Tempo Livre Julho/Agosto 2010

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N.º 217 Julho/Agosto 2010 Mensal 2,00 €

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TempoLivre www.inatel.pt

Viagens

Marrocos: de Tânger a Alcácer Ceguer

Entrevista Carlos Mamede Lazer Oeiras Portfólio Diu Memória António Assunção


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Durante o Verão estaremos a ensaiar

OS DIAS DOS PRODÍGIOS de LÍDIA JORGE

adaptação e encenação

CUCHA CARVALHEIRO

ESTREIA

EM

SETEMBRO

BILHETES À VENDA VE ENDA T Teatro eatro e da T Trindade rindade 3ª a sáb das 14h às 22h e dom das 14h às 18h | informações info ormações e reservas 21 342 00 00 e 92 798 7 28 34 Worten W orten o | Fnac | Bliss | Lojas Viagens Viagens Abreu | Liv. Liv. Bulhosa Bulhossa (Oeiras Parque e C.C.Cidade do Porto) Porto) | Pontos MegaRede | www.ticketline.sapo.pt www.ticketline.ssapo.pt INFORMAÇÕES | REGULAMENTOS | INSCRIÇÕES

www.inatel ww..inAgências atel ..pt pt Fundação INATEL - Sede w . Loja Dir. Cultural tel. 210 027 147 cultura@inatel.pt | www.inatel.pt


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Sumário

Na capa Foto: Humberto Lopes

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EDITORIAL CONCURSO DE FOTOGRAFIA

VIAGENS

De Tânger a Alcácer Ceguer A meio caminho entre Tânger e Ceuta, Alcácer Ceguer é uma estância balnear e um porto de pesca. Na margem do rio homónimo, um forte meio arruinado estende-se na areia como um barco naufragado, de quilha apontada ao mar. Foi a primeira conquista de D. Afonso V e, durante quase um século, ali esteve hasteada a bandeira portuguesa. Em Tânger, a entrada em funcionamento de um novo terminal para as ligações marítimas regulares com a Europa assinala o início de uma nova era na cidade que também já foi portuguesa.

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CARTAS E COLUNA DO PROVEDOR

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NOTÍCIAS INATEL 75 ANOS

Amândio Monteiro

LAZER

Inatel Oeiras - Quartos com vista para o Bugio O “velho” Motel Continental – Centro de Férias do Inatel há várias décadas com 137 apartamentos remodelados, uma sala de reuniões e congressos para 120 pessoas, uma bela piscina com vista para o Bugio e um parque infantil rodeado de árvores, restaurante com esplanada, café, tudo equipado com internet sem fios, procura manter o espírito de modernidade que presidiu à sua edificação. O ambiente é familiar e a permanência não é exclusiva dos sócios do Inatel…. Está a meio do Passeio Marítimo de Oeiras. Dá para passear para um lado e para outro.

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PAIXÕES

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PORTFÓLIO

Diu

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MEMÓRIA

ENTREVISTA

António Assunção

Carlos Mamede, vice-presidente da Inatel Requalificar equipamentos, modernizar e simplificar a gestão e desenvolver produtos turísticos mais apelativos são os objectivos centrais do pelouro de Turismo e Hotelaria da Inatel, assinala em entrevista à TL o vice-presidente da Fundação.

50 52 79 80

Octávio dos Santos, empreendedor cultural

OLHO VIVO A CASA NA ÁRVORE O TEMPO E AS PALAVRAS Maria Alice Vila Fabião OS CONTOS DO ZAMBUJAL

82 55 74

32 FINAIS INATEL

CRÓNICA António Costa Santos

BOA VIDA CLUBE TEMPO LIVRE

Passatempos e Cartaz

Desporto e Festa no Parque 1º de Maio O 13 de Junho último encheu o Parque de Jogos 1º de Maio de atletas de várias modalidades e claques ora mais serenas, ora mais ruidosas. Ali se realizaram as finais de futebol, futsal, andebol, basquete e vólei – este masculino e feminino, assinalando, simultaneamente, os 75 anos da Inatel.

Revista Mensal e-mail: tl@inatel.pt | Propriedade da Fundação INATEL Presidente do Conselho de Administração: Vítor Ramalho Vice-Presidente: Carlos Mamede Vogais: Cristina Baptista, José Moreira Marques e Rogério Fernandes Sede da Fundação: Calçada de Sant’Ana, 180, 1169-062 LISBOA, Tel. 210027000 Nº Pessoa Colectiva: 500122237 Director: Vítor Ramalho Editor: Eugénio Alves Grafismo: José Souto Fotografia: José Frade Coordenação: Glória Lambelho Colaboradores: António Sérgio Azenha, Carlos Barbosa de Oliveira, Carlos Blanco, Gil Montalverne, Guiomar Belo Marques, Humberto Lopes, Joaquim Diabinho, Joaquim Magalhães de Castro, Joaquim Durão, José Jorge Letria, José Luís Jorge, Lourdes Féria, Manuela Garcia, Maria Augusta Drago, Maria João Duarte, Maria Mesquita, Pedro Barrocas, Rodrigues Vaz, Sérgio Alves, Suzana Neves, José Lattas, Vítor Ribeiro. Cronistas: Alice Vieira, Álvaro Belo Marques, Artur Queirós, Baptista Bastos, Fernando Dacosta, João Aguiar, Maria Alice Vila Fabião, Mário Zambujal. Redacção: Calçada de Sant’Ana, 180 – 1169-062 LISBOA, Telef. 210027000 Fax: 210027061 Publicidade: Patrícia Strecht, Telef. 210027156; Impressão: Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas, SA - Rua Consiglieri Pedroso, n.º 90, Casal de Sta. Leopoldina, 2730-053 Barcarena, Tel. 214345400 Dep. Legal: 41725/90. Registo de propriedade na D.G.C.S. nº 114484. Registo de Empresas Jornalísticas na D.G.C.S. nº 214483. Preço: 2,00 euros Tiragem deste número: 132.549 exemplares


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Editorial

V í t o r Ra m a l h o

Responder à crise

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ão é novidade para ninguém que a crise em que a maioria dos países do Ocidente, e em particular os países europeus, se encontram mergulhados, afecta seriamente os mais desfavorecidos. As instituições que, como a Fundação Inatel, se inserem na economia social não podem deixar de ter presente esta realidade. A longa e eficaz experiencia revelada pela Fundação na gestão de programas sociais além da reconhecida pelo Estado é motivo de inspiração para a iniciativa denominada Calypso, de intercâmbio de turismo social, que está a ser estudada para aplicação no conjunto dos países da U.E. Aliás, a Inatel integra como perita o grupo de trabalho que está a preparar o programa. É por isso que, no quadro das actividades que ultimamente temos priorizado, a preocupação da resposta aos mais desfavorecidos está na ordem do dia. E está tanto mais quanto é certo, como já reiteradamente invocámos - e estudos insuspeitos de universidades credenciadas confirmam -, que os recursos afectos a programas que têm esta preocupação, dinamizados pela Inatel, são uma maisvalia económica para o próprio Estado. Dito de outra forma – o Estado recebe mais do que os valores que disponibiliza para os programas governamentais. E não se trata apenas dos programas Sénior e Saúde/ Termalismo, concebidos para os mais idosos e, naturalmente, mais procurados.

Outros há, recentemente reforçados, como o “Abrir Portas à Diferença” - criado para responder a objectivos de lazer para todos os cidadãos que apresentam graus de incapacidade permanente superior a 60%, independentemente da idade -, e o “Turismo Solidário”, para as famílias mais carenciadas e portanto mais expostas a fenómenos de exclusão social, ou o “Portugal no Coração”, destinado a compatriotas nossos que tendo emigrado, não viram a sorte sorrir-lhes. Proporcionar a estes portugueses que, por carências económicas, não vêm, há dezenas de anos, a Portugal, é dar conteúdo à concepção humanista do nosso povo e que é uma matriz da sua alma.

