Textando 2017/2

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LABORATÓRIO DE JORNALISMO IMPRESSO UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL SEMESTRE: 2017/2 1º EDIÇÃO MENSAL

Caxias do Sul, abril de 2017

A carne ainda é fraca Um mês após a operação da Polícia Federal ser deflagrada, toneladas de produtos impróprios para consumo são confiscadas.

Avaliação sobre setor alimentício sofre grande queda, assim como valor das ações dos maiores frigoríficos nacionais PÁGINA 3

MATERNIDADE

E MAIS

A IMPORTÂNCIA DO USO DO ÓCULOS DE SOL NO INVERNO PÁGINA 2

Mães precoces

Relatos de jovens que engravidaram ainda adolescentes dão conta de como a maternidade afeta a vida das meninas brasileiras PÁGINA 4

COMEMORAÇÃO DO DIA DO TRABALHO REÚNE MULTIDÃO NA MAESA PÁGINA 3

TEXTANDO EDITORIAL

Brasil da propina Uma das maiores crises no país não é somente ecônomica e política, é sobretudo moral. A corrupção manchou até o churrasco de domingo

Com as recentes revelações das delações premiadas na já consolidada operação Lava Jato, o país vive momentos estapafúrdios. Ao mesmo tempo em que o Congresso Nacional vota importantíssimas matérias de alto impacto na vida dos trabalhadores brasileiros - tanto a chamada “Reforma da Previdência” quanto a “Reforma Trabalhista” - os brasileiros ficaram chocados com a mega operação midiática da Polícia Federal chamada “Carne Fraca”. Como se não bastasse a tão suada previdência pública que beira o salário mínimo para mais da metade dos contribuintes escapou, agora a sagrada carne de churrasco do domingo também é manchada pela corrupção, pelo suborno e pelo “jeitinho brasileiro”.

O país vive uma severa crise econômica. Os dados mostram

decréscimo do PIB em quase 9% nos dois últimos anos, além de uma crise política sem precedentes que impediu uma presidenta eleita de exercer o mandato legítimo por razões tecnocráticas - argumentes que serão difíceis de explicar para os filhos e netos.

Porém, a crise também é moral, é de valores. Afinal, qual é a sociedade que queremos?

Quantas operações deflagradas pelo Ministério Público ou pela Polícia Federal precisamos ainda digerir publicamente para reconhecermos que os padrões éticos passam ao largo? Como uma sociedade pode se manter minimamente coerente se, na primeira oportunidade, quase todos se aproveitam das benesses do poder em benefício próprio?

Como diz a professora Doutora em Ciência Política da UCS Ramone Mincato: “o público é

privado no Brasil”. Lamentamos profundamente. Acreditamos na honestidade, na ética, na conduta correta dos servidores públicos. Acreditamos na força da política para resolver os muitos conflitos de interesses da sociedade brasileira e, principalmente, acreditamos que os políticos eleitos têm capacidade de realizar um trabalho digno, no mais alto padrão da razoabilidade. Que a “febre dos palácios” de Roberto Drummond acabe logo e que o bom senso seja a moeda de troca tanto para a elite político-econômica que atualmente vive na propinocracia com dinheiro público, quanto para os fiscais dos mais diversos setores, que sob a égide da fé pública, simplesmente apliquem a lei, o mesmo valendo para o contingente jurídico da Lava Jato.

SAÚDE

Mais que moda

Modelo criado na Alemanha no século XIII e aperfeiçoado pelos franceses no XVII, os óculos escuros são, atualmente, sinônimo de moda e saúde na sociedade contemporânea

Tiago trabalha com óptica há mais de doze anos (Foto: Adroir Silva)

LEONARDO AMARAL lsamaral@ucs.br

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técnico em óptica Tiago Silva, que trabalha há mais de 12 anos na área, explica aimportância do uso dos óculos de sol. “Ainda que no verão estejamos mais expostos à radiação, os óculos escuros são importantes em qualquer estação do ano. Não é porque no inverno existe pouca intensida-

de de sol que você não vai estar exposto a ele”, explica.

Caso não haja cuidado especial, o frio pode ser responsável por uma série de danos à saúde. “A neve, por exemplo, potencializa os reflexos dos raios solares.

