Jornal Textando Dezembro/2012 - No 7 - Jornal-Laboratório da UCS - Universidade de Caxias do Sul
Como se preparar para uma nova vida, a de aposentado Página 3
Livros com muitas lições de vidas Página 7
A realidade do lucro que vem do lixo
Grades que separam
Página 10 e 11
pais e filhos
Os bastidores dos bailões de Caxias
Nos finais de semana permitidos, dois por mês, 580 crianças de 0 a 12 anos visitam os pais na Penitenciária Industrial de Caxias do Sul Páginas 8 e 9
Quatro rodinhas e uma paixão: o skate
Página 12
Páginas 14 e 15
opinião
2
Um jornal feito por focas N
a edição de número sete do Textando você vai encontrar, mais uma vez, reportagens que abordam assuntos ligados à comunidade de Caxias do Sul e que englobam várias áreas sociais. Na página 3, o tema é a aposentadoria. Fato que pode, se não for planejado, passar de uma fase proveitosa da vida para um período problemático. É discutido também o dilema dos comerciantes instalados às margens do desvio do pedágio, que fica entre Farroupilha e Caxias do Sul, e que tem previsão de ser desativado no primeiro semestre de 2013.
Nas páginas 8 e 9 o assunto é a segurança. A reportagem especial
Artigo
NOTÍCIAS DA MINHA ALDEIA
POR ADRIANA ANTUNES
Expediente
Outro assunto desta edição é a reciclagem de lixo. O destaque é para o volume de material reciclável, que aumentou mais de 170% nos últimos sete anos. Vale destacar que o setor gera, em Caxias, emprego e renda para mais de 1,4 mil pessoas. Nas últimas páginas o enfoque é na cultura, no esporte e na astronomia. No campo cultural, abordamos os bailes, que são espaço de diversão para quem mora na cidade. Já no esporte tem novidades no skate e na escalada. Na astronomia o assunto é curioso: conheça mais sobre o fenômeno “o segundo sol”. Se fôssemos você, já teríamos virado a página! Boa leitura.
FOTO: MAIQUEL SCHIMIDT
Ainda ganha destaque nesta edição a área da educação. Você vai conhecer mais sobre uma escola que atende crianças com necessidades especiais e outros menores que escrevem livros que ajudam a salvar vidas.
do Textando expõe um drama vivenciado por crianças filhas de pais que cumprem pena na Penitenciária Industrial de Caxias do Sul. Elas são sentenciadas a viver separadas do convívio e da troca de carinho proporcionada entre pais e filhos.
Desde que o homem se conhece como tal gosta de contar e ouvir histórias. As formas de relatar os casos, no entanto, vem passando por transformações ao longo de milênios. Se há algum tempo nossos antepassados se reuniam em torno de uma fogueira para compartilhar fatos ocorridos na aldeia, hoje nos reunimos em torno de jornais impressos, notebook, tablet, smartphone e outros, para saber o que se passa no mundo. As proporções mudaram, aliás, se agigantaram, mas o processo continua praticamente o mesmo. No entanto, quando mudamos de lado e pensamos, enquanto jornalistas, em como fazer comunicação para esses novos leitores, descobrimos que talvez o maior impacto acontecido tenha, justamente, afetado o processo do fazer jornalistico. E nesse ínterim, o jornal impresso acabou sendo o mais atingido. E são dois fatores que contribuem para esse susto, (sim, porque ainda estamos no meio do pro-
cesso e não sabemos aonde isso irá parar): primeiro, é o acesso imediato às informações que a internet propicia; segundo, o consumo de papel aliada a ideia de preservação e cuidados com o meio ambiente, começa a ficar cada vez mais próxima. Mas será que por causa desses aspectos estaríamos nos tornando reféns da mídia digital? A antropóloga e professora da ECA-USP Esther Hamburger, lembrou durante um encontro em São Paulo, recentemente, que a passagem do cinema para a televisão também provocou incertezas no universo da comunicação e que esses momentos de instabilidade são normais. Além disso, o impresso continua tendo uma receita maior do que o online (e ainda vai levar algum tempo para mudar), e quem afirma isso é a Folha de São Paulo. Outro aspecto que as mídias digitais estão alterando, e de forma significativa, são as narrativas de linguagem
visual do jornalismo, há um destaque para a importância das fotografias, a infografia e estrutura de apresentação do corpo do texto. Isso é positivo, pois deixa o leitor “respirar” diante de tanta informação. Além disso, o velho jargão jornalístico do “furo” parece ficar cada vez mais restrito aos veículos tradicionais, pois nesse oceano de informações que a internet nos oferece, fica cada vez mais difícil detectar quem deu a notícia em primeira mão. Enfim, o jornal impresso pode ser definido como uma síntese do que aconteceu nas últimas 24h, e por isso, tem obrigação de trazer mais interpretações sobre o fato. Agora, independente do suporte, o que realmente fará a diferença é a prática do jornalismo, pois a cada vez que uma pessoa acessa uma informação, no impresso ou no online, realiza o ato simbólico de sentar diante de uma fogueira e ouvir falar de sua aldeia, seja ela aqui ou no mundo.
textando
Textando é um produto da disciplina de Laboratório de Jornalismo Impresso - 2o semestre de 2012
Reportagem Bárbara Demetrio, Caroline Dall’Agnol, Cristiano Machado Daros, Dimas Vinícius Ragazzon Dal Rosso, Franciele da Silva Duarte, Isadora Birck Guerra, Jéssica de Souza Monteiro, Júlio César Vieira de Souza, Micaela Lüdke Rossetti, Pedro Henrique Zanrosso, Robin Siteneski e Suélen Cristina Bastian Projeto gráfico Micaela Lüdke Rossetti e Robin Siteneski Foto de Capa: Caroline Dall’Agnol
3
Bem-estar acima de tudo Preparação para a aposentadoria e para a chegada da terceira idade pode ser fundamental para alcançar ou manter a qualidade de vida POR ISADORA GUERRA
D
epois de longos anos de contribuição com o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), um dos desejos da massa da população brasileira é conquistar uma aposentadoria digna. Porém, algumas pessoas não se planejam, param de trabalhar da noite para o dia e, muitas vezes, não conseguem se acostumar com a nova rotina. Para Luciana Mancio Balico, psicóloga especialista em terapia cognitivo-comportamental, a população deve se preparar para a aposentadoria desde o primeiro dia de trabalho. “Tem que pensar que tipo e estilo de vida vai querer ter e com que idade. Também deve planejar como chegará lá. Infelizmente, poucos pensam nisso e uma proporção menor ainda implementa um plano de ação”, resume Luciana. Para conscientizar seus colaboradores, algumas empresas até fazem uma preparação para o afastamento do trabalho (PPAT). Geralmente, essa ação começa nos últimos meses de colaboração do funcionário e inclui o setor de Recursos Humanos.
No entanto, a aposentadoria ainda não faz parte dos planos da maioria dos trabalhadores. Conforme a psicóloga, as pessoas que não se antecipam - e que também não recebem acompanhamento de PPAT - são mais propensas a estranhar a nova situação. “Outro ponto importante são os pensamentos que invadem a cabeça dos aposentados, relacionados a ser produtivo, útil e valorizado. Eles geram sentimentos que, por sua vez, geram comportamentos e reações, como tristeza”, lembra. Uma aposentadoria tranquila, de acordo com Luciana, ocorre quando a pessoa encontra atividades que lhe dão prazer. O importante é manter corpo e mente saudáveis, com a ajuda de caminhadas, natação, hidroginástica, alimentação adequada e leituras. “Voltar a estudar na Universidade da Terceira Idade (UNTI), por exemplo, permite experienciar tarefas e atividades, além de oportunizar outras atividades para ver o que gosta ou não de fazer”, indica Luciana.
Saiba mais
- A aposentadoria por tempo de contribuição pode ser integral ou proporcional. Para ter direito à aposentadoria integral, o trabalhador homem deve comprovar pelo menos 35 anos de contribuição e a trabalhadora mulher, 30 anos. - Para requerer a aposentadoria proporcional, o trabalhador tem que combinar dois requisitos: tempo de contribuição e idade mínima. - Os homens podem requerer aposentadoria proporcional aos 53 anos de idade e 30 anos de contribuição, mais um adicional de 40% sobre o tempo que faltava em 16 de dezembro de 1998 para completar 30 anos de contribuição. - Já as mulheres têm direito à pro-
Universidade de Caxias do Sul Reitor: Isidoro Zorzi Vice-reitor: José Carlos Köche Pró-reitor acadêmico: Evaldo Antonio Kuiava Diretora do Centro de Ciências da Comunicação: Marliva Vanti Gonçalves Coordenador do Curso de Jornalismo: Álvaro Benevenuto Júnior Professor: Marcelo Miranda
saúde
porcional aos 48 anos de idade e 25 de contribuição, mais um adicional de 40% sobre o tempo que faltava em 16 de dezembro de 1998 para completar 25 anos de contribuição. - Para ter direito à aposentadoria integral ou proporcional, é necessário também o cumprimento do período de carência, que corresponde ao número mínimo de contribuições mensais indispensáveis para que o segurado faça jus ao benefício. - Os inscritos a partir de 25 de julho de 1991 devem ter, pelo menos, 180 contribuições mensais. - Os filiados antes dessa data têm de seguir uma tabela progressiva, disponível no site www.previdencia.gov.br.
FOTOS: ISADORA GUERRA
textando
Ivonete começou a fazer tricô depois que parou de trabalhar fora
Saudade da escola
Ivonete Maria de Lima, 57 anos, recebeu a aposentadoria em 10 de março de 2011. Licenciada em Pedagogia, professora de educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental, trabalhou 35 anos no município e um com educação para jovens e adultos. Longe da escola, a aposentada sente muita falta do convívio com os colegas, pais e alunos. “Tenho saudade de ouvi-los, auxiliá-los nos problemas pessoais ou de educação, além de festejar com as conquistas obtidas, de construir projetos e executá-los”, conta. Para suprir essa necessidade, Ivonete procura ligar ou ir à escola conversar com as crianças, além de praticar atividades que gosta e que pode fazer
para não entrar na rotina e nem cair na depressão. Suas paixões são o crochê e o tricô, assim como as palavras cruzadas. “Também acesso bastante a Internet e assisto filmes com os meus netos. Posso ficar acordada até tarde e levantar a hora que eu quiser”, diz. Desde março de 2012 Ivonete participa do Clube de Mães do bairro Serrano, local onde ensina e faz crochê com as amigas. Apesar de sentir saudades da época em que trabalhava com os pequenos, a professora aposentada leva a vida numa boa. “Têm os pontos negativos e os positivos: agora estou presente no crescimento dos meus netos, mas fazer apenas as atividades de casa acaba ficando monótono”, avalia Ivonete.
opinião
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Um jornal feito por focas N
a edição de número sete do Textando você vai encontrar, mais uma vez, reportagens que abordam assuntos ligados à comunidade de Caxias do Sul e que englobam várias áreas sociais. Na página 3, o tema é a aposentadoria. Fato que pode, se não for planejado, passar de uma fase proveitosa da vida para um período problemático. É discutido também o dilema dos comerciantes instalados às margens do desvio do pedágio, que fica entre Farroupilha e Caxias do Sul, e que tem previsão de ser desativado no primeiro semestre de 2013.
Nas páginas 8 e 9 o assunto é a segurança. A reportagem especial
Artigo
NOTÍCIAS DA MINHA ALDEIA
POR ADRIANA ANTUNES
Expediente
Outro assunto desta edição é a reciclagem de lixo. O destaque é para o volume de material reciclável, que aumentou mais de 170% nos últimos sete anos. Vale destacar que o setor gera, em Caxias, emprego e renda para mais de 1,4 mil pessoas. Nas últimas páginas o enfoque é na cultura, no esporte e na astronomia. No campo cultural, abordamos os bailes, que são espaço de diversão para quem mora na cidade. Já no esporte tem novidades no skate e na escalada. Na astronomia o assunto é curioso: conheça mais sobre o fenômeno “o segundo sol”. Se fôssemos você, já teríamos virado a página! Boa leitura.
FOTO: MAIQUEL SCHIMIDT
Ainda ganha destaque nesta edição a área da educação. Você vai conhecer mais sobre uma escola que atende crianças com necessidades especiais e outros menores que escrevem livros que ajudam a salvar vidas.
do Textando expõe um drama vivenciado por crianças filhas de pais que cumprem pena na Penitenciária Industrial de Caxias do Sul. Elas são sentenciadas a viver separadas do convívio e da troca de carinho proporcionada entre pais e filhos.
Desde que o homem se conhece como tal gosta de contar e ouvir histórias. As formas de relatar os casos, no entanto, vem passando por transformações ao longo de milênios. Se há algum tempo nossos antepassados se reuniam em torno de uma fogueira para compartilhar fatos ocorridos na aldeia, hoje nos reunimos em torno de jornais impressos, notebook, tablet, smartphone e outros, para saber o que se passa no mundo. As proporções mudaram, aliás, se agigantaram, mas o processo continua praticamente o mesmo. No entanto, quando mudamos de lado e pensamos, enquanto jornalistas, em como fazer comunicação para esses novos leitores, descobrimos que talvez o maior impacto acontecido tenha, justamente, afetado o processo do fazer jornalistico. E nesse ínterim, o jornal impresso acabou sendo o mais atingido. E são dois fatores que contribuem para esse susto, (sim, porque ainda estamos no meio do pro-
cesso e não sabemos aonde isso irá parar): primeiro, é o acesso imediato às informações que a internet propicia; segundo, o consumo de papel aliada a ideia de preservação e cuidados com o meio ambiente, começa a ficar cada vez mais próxima. Mas será que por causa desses aspectos estaríamos nos tornando reféns da mídia digital? A antropóloga e professora da ECA-USP Esther Hamburger, lembrou durante um encontro em São Paulo, recentemente, que a passagem do cinema para a televisão também provocou incertezas no universo da comunicação e que esses momentos de instabilidade são normais. Além disso, o impresso continua tendo uma receita maior do que o online (e ainda vai levar algum tempo para mudar), e quem afirma isso é a Folha de São Paulo. Outro aspecto que as mídias digitais estão alterando, e de forma significativa, são as narrativas de linguagem
visual do jornalismo, há um destaque para a importância das fotografias, a infografia e estrutura de apresentação do corpo do texto. Isso é positivo, pois deixa o leitor “respirar” diante de tanta informação. Além disso, o velho jargão jornalístico do “furo” parece ficar cada vez mais restrito aos veículos tradicionais, pois nesse oceano de informações que a internet nos oferece, fica cada vez mais difícil detectar quem deu a notícia em primeira mão. Enfim, o jornal impresso pode ser definido como uma síntese do que aconteceu nas últimas 24h, e por isso, tem obrigação de trazer mais interpretações sobre o fato. Agora, independente do suporte, o que realmente fará a diferença é a prática do jornalismo, pois a cada vez que uma pessoa acessa uma informação, no impresso ou no online, realiza o ato simbólico de sentar diante de uma fogueira e ouvir falar de sua aldeia, seja ela aqui ou no mundo.
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Textando é um produto da disciplina de Laboratório de Jornalismo Impresso - 2o semestre de 2012
Reportagem Bárbara Demetrio, Caroline Dall’Agnol, Cristiano Machado Daros, Dimas Vinícius Ragazzon Dal Rosso, Franciele da Silva Duarte, Isadora Birck Guerra, Jéssica de Souza Monteiro, Júlio César Vieira de Souza, Micaela Lüdke Rossetti, Pedro Henrique Zanrosso, Robin Siteneski e Suélen Cristina Bastian Projeto gráfico Micaela Lüdke Rossetti e Robin Siteneski Foto de Capa: Caroline Dall’Agnol
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Bem-estar acima de tudo Preparação para a aposentadoria e para a chegada da terceira idade pode ser fundamental para alcançar ou manter a qualidade de vida POR ISADORA GUERRA
D
epois de longos anos de contribuição com o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), um dos desejos da massa da população brasileira é conquistar uma aposentadoria digna. Porém, algumas pessoas não se planejam, param de trabalhar da noite para o dia e, muitas vezes, não conseguem se acostumar com a nova rotina. Para Luciana Mancio Balico, psicóloga especialista em terapia cognitivo-comportamental, a população deve se preparar para a aposentadoria desde o primeiro dia de trabalho. “Tem que pensar que tipo e estilo de vida vai querer ter e com que idade. Também deve planejar como chegará lá. Infelizmente, poucos pensam nisso e uma proporção menor ainda implementa um plano de ação”, resume Luciana. Para conscientizar seus colaboradores, algumas empresas até fazem uma preparação para o afastamento do trabalho (PPAT). Geralmente, essa ação começa nos últimos meses de colaboração do funcionário e inclui o setor de Recursos Humanos.
