Revista Singulares

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RODOLFO CEMIM DA SILVA


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EDITORIAL Pouca idade e muito talento: essa é a premissa da Revista Singulares, uma produção de acadêmicos da disciplina de Mídia Impressa 2012 dos cursos de Comunicação Social da Universidade de Caxias do Sul, que procurou revelar histórias ímpares de cidadãos caxienses. Navegando por várias fases da vida, procurou-se não apenas expor estes talentos, como também comprovar que os jovens e as crianças de hoje não só sabem o que querem, como também vão atrás de seus sonhos. Pode-se observar que o talento já vem desde a infância e se evidencia ainda mais na vida adulta, porém, nem todos conseguem seguir fazendo o Reitor que gostam, talvez por medo, preconceito, receio Isidoro Zorzi da sociedade ou falta de apoio. Por outro lado, os que têm a coragem de seguir esse caminho se Vice-Reitor José Carlos Köeche tornam profissionais bem sucedidos e felizes consigo mesmos. Pró-Reitor Acadêmico Esta produção reúne depoimentos de Evaldo Antonio Kuiava estudantes e de quem já está consagrado Diretora do Centro de no mercado, como Caroline Dall’Agnol, Ciêcias da Comunicação que faz do curso de Jornalismo um caMarliva Vanti Gonçalves minho para realizar as suas utopias, e o Professora da Disciplina radialista Agenor Rodrigues que, em Mídia Impressa entrevista, revisa a própria trajetória Alessandra Rech de persistência e realizações. Não Foto perca esse retrato de pessoas que, Antonio Luiz Perottoni, Rodolfo como o próprio nome da publiCemin da Silva, Vinicius Viera. cação já define, são Singulares.

I E N T E

E X P E D

Texto Liliane Cioato, Keli Bernardi, Natália Susin Cechinato, Pedro Guerra, Bárbara Armino, Jassa Lopes Gazzana, Maurício Fontana Rodrigues, Luiz de Paula Junior, Ediane Almeida Oliveira.

Layout Fernando Antônio Baumgartner Bandeira, Caio Busetti Oliveira, Vinícius Goin, Maryleen Kathelin Horstmann. Coordenação

Fernando Buffon

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E ali logo em frente, a esperar pela gente, o futuro está... Por Jassa Lopes Gazzana

“Todas as crianças são artistas. O problema é como permanecer um artista quando você crescer.” (Pablo Picasso)

“Parem de brigar e prestem “Ter mais bondade e união no atenção no trânsito para não mundo.” causar acidentes.” O amor foi escolhido, quase por

Aos nove anos, como a maioria dos brasileirinhos, Felipe já usa as redes sociais e a Internet para se comunicar com seus amigos e jogar em plataformas de multijogadores. Diverte-se jogando futebol e “play”. Semanalmente, sua escola incentiva os alunos a escolher um livro na biblioteca. Seus preferidos são os de aventura. Felipe vê na professora do 4o ano, sua inspiração. Como profissão, está em dúvida entre ser pizzaiolo ou advogado. Para ele, no mundo adulto é chato... “Ser demitido, saber que alguém morreu, pagar o parquímetro e pagar contas”. E o que ele está ansioso para fazer quando chegar Antes de ingressarmos na vida à fase adulta é: “Poder andar de adulta, passamos por um período moto, fazer o que quiser, trabalhar repleto de sonhos, incertezas e, para aprender coisas e para ganhar também, certezas. Com o passar dinheiro”. ARQUIVO PESSOAL dos anos, nossas opiniões amadurecem e muito do que pensávamos se esvai na linha do tempo. O Singulares entrevistou três crianças: Felipe Lopes Gazzana, de 9 anos, Gabriel de Moura, 10 anos, Ana Carolina Ghiotti, 11 anos, e a adolescente, de 13 anos, Sthéfani Pinto Varela, a fim de entender seus desejos, temores e esperanças. Há muito tempo sabemos que só existe uma solução para a maioria das problemáticas sociais. Indiferentemente da idade, todos os entrevistados tiveram a mesma resposta para a pergunta: “O que você faz, hoje, para melhorar o futuro? “estudo”. Todos deixaram seu recado para os adultos.

unanimidade entre os entrevistados, como o sentimento mais importante atualmente. Gabriel diz que o amor é: “Quando uma

pessoa gosta das outras pessoas, sem preconceitos”. O

estudante de 10 anos, que cursa o 5º ano, tem fascínio sobre tudo que envolve ufologia e astronomia e, no futuro, quer poder fazer disso sua profissão. Ele também diz que a violência no mundo precisa acabar, assim como o uso de drogas.