Pessoas que se expõem ao sol em períodos de nevascas, ou até mesmo de frio intenso, podem sentir forte dor ocular, bem como ter edema palpebral e lacrimejamento”, explica o técnico.

Além disso, Tiago ressalta o quão importante é adquirir óculos em uma óptica de confiança. “Um óculos de sol de má qualidade pode causar sérios problemas à visão. As principais doenças oculares decorrentes disso são catarata, pterígio e uma das mais temidas, a degeneração macular”, informa. Segundo o Instituto Panamericano da Visão, o pterígio não leva à perda da visão, mas é uma formação carnosa que avança sobre a córnea. Já a degeneração macular afeta a visão da parte central do campo visual, o que prejudica, por exemplo, a leitura.

A discrepância no valor entre um óculos de boa qualidade e um falsificado chama atenção.

Tiago, no entanto, conta que “hoje em dia, é possível encontrar óculos de qualidade com preços interessantes, que variam entre R$180 e R$600. Isso depende de quanto a pessoa pode gastar”.

Por fim, ele faz uma análise.

“Pelo que percebo na loja onde trabalho, pessoas de 20 anos de idade já se preocupam com a qualidade de um óculos. Hoje, ele deixou de ser acessório e passou a fazer parte da nossa saúde ocular”, complementa.

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EXPEDIENTE

REITOR Dr. Evaldo Antonio Kuiava

DIRETORA DO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS Dra. Maria Carolina Gullo COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO Me. Marcell Bochese PROFESSORA RESPONSÁVEL Dra. Marlene Branca Sólio LABORATÓRIO DE JORNALISMO IMPRESSO TURMA 2017/2 Adroir da Silva Alessandro Manzoni André Sebben Ramos Daniela Aline Basso Danielle Zattera Frizzo Diélen Fontana Felipe Souza Brambatti Jerônimo Diogo Portolan Filho Jorge Rafael Teixeira Soares Juliana Baú Morás Leonardo da Silva do Amaral Marina Lima Nunes Milene Rostirolla Naira Rosana Albuquerque Pedro Henrique dos Santos Renata Chies Paschoali Tiago Fernando Guerra

Universidade de Caxias do Sul Rua Francisco Getúlio Vargas, 1130 CEP 0- 95070- 560 - Caxias do Sul www.ucs.br (54)32182100

CAXIAS

Consulta online ajuda a decidir local da próxima edição da Feira do Livro Voto popular decidiu pelo retorno do evento à praça Dante Alighieri em 2017. Ao todo, foram mais de cinco mil participações

Data do evento ainda não está confirmada (Foto: Fernando Frazão / Fotos Públicas) Daniel Guerra (PRB) tomou posse como prefeito municipal de Caxias do Sul no início de janeiro e, desde então, tem implementado uma nova gestão com a escalação de de secretários e cargos de confiança. Uma das principais apostas do novo governo é a interatividade nas redes sociais.

Em março, a Fan Page oficial da prefeitura inovou ao realizar uma enquete questionando os internautas sobre qual era o seu lugar favorito para a realização da próxima edição da Feira do Livro de Caxias do Sul, em 2017. A Fan Page in-

formou que o voto da maioria dos internautas equivaleria a 1 voto que seria somado ao do parecer do Conselho de Turismo e da Secretaria de Turismo. Com mais de cinco mil participações, a maioria optou pelo retorno da Feira do Livro para a Praça Dante Alighieri, no centro.

A feira também vai contar com atividades em outros pontos como a Casa da Cultura Percy Vargas de Abreu e Lima, a Galeria Gerd Bornheim, Teatro Pedro Parenti, Biblioteca Pública Municipal, a Biblioteca Parque e Museu Municipal.

