕES Após um ano da implantação do sistema de mobilidade urbana SIM Caxias, irregularidades e superlotação prejudicam satisfação dos usuários
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om o objetivo de melhorar a mobilidade das pessoas e qualificar a locomoção urbana, há mais ou menos um ano, em 16 de abril de 2016, a prefeitura implantou um sistema planejado de ônibus, o SIM Caxias. Com a instalação do sistema, sete linhas de ônibus do eixo leste-oeste da cidade deixaram de circular pelo Centro e passaram a levar os passageiros dos bairros até as chamadas EPIs (Estação Principal de Integração). Na estação, o passageiro embarca em outro ônibus para ir até o Centro. Em tese, isso diminui o tempo de espera e proporciona deslocamento mais rápido. Porém, o tema divide opiniões, e os usuários relatam uma realidade menos benéfica. A reportagem do Entrelinha se deslocou até as EPIs, onde conversou com alguns usuários e constatou problemas comuns: a superlotação e a falta de regularidade nos horários. Heloísa, moradora do Bairro Planalto, informa que utiliza o transporte público diariamente, mas não está totalmente satisfeita. “Eu uso sempre. Depois do SIM eu achei que o Vermelho (troncal) ficou bom, mas o dos bairros está horrível, porque ele passaria a cada 20 minutos, mas nunca é certo. Pra mim não melhorou, eu acho que deveria ter mais ônibus”, avalia. Outra passageira também conversou apressadamente com a reportagem poucos minutos antes de embarcar no ônibus que a levaria para seu bairro, o Reolon, e relatou a superlotação nas próprias EPIs. “Quando chegamos para desembarcar é horrível, porque as pessoas vêm se atropelando. Eu acho que teria que ter mais espaço para circular”, observa.
CRÉDITO: Bruna Waltrick
REPORTAGEM: Bruna Valtrick e Vitória Ricardo
Novo sistema implantou duas Estações de Integração: Floresta e Imigrante
A Visate credita o problema da superlotação ao atraso que a Linha Troncal vem sofrendo, desde o dia 7 de janeiro, quando foram liberados os corredores secundários e as conversões à direita nas ruas Sinimbu e Pinheiro Machado. A velocidade operacional dos veículos caiu e o atraso resulta no descumprimento de 16 voltas por dia na linha, principal motivo para a superlotação. Em contrapartida, outros usuários não visualizam esta dificuldade, indicando que o problema é restrito a bairros específicos da cidade, apesar de afetar muitos moradores. “Nunca tive problemas com a minha linha de ônibus, ela atende o bairro inteiro. Eu pego o primeiro, ele está sempre esperando e chega no horário certo”, relata Gabriela, moradora do Bairro Santa Thereza. Além disso, a Secretaria diz que a responsabilidade é da Visate, que precisa reforçar as linhas. A empresa, até o momento, não rea lizou pedido para proibir as conversões na linha secundária. A hipótese, porém, é polêmica,
poisdesconsidera a queda de 47% nos acidentes em cruzamentos das ruas Sinimbu e Pinheiro Machado, nos quatro primeiros meses do ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. Outros levantamentos a respeito do tema serão realizados por uma comissão formada por técnicos da Secretaria de Trânsito. A equipe tinha até julho para apresentar os primeiros resultados.
Metas para 2017 • Licitações de três novas estações de transbordo, sendo uma de grande grande porte e duas menores • Concretagem dos corredores de ônibus das ruas Bento Gonçalves e Marechal Floriano • Estações de transbordo para atenderem à zona sul, e bairros da região do Esplanada e das proximidades.
