Revista Força Campolina 23

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Ano 07

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nº 23

Entrevistas Nelson Grassi Dante Muzzi Matéria JPR é GAS Artigos Odontologia Equina Prevenção na Equideocultura

Acesse: www.harascampanario.com.br

Apolo

da Mata Grande

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Outubro/2014






Índice Entrevistas

Artigo

19

Nelson Grassi

Prevenção na Equideocultura

38

Dante Muzzi

73

Um apaixonado pelo Campolina

Um pequeno grande criador

Artigo

58

Cinco maneiras simples de se identificar a presença de doenças em potros recém-nascidos

Matéria

Odontologia Equina

86

Uma aliada ao bem-estar animal

Capa

JPR é GAS A tradição do sangue no berço

Apolo da Mata Grande Ano 07

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nº 23

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Outubro/2014

Entrevistas Nelson Grassi Dante Muzzi Matéria JPR é GAS Artigos Odontologia Equina

Res. Grande Marchador Nacional 2011 Grande Marchador da Copa Minas 2011 Grande Marchador da Copa Rio 2011 Campeão de Progênie de Pai - Esmeraldas/MG 2014

Prevenção na Equideocultura

Haras Campanário Capim Branco/MG www.harascampanario.com.br

Foto Capa: Hamilton Silvester

Acesse: www.harascampanario.com.br

Apolo

da Mata Grande

Condomínio de Cotas Paim - TOP - Santa Anna - Capibaribe Monte Real - TK - Sítio Tamandaré

Errata A matéria “Espádua a fora não existe”, página 42, veiculada na edição nº 22 - Agosto/2014 desta publicação, é de autoria de Paulo Canabrava.

Expediente Edição e Diagramação Marco Livrão Tiago Martins Direção Marco Livrão livrao@cheiodeideias.com.br

Jornalista responsável

Direção de Arte Tiago Martins

Bianca Costa MT 10619

tiago@cheiodeideias.com.br 6 Força Campolina | Outubro 2014

Fotos Ana Clark Duarte Hamilton Silvester Ivan Machado Nilo Coimbra Pedrão Pedro Viotti Roberto Pinheiro Sérgio Teixeira Sidney Araújo

Agência e Produção

(31) 2555.8900 www.cheiodeideias.com.br Rua Angustura, 210 | Sala 2/C Serra | Belo Horizonte/MG CEP: 30.220-290


Editorial “Nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo para a vitória é o desejo de vencer” Mahatma Gandhi

A ROTA DOS VENCEDORES raça, a não ser, e repito, a não ser que tenham regras e metas definidas para este trabalho ou para esta nova determinação. A rota da vitória, não está ligada a presença de sangues de outras raças. Tenho andado por vários criatórios, e continuarei nesta peregrinação, e percebido exemplares com qualidade fundamental para disputarmos com qualquer raça de cavalos de sela, mesmo acreditando que esta não é a meta, temos que brigar por uma fatia de mercado sim, mas mostrando nossos méritos, colocando as qualidades de função, beleza, expressão, porte nobre e confiabilidade genética como fundamental mote para a conquista do mercado, este é o conceito para o plano de marketing. Frente a esse cenário, afirmo que a raça está no caminho certo. Mais uma vez chegamos a Nacional, e a Revista Força Campolina e a Livrão Assessoria, vem com inovações que colocam este veículo de comunicação na rota da tecnologia, assim também temos a certeza que o Campolina vai vencer mais algumas barreiras e conquistar a vitória tão cobiçada. Força Campolina sempre! Marco Livrão

Foto meramente ilustrativa

Debruço-me sempre no futuro como norte e estrada, fico atento ao movimento e tendências dos criadores e seus criatórios, bem como as nuances do mercado, e por algum tempo tenho determinantemente focado em buscar os rumos em curto prazo. Há algum tempo as rotinas são pela procura de um cavalo “marchador”, este termo certamente vem sendo o mais utilizado, nos últimos tempos, por todos aqueles que frequentam as hordas da raça Campolina. As mudanças, de preferência, aconteceram com o objetivo de fortalecer a principal função do cavalo Campolina: um animal necessariamente produzido para a função, para ser usado, não apenas para ser visto. Esta rota, com certeza tem mexido muito com um grande número de criatórios que se viram obrigados a mudar seus rumos, principalmente porque existe um ajuste nítido nos resultados em julgamentos e no mercado. Não adianta andar em contramão, mas também não podemos aceitar mudanças a qualquer custo, não podemos perder as conquistas importantes que fazem do cavalo Campolina nobre e altivo, e saibam, sou extremamente contra a influência que sangues diferentes em nossa

Força Campolina | Outubro 2014 7













Entrevista

Nelson Grassi Um apaixonado pelo Campolina

N

a raça há 27 anos, o prestigiado criador Nelson Grassi, titular do haras Dona Flor, conversou com a revista Força Campolina e nos elucidou bastante sobre a raça, o mercado e o novo Campolina. Confira a entrevista: Força Campolina: Como o senhor avalia o momento atual da raça Campolina? Nelson Grassi: Acredito que a raça esteja atravessando por um momento de importantes mudanças em prol do cavalo mais funcional. Um animal mais próximo a um biotipo de sela, priorizando principalmente a marcha, revendo conceitos ultrapassados e voltando-se para considerações zootécnicas.