TEXTANDO ECONOMIA

A carne ainda é fraca Apreensão de 20 toneladas impróprias para consumo em Bento Gonçalves reacendeu discussões sobre a qualidade do produto no Brasil. Grandes frigoríficos brasileiros alvos da Polícia Federal perderam bilhões em valor de mercado desde março

Insatisfação do brasileiro com setor alimentício aumentou 19,9% (Foto: Dênio Simões / Fotos Públicas) PEDRO SANTOS

phsantos@ucs.br

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á cerca de um mês, a Polícia Federal revelou o envolvimento de grandes frigoríficos e do Ministério da Agricultura num esquema de propina para liberação de produtos sem a fiscalização adequada há cerca de um mês. A Operação Carne Fraca abalou as estruturas do setor

alimentício do País, conhecido como o maior exportador de carne bovina do mundo. As irregularidades encontradas iam desde químicos até restos de papelão misturados ao produto.

Segundo o delegado da PF Maurício Moscardi Grillo, os procedimentos irregulares pretendiam aumentar o peso e mascarar o vencimento das carnes. Em apenas um mês, 119 pessoas e 50 companhias foram investiga-

das, desde transportadoras até gigantes da indústria alimentícia, como a JBS e a BRF. Nas últimas semanas, a preocupação com a situação da carne chegou até o Rio Grande do Sul, que não foi alvo inicial da operação.

Em Bento Gonçalves, uma força-tarefa do Ministério Público apreendeu 20 toneladas de carne considerada imprópria para consumo no dia 19 de abril. Segundo o MP, foram recolhidos pro-

dutos vencidos, sem indicação de procedência e fora da temperatura adequada – um terço dos alimentos estava podre. Na semana anterior, a Polícia Civil já havia confiscado mais de cinco toneladas de carne imprópria de um açougue em Porto Alegre.

A situação gaúcha devolveu aos holofotes a discussão sobre a qualidade do produto no País.

Segundo o Índice Nacional de Satisfação dos Consumidores (INSC), a avaliação do brasileiro sobre o setor alimentício caiu 19,9%, a maior queda já verificada no período. A insatisfação também se estende aos países importadores de carne brasileira: 15 suspenderam totalmente as compras e 40 têm restrições parciais, entre eles EUA, China, Reino Unido e União Europeia.

Apesar disso, o faturamento das exportações cresceu cerca de 22% no último mês, conforme dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). O presidente da Abiec, Antônio Camardelli, acredita que os números demonstram o potencial do Brasil como exportador de carne, ao manter a média de vendas. Em comparação a março do ano passado, entretanto, o faturamento caiu 3%.

Para os frigoríficos, as con-

sequências foram piores. A BRF, dona da Sadia e da Perdigão, perdeu 1,25% do seu valor; já a JBF, dona da Friboi e da Seara, apresentou queda de 14,93% no preço de suas ações. Juntas, as empresas somam mais de 380 mil funcionários - e acumularam uma perda conjunta de R$ 5,27 bilhões em valor de mercado desde a deflagração da Operação Carne Fraca, conforme levantamento da consultoria Economatica.

Além dos grandes da economia, a Polícia Federal incomodou também a alta cúpula da política: o presidente Michel Temer teve seu nome citado em um grampo da operação. O telefonema entre o fiscal agropecuário Renato Menon e o funcionário da Seara Flávio Cassou levanta suspeitas sobre a influência de Temer na escolha de Daniel Gonçalves Filho para chefiar o Ministério da Agricultura no Paraná.

Gonçalves Filho foi apontado pela Operação Carne Fraca como o “líder” do esquema de propina vigente no estado paranaense, responsável por 25% do PIB agropecuário nacional. Segundo a PF, há indícios de que o dinheiro era repartido com dois partidos: PP e PMDB. A impressão é que, entre os políticos brasileiros, a carne é mais fraca do que nos frigoríficos.

CAXIAS DO SUL

Feira sob críticas Prefeitura realiza evento para reunir ambulantes caxienses, o que deve ocorrer mensalmente. Cadastrados criticam falta de organização ANDRÉ SEBBEN

asramos@ucs.br

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A 1ª edição da Feira Sem Fronteiras ocorreu no dia 7 de maio, na Praça das Feiras, em Caxias do Sul. Com o objetivo de reunir vendedores ambulantes mensalmente, a Feira Sem Fronteiras foi uma proposta da prefeitura de Caxias do Sul. Entretanto, a maioria dos cadastrados são artesãos, artistas e associações de bairro.

