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Universidade de Caxias do Sul Curso de Jornalismo Laboratório de Jornalismo Impresso número 2 - outubro 2017/04
Desafios do fotojornalismo em debate PÁGINA 3
Porthus Jr. (esquerda) e Ricardo Chaves (direita), fotojornalistas do Rio Grande do Sul, falaram sobre a profissão e seus desafios, em painel realizado na Semana Acadêmica de Comunicação da UCS, com mediação do Prof. Edson Luiz Scain Corrêa (centro), coordenador do curso de Fotogtrafia
Estratégia ao comunicar-se
O cuidado ao apurar fontes
As boas ideias de André Lima
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Foto: Luiz Guilherme Francischini Schmitz
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A importância da Comunicação
ocê já pensou na importância da comunicação para sua vida? Hoje em dia, tudo envolve comunicação, seja uma conversa informal, sejam reuniões de trabalho, há sempre algo que precisa ser passado de alguém para alguém. É importante salientar, também, que uma boa comunicação pessoal pode estender-se à imagem profissional. O homem contemporâneo já não tem como separar pessoal e profissional. Imagine-se, então, o que dizer da importância do saber comunicar-se adequadamente para um jornalista. A mensagem, na essência, é uma verdadeira disputa de sentido, daí a escolha da palavra, a transparência, a objetividade, que traduzirão comportamento ético e respeito a quem o jornalismo deve, efetivamente, servir: o cidadão, a sociedade. Hoje, na verdade, a competência da comunicação, juntamente com o conhecimento, são base para qualquer profissão. A rápida evolução tecnológica, a rica profusão de conteúdos e a rapidez na entrega já não permitem que o sujeito se mantenha alheio ao que o cerca e ao que ocorre no mundo. Acompanhar esse novo desenho social é, efetivamente, um diferencial em qualquer campo. A informação, matéria prima com que trabalha o jornalista, sempre causará algum tipo de impacto na vida das pessoas, seja ele positivo ou negativo. Dessa forma, é primordial realizar uma comunicação objetiva, eficaz e, principalmente, honesta. Em tempos de rede, de fake-news, de pós-verdade e de boatos, é fundamental que os profissionais da comunicação resgatem os verdadeiros valores da profissão, investindo na apuração e na qualidade das fontes, cientes de que quanto mais eles se aproximarem da verdade, mais estarão cumprindo seu papel.
Pauta, reportagem, redação, edição e diagramação: Denise Maria Dal Picolli Costa, Kimberly Salomão da Silva, Évelynn Marinho Alves e Pablo Ribeiro (ausente)
Reitor Dr. Evaldo Antônio Kuiva Diretora da Área de Ciências Sociais Profª. Drª.Maria Carolina Gullo Coordenador do Curso de Jornalismo Prof. Me. Marcell Bocchese Professora Prof ª. Drª. Marlene Branca Solio Endereço: Campus Sede R. Francico Getúlio Vargas, 1130 Bairro Petrópolis, Caxias do Sul - RS CEP 95070-560 Telefone:(54)3218-2100 Site: http://www.ucs.br Twitter: @ucs_oficial Facebook: facebook.com/ucsoficial Instagram: @Ucsoficial
Para comunicar-se, é preciso estratégia
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Évelynn Marinho
ara um bom relacionamento, boas palavra e bons argumentos são necessários “Quem não tem estratégia vai para qualquer lugar”. Iniciou assim, a palestra do curso de Relações Públicas da UCS, “Se relacionar bem é uma arte”, com o Relações Públicas Guilherme Alf. Em sua palestra, que ocorreu na segunda-feira, 11 de setembro, no UCS Cinema, Guilherme enfatizou que por meio da internet nos relacionamos mais, porém, temos que saber como nos relacionar; saber onde se queremos chegar, elaborar estratégias e ter foco. Não basta ter conteúdo. Tem que saber como divulgá-lo, saber o que importa e ir direto ao ponto. Gerar conteúdos diversificados, ser criativo em redes sociais, compartilhar conteúdos relevantes e estar preparado para o que vier, é importante para se chegar a um objetivo e ter um relacionamento saudável em qualquer rede de comunicação, enfatizou Alf. Em meio às redes de comunicação todos querem divulgar e estar sem-
A palestra, destinada aos alunos do curso de Relações Públicas daUniversidade, ocorreu no UCS Cinema. Foto: Évelynn Marinho pre em alta, mas é necessário saber até onde é relevante estar nos holofotes e como chegar lá. O Relações Públicas destaca que nas redes temos que saber a hora de “sair do on e ir para o off”. Conforme nos conectamos e, estabelecemos relacionamentos, nos
abastecemos de conhecimento, compartilhamos histórias. E como num ciclo, nos relacionamos, nos abastecemos e nos conectamos novamente, como uma estratégia de comunicação e ampliação de redes de conhecimento e negócio. Guilherme Alf finalizou a palestra
fazendo um apontamentos sobre gerenciamento de crise e dando dicas. Em meio aos tantos conflitos da atualidade, é importante ter calma e empatia, enfatizou. “Assim, logo a solução estará em mãos”, finalizou.