Fale-nos um pouco sobre os julgamentos, do quadro de árbitros e do calendário da Raça. Considero o quadro de árbitros da Associação deficiente, sendo necessário ampliá-lo e estabelecer um processo contínuo de formação técnica e reciclagem, imprescindível para que a raça alcance seus objetivos. É claro e notório que os resultados dos julgamentos são um dos principais e mais importantes fatores no auxílio do criador no direcionamento e evolução de seu plantel. Todo o quadro técnico de uma associação deve trabalhar em busca do mesmo objetivo, isto é, não adianta a diretoria ou o conselho técnico concluir sobre mudanças zootécnicas que a raça necessita e o quadro de técnicos de registro orientar os associados, em seus criatórios, na busca desta mudança e os árbitros, em seus julgamentos, não levarem em consideração tais determinações. Resumindo todos devem falar a mesma língua. Em relação ao calendário, penso que o número de exposições é reduzido, com poucos eventos. Seria necessário a inclusão de Copas de Marchas e provas funcionais que valorizem cada vez mais a funcionalidade e a capacidade de marcha de nossos cavalos. Mostrar aquilo que o Campolina tem de melhor! Como o senhor avalia a seleção de animais em seu criatório? Sempre fui adepto a cavalgadas e utilizo meus animais para montaria com frequência, então a seleção em meu plantel está fortemente ligada à avaliação do cavalo como animal de sela, Força Campolina | Outubro 2014 19


Entrevista

Nelson Grassi

• Reduzir

a burocracia; o atendimento, valorizando o pequeno criador; • Criar um campeonato brasileiro de marcha - CBM. Em relação as exposições sugiro: • Tornar as exposições mais atraentes e agradáveis de serem assistidas, estimulando os proprietários e suas famílias a participarem de concursos e provas funcionais, principalmente os filhos destes criadores que se tornarão herdeiros da raça Campolina Como anda o plantel Dona Flor, fale um pouco dos projetos e do futuro? Há 27 anos venho trabalhando na busca por um cavalo Campolina que atenda as características funcionais e de marcha. Minha equipe se esforça em promover um processo seletivo, identificando indivíduos que possuam tais características, realizando cruzamentos que fortaleçam e permitam seu uso por qualquer pessoa, mesmo com pouca habilidade de equitação. Buscamos um cavalo com conformação alinhada a zootecnia da raça, cada vez mais direcionada à funcionalidade e harmonia no movimento, isto é, que tenha competência na locomoção e que permita ser utilizado em atividades cotidianas na fazenda. Concordo e compartilho uma frase de meu amigo Zezinho que diz: “Bom com bom pode dar ruim. Ruim com ruim nunca dará bom!”. Isto está claro em qualquer processo seletivo e me preocupo muito com a seleção de meus cavalos. O plantel Dona Flor tem que se deslocar com eficiência, nobreza e beleza. Todos os meus cavalos possuem genética de marcha, isto garante leveza no movimento além do conforto para o cavaleiro. Eu me sinto uma peça importante para a raça Campolina. Meu plantel é todo voltado para a funcionalidade. Sou apaixonado pela raça e tenho a responsabilidade de colocar o cavalo Campolina no lugar que ele merece. Devemos fixar nosso pensamento na marcha, isto é, cruzar indivíduos bons • Melhorar

||| Sempre conversando sobre marcha buscando sempre as qualidades que um bom cavalo de sela deve apresentar: comodidade, temperamento de sela, docilidade, rusticidade, facilidade em embocar, entre outros. Friso que o adestramento realizado em meus cavalos valoriza tais características e que possibilite a qualquer pessoa montá-lo. Minha filosofia de trabalho é disseminada a todos que trabalham comigo, sempre respeitando o padrão racial do cavalo Campolina. Posicione o Campolina no “mercado” e dê a sua opinião sobre qual a melhor maneira de conquistar mais espaço. Vejo que o cavalo Campolina possui um número expressivo de adeptos, entretanto buscamos uma evolução zootécnica em prol da qualidade do cavalo como animal de sela e marcha. Esta evolução permitirá a expansão da participação da raça Campolina no mercado nacional e internacional. Ao adequarmos o padrão da raça para um cavalo com porte e características que atendam a funcionalidade e marcha, proporções e medidas que façam o cavalo Campolina se tornar economicamente viável para o criador, aproveitando também todas a suas qualidades com altivez, beleza e docilidade, sem sombra de dúvida à medida que estes animais forem selecionados para a funcionalidade, se tornarão imbatíveis. 20 Força Campolina | Outubro 2014