F

oi por termos presente estes objectivos que ousámos alargar também, e recentemente, estas preocupações aos mais jovens, criando o “Turismo Educativo Júnior”, em colaboração com o Ministério da Educação com preços diferenciados em função dos rendimentos das famílias, sem esquecer, noutro plano, “A Conversa Amiga”, linha de atendimento telefónico criada a expensas exclusivas da Fundação Inatel com o exclusivo objectivo de prestar assistência, apoio e ajuda a todas as pessoas em momentos de dificuldade. É uma honra, em suma, ser beneficiário associado da Fundação Inatel. E, sobretudo, neste período de grave crise social e económica em que a solidariedade deve ser a palavra de ordem. I

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Fotografia

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XIV Concurso “Tempo Livre”

Fotos premiadas

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Regulamento 1. Concurso Nacional de Fotografia da revista Tempo Livre. Periodicidade mensal. Podem participar todos os membros associados da Fundação Inatel, excluindo os seus funcionários e os elementos da redacção e colaboradores da revista Tempo Livre. 2. Enviar as fotos para: Revista Tempo Livre - Concurso de Fotografia, Calçada de Sant’Ana, 180 - 1169-062 Lisboa. 3. A data limite para a recepção dos trabalhos é o dia 10 de cada mês.

Menções honrosas [ a ] Maria Pinto, Penafiel Sócio n.º 491595 [ b ] Sérgio Guerra, S. João do Estoril Sócio n.º 204212 [ c ] Catarina Clemente, Lisboa Sócio n.º 431600 [a]

4. O tema é livre e cada concorrente pode enviar, mensalmente, um máximo de 3 fotografias de formato mínimo de 10x15 cm e máximo de 18x24 cm., em papel, cor ou preto e branco, sem qualquer suporte. 5. Não são aceites diapositivos e as fotos concorrentes não serão devolvidas. 6. O concurso é limitado aos beneficiários associados da Inatel. Todas as fotos devem ser assinaladas no verso com o nome do autor, direcção, telefone e número de associado da Inatel. 7. A Tempo Livre publicará, em cada mês, as seis melhores fotos (três premiadas e três menções honrosas), seleccionadas entre as enviadas no prazo previsto.

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8. Não serão seleccionadas, no mesmo ano, as fotos de um concorrente premiado nesse ano 9. Prémios: cada uma das três fotos seleccionadas terá como prémio duas noites ou um fim de semana para duas pessoas num dos Centros de Férias do Inatel, durante a época baixa, em regime APA (alojamento e pequeno almoço). O prémio tem a validade de um ano. O premiado(a) deve contactar a redacção da «TL». [ 1 ] Manuel Ribeiro, Penafiel Sócio n.º 353276 [ 2 ] António Pedro, Almada Sócio n.º 383506 [ 3 ] José Reis, Cantanhede Sócio n.º 282446

[c]

10. Grande Prémio Anual: uma viagem a escolher na Brochura Inatel Turismo Social até ao montante de 1750 Euros. A este prémio, com a validade de um ano, a publicar na revista Tempo Livre de Setembro de 2010, concorrem todas as fotos premiadas e publicadas nos meses em que decorre o concurso. 11. O júri será composto por dois responsáveis da revista T. Livre e por um fotógrafo de reconhecido prestígio.

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Cartas A correspondência para estas secções deve ser enviada para a Redacção de “Tempo Livre”, Calçada de Sant’Ana, nº. 180, 1169-062 Lisboa, ou por e-mail: tl@inatel.pt

da “morta” teria pago muito menos e com as mesmas condições visto que em algumas as crianças menores de 12 anos não pagam, e eu tenho duas, mas como gosto das instalações e tenho confiança na Inatel não me importei muito com o assunto. O problema foi mesmo no fim-de-semana que passamos no Inatel de Piódão e, qual foi o meu espanto, quando pago o valor da época alta sendo época baixa, fiquei mesmo indignada pois desconhecia essa condição e em Dezembro de 2009 quando estive no Luso nas mesmas condições tal não aconteceu (…). Anabela Monteiro, Guarda

50 anos na INATEL Época Média/Época Alta “(…) Quando em Maio deste ano fui para o Inatel de Albufeira tive de pagar cama extra para os meus filhos, coisa que antes não acontecia nas épocas médias, mas como tenho confiança nas instalações não me importei. Fiz uma análise do mercado posterior e verifiquei que se tivesse optado por outra unidade no mesmo período e sendo uma época considera-

Completaram, no bimestre de Julho/Agosto, 50 anos de ligação à Fundação Inatel os associados: António Conceição Meireles e Rui Gomes Neves, de Almada; Mª do Rosário Baptista, de Alenquer; Mário Diogo Miranda, de Águeda; Maria Alice Fernandes, José António Muralha, Júlio Raimundo, António Guerreiro Rodrigues e Margarida Olga Landeiro, de Lisboa; Jerónimo Augusto Santos, de Loures; Silvério António Teixeira, de Oeiras; Baltasar Henrique Silva, de Sintra

Coluna do Provedor SEMPRE FOI difícil agradar a gregos e

Kalidás Barreto provedor@inatel.pt

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troianos. A Revista “Tempo Livre”, da Fundação INATEL, apesar de quase duas décadas de pu blicação e de ser lida por centenas de milhar de pessoas, não consegue, obviamente, agradar a toda a gente; seria utópico pretendê-lo. Vem isso a propósito de após a leitura da revista surgirem, por vezes, observações ou mesmo protestos sobre este ou aquela personalidade entrevistada. Por outro lado, sobre os mesmos articulistas ou entrevistados, surgem mensagens aplaudindo. A felicidade de estarmos em Democracia e, consequentemente, vivermos numa sociedade plural, a revista “Tempo Livre” tem publicado artigos, reportagens ou entrevistas com cidadãos

de diferentes sensibilidades. O critério dos editores é, obviamente, plural e respeitador de princípios constitucionais. As opiniões expressas são, simplesmente opiniões que tanto podem agradar a uns como incomodar outros. Como diria Gandhi: “O que é verdade para um pode ser não verdade para outro. Aquele que procura a verdade não se preocupa com isso, por um esforço firme e honesto, verificará que aquilo que parece ser verdade diferente é semelhante às inúmeras folhas da mesma árvore.” Em qualquer dos casos, o Gabinete do Provedor, recebe com respeito, as diversas opiniões dos leitores não sendo obrigado a aplaudilas ou condená-las. I


