EXPEDIENTE
EDITORAL Renascimento de um mundo alternativo
UCS - CCSO
Em tempos em que o poder das redes sociais vem aumentando, alguns temas fora dos tradicionais ganham evidência. Desta forma, traçam um universo paralelo, fugindo normalmente do que é noticiado pelos meios de comunicação. Com a ideia de explorar esse mundo até então pouco conhecido, a turma de Mídia Impressa do segundo semestre de 2015 da Universidade de Caxias do Sul elaborou a Revista Alternativa. O tema da revista segue um movimento de interesse da população por meios alternativos, como por exemplo, a busca por métodos complementares de cura. O uso de ervas medicinais é pouco difundido ainda e, para muitos, alvo de preconceito, por não acreditarem nos seu reais efeitos. Outro tema abordado foi o basquete com cadeira-de-rodas, mostrando a trajetória de Tiago Frank, escolhido novo comandante da Seleção Brasileira Masculina, que tem como desafio disputar as Paraolimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro. Ele relata como aconteceu a sua aproximação a esse esporte pouco conhecido. As doulas, ajudantes de parto, voltam a aparecer com a busca pelo parto humanizado, resgatando uma atividade praticamente desaparecida com a evolução médica. Para muitos a função é desconhecida, mas busca dar apoio emocional e físico às gestantes. Em Caxias do Sul, a procura por esse apoio vem crescendo. O mundo alternativo renasce com a velocidade das redes sociais e o acesso facilitado para milhares de notícias. Esse renascimento só agrega para estilos de vidas e ações mais sustentáveis. Confira nas próximas páginas essas e outras descobertas! (Roberto Peruzzo)
Reitor: Evaldo Kuiava Diretora do Centro: Maria Carolina Gullo Professora: Alessandra Rech
Coordenador Roberto Peruzzo
Reportagens André Sebben Ramos Carla da Silva Monteiro Célio Veronese Filho Eduardo Merlin Rachelle Gilberto Jose Fachin Junior Glademir dos Santos Rodrigues Jéssica Rodrigues Cogo Joeldine Motta de Andrade Leonardo da Silva do Amaral Marina Mondadori Cechin Natielen Chiappin Tegner Veronice de Fatima Paim
Fotografias Alessandra de Cássia Passarin Jéssica Camassola
Layout Andressa dos Santos de Lima Marcos Vinicius Renosto Talita Bozza
legislação
Família (não) é amor!
O que o estatuto interfere na vida dos que não se enquadram nele?
A família é vista como o primeiro grupo humano organizado, devido a isso ela recebe tamanha importância. Com o decorrer do tempo, o “conceito” de família vem sofrendo diversas alterações, pois com o grande crescimento de casais homossexuais, os códigos de leis foram reformulados em prol
deles também. A imprensa, então, aproveitou o gancho e começou a produzir cada vez mais filmes, novelas, propagandas, minisséries, revistas, etc. As propagandas vêm cada vez mais com imagens de novas famílias, novas estruturas sociais que recebem olhares tanto 4
aprovadores quanto reprovadores. Então, ao falar dessa nova família cada vez mais presente na sociedade, é necessário abordar o Estatuto da Família 2015, ainda em tramitação (ver box) cuja maior polêmica foi o fato de os deputados terem optado pela definição do conceito de família como “A união
LEGISLAÇÃO entre homem e mulher”. A partir desse posicionamento conservador, muitas pessoas começaram a questionar a aprovação de um estatuto em que família definida não corresponde à realidade social. Esse projeto de lei está sendo muito debatido nas redes sociais, sendo que a grande parte do público classifica este como, no mínimo, discriminatório e preconceituoso, uma verdadeira regressão para a sociedade brasileira, onde cada vez mais há casos de pais solteiros, seja por separação, falecimento do cônjuge,
ou inúmeros outros motivos que podem vir a resultar em pais solteiros criando filhos com todo o amor do mundo, e agora eles simplesmente não são mais uma família? Outra crise que o estatuto, se de fato vigorar, representa, diz respeito ao processo de adoção por homossexuais. Que conceito de família é esse que exclui uma grande parte das famílias, sim, famílias, desse país? A advogada Elenice Lima, especialista em família, diz: “entendo que mesmo não sendo considerada família uma união
homoafetiva, a decisão de 2011 do Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu que a união estável entre homossexuais deve prevalecer, pois seria como um grande retrocesso para a sociedade brasileira, portanto, as famílias que não se enquadram no atual formato de família que está previsto no estatuto permanecem no regime da união estável, pelo menos por enquanto, protegidas de alguma forma. Porém, é um absurdo vivenciarmos e termos um projeto de lei de tão baixo gabarito e total desacordo com a nossa realidade.”
A Comissão Especial do Estatuto da Família aprovou no dia 24 de setembro, o Projeto de Lei 6583/13 conforme o relatório do deputado Diego Garcia (PHSPR), que define a família como o núcleo formado a partir da união entre um homem e uma mulher. O texto foi aprovado com 17 votos favoráveis e cinco contrários. Após a conclusão da votação, a regra é que o projeto siga para o Senado sem necessidade de ser votado pelo plenário da Câmara. Deputados podem, entretanto, apresentar recurso para pedir que o texto seja votado pelo plenário antes de ir para o Senado. A deputada Érika Kokay (PT-DF), contrária ao projeto, já adiantou que fará isso.
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(Jéssica Rodrigues Cogo)
DEBATE
Bolha de resistência
A iniciativa cultural que afeta o ser na sua intimidade
Os temas são escolhidos pelos próprios participantes que preenchem o espaço para conversar, trocar ideias e principalmente, para pensar. O anúncio do debate ocorre nas redes sociais, no whatsapp e no mural de entrada do local. O público é diversificado, crianças, jovens e adultos frequentam o ponto. Lá, diferente das escolas tradicionais que transmitem uma educação para o mercado de trabalho, para a indústria do currículo, o ponto conta com professores voluntários de circo, capoeira, grafite, latamorfose (oficina de artesanato com biscuit), tudo isso voltado ao desenvolvimento do ser humano, tal como ele é – plural, inédito, vivo, desejante de trocas e com potencial para agir e criar.
O ENCONTRO:
Chegamos às 18 horas e, como combinado, a galera também foi chegando, sem pressa nem pressão, cada
um pegando sua cadeira, formando um pequeno círculo. Yorrana Gelatti de Oliveira, 20 anos e Claudia Palhano, 23 anos ajustavam os detalhes, os slides, o som, os vídeos que foram trabalhados no encontro.
Por fim, a roda estava completa e o debate começou. Antes, porém, havia uma regra. Cada novo encontro
possui um “objeto da palavra”, o qual é apresentado no início de cada reunião. Só pode falar com o instrumento em mãos (dessa vez uma caneca estilizada). A palavra nesse caso é concedida por turnos e deve ser respeitada por todos.
Inicia-se o debate com o tema previamente escolhido no encontro anterior. Quando estivemos lá, o tema era
gênero sexual. Na outra vez, o tema foi racismo. É nesse exato momento que a surpresa emerge do improvável.
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debate O IMPREVISTO:
O tema debatido é sério e diz respeito a todos os participantes, afinal somos seres sexuados, porém, no
debate, cada um é convidado a participar de acordo com o seu entendimento do assunto, quase como uma palestra interativa.
Ledo engano. O que presenciamos não foi um simples debate, uma reprodução mecânica de opiniões,
mas sim uma verdadeira confraternização de visões humanas acerca do humano. Cada fala é uma joia, pois diferente das longas e elitistas discussões acadêmicas, ou da ausência de conversas autênticas dos ambientes profissionais, lá, numa região deslocada do centro da cidade, num local diferenciado do padrão capitalista global, nós presenciamos espontaneidade. Liberdade de expressão. Brilho nos olhos. A diversidade reunida, independente e solidária. Sem falar no chimarrão que passa de mão-em-mão, no colega que fecha as janelas porque estava ficando frio, ou das risadas contidas do garoto de 10 anos ao falar sobre o tema. Tudo muito humano, inusitado, de repente.