O meu cavalo ideal é o animal fácil de criar, montar e marchar. Um cavalo bem visto e desejado, capaz de ser admirado por criadores de outras raças, um cavalo verdadeiramente Campolina, com fidelidade total à sua genética racial, sem milagres, apenas respeito e muito trabalho Fale de melhorias para a ABCCC, para as exposições e outras necessidades da raça. Considerem esta resposta como minha percepção em relação a necessidades de mudanças, além daquelas que enfatizei sobre a raça Campolina. Quanto a melhorias para a ABCCC sugiro: • Aumentar o patrocínio de cavalgadas e enduros; • Aumentar o número de eventos regionais e nacionais, fomentando o interesse sobre a raça; • Agilizar a entrega de documentos;


melhores, isto é, colocarei a venda animais que eu gostaria de comprar, a festa também será a melhor possível, onde buscaremos receber os amigos, criadores e familiares com todo o carinho e amor que merecem. Para o senhor, qual o seu cavalo ideal? O meu cavalo ideal é o animal fácil de criar, montar e marchar. Um cavalo bem visto e desejado, capaz de ser admirado por criadores de outras raças. Aproveito para lembrar uma frase dita pelo meu grande amigo Fenando Diniz: “O melhor cavalo é aquele que quando fico perto dele não tenho vontade de sair”. Isto sim faz a diferença, um cavalo verdadeiramente Campolina, com fidelidade total à sua genética racial, sem milagres, apenas respeito e muito trabalho. Que conselhos o senhor deixaria para os novos criadores? Cuidado com o que compra. Compre animais de criadores responsáveis, com compromisso com a raça e com o comprador. Informação, busque-a e mantenha-se atualizado, procure entender mais sobre a raça, visite criadores sérios, capacite-se e além de tudo, experimente o cavalo, ande e conheça a raça.

Aproveito para deixar uma mensagem a todos, dada a mim pela minha querida irmã Marcia: “Deus sempre nos vê da mesma forma, desde quando fomos gerados, Ele não faz distinção, acepções e julgamentos de pessoas. Ele é incondicional. Nós, humanos, com nossa visão humana é que ofuscamos o que vemos e julgamos tudo, muitas vezes de forma incorreta e sem maturidade. Pobres de nós humanos e ainda achamos que sabemos de tudo. Seremos sim, cobrados pelo Amor e por aquilo que construímos aqui e que irá junto de nós, ou seja, o que está no fundo da nossa alma. Talvez ninguém consiga ver e ao menos conhece...” Esta mensagem reflete o meu pensamento com o cavalo Campolina!

||| Haras Dona Flor, seleção de sela

Força Campolina | Outubro 2014 21

Fotos: Marco Livrão

de marcha com bons de marcha. Se não evoluirmos como criadores e respeitar a raça, a evolução do Campolina como cavalo de marcha e função ficará apenas na lembrança. Temos que ser profissionais, não somente na criação de cavalos de lazer ou por mera vaidade, temos que respeitar o cavalo Campolina, o criando com responsabilidade. Quanto aos nossos projetos, fizemos um leilão após 25 anos de muito trabalho. Colocamos animais 100% voltados para a função e marcha, não devendo em nada aos requisitos de beleza e padrões da raça. Este leilão, comprovou e confirmou, que estamos no caminho certo e realizando um bom trabalho. Por falar em Leilão, a edição realizada pelo senhor em 2012, foi um verdadeiro sucesso, o que podemos esperar para 2015? Neste segundo leilão colocarei o melhor do meu plantel. Animais criados com respeito e responsabilidade ao padrão da raça Campolina. Vários campeões nacionais e animais com potencial para se tornarem campeões e bagagem genética capaz de ser transmitida a sua prole. Esse é o sucesso obtido pelo Haras Dona Flor. Além dos animais serem os


















Entrevista

Dante Muzzi Um pequeno grande criador

A

paixonado pela raça desde os nove anos, o jovem, Dante Muzzi representa a nova geração dos criadores do cavalo Campolina. Força Campolina: Porque o Campolina? Dante Muzzi: Cresci ouvindo falar do Campolina. É uma paixão que vem de família. Meu avô Ataliba iniciou a criação com o sufixo Divinal em 1974; depois meu pai Eduardo e meu Tio Leonardo continuaram com o sufixo L.L.C. Tiveram tempos difíceis e pararam com o criatório. Logo que completei nove anos me interessei por cavalos, e meu pai reiniciou a criação com o sufixo Oeste de Minas com potras guardadas e parceria com o Haras Dona Flor e Fazenda Cabo Velho. Vendo meu entusiasmo e paixão pelo Campolina, meu pai voltou paras as cavalgadas. Em minha região existem muitas cavalgadas de longa distância e o Campolina é o cavalo ideal para esta atividade. Ele diz que se sente renovado com este meu interesse, lembrando dele quando jovem.