Em reunião realizada no dia 25 de abril, na Biblioteca Parque Largo da Estação, no bairro São Pelegrino, muitos dos feirantes reclamaram. Os mais de 100 cadastrados tiveram uma palestra de capacitação pelo SEBRAE. Depois de relativa demora, retiraram seus crachás

escritos à mão pelos organizadores, depois de uma certa demora e confusão na entrega, com filas grandes, com listas de chamada bagunçadas e grande desinformação por parte dos próprios integrantes do governo municipal.

As principais críticas são quanto ao despreparo dos organizadores, em especial, dos secretários envolvidos, bem como em relação à falta de estudo da equipe responsável pelo evento. “A gente percebe que são pessoas sem experiência. Tudo bem que vão ter que aprender fazendo, mas falta muito ainda”, sinaliza Marlene Panazzolo, vice-presidente do Clube de Mães de Caxias do Sul. “O ideal era que eles [da administração] fossem ver de perto como funcionam as feiras que já estão acontecendo

na cidade desde sempre, e eles não fizeram isso”, reclama. A presidente do Clube de Mães, Roseli Trevizan, resume a sensação após a reunião realizada pela equipe da prefeitura: “Eles estão perdidos!”.

A secretária de governo Vania Espeiorin defendeu a reunião e garantiu que a organização da feira será um sucesso.

“Teremos banheiros químicos, sinalização adequada na via e também um grande público”, salienta. Para Vania, por se tratar da primeira reunião de chamamento e cadastramento de feirantes, é normal que haja problemas para serem resolvidos. “Os feirantes querem ter todas as informações possíveis de seus estandes, mapa de distribuição do local, isso é normal, porque é o negócio deles”, concluiu.

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MAESA Atividades culturais marcam comemorações pelo Dia do Trabalho Evento da prefeitura contou com a presença de mais de 600 pessoas, que puderam ver dançarinos dos mais variados estilos Para comemorar o Dia do Trabalhador, a Prefeitura de Caxias do Sul realizou no dia 1º maio atividades culturais na antiga sede da Metalúrgica Abramo Eberle S/A (MAESA), propriedade doado pelo governo estadual ao munícipio em 2016. Cerca de 600 pessoas prestigiaram o evento que contou com a presença do prefeito Daniel Guerra (PRB), da secretária da Cultura Adriana Antunes e de assessores do gabinete. As atrações ficaram por conta da Companhia Municipal de Dança, como também de outros grupos de dança caxiense. O repertório musical empolgou o

Dançarinos caxienses empolgaram as comemorações (Foto: Divulgação) público, que viu apresentações com música contemporânea, de salão, hip hop, clássica e jazz.

A Secretaria da Agricultura também distribuiu cerca de 300 mudas de plantas cultivadas no Horto Municipal para os presentes.

TEXTANDO MATERNIDADE

A vida das mães precoces A gravidez precoce não afeta somente a mãe adolescente e o pai inexperiente, mas todos ao redor desse círculo de problemas e aflições. Relatos de mães adolescentes contam essa trajetória de confusão, angústia, mas principalmente, de amor

A maternidade entre adolescentes preocupa pais e autoridades; mais do que isso, muda totalmente a trajetória dessas meninas num período frágil da vida (Foto: Reprodução / Internet)

TIAGO GUERRA

tfguerra@ucs,br

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e acordo com dados de 2011 do Ministério da Saúde, desde 1970 vêm aumentado os casos de gravidez na adolescência e diminuído a idade das adolescentes grávidas no mundo, conforme dados do Ministério da Saúde, 2011. A gravidez ocorre geralmente entre a primeira e a quinta relação sendo o parto normal a principal causa de internação de brasileiras entre 10 e 14 anos. As principais causas da gravidez são: o desconhecimento de métodos anticoncepcionais, a educação dada a adolescente faz com que ela não queira assumir que tem uma vida sexual ativa e por isso não usa métodos ou usa outros de baixa eficiência porque esses não deixam rastros.

Conforme dados da Organização Pan-americana da Saúde – OPS, 18% das adolescentes de 15 a 19 anos já haviam ficado grávidas alguma vez, 1 em 10 mulheres de 15 a 19 anos já tinham 2 filhos e 49,1% destes filhos foram indesejados.