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DEBATE O CHOQUE:
O projeto Roda de Debates choca-se de frente com a cultura consumista globalizada da civilização ociden-
tal, pois naquele espaço não se consome, se produz. Nao se repete o que já se sabe, mas se busca a divergência de visões para chegar a uma compreensão maior da realidade, ou pelo menos de troca. E tudo isso sem roteiro, com a liberdade do vir-a-ser.
Desde o início, da recepção, dos cumprimentos, do instrumento da palavra, todos são elementos que vão se
somando e construindo uma atmosfera de aconchego, inclinada à manifestação. De fato, estivemos em um espaço de solidariedade, compartilhamento e resistência. É como uma planta que nasce no meio do asfalto. Uma bolha de resistência à cultura do consumo pelo consumo, dos estereótipos, da padronização cultural, do mais do mesmo – como já previa Yohana, em rápida conversa antes do debate.
NOVOS PROJETOS:
Andrigo Martins, educador de grafismo e coordenador do Raízes da Vida, conta que o ponto cultural
sustenta-se por conta e nos convidou para uma feijoada que será organizada pela própria comunidade para angariar fundos. Claudia também nos revelou que eles estão planejando criar uma pequena biblioteca com livros doados para ser instalada no local, garantindo acesso ao conhecimento para os frequentadores. Além disso, está em plena execução o projeto CineKombi, que leva cinema itinerante para o interior das comunidades mais carentes da cidade.
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debate O IMPACTO: Em tempos de PIB decrescente, crises econômicas, corrupção política, deformação dos valores morais, egoísmo exacerbado e ausência de consciência coletiva, a Roda de Debates é um oásis produtivo, um evento ilógico – para a lógica dominante – e absolutamente natural para a natureza humana. Ao encerrar o debate, a impressão que fica é que participamos de uma boa conversa, que poderia ser repetida diariamente, pois todos falamos e ouvimos, pensamos e refletimos, e agora somos diferentes de quando entramos. Caminhamos e fomos afetados pela caminhada. O debate começou com as perguntas: “O que são coisas de homem e coisas de mulher?” e terminou com troca de experiências acerca dos travestis e sua marginalização social oriunda da não aceitação das próprias famílias, dos gays e o preconceito sofrido, do espanto de muitos quando se fala em infância gay (já que todo gay tem infância), das práticas sexuais entre pessoas do mesmo gênero nos presídios, das últimas pesquisas em sexualidade na sociedade, na polaridade masculino x feminino que é diferente de gênero, entre outros. Nada mal. Ou melhor, tudo de bom. O que fizemos ali, naquelas duas horas, não fica devendo para nenhuma reunião da mais alta cúpula de especialistas em sexualidade no planeta. Na verdade, dificilmente supera-se, a não ser que se repita a fórmula da simplicidade, da liberdade, do imponderável que ali ocorre. Quando reúne-se um grupo de pessoas de forma inteligente, com a aguçada pitada de curiosidade e provocação mental, o resultado é certamente rico de humanidade. Até que ponto o potencial humano é expressado? Qual é o máximo que podemos desenvolver como seres criativos? Se uma imagem vale mil palavras, uma roda de debates, tal como essa, vale o mundo.
Duasgraduandas, graduandas,uma umadedeHistória Históriae eoutra outradedeJornalismo, Jornalismo,realizam realizamquinzenalmente, quinzenalmente, Duas por iniciativa própria, uma roda de debates no Ponto Cultural de Vila Ipêchamado chamado por iniciativa própria, uma roda de debates no Ponto Cultural de Vila Ipê RaízesdadaVida, Vida,nanacidade cidadededeCaxias CaxiasdodoSul. Sul. Raízes (André Sebben Ramos)
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economia
Reféns da crise
Demissão está entre as primeiras alternativas para duas empresas do ramo metalúrgico
Em meio à crise política e econômica que o Brasil vive, cada empresa sofre diferentes impactos, dependendo de sua estrutura, ramo de atividade e de que forma cria alternativas para se manter competitiva. Em Caxias do Sul, um dos maiores pólos industriais do país, o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs) aponta uma grave queda no índice de empregos no último ano, o que demonstra que as demissões têm sido uma reação direta à crise econômica. De janeiro a maio deste ano, o faturamento das empresas do segmento caiu 27,79% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Essa queda nos pedidos e na produção, que já vinha ocorrendo desde o final de 2013, vem impactando nos postos de trabalho. De janeiro a maio deste ano, 2.232 vagas foram
fechadas no setor. Essa baixa, somada aos cerca de 7,5 mil postos de trabalho extintos entre o final de 2013 e todo 2014, já resulta em quase 10 mil vagas a menos. De ramos diferentes, a Formann Acabamentos Industriais, terceirizada na cadeia de produtos de locomoção e produtos moveleiros, e a Metais Wizeto, voltada à produção de itens de assessórios para vestuário e calçados sofrem impactos diferentes com a crise. Na Formann Acabamentos Industriais, a diretora-geral Elisandra Mattiazzo relata que vem sofrendo com este cenário, e lamenta não ter tido alternativas prévias, pois desde o final do ano 2014 a queda na produção veio aumentando cerca de 30% ao semestre, deixando hoje um faturamento bem crítico, sendo que as demissões (80% do quadro) foram inevitáveis. Elisandra relata que a busca pela redução dos custos foi a 10
primeira alternativa encontrada. A empresa procurou novos processos e clientes, porém, enfatiza que as indústrias de grande porte que são os clientes da mesma também possuem queda na movimentação e buscam suas alternativas para redução de custos, sendo que
economia uma dessas alternativas atinge diretamente a Formann, a de não encaminhar mais processos para terceirização. Já a Metais Wizeto aponta que a crise foi sentida, porém no segundo semestre deste ano, houve uma tímida reação do mercado. A diretora-administrativa, Carla Sasset, considera estar dentro de um segmento particularmente muito visado, pois o público final não para de consumir. Calçados e vestuário estão entre os itens de primeira ordem, quase como a alimentação, por isso a retração na
fabricação de acessórios foi menor. A redução de vagas não passou de 15% do quadro. Elisandra considera que esta crise é estritamente política, respingando no mercado econômico, mas enfatiza a falta de consideração dos políticos para com os cidadãos. Já na opinião de Carla, é uma situação delicada que deve ser considerada, porém não deve ser encarada como um obstáculo total e sim como um viés de mudanças para não acabar em estagnação do país. Ao questionamento das mudanças que foram feitas para
absorver estes impactos, a Metais Wizeto buscou novos clientes e até um novo produto, para ampliação do faturamento e diminuição do quadro funcional com foco em diminuição dos custos e eliminação da ociosidade. Na Formann, a maior mudança foi interna: diminuição de funcionários e concentração de esforços em clientes que não tinham alternativas para fugir de terceirizar os processos. Elisandra também relata que a empresa teve que dar descontos aos clientes a fim de fidelizá-los.
10 dicas do Sebrae-SP para sua empresa enfrentar a crise! 1- Mantenha a calma: Evite tomar decisões precipitadas e emocionais, especialmente relacionadas a tomada de crédito!
6- Ofereça opções: Neste cenário, o consumidor fica mais sensível a promoções. Ofereça opções mais baratas ou marcas mais populares.
2- Mantenha o foco: Fortaleça sua posição de mercado, junto aos grupos de clientes que já atende, antes de pensar em diversificação.