No entanto, a aposentadoria ainda não faz parte dos planos da maioria dos trabalhadores. Conforme a psicóloga, as pessoas que não se antecipam - e que também não recebem acompanhamento de PPAT - são mais propensas a estranhar a nova situação. “Outro ponto importante são os pensamentos que invadem a cabeça dos aposentados, relacionados a ser produtivo, útil e valorizado. Eles geram sentimentos que, por sua vez, geram comportamentos e reações, como tristeza”, lembra. Uma aposentadoria tranquila, de acordo com Luciana, ocorre quando a pessoa encontra atividades que lhe dão prazer. O importante é manter corpo e mente saudáveis, com a ajuda de caminhadas, natação, hidroginástica, alimentação adequada e leituras. “Voltar a estudar na Universidade da Terceira Idade (UNTI), por exemplo, permite experienciar tarefas e atividades, além de oportunizar outras atividades para ver o que gosta ou não de fazer”, indica Luciana.
Saiba mais
- A aposentadoria por tempo de contribuição pode ser integral ou proporcional. Para ter direito à aposentadoria integral, o trabalhador homem deve comprovar pelo menos 35 anos de contribuição e a trabalhadora mulher, 30 anos. - Para requerer a aposentadoria proporcional, o trabalhador tem que combinar dois requisitos: tempo de contribuição e idade mínima. - Os homens podem requerer aposentadoria proporcional aos 53 anos de idade e 30 anos de contribuição, mais um adicional de 40% sobre o tempo que faltava em 16 de dezembro de 1998 para completar 30 anos de contribuição. - Já as mulheres têm direito à pro-
Universidade de Caxias do Sul Reitor: Isidoro Zorzi Vice-reitor: José Carlos Köche Pró-reitor acadêmico: Evaldo Antonio Kuiava Diretora do Centro de Ciências da Comunicação: Marliva Vanti Gonçalves Coordenador do Curso de Jornalismo: Álvaro Benevenuto Júnior Professor: Marcelo Miranda
saúde
porcional aos 48 anos de idade e 25 de contribuição, mais um adicional de 40% sobre o tempo que faltava em 16 de dezembro de 1998 para completar 25 anos de contribuição. - Para ter direito à aposentadoria integral ou proporcional, é necessário também o cumprimento do período de carência, que corresponde ao número mínimo de contribuições mensais indispensáveis para que o segurado faça jus ao benefício. - Os inscritos a partir de 25 de julho de 1991 devem ter, pelo menos, 180 contribuições mensais. - Os filiados antes dessa data têm de seguir uma tabela progressiva, disponível no site www.previdencia.gov.br.
FOTOS: ISADORA GUERRA
textando
Ivonete começou a fazer tricô depois que parou de trabalhar fora
Saudade da escola
Ivonete Maria de Lima, 57 anos, recebeu a aposentadoria em 10 de março de 2011. Licenciada em Pedagogia, professora de educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental, trabalhou 35 anos no município e um com educação para jovens e adultos. Longe da escola, a aposentada sente muita falta do convívio com os colegas, pais e alunos. “Tenho saudade de ouvi-los, auxiliá-los nos problemas pessoais ou de educação, além de festejar com as conquistas obtidas, de construir projetos e executá-los”, conta. Para suprir essa necessidade, Ivonete procura ligar ou ir à escola conversar com as crianças, além de praticar atividades que gosta e que pode fazer
para não entrar na rotina e nem cair na depressão. Suas paixões são o crochê e o tricô, assim como as palavras cruzadas. “Também acesso bastante a Internet e assisto filmes com os meus netos. Posso ficar acordada até tarde e levantar a hora que eu quiser”, diz. Desde março de 2012 Ivonete participa do Clube de Mães do bairro Serrano, local onde ensina e faz crochê com as amigas. Apesar de sentir saudades da época em que trabalhava com os pequenos, a professora aposentada leva a vida numa boa. “Têm os pontos negativos e os positivos: agora estou presente no crescimento dos meus netos, mas fazer apenas as atividades de casa acaba ficando monótono”, avalia Ivonete.
TRÂNSITO
5
4
Desvio após fim do pedágio
Buracos A situação dos buracos na rota do desvio é uma questão que preocupa os moradores do local. Na Forqueta, as queixas são constantes, mas até hoje não passaram disso. Nada foi resolvido e nada está previsto. De acordo com a Subprefeitura de Forqueta, existem projetos para o melhoramento das estradas do bairro, mas nenhum, até o momento, foi aprovado.
A estrada alternativa poderá sofrer mudanças com a desativação da cobrança na RS-122, acreditam os comerciantes e moradores do local POR FRANCIELE DUARTE
O
FOTO: FRANCIELE DUARTE
fechamento do pedágio de Farroupilha, anunciado em 28 de junho deste ano pelo governador Tarso Genro, deixou os motoristas e os moradores do bairro Forqueta e da Linha Julieta contentes com a notícia. Já os comerciantes lamentam. Os donos de bancas e de estabelecimentos, que se localizam às margens do desvio, acreditam que o movimento do local vai cair e temem “o pior”: o fechamento de seus empreendimentos. Por conta disso, estão buscando alternativas para garantir o sustento futuro.
Insegurança
Para Hildemar Vargas da Silva, outro comerciante que mora e trabalha no desvio, que também aguarda uma decisão da Convias, acredita que o fim do pedágio será o fim do desvio. “Tenho certeza que o final do pedágio será o fim do movimento na Linha Julieta. Por isso, já comecei a procurar outro lugar para instalar o meu comércio”. No dia 14 de janeiro de 2004, o prefeito de Farroupilha, na época Bolívar Pasqual (PMDB), autorizou a pavimentação do desvio do pedágio. Foi com o calçamento da rota que a maioria dos comerciantes começou a se instalar no local.
FOTO: FRANCIELE DUARTE
O TRAJETO
“Espero que o governo melhore as estradas. Forqueta vai além da rota de acesso do desvio. Nos últimos anos, o bairro foi esquecido pela prefeitura”. A estudante ainda explica que, além das ruas esburacadas, o desvio traz insegurança para os moradores. “Com a pavimentação e o livre acesso na rota, os assaltos aumentaram no bairro. A
violência, assim como a deterioração das ruas, é um dos piores problemas do desvio”. Para a moradora da Linha Julieta, Deise Perottoni, 22 anos, a rua não sendo mais rota do desvio do pedágio a qualidade de vida dos moradores no local irá melhorar. “Os moradores não enfrentarão mais congestionamentos, o barulho dos carros e dos caminhões irá diminuir, além dos assaltos”, conta Deise. Outra situação que a moradora relatou foi o descaso da prefeitura de Farroupilha com a região. “Depois da pavimentação, a prefeitura não arrumou mais nada. Tem muitos buracos e é difícil circular pela rua. Mas como não temos alternativa, aguardamos o fechamento do pedágio e, assim, quem sabe podemos reivindicar melhoras para a prefeitura”.
Polêmicas A polêmica praça de pedágio de Farroupilha (foto ao lado) foi implantada no ano de 1998, pelo governador Antônio Britto (PMDB).
FOTO: GOOGLE MAPS/ARTE: FRANCIELE DUARTE
Assim como o proprietário da Serralheria, donos de bancas aguardam a definição de uma data para o fim das atividades da Convias. De acordo com a concessionária, o fim do pedágio está previsto para abril de 2013, mas a data ainda não está confirmada. Enquanto aguardam pelo fechamento, os comerciantes procuram soluções para resistir após a extinção do pedágio. “Não queria que fechasse. Todos os comerciantes também não. O nosso sustento sai daqui. A única certeza que temos é que não iremos permanecer no local. O movimento vai cair e as vendas também”, conta o comerciante Nilo Pericles, que há cinco anos mantém banca no desvio com a ajuda da esposa, Maria Pericles.
Faltando um ano para a desativação do pedágio de Farroupilha, os moradores da Forqueta e da Linha Julieta esperam melhoras no desvio do pedágio. A estudante Letícia Montemezzo (foto acima), 23 anos, moradora da Rua Luis Franciosi Sério, que liga Forqueta a Farroupilha pelo desvio, acredita que o fechamento da praça de pedágio vai diminuir a movimentação do local e a prefeitura de Caxias do Sul enxergará o bairro com outros olhos.
Em 2001, comandada pela atual concessionária Convias, os administradores do pedágio declararam guerra com a prefeitura, com o prefeito da época, Bolívar Pasqual (PMDB), e a comunidade de Farroupilha para impedir a pavimentação do desvio, que teve início em janeiro de 2004. No mesmo ano, o então governador Germano Rigotto (PMDB) se reuniu com lideranças da Serra e descartou a proposta de transformar a praça de Farroupilha em pedágio comu-
nitário. Em 2007, a governadora Yeda Crusius (PSDB) anunciou um acordo para retirar os desvios de pedágio na BR116 e na RS-122. Mas, logo em seguida, voltou atrás e optou por receber novas propostas da Convias e ouvir a comunidade antes de fazer mudanças. E, neste ano, o governador Tarso Genro (PT) comunicou não renovar contrato com a Convias. O fechamento está previsto para 2013. Agora resta aguardar para saber se Tarso irá cumprir o prometido e o pedágio terá o seu fim.
FOTO: REVISTA PANORAMA
O empresário Paulo Jovani Duarte da Silva, proprietário de uma Serralheria, explica que trocou o antigo ponto pelo desvio. Mas com a notícia do fechamento, pensa, ainda em 2012, mudar a empresa de lugar. “Quando decidi transferir minha empresa para as margens do desvio imaginava que eu teria mais clientes pela movimentação do local. Até consegui aumentar a clientela, mas com a decisão do governador penso retornar para o antigo local”.
Segundo a moradora Maria Oliveira Caro, o veículo dela quebrou em um dos buracos da Rua Arthur Perottoni, a principal do bairro. “Reclamei com a Subprefeitura, com a Prefeitura, mas até agora nada. Apenas me falaram que os buracos seriam tampados. Mas isso não adianta por muito tempo”. Essa situação também foi relatada por outros moradores. De acordo com Pedro Generosi, as ruas do bairro estão quase todas danificadas. “Há alguns meses foi realizada uma recapagem na Rua da Unidade
FOTO: FRANCIELE DUARTE
textando
até a Comunidade de Salete. Talvez, nesse momento, a prioridade, no meu ponto de vista, deveria ser as ruas Arthur Perottoni e Luis Franciosi Sério, mas sei que são rotas do desvio e não seriam seleciondas para a recapagem. Mesmo assim seria muito importante para nós moradores. Isso deveria ser levado em conta”, explica Generosi. Conforme a Secretaria de Trânsito, Transportes e Mobilidade, assim como a Subprefeitura de Forqueta, existem projetos tramitando na Câmara de Vereadores, tanto para revitalização das estradas da Forqueta quanto para outros bairros. Como Forqueta foi contemplada com o recapeamento, no momento, estão em prioridade outros bairros que ainda não foram atendidos. Ainda de acordo com a secretaria, os buracos na rota do desvio sempre são tampados. Sempre há manutenção no local.
Rua Luis Franciosi Sério, em Forqueta
TRÂNSITO
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Desvio após fim do pedágio
Buracos A situação dos buracos na rota do desvio é uma questão que preocupa os moradores do local. Na Forqueta, as queixas são constantes, mas até hoje não passaram disso. Nada foi resolvido e nada está previsto. De acordo com a Subprefeitura de Forqueta, existem projetos para o melhoramento das estradas do bairro, mas nenhum, até o momento, foi aprovado.
A estrada alternativa poderá sofrer mudanças com a desativação da cobrança na RS-122, acreditam os comerciantes e moradores do local POR FRANCIELE DUARTE
O
FOTO: FRANCIELE DUARTE
fechamento do pedágio de Farroupilha, anunciado em 28 de junho deste ano pelo governador Tarso Genro, deixou os motoristas e os moradores do bairro Forqueta e da Linha Julieta contentes com a notícia. Já os comerciantes lamentam. Os donos de bancas e de estabelecimentos, que se localizam às margens do desvio, acreditam que o movimento do local vai cair e temem “o pior”: o fechamento de seus empreendimentos. Por conta disso, estão buscando alternativas para garantir o sustento futuro.
Insegurança
Para Hildemar Vargas da Silva, outro comerciante que mora e trabalha no desvio, que também aguarda uma decisão da Convias, acredita que o fim do pedágio será o fim do desvio. “Tenho certeza que o final do pedágio será o fim do movimento na Linha Julieta. Por isso, já comecei a procurar outro lugar para instalar o meu comércio”. No dia 14 de janeiro de 2004, o prefeito de Farroupilha, na época Bolívar Pasqual (PMDB), autorizou a pavimentação do desvio do pedágio. Foi com o calçamento da rota que a maioria dos comerciantes começou a se instalar no local.
FOTO: FRANCIELE DUARTE
O TRAJETO
“Espero que o governo melhore as estradas. Forqueta vai além da rota de acesso do desvio. Nos últimos anos, o bairro foi esquecido pela prefeitura”. A estudante ainda explica que, além das ruas esburacadas, o desvio traz insegurança para os moradores. “Com a pavimentação e o livre acesso na rota, os assaltos aumentaram no bairro. A
violência, assim como a deterioração das ruas, é um dos piores problemas do desvio”. Para a moradora da Linha Julieta, Deise Perottoni, 22 anos, a rua não sendo mais rota do desvio do pedágio a qualidade de vida dos moradores no local irá melhorar. “Os moradores não enfrentarão mais congestionamentos, o barulho dos carros e dos caminhões irá diminuir, além dos assaltos”, conta Deise. Outra situação que a moradora relatou foi o descaso da prefeitura de Farroupilha com a região. “Depois da pavimentação, a prefeitura não arrumou mais nada. Tem muitos buracos e é difícil circular pela rua. Mas como não temos alternativa, aguardamos o fechamento do pedágio e, assim, quem sabe podemos reivindicar melhoras para a prefeitura”.
Polêmicas A polêmica praça de pedágio de Farroupilha (foto ao lado) foi implantada no ano de 1998, pelo governador Antônio Britto (PMDB).
FOTO: GOOGLE MAPS/ARTE: FRANCIELE DUARTE
Assim como o proprietário da Serralheria, donos de bancas aguardam a definição de uma data para o fim das atividades da Convias. De acordo com a concessionária, o fim do pedágio está previsto para abril de 2013, mas a data ainda não está confirmada. Enquanto aguardam pelo fechamento, os comerciantes procuram soluções para resistir após a extinção do pedágio. “Não queria que fechasse. Todos os comerciantes também não. O nosso sustento sai daqui. A única certeza que temos é que não iremos permanecer no local. O movimento vai cair e as vendas também”, conta o comerciante Nilo Pericles, que há cinco anos mantém banca no desvio com a ajuda da esposa, Maria Pericles.
Faltando um ano para a desativação do pedágio de Farroupilha, os moradores da Forqueta e da Linha Julieta esperam melhoras no desvio do pedágio. A estudante Letícia Montemezzo (foto acima), 23 anos, moradora da Rua Luis Franciosi Sério, que liga Forqueta a Farroupilha pelo desvio, acredita que o fechamento da praça de pedágio vai diminuir a movimentação do local e a prefeitura de Caxias do Sul enxergará o bairro com outros olhos.