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ARTE SE FAZ TAMBÉM NAS RUAS A ocupação dos espaços públicos para a exibição de arte se mostra crucial para a democratização da cultura em Caxias do Sul comum presenciar relatos daqueles que viajaram para paí ses de “Primeiro Mundo” que a cultura desses locais é incrível. Em praças, ruas e avenidas é costumeiro encontrar cantores, grupos de teatro, pintores e diversos outros artistas expondo seu trabalho na rua, num espaço aberto para todos os cidadãos de maneira democrática. Aqui em Caxias do Sul, contudo, a realidade não costuma ser assim. Eleita em 2008 a Capital Nacional da Cultura pela ONG CNC, Caxias do Sul é acostumada a receber holofotes, devido à manutenção de seus costumes italianos, pela cultura do trabalho, pela Festa da Uva e por suas empresas. Em contrapartida, movimentos culturais menos enraizados na história da cidade normalmente enfrentam dificuldades em expor seus trabalhos. O músico Cris Muniz, da banda Nevoar, conta que é complicado encontrar casas de shows para tocar em Caxias. “Há um tempo nós tínhamos o Marechal (Rock Bar), mas que fechou ano passado. A Casa Paralela está acertando algumas burocracias com a Prefeitura para poder reabrir. Uma vez era mais fácil, havia mais lugares, hoje temos menos”, explica. “Agora seria um bom momento para ocupar os espaços públicos com cultura”, finaliza. Iniciativas como O Festival Brasileiro de Música de Rua e o Ocupa Imigrante são exemplos de uso dos locais comuns para expandir a arte e consciência social. Neste ano, bandas como Não Alimente os Animais, Mindgarden, Magabart e Natural Dread tocaram de graça em locais estratégicos da cidade, como EPIs e pontos turísticos. “Nós devemos ocupar a cidade,
REPORTAGEM: Luiz Francischini Schmitz CRÉDITO: Jéssica Drew/Divulgação
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Foto de Dandara Santos
Público assiste ao show da Banda Não Alimente os Animais no Monumento Imigrante
pois ela é nossa. A arte é apenas um pretexto para que a gente se encontre. Viver é compartilhar”, afirma Robinson Cabral, idealizador do Ocupa Imigrante. Os eventos somaram um grande público durante o verão. Idealizado pelo grupo Varsóvia Educação e Cultura, o projeto Cinema de Rua deste ano contou com sessões lotadas em locais como a Biblioteca da Estação e a Sala de Cinema Ulisses Geremia ao apresentar películas da década de 60. Durante o ano, o projeto visita diversos locais da cidade para levar o cinema para todos. Mesmo com as dificuldades,
Caxias continua surpreendendo pela qualidade de seus trabalhos. Nem o cancelamento do Carnaval, da Semana Farroupilha e da já citada Festa da Uva por parte da atual gestão da prefeitura parece desencorajar as pessoas. Na tumultuada era da informação, somos censurados como nunca. Há mais de duzentos anos, o escritor alemão Friedrich Schiller disse que “na arte, agradar a muitos é mau”. Seria uma premonição dos tempos em que vivemos ou apenas uma visão pessimista da realidade? Essa pergunta, entretanto, talvez demore mais duzentos anos para ser respondida.
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PROJETOS PARA PRESERVAR E OCUPAR A MAESA Prédio importante no passado pode reassumir papel essencial no futuro cultural de Caxias do Sul REPORTAGEM: Mario Ducatti e Roberto Peruzzo
GRAFITES EM LUGARES PÚBLICOS
CRÉDITO: Petter Campagna Kunrath/Divulgação
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Maesa é um exemplo de prédio histórico que poderia receber uma intervenção cultural em Caxias do Sul. A obra, foi projetada pelos arquitetos Silvio Toigo e Romano Lunardi nos anos 1940, para receber as instalações da Metalúrgica Abramo Pezzi. A construção se tornou necessária pela saturação do pátio da fábrica na área central e a facilidade de melhor escoamento de produtos, por ser mais próxima da BR-116. Ela foi umas das pioneiras da cidade a ocupar espaços que na época não pertenciam à região urbana de Caxias. O complexo com fachada em estilo manchesteriano envolve quatro quadras no Bairro Exposição e tem na sua estrutura uma grande área verde e ruas internas onde se distribuem edificações da antiga metalúrgica. Após vários anos ocupado por metalúrgicas da cidade, o complexo viu a cidade crescer ao seu entorno, e com isso surgiu a especulação imobiliária. O município retomou posse e são realizados estudos para definir seu futuro. Enquanto essa definição não ocorre, o prédio e seu entorno recebem ações culturais que, mesmo tímidas, causam boa repercussão. Um bom exemplo são ações do #OcupaMaesa que levam diversas intervenções artísticas ao local. Outro exemplo é o uso da Rua Plácido de