7- Motive sua equipe: Cuide da motivação de sua equipe. Defina metas desafiadoras, mas crie condições e premie o sucesso!
3- Organize a casa: Organize sua empresa, começando pelo estoque e controles financeiros. Identifique desperdícios.
8- Otimize seus processos: Para melhorar a produtividade, melhore seus processos, reduza tempos, simplifique e desburocratize.
4- Reduza despesas: Analise sua estrutura e corte despesas que não prejudiquem a entrega de valor aos seus clientes.
9- Invista na comunicação: Ninguém vende sem se comunicar com o mercado. Use canais de comunicação mais simples e diretos.
5- Aproxime-se do cliente: Estreite o relacionamento com seu cliente. Entenda seus medos e desejos. Evite diminuir serviços e qualidade.
10- Encontre oportunidades: Na crise é que estão as grandes oportunidades. Ocupe espaços deixados por concorrentes. Amplie sua área de atuação.
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(Carla da Silva Monteiro)
turismo
“Que tal de bike?”
Cicloturismo se consolida na Serra gaúcha e anuncia expansão pela empresa Caminhos do Sertão, especializada em cicloturismo. O dono da rede de hotéis Dall’Onder, Tarcísio Michelon, foi quem teve a iniciativa de trazer o projeto para o Rio Grande do Sul. Um visionário, Michelon é conhecido em Bento por promover inúmeros projetos inovadores, com o cicloturismo ele acertou de novo. Ariel Kafer, administrador do “Que tal de bike?”, conta que em menos de um ano de cicloturismo, mais de 400 pessoas já participaram. Kafer revela que novos trajetos já estão sendo estudados: “Estamos encaminhando uma parceria com Farroupilha, antes de o projeto completar um ano devemos ter viagens para o Santuário de Caravaggio e para o Salto Ventoso”. Com um projeto audacioso e diferente como esse, era necessário um plano de fundo perfeito para tal atividade. A Serra gaúcha, para muitos o local mais bonito do Brasil, foi a escolhida para mostrar aos turistas vindos de todos os cantos do país e do mundo, que é possível, sim, ver as belezas naturais e construções históricas da região enquanto se pedala. Contemplando os municípios de Bento Gonçalves, Pinto Bandeira, Nova Roma do Sul, Garibaldi e Monte Belo do Sul, o passeio encanta e já uma unanimidade antes mesmo de completar o primeiro ano de vida.
Em uma das mais belas cidades brasileiras, ganha força uma opção inovadora para todos aqueles que gostam de atividades físicas e principalmente de paisagens que enchem os olhos. Na capital brasileira do vinho, Bento Gonçalves, nasceu há quase um ano um projeto turístico revolucionário, o “Que tal de bike?”. O nome já é sugestivo e faz muito mais do que uma pergunta para o turista, mais do que um simples passeio de bicicleta, o projeto convida a todos para aliarem saúde com locais históricos da região. O projeto nasceu em novembro de 2014 de uma ideia que foi implantada primeiro em Santa Catarina 12
turismo E se você pensa que este é um projeto para apenas atletas, está completamente enganado. O “Que tal de bike?” não tem preconceito algum. Tanto iniciantes quanto profissionais são bem-vindos. Mas, essas boas vindas não são um simples convite, existem diversos roteiros preparados especialmente para cada categoria. Se o turista está dando suas primeiras pedaladas, roteiros de curta duração e exercício físico; mas se o viajante já tem um histórico sobre duas rodas, passeios longos que exigem um intenso preparo físico. Tudo pensado para qualquer tipo de turista.
Essa variedade toda é explicada em números. As pedaladas podem ter de 3h a 8h de duração, dependendo do roteiro, com percursos de 10km a 34km. Os níveis de dificuldade são leve, moderado e radical. E para quem preza pela segurança, vale ressaltar que os cicloviajantes são acompanhados em tempo integral por uma equipe treinada e um veículo de apoio com toda estrutura necessária. Além de cuidar da saúde, os profissionais são do ramo turístico também. A cada parada, uma nova história. O viajante pedala e também aprende sobre a bonita história dos imigrantes italianos no Brasil.
Roteiros Caminhos de Pedra - Principais atrativos: Casa do Tomate,
Casa Righesso, Salumeria, Vinícola Strapazzon, Casa da Ovelha, Casa Vanni, Casa da Tecelagem, Casa da Erva-Mate, Vinícola Don Giovanni, Vinícola Cave Geisse e Vinícola Lovara.
Vale dos Vinhedos - Principais atrativos: Cogumelos da Serra, Vinícola Marco Luigi, Vinhos Larentis, Vivatto Parque, Barcarola, Casa Madeira Delicatessen, Vinícola Pizzato, Famiglia Tasca, Il Divino Café, Prefeitura de Monte Belo do Sul e Vinícola Miolo. Estrada do Sabor - Principais atrativos: Vinícola Don Laurindo, Vinícola Peterlongo, Familia Mariani, Família Vaccaro, Osteria Della Colombina e Vinhos Betu. Vale do Rio das Antas - Principais atrativos: Nova Roma do
Sul, Represa, Rio das Antas, Ponte de Ferro, Pinto Bandeira, Vínicola Valmarino e Vinícola Geisse.
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(Eduardo Merlin Rachelle)
solidariedade
Ajuda Bento
“As pessoas que espalham amor são eternamente portadoras de sorrisos.”
Ação de Páscoa 2015, praça Via Del Vino / Foto: Anderson Pagani
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solidariedade Como o próprio nome sugere, o programa Ajuda Bento empenha-se em espalhar amor e solidariedade pela cidade de Bento Gonçalves, RS. A ideia surgiu na metade de 2013 por iniciativa de um dos integrantes, a estudante de Pedagogia Shadia Nunes, que desejava fazer algo diferente para o Dia das Crianças. Com a ajuda de alguns amigos a ação foi realizada e, bem recebida pelos envolvidos, acabou sendo levada adiante em um projeto mais amplo e concreto: o Ajuda Bento. Atualmente o grupo tem como objetivo central proporcionar um momento prazeroso para as pessoas beneficiadas, fazer com que essas se sintam valorizadas. Não mais atuam com auxílio material – como doações – por acreditar que isso geraria uma certa dependência Dia das Crianças 2014, Floriano Peixoto / Foto: Eduardo Benini
dos envolvidos com o programa. Os participantes, todos voluntários com faixa etária média de 25 anos, ajudam e atuam na comunidade doando um pouco de seu tempo para a promover uma corrente de boas ações. Visam, em suma, gerar empatia através da transmissão mútua de afeto e carinho – algo tão simples e, ao mesmo tempo, tão raro nos dias de hoje. Voltadas exclusivamente para crianças e idosos, as ações promovidas acontecem onde esses se encontram: creches e asilos – ou, então, em espaços públicos da cidade. Realizados preferencialmente em datas comemorativas, como Páscoa, Natal, Dia das Crianças e, claro, nas tradicionais Festas Juninas, os eventos são verdadeiros acontecimentos que movimentam ambas
solidariedade gerações em tardes de pura diversão, sorrisos e muitas emoções, gravadas eternamente na memória daqueles que participam. Para que tudo ocorra nos conformes, cada ação é previamente organizada pelos membros do projeto em reuniões mensais (quando há algum evento próximo, os encontros tornam-se mais frequentes), com auxílio secundário de um grupo maior de apoiadores. A divulgação é feita através dos canais midiáticos e, por vezes, mediante cartazes e publicações nos jornais da cidade por intermédio de colaborações e parcerias, como explica Diego Sisnandes, voluntário do Ajuda Bento. Além disso, boa parte é difundida pelo próprio boca-boca nas ruas. Falar em planos para o futuro é algo um pouco incerto e arriscado, muito embora o grupo já esteja com pensamento nisso. O desejo predominante é, claro, continuar atuando e levando amor para as pessoas, porém em escala maior sem tornar algo comercial. É levar alegria para mais pessoas e ser por elas cada vez mais cativados; fazer com que essa corrente mantenhase forte e atuante, colhendo frutos de felicidade por toda parte. A importância do Ajuda Bento é facilmente identificada pelo reflexo de olhares encantados e sorrisos cativantes de todos aqueles que, de alguma forma ou outra, se envolvem e mobilizam. Para Diego, o programa tem forte relevância “porque ele só faz o bem, leva as coisas boas para as pessoas. As ações são sempre pensadas para tornar o dia de alguém especial.
