Ano 07
Entrevista Fabiano Tolentino Artigo Noções básicas sobre o ciclo estral equino
Zuma
da Dona Flor
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nº 24
Matérias Painél resultados Nacional 2014 Autobiografia de Frevo Santarém O clone da Figura do Barulho
Tramela
da Dona Flor
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Abril/2015
Índice Entrevista
16
Artigo
Fabiano Tolentino Um apaixonado pela raça Campolina e respeito ao agronegócio e às políticas públicas
53
Noções básicas sobre o ciclo estral equino por Gabriel Greco
Matérias
Matéria
56
30
O clone da Figura do Barulho
44
Autobiografia de Frevo de Santarém
A Raça Campolina no topo da tecnologia
Painél Nacional 2014 Confira os Campeões e Reservados da Exposição Nacional
por José Eugênio Dutra Câmara Filho (Dudu)
Capa
Ano 07
|
nº 24
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Abril/2015
Entrevista Fabiano Tolentino
Matérias Painél resultados Nacional 2014 Artigo Autobiografia de Frevo Santarém Noções básicas O clone da Figura do Barulho sobre o ciclo estral equino
Zuma da Dona Flor e Tramela da Dona Flor
Haras Dona Flor Nelson Grassi (37) 9911.2727 Vanessa Grassi (37) 9822.9339 Pará de Minas/MG Foto Capa: Pedrão
Zuma
da Dona Flor
Tramela
da Dona Flor
Expediente Edição e Diagramação Marco Livrão Tiago Martins Direção Marco Livrão livrao@cheiodeideias.com.br
Jornalista responsável
Direção de Arte Tiago Martins
Bianca Costa MT 10619
tiago@cheiodeideias.com.br 8 Força Campolina | Abril 2015
Fotos Ana Clark Duarte Hamilton Silvester Ivan Machado Nilo Coimbra Pedrão Pedro Viotti Roberto Pinheiro Sérgio Teixeira Sidney Araújo
Agência e Produção
(31) 2555.8900 www.cheiodeideias.com.br Rua Angustura, 210 | Sala 2/C Serra | Belo Horizonte/MG CEP: 30.220-290
Editorial “Nada no mundo substitui a persistência. Talento não substitui. Não há nada mais comum do que homens talentosos e fracassados. Genialidade também não. Gênios não reconhecidos são quase um provérbio. Cultura também é insuficiente. O mundo está cheio de pessoas cultas e não reconhecidas. Apenas a persistência e a determinação por si só são onipotentes”
Foto meramente ilustrativa
Ray Kroc - Fundador do McDonald´s
Tempo de Marketing Um famoso publicitário certa vez publicou que na crise é que se ganha espaço, que nos momentos em que só encontramos dificuldades temos a grande chance de ir para a cabeceira. As palavras servem como estímulo, mas esbarram na motivação de para onde realmente queremos ir, ou o que vamos conquistar sem atrelar às mudanças “conceituais” as nossas verdadeiras metas. Tivemos até aqui, e após nossa Semana Nacional, que, diga-se de passagem, foi mais uma vez uma festa maravilhosa, que encheu nossos corações de privilégios, poucos eventos, principalmente no quesito comercial. Especialmente os Leilões, tivemos um leque deles transmitidos por um canal de TV fechada, estas transmissões, realizadas com o subsídio da ABCCC, e outros pela internet, além dos canais de leilões on-line. Descobrimos que estas são ferramentas valiosas, mas também percebemos que o cavalo não entra, de maneira alguma, na vida de ninguém virtualmente, cavalo tem algo a ver com olhar, algo que é necessário tocar para ser valorizado. Quando este veículo de comunicação estiver na gráfica, a ABCCC estará em meio a nossa Expo Brasileira, em Londrina no Paraná, que tem o intuito de fomentar
e prestigiar as regiões mais distantes. Com certeza é um esforço caminharmos com o cavalo para praças mais longínquas, mas é preciso avaliar quais realmente serão ou são estes locais. Andar a esmo pode ser ao invés de um tiro no ar em forma de fogos, um tiro no pé que só nos desgasta e elimina energias. Espero que o direcionamento tome forma de viagem concreta e que novos rincões sejam conquistados, até porque o Campolina é forte e tem demonstrado isto. Este é um ano de transformações reais, de mudanças de atitude em relação aos criadores, já vi alguns dizendo que só levam animal em pista quando montado, mais uma prova que a valorização da função é foco em nosso dia a dia, mas lembramos de que a nossa raça é diferenciada pela “expressão e caracterização” e que se perdermos isto, estaremos em um mar comum, onde certamente as disputas são mais duras. O ano é de convocação, estamos penetrando em novos destinos, invadindo a casa de muitos, principalmente pela TV, vamos realizar a nossa Nacional em Barbacena, vamos partir para buscar territórios, mas vamos com este forte exército falando uma língua única que faz do Campolina mais forte. Força Campolina | Abril 2015 9
Entrevista
Fabiano Toletino Um homem apaixonado pela raça Campolina e com fortes convicções a respeito do agronegócio e de políticas públicas, perseverante, busca trabalhar para fazer a diferença na vida de todos os mineiro
Força Campolina: Como o senhor avalia o atual momento do agronegócio em Minas Gerais? Fabiano Tolentino: O agronegócio mineiro confirmou-se como destaque na economia do Estado em 2014, mesmo tendo enfrentado desafios inesperados, como a crise hídrica, aumento da taxa de juros, etc. Em um ano atípico, o PIB de 16 Força Campolina | Abril 2015
Foto: Acervo Criador
O agronegócio mineiro tem crescido e continuará crescendo, uma vez que o setor tem investido cada vez mais em qualidade e o Estado está se consolidando como referência no agronegócio.