38 Força Campolina | Outubro 2014


Quais são os pontos positivos e os negativos do Campolina? Nós somos uma raça em crescimento e em minha opinião o Campolina é um cavalo quase pronto só falta lapidar. Os pontos negativos são alguns poucos criadores que insistem em avaliar o cavalo só pela aparência sem levar em conta a sua marcha.

O Campolina é um cavalo apaixonante, nós temos uma coisa que poucas raças têm: a união. O Campolina não é só uma raça, ela é também uma grande família. Um grande abraço de um jovem amante e pequeno criador da raça Campolina

Temos que entrar em harmonia valorizando principalmente a marcha sem perder sua beleza, outro ponto negativo é que o Campolina não tem a integração cavalo e criador, pois a maioria deles não monta. Queremos um cavalo com beleza, funcionalidade e principalmente a marcha. Em sua opinião, qual a importância da marcha? Ela tem que vir acompanhada da morfologia e sendo de boa qualidade pode ser picada, centro ou batida. Tendo comodidade, diagrama e de preferência de tríplice apoio. Tenho certeza que o 50/50 trará estes benefícios a raça. Convoque os jovens para também fazerem parte da família Campolina. Garotada não adianta falar que não gosta do nosso cavalo se nunca montou em um. O Campolina é um cavalo apaixonante, nós temos uma coisa que poucas raças têm: a união. O Campolina não é só uma raça, ela é também uma grande família. Um grande abraço de um jovem amante e pequeno criador da raça Campolina.

Fotos: Acervo Criado

Fale do seu conhecimento pela raça Campolina e como você vê o cavalo na atualidade? Antes da administração do novo presidente eu não achava que a raça ia tão longe, mas agora acho que o Campolina terá uma grande evolução! Para mim o 50/50 foi a melhor decisão tomada em toda raça Campolina, temos que pensar em buscar o andamento sem perder a morfologia. O cavalo tem que ter uma função. Penso que o Campolina está em grande mudança, e temos que colocar estas alterações na cabeça dos amantes por cavalos. Em sua opinião qual é a melhor forma de atrair os jovens para a Raça? Em uma palavra: divulgação. A raça tem que ser divulgada em redes sociais, televisão entre outros meios de comunicação. Os jovens adoram este tipo de ação e também temos que continuar promovendo concursos de marcha, e cavalgadas, para mostrar que nosso cavalo anda muito.

||| Dante homenageando seu pai, Eduardo Força Campolina | Outubro 2014 39




















Artigo

Odontologia Equina Uma aliada ao bem-estar animal Bárbara Alves Duarte Médica Veterinária

CRMV-MG 14.656 Formação em odontologia equina no Brasil e na Europa

pesar de muitos acreditarem que a odontologia equina é uma prática recente, existem registros que se referem a esta ciência que antecedem a era cristã, entretanto, no Brasil, ela é relativamente recente na prática clínica e cirúrgica equina. Faz-se relevante a conscientização da necessidade dos cuidados odontológicos com os equinos, tanto por parte dos proprietários desses animais, como dos próprios profissionais veterinários. O acompanhamento odontológico se torna necessário devido a um fator principal, a domesticação. Com ela e, principalmente, com a alteração da natureza da alimentação e do espaço disponível ao animal, muitos problemas podem surgir e comprometer a eficiência alimentar do cavalo, o bom funcionamento de seu sistema gastrointestinal, seu bem-estar e sua performance esportiva. O problema mais corriqueiro e principal é o aparecimento de pontas excessivas de esmalte dentário, o que pode causar dor, lesões nas mucosas e também úlceras mais graves. A vantagem da realização da intervenção odontológica é tão grande que o alemão Erwin Becker demostrou que cavalos com arcadas dentárias regularas e equilibradas consumiam menos 1,5kg de aveia por dia, sem perda da condição nutricional. Esta descoberta permitiu que o exército alemão economizasse toneladas desse alimento para alimentação de mais de dois milhões e meio de equídeos durante a Segunda Guerra Mundial. Os fenômenos químicos na cavidade oral, como os subsequentes no estômago e intestinos, dependem da sanidade e da eficiência dentária sobre os alimentos, de forma a otimizar a digestibilidade, e por isso consideram-se intimamente relacionados a sanidade e funcionalidade dentárias e a síndrome cólica, distúrbio recorrente e comum em equinos. Além das consequências sistêmicas, observam-se também nos equinos enfermidades dentárias que devem ser tratadas, tais como curvaturas ventral e dorsal, mordida em diagonal, padrão de desgaste anormal nos pré-molares e molares (rampas, ganchos, ondas, degraus, cristas transversas exageradas, pontas excessivas de esmalte e arcadas assimétricas), dentes de lobo inclusos ou que incomodem o animal, dentes caninos proeminentes, diastemas interdentais, retenção de dentes decíduos, fraturas dentárias, cáries e doença periodontal. Conclui-se que o investimento para que a saúde bucal do equino seja mantida evita uma série de consequências mais graves o que confirma a importância da odontologia equina preventiva e terapêutica.