Acredito que sempre conseguimos que isso aconteça pois não damos tanta importância para a parte material, mas sim aos pequenos detalhes que, somados, vão tocar a vida de alguém de forma muito positiva”. Para ajudar nas ações ou participar do programa como voluntário basta entrar em contato pela página do Facebook (facebook.com/AjudaBento), pelo endereço ajudabento@hotmail.com ou contatar alguém que já faça parte da equipe. Doações são aceitas contanto que feitas de forma anônima, uma vez que o objetivo do projeto não é torna-lo mercadológico, mas sim, expandilo pelo seu mérito – algo que já vem acontecendo. Afinal, não há dinheiro no mundo que recompense o bem espontâneo feito ao próximo, nem reconhecimento maior do que o amor envolto em um sorriso.
Arraiá no Lar do Ancião 2015 / Foto: Fernanda Fronchetti e Anderson Pagani
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solidariedade
Arraiá no Lar do Ancião 2015 / Foto: Fernanda Fronchetti e Anderson Pagani
Acesse os links: FanPage- Ajuda Bento facebook.com/AjudaBento
Arraiá Lar do Ancião youtu.be/vhYXYvqwfBo
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Dia do Abraço youtu.be/QMWEhRTU978
(Marina Mondadori Cecchin)
sustentabilidade
Pilhas e baterias
Reciclagem e uso alternativo
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABNEE), o Brasil comercializa anualmente 1,2 bilhão de pilhas e 63 milhões de baterias de celular. Esses dados nos fazem pensar sobre o que
está acontecendo com todo esse material depois de utilizado e para onde está sendo destinado. Uma prática comum, incentivada hoje em Caxias do Sul, é a separação do lixo orgânico do reciclado. Mas o que se deve
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fazer com as pilhas e baterias? Elas devem ser descartadas no lixo seletivo ou no orgânico? Podem ser recicladas? Há um depósito/recolhimento específico para esse tipo de material? Essas são perguntas, que a maioria dos
sustentabilidade cidadãos não sabe responder, o que faz com que descartem esse tipo de material no lixo comum, podendo chegar a aterros ou jogados a céu aberto. Isso gera contaminação do solo, água e em alguns casos pode oferecer sérios riscos a saúde da população. As pilhas e baterias contêm mercúrio, dentre outros metais tóxicos que podem contaminar seriamente o meio ambiente, como também os seres vivos, inclusive o homem. Atualmente, em Caxias do Sul temos a Lei Municipal nº 5.873, de 16 de julho de 2002, que disciplina o descarte e o gerenciamento adequado de pilhas, baterias e lâmpadas usadas, determinando que os usuários deverão entregar esses produtos aos estabelecimentos que os comercializam ou à rede de assistência técnica autorizada pelas respectivas indústrias para repasse aos fabricantes ou importadores, para que estes adotem, diretamente ou por meio de terceiros, os procedimentos de reutilização,
reciclagem, tratamentos ou destinação final ambientalmente adequados. Segunda a SEMMA (Secretaria Municipal do Meio Ambiente) de Caxias do Sul, eles não têm nenhuma responsabilidade quanto ao descarte das pilhas e baterias no município e que quando procurados sobre este assunto, encaminham para a CODECA. A Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul (CODECA), responsável pela coleta de lixo na cidade, em parceria com a prefeitura, criou há três anos o Ecoponto, ambiente favorável para recebimento de materiais volumosos em desuso, como equipamentos de informática, de som e de telefonia. Porém, o descarte de pilhas e baterias não é feito no Ecoponto, é no local de compra, como previsto na lei citada anteriormente. Apesar de já existir uma lei que ampare o descarte de pilhas e baterias desde 2002 no município, 19
no país a logística reversa de pilhas só foi estabelecida por norma em 2008, o que agrega valor a cidade, por sua antecipação em se preocupar com a coleta destes materiais. A Resolução do Conama nº 201/2008 estabeleceu a obrigatoriedade de recolhimento de pilhas e baterias usadas, com a efetivação de um processo pelas indústrias produtoras. Infelizmente, pouca gente se preocupa com a reciclagem ou reutilização das pilhas e baterias e essa é uma conscientização que ainda precisa ser muito trabalhada com os cidadãos e que precisa de muito apoio dos municípios e dos governantes. Mesmo com a lei em vigência, obrigando os comerciantes e as empresas privadas que vendem ou fazem a assistência técnica das indústrias de pilhas e baterias, esses locais não respeitam essa obrigatoriedade e não há uma fiscalização contínua, fazendo com que tudo permaneça igual e sem cumprimento da lei.
sustentabilidade
Aqui mesmo em Caxias do Sul, diversos lugares que vendem pilhas e baterias ou redes de assistência técnica, disseram não conhecer a lei ou simplesmente não coletar esse material, apenas algumas afirmaram que se o cliente trouxer eles não se recusam em receber, mas que também não sabem para onde destinar o que receberam. O que fazer então? O que sobra como alternativa, porém, diga-se de passagem, ótima
alternativa, são programas de sustentabilidade de empresas que não tem nada a ver com a indústria de pilhas e baterias, mas que mesmo assim se preocupam com o nosso meio ambiente e fazem sua parte. Essas empresas têm uma visão socioambiental, não recebem as pilhas e baterias em garrafas pets como fazem os locais que deveriam realmente se preocupar com esta coleta. Há realmente um 20
Ecoponto como o da CODECA, porém destinado somente para o recolhimento destes itens, que depois são encaminhados para empresas responsáveis pela separação e se for o caso reutilização e reciclagem dos mesmos. Uma dessas empresas que colabora com a coleta e reciclagem desses materiais é a empresa Unicred Nordeste - RS, essa cooperativa de crédito de Caxias do Sul, implantou há três anos um
sustentabilidade posto de recolhimento de pilhas e baterias. Mesmo quem não for sócio, pode depositar os materiais na sede da instituição, na Rua Vinte de Setembro, 2.304, sala 301. Após receber um número x na coleta, a empresa encaminha os artigos de
descarte para a GM&C Log, de São José dos Campos - SP, que dá o destino ambientalmente correto. “Estamos preocupados em auxiliar o meio ambiente”, disse a gerente da Unicred Nordeste - RS, Anelise Staudt Buchmann.
Além da empresa GM&C, há também a empresa Suzaquim, situada em Suzano – SP. Após receber as pilhas e baterias, a Suzaquim realiza uma triagem. Nesse processo, as pilhas são separadas por marca e encaminhadas para a reciclagem.