O CASO DE PRISCILA COSTA Moradora de Bento Gonçalves, largou os estudos aos 14 anos, para se tornar algo que nunca imaginaria, pelo menos não tão cedo: ser mãe. Contava apenas 11 anos quando teve seu primeiro namoradinho, e aos 13, experimentou bebidas alcoólicas e se tornou fumante.

Porém aos 14 anos, conheceu um rapaz muito diferente, que a fez esquecer essa vida de re-

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NÃO POSSO IMAGINAR COISA MELHOR DO QUE PASSAR MEU TEMPO COM MEU FILHO

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jbmoras@ucs.br

Priscilla, mãe aos 14 anos beldia. Não bebia, nem fumava, nem saía de casa com tanta frequência. Tornando-se alguém caseira, tranquila. A mudança era visível.

Com 5 meses de namoro, depois de um mês de atraso menstrual, veio a confirmação: um teste de gravidez positivo.

Felippe nasceu no dia 10 de

fevereiro de 2013, de cesárea.

Priscilla, é apaixonada pela função de ser mãe. Se redescobriu de mil e uma formas e foi invadida por sentimentos que jamais pensou serem possíveis.

Aprendeu a dar banho, trocar fraldas, fazer dormir, controlar choro. “E não posso imaginar coisa melhor do que passar meu tempo com aquele pequeno pedaço de mim, meu filho”, relata.

NEM TUDO É PERFEITO A gravidez na adolescência, e ainda mais quando é indesejada como a maioria dos casos, é mal vista pela sociedade, pelos amigos e familiares. Diferente de Priscilla que teve todo o apoio dos familiares, apesar das fofocas intermináveis, Carla que hoje tem 20 anos, moradora de Veranópolis, conta como foi a sua adolescência, onde teve que aprender a crescer na marra e cuidar de duas pessoas: dela e de sua filha, que chegou quando tinha apenas 15 anos.

“Meu namorado sumiu no mundo e meu pai ficou sem falar comigo. Amamentei minha filha no intervalo do colégio, mas com as dificuldades financeiras e emocionais, larguei a escola. Meus amigos

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me abandonaram”, relata Carla.

A mãe e as duas irmãs de Carla, deram muito apoio naquela fase difícil. Porém, como era o seu pai que sustentava financeiramente a casa, a situação ficou muito complicada. Logo após o nascimento de Fernanda, ela arranjou um emprego em uma clínica odontológica, onde permanece até hoje.

Apesar de amar sua filha, mais do que tudo e todos, Carla tem um grande ressentimento com

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NÃO ME ARREPENDO DE TER A FERNANDA, MAS SE PUDESSE NÃO SERIA MÃE TÃO JOVEM

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JULIANA MORÁS

Carla, mãe aos 15 anos seu pai, e também com o pai de Fernanda. “Parece que a figura paterna na minha família vai continuar me afetando por muito tempo. Gostaria que o pai da Fernanda fosse presente”, conta Carla.

A responsabilidade de cuidar de uma criança sozinha é extremamente imensa, porém o amor

que ela traz, é igualmente proporcional. A gravidez precoce de Carla, revelou, e ainda revela que a vida não é nada fácil.

“Não me arrependo de ter ela, mas se pudesse não seria mãe tão jovem”, conta.

O OUTRO LADO DA MOEDA A gravidez é uma experiência única, repleta de sentimentos e emoções. Gestar é mais do que possibilitar o crescimento e o desenvolvimento fetal; envolve uma adaptação biológica, corporal e também psíquica. É um momento de reconfiguração de relações e reordenamento do espaço psicológico interno da mulher.

Se a gravidez precoce é vista como um tabu pela sociedade, a gravidez em idade avançada, é uma dádiva para os envolvidos.

As relações familiares, com a gravidez independentemente da idade, são situações complicadas, onde cada caso é diferente. Algumas são agraciadas após muito tempo de tentativas, outras sortudas por terem conseguido seus pequenos milagres ainda no primeiro ciclo de tentativas, mas todas enfrentam esse período transformador com todas suas alegrias e dificuldades.