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O menino considera a violência dentro e fora das escolas, e os maus-tratos aos animais os maiores problemas no mundo. REVISTA SINGULARES - PÁG. 4


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“Pensar mais antes de julgar o próximo, porque sempre julgam pelas aparências. Todos merecem uma segunda chance.”

“Me casar e ter uma casa com bastante espaço, com muitos animais e apenas um filho”. A estudante do 6º ano também acredita que a violência e a dependência química são guerras que precisamos vencer. Mas, usando o sentimento já citado antes, o amor, podemos conseguir a vitória? Ana é objetiva: “Tendo o amor, se consegue a paz”.

“...a vida não é só um joguinho. Então tem que ter respeito, amor e companheirismo, sempre.” Sthéfani, do 8º ano, é representante de turma, e tem o dever de ajudar a manter a paz dentro da sala de aula. Usa a Internet para fazer amigos que tenham gostos parecidos com os dela, como a afeição pelas histórias do personagem Sherlock Holmes. Embalada pela sede de justiça do investigador, a adolescente pretende ser advogada. Espelha-se na irmã mais velha que, como ela mesma diz: “É inteligente, boa aluna e sempre dá seu máximo para conseguir o que quer”. No mundo adulto ela não gosta quando o trabalho ocupa a maior parte do tempo e não sobra espaço para a família e os amigos. O que mais deseja para essa fase é o poder de controlar suas escolhas. Sobre o tipo de família que Sthéfani espera

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A futura bióloga Ana se inspira no aventureiro Richard Rasmussen, do programa televisivo que leva seu nome. Ela compartilha com o apresentador a paixão pelos animais e o dever de protegê-los. O modelo antigo de família contava com o pai, como o provedor do sustento, a mãe, responsável pela educação das crianças, e muitos filhos. Ao longo da história esse padrão sofreu muitas alterações. Essa realidade já se reflete nos depoimentos dos entrevistados. Ao ser questionada sobre que tipo de família planeja ter, Ana respondeu:

“O estudo, a busca da verdade e da beleza são domínios em que nos é consentido sermos crianças por toda a vida.” (Albert Einstein)

ter, ela diz que não sabe ao certo, pois muda de ideia continuamente, e teme o convívio permanente com outra pessoa. Porém, pensa em ter dois filhos. Na fase em que o desejo de namorar é a maior ambição entre as adolescentes, a estudante destoa de suas colegas e prefere dar valor as amizades e focar sua atenção nos estudos. Ela considera a amizade o sentimento mais impor-

tante do mundo. E sobre os adultos complementa: “As pessoas têm que ter mais responsabilidade, amar mais as pessoas, tentar se comunicar melhor com os outros. Ver o que estão fazendo de errado com os seus amigos e com seus filhos, tentar preservar ao máximo tudo o que têm”.

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Saúde e corpo em dia

Por Kely Bernardi e Liliane Cioato

Como o próprio nome já define, suplementar significa adicionar, complementar. Os suplementos alimentares , ramo do meu negócio, são utilizados com o objetivo de adicionar nutrientes à dieta, buscando melhores resultados. São indicados para atletas e pessoas que precisam de mais calorias, proteínas e vitaminas, que praticam atividades físicas diariamente e que devido ao treino pesado, ou até para alcançar resultados desejáveis, necessitam consumir um número maior de nutrientes. Mas é necessário cautela, pois o uso excessivo ou de maneira incorreta pode ocasionar danos à saúde. Hoje trabalho com uma vasta gama de produtos, e posso oferecer aos meus clientes um valor bem reduzido se comparado aos praticados pelo mercado atual. A empresa também possui um grande diferencial que é o bom atendimento: prezamos muito a satisfação dos nossos clientes. Procuramos sempre nos atualizar para poder trazer o que há de melhor aos nossos clientes na linha de suplementação”. Robson Gabrieli, 25 anos Proprietário da Serra Suplementos

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“A paixão pela academia e a busca por um corpo perfeito fizeram com que eu me tornasse um jovem empresário de Caxias do Sul nessa área. Sou estudante de Administração de empresas e sempre sonhei em poder administrar o meu próprio negócio. Fui bastante cauteloso e refleti bastante antes de abrir minha empresa, pesquisei sobre o futuro do mercado, em que pretendia investir, o público que desejava atingir e estratégias de marketing.