Falando mais uma vez em reciclagem e uso alternativo, deixamos algumas dicas que vão te ajudar nesse processo tão importante para a sua vida e para a vida do planeta. 1. Tanto as baterias como as pilhas que tivermos em casa devem ser depositadas em pontos específicos que existe para o recolhimento deste tipo de material. No último caso, recordamos que é conveniente criar um contêiner específico para evitar que misture com o resto dos resíduos. 2. Um dos principais erros que cometemos é comprar um excesso de pilhas ou baterias. Este uso desnecessário pode ser combatido comprando os mesmo artigos, mas com a capacidade de serem recarregáveis. 3. Se quisermos preservar de modo mais exaustivo o meio ambiente, devemos usar carregadores de energia solar com o objetivo de diminuir o uso da energia. 4. Finalmente, se não quisermos usar materiais artificiais, podemos comprar aparelhos eletrônicos que funcionem com métodos tradicionais como a corda ou se não através de energias renováveis como à luz solar. A reciclagem é uma ação de suma importância, mas o fato de utilizarmos energias renováveis é ainda mais importante já que assim pouparemos o uso deste tipo de produtos ou de ter que reciclá-los.
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(Joeldine Motta de Andrade)
sustentabilidade O caminho para um novo mundo
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sustentabilidade Sustentablidade: fazer bom uso dos recursos da natureza. E isso é algo muito necessário nos dias de hoje, pela preocupação com a preservação do meio ambiente. Empresas, escolas, universidades e outras organizações procuram alternativas para diminuir a questão da poluição no planeta. Um exemplo disso é o acordo ambiental da ONU, que pretende diminuir a emissão de gases poluentes que destroem a camada de ozônio. Mas uma coisa que precisa com urgência acontecer e que é de fundamental importância é a conscientização das pessoas. Se cada um se preocupasse em pelo menos separar o lixo de maneira correta o cenário atual poderia ser outro. É o que mostra a pesquisa realizada pelo PNUMA – programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. De acordo com a pesquisa, publicada em 2012, o meio ambiente é a sexta preocupação do brasileiro. Por outro lado o estudo mostra que a conscientização cresceu nos últimos 20 anos.
Alguns dos principais aliados nessa luta sâo a publicidade e o jornalismo, que passaram a abordar mais o assunto, dar maior ênfase, até mesmo provocando as pessoas sobre o tema. Como a campanha da ONG WWF demonstrou na Dinamarca. Na ocasião, nos banheiros, uma agência publicitária montou o suporte do papel-toalha com desenhos do planeta Terra, conforme as pessoas iam tirando o papel, o planeta que estava verde começava a ficar escuro. Outras empresas também passaram a se preocupar com a preservação do meio ambiente. Empresas de automóveis estão produzindo carros elétricos, outras tentam diminuir a emissão dos gases e outras passaram a trabalhar com materiais sustentáveis. Como é o caso das embalagens, com o objetivo de diminuir o acúmulo de lixo. Hoje são usados materiais recicláveis ou biodegradáveis, para afetar menos o meio ambiente. Um desses materiais é o plástico biodegradável, material esse que é produzido a partir de 23
fontes renováveis de matériaprima, e que, em contato com o meio ambiente e obedecendo a certas condições, degrada e se transforma nos elementos que o compõem, fechando assim seu ciclo de vida. Também seguem esse padrão os materiais reclicláveis. Essa opção de material e/ou embalagem só traz benefícios. Ela possiblita a economia de matéria-prima, água e energia, que seriam usadas na fabricação de novas embalagens. Além de diminuir a quantidade de resíduos que chegam aos aterros e lixões. Temos um exemplo bem próximo em Caxias do Sul, a Fruteira Ecológica, localizada na Rua Bento Gonçalves, há oito anos incentiva seus clientes a comprarem as sacolas sustentáveis, para serem reaproveitadas em todas as compras. Com essas ações todas, a perspectiva é que dias melhores estejam por vir. (Célio Veronese Filho)
moda
Paralela Serra Fashion O Espaço Cultural Casa Paralela, conhecido por valorizar a cena musical e artística independentes da cidade, no segundo semestre de 2015 inovou e realizou a primeira edição do “Paralela Serra Fashion”, considerado o desfile primavera/verão de Caxias do Sul. Idealizado e realizado pelos cabeças da Casa Paralela e da Tédio, agência produtora de eventos artísticos e culturais, o evento contou com 61 colaboradores. Cerca de 450 pessoas prestigiaram esta ideia desconstruída de moda em Caxias e região, com 13 marcas independentes de Caxias do Sul, Flores da Cunha e Novo Hamburgo participando desta grande celebração à criatividade. Uma decoração alternativa, voltada à ideia de periferia com varais onde peças de roupas faziam o telhado da casa - juntamente ao céu estrelado-, e as arquibancadas formadas por pallets de madeira, deram ao evento um ar popular, de total união, sem preconceitos e elitizações. Pepe Pessoa, 48 anos, paraibano, radicado em Caxias do Sul há 28 anos
Foto: Wellington Damin
Formado em fotografia, Pepe trabalha há mais de 30 anos como maquiador, diretor artístico e produtor fotográfico. Trabalha em desfiles profissionais nos bastidores como produtor de beleza e, também, dentro da produção da caixa cênica do desfile. Foi convidado pelos organizadores a desempenhar a função de produtor e diretor artístico, que envolve a criação cenográfica, concebendo a concepção “favela” do desfile para acolher e ambientar o evento, além da direção cênica dos modelos. Para Pepe, o Paralela Serra Fashion teve como proposta inicial ir contra a ditadura da moda, do padrão de beleza, e do elitismo inacessível que é vendido pela moda. Foi um evento que acolheu diferentes formas de expressão artísticas através da forma de se vestir e portar.
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MODA Humberto Giordani, 28 anos Humberto esperava que o evento englobasse diferentes tipos de pessoas em prol da cultura local e que a partir disso acabasse girando a economia local também, e foi realmente isso que aconteceu. Diferente de outros eventos realizados pela Tédio e pela Paralela, que normalmente se constituíam ao redor da música, o Paralela Serra Fashion aparece como contraproposta ao que é disponibilizado à população da região como moda. Como organizador do PSF, Humberto trabalhou como diretor do projeto, e se depender dele haverá uma próxima edição, com um maior número de marcas e, consequentemente, de público. Foto: Natielen Tegner
Leonardo de Matos, Ferrolho, 28 anos, produtor artístico na Tédio e na Casa Paralela O objetivo geral da Casa sempre foi reunir pessoas que produzem conteúdos artísticos independentes, como música, cinema, fotografia, entre outros. Ferrolho conta que o PSF teve como linha de produção a mesma feita com as bandas que passaram pela Casa, que é criar, apresentar, divulgar e registrar. “Escolhemos pessoas alternativas, do nosso mundo, do nosso rolê, para desfilar porque são pessoas com as quais nos identificamos e que se sentem em casa, literalmente”, disse. Leonardo trabalhou na direção geral do evento, cuidando de todos os detalhes da operação, além da apresentação como mestre de cerimônia. Foto: Wellington Damin
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moda Vicente Lopes Pires, 27 anos, publicitário e estudante de design gráfico
Foto: Wellington Damin
O Paralela Serra Fashion teve mais ou menos sete meses, a partir do insight até a execução. Vicente conta que ele e os amigos que trabalham em conjunto na Casa e na Tédio, estavam interessados em fazer algo que carregasse o espírito da Paralela, que as pessoas se reconhecessem nos desfiles. “Nada mais natural do que não utilizar um elenco profissional e valorizar as diferenças”. A escolha das marcas seguia um único critério, ser independente. “Não nos focamos em fazer uma curadoria que se limitasse apenas a marcas de um determinado segmento ou estilo”, disse. Vicente trabalhou no evento como organizador geral, e arregaçou as mangas junto com todo o pessoal para qualquer atividade em que sua ajuda fosse necessária.