Minas Gerais atingiu o valor recorde de R$159,265 bilhões, incremento de 6,22% em relação a 2013, de acordo com os dados oficiais mais recentes. O agronegócio mineiro tem crescido e continuará crescendo, uma vez que o setor tem investido cada vez mais em qualidade e o Estado está se consolidando como referência no agronegócio.
||| Eleição Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial
Como o senhor vê o atual momento da raça Campolina? Avalie também o momento de transição e as expectativas de mercado. Vejo com bons olhos o momento que da raça Campolina atravessa. Há uma expansão do cavalo Campolina, melhorando muito na sua parte de fenótipo, colocando-o na condição de um belo cavalo. E é dentro dessas condições, que a raça se dispõe a fazer o que é: um cavalo de sela, de beleza, de marcha, de competição, e também para o uso da família, seja nas cavalgadas ou nos enduros. A raça Campolina aproveita um período muito bom, tanto no mercado como também na questão do melhoramento genético. Fale um pouco de como anda o criatório Santa Rosa. O Criatório Santa Rosa é um criatório já com 33 anos, que preserva o andamento e tem animais com um bom biotipo, animais que morfologicamente se enquadram bem ao padrão da raça. Nós temos como os principais nascidos em nosso criatório a égua Talita do Santa Rosa, campeã nacional de marcha (hoje do haras Dona Flor) e também a Iracema da Santa Rosa, animal que foi campeão Nacional Pampa. No criatório, nós iniciamos com a L.E. de Santa Rita, o cavalo que fez as bases das nossas matrizes e depois foi usado o Danúbio do JB; Monarca do JB;
Killer das Flores; JR de Santa Rosa, entre outros. Agora estamos usando um animal comprado do criatório Barulho, que temos 50% do condomínio e já foi Reservado Campeão Nacional Mirim e 1º Prêmio nas Nacionais 2013 e 2014 no Convencional. Esperamos com esse novo animal produzir animais tanto com pelagem diferenciadas pampa, assim como também fazer a produção de animais que se enquadram bem dentro do que o comércio requer: animais de andamento bem marchados e com a beleza essencial da raça campolina. Como ex-árbitro da raça, fale de julgamentos e dê conselho aos mais novos. Acho que os julgamentos vem aprimorando no quesito estrutura corporal e aprumos. O animal Campolina tem que ter uma expressão racial de qualidade, porque o que difere uma raça das outras é exatamente sua forma de cabeça. Vejo com bons olhos os novos árbitros. Hoje eles têm condições de fazer ótimos julgamentos, pois temos bons animais em pista. Só devemos ter cuidado para não perdermos a nossa expressão racial, a beleza da raça Campolina e manter sempre animais proporcionais, bem marchados e nobres como diz o padrão.
Fotos: Acervo Criador
O senhor assumiu a Comissão Parlamentar de Política Agropecuária e Agroindustrial da Assembleia. Que importância e quais as metas a frente dela? Discussão dos impactos da estiagem prolongada sobre as cadeias produtivas da agropecuária em Minas Gerais e medidas para contornar as dificuldades dos produtores rurais atingidos. Prosseguimento e consolidação do pagamento por serviços ambientais - o Bolsa Verde. Consolidação da estrutura institucional para a execução das políticas públicas da agricultura familiar no Estado. Universalização da habilitação sanitária e reconhecimento dos diversos queijos artesanais de Minas Gerais e a edição do novo RIISPOA. Implementação do FECAFÉ. Realização de audiências públicas para discutir as políticas do Estado para a avicultura, bovinocultura, suinocultura, silvicultura, piscicultura, equinocultura e outros. Buscar solução para o problema da segurança no campo.