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Jovem empreendedor Por Ediane Almeida Oliveira

‘’Abrir um negócio não é fácil. Mesmo sabendo das dificuldades que poderia encontrar, ser administrador de algo onde há muita burocracia envolvida, não é tarefa simples. Sempre quis ter algo meu e procurei trabalhar em vários lugares diferentes, fazendo coisas diferentes (dentro da Publicidade) antes de

A Mocker Comunicação começou em fevereiro desse ano. Apesar de ser uma agência muito nova, já conseguimos aqui mostrar trabalho para empresas importantes e também fazer projetos bem legais com muitas delas. Buscamos sempre estudar as pessoas, os comportamentos em diferentes plataformas. Já que a comunicação

fui contra por onde passei). Posso afirmar que trabalho bem mais, mas prefiro assim. O trabalho fica melhor. O meu objetivo sempre foi acordar todo dia e ficar a fim de ir pro trabalho. E isso implica em muita coisa. Primeiro, que o ambiente deve ser o melhor pra poder desenvolver as atividades. Segundo,

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tomar essa atitude. Hoje em dia está mais fácil e até na moda abrir empresa. Porém, vejo que muitas pessoas estão indo por esse caminho por não querer mais ser empregado ou algo do tipo. Na minha opinião, deveria ser o contrário. Deveríamos buscar abrir um negócio quando acharmos a oportunidade e sabermos cada vez mais coisas sobre o lugar onde iremos pisar.

é feita por pessoas e para pessoas, achamos aqui o mais importante entender quem fala e quem recebe a informação. E não apenas sermos fissurados por novas ferramentas. Minha rotina mudou bastante, pois não tenho mais horário definido para começar e terminar o trabalho. Na verdade, estou sempre trabalhando, mas de uma maneira que não sinta mais aquela obrigação de bater ponto (o que sempre

as pessoas que trabalham diretamente ou indiretamente contigo devem ser pessoas que queiram isso também. E terceiro, claro, o trabalho em si. Faço várias coisas na Mocker, nas bandas que toco e também em outros projetos como o programa “Rock Me Up” da Rádio Sonora FM. Mas se isso for motivo para todo dia querer mais, não importa mais nada.’’ REVISTA SINGULARES - PÁG. 7

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Seguindo Por Natalia Susin Cechinato anos e em pouco tempo ela já exerce influência como crítica de moda em seu blog e dona de um estilo no mínimo diferente das meninas de sua idade.Isabel ainda ressalta “Acho que hoje isso já não é mais tão difícil, uma vez que o acesso à internet é muito fácil e qualquer pessoa pode criar sua própria página.” Bem decidida sobre seu futuro,quando perguntada sobre ícones menores de 25 anos, Isabel vai direto ao ponto e fala sobre Chiara Ferragni, que arrecada seguidores do estilo no blog The Blonde Salad. Essa jovem tem apenas 24 anos e já tem até sua própria marca de sapatos, que vendeu mais de 2.000 pares em sua terceira coleção.O site passa o tradicional ‘look do dia’, além de ter uma ótima fotografia e informações mais aprofundadas sobre moda em alguns posts.Chiara é italiana e estuda Direito, criou o blog com

Isabel estuda Design de Moda na Universidade de Caxias do Sul e está ligada ao mundo fashion desde os 11 anos de idade, quando surgiu o interesse por aprender sobre o assunto.Ela se inspira em Coco Chanel, como uma boa apreciadora de moda, e pontua que o ícone não tem influência somente no fashionismo, mas também no comportamento feminino. A estudante diz que admira muito o trabalho de equipes como a WGSN, que é o site de conteúdo de moda mais completo que existe atualmente e também fala sobre equipes que fazem estudos aprofundados do comportamento da sociedade, aliados a informações de moda, como é o caso da Trend Union. A futura designer tem uma aparente paixão pelos bastidores do mundo da moda e acredita no sucesso de jovens talentos como Tavi Gevinson, que tem apenas 13

a intenção de “recomendar o que usar e sempre prestar atenção aos detalhes”como ela mesma diz em sua aprensentação na página.Entre as marcas que a garota já colaborou estão Dior,Hugo Boss, Louis Vuitton, Lancôme, entre tantos outros nomes importantes.