Gabriel Fonseca da Silva, 18 anos, desenvolve a marca Customiza Gabriel há dois anos Gabriel trabalha com reaproveitamento de materiais de ateliês, criando peças por encomenda ou customizando roupas que o cliente deseja, mesclando o estilo do cliente com o dele. Gabriel conta que começou a customizar suas próprias roupas e quando saía com elas, tanto meninos quanto meninas demonstravam interesse de usá-las. O PSF foi o primeiro desfile de sua marca, e acredita que ela se encaixou bem no conceito do evento, pois é unissex e procura desconstruir os padrões de moda existentes, e as pessoas. Foto: Natielen Tegner
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MODA Júlia de Freitas, 17 anos, estudante Julia desfilou pela primeira vez no Paralela Serra Fashion, mas já trabalhou como modelo fotográfica. Para ela o PSF foi um ótimo incentivo, tanto para as marcas quanto para quem desfilou, porque, segundo ela, algumas pessoas acabaram descobrindo um lado de si mesmas que não conheciam. Júlia já assistiu desfiles profissionais e ficou impressionada com a ruptura do conceito de perfeição que o PSF proporcionou. “O evento foi muito bem divulgado, e reuniu diferentes pessoas, não só os alternativos do nosso rolê”, disse. Foto: Natielen Tegner
A sensação de vivenciar cada momento dessa festa à independência artística, como modelo e repórter para esta edição da Revista Alternativa, me fez acreditar que, quando boas ideias surgem entre pessoas que estão dispostas à colocá-las em prática, é isso mesmo que acontece. Surpreendendo a mim, e a todos os outros participantes, a alegria era contagiante. Um sentimento de saudades tomou conta do coração de todos após o desfile final, mas ao mesmo tempo uma euforia corria em nossas veias, nos fazendo acreditar que naquele final de semana de outubro, havíamos marcado a história da cidade e da moda. Um marcou a vida do outro, laços foram criados, marcas ganharam maior visibilidade, risos correram soltos, talentos foram despertados, e tudo graças a uma conversa de amigos. Meu desejo é que mais amigos produzam tanta arte e alegria, por todo o sempre. (Natielen Tegner)
Foto: Wellington Damin
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saúde
Doulas: realidade emergente
Humanização do parto conta com profissionais aliadas A origem do nome Doula vem do grego e significa “a mulher que serve”. A sua principal função na Antiguidade era a de ajudar o parto das mulheres. Com a evolução médica, a figura da doula quase foi esquecida, hoje em dia ela está de volta ao seu lugar como auxiliar da gestante, conferindo apoio físico e emocional na gestação. Nos hospitais e maternidades a assistência passou para os profissionais da área da saúde, cada um com o seu papel definido na hora do parto. Entre médicos e enfermeiros, pouco auxílio emocional ou físico é dado à mãe, principalmente para as de primeira-viagem. Nas primeiras horas após o parto é quando a mulher ainda se sente desconfortável e precisa de auxílio, também para preencher esta lacuna que a doula existe. Essas profissionais atuam antes, durante e após o parto. Segundo Ana Cris Duarte, fundadora do site Doulas do Brasil, o ambiente impessoal dos hospitais e a presença de um grande número de pessoas desconhecidas em um momento tão íntimo da mulher tende a aumentar o medo, a dor e a ansiedade. Essas horas são de imensa importância emocional e afetiva, e a doula se encarregará de suprir essa demanda por emoção e afeto, que não cabe a nenhum outro 28
saúde profissional dentro do ambiente hospitalar. Em Caxias do Sul, as doulas estão tomando mais espaço e visibilidade. O Grupo Nascer Sorrindo se reúne uma vez por mês e conta com a presença de pessoas que se interessam pelo assunto, homens, mulheres, gestantes e doulas. Uma das doulas deste grupo é Paula Silveira, que responde à entrevista a seguir:
Alternativa: Há quanto tempo você é Doula? Neste tempo você sentiu a procura por doula aumentar? Paula Silveira: Eu sou doula desde 2011, fiz um curso de quatro dias, para a preparação. Cada doula segue uma linha de atuação, além de ser doula, eu complementei a doulagem com o yoga. Sobre a procura por doulas, ela aumentou no ano passado aqui em Caxias do Sul, principalmente depois do lançamento do documentário Renascimento do Parto. Algumas gestantes que doulei foram recomendações de outras gestantes que já conhecia.
neste grupo já tinha doulas. Como os assuntos eram voltados para este meio da gravidez e do feminino, fui aprendendo sobre a doulagem antes mesmo de fazer o curso, ali surgiu a vontade de aprender mais sobre o trabalho da doula. Alternativa: É importante fazer o curso de doula? Paula: No curso de doula aprendemos muitas técnicas, como onde encostar no corpo da mulher para fazer massagem, qual é a melhor posição para a gestante, é ensinado também como fazer a abordagem da gestante para dar um apoio melhor, mais íntimo. O curso também ajuda na compreensão da realidade do fazer doulagem no Brasil.
Alternativa: Como surgiu a vontade de ser doula? Paula: Simplesmente aconteceu, eu trabalho com mulheres há bastante tempo, o meu feminino também é trabalhado, eu sempre gostei de criança, sempre estive no meio de muitas grávidas. Eu participava do Grupo Nascer Sorrindo Caxias e
Alternativa: Quantas gestantes você atendeu neste tempo de doulagem? Vocês ainda mantêm contato? Paula: Nesses quatro anos atendi cerca de 20
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saúde gestantes. Nós ainda mantemos contato, não com muita frequência, mas ele é feito principalmente pela internet, outras doulandas voltam para as aulas de yoga ou baby yoga. Elas marcam um horário para virem falar especificamente sobre suas dúvidas e conversar sobre a gravidez.
que precise deste tipo de prestação de serviço. Hoje, essa entrada depende de autorização. Alternativa: Como é feito o atendimento de uma doula para uma gestante? Tem algum tempo determinado? Paula: Depende do momento em que a gestante procura pela doulagem, se for no início ou no final da gestação, o tempo varia de acordo com cada mulher, é muito pessoal. Durante o atendimento no pré-parto, como trabalho com yoga, procuro trabalhar a respiração, a meditação, a preparação muscular para o trabalho de parto e pós-parto. Procuro conversar com a gestante, tirar suas dúvidas, ansiedades, informar sobre a gestação e auxiliar emocionalmente a gestante neste período de sobe e desce hormonal. No pós-parto, a doula auxilia no comportamento da mãe ao amamentar o bebê. Isto incentiva a amamentação de uma forma positiva, o bebê e a mãe passam mais tempo juntos, fortalecendo a sua relação. O apoio dado às mães deixa-as tranquilas para cuidar melhor do seu filho e, assim, criar o vínculo afetivo entre mãe e bebê.
Alternativa: Você sente a necessidade de a doula virar uma profissão? Paula: Sinto que sim, com a regulamentação podemos atuar dentro dos hospitais, sem isso a função da doula fica limitada no pré-parto e pósparto, a atuação da doula no trabalho de parto fica comprometida porque, muitas vezes, não podemos acompanhar a gestante neste processo, é fundamental o apoio emocional dado a uma gestante em trabalho de parto. É nessa hora que mais atuamos, pois auxiliamos a gestante a conhecer cada processo do trabalho de parto, a conhecer as dores e explicar o porquê de de elas estarem acontecendo e conhecer seu próprio corpo. Se fosse regulamentado, as doulas poderiam ajudar muito mais, inclusive prestar serviços dentro dos hospitais, para qualquer gestante
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saúde Para entender melhor
O trabalho da doula ainda é alternativo, não somente pela falta de regulamentação, mas por falta de conscientização da sociedade. Vale ressaltar que a doula, na atual legislação brasileira, apenas auxilia a gestante durante a gravidez e pós-parto, ela não realiza procedimentos médicos e não substitui nenhum profissional da saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a contribuição da presença da doula nesse momento tão significativo que é o parto. Pesquisas mostram que, no Exterior, o trabalho de doulagem no parto diminuiu em 50% as taxas de cesárea. Estudos de 2013, apontam que 55,6% dos partos realizados no Brasil foram cesarianas. A OMS admite que que a doulagem faz com que o trabalho de parto evolua mais tranquilo e com menos complicações, tanto maternas como com o bebê. Fonte: http://www.doulas.org.br/
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(Veronice de Fátima)
saúde
Ervas medicinais: o desafio do esclarecimento
Apesar do poder de cura, prevalece no Brasil a indicação de medicamentos químicos
Quem não já tomou aqueles “chás” preparados
Medicinais, interessada em ajudar na transmissão de
pelas avós, que, segundo elas, eram capazes de curar
informações acerca dos cuidados com a colheita das
gripe, resfriados e dores em geral? A cultura de
ervas, preparação, manuseio e ingestão de preparos,
ingerirmos esses preparos, seja como finalidade de cura
para seus alunos. Segundo ela, ao mesmo tempo em
ou para simplesmente ficar desperto, vem de séculos
que a internet é uma boa alternativa na propagação de
passados, por volta de XVI. Porém, requer, desde já,
informações, é um grande risco, também, basear-se
que fique esclarecido que, na verdade, o que a maioria
em pessoas que não possuem o devido conhecimento.