Em 2001, comandada pela atual concessionária Convias, os administradores do pedágio declararam guerra com a prefeitura, com o prefeito da época, Bolívar Pasqual (PMDB), e a comunidade de Farroupilha para impedir a pavimentação do desvio, que teve início em janeiro de 2004. No mesmo ano, o então governador Germano Rigotto (PMDB) se reuniu com lideranças da Serra e descartou a proposta de transformar a praça de Farroupilha em pedágio comu-
nitário. Em 2007, a governadora Yeda Crusius (PSDB) anunciou um acordo para retirar os desvios de pedágio na BR116 e na RS-122. Mas, logo em seguida, voltou atrás e optou por receber novas propostas da Convias e ouvir a comunidade antes de fazer mudanças. E, neste ano, o governador Tarso Genro (PT) comunicou não renovar contrato com a Convias. O fechamento está previsto para 2013. Agora resta aguardar para saber se Tarso irá cumprir o prometido e o pedágio terá o seu fim.
FOTO: REVISTA PANORAMA
O empresário Paulo Jovani Duarte da Silva, proprietário de uma Serralheria, explica que trocou o antigo ponto pelo desvio. Mas com a notícia do fechamento, pensa, ainda em 2012, mudar a empresa de lugar. “Quando decidi transferir minha empresa para as margens do desvio imaginava que eu teria mais clientes pela movimentação do local. Até consegui aumentar a clientela, mas com a decisão do governador penso retornar para o antigo local”.
Segundo a moradora Maria Oliveira Caro, o veículo dela quebrou em um dos buracos da Rua Arthur Perottoni, a principal do bairro. “Reclamei com a Subprefeitura, com a Prefeitura, mas até agora nada. Apenas me falaram que os buracos seriam tampados. Mas isso não adianta por muito tempo”. Essa situação também foi relatada por outros moradores. De acordo com Pedro Generosi, as ruas do bairro estão quase todas danificadas. “Há alguns meses foi realizada uma recapagem na Rua da Unidade
FOTO: FRANCIELE DUARTE
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até a Comunidade de Salete. Talvez, nesse momento, a prioridade, no meu ponto de vista, deveria ser as ruas Arthur Perottoni e Luis Franciosi Sério, mas sei que são rotas do desvio e não seriam seleciondas para a recapagem. Mesmo assim seria muito importante para nós moradores. Isso deveria ser levado em conta”, explica Generosi. Conforme a Secretaria de Trânsito, Transportes e Mobilidade, assim como a Subprefeitura de Forqueta, existem projetos tramitando na Câmara de Vereadores, tanto para revitalização das estradas da Forqueta quanto para outros bairros. Como Forqueta foi contemplada com o recapeamento, no momento, estão em prioridade outros bairros que ainda não foram atendidos. Ainda de acordo com a secretaria, os buracos na rota do desvio sempre são tampados. Sempre há manutenção no local.
Rua Luis Franciosi Sério, em Forqueta
TEXTANDO CIDADE
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Educação
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O sol brilha para todos A Escola Estadual Especial João Prataviera desenvolve atividades para atender alunos com deficiência intelectual
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MOSTRA LITERÁRIA
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Livros que mudam vidas Recriar Textos transforma sonhos em realidade e revela jovens escritores com apoio de entidades ligadas à FAS
POR BÁRBARA DEMETRIO
POR SUÉLEN CRISTINA BASTIAN
Nas oficinas pedagógicas de Atividades de Vida Diária (AVD) eles aprendem culinária, entre outras práticas, preparam a merenda escolar, fazem biscoitos, pães e massas para o lanche. Picam os legumes e realizam todo o preparo da sopa, que é
A Escola Especial João Prataviera completa 50 anos de atividades em 2012
depois levada para o refeitório onde a merendeira finaliza o preparo. Existe também a oficina de artes onde os alunos fazem os mais diversos trabalhos artesanais. Eles reciclam, pintam, lixam, aplicam texturas em latas. Fazem trabalhos em madeira, letreiros e blocos lógicos. Tudo é vendido e os recursos servem para comprar novos materiais. Ocorrem ainda atividades aquá-
ticas na Raiar, psicomotricidade na água, onde as crianças são beneficiadas. São 35 alunos que participam deste projeto. A Secretaria Municipal de Esporte e Lazer, através do Projeto Danças Tradicionalistas, oportuniza aulas de danças gaúchas. O Projeto Recria oferece diversas oficinas, como teatro, dança, circo e musicoterapia. Quem vai para a oficina já passou pelos diversos níveis oferecidos pela
escola. A vice-diretora afirma que as atividades têm como intuito prepará-los para a vida. “Desenvolver habilidades para que eles possam se preparar, se defender aí fora e trabalhar uma rotina, capacitando para o mercado de trabalho. Para os alunos há uma rotina estabelecida. Temos um início,um meio e um fim”, relata Jocelice. E é através desta proposta que a instituição encaminha muitos estudantes para o mercado de trabalho.
Luta diária pela inclusão no mercado de trabalho A professora Irene Maria Armiliato Boeira, 60 anos, luta pela inclusão de pessoas com deficiência intelectual no mercado de trabalho na Escola João Prataviera. Ela, quando jovem, tinha o desejo de cursar belas artes, mas abdicou de seu sonho e fez pedagogia com ênfase em deficiência intelectual para poder compreender o que acontecia em seu próprio lar. Os seus dois filhos, Cassandra, 38, e Allyson, 29, haviam nascido com esta doença intelectual. “Eu corri atrás. Eu fui pesquisar. Eu não entendia o que era essa deficiência. Por que eles não andavam e não falavam como os outros?”, recorda Irene. A professora Irene Boeira trabalha na inclusão de deficientes intelectuais no mercado de trabalho
Ela revela que tudo o que viu na teoria pôde vivenciar na prática. Lembra que muitas vezes foi vista pelas colegas chorando. “É preciso matar o teu sonho, como diz na psicologia,
para dar vida ao que tu tens. Eu preciso me conformar com o que eles demonstram. Eu queria uma bailarina, mas nunca consegui colocar a Cassandra no balé. Hoje eu não choro, mas é difícil, porque existe muito preconceito.” Irene trabalhou dez anos com alfabetização de jovens e adultos, depois se dedicou à área da deficiência intelectual. Na Escola João Prataviera já foi do Círculo de Pais e Mestres e atualmente preside o Conselho Escolar. A Marcopolo fez parceria com a escola em 12 de maio de 2009 possibilitando o primeiro emprego para vários alunos. Na primeira turma estavam Cassandra e Allyson. Em 2008, a empresa apresentou o projeto e a escola mostrou o que poderia oferecer. Os alunos começaram no bairro Reolon em um núcleo com apoio da Fundação de Assistência Social - FAS e do Senai para ensinar na prática o que eles fariam na Marcopolo.
FOTOS: SUÉLEN BASTIAN
Segundo Jocelice do Carmo Pessuto Contini, 44 anos, assessora pedagógica no Setor dos Conselhos Escolares e Grêmios Estudantis da Secretaria Municipal de Educação e vice-diretora da escola, a organização é feita por classes de atendimento diferenciado, níveis e oficinas pedagógicas. Os alunos são matriculados de acordo com a idade e conforme o nível de desenvolvimento em que se encontram, após avaliação psicopedagógica.
FOTOS: BÁRBARA DEMETRIO
m Caxias do Sul há dois locais que atendem os deficientes intelectuais ou deficientes múltiplos: a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e a Escola Estadual Especial João Prataviera. Professores, pais e amigos comentam que a partir do momento que existe o contato com este tipo de deficiência o olhar sobre si próprio, sobre a vida muda literalmente. A escola teve origem junto à Apae, em 1962, e depois se organizou no prédio da rua Visconde de Pelotas, número 2056, no bairro Pio X, em 1998. A partir desta data, a João Prataviera passa a desenvolver atividades no atendimento a alunos com deficiência intelectual.
O
Projeto Mostra Literária da Rede Recria realiza todos os anos oficinas objetivando a capacitação dos educadores e oficineiros das entidades, com curso de formação com profissionais da literatura local, regional e nacional, sob a coordenação da escritora Helô Bacichette. Recria trabalha em parceria com a Prefeitura de Caxias do Sul, por meio da Fundação de Assistência Social. Todos os anos realiza junto à Feira do Livro o lançamento oficial do Recriar Textos escrito pelas crianças envolvidas com as entidades as-
Premiados do Centro Educativo da FAS
sociadas à rede desde 2008. O projeto foi fundado por Ana Flávia Garcez em 2008 e, desde então, continua descobrindo os talentos das crianças através da escrita. O incentivo é uma premiação para os melhores textos de acordo com a categoria exigida. Em 2011, ainda teve menção honrosa aos jovens, devido à boa produção de textos das crianças e adolescentes. No lançamento do livro, as crianças têm momentos de estrela, com direito a dar autógrafos, homenagens e coquetel.
Construção coletiva
De acordo com Lucimara Pereira Lopes, coordenadora da Recria desde junho de 2011, “a Mostra Literária da Rede Recria tem sido uma prazerosa construção coletiva”. Ela explica que começa nas entidades da rede que se empenham em participar, em enviar seus educadores para o curso de capacitação, perpassa pela Comissão Organizadora, que inclui nós, da FAS, Biblioteca Pública, Associação Criança Feliz e
demais parceiros, o Comdica, o Ilem e a Fundação Marcopolo. “Culmina na edição do Recriar Textos, escrito com dedicação e talento pelos nossos jovens escritores” , diz Lucimara. “Muito mais do que um projeto, posso dizer que a Mostra Literária é um sonho que virou realidade, resgatando a autoestima e elevando o conhecimento de nossas crianças, adolescentes e jovens atendidos pela Rede Recria”, conclui.
Rede de Atenção à Criança e ao Adolescente Com a Lei Federal 8.069, de 13 de julho de 1990, a política municipal dos direitos da criança e do adolescente passou a ser concebida em um formato de rede, ou seja, articulada através de um conjunto de ações governamentais e não-governamentais. Desta forma, em 1995, foi criada a Rede de Atenção à Criança e ao Adolescente - Recria - , que hoje conta com um número superior a 70 entidades dos setores governamentais e não governamentais. A Rede de Atenção à Criança e ao Adolescente de Caxias do Sul é
um conjunto de entidades governamentais, conselhos setoriais e poder Judiciário que trabalha de forma integrada, visando atender aos menores e famílias. Os objetivos da Rede de Atenção à Criança e ao Adolescente de Caxias do Sul são facilitar, agilizar, viabilizar, propor e dinamizar ações nas diversas áreas de atenção aos menore e suas famílias (abrigos, centros educativos, saúde mental, drogadição, portadores de necessidades especiais, maus-tratos, apoio sócio-familiar). Todas essas ações são realizadas de forma integrada, abrangendo todo o munícipio.
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O sol brilha para todos A Escola Estadual Especial João Prataviera desenvolve atividades para atender alunos com deficiência intelectual
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MOSTRA LITERÁRIA
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Livros que mudam vidas Recriar Textos transforma sonhos em realidade e revela jovens escritores com apoio de entidades ligadas à FAS
POR BÁRBARA DEMETRIO
POR SUÉLEN CRISTINA BASTIAN
Nas oficinas pedagógicas de Atividades de Vida Diária (AVD) eles aprendem culinária, entre outras práticas, preparam a merenda escolar, fazem biscoitos, pães e massas para o lanche. Picam os legumes e realizam todo o preparo da sopa, que é
A Escola Especial João Prataviera completa 50 anos de atividades em 2012
depois levada para o refeitório onde a merendeira finaliza o preparo. Existe também a oficina de artes onde os alunos fazem os mais diversos trabalhos artesanais. Eles reciclam, pintam, lixam, aplicam texturas em latas. Fazem trabalhos em madeira, letreiros e blocos lógicos. Tudo é vendido e os recursos servem para comprar novos materiais. Ocorrem ainda atividades aquá-
ticas na Raiar, psicomotricidade na água, onde as crianças são beneficiadas. São 35 alunos que participam deste projeto. A Secretaria Municipal de Esporte e Lazer, através do Projeto Danças Tradicionalistas, oportuniza aulas de danças gaúchas. O Projeto Recria oferece diversas oficinas, como teatro, dança, circo e musicoterapia. Quem vai para a oficina já passou pelos diversos níveis oferecidos pela
escola. A vice-diretora afirma que as atividades têm como intuito prepará-los para a vida. “Desenvolver habilidades para que eles possam se preparar, se defender aí fora e trabalhar uma rotina, capacitando para o mercado de trabalho. Para os alunos há uma rotina estabelecida. Temos um início,um meio e um fim”, relata Jocelice. E é através desta proposta que a instituição encaminha muitos estudantes para o mercado de trabalho.
Luta diária pela inclusão no mercado de trabalho A professora Irene Maria Armiliato Boeira, 60 anos, luta pela inclusão de pessoas com deficiência intelectual no mercado de trabalho na Escola João Prataviera. Ela, quando jovem, tinha o desejo de cursar belas artes, mas abdicou de seu sonho e fez pedagogia com ênfase em deficiência intelectual para poder compreender o que acontecia em seu próprio lar. Os seus dois filhos, Cassandra, 38, e Allyson, 29, haviam nascido com esta doença intelectual. “Eu corri atrás. Eu fui pesquisar. Eu não entendia o que era essa deficiência. Por que eles não andavam e não falavam como os outros?”, recorda Irene. A professora Irene Boeira trabalha na inclusão de deficientes intelectuais no mercado de trabalho
Ela revela que tudo o que viu na teoria pôde vivenciar na prática. Lembra que muitas vezes foi vista pelas colegas chorando. “É preciso matar o teu sonho, como diz na psicologia,
para dar vida ao que tu tens. Eu preciso me conformar com o que eles demonstram. Eu queria uma bailarina, mas nunca consegui colocar a Cassandra no balé. Hoje eu não choro, mas é difícil, porque existe muito preconceito.” Irene trabalhou dez anos com alfabetização de jovens e adultos, depois se dedicou à área da deficiência intelectual. Na Escola João Prataviera já foi do Círculo de Pais e Mestres e atualmente preside o Conselho Escolar. A Marcopolo fez parceria com a escola em 12 de maio de 2009 possibilitando o primeiro emprego para vários alunos. Na primeira turma estavam Cassandra e Allyson. Em 2008, a empresa apresentou o projeto e a escola mostrou o que poderia oferecer. Os alunos começaram no bairro Reolon em um núcleo com apoio da Fundação de Assistência Social - FAS e do Senai para ensinar na prática o que eles fariam na Marcopolo.
FOTOS: SUÉLEN BASTIAN
Segundo Jocelice do Carmo Pessuto Contini, 44 anos, assessora pedagógica no Setor dos Conselhos Escolares e Grêmios Estudantis da Secretaria Municipal de Educação e vice-diretora da escola, a organização é feita por classes de atendimento diferenciado, níveis e oficinas pedagógicas. Os alunos são matriculados de acordo com a idade e conforme o nível de desenvolvimento em que se encontram, após avaliação psicopedagógica.
FOTOS: BÁRBARA DEMETRIO
m Caxias do Sul há dois locais que atendem os deficientes intelectuais ou deficientes múltiplos: a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e a Escola Estadual Especial João Prataviera. Professores, pais e amigos comentam que a partir do momento que existe o contato com este tipo de deficiência o olhar sobre si próprio, sobre a vida muda literalmente. A escola teve origem junto à Apae, em 1962, e depois se organizou no prédio da rua Visconde de Pelotas, número 2056, no bairro Pio X, em 1998. A partir desta data, a João Prataviera passa a desenvolver atividades no atendimento a alunos com deficiência intelectual.
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Projeto Mostra Literária da Rede Recria realiza todos os anos oficinas objetivando a capacitação dos educadores e oficineiros das entidades, com curso de formação com profissionais da literatura local, regional e nacional, sob a coordenação da escritora Helô Bacichette. Recria trabalha em parceria com a Prefeitura de Caxias do Sul, por meio da Fundação de Assistência Social. Todos os anos realiza junto à Feira do Livro o lançamento oficial do Recriar Textos escrito pelas crianças envolvidas com as entidades as-
Premiados do Centro Educativo da FAS
sociadas à rede desde 2008. O projeto foi fundado por Ana Flávia Garcez em 2008 e, desde então, continua descobrindo os talentos das crianças através da escrita. O incentivo é uma premiação para os melhores textos de acordo com a categoria exigida. Em 2011, ainda teve menção honrosa aos jovens, devido à boa produção de textos das crianças e adolescentes. No lançamento do livro, as crianças têm momentos de estrela, com direito a dar autógrafos, homenagens e coquetel.