FOTOGRAFIA
Desafios do fotojornalismo em debate Porthus Jr. e Ricardo Chaves, fotojornalistas do Rio Grande do Sul, falaram sobre a profissão e seus desafios, em painel realizado na Semana Acadêmica de Comunicação da Universidade de Caxias do Sul
Porthus Júnior e Ricardo Chaves, o Kadão, Fotógrafo do Jornal Pioneiro e do Zero Hora, debateram o futuro da profissão e seus desafios em painel realizado na UCS. / Foto: Álan Pissaia
Pablo Ribeiro
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ual o futuro do fotojornalismo? Esse foi um dos temas debatidos no painel realizado no dia 14 de setembro, entre os fotógrafos Porthus Júnior, do Jornal Pioneiro, e Ricardo Chaves, o Kadão, ex-editor do Jornal Zero Hora. O evento integrou a programação da Semana Acadêmica dos cursos de Comunicação da Universidade de Caxias do Sul. Mediado pelo professor e coordenador do curso de Fotografia da UCS, Edson Luiz Scain Corrêa, o debate entre os dois fotógrafos abordou diversos temas da atualidade ligados ao fotojornalismo e aos desafios da profissão em meio aos avanços tecnológicos. Kadão, contou fatos marcantes de sua carreira nos tempos em que trabalhou na imprensa de Porto Alegre e também do centro do País, fazendo algumas comparações sobre as maneiras de se produzir uma foto no passado e nos dias de hoje.
Porthus, por sua vez, falou na valorização do interior e nos desafios de fazer fotografias fora da capital, mostrando a realidade da região da Serra.
apenas qualquer fotografia. “Hoje em dia não se busca ‘a foto’, apenas ‘uma foto’”, desabafa. A banalização da profissão é um fator que preocupa Kadão. “À medida que o fotógrafo foi sendo substituído, nossa profissão foi ficando sem graça”, diz. Para ele, o setor vem sofrendo
A crise do fotojornalismo Por mais de 20 anos, Kadão, 65 anos, foi editor do jornal Zero Hora. Nessas duas décadas de trabalho em um dos veículos mais importantes do País, ele afirma que o maior desafio sempre foi buscar a atenção do leitor com sua fotografia, mas também provocá-lo. Um dos desafios que ultrapassam as diferentes gerações de fotojornalistas é o de mostrar o que as pessoas não querem ver, pois, segundo ele, a realidade, por vezes, incomoda. O acúmulo de funções para o fotojornalista, desiludiu-o. Conforme ele, o fotógrafo teve que passar a preocuparse com produzir vídeos também, o que não é sua especialidade. Para ele, o fotógrafo tem que se preocupar tão somente em produzir fotografia, e não
“Quando tudo é interessante, nada é interessante” (Kadão) gradativamente novos impactos e, a seu modo, deve se atualizar sem perder a essência que fez com que muitos fotógrafos tivessem êxito em suas carreiras. “Hoje, nas redações, o que manda é a métrica dos acessos. É quase uma bolsa de valores, e eu acho isso uma chatice. A vida está lá fora, na rua”, provoca Kadão.
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O valor local Produzir uma fotografia é um dos principais desafios de muitos fotógrafos que ganham a vida no interior. Para Porthus Júnior, 43 anos, não é diferente. Desde os 13 atuando na área , Porthus afirma que sempre procurou valorizar o morador da Serra gaúcha, mostrando seus anseios e suas peculiaridades. Para que uma foto tenha um resultado positivo, Porthus afirma que, por vezes, é necessária alguma interferência na sua realização, algo impensável no passado. “O primeiro editor somos nós que estamos no local. Nós que fazemos a história”, revela o editor de fotografia do jornal Pioneiro. Sobre as mais variadas pautas, Porthus sintetiza que o fotógrafo deve pensar sempre além daquilo que lhe foi solicitado. “O objetivo é transformar uma pauta em algo admirável. Tenho que fazer a melhor foto da minha realidade”, finaliza Porthus.