58 Força Campolina | Outubro 2014

Fotos: Divulgação

A

barbaraduartevet@hotmail.com
















Artigo

Prevenção na equideocultura Cinco maneiras simples de se identificar a presença de doenças em potros recém-nascidos Gabriel Greco Médico Veterinário gabrielgreco@terra.com.br

A

mortalidade neonatal é um dos principais problemas que assola a equideocultura, já que é responsável por atrasar o melhoramento genético, gerar consideráveis prejuízos econômicos e grande frustração por parte dos criadores. Detectar de forma precoce a existência de doença no potro recém-nascido aumenta significativamente as chances de resolução, a qualidade da resposta frente ao tratamento específico e, obviamente, a taxa de sobrevivência. O objetivo deste artigo técnico é discutir cinco maneiras simples de se identificar a presença de doença em potros recém-nascidos.

Força Campolina | Outubro 2014 73


Artigo

Prevenção na Equideocultura

A temperatura corpórea aferida por via trans-retal através de termômetro é uma das formas mais simples, baratas e rápidas de se identificar que um potro está doente. A temperatura normal de um potro sadio é de 37,8 a 38,8 graus Célsius. Valores abaixo de 37 graus Célsius significam hipotermia e risco de vida iminente, sendo necessário se iniciar a terapia imediatamente. Por outro lado, temperaturas acima de 39 graus Célsius são, na maioria das vezes, indicativas de estado febril. Deve-se tomar cuidado ao interpretar o valor de temperatura aferido, já que esta pode aumentar em dias mais quentes, no caso de exposição prolongada ao sol ou de atividade física prévia. A febre está normalmente associada à infecção por um micro-organismo. Na maioria das vezes, trata-se de doença bacteriana, razão pela qual se deve iniciar a terapia com antibióticos. O pronto combate à febre com antitérmicos há de ser realizado, pois quase todos os potros febris param ou diminuem sua ingestão de leite. Isto leva à desidratação, reduções na quantidade de glicose disponível no sangue (hipoglicemia) e ao estado de fraqueza e/ou letargia. Entretanto, vale frisar que alguns potros, apesar de doentes, podem não apresentar febre no momento do exame.

||| Neonato com apenas quatro horas de vida, já mamando. Notar a pequena quantidade de gordura corporal e massa muscular ao nascimento. 74 Força Campolina | Outubro 2014

Fotos: Divulgação

1 Temperatura corpórea

||| Neonato saudável, aos dez dias de vida, altivo e acompanhando sua mãe de perto

2 Úbere e frequência de mamadas As glândulas mamárias da égua, ou úbere, apesar da menor capacidade de armazenamento de leite em comparação às da vaca, não deixam muito a desejar em relação ao total de leite produzido. Nos primeiros dois dias de vida, espera-se que o potro ingira uma quantidade de leite correspondente a aproximadamente 10 a 15% de seu peso. A partir do terceiro dia, o consumo de leite corresponde a 25% deste, ou seja, por volta de 12 litros em um recém-nascido normal. Isto é necessário para que o potro atinja sua necessidade diária calórica mínima, de 200 quilocalorias (kcal) por quilograma (kg) a cada dia. Um recém-nascido saudável pesando 50 kg precisa de 10 mil kcal por dia, valor cinco vezes maior do que de um ser humano adulto. Para tal, a frequência de mamadas é de um pouco mais do que uma mamada a cada dez minutos. Interrupções ou reduções na quantidade de leite ingerido, além de serem graves (pois o recém-nascido carece de reservas energéticas eficazes para suprir este déficit), são um grande indicativo de doença, levando à desidratação, fraqueza e ao emagrecimento progressivo. É muito fácil identificar se o potro está ou não mamando o que deveria.

Deve-se observá-lo por alguns minutos. Se os potros estiverem deitados, normalmente buscam o úbere e mamam logo após se levantarem. Isto também ocorre passada qualquer situação estressante ao potro, como quando são contidos para avaliação veterinária ou separados da mãe momentaneamente. Deve-se atentar ao fato de que alguns potros doentes, apesar de levarem a cabeça ao úbere da égua, não realizam a apreensão da mama e não chupam o leite. Isto pode acarretar em uma falsa interpretação por conta do observador, de que o potro está mamando. Quando a ingestão é insuficiente, o úbere da égua se encontra dilatado, muitas vezes jorrando leite quando o potro se aproxima. Isto é mais evidente no primeiro dia, pois, a partir daí, a produção de leite da égua diminuirá em reflexo à dilatação persistente do úbere. Já a presença de grande assimetria entre o tamanho de ambas as glândulas mamárias indica que, possivelmente, o potro mamou e esvaziou o conteúdo armazenado em uma destas. Da mesma forma, se o potro for visto urinando espontaneamente volume considerável de urina transparente, é sinal de que está mamando bem.