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“Não sei de onde veio essa vontade, mas com o passar dos anos fui aprendendo como funciona o mundo da moda, principalmente os bastidores e hoje não me imagino fazendo outra coisa.” REVISTA SINGULARES - PÁG. 8


os passos Rhaysa é uma jovem promissora: aos 19 anos, já participa de duas bandas, toca violão, teclado, e tem um ídolo que, além de referência, é a sua cara. Por Pedro Guerra do aparece a oportunidade, e fazemos porque é o que realmente gostamos – , explica. Em paralelo, Rhaysa cumpre o papel de vocalista da banda Miss Take, formada exclusivamente por meninas, substituindo a vocalista titular, que viaja em intercâmbio. – Estamos mudando um pouco o repertório e ensaiando frequentemente. Está sendo uma ótima experiência como aprendizado – afirma. Grande parte de todo esse sonho musical da futura comunicadora cresce na mesma intensidade que a paixão pelo seu ídolo maior. Assim como Rhaysa, Taylor Swift começou muito jovem, aprendendo a tocar violão quando um técnico foi até a sua casa para consertar

o seu computador e acabou ensinando a ela alguns acordes. Nos dias que se seguiram, a atual superestrela escreveu as suas primeiras músicas, e desde então mantém o mesmo foco: falar de sua vida amorosa. E foi assim que ela chegou ao reconhecimento mundial, se tornando a nova queridinha dos Estados Unidos. Agora, aos 22 anos, Taylor acaba de lançar o seu quarto álbum de estúdio, intitulado Red, que vendeu mais de 1,2 milhão de cópias apenas na primeira semana, repetindo o sucesso de seu antecessor, Speak Now, que também vendeu mais de 1 milhão nos sete primeiros dias. Com esse recorde, Swift se tornou a primeira cantora da história a conseguir tal feito.

RODRIGO ONZI

A acadêmica do curso de Jornalismo da Universidade de Caxias do Sul, Rhaysa Santos, 19 anos, sempre gostou de cantar, mas nunca pensou que pudesse levar a brincadeira um pouco mais a sério. Porém, quando tinha apenas 14 anos de idade e começou a fazer aulas de violão, o seu professor comentou que ela tinha uma voz com grande potencial, e foi então que Rhaysa descobriu que cantar estaria nos seus planos para o futuro. Desde a descoberta dessa paixão, a maneira que a futura jornalista-cantora consegue se expressar melhor é através dos acordes tocados em seu violão, ou das notas reproduzidas em seu teclado, instrumentos que ela já domina. – Tenho ainda planos para aprender a tocar baixo – , conta. E o talento de Rhaysa não para por aí: ela também compõe. Com algumas letras em mãos, a garota sonha em um dia conseguir gravá-las e também estudar música fora do Brasil, com o objetivo de conhecer ainda mais a área que tanto lhe atrai. Foi também na escola de música que um outro desafio começou: junto com alguns amigos que também fazem aula, eles formam uma ‘banda-de-ocasião’, que entra em cena quando recebe convites ou encontra shows de talentos como o que foi realizado recentemente pelos cursos de Comunicação Social da UCS. Não temos a obrigação de ser sempre uma banda, tocamos quan-

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Posso e devo agir Como o impeachment do presidente Collor transformou uma geração. Por Bárbara Armino Em tempos em que as novas gerações são cada vez mais caracterizadas por seu comodismo frente às decisões, as gerações mais antigas dão exemplo no quesito reivindicação. A época era outra e os problemas também, enquanto temos leis aprovadas como o “Ficha Limpa”, antigamente o que havia

eram os protestos do povo e as tentativas de mudança por parte de pessoas que, ainda que não tivessem nomes conhecidos, tinham vozes e uniam-nas na luta contra as injustiças do país. Foi nesse cenário que Edgar José Dallegrave passou sua adolescência. O homem, hoje de 33 anos, estudante de História,

na época era um menino de 13, aparentemente igual a todos os outros da idade, porém um dos milhares que pintaram seus rostos e saíram às ruas protestando contra a corrupção praticada pelo então presidente Fernando Collor de Melo.