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Novas Parcerias Inatel GA

Fundação Inatel estabeleceu, durante o mês de Junho último, parcerias com várias entidades nacionais, visando o reforço da oferta de serviços disponíveis aos beneficiários associados. Foram, assim, assinados protocolos com a Reviver Mais – Associação dos Operacionais e Dirigentes dos Bombeiros Portugueses, a Cofac – Cooperativa de Formação e Animação Culturais Crl, o Sindicato dos Jornalista, a Ordem dos Engenheiros e a Cooperativa de Ensino Universitário (UAL). Os membros dessas instituições passarão, Reginaldo de Almeida e Eduardo Costa, da UAL, com Vítor Ramalho na assinatura do protocolo nomeadamente, a beneficiar de descontos de alojamento nas unidades hoteleiras da Inatel nas ministrados pela Universidade iniciativas culturais e unidades da épocas média e baixa e de acesso Lusófona de Humanidades e Fundação. aos espectáculos do Trindade e aos Tecnologias, Universidade Lusófona Finalmente, a Cooperativa de parques desportivos. do Porto, Escola Superior de Ensino Universitário, proprietária A Reviver Mais compromete-se, Educação Almeida Garrett, Instituto da Universidade Autónoma de por sua vez, a desenvolver uma Superior Manuel Teixeira Gomes, Lisboa, representada pelo seu cooperação mútua com vista à Instituto Superior Politécnico do presidente, Eduardo Costa, e pelo resolução de problemas nas áreas Oeste, Instituto Superior D. Dinis e director Reginaldo de Almeida, do lazer, desporto e cultura, Instituto Superior de Novas rubricou um acordo que isenta de podendo ainda colaborar com os Profissões e Escolas de Gestão. jóia de inscrição os alunos desta seus grupos de teatro, canto, musica E, como a engenharia trata da cooperativa de ensino que e etnografia nas diversas “segurança de pessoas e serviços”, pretendam torna-se associados da actividades da Inatel. como sublinhou o seu Bastonário, o Inatel, enquanto confere aos A Cofac, o mais recente CCD protocolo assinado com a Ordem beneficiários associados e (Centro de Cultura e Desporto) da dos Engenheiros prevê uma acção trabalhadores da Fundação um Inatel, acordou a possibilidade de conjunta na área da resolução de desconto de 15% na inscrição e 10% elaborar estudos e sondagens a problemas ligados à ocupação dos nas propinas nos cursos conferentes preços competitivos e organizar tempos livres e a divulgação junto de grau. O presente acordo prevê, palestras, estágios académicos e dos seus membros das iniciativas e ainda, em casos especiais a criação profissionais de interesse para programas da Inatel. de cursos sob proposta da Fundação. ambas as partes. Esta cooperativa de Também o Sindicatos dos A Inatel esteve representada por ensino concede, ainda, a três Jornalistas verá alargada aos seus Vítor Ramalho, presidente, e colaboradores da Inatel, por curso, a associados, mediante a parceria Moreira Marques, vogal da redução de 10% no valor da estabelecida, a possibilidade de Administração, na celebração destes propina mensal em cursos acesso, em condições vantajosas, às protocolos.

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Concertinas em Castelo Rodrigo G Cerca de 170 tocadores de concertina de grupos oriundos de várias localidades da zona centro participaram no 8º Encontro de Tocadores de Concertina no passado dia 6 de Junho, em Figueira de Castelo Rodrigo. A iniciativa da Agência Inatel da Guarda e da Junta de Freguesia de Figueira de Castelo Rodrigo decorreu em ambiente de grande calor humano, onde a sã disputa e “vaidade” em mostrar a moda que ninguém conhece ou o forma mais original de interpretar uma musica animou os corações de todos os que assistiram ao evento que regressará em 2011.

“Um Estádio na Cidade” G Para

assinalar os 50 anos do seu principal espaço desportivo, e no âmbito das comemorações dos 75 anos da instituição, a Fundação Inatel acaba de editar “Um Estádio na Cidade – 50 anos do Parque de Jogos 1º de Maio”, uma bem documentada e ilustrada obra da autoria de Nuno Domingos e de Joaquim Vieira. Os grandes momentos desportivos, políticos (1º de Maio de 1974) e culturais (Festa do Cinema) do estádio FNAT/INATEL, apoiados num valioso espólio fotográfico (de, entre outros, Óscar Coelho da Silva – fotógrafo da ex-Fnat, José Frade e Pedro Bettencout) acompanham, no livro, a história deste emblemático

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espaço lisboeta, frequentado por milhares de trabalhadores (no activo ou reformados) e atletas nas suas múltiplas modalidades desportivas. Recorda, a propósito, Vítor Ramalho, no texto introdutório, a média diária de 6500 beneficiários que utilizam as instalações desportivas do Parque. Noutra nota, assinada pelo administrador Moreira Marques, sublinha-se a “significativa requalificação” que o espaço “vai sofrer em breve”, reflectindo a nova dinâmica da Fundação no seu relacionamento com a sociedade portuguesa”. Os interessados poderão adquirir o livro na direcção Desportiva na sede da Inatel.

Aprenda a Surfar G Crianças

entre os 8 e 15 anos de idade podem aprender a surfar nas clínicas de surf para ocupação de tempos livres nas Férias do Verão, uma iniciativa da Alfarroba Surf School e da Nokia Surf Academy, que apresentam para este verão várias propostas de semanas de férias ao ar livre, destinadas a aprendizes de palmo e meio. Para mais informações contacte: http://www.alfarroba.pt/surfschool /docs/ASS_Verao2010.pdf.


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Turismo Solidário G Ainda no âmbito dos programas sociais de lazer, a Inatel vai gerir e acolher o programa “Turismo Solidário”, promovido pelo Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social com a comparticipação financeira do IGFSS – Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social, IP - que decorrerá nas épocas baixa e média nos Parques de Campismo ou Centros de Férias da Fundação, abrangendo cerca de 5300 cidadãos. A duração prevista da estada para estes cidadãos mais carenciados é de 6 dias (5 noites). São abrangidos pelo programa os cidadãos residentes em Portugal com idade superior a 18 anos, com baixos rendimentos, que poderão ser acompanhados pelos cônjuges e/ou outros membros dependentes do agregado familiar, independentemente da idade e da nacionalidade destes. A diferenciação do preço será feita em função dos rendimentos dos participantes, promovendo o crescente acesso ao programa pelos cidadãos efectivamente mais carenciados. Os custos do programa são suportados pela entidade financiadora e pelos participantes, consoante o rendimento mensal auferido, a que corresponde um dos quatro escalões existentes de pagamento. As inscrições podem ser feitas nas unidades hoteleiras da Inatel de Entre-os-Rios, Luso, Feira, Manteigas, Foz do Arelho, Vila Ruiva, Castelo de Vide, Albufeira e Oeiras. O regime é de pensão completa com animação turístico cultural. No escalão 1 – rendimento inferior ou igual a 237,50 euros – cada participante pagará 15 euros. Nos rendimentos superiores a 475 euros e inferiores ou iguais a 950 euros, o pagamento será de 133 euros. As crianças de três a 11 anos pagam sete euros.

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“Abrir Portas à Diferença” G Proporcionar aos cidadãos portadores de deficiência permanente a “integração e o desenvolvimento psíquico, físico e social” facilitandolhes o acesso ao “gozo de férias organizadas, independentemente da idade”, é o objectivo central do Programa “Abrir Portas à Diferença”, uma iniciativa dos Ministérios das Finanças e do Trabalho e da Solidariedade Social que prevê, no ano em curso, de Julho a Dezembro, a participação de quatro centenas de cidadãos portugueses com deficiências e incapacidades em grau igual ou superior a 60% e respectivos acompanhantes. Gerido pela Inatel, a quem os dois ministérios reconhecem ter assegurado de forma eficaz a gestão dos programas governamentais com características similares (mais de 535 mil cidadãos desde 1995), o programa promoverá a “integração e

o crescimento sustentado do número de participantes, a diversificação dos destinos e o aumento da quantidade e qualidade das parcerias”, envolvendo, também, municípios, freguesias e entidades da economia social. Tal como ocorre com outros programas de turismo social, “Abrir portas à diferença” deverá, igualmente, contribuir para a “dinamização da economia regional e local nas épocas baixa e média da actividade turística e da restauração”. Os participantes acederão ao programa mediante contactos efectuados pela Fundação Inatel junto do Instituto da Segurança Social, IP, do Instituto Nacional para a Reabilitação, I.P., e das associações representativas dos com deficiências e incapacidades. Os custos do programa são suportados pela entidade financiadora e pelos participantes.