Construção coletiva
De acordo com Lucimara Pereira Lopes, coordenadora da Recria desde junho de 2011, “a Mostra Literária da Rede Recria tem sido uma prazerosa construção coletiva”. Ela explica que começa nas entidades da rede que se empenham em participar, em enviar seus educadores para o curso de capacitação, perpassa pela Comissão Organizadora, que inclui nós, da FAS, Biblioteca Pública, Associação Criança Feliz e
demais parceiros, o Comdica, o Ilem e a Fundação Marcopolo. “Culmina na edição do Recriar Textos, escrito com dedicação e talento pelos nossos jovens escritores” , diz Lucimara. “Muito mais do que um projeto, posso dizer que a Mostra Literária é um sonho que virou realidade, resgatando a autoestima e elevando o conhecimento de nossas crianças, adolescentes e jovens atendidos pela Rede Recria”, conclui.
Rede de Atenção à Criança e ao Adolescente Com a Lei Federal 8.069, de 13 de julho de 1990, a política municipal dos direitos da criança e do adolescente passou a ser concebida em um formato de rede, ou seja, articulada através de um conjunto de ações governamentais e não-governamentais. Desta forma, em 1995, foi criada a Rede de Atenção à Criança e ao Adolescente - Recria - , que hoje conta com um número superior a 70 entidades dos setores governamentais e não governamentais. A Rede de Atenção à Criança e ao Adolescente de Caxias do Sul é
um conjunto de entidades governamentais, conselhos setoriais e poder Judiciário que trabalha de forma integrada, visando atender aos menores e famílias. Os objetivos da Rede de Atenção à Criança e ao Adolescente de Caxias do Sul são facilitar, agilizar, viabilizar, propor e dinamizar ações nas diversas áreas de atenção aos menore e suas famílias (abrigos, centros educativos, saúde mental, drogadição, portadores de necessidades especiais, maus-tratos, apoio sócio-familiar). Todas essas ações são realizadas de forma integrada, abrangendo todo o munícipio.
segurança
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5 anos sem...
As grades que separam vidas
A pequena Vitória, 6 anos, visita o pai, 29, desde o primeiro ano de vida. Nesses cinco anos, muitas coisas ficaram ausentes no dia-a-dia da menina...
1.825 beijos ao acordar
A visita constante dos filhos aos pais no presídio mostra a triste realidade de 580 crianças no município de Caxias do Sul
...aniversários com o pai
POR CAROLINE DALL’ AGNOL
a manhã cinzenta de sábado, Joana, 24 anos, segura o filho de 8 meses no colo enquanto espera na fila que separa o pai do pequeno Pedro. A distância se resume a uma selva de concreto cercada por muros altos, policiais sempre atentos e cercas de arame farpado por todos os lados. A distância entre o pai e o filho já dura seis meses. No universo de Caxias do Sul, em que 565 pessoas estão presas, existem 580 crianças na faixa de 0 a 12 anos que visitam os pais todos os finais de semana permitidos. Os nomes nessa reportagem são fictícios, mas as histórias são reais.
Mas, para Joana, mais do que muros altos e celas de ferro, são os aproximadamente 120 quilômetros que dificultam esse contato quinzenal. Ela pega o ônibus Caxiense que liga Caxias do Sul a Porto Alegre, cidade onde ela e Pedro moram junto com a saudade e a ausência do pai, que se encontra preso em uma cidade estranha para eles. A cada 15 dias, a mãe faz o mesmo trajeto. Desce na rodoviária da cidade da Serra gaúcha e pega o táxi com destino à penitenciária Industrial de Caxias do Sul. Assim como Joana, centenas de mulheres fazem o mesmo trajeto com o mesmo destino. Levam os filhos para visitar os 565 presos que dividem as celas na selva de pedra. Atualmente, são 15 presos para cada cela com capacidade para quatro pessoas. Quinze vidas enjauladas em um mesmo espaço pequeno. Uma
realidade que segue em ritmo nacional. No Brasil, cerca de 500 mil pessoas encontram-se atrás das grades. Desse número, dados divulgados em 2010 pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen) mostram que o País tem 66% de presos a mais do que a capacidade suporta abrigá-los. Naquela mesma fila, no sábado de manhã cinzenta, onde o sentimento é de ansiedade para ver quem está do outro lado das grades, encontra-se Maria, mãe de quatro meninas. O pai, preso há dois anos e dois meses, vê as pequenas apenas no fim de semana liberado para a visita dos menores de idade. Mas, naquela manhã, apenas a mãe estava ali, parada, com um sorriso simpático aguardando na fila que aumentava a cada momento. Nas mãos, a mulher segurava uma sacola com comida. “Não é fácil cuidar das meninas sozinha. Mas tem que ir levando, né? Fazendo do jeito que dá, a gente vai indo. Elas sabem onde o pai está e também vêm visitar. Agora, estão bem ansiosas, porque o pai vai chegar em casa”, conta Maria. Segundo ela, todo dia as crianças perguntam pelo pai. “Elas acostumaram, nem viram o que aconteceu no começo”, relata Maria sobre a vida que levava no lar quando essa era completo. Uma rotina que a sociedade não imagina que existe. Uma realidade cruel para quem vê, para quem sente, e para quem está longe. Longe assim como Pedro, que ainda visitará o pai, atrás das grades, por mais seis anos.
5 anos sem abraçar e ver o pai em casa
FOTOS: CAROL DALL’AGNOLL
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Crianças e jovens podem visitar os pais quinzenalmente acompanhados pelos responsáveis
A mãe longe dos filhos Para Sílvia, 27 anos, a realidade dos corredores com grades está presente no dia-a-dia. Presa há três anos, mãe de um casal, uma menina de 10 anos e um menino de 3, conta que ficar longe dos filhos é uma dor diária. “É muito doloroso estar longe. O pequeno de três anos tinha cinco meses quando eu fui presa. Ele mamava ainda.” O bebê visitou a mãe durante três meses, até a vó conseguir alimentá-lo somente na mamadeira. “Foi muito sofrido, mas sei que eu tenho que me manter calma, porque de 15 em 15 dias eles vêm me ver.” A mulher que enfrenta essa nova realidade diz que tenta passar o aprendizado que recebeu da própria mãe para os filhos. “Eu sempre digo para eles: não adianta fazer a coisa errada.” Sílvia reconhece o erro grave que fez e ressalta que sabe que a ausência na vida dos filhos está sendo triste para todos. “Minha filha chora muito no Dia das Mães, porque tem apresentação no colégio e todas as mães estão lá, menos eu.” O menino foi criado pelo vó. “Para ele sou como uma mãe distante. Para o meu irmão também foi muito difícil. Ele rodou dois anos na escola. Os dois primeiros anos que eu estava aqui. Não conseguiu se manter firme no colégio.” Sílvia garante que se
pudesse voltar no tempo teria outro destino. “Não teria ficado rebelde com minha mãe, teria seguido os conselhos dela. Eu mudaria tudo. Eu penso todos os dias nos meus filhos, na minha mãe, no meu irmão”, desabafa. “Aqui é um lugar ruim, um lugar muito pesado. Mas se eles não viessem me visitar minha situação com certeza seria pior. O que me segura viva são meus filhos, minha família”, conclui.
Visitas de menores dividem opiniões
Ex-presidiário fala sobre a saudade
Para a assistente social Cleci Moreira Bellaver, que trabalha há 15 anos com a população carcerária, é muito complicado opinar sobre as visitas dos filhos aos pais na prisão. “Aqui é um lugar que não seria para as crianças. Não é lugar para eles. Os pais cometeram delito e têm que pagar. Mas também não dá pra gente tirar essa afetividade, essa aproximação. Tudo isso é bom para quem está aqui dentro e para o filho também. Eles sentem falta. O sentimento é para ambos”, explica a assistente social.
João, 46 anos, é ex-presidiário. Durante nove meses contou com o apoio e a força dos três filhos que estavam esperando por ele. “Sentar, conversar com eles. Abraçar. Dormia a semana inteira pensando neles: tomara que venham, tomara que venham. A visita dos filhos é muito importante”, conta contente, abraçado ao pequeno Henrique, de 8 anos.
A agente penitenciária que acompanha essa realidade há 16 meses diz que percebe o quanto as relações entre pais e filhos são fortes. “Os menores saem daqui chorando, querem o pai, querem a mãe. Já vi criança ter que deixar de mamar no peito porque a mãe foi presa. Sensibiliza a gente”. Paulo trabalha há seis anos como agente penitenciário e diz que as relações familiares são importantes para o preso. “Crianças, desde muito pequenas, visitam o presídio. Há casos de menores de 15 que faz 12 anos que visitam o pai na prisão, porque a pena é muito longa. É importante o contato com o filho, mas aqui não é lugar para crianças.”
O pai de Henrique ainda lembra das conversas que tinha com os colegas de cela. “A gente conversava bastante sobre os filhos. Falava do cheiro de rua. Eu ficava num cantinho e olhava lá pra fora e pensava: uma hora eu saio.” João agora aproveita a liberdade para curtir os filhos.
A perda de contato José, 52 anos, está preso há cinco anos. Pai de dois meninos e uma menina, diz que sofre com essa perda de contato com os filhos, mas entende. “O fato de não ver afasta, com certeza, mas é difícil se deslocar até aqui para me visitar. Eles têm o trabalho e não devem sair das suas atividades pra ver uma vida que eu que tenho que viver”, conta com tristeza.
dez presentes por ano em datas especiais
50 apresentações na escola sem o pai estar presente Os nomes são fictícios, mas as histórias são reais
O pai ausente Entrar no presídio se tornou uma rotina na vida de Lia e da pequena Vitória, de 6 anos. O pai, 29, está preso há cinco anos. Vitória conhece o presídio desde 1 ano de vida. A mãe se preocupa e, com tristeza, recorda as lembranças. “Quando eu engravidei ele foi preso. Como ela vem aqui, desde novinha, já está acostumada “, diz Lia. Vitória indaga quando o pai sairá da prisão e sente falta dele. Na escola, nas apresentações, ela sempre pergunta:
“Meu pai vai vir?” Diz Lia que “é ruim, muito ruim”. Ela conta que a situação é muito triste e que o pai da pequena Vitória também sente muita falta. “Ele pergunta sempre por ela. Às vezes, quando eu não venho visitar, ele manda carta perguntando pela menina. Se ela está bem. E pede para que eu traga ela sempre. Não queria que a Vitória passasse por isso! Mas não posso tirar o contato entre os dois. É importante. Ele é pai.”
Arte: Isadora Guerra
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As grades que separam vidas
A pequena Vitória, 6 anos, visita o pai, 29, desde o primeiro ano de vida. Nesses cinco anos, muitas coisas ficaram ausentes no dia-a-dia da menina...
1.825 beijos ao acordar
A visita constante dos filhos aos pais no presídio mostra a triste realidade de 580 crianças no município de Caxias do Sul
...aniversários com o pai
POR CAROLINE DALL’ AGNOL
a manhã cinzenta de sábado, Joana, 24 anos, segura o filho de 8 meses no colo enquanto espera na fila que separa o pai do pequeno Pedro. A distância se resume a uma selva de concreto cercada por muros altos, policiais sempre atentos e cercas de arame farpado por todos os lados. A distância entre o pai e o filho já dura seis meses. No universo de Caxias do Sul, em que 565 pessoas estão presas, existem 580 crianças na faixa de 0 a 12 anos que visitam os pais todos os finais de semana permitidos. Os nomes nessa reportagem são fictícios, mas as histórias são reais.
Mas, para Joana, mais do que muros altos e celas de ferro, são os aproximadamente 120 quilômetros que dificultam esse contato quinzenal. Ela pega o ônibus Caxiense que liga Caxias do Sul a Porto Alegre, cidade onde ela e Pedro moram junto com a saudade e a ausência do pai, que se encontra preso em uma cidade estranha para eles. A cada 15 dias, a mãe faz o mesmo trajeto. Desce na rodoviária da cidade da Serra gaúcha e pega o táxi com destino à penitenciária Industrial de Caxias do Sul. Assim como Joana, centenas de mulheres fazem o mesmo trajeto com o mesmo destino. Levam os filhos para visitar os 565 presos que dividem as celas na selva de pedra. Atualmente, são 15 presos para cada cela com capacidade para quatro pessoas. Quinze vidas enjauladas em um mesmo espaço pequeno. Uma
realidade que segue em ritmo nacional. No Brasil, cerca de 500 mil pessoas encontram-se atrás das grades. Desse número, dados divulgados em 2010 pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen) mostram que o País tem 66% de presos a mais do que a capacidade suporta abrigá-los. Naquela mesma fila, no sábado de manhã cinzenta, onde o sentimento é de ansiedade para ver quem está do outro lado das grades, encontra-se Maria, mãe de quatro meninas. O pai, preso há dois anos e dois meses, vê as pequenas apenas no fim de semana liberado para a visita dos menores de idade. Mas, naquela manhã, apenas a mãe estava ali, parada, com um sorriso simpático aguardando na fila que aumentava a cada momento. Nas mãos, a mulher segurava uma sacola com comida. “Não é fácil cuidar das meninas sozinha. Mas tem que ir levando, né? Fazendo do jeito que dá, a gente vai indo. Elas sabem onde o pai está e também vêm visitar. Agora, estão bem ansiosas, porque o pai vai chegar em casa”, conta Maria. Segundo ela, todo dia as crianças perguntam pelo pai. “Elas acostumaram, nem viram o que aconteceu no começo”, relata Maria sobre a vida que levava no lar quando essa era completo. Uma rotina que a sociedade não imagina que existe. Uma realidade cruel para quem vê, para quem sente, e para quem está longe. Longe assim como Pedro, que ainda visitará o pai, atrás das grades, por mais seis anos.
5 anos sem abraçar e ver o pai em casa
FOTOS: CAROL DALL’AGNOLL
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Crianças e jovens podem visitar os pais quinzenalmente acompanhados pelos responsáveis
A mãe longe dos filhos Para Sílvia, 27 anos, a realidade dos corredores com grades está presente no dia-a-dia. Presa há três anos, mãe de um casal, uma menina de 10 anos e um menino de 3, conta que ficar longe dos filhos é uma dor diária. “É muito doloroso estar longe. O pequeno de três anos tinha cinco meses quando eu fui presa. Ele mamava ainda.” O bebê visitou a mãe durante três meses, até a vó conseguir alimentá-lo somente na mamadeira. “Foi muito sofrido, mas sei que eu tenho que me manter calma, porque de 15 em 15 dias eles vêm me ver.” A mulher que enfrenta essa nova realidade diz que tenta passar o aprendizado que recebeu da própria mãe para os filhos. “Eu sempre digo para eles: não adianta fazer a coisa errada.” Sílvia reconhece o erro grave que fez e ressalta que sabe que a ausência na vida dos filhos está sendo triste para todos. “Minha filha chora muito no Dia das Mães, porque tem apresentação no colégio e todas as mães estão lá, menos eu.” O menino foi criado pelo vó. “Para ele sou como uma mãe distante. Para o meu irmão também foi muito difícil. Ele rodou dois anos na escola. Os dois primeiros anos que eu estava aqui. Não conseguiu se manter firme no colégio.” Sílvia garante que se
pudesse voltar no tempo teria outro destino. “Não teria ficado rebelde com minha mãe, teria seguido os conselhos dela. Eu mudaria tudo. Eu penso todos os dias nos meus filhos, na minha mãe, no meu irmão”, desabafa. “Aqui é um lugar ruim, um lugar muito pesado. Mas se eles não viessem me visitar minha situação com certeza seria pior. O que me segura viva são meus filhos, minha família”, conclui.