||| A filha do deputado, Sofia Tolentino, de apenas 2 anos,
mostrando a docialidade da raça Campolina Força Campolina | Abril 2015 17
AvAssAlAdor dA donA Flor samuray da dona Flor x Trivela da dona Flor Cale da Hibipeba Príncipe da Dona Flor Financeira da Palmeira Diamantina da Lobeira
nascimento: 10/12/2011 Pelagem: Alazã sobre baia Castrado
MACHO
AylA dA donA Flor
nairobe Mandala x Financeira da Palmeira Horizonte do Campo Sublime da Palmeira Agitada das Duas Marias Comenda da Palmeira Fêmea
nascimento: 29/12/2011 Pelagem: Alazã sobre baia Prenhez confirmada: Abdala da dona Flor
UIArA dA donA Flor
Quartel de Passa Tempo x odalisca da dona Flor Iluminado de Alfenas Prelúdio da Palmeira eficiência de Passa Tempo Hortênsia da Dona Flor
nascimento: 02/09/2007 Pelagem: Baia Prenhez confirmada: Ipê de luanda
Fêmea
UvA dA donA Flor
Quartel de Passa Tempo x Financeira da Palmeira Iluminado de Alfenas Sublime da Palmeira eficiência de Passa Tempo Comenda da Palmeira Fêmea
nascimento: 22/09/2007 Pelagem: Castanha Prenhez confirmada: Abdala da dona Flor
vITórIA dA donA Flor
Peter Pan da dona Flor x olinda da dona Flor Prelúdio da Palmeira Papoula do Império Imagem L.L.C. U.U.A de Santa Rita
nascimento: 02/01/2008 Pelagem: Alazã sobre baia Prenhez confirmada: Urano da dona Flor
Fêmea
Xodó dA donA Flor
Peter Pan da dona Flor x Qualidade da dona Flor Prelúdio da Palmeira Ghan da Rebeca Imagem L.L.C. Beija do Zapata MACHO
nascimento: 26/11/2009 Pelagem: Castanha
Matéria
A Raça Campolina no topo da tecnologia
Fotos: Marco Livrão
N
Com o nascimento do clone da Figura do Barulho, a raça parte para o cume da era tecnológica.
asceu o primeiro clone da raça Campolina, da famosa fêmea – Figura do Barulho, uma das mais importantes nos últimos tempos em resultados, principalmente pela prole de seu filho Gavião do Barulho, também desaparecido. É certamente uma evolução da tecnologia que avança para o encontro dos sangues mais perfeitos. O primeiro clone na pecuária foi no ano de 1996, realizado pelo Dr. Wilnut,a famosa ovelha Dolly, só dois anos depois é que foi realizado o segundo clone em um bovino já que o processo é complexo. No Brasil já tinha sito realizado em alguns equinos, nas raça nacionais o destaque vem para o clone do famoso Turbante JO ( Mangalarga Paulista). A clonagem , como qualquer nova tecnologia na área da biologia tem criado muita polemica. Como vimos há 20 anos atrás, quando no Brasil as primeira colheitas de embrião foram realizadas, muitos encaravam a técnica com cautela, outros a condenavam, mas os que acreditaram nela hoje colhem os frutos de um melhoramento genético sem precedentes. Muitas são as duvidas, mas a resposta mais clara é que ele terá exatamente o mesmo potencial genético, mas sabemos que o meio ambiente ( experiências vividas, nutrição, manejo, treinamento e etc), tem impacto em resultados, principalmente na carreira atlética do animal. No entanto é na reprodução que o clone terá benefícios incalculáveis, pois o potencial reprodutivo é exatamente o mesmo. A dúvida é quais são os verdadeiros e os pré requisitos para a clonagem. Necessariamente o clone é uma técnica de incremento da qualidade e não uma simples multiplicadora de animais. O clone da Figura......