“Novas Respostas da Comunicação” GO

futuro dos media

esteve em foco na intervenção de Mário Mesquita na conferência realizada no final de Maio, no auditório da INATEL “Casa Pedro Homem de Mello”-, no âmbito do ciclo de conferências promovidas pelas Fundações Inatel e Mário Soares. O impacte das novas tecnologias no jornalismo actual e futuro e a proliferação dos ‘sites’ sociais e de outros meios de comunicação gratuitos, aliados ao desenvolvimento de uma “economia da atenção” baseada no instantâneo e no imediato e as suas consequências na secundarização dos jornalistas como intermediários da informação, foram temas da abordagem do antigo director do “DN” e actual professor de jornalismo. JUL/AGO 2010 |

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De Julho a Setembro

12 Festivais CIOFF em Portugal dos 147 festivais internacionais de folclore que se realizam em 2010 no âmbito do CIOFF (Conselho Internacional das Organizações de Festivais de Folclore e Artes Tradicionais) vão ter lugar em Portugal, com o apoio da INATEL, representante oficial de Portugal, desde 1994, naquela organização internacional cultural nãogovernamental associada à UNESCO. Cada um dos 12 festivais que vão decorrer, de Julho a Setembro, em várias pontos do nosso país, deverá ter, a par de representantes nacionais, a participação de um mínimo de cinco grupos estrangeiros, que exibirão, entre nós, as suas artes tradicionais, através de espectáculos de dança e música ao vivo, mostras de artesanato, workshops, exposições, conferências, jogos tradicionais, entre outras actividades. A UNESCO, registe-se, deliberou que 2010 será o Ano Internacional para a Aproximação das Culturas, com o objectivo de favorecer o

Fátima Alves

G Doze

diálogo e o conhecimento recíproco, favorecer o respeito pela cultura do próximo e atenuar as barreiras entre as diferentes culturas, valores que os Festivais CIOFF assumem e praticam desde há dezenas de anos. O primeiro dos festivais nacionais, Folk Cantanhede, decorre de 3 a 10 de Julho, seguindo-se o

Festitradições de Povos do Mundo, de 9 a 18, em Lorvão (Penacova); o “Festimaiorca” (Figueira da Foz), de 16 a 22 de Julho; o Festival Internacional de Folclore Rio, Barcelinhos (Barcelos), 21 de Julho a 1 de Agosto; o Danças do Mundo Festival Internacional de Folclore nas Terras da Feira, Argoncilhe, 21 de Julho a 2 de Agosto; o FESTARTE Leça da Palmeira (Matosinhos), 23 de Julho a 2 de Agosto; o Festival Internacional de Folclore de Gulpilhares (Gaia), de 31 de Julho a 9 de Agosto; o Festival Internacional Folclore “Ponte do Mouro e Alvarinho”(Alto Minho), 2 a 9 de Agosto; o Festival Internacional de Folclore dos Açores, Angra do Heroísmo ( Terceira), de 8 a 14 de Agosto; o FOLKFARO (Faro), 21 a 29 de Agosto; o Festival Internacional Alto Minho, Viana do Castelo, 30 de Agosto a 6 de Setembro; e, po fim, o Festival Internacional “Celestino Graça”, em Santarém, 1 a 7 de Setembro.

“Os UBach” Candidaturas CCD’s G

No âmbito das

candidatura dos CCD’s para os subsídios do 2.º semestre de 2010 – acções de índole desportivo –, os resultados das mesmas já se encontram na nossa página www.inatel.pt . Poderá solicitar mais informação na sua Agência.

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G Desafiado, em 2001, no decorrer de umas jornadas históricas do concelho de Gouveia, a contar a saga dos Ubach, uma família catalã que veio para Portugal em meados do século XIX, por razões de perseguição política, José Álvaro Ubach Chaves Rosa – engenheiro mecânico reformado - concretizou, nove anos depois, o seu próprio sonho de transformar em romance a história do antepassado Esteve Ubach. Membro de uma família de industriais de lanifícios, este emigrante catalão criou

na freguesia de S. Paio (Gouveia) uma empresa similar que marcou, durante um século, a vida económica e social do concelho serrano.


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José Régio e David Mourão Ferreira

“José Régio em Portalegre” G Portalegre

continua a comemorar, ao longo de 2010, os 80 Anos da chegada do Poeta José Régio à cidade. A par de um ciclo de conferências que tem vindo a decorrer, continua patente, no Castelo, até 19 de Setembro, a exposição “José Régio em Portalegre”, uma mostra de um conjunto de documentos e obras de arte com os quais se pretende retratar o quotidiano do

"Porta Aberta" em Braga Atrair os bracarenses para a actividade da Inatel foi o objectivo da iniciativa "Porta Aberta", promovida pela agência de Braga da Fundação no passado dia 19 de Junho. Actividades desportivas, momentos de teatro e música e um animado churrasco minhoto atrairam numerosos populares, conquistados pelo intenso e diversificado convívio que assegurou Vítor Esteves, director da agência - terá continuidade nos próximos anos.

G

Poeta na capital do Alto Alentejo. Chegado em Outubro de 1929 à cidade como professor de Português e Francês, José Régio aí permanecerá por mais de 30 anos, desenvolvendo a par do ensino e da escrita uma constante procura por objectos de arte, principalmente de arte popular e interessando-se por tudo o que é original.


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Mora: Músicas no Rio

Festa do Cinema 2010

G Sinfonnieta

de Lisboa, com

Bernardo Sassetti (no sábado, 16 GA

Festa do Cinema Inatel 2010, a decorrer de 24 de Julho a 7 de Agosto, no Parque Desportivo 1º de Maio, exibirá cerca de três dezenas de filmes repartidos pela programação na tela gigante (Zona Mega) e pelo espaço de cinema independente programado pela Zero a Comportamento (Zona Watt), entidade organizadora do Festival IndieLisboa. Os espectadores têm assim a oportunidade de ver não só os últimos grandes êxitos do cinema mundial mas também programação cinematográfica totalmente inédita no nosso país. Às sextas e sábados na Zona Watt todos os espectadores podem dar continuidade às noites de Verão com DJ e VJ Sessions. A oferta cultural será alargada com presença de entidades e associações que divulgarão as suas actividades e

produtos no espaço da Festa. A programação já confirmada para a Zona MEGA desta 9ª edição da Festa inclui, entre outros filmes, “Sexo e a Cidade 2”, “Sacanas sem lei”, “Invictus”, “Kick Ass-O Novo Super Herói”, “Alice no País das Maravilhas”, “Como treinares o teu dragão”, “A Bela e o Paparazzo”, “O Príncipe da Pérsia”, “Uma noite atribulada” e “Shrek para sempre”. Na Zona WATT grandes filmes inéditos em Portugal que vão desde a ficção, o documentário e curtasmetragens dos quatro cantos do mundo. Uma oportunidade a não perder para conhecer o que se faz de melhor no cinema independente. Os bilhetes variam entre os 4€ (zona Mega e Watt) e os 25€ (passe de 13 filmes para qualquer uma das zonas). Os jantares marcam novamente presença e o seu valor é de 18€. Para beneficiários da Fundação INATEL aplicam-se os descontos habituais. Os ingressos estão à venda nos locais tradicionais.

Julho), Maria João/ Mário Laginha (domingo, 17 Julho), Mafalda Arnauth (sábado, 23 Julho) e Sérgio Godinho (domingo, 24 Julho), integram o cartaz da primeira edição do festival “EDP Musicas no Rio, os outros sons do Fluviário”, a decorrer em Mora. Os quatro espectáculos têm lugar num palco em pleno rio Raia, defronte da praia fluvial do Parque Ecológico do Gameiro, junto ao Fluviário de Mora.

“…and then again…” G No

museu da Cidade (Campo

Grande 245, Lisboa) está patente até 5 de Setembro a exposição “.and then again…”, mostra colectiva de 70 obras de 31 artistas portugueses e ingleses. Tomando como ponto de partida o universo da impressão (gravura, serigrafia, litografia entre outros) os trabalhos apresentados contemplam técnicas diversas e híbridas em que o processo da imagem múltipla se torna mais relevante que nunca no acelerado contexto da era digital.