Secretaria Municipal da Cultura promove algumas ações no prédio histórico
Castro (em frente do prédio) aos domingos, para lazer da população com ações que estimulam a convivência e o uso de bicicletas, entre outras atividades. No início de maio, a Secretaria da Cultura do município entregou uma proposta ao prefeito pedindo a realização de um concurso público para definir o projeto arqui-
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discussão sobre o grafite em espaços públicos somente aumentou nos últimos anos. Desde a eleição de João Doria como prefeito de São Paulo, em outubro de 2016, o assunto virou destaque. Ainda mais em janeiro, quando o eleito mandou apagar os grafites dos muros da Avenida 23 de maio, no centro da Capital Paulista. “O Doria se passou um pouco nesta situação do grafite. Tanto é que depois voltou atrás e fez até reuniões com os grafiteiros para a pintura do trecho e além disso disponibilizar outros lugares. A população fez parte disso, porque não gostou nem um pouco da de-
tetônico do prédio. “A realização do concurso daria visibilidade a Caxias do Sul e à Maesa, por se tratar de um concurso nacional. Também reforçaria a ideia da coletividade pretendida no projeto de ocupação desse espaço. Iremos estudar a proposta”, relata Adriana Antunes titular da pasta de Cultura na cidade. cisão tomada por ele”, comenta o grafiteiro Fábio Panone Lopes, considerado um dos melhores de Caxias do Sul. O artista está nos Estados Unidos, no distrito de Wynwood, próximo de Miami, para realizar a pintura da fachada de um café. A viagem veio a partir de um convite da marca francesa Eskis. No ano passado, Fábio já expôs seu trabalho em pelo menos três países da Europa. “Em Caxias do Sul, o pessoal é bem receptivo em relação ao grafite. E fora isso, temos vários lugares onde estamos expondo nosso trabalho”, finaliza Fábio.
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HÁBITOS SAUDÁVEIS SÃO SINÔNIMOS DE QUALIDADE DE VIDA Com o aumento da expectativa de vida brasileira, os idosos têm procurado mais atividades que desenvolvam o bem-estar físico e psicológico. Na contramão, a evolução tecnológica auxiliou no aumento de jovens sedentários REPORTAGEM: Denise Costa, Marília Rosa, Regina Lain Sheila Nicoletti e Veronice Paim
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tualmente, o Brasil está na 58ª posição no ranking de qualidade de vida divulgado pela empresa Best Countries, o que se deve principalmente à defasagem na infraestrutura de muitas cidades, às condições ambientais, à dificuldade no acesso a serviços e, também, ao aumento da obesidade dos adultos brasileiros. No aspecto de qualidade de vida, um dos pontos destacados quando se pensa no assunto é a prática de exercícios físicos. A educadora física Ana Paula Sensolo Ferreira garante que a atividade física é essencial para a saúde do corpo e da mente: “A prática de atividades físicas ou exercícios torna-se fundamental tanto para a saúde do corpo quanto da mente. Dentre os benefícios encontrados estão a diminuição do risco de doenças do coração, hipertensão e diabetes; a melhora da força muscular e função cardiorrespiratória, a melhora nos quadros de ansiedade e possível depressão, além de benefícios como o convívio social e liberação de hormônios do bem-estar, trazendo mais felicidade para o praticante”, explica. Ainda assim, mesmo com o aumento de 11% na prática de exercícios até a última pesquisa de saúde do IBGE em parceria com o Ministério da Saúde, 18% dos brasileiros são considerados obesos e 50% da população está acima do peso. Também, apesar de o percentual de jovens realizando atividades ser maior do que o de adultos e idosos, a popularização das tecnologias e a questão de segurança nas cidades têm provocado o aumento do sedentarismo em adolescentes.