||| Alegria de Cláudio Cunha com o nascimento dos clones da Figura do Barulho e equipe técnica do Haras do Barulho 30 Força Campolina | Abril 2015
FIGURA DO BARULHO
Matéria
Autobiografia de Frevo de Santarém
“N
por José Eugênio Dutra Câmara Filho (Dudu)
asci no criatório do Guido Pacheco de Magalhães, que fica no Vale do Rio Doce, no final de 74. Sou filho do Garboso de Passa tempo e da Rainha de Santa Marta. Em meados dos anos 70 o criatório Santarém ganhava quase tudo. Incomodou muito os tradicionais Passa Tempo e Gas. Meu criador era uma das pessoas mais gentis e finas da raça, hoje acho que vive em Vitória. Com a fama muitos vieram comprar potros no Santarém, e assim me compraram: nada mais nada menos que o então presidente da ABCCC Emir Cadar, que iniciava seu primeiro de quatro mandatos da nossa Associação. Na época Emir estava a procura de um potro a fim de dar um boom no seu criatório. E por obra do destino e da paixão de uma filha de um criador por um cavalos, ele me descobriu. Vou explicar: O Severino Veloso (sufixo São Pedro) convidou ao Emir para o primeiro Leilão da raça Campolina (em Campos), isto em 75. Acontece que o Leilão não aconteceu, pois na hora que o Premier de São Pedro (que depois foi ser garanhão na Santa Rita) entrou no palco, a filha do Severino, Valéria, entrou no palco chorando, abraçou o cavalo pedindo ao seu pai prá não vendê-lo, pai chora daqui, mãe chora de lá, filha abraça o Premier, Premier não entendendo nada, mas achando aquela família muito doida, e então o leilão nem começou e foi cancelado. Então o Emir, sem nada prá fazer, resolveu dar um “pulinho” em Valadares para fazer uma surpresa ao seu
amigo Guido. Foram até Aimorés para verem a produção do meu pai Garboso e do Radar em uma outra fazenda do Guido. E pronto! O Emir se apaixonou por mim. Tinha também o Faisão, o Feitiço (ambos com o nosso sufixo “de Santarém”) e o Zorro do Vai e Volta, um potro preto de criação do sobrinho do Guido, Zé Paulo. Então fui para Betim, na Fazenda Alvorada. Interessante que uma semana depois foram a Aimorés, o pai do Dudu, o irmão dele Luiz Ângelo, e o próprio Dudu, na época um menino chato de dez anos, que perguntava tudo sobre cavalo. Compraram o Faisão e o Zorro. Por muito tempo o Luiz Ângelo amolava o Emir dizendo que chegou depois e comprou o melhor. Mas a história não mostrou isto. Fui criado com maior carinho pelo Zé, o famoso Zé do Emir. A ele devo grande parte do sucesso que iria a alcançar na raça, Grande Zé! Quando estreei nas pistas, logo fui Campeão Nacional Júnior em São Paulo/76. Seu Bolivar e o Seu Gastão encheram minha bola. Emir viu que tinha acertado em apostar em mim.
||| Frevo de Santarém
44 Força Campolina | Abril 2015
Aliás, Emir e seu irmão Lycio, que também era meu dono. Mas quem gostava mais e conduzia a criação sempre foi o Emir. Mas o Lycio com aquela simpatia toda também sempre teve muito carinho por mim. Em 77 consegui fato inédito: Fui Bicampeão Nacional Júnior, em BH. Pois a diferença entre as Nacionais foi apenas de sete meses e não mudei de categoria. Ganhei a Nacional Macapê 78 e a de 79. Esta de 79 foi histórica, estreava nas pistas o Orgulho de Passa Tempo, e aquele danado ameaçava meu reinado. Foi uma disputa histórica: o parque estava dividido. O Dudu mesmo apostou no Orgulho - aliás, o Emir nunca soube desta preferência do Dudu. Mas ele dançou. Ganhei do Orgulho! Pronto: Estava no ponto para ganhar o título máximo da raça, a ser disputado na Nacional de Goiânia. Mas não é que a linhagem Passa Tempo vingou, perdi do Ousado. Mas era um cavalaço, ruim seria se tivesse perdido para um cavalo ruim. Não sei se era implicância comigo, mas o Dudu também achava Ousado melhor. Aliás ele achava Ousado quase um padrão da raça. Mas com o tempo, Dudu passou a me admirar. Esperei mais
||| Emir Cadar e Frevo de Santarém
||| As filhas Xuxa das Arábias e Luiza Brunet das Arábias