Visitas de menores dividem opiniões
Ex-presidiário fala sobre a saudade
Para a assistente social Cleci Moreira Bellaver, que trabalha há 15 anos com a população carcerária, é muito complicado opinar sobre as visitas dos filhos aos pais na prisão. “Aqui é um lugar que não seria para as crianças. Não é lugar para eles. Os pais cometeram delito e têm que pagar. Mas também não dá pra gente tirar essa afetividade, essa aproximação. Tudo isso é bom para quem está aqui dentro e para o filho também. Eles sentem falta. O sentimento é para ambos”, explica a assistente social.
João, 46 anos, é ex-presidiário. Durante nove meses contou com o apoio e a força dos três filhos que estavam esperando por ele. “Sentar, conversar com eles. Abraçar. Dormia a semana inteira pensando neles: tomara que venham, tomara que venham. A visita dos filhos é muito importante”, conta contente, abraçado ao pequeno Henrique, de 8 anos.
A agente penitenciária que acompanha essa realidade há 16 meses diz que percebe o quanto as relações entre pais e filhos são fortes. “Os menores saem daqui chorando, querem o pai, querem a mãe. Já vi criança ter que deixar de mamar no peito porque a mãe foi presa. Sensibiliza a gente”. Paulo trabalha há seis anos como agente penitenciário e diz que as relações familiares são importantes para o preso. “Crianças, desde muito pequenas, visitam o presídio. Há casos de menores de 15 que faz 12 anos que visitam o pai na prisão, porque a pena é muito longa. É importante o contato com o filho, mas aqui não é lugar para crianças.”
O pai de Henrique ainda lembra das conversas que tinha com os colegas de cela. “A gente conversava bastante sobre os filhos. Falava do cheiro de rua. Eu ficava num cantinho e olhava lá pra fora e pensava: uma hora eu saio.” João agora aproveita a liberdade para curtir os filhos.
A perda de contato José, 52 anos, está preso há cinco anos. Pai de dois meninos e uma menina, diz que sofre com essa perda de contato com os filhos, mas entende. “O fato de não ver afasta, com certeza, mas é difícil se deslocar até aqui para me visitar. Eles têm o trabalho e não devem sair das suas atividades pra ver uma vida que eu que tenho que viver”, conta com tristeza.
dez presentes por ano em datas especiais
50 apresentações na escola sem o pai estar presente Os nomes são fictícios, mas as histórias são reais
O pai ausente Entrar no presídio se tornou uma rotina na vida de Lia e da pequena Vitória, de 6 anos. O pai, 29, está preso há cinco anos. Vitória conhece o presídio desde 1 ano de vida. A mãe se preocupa e, com tristeza, recorda as lembranças. “Quando eu engravidei ele foi preso. Como ela vem aqui, desde novinha, já está acostumada “, diz Lia. Vitória indaga quando o pai sairá da prisão e sente falta dele. Na escola, nas apresentações, ela sempre pergunta:
“Meu pai vai vir?” Diz Lia que “é ruim, muito ruim”. Ela conta que a situação é muito triste e que o pai da pequena Vitória também sente muita falta. “Ele pergunta sempre por ela. Às vezes, quando eu não venho visitar, ele manda carta perguntando pela menina. Se ela está bem. E pede para que eu traga ela sempre. Não queria que a Vitória passasse por isso! Mas não posso tirar o contato entre os dois. É importante. Ele é pai.”
Arte: Isadora Guerra
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reciclagem
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“Riqueza está no lixo”
Idimis dos Santos, o Jimi, recolhe também material nas ruas
Diferentemente do caso dos recicladores do bairro Serrano, que trabalham reciclando material repassado pela Codeca, Idimis dos Santos ganha a vida reaproveitando sucatas que ele recolhe nas ruas, ou nas cerca de 70 empresas onde capta material. O ex-pedreiro que chegou a Caxias do Sul em 1997, trabalhou na construção civil até maio de 2010. A partir daí, ele resolveu mudar de profissão. “Eu notei que tinha bastante sucata na rua. Comentei com minha esposa que ia fazer um teste. Peguei minha caminhonete e juntei 15 dias. Deu certo. Vi no lixo o meu futuro. A riqueza, hoje em dia, está no lixo”, diz. No começo, Idimis recolhia a sobra
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de materiais de cinco metalúrgicas e, com o passar do tempo, foi fazendo novos contatos. Como o negócio deu resultado, já nos primeiros meses ele resolveu vender o carro e a caminhonete que tinha e comprou um pequeno caminhão para aumentar a quantidade de material recolhido. “Eu não tenho perda. As empresas doam esse material. Hoje faturo cerca de 6 mil por mês. Quero montar o meu depósito de sucatas pra comprar e revender”, relata. Atualmente, o sucateiro vende o material a uma empresa de Caxias do Sul, que após revende o produto, na região metropolitana, para a siderúrgica Gerdau, onde a sucata passa a ser matéria prima novamente.
Material reciclado, prensado pelos recicladores e pronto para a venda
Quantidade de recicláveis aumenta 172% em Caxias Atualmente, o material captado todos os dias nos bairros da cidade se transforma em renda para mais de mil e quatrocentas pessoas
T
A economia do “lixo” gera, atualmente na cidade, 450 empregos diretos e mil indiretos. Diariamente, são captadas 90 toneladas de materiais inorgânicos, que são reciclados nas cerca de dez associações de recicladores da cidade, ligadas à Companhia de Desenvolvimento de Caxias (Codeca) e em outras 20 apoiadoras da empresa, que também recebem, dos caminhões dela, os dejetos. Há sete anos eram recolhidas cerca de 33 toneladas de lixo todos os dias
nas ruas da cidade. Em seis anos esse número saltou para cerca de 90 toneladas por dia. Um aumento de 172 por cento na quantidade de material captado e reciclado. Fato que beneficia o meio ambiente e as centenas de pessoas que estão empregadas direta ou indiretamente na área da reciclagem em Caxias do Sul. Em 2005 foram mais de 7 mil e 780 toneladas de material inorgânico recolhidos. Já em 2011 o número passou para mais de 24 mil e 930 toneladas captadas durante os 12 meses. Dessa forma, comparando os números divulgados anualmente e, divulgados desde 2005 pela Codeca, é possível ter a noção do quanto aumenta, ano a ano, o número de toneladas de resíduos sólidos, captados nas ruas, e reaproveitados por recicladores e sucateiros na cidade.
Trabalho cooperativo é exemplo Um dos exemplos que deu certo na cidade é o trabalho cooperativo que é desenvolvido pela Associação dos Recicladores do Bairro Serrano. Há mais de dez anos, com auxílio da Fundação de Assistência Social de Caxias do Sul (FAS), Centro Diocesano, Prefeitura da cidade e Universidade de Caxias do Sul (UCS), dezenas de pessoas conseguem reciclar material inorgânico, ajudar o meio ambiente e obter o sustento. Otaviano de Moraes, um dos recicladores da associação, se orgulha ao contar que está há 11 anos trabalhando no projeto. Ele, além disso, já foi presidente da entidade e destaca a importância do trabalho cooperativo.
Fique atento à lei - No dia 02 de agosto de 2010 foi aprovada pelo Congresso brasileiro a Política Nacional de Resíduos Sólidos - Lei nº 12.305. - A proposta é uma lei que visa regulamentar as ações que são adotadas por todas as esferas da sociedade no que se refere ao lixo, seja ele orgânico ou não. - Antes da sanção da lei, o único responsável pelos resíduos era o município. Agora, não só a Prefeitura como também empresas e cidadãos comuns tem como dever
POR JÚLIO SOUZA
odos os dias, as mais de 445 mil pessoas que moram em Caxias do Sul descartam milhares de quilos de material reciclável. A grande maioria delas não faz ideia aonde esse “lixo” vai parar. Desde a caixa de leite, que é descartada, até o refrigerador que parou de funcionar, tudo é reciclável.
FOTOS: JÚLIO SOUZA
FOTO: CODECA/DIVULGAÇÃO
Autonomia rende mais
“Aqui todos se ajudam. Hoje temos 25 pessoas na associação. Nos reunimos uma vez por mês para discutir assuntos de interesse do grupo”, conta. Entre os temas citados por Moraes, por exemplo, está a decisão que cada associado tem o direito a receber 500 reais de 13o salário ao final do ano e 600 reais de férias ao completar um ano de trabalho. Também decidiram a compra de quatro prensas para enfardar o material reciclado. “Estamos com faturamento médio de 24 mil reais por mês. Dá quase mil reais de salário. Não temos carteira assinada, mas cada um paga o INSS pra ter segurança, caso fique doente”, relata o reciclador.
Em estudo sobre o mercado de trabalho, análise do IPEA a partir de dados do IBGE, aponta que o brasileiro que trabalha por conta própria está faturando mais. Os autônomos viram seus rendimentos crescerem quase 8% na comparação entre os primeiros cincos meses de 2011 e deste ano. O aumento é maior do que o registrado no salário médio do trabalhador brasileiro, de pouco mais de 5%. Com a renda maior, as famílias consomem mais e quem oferece produtos e serviços tem aumento da clientela.
O material antigo é vendido para colecionadores que valorizam o produto. A placa da foto vale, em média, oitenta reais
cívico cuidar do seu lixo. - Com a sanção da lei, que distingue resíduo de rejeito, o Brasil passou a ter um marco regulatório nesta área. - Resíduo é o lixo que pode ser reaproveitado ou reciclado e rejeito é o que não é passível de aproveitamento. - A lei trata de todo tipo de resíduo: doméstico, industrial, construção civil, eletroeletrônico, da área de saúde, etc.
Razões para reciclar Reciclar significa reaproveitar produtos usados como matéria-prima. Ou seja, a garrafa PET, uma vez utilizada,transforma-se em uma nova garrafa PET ou em algum outro produto (como cartão magnético). Por isso, quanto mais você reciclar, mais estará contribuindo para preservar o meio ambiente.
- Ao fazer a reciclagem você: - Diminui o volume de lixo jogado no aterro sanitário - Reduz a poluição ambiental - Melhora o aspecto visual da cidade - Ajuda as pessoas que trabalham com reciclagem - Contribui com uma mudança de comportamento que visa deixar o planeta mais limpo e com maior qualidade de vida
Idimis conta que ao coletar material foi aprendendo a identificar maneiras de aumentar o lucro. Uma delas é reciclar objetos que têm valor para colecionadores. “Eu já encontrei ferro de passar antigo, placa de carro, batedeira manual. Mas lucrei mais em uma bicicleta da década de 1940 que achei no interior. Vendi por 500 reais”, conta.
Com a experiência o profissional também passou a conhecer as normas que regem o trabalho que ele desenvolve. “No começo eu armazenava sucata no meu terreno. Aí fui multado pela Fepam em 1 mil e 200 reais. Hoje sigo a legislação. Sei que faço um trabalho que beneficia o meio ambiente. O reciclador é um pulmão da sociedade”, se orgulha.
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“Riqueza está no lixo”
Idimis dos Santos, o Jimi, recolhe também material nas ruas
Diferentemente do caso dos recicladores do bairro Serrano, que trabalham reciclando material repassado pela Codeca, Idimis dos Santos ganha a vida reaproveitando sucatas que ele recolhe nas ruas, ou nas cerca de 70 empresas onde capta material. O ex-pedreiro que chegou a Caxias do Sul em 1997, trabalhou na construção civil até maio de 2010. A partir daí, ele resolveu mudar de profissão. “Eu notei que tinha bastante sucata na rua. Comentei com minha esposa que ia fazer um teste. Peguei minha caminhonete e juntei 15 dias. Deu certo. Vi no lixo o meu futuro. A riqueza, hoje em dia, está no lixo”, diz. No começo, Idimis recolhia a sobra
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de materiais de cinco metalúrgicas e, com o passar do tempo, foi fazendo novos contatos. Como o negócio deu resultado, já nos primeiros meses ele resolveu vender o carro e a caminhonete que tinha e comprou um pequeno caminhão para aumentar a quantidade de material recolhido. “Eu não tenho perda. As empresas doam esse material. Hoje faturo cerca de 6 mil por mês. Quero montar o meu depósito de sucatas pra comprar e revender”, relata. Atualmente, o sucateiro vende o material a uma empresa de Caxias do Sul, que após revende o produto, na região metropolitana, para a siderúrgica Gerdau, onde a sucata passa a ser matéria prima novamente.
Material reciclado, prensado pelos recicladores e pronto para a venda
Quantidade de recicláveis aumenta 172% em Caxias Atualmente, o material captado todos os dias nos bairros da cidade se transforma em renda para mais de mil e quatrocentas pessoas
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A economia do “lixo” gera, atualmente na cidade, 450 empregos diretos e mil indiretos. Diariamente, são captadas 90 toneladas de materiais inorgânicos, que são reciclados nas cerca de dez associações de recicladores da cidade, ligadas à Companhia de Desenvolvimento de Caxias (Codeca) e em outras 20 apoiadoras da empresa, que também recebem, dos caminhões dela, os dejetos. Há sete anos eram recolhidas cerca de 33 toneladas de lixo todos os dias
nas ruas da cidade. Em seis anos esse número saltou para cerca de 90 toneladas por dia. Um aumento de 172 por cento na quantidade de material captado e reciclado. Fato que beneficia o meio ambiente e as centenas de pessoas que estão empregadas direta ou indiretamente na área da reciclagem em Caxias do Sul. Em 2005 foram mais de 7 mil e 780 toneladas de material inorgânico recolhidos. Já em 2011 o número passou para mais de 24 mil e 930 toneladas captadas durante os 12 meses. Dessa forma, comparando os números divulgados anualmente e, divulgados desde 2005 pela Codeca, é possível ter a noção do quanto aumenta, ano a ano, o número de toneladas de resíduos sólidos, captados nas ruas, e reaproveitados por recicladores e sucateiros na cidade.
Trabalho cooperativo é exemplo Um dos exemplos que deu certo na cidade é o trabalho cooperativo que é desenvolvido pela Associação dos Recicladores do Bairro Serrano. Há mais de dez anos, com auxílio da Fundação de Assistência Social de Caxias do Sul (FAS), Centro Diocesano, Prefeitura da cidade e Universidade de Caxias do Sul (UCS), dezenas de pessoas conseguem reciclar material inorgânico, ajudar o meio ambiente e obter o sustento. Otaviano de Moraes, um dos recicladores da associação, se orgulha ao contar que está há 11 anos trabalhando no projeto. Ele, além disso, já foi presidente da entidade e destaca a importância do trabalho cooperativo.
Fique atento à lei - No dia 02 de agosto de 2010 foi aprovada pelo Congresso brasileiro a Política Nacional de Resíduos Sólidos - Lei nº 12.305. - A proposta é uma lei que visa regulamentar as ações que são adotadas por todas as esferas da sociedade no que se refere ao lixo, seja ele orgânico ou não. - Antes da sanção da lei, o único responsável pelos resíduos era o município. Agora, não só a Prefeitura como também empresas e cidadãos comuns tem como dever
POR JÚLIO SOUZA
odos os dias, as mais de 445 mil pessoas que moram em Caxias do Sul descartam milhares de quilos de material reciclável. A grande maioria delas não faz ideia aonde esse “lixo” vai parar. Desde a caixa de leite, que é descartada, até o refrigerador que parou de funcionar, tudo é reciclável.
FOTOS: JÚLIO SOUZA
FOTO: CODECA/DIVULGAÇÃO
Autonomia rende mais
“Aqui todos se ajudam. Hoje temos 25 pessoas na associação. Nos reunimos uma vez por mês para discutir assuntos de interesse do grupo”, conta. Entre os temas citados por Moraes, por exemplo, está a decisão que cada associado tem o direito a receber 500 reais de 13o salário ao final do ano e 600 reais de férias ao completar um ano de trabalho. Também decidiram a compra de quatro prensas para enfardar o material reciclado. “Estamos com faturamento médio de 24 mil reais por mês. Dá quase mil reais de salário. Não temos carteira assinada, mas cada um paga o INSS pra ter segurança, caso fique doente”, relata o reciclador.
