TEXTANDO
Atelier de Jornalismo Impresso curso de jornalismo
Universidade de Caxias do Sul Número 1 2017/4
As ocupações nas escolas de Caxias do Sul engajaram estudantes secundaristas ao processo de reabertura da União Caxiense dos Estudantes Secundaristas
Impeachment é a Bola da vez no brasil PÁGINA 2
d.a. movimenta estudantes na comunicação PÁGINA 4
Caxias do Sul lança campanha setembro amarelo PÁGINA 4
Foto: Gabriela Bento Alves
movimento secundarista renasce em caxias do sul
EDITORIAL
EXPEDIENTE
O espírito de luta não se apagou
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esde sempre, a luta do movimento estudantil foi alicerce para movimentos políticos e sociais no País. A história mostra que um grande número de lideranças começaram o exercício da política na condição de estudantes. Na ditadura militar, eles formaram um dos mais importantes grupos de resistência. Por ocasião do impeachment do Presidente Collor, os “caras pintadas”, jovens estudantes, mostraram que o movimento continuava vivo, mesmo depois de duas décadas de dura repressão. Hoje, esses mesmos estudantes são a voz de movimentos como o negro, o lgbt e o feminista, lutando por seus direitos sociais e de expressão. A cada dia que passa mais estudantes militam em movimentos sociais, movimentos estudantis, e nos mais diversos espaços. Começam a fazer valer o que disse Bertold Brecht, um dia. “Há homens que lutam um dia e são bons; há homens
que lutam por um ano e são melhores; há homens que lutam por vários anos e são muito bons; há outros que lutam durante toda a vida; esses são imprescindíveis”. Em recente episódio, que estará para sempre escrito a sangue na história da educação em nosso País, o Reitor da Universidade Federal de Santa Catarina cometeu suicídio, depois de ver exposta sua honra e dignidade, encarcerado sem direito à mínima defesa. Seu velório ocorreu nas dependências da Universidade à qual dedicou uma vida inteira. Lá estavam milhares de estudantes, mais uma vez na defesa da democracia, dos direitos sociais e da cidadania. Jovens que, naquele momento, mais do que prantear a dor do Reitor da UFSC, defendiam o cidadão brasileiro e seus direitos. Embora muitas pessoas não tenham se dado conta da importância daquele gesto de cidadania. As ocupações nas escolas, que visavam
uma melhoria nas condições do ensino, infraestrutura, merenda e valorização dos professores, surtiram efeito de norte a sul do Brasil. Grêmios estudantis, diretórios acadêmicos e diretórios centrais de estudantes retomam posição de protagonismo no cenário político nacional. Em diferentes esferas e lugares, levantase a voz estudantil, encobrindo a nação. Em 2016, ocuparam escolas e tiveram de ser ouvidos. Com tantas afrontas à vida escolar, cada vez mais precisa-se da luz dos estudantes. A PEC 55 e a Reforma do Ensino Médio vão afetar desde secundaristas até estudantes universitários de modo maléfico, afinal, não terão mais disciplinas como sociologia, filosofia, história, artes e educação física. E quanto a isso, restam somente a resistência e a luta. Como disse Eduardo Galeano, “somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos.”
Reitor: Dr. Evaldo Antonio Kuiava Diretora da Área de Ciências Sociais: Dra. Maria Carolina Rosa Gullo Coordenador do Curso de Jornalismo: Me. Marcell Bocchese Professora Responsável: Dra. Marlene Branca Sólio Atelier de Jornalismo Impresso Turma 2017/4: Alessandra Teixeira Brenda Luísa Dalcero Carolina de Barros Pereira Canton Elisa Oliveira Ambrosi Gabriela Bento Alves María Fernanda Morales Ramírez Thamires Rodrigues Bispo Universidade de Caxias do Sul Campus-Sede Rua Francisco Getúlio Vargas, 1130 Petrópolis, Caxias do Sul CEP 95070-560 Telefone: (54)3228-2100 www.ucs.br Twitter: @UCS_Oficial Facebook: UCS Oficial
A Moda do Impeachment pode pegar
Em Caxias do Sul, o prefeito Daniel Guerra já recebeu dois pedidos de impeachment no primeiro ano de governo Foto: Câmara de Vereadores de Caxias do Sul
mento da Festa da Uva programada para 2018, o pedido de devolução da sede da União Associações de Bairros (UAB), entre outros. No dia 5 de setembro, os vereadores caxienses recusaram por unanimidade o pedido de impeachment do prefeito Daniel Guerra. Em 19 de setembro, o vice-prefeito de Caxias do Sul, Ricardo Fabris, filiado ao PSD, protocolou mais um pedido de impeachment contra o prefeito Daniel Guerra. Desta vez, a denúncia refere infrações político-administrativas, crime de responsabilidade e ato de improbidade. A Câmara de Vereadores rejeitou o pedido feito pelo vice-prefeito. IMPEACHMENT E CRIME
O primeiro pedido de impeachment de Daniel Guerra foi rejeitado por unanimidade
Gabriela Bento Alves gbalves1@ucs.br