PUBLICIDADE E PROPAGANDA
As boas ideias de André Lima O diretor de criação e proprietário da Agência Batuca, de Bento Gonçalves, ministrou palestra sobre criatividade para alunos e ex-alunos de Comunicação da Universidade de Caxias do Sul
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Denise Costa
uando falamos em publicidade, logo nos vem à mente criatividade, boas ideias e um olhar diferente sobre algo que podemos chamar de comum. Essas palavras fazem parte do dia a dia do publicitário. Foi por este motivo que André Lima, diretor de criação e proprietário da Batuca, uma das maiores agências de comunicação da Serra, participou da Comunica, Semana Acadêmica da Comunicação de 2017, que ocorreu de 11 a 15 de setembro. ”Não estou aqui com a proposta de ensinar ninguém, mas compartilhar o meu caminho, que ainda não chegou no final”, avisou André. Como todos os acadêmicos que buscam um futuro promissor ao entrar na universidade, André chegou à UCS como mais um aluno, porém, disposto a fazer com que seu potencial fosse reconhecido. Mas não pense que foi logo de cara que o publicitário de sucesso conquistou seu espaço nesse universo. Sua trajetória iniciou muito cedo, antes mesmo de saber que existiria uma Batuca ou que cursaria uma faculdade. Desde os 12 anos, o menino, que se autointitulava nerd, começou um curso de webdesign e, dois anos depois, iniciou sua carreira. “Iniciei a faculdade e entrei em vários empregos. Trabalhei três
meses como atendente, saí; trabalhei três meses com softwares, saí; trabalhei três meses em uma casa noturna e sai, e comecei a fazer freela”, destacou. No 4º semestre, André juntou 70 reais dele e mais 70 reais de uma colega e, juntos, fizeram um registro BR e assinaram a revista Meio&Mensagem. “Eu olhava aquela revista, que tinha as maiores agências do Brasil e falava: “Um dia a gente vai estar aqui”, diz. Cinco anos depois, estava formada a Batuca, que hoje emprega mais de 30 pessoas e atende marcas como Croasonho, Grandha, Honda, Betiolo, entre outras. E André comenta que muito desse sucesso se deve à abertura que a agência dá aos seus funcionários. “Mais de 70% dos jovens querem exercer sua criatividade no trabalho e não conseguem “, destacou. O diretor comentou que a criatividade é o ponto principal de tudo, e que tudo que há a nossa volta pode servir como inspiração. Elencou os três principais pontos para que todos possam realizar seus desejos: um bom olhar, criatividade de sobra e conexão: “estejam atentos aos sinais e acreditem nas ideias idiotas de vocês. A gente é acostumado a não errar, a não ser idiota, mas isso é muito difícil dentro da criatividade. E, principalmente, não tenham medo e nem preguiça, porque a gente não teve”, finalizou. Diretor da Batuca compartilhou seus conhecimentos com alunos de Comunicação da UCS Foto: Diretório Acadêmico de Publicidade e Propaganda da UCS/Divulgação
JORNALISMO
O cuidado ao apurar fontes
Fake-news e pós-verdade foram pautas do painel promovido pelo Diretório Acadêmico de Jornalismo, na Semana Acadêmica dos cursos de Comunicação da Universidade de Caxias do Sul Kimberly Salomão
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ntre painéis, palestras e debates, a Semana esteve repleta de trocas de conhecimento e experiências. Promovido pelo Diretório Acadêmico de Jornalismo, o painel Fake-news e pósverdade ocorreu na noite da quartafeira (14/09), e teve como convidados o jornalista Ciro Fabres, do Jornal Pioneiro e o publicitário Eduardo Seibel, do Grupo RBS. A questão norteadora que deu início ao debate foi: Qual a função do jornalismo em meio ao mundo de notícias falsas circulando na internet? A resposta dos dois profissionais foi a mesma: apenas uma checagem profunda permite
a veracidade de um fato. Segundo Fabres, a formação acadêmica acentua a relevância e a importância do caráter de certificação. O jornalista afirma que os meios tradicionais têm caráter certificador, dessa forma existe a necessidade de trabalhar com a informação, identificar se há boato ou não. Para que isso ocorra, Ciro explica que existem o desafio da qualificação, e o desafio do bom conteúdo para detectar a informação falsa. “O jornalista precisa de três atributos primordiais para garantir a credibilidade da informação: boa formação acadêmica, capacitação e qualificação profissional. Com isso, no decorrer do tempo, ele adquire experiência para conseguir se
movimentar com segurança em meio ao ambiente das fake news”, afirma. O jornalista também lamentou o tom alarmista a respeito de notícias falsas veiculadas na internet. As redes sociais acabam permitindo o imediatismo que, segundo ele, cria uma dimensão to talmente diferente da realidade da informação. Eduardo Seibel, publicitário no Grupo RBS, além de concordar com o pensamento de Fabres, afirmou que a verdade é muito complexa e que para que exista uma pós-verdade é necessário ter verdade. Mas que ela também pode ser relativa, considerando que existe a verdade de cada um. O publicitário também afirmou que as redes sociais são aliadas na apuração da informação,
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mas que a velocidade é um desafio, na medida em que a notícia publicada no jornal pode chegar ao público velha. Além disso, ele explica que a informação está virando um produto e que é necessário identificar o fato. Ele citou o Facebook como exemplo. “Pessoas ganham dinheiro colecionando cliques com informações sensacionalistas e inverídicas. Inclusive criam nomes de sites parecidos com veículos da mídia tradicional para confundir o público que não clica nos links que encontra ao navegar pelas redes sociais”, comentou. Fabres encerrou o painel dizendo que “o jornalismo é fonte e contexto, o profissional precisa questionar, pois a convicção interdita a reflexão e a análise geral do fato”.