Em estudo sobre o mercado de trabalho, análise do IPEA a partir de dados do IBGE, aponta que o brasileiro que trabalha por conta própria está faturando mais. Os autônomos viram seus rendimentos crescerem quase 8% na comparação entre os primeiros cincos meses de 2011 e deste ano. O aumento é maior do que o registrado no salário médio do trabalhador brasileiro, de pouco mais de 5%. Com a renda maior, as famílias consomem mais e quem oferece produtos e serviços tem aumento da clientela.
O material antigo é vendido para colecionadores que valorizam o produto. A placa da foto vale, em média, oitenta reais
cívico cuidar do seu lixo. - Com a sanção da lei, que distingue resíduo de rejeito, o Brasil passou a ter um marco regulatório nesta área. - Resíduo é o lixo que pode ser reaproveitado ou reciclado e rejeito é o que não é passível de aproveitamento. - A lei trata de todo tipo de resíduo: doméstico, industrial, construção civil, eletroeletrônico, da área de saúde, etc.
Razões para reciclar Reciclar significa reaproveitar produtos usados como matéria-prima. Ou seja, a garrafa PET, uma vez utilizada,transforma-se em uma nova garrafa PET ou em algum outro produto (como cartão magnético). Por isso, quanto mais você reciclar, mais estará contribuindo para preservar o meio ambiente.
- Ao fazer a reciclagem você: - Diminui o volume de lixo jogado no aterro sanitário - Reduz a poluição ambiental - Melhora o aspecto visual da cidade - Ajuda as pessoas que trabalham com reciclagem - Contribui com uma mudança de comportamento que visa deixar o planeta mais limpo e com maior qualidade de vida
Idimis conta que ao coletar material foi aprendendo a identificar maneiras de aumentar o lucro. Uma delas é reciclar objetos que têm valor para colecionadores. “Eu já encontrei ferro de passar antigo, placa de carro, batedeira manual. Mas lucrei mais em uma bicicleta da década de 1940 que achei no interior. Vendi por 500 reais”, conta.
Com a experiência o profissional também passou a conhecer as normas que regem o trabalho que ele desenvolve. “No começo eu armazenava sucata no meu terreno. Aí fui multado pela Fepam em 1 mil e 200 reais. Hoje sigo a legislação. Sei que faço um trabalho que beneficia o meio ambiente. O reciclador é um pulmão da sociedade”, se orgulha.
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CULTURA
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Trabalhadores de bailões Funcionários de bailões de Caxias do Sul trabalham para fazer o divertimento de todos os clientes e ganham muitas histórias
textando
O clima não é problema para alpinistas de Caxias do Sul, porque no bairro São Pelegrino a rocha foi recriada nas paredes de prédio POR PEDRO HENRIQUE ZANROSSO
O
A
s praticantes da escalada esportiva comparam o esporte com a meditação. Além da força, uma grande dose de concentração é necessária para manter o corpo firme, seja na rocha em meio à natureza, ou em uma parede de um ginásio indoor. A escalada leva o ser humano ao limite, os músculos dos braços, das costas e das pernas trabalham juntos e a favor da consciência de chegar ao topo e alcançar o objetivo.
o som dos clássicos gauchescos, marchinhas de carnaval e outras músicas alegres, centenas de pessoas, de todas as idades, cantam e dançam sem parar nos bailões da cidade de Caxias do Sul. Os locais são clássicos do fim de semana, lugar para se divertir, cantar, dançar, fazer amizades, encontrar amores e também para trabalhar. Sim, para trabalhar. Muitas pessoas são empregadas para divertir, proteger e servir os clientes dessas casas de festa.
A dona do baile, Julieta Perini, de 75 anos, trabalha na administração do local, no caixa e ajuda aonde for necessário. Julieta é uma senhora bem vestida, de altura mediana e cabelos brancos. Ela relembra da história do baile, do local que começou como restaurante e é hoje um bailão.“Temos o estabelecimento há muito tempo. Antes isso aqui era um restaurante, depois passou para baile e restaurante e hoje é só baile.”
FOTO: DIMAS DAL ROSSO
Para encarar a rocha ao ar livre e exercitar a meditação ativa que a escalada proporciona é necessário treino. Na Espanha, onde a geografia permite que o esporte seja referência, e em todo o resto do mundo, escaladores se encontram em ginásios com paredes que imitam a dificuldade da rocha.
A todo vapor nas festas A dona do Fogo de Chão, Julieta Perini, também conta do longo expediente do baile e do grande número de funcionários no local. “Hoje o bailão abre quinta, sexta, sábado e domingo. Para suprir a demanda das festas temos 35 funcionários contando com as duas bandas”, explica Julieta. Uma dessas
funcionárias é a garçonete Flora Muniz, 42 anos. Flora, que trabalha no Fogo do Chão há 15 anos, tem cabelos loiros e encaracolados, nariz levemente adunco e olhos que pareciam esverdeados sob a luz do bailão. A garçonete é graduada em enfermagem, e, pelo ambiente, preferiu trabalhar no baile.
Conta que gosta muito do trabalho, mas tem suas partes chatas. “Eu sou enfermeira, mas preferi trabalhar aqui, é muito bom, gosto bastante. O único problema são alguns homens, que quando bebem demais perdem um pouco da linha. É preciso ter profissionalismo para sair dessas situações”, explica.
Tradição há mais de 70 anos O baile do Calhambeque fica no bairro Pio X e já tem mais de 70 anos de tradição, um dos mais antigos de Caxias do Sul. O prédio, um grande pavilhão amarelo e azul, fica na Avenida Rosseti. O pavilhão da festa possui, na porta de entrada, vários cartazes propagando shows e bailes futuros. A bilheteria é uma sala clara. A parte esquerda do local é reservada para a venda de ingressos e para a sala da administração. Na outra parte há uma espécie de um pequeno lobby, com duas cadeiras de plástico coloridas, um vaso de flores e dois quadros com pinturas de paisagens, elementos que lembram o kitsch, termo alemão usado para caracterizar objetos exagerados ou extravagantes. Um dos donos do baile, Alberto
Tibora, 56 anos, trabalha na administração do baile e faz bicos de DJ quando necessário. Alberto conta sobre a história do baile. “O clube já existe há mais de 70 anos. Esse baile, com terceira idade mesclada com os mais jovens, já faz parte da noite caxiense”, relata. Entre as trocas de uma banda por outra, Alberto coloca clássicos da música gauchesca para tocar e explica sobre o público do lugar. “Aqui tem todos os tipos de pessoas. O baile começa às 14 horas e acaba à meia-noite. Em um domingo, por exemplo, o bailão chega a ter um público de 600 a 700 pessoas”, revela. Para controlar todo esse público, Nelson Oliveira, 45 anos, trabalha na urna (o “portal”, relatado na descrição da casa). “Aqui é bem tranquilo, o pessoal
não briga.” Junto dele, o segurança de 20 anos, Roger Prestes, um garoto alto que veste terno e gravata, discursa que nunca viu uma briga. “Nunca vi uma briga nesse baile.” O gerente da casa, Juliano Perin, 35 anos, é dono do cargo há alguns meses. “Antes eu trabalhava em um clube na cidade de Novo Hamburgo, dava briga todo final de semana. Aqui são muito poucas as confusões. É bem tranquilo”, afirma o gerente. Os domingos são os dias mais movimentados, os que mais exigem esforço. Com o passar das horas, o público vai embora, a música para, as luzes se apagam e os trabalhadores têm o descanso merecido.
É em ambientes como esse que encontramos Jimerson Rangel Martta. Jimão como é chamado por todos é um apaixonado por tudo que envolve a escalada. Praticante do esporte há 23 anos idealizou ao lado de outros dois amigos escaladores o que hoje é um grande centro do esporte em Caxias do Sul. “O nosso círculo de amizade envolve o esporte e as viagens que fizemos juntos. O ginásio é um ponto de encontro”, diz ele. A área de boulder, como é chamada pelos praticantes e oferecida no ginásio de Jimão, permite que a pessoa escale livre de cordas. Toda a área que envolve as paredes de não mais de cinco metros é protegida por colchões. A escalada em Boulder na rocha, ao ar livre e em blocos de pedra com pouca altura, é o ramo do esporte que mais cresce no mundo. O escalador pode isolar movimentos e treinar técnicas específicas de escalada, desde movimentos fáceis para aquecimento até lances performáticos de extrema dificuldade.
Saiba mais Em Caxias do Sul o crescimento da escalada esportiva é vísivel graças a Jimão e seus amigos. Em pouco tempo dezenas de grupos procuraram o ginásio para conhecer o esporte. Sem diferença de sexo e idade, dezenas de pessoas dividem o espaço. Sentados no grande colchão macio que protege os esportistas, mulheres, crianças e homens olham para o alto enquanto alguém escala. O clima é de amizade e ajuda aos iniciantes. Palavras de incentivo saem a toda hora e naturalmente. Na escalada o grande inimigo é o próprio corpo de quem desafia a parede. Para Ariel Biazus Ribeiro, 17, mais do que esporte a escalada é estilo de vida. Há três anos praticando em paredes e montanhas, o jovem conta das viagens ao Paraná e Santa Catarina com entusiasmo. Para ele o Buraco do Padre em Ponta Grossa e as rochas de Corupá no interior catarinense são locais ideais para o montanhismo. Nas viagens fez amigos e se identificou com o esporte. “Hoje a escalada é minha vida, de todos os esportes foi o que mais levei a sério, muito por causa da amizade que criei, tratando-os como uma verdadeira família”. O contato com a natureza e a consciência dos limites do corpo são talvez o grande benefício de quem pratica a escalada. O menor impacto ambiental é regra número um nas viagens que entram mata adentro. Preocupados com o meio ambiente, a maioria deles conserva uma consciência ecológica bastante diferente da rotina urbana e acabam levando para dentro do ginásio o clima tranquilo de onde escalam ao ar livre. Se o objetivo de qualquer esporte é criar cidadãos, o respeito à natureza subjetivo na escalada cumpre com maestria essa função.
FOTO: PEDRO ZANROSSO
A bilheteria e o hall de entrada ficam no mesmo ambiente, uma sala pequena de madeira pintada de marrom, com folhetos que indicam datas dos bailes e preços dos ingressos. A parte interior é relativamente grande, a estrutura é toda feita de madeira pintada de marrom, há um grande cheiro de fumaça no ar. Na parte esquerda do salão, muitas mesas tomam o local, tudo é muito simples. O bar e a chapelaria dividem a mesma sala, onde grandes geladeiras com refrigerantes e bebidas alcoólicas são protagonistas no lugar. O palco é perto da pista de dança. O lugar de apresentação dos artistas tem todos os instrumentos necessários para um concerto musical, desde os de cordas até os de percussão. Atrás da pista de dança há mais mesas, os banheiros e uma área onde é feito churrascos para venda durante as festas.
Assim como na natação e no atletismo, a comparação com o movimento de animais selvagens é inevitável. Quem se propõe a subir em uma pedra, suando esforço e determinação parece se transformar no mesmo instante em um animal forte e aflito buscando sobrevivência no local mais alto da montanha.
Entrada do baile Fogo de Chão
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Ginásio imita montanha
POR Dimas dal Rosso
O baile Fogo de Chão, no bairro de Lourdes, já tem 19 anos de tradição e lota festas todas as semanas. O local é um prédio antigo, mas reformulado depois de um incêndio há cinco anos. O prédio de coloração amarela tem pinturas de símbolos tradicionalistas, como churrascos e fogueiras, nas paredes exteriores. Nas portas há cartazes e folhetos de bandas pouco conhecidas que tocam músicas da região.
ESPORTE
Alpinistas escalam parede indoor
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CULTURA
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Trabalhadores de bailões Funcionários de bailões de Caxias do Sul trabalham para fazer o divertimento de todos os clientes e ganham muitas histórias
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O clima não é problema para alpinistas de Caxias do Sul, porque no bairro São Pelegrino a rocha foi recriada nas paredes de prédio POR PEDRO HENRIQUE ZANROSSO
O
A
s praticantes da escalada esportiva comparam o esporte com a meditação. Além da força, uma grande dose de concentração é necessária para manter o corpo firme, seja na rocha em meio à natureza, ou em uma parede de um ginásio indoor. A escalada leva o ser humano ao limite, os músculos dos braços, das costas e das pernas trabalham juntos e a favor da consciência de chegar ao topo e alcançar o objetivo.
o som dos clássicos gauchescos, marchinhas de carnaval e outras músicas alegres, centenas de pessoas, de todas as idades, cantam e dançam sem parar nos bailões da cidade de Caxias do Sul. Os locais são clássicos do fim de semana, lugar para se divertir, cantar, dançar, fazer amizades, encontrar amores e também para trabalhar. Sim, para trabalhar. Muitas pessoas são empregadas para divertir, proteger e servir os clientes dessas casas de festa.
A dona do baile, Julieta Perini, de 75 anos, trabalha na administração do local, no caixa e ajuda aonde for necessário. Julieta é uma senhora bem vestida, de altura mediana e cabelos brancos. Ela relembra da história do baile, do local que começou como restaurante e é hoje um bailão.“Temos o estabelecimento há muito tempo. Antes isso aqui era um restaurante, depois passou para baile e restaurante e hoje é só baile.”
FOTO: DIMAS DAL ROSSO
Para encarar a rocha ao ar livre e exercitar a meditação ativa que a escalada proporciona é necessário treino. Na Espanha, onde a geografia permite que o esporte seja referência, e em todo o resto do mundo, escaladores se encontram em ginásios com paredes que imitam a dificuldade da rocha.
A todo vapor nas festas A dona do Fogo de Chão, Julieta Perini, também conta do longo expediente do baile e do grande número de funcionários no local. “Hoje o bailão abre quinta, sexta, sábado e domingo. Para suprir a demanda das festas temos 35 funcionários contando com as duas bandas”, explica Julieta. Uma dessas
funcionárias é a garçonete Flora Muniz, 42 anos. Flora, que trabalha no Fogo do Chão há 15 anos, tem cabelos loiros e encaracolados, nariz levemente adunco e olhos que pareciam esverdeados sob a luz do bailão. A garçonete é graduada em enfermagem, e, pelo ambiente, preferiu trabalhar no baile.
Conta que gosta muito do trabalho, mas tem suas partes chatas. “Eu sou enfermeira, mas preferi trabalhar aqui, é muito bom, gosto bastante. O único problema são alguns homens, que quando bebem demais perdem um pouco da linha. É preciso ter profissionalismo para sair dessas situações”, explica.
Tradição há mais de 70 anos O baile do Calhambeque fica no bairro Pio X e já tem mais de 70 anos de tradição, um dos mais antigos de Caxias do Sul. O prédio, um grande pavilhão amarelo e azul, fica na Avenida Rosseti. O pavilhão da festa possui, na porta de entrada, vários cartazes propagando shows e bailes futuros. A bilheteria é uma sala clara. A parte esquerda do local é reservada para a venda de ingressos e para a sala da administração. Na outra parte há uma espécie de um pequeno lobby, com duas cadeiras de plástico coloridas, um vaso de flores e dois quadros com pinturas de paisagens, elementos que lembram o kitsch, termo alemão usado para caracterizar objetos exagerados ou extravagantes. Um dos donos do baile, Alberto
Tibora, 56 anos, trabalha na administração do baile e faz bicos de DJ quando necessário. Alberto conta sobre a história do baile. “O clube já existe há mais de 70 anos. Esse baile, com terceira idade mesclada com os mais jovens, já faz parte da noite caxiense”, relata. Entre as trocas de uma banda por outra, Alberto coloca clássicos da música gauchesca para tocar e explica sobre o público do lugar. “Aqui tem todos os tipos de pessoas. O baile começa às 14 horas e acaba à meia-noite. Em um domingo, por exemplo, o bailão chega a ter um público de 600 a 700 pessoas”, revela. Para controlar todo esse público, Nelson Oliveira, 45 anos, trabalha na urna (o “portal”, relatado na descrição da casa). “Aqui é bem tranquilo, o pessoal
não briga.” Junto dele, o segurança de 20 anos, Roger Prestes, um garoto alto que veste terno e gravata, discursa que nunca viu uma briga. “Nunca vi uma briga nesse baile.” O gerente da casa, Juliano Perin, 35 anos, é dono do cargo há alguns meses. “Antes eu trabalhava em um clube na cidade de Novo Hamburgo, dava briga todo final de semana. Aqui são muito poucas as confusões. É bem tranquilo”, afirma o gerente. Os domingos são os dias mais movimentados, os que mais exigem esforço. Com o passar das horas, o público vai embora, a música para, as luzes se apagam e os trabalhadores têm o descanso merecido.