3 Comportamental

Fotos: Divulgação

Determinados comportamentos, bem como a ausência de outros, estão associados à existência de doença. Um potro jovem e sadio encontra-se ativo, com a cabeça alta e orelhas direcionadas para cima. Bate frequentemente a cauda e responde rapidamente a estímulos externos. Acompanha sua mãe e, quando às vezes se desprende um pouco dela, volta logo rapidamente para perto. Por outro lado, apesar de passarem boa parte do tempo dormindo,

deitados no chão, só rolam ou permanecem com a barriga para cima em casos de desconforto abdominal. Alguns potros manifestam esta sensibilidade dolorosa com origem no sistema gastrointestinal dorso-flexionando sua coluna e realizando esforço repetitivo para evacuar, sem êxito (tenesmo). Já nos casos de ruptura de bexiga, a tentativa dificultosa de micção ocorre em conjunto com a ventro-flexão da coluna, sendo comum a redução do volume urinário (oligúria) ou sua completa ausência (anúria). Nestes dois casos pode haver aumento no volume abdominal, seja por presença excessiva de gás no sistema gastrointestinal ou até mesmo de urina livre no abdômen, por ocasião de uma bexiga rompida.

Potros doentes, com gastrite ou que estão há algum tempo sem mamar frequentemente adotam um comportamento peculiar, de ranger os dentes de forma recorrente (bruxismo). Da mesma forma, não é de se esperar que bebam água do cocho, o que ocorre em casos de febre e desidratação. Outros sinais de fácil identificação que indicam a presença de doença são: fraqueza, letargia, relutância em se movimentar, reações lentas a estímulos externos, cabeça baixa, orelhas acabanadas, respiração ofegante, inabilidade de acompanhar a égua, dificuldade em levantar ou de permanecer em pé e aparente cegueira, comumente acompanhada de andamento em círculos.

||| Neonato doente, aos seis dias de vida. Notar a visível apatia e o baixo escore corporal. Outros sinais de incômodo estão presentes, sendo: orelhas murchas, dorsoflexão da coluna e cauda entre as pernas

4 Avaliação Física Ao avaliar fisicamente um potro recém-nascido, podemos identificar uma série de alterações compatíveis com a existência de doença. A primeira e a mais óbvia é o escore corporal. Potros sadios ganham aproximadamente 1 a 1,5 kg de peso por dia. Se o recém-nascido não se alimentar o suficiente por ocasião da doença, isto não irá ocorrer. Para piorar, os requerimentos diários aumentam muito quando estão enfermos. Em termos de aporte energético, por exemplo, podem necessitar mais do que o triplo de quilocalorias do que um potro sadio (acima de 450 kcal/kg/dia). Desta forma, é praticamente impossível conseguirem manter-se com bom escore corporal na existência de doença. Um potro ao pé magro é, normalmente, um potro doente e/ou mal nutrido. A suspeita clínica varia conforme a região anatômica que se apresenta comprometida. A redução da quantidade de células

vermelhas (anemia), que costuma ocorrer em potros com doença crônica, é facilmente evidenciada pela coloração pálida da mucosa oral. O umbigo é de suma importância, devendo ser avaliado rotineiramente de forma criteriosa. Primeiro, por se tratar de uma porta de entrada para micro-organismos. O umbigo deve estar seco dentro de 24 horas de vida, enquanto que o coto umbilical costuma cair espontaneamente 7 a 14 dias após o parto. Segundo, pelo fato do umbigo poder estar infectado por

bactérias ou até mesmo por larvas de mosca (miíase umbilical). Em ambas as situações, encontra-se volumoso, engrossado e dolorido à palpação. Terceiro, pois pode indicar que o recém-nascido sofre de uma condição denominada de persistência de úraco, na qual urina pode ser vista vazando pelo umbigo. O úraco é o caminho que normalmente se fecha ao nascimento, através do qual a urina passa para a cavidade alantóica da placenta durante a vida fetal. Ele pode apresentar falhas em seu fechamento ou

||| Região umbilical de potro com persistência de úraco, aos dezoito dias de vida. Notar a existência de orifício no umbigo e pêlos molhados de urina no seu entorno Força Campolina | Outubro 2014 75