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egundo o dicionário, impeachment é a impugnação de mandato; um processo de cassação feito a partir de uma denúncia de crime contra uma autoridade, geralmente um presidente, sendo a sentença proferida pelo poder legislativo. No Brasil, seis processos de impeachment já foram abertos contra Presidentes da República. O primeiro, contra Getúlio Vargas, em 1945. Café Filho e Carlos Luz,
também foram denunciados, porém o processo não chegou ao fim. Em 1992, Fernando Collor de Mello, o primeiro presidente eleito pelo voto popular depois da ditadura militar no Brasil, renunciou a seu cargo após o processo de impeachment ganhar força no Legislativo. Em 2016, Dilma Rousseff, a primeira presidente mulher do Brasil, sofreu processo de impeachment justificado por “manobras fiscais”. Além desses, o mundo já assistiu figuras como Bill Clinton, presidente americano, serem réus em processo de impeachment. No dia 25 de agosto, foi protocolado na Câmara dos Vereadores de Caxias do Sul,
o pedido de impeachment do prefeito DanielGuerra. O bacharel em Direito João Manganelli Neto, que na época era filiado ao Partido Progressista, justificou o pedido com quatro principais pontos: violação de decisões judiciais acerca da questão do viceprefeito Ricardo Fabris; violação da autonomia do Legislativo com a nomeação do líder do governo Chico Guerra para compor a comissão que discute a ocupação da Maesa e, finalmente, violação dos direitos sociais em manifestações na prefeitura, que acabaram em confronto entre a população e a Guarda Municipal. Além desses, Manganelli cita no documento a greve dos médicos, o cancela-
O advogado Wilson Steinmetz, professor no curso de Direito da Universidade de Caxias do Sul, explica que o processo de impeachment nos âmbitos municipal e federal são diferentes. Para prefeito, o processo é regulado pelo decreto lei 201/1967, somado à lei orgânica do município. Steinmetz aponta que “o processo de impeachment, no Brasil, se chama crime de responsabilidade. Não é uma expressão apropriada, porque a rigor não se trata de crime, no sentido comum, como se fosse um delito penal, mas sim uma infração. A gente chama de infração político-administrativa”. O professor afirma que no caso da expresidenta Dilma, o processo não foi apenas jurídico. “Houve uma caracterização, com base na constituição e em uma lei federal que regula, especificamente, o processo de impeachment do Presidente da República. Mas, Dilma sofreu impeachment também por questões políticas”.
Renasce o movimento estudantil em Caxias Desativada há quatro anos, a União Caxiense dos Estudantes Secundaristas é reativada e tem novo comando Foto: Stela Farias
Em seguida, segundo o estudante, constatou-se que a mesma compunha a chapa 1. Além da crítica ao modo como a comissão foi definida, Vauber comenta que “ as votações, se deram sem critérios e como o intuito de beneficiar a chapa 1, com a qual a comissão eleitoral tinha relações políticas e até familiares. Os mesários todos eram do mesmo grupo político que compunha a chapa 1”, critica.
“Sabemos o quanto difícil é o movimento estudantil secundaristas ter voz e vez na cidade” Apesar das críticas e de não reconhecer o resultado da eleição, o então candidato lembra da importância da reativação da União. “Creio que na atual situação do País, é fundamental a reabertura dessas entidades históricas, como a UCES. Mas é importante salientar que nós formamos um coletivo de Estudantes, o coletivo Enfrente. Não validamos o processo e sequer reconhecemos a atual gestão”, destaca. A atual presidente da UCES, e então candidata pela chapa 1, Júlia Carolina, salienta a importância da reabertura da entidade. “Sabemos o quanto difícil é o movimento estudantil secundaristas ter voz e vez na cidade. Assim, sentíamos uma enorme falta
de representatividade em nível municipal. A reabertura da UCES é e foi importante pelo fato de dar um norte a nós estudantes e agora termos a quem recorrer”, lembra. A presidente comenta como foi definida a comissão eleitoral, sem citar a acusação de fraude. “Houve uma assembleia geral para a aprovação do edital, na mesma os estudantes se colocaram à disposição para fazerparte da comissão eleita e foram escolhidos os sete mais votados pela maioria do plenário. Todos os estudantes secundaristas presentes votaram”, afirma. Júlia também conta como foram as eleições, organizadas por região.”Cada região votava somente em uma escola, e o voto foi secreto”, explica. No Fórum da cidade, há um documento que pede a anulação da eleição. Porém, a Justiça
“Na atual situação do País, é fundamental a reabertura dessas entidades históricas” não deu andamento a uma decisão, e não há mais informações sobre o caso. A chapa A Escola É Nossa, tomou posse da União Caxiense de Estudantes Secundaristas no dia primeiro de setembro, e permanece no comando.