de nós ingerimos não são chás, mas sim tisanas. Para ser
“Seria preciso buscar resultados de pesquisas científicas,
chá, deve ocorrer a infusão (ato de extrair propriedades
principalmente para aquelas plantas indicadas para
ativas de determinada planta) somente de folhas secas
cura de muitas doenças, inclusive o câncer”, afirma.
da planta “Camellia sinensis”, nativa da Índia e China.
Ainda de acordo com a professora, é imprescindível
Já as tisanas, são infusões de plantas como camomila e
que os devidos cuidados sejam tomados para que os
erva cidreira, por exemplo.
resultados do uso de plantas medicinais tenham o
Como poder de cura, as tisanas são até mesmo
efeito desejado. Quanto a essas precauções, é preciso
reconhecidas pelo Ministério da Saúde, que busca
levar em conta o local onde essas plantas são colhidas,
chamá-las de práticas de medicina complementar. Vale
pois podem estar contaminadas por pesticidas ou
ressaltar que a consulta médica é indispensável.
outros poluentes. Relativo ao armazenamento dessas
A professora Anajara Fígaro, mestre em ensino
plantas, revela Anajara, há de se ter bastante atenção,
de Ciências, utilizou em sala de aula o tema Plantas
pois quando armazenadas de forma indevida, podem 32
saúde ser um meio para o desenvolvimento de certos fungos (mofo), dentre outros aspectos. Como dito, os estudos da professora basearamse em discutir em sala de aula a fitoterapia, ou seja, o
poder das plantas medicinais e como elas se aplicam na cura de doenças. A partir das conclusões apresentadas, é de grande relevância que as informações sejam mais.
Plantas Medicinais mais usadas* Como um dos resultados deste projeto na escola, os alunos fizeram o levantamento de algumas plantas mais utilizadas pela comunidade local.
1ª Marcela
6ª Funcho
11ª Erva doce
16ª Alcachofra
2ª Boldo
7ª Hortelã
12ª Laranjeira
17ª Poejo
3ª Camomila
8ª Guaco
13ª Malva
18ª Pitangueira
4ª Carqueja
9ª Babosa
14ª Quebra-pedra
19ª Espinheira santa
5ª Erva cidreira
10ª Pata de vaca
15ª Cavalinha
20ª Alecrim
* Plantas medicinais mais usadas na comunidade de São Gabriel. Dados levantados por alunos da escola de ensino médio XV de Novembro (2014).
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saúde
Preconceitos e má fé
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saúde
Como comércio, as ervas se popularizam
de consumo que nem sempre é sinônimo de
cada vez mais. A exemplo disso, em Caxias do
saúde. Ainda de acordo com Carla, “as pessoas
Sul, a ex-bancária Carla Zdonek foi pioneira na
têm que ter acesso à planta base, o que diferencia
venda destes produtos. Segundo ela, há cerca de
os extratos naturais dos derivados químicos”.
15 anos, a cidade de São Paulo popularizava o
Ao mesmo tempo que defende o uso dos
comércio de ervas medicinais. Por estar fora do
produtos naturais, Carla revela-se preocupada com
mercado, Carla viu ali uma chance de voltar a
os picaretas que as vendem indiscriminadamente,
ele. Começou, então, sua busca por informações
geralmente em forma de compostos milagrosos.
teóricas, mas foi na prática que realmente
“A planta não é cara e a população é muito
aprendeu a trabalhar com as plantas.
ignorante”, ao referir-se às pessoas que adquirem os produtos através de vendedores não capacitados
Em entrevista, ela revelou que a população
para tal atividade.
exprime um certo preconceito quanto ao uso de ervas, e que os médicos, por não estudarem o
Por fim, Carla afirma que os remédios
assunto, não as recomendam. Prevalece no Brasil
são apenas controladores, (atacam em geral os
a indicação de produtos da indústria farmacêutica,
sintomas e não a causa) e a erva, apesar do tempo
muitas vezes comissionados, numa grande cadeia
de tratamento que requer, pode curar.
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(Leonardo Amaral)
esporte
Paradesporto avança no Brasil
Tiago Frank, recentemente nomeado técnico da Seleção, avalia a modalidade
Recentemente nomeado técnico da Seleção Brasileira de Basquete em Cadeira de Rodas, Tiago Frank teve seu envolvimento com o paradesporto em 2009 através de um projeto do CIDEF (Centro Integrado de Pessoas com Deficiência) que atuava com a categoria dentro da Universidade de Caxias do Sul. Convidado para comandar a equipe com o objetivo de alcançar uma competição nacional, sua entrada no paradesporto se deu pelo seu conhecimento técnico na modalidade de basquete convencional e envolvimento com o esporte. Em entrevista para a Alternativo, Tiago fala mais sobre os desafios e conquistas do paradesporto e sobre as Paraolimpíadas de 2016. 36
esporte A nível nacional, qual é o estágio atual do paradesporto?
Como você vê a abordagem do tema paradesporto pelas instituições de ensino superior?
Eu acredito que o paradesporto hoje no Brasil, está em desenvolvimento. Como uma criança que está aprendendo a caminhar. É um nicho de mercado para profissionais de Educação Física, onde existe espaço para construir um trabalho. Claro que nós falamos de um país de múltiplas culturas e dimensões continentais, então é difícil. Dependendo da região ou do estado, existem estado com maior desenvolvimento em paradesporto. São Paulo é uma referência hoje, Santa Catarina, estado vizinho, também tem diversas ações voltadas ao paradesporto. Mas, problemas de infraestrutura, são diferentes no esporte adaptado quando comparado ao esporte convencional. Existe sim, uma destinação de recursos considerável, através de lei. Houve uma porcentagem maior nos últimos tempos na destinação de recursos. Isso em função dos resultados, a meta atual do Brasil é ficar entre as 5 maiores potencias em paradesporto. Voltando aqui para nossa esfera, o Rio Grande do Sul, hoje Caxias do Sul é visto como referência em termos de política pública para pessoas com deficiência. São projetos, eventos, até mesmo em termos de estrutura, dentro de uma Secretaria de Esporte e Lazer. Mas
Eu venho de um currículo onde as disciplinas não tratavam e não eram voltadas para o paradesporto, nem mesmo, viam o tema como inclusão escolar. Meu currículo era de licenciatura plena, ou seja, estaria teoricamente abordando tanto o bacharel quanto a licenciatura e eu não tive, em momento algum, alguma disciplina que abordasse esta temática, de atividade para pessoas com deficiência. Isso em 2007. A política que trata a respeito da obrigatoriedade das instituições em criar espaços na grade curricular é de 2002. Hoje, nós já temos o conhecimento de instituições que começam a tratar do assunto na grade curricular, mas muitas vezes se limita a uma disciplina, 4 créditos, as vezes 2 créditos. Mas hoje sim, nós temos na grade curricular a disciplina específica. Isto também, a nomenclatura precisa se adequar, eu tenho conhecimento de instituições que chamam esta disciplina de “Atividade Física para Portador de Deficiência”, ou seja, uma nomenclatura inadequada. Então ainda tem coisas a avançar, e uma delas seria que disciplinas que viessem a abordar o tema, como nós temos hoje uma política nacional de inclusão, tratasse desse assunto com mais responsabilidade. 37
esporte precisamos avançar, principalmente, na capacitação de profissionais. Eu percebo que o mercado tem uma carência enorme por profissionais que estejam dispostos a trabalhar com paradesporto, atividade física para pessoas com deficiência, etc. Por onde passo, em palestras, procuro deixar isso como aviso para futuros profissionais, que observem essa área com um pouco mais de atenção.