XII Porto Cartoon G O XII PortoCartoon - World Festival, abriu oficialmente no passado dia 23 de Junho, na Galeria Internacional do Cartoon, do Museu Nacional da Imprensa, com o tema “Aviões e Máquinas Voadoras”, em homenagem ao pioneirismo de Bartolomeu de Gusmão. A sessão inaugural contou com a presença dos premiados que receberam os respectivos prémios e troféus, desenhados por Siza Vieira e assistiram à inauguração da a exposição que reúne cerca de 400

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cartoons vindos de todo o mundo. O cartunista polaco Jerzy Gluszek foi o vencedor do Grande Prémio, seguido por Mahmood Azadnia, do Irão, e Stefaan Provijn, da Bélgica, segundo e terceiro prémios, respectivamente. A elevada qualidade dos trabalhos levou o júri internacional do concurso a atribuir ainda 18 menções honrosas a artistas de 11 países: Alemanha, Argentina, Bélgica, Brasil (3), Cuba, Escócia, França, Irão (2), Portugal (3), Roménia e Turquia (3).


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Inatel Oeiras Quartos com vista para o Bugio João Gaspar, 54 anos, lembra-se dos lanches que tomou no velho Motel de Oeiras, há uns 40 anos, quando a família se sentava na esplanada, numa tarde de fim-de-semana e os miúdos tinham direito a beber laranjada, em vez dos costumeiros copos de leite morno.

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DO PRATO DE BOLOS sortidos que vinha para a mesa, João escolhia sempre um branco de coco, com o formato de um pastel de bacalhau, feito de miolo ralado. Hoje, o hábito perdeu-se - já não se encontram nas pastelarias tais delícias de coco, foi pastel que passou de moda, e a "ditadura higiénica", como João lhe chama, proibiu há muitas décadas a devolução de artigos alimentares, depois de passada a fronteira do balcão -, mas o lanche de domingo à tarde, com vista para o Bugio, sobrevive e, diz este ex-aluno do Liceu de Oeiras, só não é ainda mais agradável do que então, porque ter 12 anos e uma avó que oferecia aos miúdos um Rajá de fruta ou chocolate eram trunfos imbatíveis. O habitué do Motel Continental vai ao extremo de afirmar que agora é que lhe dava jeito ser outra vez criança, para andar a esfolar joelheiras de pelica no excelente Passeio Marítimo de Oeiras (Paredão para os amigos), em que o complexo da Inatel se insere "e quase se pode dizer que foi precursor, pelo menos já cá estava quando a ideia do passeio à beira mar-e-rio foi lançada". Aos 2400 metros iniciais, entre a praia da Torre e o restaurante Saisa, juntaram-se, em 2009, mais 1450 metros, podendo agora dar-se uma passeata de quase quatro quilómetros até à praia "nova" de Paço d'Arcos - "nova", por oposição à "velha", a dos pescadores, frente ao jardim, e a que os mais velhos da zona ainda às vezes se referem como a "praia do inglês morto", recordação de 1808, quando ali deu à costa o corpo de um capitão da armada britânica abatido pelos marinheiros de Napoleão. O paredão, que um dia, a cumprirem-se as promessas da Câmara Municipal, chegará a Algés, num extremo, e há-de ligar-se ao seu congénere do concelho de Cascais, em Carcavelos, no outro, enche-se de utentes, mal o sol abre um pouco ao fim-de-semana. E no Verão, nem se fala. A longa praia de Santo Amaro enche-se de lisboetas, como é sabido, e o Passeio Marítimo é percorrido pelos banhistas. No dia-a-dia e a todas as horas, incluindo à noite, é palco de joggings e caminhadas, estando só vedado a quem opta pelo exercício de bicicleta, para não haver atropelamento de peões. Ao longo do ano, desde que não caiam cargas de água, há sempre gente, mais que não seja os pescadores amadores, infatigáveis "residentes" do paredão, com os seus bancos desJUL/AGO 2010 |

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Lazer

GUIA

poetas (os clássicos, claro,

Versalhes, têm uma notável

mas também contemporâneos

cascata decorada com

como Natália Correia, ou Ary

estátuas em terracota.

Visitar

dos Santos) e lápides com os

Em Algés, Oeiras tem o

O mais novo pólo de atracção

seus versos.

Palácio Anjos, sempre com

do concelho de Oeiras é o

Em Caxias, visite-se os jardins

exposições de arte; em

Parque dos Poetas, um vasto

da Quinta Real, espaço de

Barcarena, as recuperadas

jardim (as árvores jovens dão

recreio da rainha D. Maria I,

instalações da Fábrica da

sinal da criação recente),

que D. Luís utilizou como

Pólvora; e em Paço d'Arcos, o

perto da saída da A5,

residência, antes de se mudar

recuperado Jardim do Paço, à

polvilhado de estátuas de

para a Ajuda. Inspirados em

entrada da vila.

dobráveis, o balde de levar o peixe para casa (não vá algum nesse dia deixar-se apanhar, o que não é costume) e as canas. Curioso espectáculo é visitar o passeio com o sol já posto e observar a marcha dos pirilampos artificiais em que se transformam as bóias dos pescadores no fim da linha. Outro João, este Semedo, de 37 anos, morador numa urbanização junto ao Tagus Park, confirma a grande utilização deste equipamento oeirense, até porque, ao longo do ano, não perde uma manhã de domingo no local. O local é a chamada Praia das Fontainhas, entre Paço d'Arcos e Santo Amaro, uma zona de muita pedra e pouca areia, que não vê banhistas, nem nos dias mais tórridos - só tem pescadores. Semedo é o que faz, religiosamente, aos domingos - pescar, ou "fazer que pesca", confessa, porque é muito raro tirar um sargo ou uma savelha destes últimos metros de Tejo, primeiros de oceano. "Venho dar banho à minhoca e ver as vistas, descansar a olhar para o Mar da Palha. Sem medo, como é o meu nome. Faça sol, ou faça chuva, o ano todo". 18

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Quando Semedo nasceu, em Paço d'Arcos, já havia Motel e estava quase a haver o 25 de Abril, que marcou, passado pouco tempo, a passagem desta estrutura revolucionária, em termos turísticos, das mãos dos privados que a edificaram, para as do recém-baptizadoo Inatel. "Namorei muito, não no motel, mas na esplanada e na praia em frente, que é conhecida por praia do motel e tem uns vestígios de um cais que o Marquês [de Pombal, Conde de Oeiras] mandou construir para ir de casa ao mar, pela Ribeira da Laje. Mas sei, pelos mais velhos, que foi uma ideia revolucionária. O motel, digo eu". Os mais velhos confirmam. "O aparecimento de um equipamento destes foi uma grande sensação", diz Inácio Rodrigues, que, acompanhado pela mulher, apanha sol junto ao forte Catalazete, enquanto vigia as tentativas do neto para se equilibrar nuns patins ("Joguei hóquei no Oeiras e quero meter-lhe o vício"). "Não só o pessoal daqui, como gente de Lisboa, as famílias vinham


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usufruir disto e sentíamo-nos muito modernos". A avó do Tiago dos patins acrescenta: "Haver um motel em Portugal era um sucesso. Costumo juntar essas recordações ao primeiro drugstore (era o nome dos centros comerciais) que conheci, o Apolo 70. E (as raparigas novas) íamos a Lisboa comprar roupa aos Por-fí-ri-os. Era a nossa loucura, entre aspas, dos anos 60. Motel, drugstore e Por-fí-ri-os." O Motel nunca foi, ao modelo norte-americano, "um hotel com estacionamento para veículos motorizados, no qual se tem acesso aos quartos directamente da área em que ficam os veículos", como diziam os dicionários em 1925, mas foi criado nos anos 60, por Sousa Brito, empresário hoteleiro, que fez fortuna em Moçambique e de lá trouxe para a "metrópole" ideias mais arejadas como esta, usando a aura mítica que lhe davam os road movies. "Houve um tempo em que era muito chic vir de carro ao Motel, mesmo que fosse só para beber um refresco", conta a D. Suzete Marques, uma

oeirense que, porém, "só cheirou isto, depois de o Inatel ter comprado" as instalações e democratizado o acesso ao equipamento. "Na era Inatel", como diz a senhora, até chegou a "passar cá uns dias", só para experimentar. Gostou, mas não repete a experiência porque lhe "faz confusão estar de férias tão perto de casa". Prefere a Foz do Arelho, declara. "É mais longe." Presentemente, o "velho" Motel Continental Centro de Férias da Inatel - tem 137 apartamentos e uma sala de reuniões para 120 pessoas, onde se realizam congressos e outros eventos profissionais, uma bela piscina com vista para o Bugio e um parque infantil rodeado de árvores, restaurante com esplanada, café, tudo equipado com internet sem fios, para manter o espírito de modernidade que presidiu à sua edificação. O ambiente é familiar e a permanência não é exclusiva dos sócios da Inatel. Está a meio do Passeio Marítimo de Oeiras. Dá para passear para um lado e para outro. I António Costa Santos (texto) José Frade (fotos) JUL/AGO 2010 |

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Carlos Mamede Vice-presidente da Fundação Inatel

“A ligação à Inatel será cada vez mais vantajosa...”