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2ingulare5: O que o levou a fazer parte dos caras-pintadas? Edgar: O que me levou a protestar foi que eu fazia parte de um grupo de amigos que sempre discutiam política, eu ainda não votava, mas sentíamos que poderíamos mudar as coisas. Meu pai fora militar na época do Regime Militar e ele sempre me contava como o governo dominava a mente da população, ele disse que a democracia era o povo havia conquistado e ele disse que eu deveria estar sempre pronto para defender essa conquista. 2ingulare5: O que você pensava sobre as manifestações? Edgar: Como ainda era alguém muito jovem, não sei se tinha muita capacidade de compreender tudo, mas do meu ponto de vista na época, eu me sentia traído, pois não compreendia como alguém com o carisma e o discurso do então presidente Collor podia ser tão corrupto e lesar o povo que colocou nele a esperança, como ele podia desviar dinheiro e fazer acordos ilegais! 2ingulare5: O que você pensa sobre o comodismo dos jovens da época em que estamos vivendo?

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“anestesiadamente” em direção do progresso financeiro, e é ensinada a não lutar pelo resto, é uma corrida muito egoísta e não comunitária. Meu pai ensinou-me a lutar pelos meus direitos e de meus semelhantes, mas a geração de hoje parece se preocupar apenas com “suas coisas”, ganhar o quanto puder e gastar, sem se preocupar com a condição dos outros ao redor. 2ingulare5: Qual o conselho que você deixa aos jovens hoje?

cara-pintada? Edgar: Naquela época aprendi que posso e devo agir. Durante muitos anos de minha vida fui filiado a um partido político, o PC do B, me envolvi muito em política estudantil em Grêmios e no Diretório Acadêmico de minha faculdade. Hoje, mesmo fora de um partido, sempre procuro me inteirar do que acontece na política e gosto de conversar sobre isso nas rodas de conversa.

Edgar: Na democracia, o povo é que tem o poder, nós é que colocaEdgar: Acredito que a juventude mos ou retiramos os governantes. hoje tem tanta capacidade de luta Precisamos ser mais cuidadosos quanto qualquer outra geração, com a política, quando as pessoas basta crer nisso. O comodismo de bem não querem saber de podessa geração se deve a muitos fa- lítica, os maus tomam esse lugar! tores, hoje a juventude brasileira é Precisamos de jovens que estudem “órfã de uma utopia”. O Brasil se melhor a política e exijam mais torna um país cada vez mais rico e transparência, a prestação de coné isso que nossos governantes res- tas de nossos governantes. saltam, mas carecemos de muitos bens sociais como segurança, saú- 2ingulare5: Quais foram as mude, educação, saneamento básico, danças que ocorreram na sua vida etc. A juventude parece correr a partir da experiência de ser um REVISTA SINGULARES - PÁG. 11

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Jornalismo político Estudante engajada. Por Luiz de Paula Jr.

Caroline Dall’ Agnol vive a máxima de Eduardo Galeano: “A utopia precisa existir para se continuar caminhando”