Artigo

Prevenção na Equideocultura

acabar se abrindo pela existência de infecção ou esforço abdominal excessivo para defecar. Trata-se de uma das complicações mais comuns de potros sob tratamento intensivo e deve ser combatida a fim de impedir a entrada contínua de bactérias no organismo do animal. Em relação aos membros, é importante frisar que aqueles animais nascidos com desvios de aprumo que dificultam a mamada são grupo de risco para doenças infecciosas. Se não forem auxiliados a tempo, não conseguirão ingerir a quantidade

necessária de colostro para garantir sua imunidade durante os primeiros meses de vida, fatalmente adoecendo. Outras duas situações acabam muitas vezes sendo confundidas com um acidente. A primeira é o aumento de volume articular, especialmente nas articulações do joelho (carpo) e jarrete (tarso). Quando a infecção bacteriana atinge a corrente sanguínea (septicemia), ela circula por todo o organismo chegando a diversos órgãos, como as articulações. A esta condição dá-se o nome de poliartrite

dos potros. Trata-se de uma doença grave, que requer terapia agressiva. A segunda também ocorre nos casos de septicemia, quando as bactérias se instalam na câmara anterior dos olhos (uveíte), levando a sua opacidade ou até mesmo ao depósito de sangue neste local (hifema). Sendo dito isto, o surgimento de líquido esbranquiçado na câmara anterior, bem como o aumento de volume articular devem ser vistos com cautela, pois são grandes indicativos de que o animal pode estar com doença grave.

5 *Avaliação hematológica (hemograma e dosagem de fibrinogênio) O hemograma é o exame laboratorial através do qual se avalia o número e as características das células sanguíneas de um determinado animal: vermelhas, brancas e plaquetas. Se há suspeita de que um potro esteja doente, peça ao seu médico veterinário que colete uma amostra de sangue em tubo de tampa roxa (contendo o anticoagulante EDTA). Esta amostra deve ser prontamente homogeneizada, identificada, refrigerada e encaminhada para um laboratório veterinário de diagnóstico. A avaliação do resultado do hemograma ajuda na identificação de animais anêmicos e/ou doentes, em especial dos recentemente infectados e que não apresentam alterações clínicas perceptíveis (sub-clínicos). É importante que este sangue seja coletado sem muito estresse para o recém-nascido, já que isto imprime alterações no resultado e dificulta sua interpretação. Recomenda-se requisitar, além do hemograma, a dosagem de fibrinogênio. Trata-se de uma proteína presente no sangue que rapidamente se eleva na presença de infecção, auxiliando em seu diagnóstico precoce, quando ainda não houve tempo do potro mobilizar uma resposta de suas células brancas. 76 Força Campolina | Outubro 2014

||| Úbere equino apresentando assimetria entre ambas as glândulas mamárias, indicativo de que o potro está mamando.

É importante que os proprietários e funcionários que lidam com os potros recém-nascidos estejam capacitados para identificar precocemente a existência de doença. Os potros respondem de forma surpreendente ao tratamento intensivo adequado, com excelentes taxas de sobrevivência, mesmo em situações em que se encontram moribundos. Entretanto, sua condição deteriora muito rapidamente quando adoecem. Na suspeita de enfermidade, entre em contato o mais rápido possível com o seu médico veterinário.











Matéria

JPR é GAS A tradição do sangue no berço

Fotos: Marco Livrão

A

história da Raça Campolina tem seus pés fincados nas terras de Entre Rios de Minas, e seu bojo no testamento que Cassiano Campolina deixou a seus herdeiros, sendo o Joaquim Pacheco de Rezende o agraciado com a seleção de cavalos, que na época denominava-se Sublime. Com o tempo e as visitas a Fazenda Tanque, os personagens da história comentavam: “Vamos ver os cavalos do Campolina” (se referindo a Cassiano Campolina), nome que quando da fundação do Consórcio da Criação do Cavalo Campolina em Barbacena, foi transformado no nome da Raça. Esta é uma das histórias que a Força Campolina

ouviu de Joaquim Afonso, na varanda de sua agradável Fazenda em Pedra do Indaiá, há pouco mais de 20 km de Divinópolis, no oeste de Minas Gerais. Joaquim Afonso é um apaixonado pelo Campolina e nos contou que deu início a criação ainda muito novo, já que sua mãe Maria Laura Rezende Ribeiro era herdeira de Joaquim Pacheco de Rezende e irmã de Gastão Rezende, tio por quem tinha grande admiração. Mas vamos nos ater aos fatos, quando da morte de Joaquim Pacheco de Rezende a tropa foi dividida para os herdeiros, sua mãe Maria Laura Rezende de Ribeiro, doou a sua parte na criação de

||| Joaquim e seu esposa, Nice

||| Joaquim e Gastão Rezende, tio e mentor 86 Força Campolina | Outubro 2014

cavalos a seu irmão - Gastão Rezende. Em 1967, devido ao amor de Joaquim Afonso pela criação do Campolina sua mãe recomprou de seu irmão três éguas - Gas Florida, Gas Cabrocha e Gas Vitrine, e seu tio o presenteou com Gas Surdina e Gas Sinfonia, posteriormente se juntou a este lote mais duas a Ilha e a Perola, todas da origem da formação da raça. Todos os reprodutores utilizados eram da Fazenda Palestina e com a mesma origem do berço e os produtos controlados e registrados com o prefixo GAS e com as marcas CC de Cassiano Campolina, deixada como herança à família Rezende e utilizada hoje. A tropa foi