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equalificar equipamentos, modernizar e simplificar a gestão e desenvolver produtos turísticos mais apelativos são os objectivos centrais do pelouro de Turismo e Hotelaria da Inatel, liderado pelo seu vice-presidente Carlos Mamede. Licenciado em Administração Regional e Autárquica, com pós-graduações em Contabilidade, Finanças Públicas e Gestão Orçamental e cursos de Gestão Pública e Estratégica, o antigo membro da Comissão Executiva da CGTP-IN e ex-presidente das Lojas do Cidadão sublinha, em entrevista à TL, a imagem “mais moderna e actual” e o “novo dinamismo” da Fundação, com “serviços e equipamentos de elevada qualidade” e preços competitivos face à hotelaria tradicional.

Com quase dois anos de mandato cumpridos na vice-presidência da Inatel, que balanço faz do trabalho desenvolvido? O balanço é muito positivo! A INATEL é uma grande instituição e uma das mais antigas e respeitadas da sociedade portuguesa, pela relevância do seu papel, único a nível nacional, e pela diversidade das actividades desenvolvidas e a dimensão do seu património. A transformação do anterior Instituto Público numa Fundação de direito privado e utilidade pública, para responder às novas realidades sociais e económicas do País e dar respostas mais eficazes e de qualidade às crescentes solicitações dos seus beneficiários e do público em geral, determinou que desen20

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volvêssemos, uma intensa actividade de reestruturação orgânica, de alteração de processos e métodos de trabalho, de modernização de equipamentos e racionalização de estruturas, de estabelecimento de novas parcerias e de ampliação da nossa oferta de serviços. Essa reestruturação já deu resultados visíveis? A INATEL está diferente, todos o sentem, tem uma nova imagem, mais moderna e actual, e um novo dinamismo que corresponde de facto a uma nova realidade – a de uma organização com tradição mas aberta aos mais jovens, acessível a todo os que a procuram e não apenas reservada a “sócios” (embora tenhamos ampliado as regalias e benefícios ao dispor destes), com serviços e


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JosĂŠ Frade

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Entrevista

equipamentos de elevada qualidade, como sucede com a maioria das nossas unidades hoteleiras que só no preço são inferiores à hotelaria tradicional. Nestes dois anos realizou-se um elevado investimento na requalificação de muitos dos nossos estabelecimentos, em particular nos Parques de Campismo e em unidades hoteleiras (Albufeira, Porto Santo, S. Pedro do Sul, Foz do Arelho, Oeiras), estando já em curso uma grande obra de remodelação em Vila Nova de Cerveira, tendo em vista o seu licenciamento como hotel de 4 estrelas. O licenciamento dos “Centros de Férias” é um imperativo legal? O Decreto-Lei que institui a Fundação, obriga-nos a proceder a esse licenciamento, pelo que os chamados “centros de férias” passarão a ”unidades hoteleiras”, tendo que adequar-se às normas e requisitos em vigor para toda a hotelaria. Neste trabalho, temos contado com uma A Inatel está excelente colaboração do Turismo diferente, todos o de Portugal e de várias das autarsentem, tem uma quias envolvidas, tanto nos pronova imagem, mais cessos de licenciamento, como moderna e actual nos processos de candidatura a linhas de apoio comunitárias, para obtenção de meios financeiros que permitam à Fundação fazer face ao conjunto de intervenções e requalificações que será necessário realizar até 2011. Abriram, entretanto, novas unidades hoteleiras... É um facto. A partir de Setembro de 2009, os nossos beneficiários passaram a dispor de alojamento de elevada qualidade em Linhares da Beira e também na Região Autónoma dos Açores, com a abertura de hotéis de 4 estrelas nas ilhas das Flores e da Graciosa, para onde os nossos associados podem viajar a preços verdadeiramente imbatíveis. A gestão da área do Turismo e das Unidades Hoteleiras da Fundação foi objecto de uma grande reestruturação…. O Turismo de viagens e a Hotelaria (incluindo as Termas e os Parques de Campismo) constituem o principal sector económico da Fundação e, como tal, são o seu primeiro instrumento para a geração das receitas indispensáveis ao funciona-

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mento da estrutura administrativa e ao desenvolvimento das áreas de intervenção social da Fundação – cultura, desporto, programas seniores e juvenis, programas de solidariedade e inclusão social. No final de 2009, a Fundação INATEL dispunha de 17 Unidades Hoteleiras, com 1325 quartos e de 2716 camas, tendo servido uma média anual superior a 700 mil almoços e jantares. Além de dois balneários termais, em Manteigas e Entre-os-Rios, e de quatro parques de campismo, na Caparica, Cabedelo, S.Pedro de Moel e Bragança. Um vasto património com problemas de gestão? A realidade que aqui encontrei, em 2008, foi a de uma organização geradora de muito desperdício de recursos, com muitos trabalhadores empenhados e competentes, mas sem os necessários suportes de gestão que lhes permitissem ter uma acção competitiva, capaz de ser bem sucedida no contexto de mercado em que o INATEL se viu inserido quando passou a Fundação de direito privado. Por isso inscrevemos no ano passado, e prosseguimos este ano, a prioridade para a rentabilização da sua produção, através de uma acção decidida em três eixos centrais: uma profunda alteração do modelo de governação dos Parques de Campismo e da rede de Unidades Hoteleiras da Fundação INATEL, assente numa estrutura de gestão regionalizada e em novos procedimentos funcionais; uma visão comercial que incremente a afirmação e comercialização das nossas Unidades e do nosso Turismo, assente em ferramentas informáticas que permitam a criação de uma “Central de Reservas” e a venda de viagens e de alojamento nas nossas Unidades Hoteleiras por via da Internet; e a formação dos nossos trabalhadores nas vertentes comercial, informática e de atendimento ao público. Nesse sentido, as quinze unidades hoteleiras do Continente foram agrupadas em três grandes regiões, com o objectivo interno de melhorar a eficiência operacional da rede e aumentar os seus resultados. Está em curso um vasto programa de formação “top-down”. E está já a ser ultimado um mecanismo informático de reservas on line, no portal da Fundação, que além da venda de viagens, irá permitir também a venda de quartos dos nossos hotéis através da rede de Agências da Fundação, e estão a ser desenvolvidos novos