um ano e pronto, fui Campeão Nacional da Raça em 80, em Uberaba. Exposição inesquecível aquela. Meu Reservado foi o Ocidente de PT (dei o troco nos Passa Tempo), e ganhei ainda do Leon do CBranco, do Parlamento II da Lagoa Negra, do Mandão de Passa Tempo, do Gas Sucesso, e ganhei dele: Gas Dengoso (que, aliás, nunca se deu bem em pista). A partir daí fiquei só vendo minha prole ganhar sem parar. Progênie de Pai foram “trocentos”. Só em Barbacena minhas filhas ganharam cinco exposições seguidas o Campeonato Potranca. Macapê, Nacional, elas faturaram várias vezes: Imperatriz (linda alazã crinalva), Cinderela, Kátia, Catucha, Kênia (um mundo de égua), Malu (super Campeã), Pantera (que era a paixão do Dudu), Natureza, Malvina, Raridade (baia palha de frente maravilhosa), e as maravilhosas Stefhanie e Xuxa. Esta última teve uma história a parte. Campeã Nacional várias vezes, inclusive da Raça e ainda foi Campeã das Campeãs Nacional de Marcha e Campeã da Raça. Meus filhos, como a maioria dos garanhões, salvo exceções, não tinham o mesmo êxito nas pistas como as fêmeas. Mas tive o Mohamed Ali
(Campeão Nacional de Marcha), o Jesse James (na opinião do Dudu o melhor de todos, mas que morreu novo), o Bem Amado, e o Cambará de Santo Afonso, que foi ótimo reprodutor. A égua que mais gostava de todas que cruzei foi a Tiroleza das Arábias. Esta égua fez história nas Arábias. Com ela, nós produzimos: Imperatriz, Kênia, Pantera, Alessa, Cinderela, a maravilhosa Stephanie (mãe do Maktub - um ótimo macho nascido no criatório Arábias), e o Frevo das Arábias. (meu último filho e que tinha a mais bela cabeça entre todos meus filhos). Morri aos 20 anos, feliz da vida por ter transformado a criação do meu querido Emir numa das mais premiadas e qualificadas dos anos 80. E por aqui me sinto orgulhoso por ter produzido a Luiza Brunet das Arábias, mãe do grande Iluminado de Alfenas, escolhido por muitos como um dos mais importantes reprodutores da raça, sendo o cavalo com um legado inegável na melhoria da marcha do Campolina, ou seja, simplesmente... meu melhor herdeiro!!!! Deixo aqui um abraço a todos e fiquem tranquilos que daqui estamos muito bem. Estamos, eu e a querida amiga Alessandra que não sai do meu lombo, e ouvindo a gostosa prosa do Lycio, torcendo sempre que Deus abençoe sempre a linda e espetacular família de Emir e Maria Helena. Com carinho e gratidão eterna aos Cadar” Frevo de Santarém Força Campolina | Abril 2015 45
Artigo
Noções básicas sobre o ciclo estral equino Gabriel Greco Médico Veterinário gabrielgreco@terra.com.br
O
apropriado conhecimento do ciclo estral dos equinos faz-se necessário àqueles que trabalham com a espécie. Devido à evolução da equideocultura e, especialmente, do número de médicos veterinários especialistas em reprodução equina, muitos haras grandes já dispõem de
um profissional realizando o acompanhamento reprodutivo diário de seus animais. Todavia, alguns criatórios menores ainda são carentes de mão de obra qualificada e acabam enfrentando dificuldades com visitas veterinárias esporádicas. Isto
compromete significativamente o número de éguas gestantes ao término da estação de monta. O objetivo deste artigo é discutir noções básicas sobre o ciclo estral equino, a fim de conferir conhecimento ao pequeno criador e otimizar seus resultados.
a cobertura. De acordo com estudos evolucionistas, este comportamento de cio da espécie, sem que haja atividade ovariana condizente, é uma forma de estimular a socialização no rebanho entre ambos os sexos. Para que se tenha uma idéia, o primeiro cio fértil da estação de monta que antecede o estabelecimento da ciclicidade regular pode durar semanas, razão pela qual a sua utilização é recomendada apenas quando se tem acompanhamento veterinário. Nestes casos, existe a vantagem de grande parte das éguas estarem sincro1 nizadas, no cio. Com a medicação específica, consegue-se estimular a ovulação na maioria dos casos, reduzindo a duração do cio e antecipando o início da
estação de monta. Todavia, vale frisar que, nesta época, falhas ovulatórias são bem mais comuns. Por outro lado, os criadores desprovidos de acompanhamento profissional devem iniciar, sob o ponto de vista prático, a rufiação (Figura 1) e as montas naturais durante o mês de Outubro, quando a maioria das éguas já estará ciclando regularmente, a fim de otimizar o uso de seus garanhões. Outras questões influenciam a sazonalidade e a atividade ovariana ao longo do ano. Estima-se que 10 a 20% das éguas apresentam ciclos estrais regulares durante o ano inteiro. Porcentagens ainda maiores são identificadas quando estes animais apresentam-se bem nutridos, com escore corporal satisfatório. Sabe-se que a gordura produz um hormônio, a leptina, que estimula a atividade reprodutiva. Isto significa que éguas “gordas” podem ciclar ininterruptamente, com menores períodos de dormência reprodutiva.