do momento que portadores de deficiência convivem com pessoas “normais” (essa é uma expressão que temos que eliminar do nosso vocabulário quando nos referimos a essa temática) ela passaria a alcançar maior independência e autonomia na sociedade. Percebemos que isso é algo que ficou para traz, e hoje nós temos esse pressuposto, de que pessoas com deficiência devem ter seu lugar garantido dentro da sociedade. Em termos de leis e política, eu diria que o Brasil é um dos países mais avançados neste termo. O desafio é: Como o poder público, até mesmo o setor privado, pode conseguir colocar em prática essas leis que amparam o direito da pessoa com deficiência? E o esporte é um viés social, assim como a pessoa sem deficiência tem direito a garantia ao esporte e lazer, nós temos que pensar em estratégias de suporte também, para as pessoas com deficiência. E cabe ao poder público oferecer isso e servir como exemplo para outras instituições.
Há uma evolução no país? Quais obstáculos ainda temos de superar? Sim. Historicamente, basta observar a posição social de uma pessoa com deficiência na sociedade. Se falarmos de século XIX, onde as pessoas eram negligenciadas, não tinham espaço, eram escondidas do restante e isso perpetuou até o final do século XX. A partir desta mudança de paradigmas que houve a integração de pessoas com deficiência. Elas começam a ganhar mais espaço dentro da sociedade e isso foi promovido pelas próprias pessoas com deficiência. Aí nós começamos a observar uma garantia de mais espaços. É um crescente. E o esporte é um dos fatores que contribuíram para isso. Então, essas pessoas saiam de uma situação de assistencialismo, como foi visto durante todo o século XX até os anos de 1990, para uma situação de integração, ou seja, aproximar pessoas com deficiência da “normatização”. A partir
Para encerrar, não tem como não falarmos desse atual momento que você vive. Este pode ser considerado o ápice da sua carreira? E qual a perspectiva para daqui em diante? É uma boa pergunta, Glademir. Eu costumo olhar sempre na ascendente. Até por que, a partir
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esporte do momento que tenho um entendimento de que seja o ápice, isso pode me colocar em uma zona de conforto. Então pensamos: O que eu construí até agora, me deu essa condição profissional de estar como técnico de uma seleção principal, estar em uma paraolimpíada. Isso se torna perigoso em qualquer profissão, nós acharmos que o que foi construindo até um determinado momento é o suficiente. Acho que, isso é uma grande armadilha. O que eu procuro fazer é estar em constante aperfeiçoamento. Este momento traz uma responsabilidade muito grande, de estar em estudo, se aprimorando, se reciclando, mais atento com relação a postura, a final de contas é uma situação que dá uma certa visibilidade. Então você se torna uma figura mais pública, nós temos aí, uma boa relação com a imprensa de matérias que estão sendo divulgados. Isso é bom. Mas o principal disso tudo é que sirva de motivação para outros profissionais da área. Isso que me mobiliza e incentiva a estar fazendo esse movimento.
lugar, na estreia enfrentou a Austrália, campeã daquela edição, perdemos por dois pontos com uma bola no último segundo. Então, dizer qual a expectativa em um torneio como esse é extremamente complicado, muita coisa pode acontecer, não tivemos sorteio de chaves ainda, a classificatória da Ásia e Oceania ainda está acontecendo. O que eu tenho de feedback é uma etapa de treinamento onde estamos tentando buscar uma seleção que seja harmoniosa e equilibrada, tanto dentro quanto fora de quadra, por que uma paraolimpíada por si só, gera uma tensão muito grande em cima de confederação, técnico, equipe de trabalho e, consequentemente, atletas. Existe uma responsabilidade muito grande. Então, estamos tentando equilibrar uma renovação de atletas com os mais experientes, equilibrar uma relação de necessidade de resultados, que também existe, temos que pensar nisso. E, também, a questão da própria composição da equipe. Nós estipulamos uma meta, que é procurar ultrapassar o resultado mais expressivo que o Brasil já teve em uma paraolimpíada, no basquete em cadeira de rodas, que é o oitavo lugar. Então, para nós, pode não parecer algo muito expressivo, mas um sétimo ou sexto lugar já será motivo de bastante comemoração.
Expectativa para a paraolimpíada. É difícil, paraolimpíada é um evento muito rápido. O Brasil em Pequim 2008, ficou em oitavo
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(Glademir Rodrigues)
EDUCAÇÃO
Vantagens da aprendizagem musical
Benefícios abrangem desde socialização até melhor concentração e desempenho O ensino da música, sobretudo as aulas em grupo, quando realizadas regularmente, ajuda no estímulo à aprendizagem em outras áreas, até mesmo nos estudos de outras disciplinas como matemática, português e geografia. Segundo a doutora em Neurociências pela universidade do Canadá Marília Nunes, a melhora do desempenho das crianças que trabalham com a música é comprovada. Ensinar os alunos com técnicas musicais, além de aproximar os alunos dos professores, também melhora o desempenho em médio prazo dos alunos em matérias didáticas, pois melhora a capacidade de absorção de informação e distribuição da informação, trazendo resultados altamente satisfatórios àqueles que querem associar a paixão musical com o dever dos estudos, afirma o instrutor de música Giovane Albarello. Giovane comenta que percebeu desde cedo que a música lhe trouxe benefícios, já que a arte é de caráter indispensável para a formação e transformação das pessoas. Em seu projeto o professor, que atende cerca de oito alunos com idades de 15 a 19 anos, percebe que eles melhoram os interesses e passaram a dar mais atenção às explicações dos professores, já que uma das
condições para que as aulas continuem acontecendo é que as notas escolares não sofram quedas, sendo um incentivo ao estudo dos jovens. O professor atualmente dá suas aulas em um estúdio próprio e proporciona todo o material para os alunos. Marília, em vídeo explicativo, diz que existe melhora nas funções cognitivas em geral. “A música aumenta a capacidade de aprendizagem da criança por ser um estímulo complexo, que trabalha muitas áreas do cérebro. É claro que não é mágica e para alcançar esses desenvolvimentos é preciso treinamento musical, é preciso constância nos trabalhos com a música. E assim os efeitos perduram até a idade adulta e servem como reserva cognitiva. A música também promove a socialização e a capacidade de melhor lidar com emoções. Em portadores de síndromes, seus benefícios são igualmente amplos.”. Giovane diz que está muito satisfeito com o reconhecimento e com a aprovação que tem de seus alunos e que pretende continuar ensinando música para que todos possam compartilhar de sua grande paixão, que cada dia mais só mostra trazer benefícios para aqueles que entram nesse mundo. 40
(Gilberto Fachin Junior)
EDUCAÇÃO
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