É em ambientes como esse que encontramos Jimerson Rangel Martta. Jimão como é chamado por todos é um apaixonado por tudo que envolve a escalada. Praticante do esporte há 23 anos idealizou ao lado de outros dois amigos escaladores o que hoje é um grande centro do esporte em Caxias do Sul. “O nosso círculo de amizade envolve o esporte e as viagens que fizemos juntos. O ginásio é um ponto de encontro”, diz ele. A área de boulder, como é chamada pelos praticantes e oferecida no ginásio de Jimão, permite que a pessoa escale livre de cordas. Toda a área que envolve as paredes de não mais de cinco metros é protegida por colchões. A escalada em Boulder na rocha, ao ar livre e em blocos de pedra com pouca altura, é o ramo do esporte que mais cresce no mundo. O escalador pode isolar movimentos e treinar técnicas específicas de escalada, desde movimentos fáceis para aquecimento até lances performáticos de extrema dificuldade.
Saiba mais Em Caxias do Sul o crescimento da escalada esportiva é vísivel graças a Jimão e seus amigos. Em pouco tempo dezenas de grupos procuraram o ginásio para conhecer o esporte. Sem diferença de sexo e idade, dezenas de pessoas dividem o espaço. Sentados no grande colchão macio que protege os esportistas, mulheres, crianças e homens olham para o alto enquanto alguém escala. O clima é de amizade e ajuda aos iniciantes. Palavras de incentivo saem a toda hora e naturalmente. Na escalada o grande inimigo é o próprio corpo de quem desafia a parede. Para Ariel Biazus Ribeiro, 17, mais do que esporte a escalada é estilo de vida. Há três anos praticando em paredes e montanhas, o jovem conta das viagens ao Paraná e Santa Catarina com entusiasmo. Para ele o Buraco do Padre em Ponta Grossa e as rochas de Corupá no interior catarinense são locais ideais para o montanhismo. Nas viagens fez amigos e se identificou com o esporte. “Hoje a escalada é minha vida, de todos os esportes foi o que mais levei a sério, muito por causa da amizade que criei, tratando-os como uma verdadeira família”. O contato com a natureza e a consciência dos limites do corpo são talvez o grande benefício de quem pratica a escalada. O menor impacto ambiental é regra número um nas viagens que entram mata adentro. Preocupados com o meio ambiente, a maioria deles conserva uma consciência ecológica bastante diferente da rotina urbana e acabam levando para dentro do ginásio o clima tranquilo de onde escalam ao ar livre. Se o objetivo de qualquer esporte é criar cidadãos, o respeito à natureza subjetivo na escalada cumpre com maestria essa função.
FOTO: PEDRO ZANROSSO
A bilheteria e o hall de entrada ficam no mesmo ambiente, uma sala pequena de madeira pintada de marrom, com folhetos que indicam datas dos bailes e preços dos ingressos. A parte interior é relativamente grande, a estrutura é toda feita de madeira pintada de marrom, há um grande cheiro de fumaça no ar. Na parte esquerda do salão, muitas mesas tomam o local, tudo é muito simples. O bar e a chapelaria dividem a mesma sala, onde grandes geladeiras com refrigerantes e bebidas alcoólicas são protagonistas no lugar. O palco é perto da pista de dança. O lugar de apresentação dos artistas tem todos os instrumentos necessários para um concerto musical, desde os de cordas até os de percussão. Atrás da pista de dança há mais mesas, os banheiros e uma área onde é feito churrascos para venda durante as festas.
Assim como na natação e no atletismo, a comparação com o movimento de animais selvagens é inevitável. Quem se propõe a subir em uma pedra, suando esforço e determinação parece se transformar no mesmo instante em um animal forte e aflito buscando sobrevivência no local mais alto da montanha.
Entrada do baile Fogo de Chão
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Ginásio imita montanha
POR Dimas dal Rosso
O baile Fogo de Chão, no bairro de Lourdes, já tem 19 anos de tradição e lota festas todas as semanas. O local é um prédio antigo, mas reformulado depois de um incêndio há cinco anos. O prédio de coloração amarela tem pinturas de símbolos tradicionalistas, como churrascos e fogueiras, nas paredes exteriores. Nas portas há cartazes e folhetos de bandas pouco conhecidas que tocam músicas da região.
ESPORTE
Alpinistas escalam parede indoor
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ESPORTE
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Quatro rodas e um grande desafio O primeiro desafio de quem busca o skate é o equilíbrio. Uma tábua, conhecida como shape, dois eixos, chamados de trucks, e quatro rodas, de pequeno diâmetro. Características que dão o apelido de “carrinho”. Algumas músicas retratam o skate. O rapper Marcelo D2 define em sua música “1967” que só quem anda de carrinho sabe qual é a sensação de “dar um rolé”. Já outro músico e Skatista, o rapper Kamau, diz na sua música “21|12” que cada impulso é uma nova possibilidade, cada manobra significa uma nova habilidade.
FOTOS: CRISTIANO DAROS
Esse sentimento de liberdade e, principalmente, de desafio é o que move os skatistas. É a busca por algo novo, que seja mais difícil que o último movimento, a evolução que desperta o interesse. “A questão de estar me superando, aprender uma manobra nova, a sensação que isso traz é muito boa”, define Patrick Mazzuchini, 23 anos, e há dez anos andando de skate.
Um novo conceito de pista facilita a prática do esporte
Um novo local para o skate Inaugurada em 2012, a nova pista de skate de Caxias do Sul traz um conceito atualizado para os praticantes do esporte na Serra
POR Cristiano Daros
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nova pista de skate de Caxias do Sul, conhecida como “Skate Plaza”, tem um formato atualizado e considerado melhor para a prática do esporte. Inaugurada no primeiro semestre de 2012, a pista está localizada na Praça das Castanheiras, no bairro Santa Catarina.
Nos anos de 1970, quando os surfistas norte-americanos resolveram colocar rodas em suas pranchas e sair andando pela rua, talvez não imaginavam que isso resultaria em um esporte e, junto a ele, uma indústria de roupas, tênis, materiais e acessórios muito forte. Pois a alternativa para dias de ondas ruins e temporadas de seca cresceu, ganhou nome e invadiu as ruas. Atualmente o skate, ou “carrinho” como é conhecido na gíria dos praticantes, move bilhões de dólares anualmente, possui profissionais bem sucedidos, mídia especializada e campeonatos espalhados pelo mundo inteiro. Em Caxias do Sul, o esporte começou a ganhar força na década de 90. No início do século 21, as reivindicações por este esporte levaram a prefeitura a construir algumas pistas.
Estas foram construídas para o que a prática exigia na época, mas como qualquer esporte, o skate evoluiu, os obstáculos mudaram, as ideias se renovaram. No entanto, esses lugares foram envelhecendo sem novas reformas. O principal local nesta época era no parque Getúlio Vargas, conhecido como macaquinhos. A pista ganhou uma reforma no ano de 2005, mas o formato não foi alterado. Assim, ela continuou desatualizada e os espaços para a prática do skate seguiram defasados. Os skatistas nessa época buscavam as cidades vizinhas, nos finais de semana. Locais como Bento Gonçalves, Farroupilha, Carlos Barbosa e, principalmente, Porto Alegre, na famosa pista do IAPI. Em 2008, uma associação foi criada na busca por um local apropriado e utilizável para a prática do esporte. “Caxias do Sul sendo a segunda maior cidade do Estado, com um orçamento de mais de um bilhão de reais, tendo só sete pistas, e nenhuma utilizável, ficava complicado para nós”, afirma Vinícius Nascimento, conhecido como Iraí, presidente da União dos Skatistas Caxienses (USC).
Luta por recursos Criada a União dos Skatistas Caxienses (USC), os membros foram atrás da prefeitura para conhecer os procedimentos para sugestão de uma obra. Após, começou a luta através dos Orçamentos Comunitários. Desde 2009, eles se mobilizam buscando recursos financeiros para a construção deste novo espaço “Nós botávamos seiscentas, setecentas pessoas em cada reunião do orçamento participativo” destaca Iraí, presidente da entidade. Os skatistas tinham um receio de que a pista fosse construída nos mesmos moldes das outras já existentes. Para prevenir esta situação, eles montaram um rifa, arrecadaram fundos e pagaram um projeto, de um arquiteto ligado à Federação Gaúcha de Skate. O projeto custou R$ 3 mil e foi doado à prefeitura. O primeiro local foi o parque Monteiro Lobato, próximo à antiga Maesa, mas um abaixo-assinado por moradores e empresários contra a instalação da nova pista, impossibilitou a construção. A segunda opção era o Parque das
Castanheiras, um local que estava abandonado, e que haviam algumas reivindicações para melhoria do local. Definido este espaço, a obra tinha custo inicial orçado em quase R$ 200 mil. Entretanto, devido ao terreno ser muito encharcado e a necessidade de uma base melhor, o custo final encerrou em cerca de R$ 240 mil. Hoje, ela é considerada uma das melhores pistas do Rio Grande do Sul. Mesmo com o tamanho reduzido, ela segue padrões nacionais e internacionais. Segundo Iraí, antes o local era ocupado por consumidores de drogas e animais. O único atrativo do parque eram as castanhas e as nozes que as árvores fornecem. “Agora há muita gente praticando esportes e pro skate trouxe um crescimento enorme, todo mundo está evoluindo fora do comum”, finaliza Iraí. A pista das Castanheiras possui 300m². Agora a busca da USC é construir uma pista na região central da cidade, para facilitar o acesso de todos, e que agregue mais modalidades para a prática do carrinho.
Mazzuchini é atleta amador e disputou algumas etapas do circuito mundial de skate, na Europa. Segun-
do ele, Caxias do Sul ainda está atrasada em relação a outros locais, por ser uma cidade grande e ter apenas uma pista, pequena, em condições de uso.
Porém, a nova pista de skate já auxilia na busca pela evolução do esporte. Com o espaço adequado, a busca pelo aprimoramento depende apenas do atleta. “Eu me identifiquei com o skate por ser um esporte individual, porque depende só de mim estar andando, praticando, não tem cobrança”, resume Mazzuchini. Outro fator destacado por ele é a forma como o skate abre a maneira de se relacionar com outras pessoas. “Aonde tu vai sempre encontra um skatista e acaba se relacionando com ele, trocando uma ideia. O cara nem te conhece e te leva para dormir na casa dele”, afirma. Para Marvin Campos, empresário, 23 anos, e há dez no skate, a felicidade foi determinante para se apaixonar pelo esporte. Segundo ele, nenhum outro esporte transmitiu esse sentimento. “Isso aqui é um ponto de fuga, eu largo meu estresse no meu suor, nas minhas manobras”, diz Campos.
Benefícios Despejar o estresse em cima do skate colabora para a vida profissional. Segundo o empresário Marvin Campos, após a prática do esporte, ele consegue voltar para sua empresa, muito mais tranquilo e com uma capacidade maior para desenvolver suas atividades. Com a Skate Plaza, além de ver a evolução de seus amigos no esporte, Campos ressalta o fato de muitos pais estarem levando seus filhos para a prática deste esporte. “Meus pais faziam isso comigo, me incentivaram, me levaram para participar de campeonatos e andar de skate em outras cidades” lembra. Com uma década praticando o esporte, ele afirma que o skate é um amor, que inclusive já faz parte da sua família. “O skate já nem é mais um esporte, ele faz parte de mim” , conclui. Para Vinícius Nascimento, o Iraí, advogado, 25 anos, e, também há dez no skate, tudo começou quando um de seus amigos apresentou o “carrinho”. Começaram a andar, devagar, de brincadeira, mas aos poucos foi conquistando a turma. A troca do videogame pelo “carrinho” foi imediata. A amizade que o esporte gera colaborou para que Iraí se encantasse ainda mais. “A gente
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começou a andar (de skate), já conhecemos uma outra turma, de uma rua vizinha, e aquele grupo começou aumentar, conhecemos pessoas de outros bairros” , destaca. Os primeiros locais onde Iraí andava, eram agências bancárias no Centro da cidade, que possuíam alguns obstáculos. A principal pista na época era no Parque dos Macaquinhos, um local marginalizado e mal visto por grande parte da cidade. Além da amizade, o desafio foi outro fator que chamou atenção de Iraí. Aprender manobras novas, evoluir, conhecer outros profissionais ajudaram nesta aproximação com o esporte. “Quando o cara aprende as primeiras manobras, não larga mais” , sintetiza ele. A nova pista de skate, segundo ele, ajudará na aproximação dos jovens com o esporte. Um lugar adequado para a prática atrai mais pessoas interessadas no esporte, e ajuda na evolução, tanto dos atletas, como do próprio skate na cidade de Caxias do Sul. De acordo com Iraí, a peça fundamental para a prática do esporte é o local. “Tendo um espaço como essa pista (Skate Plaza), fácil de andar, que tu vem se divertir, não larga mais” , conclui.
Com espaço adequado, novos adeptos estão sendo conquistados pelo skate.
Preconceito Por vezes taxados de drogados, de baderneiros, sem educação, ou até mesmo revoltados, todos esses preconceitos acompanham quem pratica o esporte. Para o empresário Marvin Campos, esses “pré-conceitos” são antigos. “Caxias do Sul é uma cidade grande, com uma renda per capita alta, mas mesmo assim, eles ainda vivem no passado”, critica. Já Vinicius Nascimento, o Iraí, atribui muitas vezes esse preconceito ao estilo dos praticantes. Ele acredita que as pessoas julgam pelas roupas utilizadas pelos skatistas. “Eles não sabem que as nossas roupas são melhores para andar (de skate), assim como qualquer outro esporte tem suas roupas apropriadas”, pondera. Este preconceito com os praticantes, muitas vezes, é de quem desconhece o esporte. Se hoje ele aparece na grande mídia, campeonatos são transmitidos em rede nacional, no domingo pela manhã, deve-se a uma evolução muito grande, tanto dos atletas, como da indústria do skate. Grandes nomes que surgiram por aqui, só conseguiram a evolução porque buscaram outros países. Exemplos de atletas bem sucedidos não faltam, como Bob Burniquist, Lincon Ueda, Sandro Dias, além de revelações como Luan de Oliveira. Atualmente o Brasil é considerado a
segunda maior potência do esporte no mundo. Segundo a Confederação Brasileira de Skate, hoje há no País mais de três milhões de skatistas. Para Marvin Campos, as pessoas não conhecem a realidade do esporte, tampouco quem são os seus praticantes. “Hoje a gente tem várias pessoas formadas, empresários que andam de skate, estudantes, pessoas que buscam no esporte, um ponto de fuga para o estresse do dia-a-dia”, comenta. Campos destaca o aprendizado que o esporte gera, também a vivência e o trabalho em grupo. “O skate é o único esporte, que eu vejo, que não existe uma competição, cada amigo nosso que aprende uma manobra nova, a felicidade contagia todo mundo” , afirma. Para ele, o skate é o único esporte onde todos se ajudam, na busca pela evolução. Para Iraí, quem não conhece um skatista ainda possui uma opinião errada do esporte. Segundo ele, nos arredores, da Skate Plaza, as opiniões com o esporte já mudaram. As pessoas levam seus filhos para brincar na grama ao redor da pista, tomar chimarrão e assistir os skatistas. “O preconceito diminui para quem vem andar, para quem traz o filho aqui”, encerra.