RODRIGO ONZI

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Desde sua mocidade, Caroline Dall’Agnol se interessa e luta em prol de interesses coletivos, tem esperança em uma sociedade igualitária (socialista). Realizou o curso “Fé, Política e Trabalho”, no ano passado, oferecido pela Diocese de Caxias do Sul em parceria com a Unisinos e Cáritas Caxias. Se interessa por organizações sociais e voltadas para suas questões, principalmente no âmbito do trabalho voluntário. Afirma que sempre encontrou dificuldades para se engajar nesse meio político-social, porém sempre tentou se agrupar de algum modo. Culpa a falta de tempo pela baixa participação dos estudantes nos movimentos estudantis. Seu lema é baseado na citação de Eduardo Galeano que diz que “a utopia é um fator essencial para se continuar caminhando”, ou seja, sonhos são necessários. Seu sonho é que um dia não haja tantas desigualdades sociais oriundas do capitalismo, mas é realista ao afirmar: - Pode ser que seja só um sonho. Atualmente, é estudante de Jornalismo em ritmo de formação na Universidade de Caxias do Sul e se diz feliz ao afirma que sua futura profissão será uma ferramenta para “mudar o mundo”. Trabalha como repórter na UCS TV e atua como secretária do DCE (Diretório Central dos Estudantes) na Universidade de Caxias do Sul. Caroline afirma que, apesar do ciclo de formação do indivíduo poder enfrentar problemas desde casa, o Estado é um dos culpados por não oferecer os direitos do cidadão como manda a Constituição.

Declara-se adepta ao socialismo democrático, apesar de nunca ter havido esse sistema político em nenhum lugar do planeta, pois nem mesmo o estado de bem- estar social vigente em alguns países da Europa se saiu ileso da “corrupção”.

- Converso com todos, não importa o lugar ou a ocasião -, diz Carol, como assim é chamada pelos amigos e colegas.

- Gostaria de ter participado mais das ações do DCE, porém, por estar em época de monografia, não foi possível. - Foi necessário deixar o movimento e lado - frisa.

“Já entrevistei secretários políticos, porém, não houve debate”. Quando criança e adolescente, Caroline foi eleita representante de classe por anos a fio, ou seja, já assumia um espírito de liderança desde então.

“As pessoas devem fazer o que gostam, independentemente da possível ascensão financeira.”

Caroline prioriza em sua vida a futura profissão de jornalista e, em segundo lugar, uma carreira política. - Pretendo aproveitar ao máximo de minha profissão antes de qualquer outra atuação - , diz Carol.

Considera-se uma pessoa comunicativa, interessada pelo comportamento humano em todas as áreas. Foi convidada a participar do DCE devido ao seu interesse político e social visto por todos que a conhecem. É católica por formação, porém, acredita que o comportamento do indivíduo não deve ser ligado ao conservadorismo de nenhuma espécie, pois a formação social é da maior relevância.

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Hobby virou profissão Por Keli Bernardi & Liliane Cioato ‘‘Ando há 11 anos de skate na modalidade street Comecei a praticar o esporte com 13 anos. No início, meus pais, assim como eu, não levavam tão a sério, pois não tínhamos ideia de que eu conseguiria chegar até aqui, mas minha mãe sempre me apoiou, sempre esteve ao meu lado, me ajudando quando precisava ir para os campeonatos fora da cidade ou a comprar peças para o skate. Antes de começar a andar eu jogava futebol, depois que conheci o skate fui abandonando os outros esportes. Comecei a participar de competições com 15 anos, fui me dedicando cada vez mais, fazendo com que ele não fosse somente um hobby e sim a minha profissão.

Meu primeiro patrocínio foi de uma loja aqui de Caxias do Sul, que não existe mais. Hoje conto com o patrocínio da loja Hip, também aqui da cidade, graças a ela surgiram outras marcas como patrocinadores, de outros lugares como Novo Hamburgo, São Paulo, Esteio, que atualmente me dão o suporte para que eu possa me manter e continuar me dedicando só ao skate. No início não havia muitos campeonatos aqui na cidade, mas hoje, com a Associação dos Skatistas Caxienses, todo ano é feito um evento para divulgar e incentivar o esporte. Eu fui campeão gaúcho do ano passado e o prêmio foi uma viajem a Barcelona – viajei para lá em agosto desse ano, quando tive a oportunidade de filmar e fotografar em vários locais que até então eu só via em vídeos.