1 Sazonalidade As éguas são classificadas como poliéstricas sazonais foto-período positivas. Isto significa que estes animais apresentam ciclos estrais recorrentes e férteis durante os meses de maior luminosidade, ou seja, nas estações da primavera e do verão. Nos demais meses, há redução na sua atividade ovariana. Dito isto, podemos afirmar que, fora da estação de monta, mesmo que as éguas venham a apresentar cio, existe menor probabilidade de ovularem e permanecerem gestantes após
||| Égua sendo rufiada por garanhão. Recomenda-se fazê-lo em local seguro, evitando acidentes. Força Campolina | Abril 2015 53
Artigo
Prevenção na Equideocultura
2 Ciclo Estral
3 Cio do Potro
O ciclo estral equino dura, em média, 21 dias, sendo dividido em duas fases distintas: o estro e o diestro. Durante o estro ou cio, a égua apresenta-se receptiva ao garanhão (Figura 2). Esta fase termina com a ovulação, que nada mais é que a liberação do óvulo, e apresenta duração muito variável: compreende em média sete dias, podendo durar de dois a 14 dias. Após o fim do estro, a égua ainda pode demonstrar sinais de receptividade sexual passadas 12 a 84 horas da ovulação. Já a fase seguinte, denominada de fase luteal ou diestro, possui um período mais definido, de 14 dias. Caracteriza-se pela presença de um corpo lúteo, que se forma de uma ovulação. Nesta fase, a égua rejeita de forma agressiva a aproximação do garanhão. Caso não haja fecundação, a égua retorna ao cio naturalmente ao término do diestro. Maiores taxas de concepção são obtidas quando o sêmen é depositado no trato reprodutivo da égua próximo à ovulação. Entretanto, a grande variação na duração do estro, bem como no intervalo entre o seu início e a ovulação, dificultam sobremaneira que se estime, sem acompanhamento veterinário, o momento ideal para que uma égua seja coberta. Os animais tendem a repetir a duração do cio em ciclos subsequentes: alguns tendem a ovular rapidamente, enquanto outros demoram a fazê-lo, razão pela qual se deve observar e tomar nota do comportamento individual. Outro fator complicador é que, passadas seis horas da ovulação (liberação do óvulo), ocorre significativo decréscimo nas taxas de fertilidade, a despeito da égua ainda apresentar sinais de cio. Por estas razões, recomenda-se aos criadores desprovidos de acompanhamento profissional rufiar suas éguas diariamente ou em dias alternados. As coberturas devem ser iniciadas no quarto dia de cio, a cada 48 horas, até que a égua rejeite o garanhão. Isto garante que o sêmen seja depositado no trato reprodutivo da fêmea próximo e antes da ocorrência de uma ovulação. Com o intuito de combater a endometrite persistente pós-cobertura, aconselha-se aplicar, de forma rotineira, 2 mL de ocitocina pela via intramuscular passadas quatro horas da monta natural. Este medicamento promove a contração uterina, ajudando na eliminação de fluido de seu interior. Terminado o estro, a égua deve ser novamente rufiada após duas semanas. O não retorno ao cio é um grande indicativo de que está gestante. É importante que o rufião desempenhe o seu papel de forma entusiasmada, sem agressividade, estimulando o maior número de éguas a expressarem o seu comportamento sexual, a fim de reduzir a incidência de cios silenciosos. Estes são especialmente comuns em potras de dois a três anos e em éguas recentemente paridas, com potro ao pé.
O cio do potro é o estro que a égua desenvolve poucos dias após o parto. Ao contrário do que muitos acreditam, possui menor fertilidade em comparação aos demais, já que algumas éguas ainda não terão conseguido “limpar” o útero de forma adequada. Entretanto, este cio possui a vantagem de não necessitar de rufiação diária. Apesar da maioria das éguas ovular passados dez dias do parto, existe considerável variação, já que algumas o fazem com apenas oito dias e outras, com somente 15 dias. Por esta razão, recomenda-se iniciar as coberturas a partir do oitavo dia após o parto, a cada 48 horas, até que a égua rejeite o garanhão. Deve-se atentar ao fato de que algumas éguas não manifestam cio até que o seu potro atinja certa idade. Nestes casos, aconselha-se realizar três montas naturais em dias alternados, a partir do oitavo dia após o parto. O uso da ocitocina quatro horas após a cobertura é especialmente recomendado durante o cio do potro.
54 Força Campolina | Abril 2015
4 Conclusão As características fisiológicas do ciclo estral da égua dificultam que se determine, sem o acompanhamento veterinário, o momento ideal para realizar a monta natural. Todavia, o intenso manejo destes animais através da rufiação permite que se consiga emprenhar a maioria das éguas ao final da estação de monta, desde que o garanhão esteja disponível para cobrir a égua quando necessário. Entretanto, é importante frisar que algumas éguas não se encaixam nos protocolos acima recomendados, seja por apresentarem patologias reprodutivas ou por simplesmente manifestarem cios silenciosos. Nestes casos, é imprescindível o acompanhamento de um médico veterinário. ||| Égua demonstrando sinais de cio, afastando seus membros posteriores, dorso-flexionando sua coluna, levantando sua cauda e urinando frente ao estímulo do garanhão.
2
Confira os resultados da 34ª Nacional do Campolina Fêmea
| Campeonatos
Potra Pré-Mirim
Égua Master
Égua Júnior Maior
Campeã
Campeã
Campeã
Egoísta do Haras Ventania
Diva J.H.R.