11 CRร DITO: Veronice de Fรกtima
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O sedentarismo entre os jovens brasileiros O sedentarismo é um problema que sempre esteve presente, principalmente na vida do idoso; porém, um fato preocupante chama a atenção nos últimos anos: a presença de jovens nessa lista. Esse fato se torna preocupação, em relação aos riscos de saúde que pode trazer para a vida dos cidadãos. Uma pesquisa feita pela Universidade Federal de Pelotas (RS) avaliou 4.325 estudantes e mostrou que apenas 48% praticam mais de 5 horas de atividade física por semana. Cinco horas é o mínimo de tempo de exercício que a OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda às pessoas. A pesquisa feita pela Universidade considerou as práticas de atividade física de lazer e as de de deslocamento, como ir à escola a pé ou de bicicleta, por exemplo. Assim, mesmo que 75% dos respondentes façam alguma atividade de lazer ou caminhem até a escola, a somatória das horas ainda não atinge o mínimo de horas
recomendado pela OMS. Para o educador físico Maximiliano Marques, o principal motivo do sedentarismo entre os jovens é o excesso de tecnologia que os cerca: “Quando entram na escola, as crianças e os jovens já estão com celular e não se interessam pelas aulas, principalmente as que envolvem o esporte”, destaca. A estudante Camila Mendes, de 15 anos, afirma que às vezes o desinteresse por parte dos professores também torna-se um problema: “Alguns professores não incentivam, não proporcionam e não estimulam práticas de esportes diferentes, e acredito que essa seja a etapa inicial para que a gente possa se exercitar. Eu muitas vezes prefiro ficar mexendo no celular do que praticando um exercício que não me chame a atenção, como o futebol, por exemplo.” O professor ainda afirma que o primeiro passo para uma vida não sedentária é a busca por um esporte que interesse ao jovem:
“Ter foco e muita persistência são elementos básicos para uma vida saudável e o apoio da família é essencial para o incentivo da atividade física na vida do jovem.” O sedentarismo pode causar enfraquecimento dos ossos e dos músculos, depressão, obesidade e problemas respiratórios. A atividade física não precisa necessariamente ser uma prática diária de esportes. Pode ser uma caminhada até o trabalho, até a escola, uma troca de elevador por escadas. A fase inicial para deixar o sedentarismo é o gosto por algum exercício. Aos poucos, vai se acostumando e logo estará praticando algum esporte. É importante que sempre se tenha acompanhamento de um profissional especializado. Nutricionistas e psicólogos também são essenciais nessa etapa, já que podem ajudar o paciente a ter alimentação mais equilibrada e incentivá-lo a levar uma vida mais saudável, reforçando a importância desse procedimento.
ATIVIDADES FÍSICAS EM HORÁRIO CONTRÁRIO AO PERÍODO ESCOLAR
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raticar exercícios e participar de atividades físicas durante o crescimento é essencial para um bom desenvolvimento social, mental e físico da criança ou adolescente.A Prefeitura de Caxias do Sul tem diversos programas que auxiliam o desenvolvimento e são gratuitos.
Talentos do Futuro Iniciação esportiva nas modalidades de capoeira, futebol, futsal, handebol e taekwondo. Faixa etária: 8 a 17 anos - CECAMs Caxias Olímpico Programa de inclusão social nas modalidades olímpicas de futebol, handebol, badminton, e taekwondo. Faixa etária: 8 a 17 anos
Para saber mais sobre os programas: • SMED - Secretaria Municipal da Educação. Telefone: 54 3901.2323 • SMEL - Secretaria Municipal de Esporte e Lazer Telefone: 54 3901.1265 ou 54 3901.1206
Programa Caxias Navegar Prática de atividades aquáticas de canoagem, remo e vela. Faixa etária: 8 a 16 anos Programa AABB Programa que oferece oficinas de grafitagem, artes plásticas, dança, xadrez, etc. Faixa etária: 6 a 18 anos
Ações Educativas Complementares Programa de atividades como musicalização, canto coral, percussão, dança, teatro, fotografia e capoeira.
CRÉDITO: Regina Lain
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Nilton Nicolas pratica exercícios regularmente no Parque dos Macaquinhos
Permanência de exercícios na terceira idade Na contramão do sedentarismo jovem, cada vez mais frequente, o número de idosos que buscam a prática de uma atividade física aumentou nos últimos anos. Apesar de ainda ser um percentual baixo, cerca de 14%, com o aumento da expectativa de vida brasileira para 75 anos a busca por melhor qualidade de vida e longevidade é ainda maior. Para idosos, a continuidade dos exercícios físicos vai além da estética ou da prática por prazer. Com o passar dos anos o corpo acumula maior quantidade de gordura, podendo causar doenças como hipertensão, baixa volume de massa e força muscular, o que muitas vezes ocasiona quedas, desgaste de tendões e ligamentos, além de queda de 30% da capacidade respiratória. Uma das formas de prevenção desses danos é a fisioterapia.