VINÍCIUS VIEIRA

O skate é a minha vida e eu espero continuar a praticar o esporte por muito tempo. Acredito que quem tem algum preconceito quanto aos skatistas deveria reservar um pouco do seu tempo para conhecer melhor o esporte, afinal, com todo esporte existe certo preconceito, mas nada que, conhecendo, não possa mudar.’’ Patrik Mazzuchini, 24 anos Skatista na modalidade Street Campeão Gaúcho de 2011

VINÍCIUS VIEIRA

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Artista e artesão Por Keli Bernardi & Liliane Um bom tatuador precisa conhecer vários tipos de trabalhos, colher informações e criar o seu estilo. Cada um é bom em um desenho diferente, por isso é importante buscar coisas que nos tornem únicos. É difícil explicar o que é a tatuagem para mim, vivo disso, é o que sei e gosto de fazer. Tenho o prazer Eu fiz minha primeira tatuagem imenso de viajar e conhecer coicomo profissional aos 18 anos, no sas novas. Os tatuadores são como começo foi difícil e meus pais só uma família. Não me considero aceitaram a minha profissão quan- um artista tatuando, ali sou um ardo eu consegui me manter e pagar tesão. Sou artista quando estou deas minhas contas. Tive a oportu- senhando e criando meu trabalho.” nidade de viajar para me aprimorar, um bom tatuador precisa Darigo Bonatto - 25 anos estudar e se atualizar constante- Tatuador - Super Tattoo mente. Sempre vai haver preconceito conosco, mas se for seguir só o que a sociedade quer, a gente acaba virando um “Michel Teló”. “Fiz minha primeira tatuagem aos 14 anos. Sempre gostei de desenhar e isso me motivou a aprender a tatuar. Não existe uma idade para começar a praticar, é uma paixão. No início eu me tatuava porque ninguém queria tatuar com alguém que estava aprendendo.

VINÍCIUS VIEIRA

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Um jovem e um sonho A história de um garoto que com persitência e fé conquistou seu sonho!

Por Maurício Fontana Rodrigues Agenor Rodrigues é integrante de uma das tantas famílias que migraram do interior, no caso dele, da localidade de Barracão (na época Terceiro Distrito de Lagoa Vermelha), buscando trabalho e melhores condições de vida. Caxias do Sul foi a cidade escolhida pelos pais que acreditavam que ali encontrariam trabalho e escola para os filhos. Sexto filho em uma família de nove irmãos, logo cedo precisou arrumar um emprego e, quando atingiu 16 anos, foi trabalhar em uma fábrica de calçados

gens do rádio, entonação, leitura de textos, mensagens, crônicas, músicas brasileiras, italianas, inglesas, francesas e alemãs, alguns gêneros que permanecem até hoje e outros que já não figuram mais nas programações das emissoras de rádio. Quando pensou que seria contratado, recebeu a triste notícia de que a empresa não poderia contratá-lo porque o quadro de funcionários da emissora já estava completo. A decepção, grande

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locutor, novamente não foi, mas dessa vez recebeu convite para ser operador de som, permanecendo nessa função por um ano. Esporadicamente, ele fazia a gravação de um texto ou de uma reportagem, sem muito compromisso, até que recebeu a oportunidade de comandar um programa noturno, chamado Show da noite. Simultaneamente, estudava no período da tarde, pois precisava ter mais conhecimentos para comunicar e informar melhor aos ouvintes da emissora.

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e, pouco tempo depois, em uma metalúrgica. Quando metalúrgico pensou em trabalhar no rádio e, sem pensar duas vezes foi até a antiga Rádio Independência e, depois de muito “incomodar”, obteve a permissão para frequentar os estúdios no período da noite e acompanhar os locutores, já famosos e profissionais. Foi mais de um ano de muito estudo e observação, descobrindo, pouco a pouco, as lingua-

para um garoto de 16 anos, o fez abandonar a ideia de ser radialista e voltar para a metalúrgica, onde trabalhou por mais um ano e meio. Após insistências de amigos para que insistisse na carreira de locutor, Agenor não resistiu e foi até a rádio São Francisco, onde foi aceito como “aprendiz” e começou todo processo novamente. Com a bagagem adquirida no período de Rádio Independência, fez mais um ano de laboratório e quando pensou que ia ser contratado para ser