Ivy da Hibipeba
Res. Campeã
Res. Campeã
Res. Campeã
Zegna Mandala
Zafira da Dona Flor
Sagrada do Chiribiribinha
Potra Mirim Campeã Colombina do Chiribiribinha
Égua Adulta
Égua Master Maior
Campeã
Campeã
Garoa TE do Aventureiro
Sabará da Maranata
Res. Campeã
Res. Campeã
Res. Campeã
Ximena do Pinval
Quiloucura de São Judas
Bandida II do Campoléo
Potra Jovem
Égua Adulta Maior
Marcha Égua Jovem
Campeã
Campeã
Campeã
Decolagem do Haras Ventania
Zara da Dona Flor
Jady Lalomax
Res. Campeã Obscena da Hibipeba
Res. Campeã
Res. Campeã
Tigresa do Pinval
Inédita de Luanda
Égua Sênior
Potra Maior Campeã
Campeã
Garota da Fronteira
Lambada do Barulho
Marcha Égua Júnior Campeã Quimoleka de São Judas
Res. Campeã
Res. Campeã
Res. Campeã
Obra da Hibipeba
Xarlote do Chiribiribinha
Duquesa do Porto Rico
Potra Júnior
Égua Sênior Maior
Campeã
Campeã
Naja do Barulho
Opala de São Judas
Marcha Égua Júnior Maior Campeã Zafira da Dona Flor
Res. Campeã
Res. Campeã
Res. Campeã
Cerveja do Haras Ventania
Maria Bonita do Chaparral
Gas Macadâmia
Égua Jovem
Égua Graduada
Campeã
Campeã
Fotografia de Santa Anna
Soberana do Camparal
Marcha Égua Adulta Campeã Fábula do Esmero
Res. Campeã
Res. Campeã
Res. Campeã
Azaléia do Chiribiribinha
Krhisna da Hibipeba
Cris da Lagoa da Chave
Égua Júnior
Égua Graduada Maior
Campeã
Campeã
Marah da Hibipeba
Opala do L.P.D.
Marcha Égua Adulta Maior Campeã Fiorella da JAD
Res. Campeã
Res. Campeã
Res. Campeã
Questão de São Judas
Carícia do Campanário
Badalada do JBJ
56 Força Campolina | Abril 2015
Marcha Égua Sênior Campeã Lambada do Barulho
Marcha Égua Master
Grande Marchador Campeã
Campeã Mirra do Pantaleão
Quimoleka de São Judas
Res. Campeã
Res. Campeã
Res. Campeã
Amora da Lagartixa
Ivy da Hibipeba
Elba da JAD
Marcha Égua Sênior Maior
Marcha Égua Master Maior
Campeã Félix Martina
Campeã PROR Formosa
Raça Jovem Campeã Naja do Barulho
Res. Campeã
Res. Campeã
Res. Campeã
Opala de São Judas
Ana Laura do Lancaster
Decolagem do Haras Ventania
Marcha Égua Graduada Campeã Krhisna da Hibipeba
Raça Adulta
Melhor Cabeça Jovem Campeã
Campeã
Udachi do R.N.
Soberana do Camparal
Res. Campeã
Res. Campeã
Res. Campeã
Soberana do Camparal
Beldade do Chiribiribinha
Opala de São Judas
Marcha Égua Graduada Maior Campeã Elba da JAD
Melhor Cabeça Adulta
Progênie de Mãe
Campeã
Campeã
Jóia de Halabara
Fera da Hibipeba
Res. Campeã
Res. Campeã
Res. Campeã
Iluminada do RM
Sagrada do Chiribiribinha
Loucura do Chiribiribinha
Macho
| Campeonatos
Potro Pré-Mirim Campeão
Potro Jovem
Campeão
Campeão
Éfeso do Santo Antônio
Destroyer do Haras Ventania
Res. Campeão
Res. Campeão
E-Mail do Haras Ventania
Destroyer do Santo Antônio
Potro Mirim
Cavalo Jovem
Res. Campeão Hans da Terra Preta
Cavalo Adulto Capricho J.H.R.
Up Grade Mandala
Sultão de São Judas
Comanche do Bandarra
Campeão
Campeão
Campeão
Cavalo Júnior Maior
Res. Campeão
Res. Campeão
Res. Campeão
Orit da Hibipeba
Instinto de Luanda
Lene da Hibipeba
Potro Campeão
Cavalo Júnior
Campeão
Campeão
Ousado da Hibipeba
Cavalo Adulto Maior
Xumaki do REPOLv
Volpi do Chiribiribinha
Res. Campeão
Res. Campeão
Res. Campeão
Vero da Água Santa
Mitzi da Hibipeba
Apache J.H.R. Força Campolina | Abril 2015 57
Macho
| Campeonatos
Cavalo Sênior
Melhor Cabeça Jovem Campeão
Campeão
Castrados Campeonatos
Barack da Dona Flor
Valente do Porto Rico Res. Campeão
Res. Campeão
Inci da Hibipeba
Orit da Hibipeba
Marcha Cavalo Jovem Campeão
Melhor Cabeça Sênior Campeão Gas Montesuma II
Zulu da Dona Flor Up Grade Mandala
Capricho J.H.R.