“Muitas vezes, as pessoas acreditam que tratamentos com fisioterapia não são considerados exercícios físicos. Mas, principalmente na terceira idade, ela é de extrema importância pois fortalece os músculos e obriga seu funcionamento, mesmo que não cause dor ou exija movimentação de um exercício com educador físico”, explica a fisioterapeuta Andiara Wolpat. Em Caxias do Sul, a fuga do sedentarismo motivou políticas públicas de criação de Academias da Melhor Idade. O projeto, instituído em 2008, tem mais de 60 AMEIs em diversos bairros e pontos de concentração de pessoas. O ex-secretário do Planejamento Mauro Cirne coordenou as obras de revitalização do Parque dos Macaquinhos. Para ele, as academias foram aplicadas para ocupação do parque e a preocupação com
o vandalismo. “Toda a revitalização tinha como objetivo deixar o parque mais funcional, e trazer as pessoas para ele. Além disso, as AMEIs são uma ótima opção, próxima das pessoas, para quem quer fazer exercícios, mas não tem condições de pagar”, destaca Cirne. Já para os frequentadores, como o aposentado de 73 anos Nilton Nicolas, além de melhorar a qualidade de vida, realizar exercícios ocupando espaços da cidade também são uma forma de valorizar o convívio entre idosos. “Sempre que possível, venho para o parque, pois moro perto. A implantação das academias é ótima porque além de nos ajudar fisicamente, também faz com que os idosos, que muitas vezes permanecem somente em casa, saiam e façam novas amizades”, ressalta.
14 CRÉDITOS: Marília Alves
MATURIDADE ATIVA
E
nvelhecer é um fenômeno natural do ser humano, mas que precisa ser tratado com cuidado e responsabilidade social. De acordo com o IBGE (2010), os idosos já representam cerca de 14,3% da população brasileira e constituem o grupo etário que mais cresce. Em 2025, as previsões indicam que o Brasil será o sexto país do mundo em número de idosos. No Rio Grande do Sul, o Programa Maturidade Ativa iniciou-se em 2003, na medida em que o Serviço Social do Comércio (Sesc) observou situações de isolamento e exclusão social de alguns idosos. Desenvolvido, a fim de diminuir este isolamento e ocupar o tempo livre dos idosos, o programa conta com palestras, oficinas sobre qualidade de vida e momentos de integração e socialização. Em dez anos, 51 grupos formaram-se
em todas as regiões do estado e, atualmente, cerca de quatro mil idosos são atendidos nas atividades desenvolvidas. O Sesc de Farroupilha desenvolve oficinas de memória, artesanato e música, além das práticas de yoga. Por meio do programa Maturidade Ativa, Inês Rech Broilo com76 anos de idade, conta que sua qualidade de vida melhorou significativamente com o projeto. wEla é professora aposentada e revela todo seu entusiasmo ao se reunir com a turma da Maturidade Ativa. “Sou uma pessoa muito ativa, cuido de casa, da família e ainda faço comida. Mesmo assim, precisava me movimentar de outra maneira. Este programa me deu essa chance, não pretendo abrir mão deste lugar”, afirma a participante. Para a facilitadora do progra-
O uso de suplementos alimentares
A
popularidade dos suplementos alimentares aumenta nas academias e entre atletas de várias modalidades. Contudo, a utilização desenfreada e a falta de acompanhamento nutricional para orientação adequada, são preocupantes. O uso inadequado – e muitas vezes desnecessário – pode ocasionar queda no rendimento do indivíduo e até mesmo doenças. Buscando melhor aproveitamento e a potencialização dos resultados, os consumidores procuram a suplementação como recurso. Quando há escassez de determinado nutriente ou vitamina no organismo, por exemplo, a suplementação é receitada para estabelecer equilíbrio nas necessidades fisiológicas. De acordo com a nutricionista Luciana de Quadros, existe muita discriminação com relação ao uso
ma Maturidade Ativa - Sesc Farroupilha, Fernanda Marques, o principal objetivo do projeto é promover qualidade de vida e dar protagonismo ao idoso. Atualmente, são mais de 60 participantes, segundo Fernanda.