Gas Prelúdio |||

Fotos: Marco Livrão

||| Gas Feitiço, atual reprodutor

||| Produção do Gas Feitiço

Títulos do Campolina Rex |||

Força Campolina | Outubro 2014 87


Matéria

JPR É GAS

mantida na Fazenda Palestina e depois reconduzida para a Fazenda Cachoeira do Camarão, onde é mantida. Vale a pena lembrar o apoio da família e em especial de Hélio Lopes Ribeiro, seu pai, que bancou por vários anos a criação, palavras do próprio Joaquim. Joaquim Afonso é um apaixonado por cavalos e vive 100% de seu tempo dedicado a atividade, tem sua renda e sua vida dedicada a esta paixão, a fazenda tem aproximadamente 500 hectares, com uma área com 200 mil pés de eucalipto e o restante usado exclusivamente para a equinocultura. A estrutura é formada em diversos piquetes, baias para reprodutores e matrizes. Nesta safra serão 32 produtos de prenhezes e mais alguns de transferência de embrião, que são realizados em parceria, como é o caso de Gas Framboesa que atualmente se encontra no Haras São Judas - Rio de Janeiro. Joaquim também é um visionário, quando o cavalo Campolina aumentou muito o seu porte o que não agradava ao titular do JPR, ele acrescentou ao processo de seleção o Nonô de Sans Souci, para proporcionar uma tropa menor e mais funcional. “Chegaram a dizer que eu não criava Campolina, porque a tropa ficou bem menor que o padrão cobiçado na época” contou. Atualmente o plantel vem utilizando alguns dos seguintes reprodutores: Gas Feitiço, Campeão Nacional de Marcha, seu pai - Japurá Cataguá e em caráter de reforço na função pela segunda vez, o Bi Grande Marchador Nacional - Honorato de São Judas (arrendado ao Haras São Judas), que servirá para aliviar a consanguinidade presente na tropa. Das fêmeas são destaques: Cativa, Estrela Guia, Cabrocha II, Surdina II, Flórida II, Macadâmia (Grande Marchadeira em Pará de Minas 2014), Aliança e outras, todas com a marca da GAS. As potras do Honorato: JPR Carolaine, Tocaia e Estrela e as potras do Feitiço: JPR Melodia e Mais Querida, além dos Reservas: JPR Momo e Momento, um filho do Japurá com a Mega da Elite, que se chama JPR Bolero e está sendo preparado para as provas de marcha. 88 Força Campolina | Outubro 2014

As memórias do Berço Através de suas memórias Joaquim Afonso nos contou um pouco mais sobre a tropa GAS: “O José Eugênio comprou o Gas Prelúdio, revendeu e depois foi recomprado pelo Tio Gastão”. O Gas Marujo foi vendido para São Paulo e depois voltou pra casa, e quando apareceu na Gameleira o Tio Gastão foi perguntado sobre que cavalo era aquele. Na época achavam que ele estava sem cavalo, ele respondeu : “Quando eu deito, sei onde me levanto”. Destaques da linhagem GAS Os destaques são Riso, Montezuma, Prelúdio, Sucesso, Marujo e Rex. Das fêmeas destacou Dalila, Jandaia, Sabaruna, Perola, Ilha e Jóia. A atual tropa GAS Com a recente morte de Gastãozinho, Joaquim Afonso foi convidado para assessorar Mariza e Renata na condução do plantel Gas. Um chamado que veio para provar que o sangue é imortal, lembrando que o seu tio foi um dos verdadeiro selecionadores da raça Campolina, sempre respeitando o padrão. Trata-se de uma tropa com todas as nuances do berço, com história e com a qualidade da modernidade que a raça esta procurando. Vale a pena uma visita para ouvir histórias pitorescas e ver qualidade dos animais. Joaquim finaliza com uma frase lírica e verdadeiramente de quem cria cavalos com o coração: “Criar Cavalos é muito difícil, mas parar de criar é vender a alma para a tristeza”, finaliza.

||| Campolina Rex. Ao fundo os pais de Joaquim Rezende


Fotos: Marco Livrรฃo

||| Atuais matrizes do Haras JPR

Forรงa Campolina | Outubro 2014 89









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