Raça Jovem
Res. Campeão
Res. Campeão
Sultão de São Judas
N.O. de São Judas
Res. Campeão Best-Seller do Haras Ventania
Marcha Cavalo Júnior Maior Campeão
Raça Adulto Campeão Up Grade Mandala
Quincas de São João
Castrado Sênior Campeão Herdeiro da Hibipeba
Campeão Ousado da Hibipeba
Seiko de Atibainha
Kamp da Hibipeba Res. Campeão
Res. Campeão
Campeão
Campeão
Fantástico JMM dos Coqueiros
Res. Campeão
Marcha Cavalo Júnior
Castrado Jovem
Marcha Castrado Jovem
Res. Campeão
Res. Campeão
Veloz U.A.I.
Capricho J.H.R.
Campeão Kamp da Hibipeba Res. Campeão
Marcha Cavalo Adulto
Progênie de Pai Júnior
Fantástico JMM dos Coqueiros
Campeão
Campeão
Moleque de São Judas
Criador da Raça Res. Campeão
Res. Campeão
Capricho J.H.R.
Faraó da Hibipeba
Marcha Cavalo Adulto Maior Campeão
Progênie de Pai Sênior
Marcha Castrado Sênior Campeão Herdeiro da Hibipeba Res. Campeão
Campeão
Huno do Barulho
Neruda do Chiribiribinha
Ringo J.G.O. Res. Campeão
Res. Campeão
Diplomata do Reig
Gavião do Barulho
Marcha Cavalo Sênior Campeão Valente do Porto Rico
Grande Marchador Campeão Seiko de Atibainha
Grande Marchador Castrado Campeão Herdeiro da Hibipeba
Res. Campeão
Res. Campeão
Res. Campeão
Fantoche de Nahey
Ringo J.G.O.
Huno do Barulho
58 Força Campolina | Abril 2015
Marcha Picada
| Campeonatos
Fêmea
Marcha Égua Júnior Maior
Égua Jovem
Campeã Turmalinda da Fazenda Velha Res. Campeã
Campeã Fênix de Vervey
Cavalo Júnior Maior Campeão Real do Bandarra Res. Campeão
Raça do G.T.S.
Cassino da Mima
Res. Campeã Monalisa do Barulho
Égua Júnior Campeã Devassa do Campanário
Marcha Égua Adulta Campeã Dakota do Barulho Res. Campeã
Marcha Cavalo Jovem Campeão Joalheiro do RM Res. Campeão
Nina do Muiraquitã
JR do RM
Res. Campeã Tainá do Camparal
Égua Júnior Maior Campeã Uva da Dona Flor
Grande da Raça Campeã Uva da Dona Flor Res. Campeã
Marcha Cavalo Júnior Campeão Everest de Luanda
Nina do Muiraquitã Res. Campeã
Turmalinda da Fazenda Velha
Égua Adulta Campeã Nina do Muiraquitã
Grande Marchador
Res. Campeão Ultimato do Nagladir
Marcha Cavalo Júnior Maior
Campeã Cavalgada da Raça Res. Campeã Nina do Muiraquitã
Campeão Real do Bandarra Res. Campeão
Res. Campeã França da Maranata
Marcha Égua Jovem Campeã Zabela do G.T.S
Macho Cavalo Jovem
Res. Campeã
Res. Campeão
Fênix de Vervey
Gas Iluminado II
Campeã Cavalgada da Raça
Grande da Raça Campeão Astro do Moinho
Campeão Astro do Moinho
Marcha Égua Júnior
Sul do Oratório
Cavalo Júnior Campeão Ultimato do Nagladir
Res. Campeão Gas Iluminado II
Grande Marchador Campeão Everest de Luanda
Res. Campeã
Res. Campeão
Res. Campeão
Brutta do Porto Rico
Don Juan da JAD
JR do RM
Força Campolina | Abril 2015 59
O HDM Horse Service nasceu para ser referência na prestação de Serviços para a equideocultura nacional. Com Larga experiência no setor e uma infraestrutura muito bem montada, especializouse na prestação de serviços zootécnicos e veterinários nas áreas de reprodução, ortopedia, cirurgia, diagnóstico e exames laboratoriais com uma competente equipe multidisciplinar.
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