Grupo da Maturidade Ativa - Sesc Oficina de Artes
(mesmo que orientado). “Uma das maiores finalidades da suplementação é atuar como substituto dos alimentos. Muitas vezes, as pessoas não têm tempo para preparar uma refeição ou trabalham em um lugar onde não podem comer. Elas precisam de algo que seja prático e o suplemento ajuda muito nesse sentido”, comenta. Ainda segundo ela, existe muito preconceito com relação ao seu consumo. “As pessoas acham que vão tomar Whey e que vão ficar superfortes, mas esta não é a finalidade do produto,” explica. Dessa forma, ressalta-se que cabe aos profissionais da área orientar o uso de um suplemento alimentar quando ele for necessário. Apesar do fácil acesso, sua indicação de consumo deve ser feita por um nutricionista ou nutrólogo.
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O USO DA INTERNET COMO VÁLVULA DE ESCAPE A tecnologia pode não apenas aproximar pessoas como também afastá-las
A
tecnologia está em todos os lugares e a utilizamos para realizar tarefas do cotidiano. Sobre os adolescentes, de 15 a 20 anos, que já nasceram sob sua influência, a tecnologia exerce fascínio, já que estão mais disponíveis para entrar em contato com o novo. Principalmente no período da puberdade, o adolescente, que busca autonomia e privacidade, utiliza a internet como forma de expressão, já que ela possibilita a criação de cultu-
ras próprias, construção de relacionamentos, e colabora para a formação da personalidade. Ainda que a internet e a tecnologia tenham trazido à sociedade diversos benefícios, problemas existem e não devem ser ignorados. Sua utilização, de forma descontrolada, pode provocar desequilíbrio físico e o psicológico, potencializando o isolamento social. Levando em conta esses fatores, entrevistamos psicólogo Diego Selau, 35 anos, formado pela Universidade de Caxias do Sul.
De que forma o avanço tecnológico trouxe novas dinâmicas às relações sociais? Quando as redes sociais passam a substituir quase totalmente o convívio social de um indivíduo, isso tende a impactar negativamente na qualidade das suas relações. Uma coisa é utilizar a tecnologia como meio para se aproximar de alguém, outra coisa bem diferente é quando se troca a
experiência real pela experiência virtual. Outro fato importante é que as formas de comunicação que a tecnologia oferece são diferentes das que a interação pessoal proporciona. Se por um lado esta característica diminui a ansiedade gerada pela exposição, a comunicação virtual abre uma gama
CRÉDITO: Morgana Moraes
REPORTAGEM: Caroline Cesca e Morgana Moraes
de possibilidades de comunicação, potencializando o risco de mal-entendido. Ao se sentirem menos expostas, algumas pessoas se manifestam de formas diferentes do que geralmente o fazem, tendendo ser mais agressivas e intolerantes do que quando estão frente a frente com seu interlocutor.
Como o jovem, que tem presença intensa nas redes sociais, podeadquirir noções sobre o que pode ou não ser publicado? Embora as novas gerações nasçam em uma sociedade permeada pelas interações sociais, não nascemos com uma noção de como lidar com as mesmas. Uma mãe ou um pai largaria seus filhos em um local cheio de pessoas desconhecidas e os deixariam ali sozinhos, sem qualquer supervisão
ou orientação? Provavelmente não. Mas, quando se permite que façam uso indiscriminado de redes sociais e da internet, não se está fazendo algo menos. Os pais precisam avaliar a maturidade de seus filhos, sua capacidade de usar adequadamente estas ferramentas, bem como se informar
sobre o funcionamento das redes sociais e demais recursos virtuais que os filhos venham a usar, colocando os devidos limites e orientações. Sobre postagens adequadas ou não, exemplos podem ser necessários para mostrar aos jovens o que é adequado ou não de ser publicado e o porquê.
Como a possibilidade de criar personagens em games e sites de relacionamento pode afetar a formação da personalidade? A personalidade é formada por inúmeros fatores, mas os principais são características referentes aos padrões de comportamentos aprendidos no convívio familiar, nos modelos mais significativos de referência e nas he-
ranças genéticas. Dessa forma, um jogo, personagem, filme ou rede social tendem a demonstrar as tendências de personalidade de seu usuário mais do que formar sua personalidade. É relevante reforçar que as indi-
cações de faixa etária de cada produto devem ser levadas em consideração pelos pais na hora de sua avaliação sobre o preparo e a maturidade de seus filhos, para lidarem com os conteúdos que estes entretenimentos oferecem.
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