Candidato à presidência da UCES, pela chapa Enfrente, Vauber Ribeiro, discursando
Alessandra Teixeira astexeira@ucs.br
Foto: Gabriela Pellenz
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União Caxiense dos Estudantes Secundaristas, UCES, foi desativada no ano de 2013. A entidade é a voz dos estudantes secundaristas. Podem participar das ações da UCES estudantes do Ensino Fundamental e Médio de Caxias do Sul. Em 2017, estudantes do Ensino Médio de escolas públicas fizeram movimentações para a reativação da entidade e conseguiram. Após quatro anos desativada, a UCES volta a ter uma diretoria.
da comissão eleitoral. “Em assembleia geral, amplamente divulgada foi eleita, a comissão. Houve reclamações de estudantes dizendo que a moça que estava marcando, marcou num nome e era no outro, pois não foi voto secreto, outro motivo de queixa.”
“Sentíamos enorme falta de representatividade em nível municipal” Duas chapas disputaram a eleição pelo comando da União. A votação foi realizada nos dia 16, 17 e 18 de agosto, reunindo a chapa 1, A Escola É Nossa, e a chapa 2, Enfrente. Pela apuração dos votos, a eleita foi a chapa 1, A Escola é Nossa. Porém, houve acusações e queixas sobre suposta fraude. O candidato da chapa Enfrente, Vauber Ribeiro, diz que a queixa inicia na definição
A UCES foi desativada em 2013, sob a acusação de fraude nas carteiri nhas de estudantes. O então presidente teria iniciado a venda de carteiras de estudante, que deveriam dar direito a meia entrada, entre outros descontos, benefício que não se confirmou. O caso chegou à justiça, que determinou a desativação da entidade.
Atual presidente da UCES, Júlia Carolina, em movimento
“Comunica” movimentou cursos da UCS Semana Acadêmica trouxe à UCS profissionais com destacada atuação no mercado da comunicação
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e 11 a 15 de setembro, ocorreu a Semana Acadêmica dos cursos de Comunicação Social. Os eventos foram organizados pelos diretórios acadêmicos dos cursos de Jornalismo, Relações Públicas e Publicidade e Propaganda. As palestras e rodas de conversa foram organizadas com profissionais atuantes no mercado de trabalho da Comunicação. No dia 15, sexta-feira, a publicitária Ana Carolina Della Barba encerrou a Comunica com a palestra “Mandamentos do Close Criativo: o que você precisa saber para lacrar na publicidade”. O curso de Jornalismo recebeu palestras sobre Assessoria de Imprensa, com Ricardo Dini, jornalista da Dinâmica Comunicação, Guilherme Fadanelli, coordenador de Comunicação da Prefeitura de Caxias do Sul e Cristiane Barcelos, assessora de imprensa no setor político; workshop de Técnicas Teatrais, com Miguel Beltrami; Mídia Geek e Cultura Pop, com Marco Lazarotto, do site Infosfera e Marton Santos, do site Papricast; Rádio Digital e Novos Públicos, com Maurício Preto, da rádio Mais Nova FM e Renato Martins, da FM Cultura; Fotojornalismo, com Kadão, da Zero Hora, e Porthus Júnior, do Jornal Pioneiro, e Fake News e Pós-Verdade, com Ciro Fabres, editor de Opinião e Política do Jornal Pioneiro e Eduardo Seibel, do Grupo RBS. Bernardo Barcellos, presidente do
Diretório Acadêmico de Jornalismo, afirma que em 2016, foi proposta uma Semana Acadêmica problematizadora, abrindo debates acerca de questões sociais e falando sobre os paradigmas do jornalis mo. “Como a gestão Utopia seguiu, para este ano pensamos em falar da prática mesmo do jornalismo, abordando algumas temáticas em voga como o ‘Fake News e a Mídia Geek’. O diferencial foi sempre a escolha dos palestrantes. Buscamos uma visão de mundo, aliada a uma visão regional, ou seja, um palestrante de fora mas sempre com um profissional daqui da cidade para fazer o contraponto”, completa. Já o curso de Relações Públicas recebeu convidados como Guilherme Alf, abordando o tema “Relacionar-se bem é uma arte”; Camila Lustosa, que falou sobre o endomarketing; Mirella Steiner e Vanessa Renosto que falaram sobre o case “Homens na Cozinha”, juntamente com Patrícia e Kamila Mallmann, que aborda ram o tema eventos corporativos. As convidadas Carlise De Barba e Leila Cemin realizaram uma oficina de estratégias de comunicação e Ana Paula Sokoloski realizou uma oficina sobre planejamento e pesquisa. A coordenadora de relacionamentos do Diretório Acadêmico de Relações Públicas, Paulla Benke afirma que o objetivo do D.A para a Semana Acadêmica foi trazer experiências de profissionais e conteúdos inspiradores para os alunos. “Buscamos principalmente trazer assuntos que fossem atuais e de relevância, além de mostrar os desafios e alegrias do dia a dia da profissão. Espero que tenhamos conseguido cumprir