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canais de venda das Unidades Hoteleiras, em sistemas de internet, como o Lifecooler, Booking, HRS ou Central R. Nos Parques de Campismo também houve alterações importantes... Também aí se fez uma pequena revolução. A começar pela autonomização e valorização desta área, com a criação de uma “gestão nacional dos parques”, a cargo de um Gestor Nacional a quem cabe dar expressão a uma promessa que eu já fiz aos próprios campistas: a de que comigo e com este Conselho de Administração, os parques de campismo não continuarão a ser os “parentes pobres” do turismo social da Fundação. Além disso, aprovámos o “Regulamento Geral dos Parques de Campismo” que veio adequar esta actividade ao novo enquadramento legal da Fundação, e modernizar as regras de convivência comum nos nossos Parques de Campismo, reforçando a aplicação dos princípios campistas e das novas técnicas e tecnologias de gestão e exploração destes espaços de lazer. Aspecto relevante, porque o “campismo”, sendo naturalmente associado ao ar livre e à evasão, é cada vez menos uma actividade isolada, de “tenda às costas”, para ser uma actividade social, pressupondo a utilização de equipamentos mais ou menos sofisticados e de espaços cada vez mais infraestruturados e organizados. Iremos prosseguir este trabalho, assim não nos faltem as condições humanas e financeiras, aprofundando a requalificação e reorganização dos parques de campismo, permitindo a sâ utilização dos espaços de lazer postos à disposição de todos os beneficiários. A actual crise económico-financeira não afecta esse esforço de aumento dos resultados? A crise financeira internacional, e alguns fenómenos naturais, como a chamada “Gripe A” e as cinzas do vulcão da Islândia, afectaram seriamente a procura dos mercados, interno e externo, em relação ao turismo e à hotelaria nacional. O sector privado registou fortes quebras de receitas e de taxas de ocupação e a Fundação acompanhou essa quebra. Uma quebra que se reflectiu ainda no primeiro trimestre deste ano mas que, a partir de Abril, começou a dar sinais de recuperação que espero tenham continuidade no 2º semestre. Pela nossa parte, e no âmbito da política de

racionalização e profissionalização da gestão dos estabelecimentos hoteleiros, procurámos acautelar uma rentabilidade que contribua para os fins sociais que são a principal missão da Fundação, intensificando os esforços de redução de custos operacionais e de aumento dos resultados do turismo e da hotelaria, com o apoio do nosso departamento de Marketing e das nossas Agências e Delegados Regionais, na venda de viagens e na captação de novos clientes e de grupos para as unidades hoteleiras. E há novidades na oferta turística Inatel? Temos procurado inovar na oferta, como sucede com o projecto “cooking”, desenvolvido com o chefe Carlos Capote nas nossas unidades hoteleiras e que tem sido muito bem aceite pelos clientes que à mesma têm aderido, assim como pelas equipas de cozinha onde o chefe Capote tem estado. E desenvolvemos ofertas distintivas para as regiões, alinhadas com a proposta de valor da Os parques de INATEL, capitalizando na campismo não vocação natural de cada região e continuarão a ser os desenvolvendo os seus factores “parentes pobres” do de qualificação, como sucede turismo social da com as duas unidades inseridas Fundação em Aldeias Históricas, de cuja Associação fazemos parte. Vamos apostar no Turismo de Natureza, com o lançamento do programa “Caminhar com a INATEL”, que oferecerá circuitos pedestres em torno da maioria das nossas unidades, com trilhos demarcados e a possibilidade de realização monitorizada do circuito (com GPS) e, no âmbito das viagens estamos a desenvolver produtos apelativos, direccionados a novos segmentos de mercado, como o turismo activo e para famílias, mantendo ainda programas de sucesso como o “55+Espanha”, para o segmento sénior e o “Turismo para Todos” que relançaremos na próxima época baixa. Portanto, e apesar da crise, não parece estar pessimista quanto ao futuro... Sem duvida que a situação é difícil e vai obrigar a decisões nem sempre simpáticas, mas confio nas orientações já aprovadas pelo Conselho de Administração, no sentido de prosseguir e aprofundar o processo de mudança orgânico, funcional e cultural da Fundação, com o funcionamento em rede dos serviços de contacto com o clien-

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Entrevista

Carlos Mamede rodeado pelos mais directos colaboradores e directores das Unidades Hoteleiras

te externo, a articulação entre todos os departamentos e áreas de actividade, a ligação aos beneficiários e associados individuais e colectivos, o desenvolvimento de parcerias a nível nacional e internacional, o incremento das vendas do turismo e o aumento das taxas de ocupação das nossas unidades hoteleiras. E acredito que temos uma proposta de valor atractiva, baseada nas características diferenciadoras do turismo social da INATEL e em recursos Diria aos nossos excepcionais em termos de localibeneficiários: pela zação e potencial geo-turístico, sua saúde e pelo património histórico e cultural, bem-estar da sua experiência e disponibilidade dos família, ligue-se à nossos profissionais. Inatel Os preços praticados na Unidades Hoteleiras, têm suscitado algumas reacções negativas. Ainda é vantajoso ser associado? Cada vez será mais vantajoso ser beneficiário associado da Fundação Inatel. Não só porque temos mais e melhores serviços, com descontos que rapidamente “pagam” o, já de si baixo, custo da quota anual, mas também pelo conjunto de vantagens na utilização ou aquisição de bens e serviços das várias entidades com quem temos estabelecido protocolos e parcerias. No que diz respeito a viagens, para além do menor preço, o beneficiário tem na Fundação uma equipa de programação que opera em função das suas necessidades. Já referi o preço imbatível de umas férias na ilha das Flores, mas muitos outros poderia citar. Em suma, diria aos nossos beneficiários: pela sua saúde e pelo bemestar da sua família, ligue-se à INATEL!

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E os preços das unidades hoteleiras? Quanto às tabelas de preços das nossas unidades hoteleiras, publicadas este ano pela primeira vez com um preço para o público em geral, o chamado “preço de balcão”, houve alguma incompreensão que importa esclarecer devidamente. De facto, ao passar a ter um estatuto de Fundação privada de utilidade pública, a INATEL alargou o seu âmbito a todos os trabalhadores, no activo ou reformados, sejam ou não seus associados. Isto obrigou à alteração das tabelas de preços, que passaram a ter um preço de balcão, válido para todos os beneficiários, mas sobre o qual se aplica um desconto de 20 por cento para os associados, para quem se mantiveram praticamente inalterados em 2010 os preços praticados em 2009. E na alimentação? Convém lembrar que os preços da alimentação apenas sofreram meros ajustamentos, continuando a ser muito inferiores aos praticados na generalidade da hotelaria. Mas ainda quanto ao alojamento, permitamme realçar que a nova realidade estatutária obrigou igualmente à segmentação e à flexibilidade na fixação dos preços e, a exemplo do que se passa em toda a hotelaria, também nas nossas unidades hoteleiras se aplicam descontos comerciais para grupos e empresas e se fazem promoções regulares com baixas de preço, dentro de limites razoáveis e sempre que a ocupação das suas unidades o justifique, mantendo-se o valor global de desconto praticado em 2009 sobre o preço de balcão, para os reformados, pensionistas e pessoas com um grau de deficiência igual ou superior a 60%. I


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Alcácer Ceguer A fortaleza esquecida

A meio caminho entre Tânger e Ceuta, Alcácer Ceguer é uma estância balnear e um porto de pesca. Na margem do rio homónimo, um forte meio arruinado estende-se na areia como um barco naufragado, de quilha apontada ao mar. Foi a primeira conquista de D. Afonso V, durante quase um século, ali esteve hasteada a bandeira portuguesa. 26

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a história e a sina das fortalezas: são edificadas com objectivos muito precisos e datados no tempo, delimitados por circunstâncias políticas e militares concretas. Virada a página, o que se segue é o abandono, eventualmente mitigado pela conservação que serve para alimentar a memória colectiva. Com a fortaleza luso-marroquina de Alcácer Ceguer, quase só o desamparo faz figura na fotografia. A povoação fica perto da encruzilhada dos caminhos que levam a Ceuta, Tetouan e Tânger. Nas imediações, ergue-se o Djebel Moussa, a montanha que, com a elevação gémea de Gibraltar, forma os míticos pilares de Hércules. Alcácer é um povoado piscatório que durante a época estival se transforma numa estância balnear, frequentada essencialmente por famílias marroquinas. Os projectos de construção de dois ou três grandes hotéis prometem mudar o futuro da vila, que desempenhou em certos momentos da sua história alguns papéis relevantes. Para Portugal - a partir de 1458, data da conquista por D. Afonso V - representou um reforço significativo do controlo daquele troço da costa mediterrânica e um esteio da defesa das praças de Ceuta e Tânger; para os Almóadas, os Almorávidas e os Merínidas, Alcácer foi porto de embarque para as invasões da Península Ibérica. Mas a importância estratégica de Alcácer Ceguer parece ter sido reconhecida ainda antes desses períodos: já no virar do primeiro milénio, a dinastia omíada havia tentado a sua conquista, por ordem do califa Al Hakam. Alcácer era conhecida então pela Madinat Al Yam – “a cidade do mar” – ou por Al Kasr al Awwal – “o primeiro castelo”. Na verdade, já no século VIII, e a atestar a relevância estratégica do lugar, ali teria existido uma outra fortaleza, conhecida pelo nome de Ksar Mesmouda. Alcácer Ceguer esteve sob domínio português quase uma centena de anos, até meados do século XVI. O avanço de Mohamed Cheik sobre Fez e a pressão sobre as possessões portuguesas conduziram à decisão do abandono de uma parte das praças africanas. A notícia do perigo que ameaçava os invasores europeus chegou a Lisboa a 12 de Fevereiro de 1549 e terá lançado o pânico. A JUL/AGO 2010 |