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Quatro rodas e um grande desafio O primeiro desafio de quem busca o skate é o equilíbrio. Uma tábua, conhecida como shape, dois eixos, chamados de trucks, e quatro rodas, de pequeno diâmetro. Características que dão o apelido de “carrinho”. Algumas músicas retratam o skate. O rapper Marcelo D2 define em sua música “1967” que só quem anda de carrinho sabe qual é a sensação de “dar um rolé”. Já outro músico e Skatista, o rapper Kamau, diz na sua música “21|12” que cada impulso é uma nova possibilidade, cada manobra significa uma nova habilidade.
FOTOS: CRISTIANO DAROS
Esse sentimento de liberdade e, principalmente, de desafio é o que move os skatistas. É a busca por algo novo, que seja mais difícil que o último movimento, a evolução que desperta o interesse. “A questão de estar me superando, aprender uma manobra nova, a sensação que isso traz é muito boa”, define Patrick Mazzuchini, 23 anos, e há dez anos andando de skate.
Um novo conceito de pista facilita a prática do esporte
Um novo local para o skate Inaugurada em 2012, a nova pista de skate de Caxias do Sul traz um conceito atualizado para os praticantes do esporte na Serra
POR Cristiano Daros
A
nova pista de skate de Caxias do Sul, conhecida como “Skate Plaza”, tem um formato atualizado e considerado melhor para a prática do esporte. Inaugurada no primeiro semestre de 2012, a pista está localizada na Praça das Castanheiras, no bairro Santa Catarina.
Nos anos de 1970, quando os surfistas norte-americanos resolveram colocar rodas em suas pranchas e sair andando pela rua, talvez não imaginavam que isso resultaria em um esporte e, junto a ele, uma indústria de roupas, tênis, materiais e acessórios muito forte. Pois a alternativa para dias de ondas ruins e temporadas de seca cresceu, ganhou nome e invadiu as ruas. Atualmente o skate, ou “carrinho” como é conhecido na gíria dos praticantes, move bilhões de dólares anualmente, possui profissionais bem sucedidos, mídia especializada e campeonatos espalhados pelo mundo inteiro. Em Caxias do Sul, o esporte começou a ganhar força na década de 90. No início do século 21, as reivindicações por este esporte levaram a prefeitura a construir algumas pistas.
Estas foram construídas para o que a prática exigia na época, mas como qualquer esporte, o skate evoluiu, os obstáculos mudaram, as ideias se renovaram. No entanto, esses lugares foram envelhecendo sem novas reformas. O principal local nesta época era no parque Getúlio Vargas, conhecido como macaquinhos. A pista ganhou uma reforma no ano de 2005, mas o formato não foi alterado. Assim, ela continuou desatualizada e os espaços para a prática do skate seguiram defasados. Os skatistas nessa época buscavam as cidades vizinhas, nos finais de semana. Locais como Bento Gonçalves, Farroupilha, Carlos Barbosa e, principalmente, Porto Alegre, na famosa pista do IAPI. Em 2008, uma associação foi criada na busca por um local apropriado e utilizável para a prática do esporte. “Caxias do Sul sendo a segunda maior cidade do Estado, com um orçamento de mais de um bilhão de reais, tendo só sete pistas, e nenhuma utilizável, ficava complicado para nós”, afirma Vinícius Nascimento, conhecido como Iraí, presidente da União dos Skatistas Caxienses (USC).
Luta por recursos Criada a União dos Skatistas Caxienses (USC), os membros foram atrás da prefeitura para conhecer os procedimentos para sugestão de uma obra. Após, começou a luta através dos Orçamentos Comunitários. Desde 2009, eles se mobilizam buscando recursos financeiros para a construção deste novo espaço “Nós botávamos seiscentas, setecentas pessoas em cada reunião do orçamento participativo” destaca Iraí, presidente da entidade. Os skatistas tinham um receio de que a pista fosse construída nos mesmos moldes das outras já existentes. Para prevenir esta situação, eles montaram um rifa, arrecadaram fundos e pagaram um projeto, de um arquiteto ligado à Federação Gaúcha de Skate. O projeto custou R$ 3 mil e foi doado à prefeitura. O primeiro local foi o parque Monteiro Lobato, próximo à antiga Maesa, mas um abaixo-assinado por moradores e empresários contra a instalação da nova pista, impossibilitou a construção. A segunda opção era o Parque das
Castanheiras, um local que estava abandonado, e que haviam algumas reivindicações para melhoria do local. Definido este espaço, a obra tinha custo inicial orçado em quase R$ 200 mil. Entretanto, devido ao terreno ser muito encharcado e a necessidade de uma base melhor, o custo final encerrou em cerca de R$ 240 mil. Hoje, ela é considerada uma das melhores pistas do Rio Grande do Sul. Mesmo com o tamanho reduzido, ela segue padrões nacionais e internacionais. Segundo Iraí, antes o local era ocupado por consumidores de drogas e animais. O único atrativo do parque eram as castanhas e as nozes que as árvores fornecem. “Agora há muita gente praticando esportes e pro skate trouxe um crescimento enorme, todo mundo está evoluindo fora do comum”, finaliza Iraí. A pista das Castanheiras possui 300m². Agora a busca da USC é construir uma pista na região central da cidade, para facilitar o acesso de todos, e que agregue mais modalidades para a prática do carrinho.
Mazzuchini é atleta amador e disputou algumas etapas do circuito mundial de skate, na Europa. Segun-
do ele, Caxias do Sul ainda está atrasada em relação a outros locais, por ser uma cidade grande e ter apenas uma pista, pequena, em condições de uso.
Porém, a nova pista de skate já auxilia na busca pela evolução do esporte. Com o espaço adequado, a busca pelo aprimoramento depende apenas do atleta. “Eu me identifiquei com o skate por ser um esporte individual, porque depende só de mim estar andando, praticando, não tem cobrança”, resume Mazzuchini. Outro fator destacado por ele é a forma como o skate abre a maneira de se relacionar com outras pessoas. “Aonde tu vai sempre encontra um skatista e acaba se relacionando com ele, trocando uma ideia. O cara nem te conhece e te leva para dormir na casa dele”, afirma. Para Marvin Campos, empresário, 23 anos, e há dez no skate, a felicidade foi determinante para se apaixonar pelo esporte. Segundo ele, nenhum outro esporte transmitiu esse sentimento. “Isso aqui é um ponto de fuga, eu largo meu estresse no meu suor, nas minhas manobras”, diz Campos.
Benefícios Despejar o estresse em cima do skate colabora para a vida profissional. Segundo o empresário Marvin Campos, após a prática do esporte, ele consegue voltar para sua empresa, muito mais tranquilo e com uma capacidade maior para desenvolver suas atividades. Com a Skate Plaza, além de ver a evolução de seus amigos no esporte, Campos ressalta o fato de muitos pais estarem levando seus filhos para a prática deste esporte. “Meus pais faziam isso comigo, me incentivaram, me levaram para participar de campeonatos e andar de skate em outras cidades” lembra. Com uma década praticando o esporte, ele afirma que o skate é um amor, que inclusive já faz parte da sua família. “O skate já nem é mais um esporte, ele faz parte de mim” , conclui. Para Vinícius Nascimento, o Iraí, advogado, 25 anos, e, também há dez no skate, tudo começou quando um de seus amigos apresentou o “carrinho”. Começaram a andar, devagar, de brincadeira, mas aos poucos foi conquistando a turma. A troca do videogame pelo “carrinho” foi imediata. A amizade que o esporte gera colaborou para que Iraí se encantasse ainda mais. “A gente
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começou a andar (de skate), já conhecemos uma outra turma, de uma rua vizinha, e aquele grupo começou aumentar, conhecemos pessoas de outros bairros” , destaca. Os primeiros locais onde Iraí andava, eram agências bancárias no Centro da cidade, que possuíam alguns obstáculos. A principal pista na época era no Parque dos Macaquinhos, um local marginalizado e mal visto por grande parte da cidade. Além da amizade, o desafio foi outro fator que chamou atenção de Iraí. Aprender manobras novas, evoluir, conhecer outros profissionais ajudaram nesta aproximação com o esporte. “Quando o cara aprende as primeiras manobras, não larga mais” , sintetiza ele. A nova pista de skate, segundo ele, ajudará na aproximação dos jovens com o esporte. Um lugar adequado para a prática atrai mais pessoas interessadas no esporte, e ajuda na evolução, tanto dos atletas, como do próprio skate na cidade de Caxias do Sul. De acordo com Iraí, a peça fundamental para a prática do esporte é o local. “Tendo um espaço como essa pista (Skate Plaza), fácil de andar, que tu vem se divertir, não larga mais” , conclui.
Com espaço adequado, novos adeptos estão sendo conquistados pelo skate.
Preconceito Por vezes taxados de drogados, de baderneiros, sem educação, ou até mesmo revoltados, todos esses preconceitos acompanham quem pratica o esporte. Para o empresário Marvin Campos, esses “pré-conceitos” são antigos. “Caxias do Sul é uma cidade grande, com uma renda per capita alta, mas mesmo assim, eles ainda vivem no passado”, critica. Já Vinicius Nascimento, o Iraí, atribui muitas vezes esse preconceito ao estilo dos praticantes. Ele acredita que as pessoas julgam pelas roupas utilizadas pelos skatistas. “Eles não sabem que as nossas roupas são melhores para andar (de skate), assim como qualquer outro esporte tem suas roupas apropriadas”, pondera. Este preconceito com os praticantes, muitas vezes, é de quem desconhece o esporte. Se hoje ele aparece na grande mídia, campeonatos são transmitidos em rede nacional, no domingo pela manhã, deve-se a uma evolução muito grande, tanto dos atletas, como da indústria do skate. Grandes nomes que surgiram por aqui, só conseguiram a evolução porque buscaram outros países. Exemplos de atletas bem sucedidos não faltam, como Bob Burniquist, Lincon Ueda, Sandro Dias, além de revelações como Luan de Oliveira. Atualmente o Brasil é considerado a
segunda maior potência do esporte no mundo. Segundo a Confederação Brasileira de Skate, hoje há no País mais de três milhões de skatistas. Para Marvin Campos, as pessoas não conhecem a realidade do esporte, tampouco quem são os seus praticantes. “Hoje a gente tem várias pessoas formadas, empresários que andam de skate, estudantes, pessoas que buscam no esporte, um ponto de fuga para o estresse do dia-a-dia”, comenta. Campos destaca o aprendizado que o esporte gera, também a vivência e o trabalho em grupo. “O skate é o único esporte, que eu vejo, que não existe uma competição, cada amigo nosso que aprende uma manobra nova, a felicidade contagia todo mundo” , afirma. Para ele, o skate é o único esporte onde todos se ajudam, na busca pela evolução. Para Iraí, quem não conhece um skatista ainda possui uma opinião errada do esporte. Segundo ele, nos arredores, da Skate Plaza, as opiniões com o esporte já mudaram. As pessoas levam seus filhos para brincar na grama ao redor da pista, tomar chimarrão e assistir os skatistas. “O preconceito diminui para quem vem andar, para quem traz o filho aqui”, encerra.
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ASTRONOMIA
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FOTO: DIVULGAÇÃO
Quando o segundo sol chegar
Desde julho de 2011, crescem no mundo os avistamentos de um segundo sol associado a uma profecia apocalíptica POR jéssica monteiro
J
á dizia Cassia Éller em 1999: “Quando o segundo sol chegar, parar realinhar as órbitas dos planetas”. Difícil de acreditar que em 2012 os dois fenômenos aconteceriam. O segundo sol e o alinhamento galáctico são assuntos discutidos no mundo inteiro. O ano de 2012 foi marcado por uma das maiores profecias apocalípticas da história. A partir do calendário Maia, o dia 21 de dezembro de 2012 foi considerado o dia mais esperado dos últimos anos. Afinal quase ninguém sabia de fato o que iria acontecer nesse dia. Especialistas em astronomia, como Marcelo Godoi, da PUC-RS, relatam que esse dia trata-se de um ciclo que se completa a cada 26 mil anos: o alinhamento galáctico. Como os Maias tinham esse conhecimento sobre astronomia, ninguém sabe. Além do calendário, que já serve de motivo e explicações para um provável fim do mundo, surge também as intermináveis aparições de um segundo sol. Desde julho de 2011 tem sido visto ao redor do mundo um segundo sol, ou planeta bem próximo à Terra. De acordo com o astrônomo Cláudio Bevilaqua da Ufrgs, essas aparições estão sendo atribuídas a um planeta descoberto em 1981 que foi denominado Planeta X. Ele está no nosso sistema solar, porém não tem uma órbita igual a dos outros planetas e passa próximo a nós a cada 3600 anos. Ele teria a mesma massa de Júpiter, portanto seria inúmeras vezes maior que a Terra, por isso apareceria tão grande no céu.
Apocalipse? Na Internet, o planeta é chamado de Nibiru e é recordista em acessos na pesquisa do Google. Vale dizer que muitas das imagens vistas na Internet são falsas e portanto é muito difícil afirmar o que é real ou não. De acordo com Cláudio Bevilaqua, a ideia de colisão está totalmente descartada. Porém, de acordo com várias escrituras antigas, o Nibiru já passou por aqui (a cada 3,6 mil anos) e devastou ou quase extinguiu nossa raça. Bevilaqua contou que a civilização de Atlântida poderia ter sido uma das vítimas de Nibiru, assim como o Continente Mu. Nos dois casos, as escrituras contam sobre um planeta que surgiu no céu, chamado de ‘o apavorante’ e ‘o destruidor’, que desencadeou uma série de desastres
naturais que destruiram civilizações inteiras. Muitos dos fenômenos naturais descritos já acontecem atualmente, e tem aumentado a frequência desde o ano 2010. Tsunamis, terremotos, vulcões, temperaturas extremas, tudo isso teoricamente faz parte dos efeitos causados pela passagem de Nibiru. Inclusive as atuais explosões solares seriam causadas pelo magnetismo de Nibiru. Os estudiosos pessimistas, como afirma Marcelo Godoi, dizem que a data 21 de dezembro de 2012 seria apenas o princípio de uma era de catástrofes. As coisas começariam a piorar a partir de fevereiro de 2013 e iriam até julho do mesmo ano. Desses cinco meses de catástrofes seriam eliminados 90% da população mundial.
A realidade e a ficção Sempre que surge um assunto polêmico, uma catástrofe, ou um apocalipse, acaba virando filme. Dessa vez não foi diferente. As especulações sobre um possível choque entre o Nibiru e a Terra são tão grandes que o diretor de cinema Lars Von Trier já foi logo fazendo um filme chamado Melancolia, que conta a história de um planeta que surge no céu e que, em questão de dias, literalmente, engole a Terra. O filme mostra que os cientistas falam apenas sobre um fenômeno que irá acontecer. O planeta passará muito próximo à Terra. Apenas esquecem de contar que ele está vindo em nossa direção. Além desse, também foram feitos filmes como Árvore da Vida, que fala sobre o universo como um ciclo e que um dia pode terminar, e o famoso 2012, que narra as possíveis catástrofes tão temidas. Não somente esses, nos últimos anos foram produzidos vários outros filmes como O Dia Depois de Amanhã; Presságio; Fim dos Tempos, e outros longas que criam ficções baseadas em previsões apocalípticas que simulam o possível fim do mundo.
Se fosse real? Atividade solar aumenta – falha na comunicação e inexistência de energia elétrica no planeta. Atividade vulcânica – vulcões entrariam em erupção liberando milhares de toneladas de fumaça na atmosfera. Terremotos devastadores destruiriam continentes inteiros e eliminariam milhões de pessoas. Seguidos de imensos tsunamis de até três mil metros de altura cobririam litorais, ilhas e iriam até o meio dos continentes. Reversão dos polos – após os terremotos e tsunamis, as placas tectônicas se moveriam 90º invertendo os polos. Era glacial instantânea – a partir da reversão, instantaneamente o planeta se cobriria em gelo. Pestes e doenças – Após o fim da era glacial que duraria cinco meses, as pessoas que sobrevivessem teriam que lidar com doenças respiratórias e outras epidemias. Escassez de alimentos – o planeta sobrevivente passaria fome até conseguir se reestabelecer novamente. Tudo isso não representa fatos reais. De acorco com os especialistas, esse será apenas mais um “fim do mundo” ao qual todos iremos sobreviver.