Foto: Juliane Spigolon
Gabriela Bento Alves gbalves1@ucs.br
Ricardo Chaves, o Kadão (direita), contou algumas das histórias que viveu com o fotojornalismo
com nosso propósito: deixar os alunos mais engajados com o curso e inspirados em ser um RP de excelência”, conclui ela. O curso de Publicidade e Propaganda recebeu o publicitário André Kassu, de São Paulo, que conversou com os estudantes sobre “O problema do futuro é que ele vira presente”. Também ocorreram workshops sobre fotografia de Splash, com o fotógrafo caxiense Júlio Soares, e sobre o software de edição AfterEffects, com o publicitário Filipe Consoni. “Como nascem as boas ideias” foi o assunto que o egresso da UCS André Lima abordou em sua palestra. O publicitário Sóli Limberger, que já conta com 20 anos de carreira no meio publicitário, foi o responsável pela con-
versa sobre o futuro da propaganda. Ivana Almeida, professora da UCS, foi convidada para mediar a análise do filme “Chevolution”. Damian Suazo, secretário geral do Diretório Acadêmico de Publicidade e Propaganda da UCS, explica que “o objetivo principal foi mostrar as oportunidades que teremos como futuros profissionais; Assim como mostrar o que conseguimos alcançar, além de apresentar uma oportunidade para absorver conhecimento de pessoas com maior experiência. A ideia foi proporcionar aos alunos integração e conhecimento do mercado e da área estudada, trazendo tanto conhecimentos teóricos como práticos”.
Setembro Amarelo busca prevenir suicídios Desde 2012, o Centro de Valorização da Vida de Caxias do Sul ajuda pessoas que buscam apoio emocional Foto: Vagner Espeiorin
O lançamento da campanha Setembro Amarelo lotou o auditório do Bloco H, na UCS
Gabriela Bento Alves gbalves1@ucs.br
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etembro é conhecido, desde 2015, como o mês da prevenção ao suicídio. A iniciativa é fruto do Centro de Valorização da Vida (CVV),
do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). O dia 10 de setembro é internacionalmente conhecido como o Dia da Prevenção Contra o Suicídio. O Rio Grande do Sul é o estado brasileiro que concentra o maior número de suicídios do País. Em 2015, segundo o
Ministério da Saúde, o estado registrou 10,1 óbitos para cada 100 mil habitantes. A média do País é de 5,6 óbitos para cada 100 mil habitantes e Caxias do Sul está em sintonia com ela. Em Caxias do Sul, o prefeito Daniel Guerra sancionou uma lei ordinária que institui na cidade o “Setembro Amarelo”. A intenção é conscientizar e manter o alerta sobre a necessidade da prevenção ao suicídio. Atualmente, Caxias conta com 58 voluntários que atuam no CVV e dedicam parte do seu tempo a ouvir e ajudar pessoas que precisam desabafar. Para manter-se, o Centro de Valorização da Vida arrecada verbas a partir
da promoção de eventos como jantares, bazares e palestras e aceita o trabalho de voluntáriospara atuarem nos plantões de atendimento. A Prefeitura Municipal e a Universidade de Caxias do Sul lançaram, no dia 2 de setembro, no Bloco H da Universidade, a programação do mês de prevenção ao suicídio. O evento contou com palestras sobre o tema do ponto de vista filosófico, sociológico e psicológico, com Luís Fernando Biasoli, Caetano Kayuna Sordi Barbará Dias e Tânia Cemin Wagner. Ricardo Nogueira e Andres Kieling também palestraram abordando a relação entre o suicídio e a psiquiatria.
ONDE PEDIR AJUDA O CVV funciona todos os dias das 8h às 22h. O telefone para contato é o 188 (a ligação é gratuita e sigilosa). Para urgências e emergências em saúde mental, o telefone para contato médico é o (54) 3209-4457, no Pronto-Atendimento 24 horas O contato pode ser também por e-mail, com o caxiasdosul@cvv.org.br