“- Naquele tempo não tinha o curso de Comunicação em Caxias do Sul, mas acredito que o futuro profissional exercitava a função fazendo bem mais laboratório, na comparação com os profissionais de hoje.” Os programas da época, em sua grande maioria, não eram segmentados como os de hoje, o que exigia do comunicador uma atenção e uma atualização em todos os assuntos, pois o mesmo apreREVISTA SINGULARES - PÁG. 16


sentador preparava a programação musical, também levava as notícias política e econômicas, fazia reportagens policiais, esportivas e de eventos sociais, tudo isso com um acesso à informação infinitamente menor do que possuímos na atualidade. De lá pra cá, Agenor passou por muitas cidades do Brasil todo, trabalhando em diversas redes de comunicação, entre elas a RBS de Caxias do Sul-RS,a Globo do Rio de Janeiro-RJ e a Gazeta de Vitória-ES, onde teve a oportunidade de trabalhar também com televisão. Depois de tantas idas e vindas, no ano de 2012, ele se aposentou com a certeza de ter realizado seus sonhos de juventude e, hoje, têm suas atenções voltadas para a área de Assistência Social, na qual possui formação, e acredita que tem bastante trabalho a fazer.

Os veículos de comunicação observavam tudo e divulgavam pouco, pois também eram observados e controlados através de escutas, dentro dos quartos do exército. Tinham o direito de divulgar somente o que interessava ao governo e, se fizessem algo fora dos padrões, corriam o risco de perder as concessões. Os proprietários das emissoras de rádio e TV e mais os donos dos jornais eram verdadeiros capachos do governo, havendo poucos que se atreviam a enfrentar o poder, pois quando o faziam, normalmente tinham suas edições apreendidas e suas oficinas confiscadas ou queimadas. Na área da música, muitos talentos brasileiros foram reprimidos e outros tantos tiveram suas composições censuradas. Assim aconteceu com Chico Buarque de Holanda, Geraldo Vandré, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e outros tantos. Muitos tiveram que sair do país devido à perseguiContextualização histórica ção do exército. No teatro, aconteceu a mesma coisa, com muitos No mundo político, o cenário esta- atores sendo presos e tendo suas va em efervescência com a existên- peças canceladas. Na literatura, cia de apenas dois partidos, Arena vários autores foram presos e seus e MDB. A arena era composta por livros recolhidos das prateleiras todos os pensamentos da direita e das livrarias espalhadas por todo o o MDB abrigava os pensamentos Brasil. de esquerda. Políticos, antigos e jovens, os Diretórios Acadêmicos Tudo o que acontecia no das universidades e centrais estucentro do país refletia em Caxias dantis abrigavam a pluralidade do do Sul, até porque a cidade, até pensamento político, mesmo que hoje, sedia o Terceiro Grupo de escondidos, pois não podiam fazer Artilharia Anti-Aérea e os militareuniões abertas. Eram observares estavam atentos a tudo o que dos constantemente por homens acontecia nos veículos de comudo DOPS, uma organização do nicação, nos sindicatos e disfarexército e a serviço do governo çados dentro das salas de aula militar, que tinha o papel de dedas universidades. Mesmo sob durar e prender os líderes. Estava todo esse controle, acontecia em começando o movimento para todo o Brasil um movimento pela existência de novas agremiações abertura ampla, total e irrestrita, partidárias. com o propósito de trazer de volta

ao país os políticos que estavam exilados e pela criação de outras siglas partidárias: a democracia. Depois de muita movimentação do povo brasileiro que pedia pela volta da democracia e muita polêmica no congresso nacional, os militares deram o aval e o General Golbery do Couto e Silva assinou o documento que instituiu a anistia política e a criação de novos partidos. Com isso, O exilado mais famoso do Brasil no momento, Leonel de Moura Brizola, retornou ao país, com o intuito de liderar o PTB, partido que ele pertencia antes do exílio. Como a sigla era forte e Brizola também, o General Golbery, estratégicamente entregou para Ivete Vargas, filha de Getúlio, a liderança do partido. Como não houve entendimento com Ivete, Brizola, indignado com ela e com Golbery, criou o PDT. Simultaneamente nasciam o PDS, PSDB e outros partidos. Hoje existem mais de duas dezenas de siglas abrigando as mais diversas ideologias. A partir da anistia e da abertura politica o país passou a respirar, mesmo que com certa restrição, novos ares, com os estudantes, compositores, escritores atores, jornalistas e radialistas tendo mais liberdade de expressão. A população, num aspecto geral, passou a ter mais liberdade, pois deixou de ser perseguida, com os militares deixando de frequentar certos cenários.

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