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sentença caiu, rápida, sobre os lugares difíceis de defender, que deveriam ser evacuados: Arzila e Alcácer Ceguer.

Pedra sobre pedra Quando se iniciou a ocupação portuguesa, já existiam no lugar estruturas islâmicas, que foram substituídas por novas construções. Os recémchegados aproveitaram, todavia, uma parte dessas estruturas, tendo os edifícios públicos mais importantes sido construídos sobre alicerces anteriores, como, por exemplo, a prisão, que se ergueu sobre o antigo hammam, e a igreja, edificada sobre a mesquita. Nesse sentido, o castelo de Alcácer Ceguer representa uma das mais paradigmáticas fortalezas luso-marroquinas. Francisco de Danzilho terá sido, provavelmente, o principal mestre responsável pela intervenção lusitana em Alcácer Ceguer (trabalhou também em Tânger e Arzila). Certo é que Diogo Boytac, mestre ligado a outras obras de engenharia militar portuguesa em África, terá sido mandatado para fazer a fiscalização das obras de Alcácer. Se os acrescentos arquitectónicos portugueses prolongaram, por vezes, construções anteriores, há novas estruturas, perfeitamente identificáveis ainda hoje, que constituem, verdadeiramente, notáveis exemplos da arquitectura militar portuguesa na região. Como acontecia com todas as fortificações portuguesas erguidas no norte de África, os abastecimentos eram feitos por via marítima, face à permanente hostilidade da gente local para com os invasores. Uma das estruturas acrescentadas pelos portugueses em Alcácer Ceguer foi uma nova couraça, que se adiantava pelo areal e terminava na Porta do Mar. Esse elemento é, justamente, um dos mais emblemáticos entre o que resta da fortaleza, a par do espaço interior do castelo. A partir de vários pontos da muralha é possível ter uma boa perspectiva do conjunto, incluindo o espaço interior do castelo e as fiadas de canhoneiras. A Porta da Terra e os vestígios da igreja são outros pontos de interesse para o viajante, que não deixará de se assombrar com a sobrevivência, durante mais de cinco sécu28

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los, de parte da Couraça e da Porta do Mar – elementos continuamente sujeitos à acção das marés vivas. Pensará na qualidade da construção, que garantiu tal prodígio de resistência. E, eventualmente, há-de concluir que é tempo de fazer alguma coisa antes que se apague do areal de Alcácer esse impressivo testemunho da presença portuguesa no litoral norte-africano. Antes que, como soe dizer-se, não fique pedra sobre pedra no castelo de Alcácer.

Sortilégios da velha Tânger Tânger tem tido dificuldade em livrar-se de uma certa fama que conquistou desde os tempos em que era cidade internacional – nos anos 50 do século passado, quando a comunidade estrangeira residente ultrapassou os cinquenta mil habitantes, praticamente metade da população da cidade. Dizem as más-línguas que há razões para tal. Haverá quem ainda por lá arribe à procura de indícios de tais tempos, mas a cidade – e um pouco por vontade do actual monarca marroquino – tem vindo a ser sujeita a uma renovação urbana com o objectivo de apagar a memória (menos boa) daqueles tempos e de se tornar um pólo de atracção turística no norte de Marrocos. A candidatura à Expo 2010, que acabou por perder para a cidade sul-coreana de Yeosu, foi um dos pretextos para lançar o programa de requalificação, que inclui uma renovação de toda a frente marítima. Oficializado em Fevereiro passado, o projecto visa enquadrar a cidade entre as principais urbes mediterrânicas, transformando-a num importante porto de turismo, com capacidade para integrar as rotas dos cruzeiros da região. A entrada em funcionamento este ano de um novo terminal para as ligações marítimas regulares com a Europa assinala o início desta nova era da vida de Tânger. Os restos de muralha portuguesa podem ser um dos atractivos para os viajantes portugueses, mas se o móbil da viagem for esse, e uma vez que pouco resta de visível em Tânger, então será melhor pensar, para além da visita a Alcácer Ceguer, em rumar a Arzila, que fica a cerca de meia centena de quilómetros e conserva uma excepcional fortaleza lusitana. Há várias ligações rodoviárias e ferroviárias que permitem organizar facilmente um passeio de um dia a partir de Tânger. Mas a velha Tânger, geminada com Faro desde


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Viagens

GUIA

a uma hora e as formalidades

039333314, fax 039930443), no

hospitaleiro. Para os

de fronteira são cumpridas

cruzamento entre a

contumazes leitores de

durante a viagem.

Mohammed V e o Boulevard

Bowles, há a opção do Hotel

Pasteur, e o Hotel de Paris, no

Continental (tel.039931024),

COMO IR Com a possibilidade de

ALOJAMENTO

Boulevard Pasteur (tel.

que terá sido um dos

circular em auto-estrada até

Ainda que haja alguma oferta

039931877), a cinquenta

preferidos do escritor em

ao sul de Espanha, torna-se

em Alcácer Ceguer, a melhor

metros.

Tânger. Já não é o que era,

perfeitamente exequível sair

opção é Tânger, quer por

O primeiro é um bom

mas conserva mobiliário da

de casa de manhã e jantar em

razões de qualidade e de

estabelecimento de três

época, uma fotografia de

Tânger. A viagem pode ser,

maior abundância de

estrelas, com uma atmosfera

Bowles na sala de jantar e,

portanto, programada para um

alternativas, quer porque a

que guarda algum carisma

obviamente, a mesma vista

fim-de-semana alargado, se

cidade detém uma razoável

dos tempos áureos de cidade

sobre o porto e o

não se dispuser de mais

variedade de atracções que

internacional. O segundo, de

Mediterrâneo, que Bertolucci

tempo. A passagem de barco

podem complementar a visita

duas estrelas, mais simples,

incluiu num plano de «Um

pode ser feita tanto em Tarifa

a Alcácer Ceguer. Na faixa de

conserva na decoração

Chá no Deserto». Fica na

como em Algeciras, sendo

preços intermédios, duas

interior alguns elementos de

Medina, na Rua Dar Baroud,

melhor opção a primeira. O

opções a considerar são o

art deco e um suplemento de

no seguimento da Rua de

tempo de travessia não chega

Hotel Rembrandt (tel.

valia: o acolhimento é assaz

Portugal.

1985, mantém uns tantos sortilégios, que convidam a uma estada de vários dias. Os souks (o grand souk, sobretudo), a medina (que tem vindo a ser renovada nos últimos anos), os antiquários, o antigo palácio dos sultões agora convertido em Museu de Antiguidades, os velhos cafés frequentados por figuras literárias conhecidas, como Paul Bowles ou William Burroughs (o Café de Paris, junto da Place de Faro, ou o Café Central, poiso da beat generation), Samuel Beckett, Tennessee Williams e Mark Twain, são algumas das razões para justificar, pelo menos, um fim de semana na cidade. Há, claro, muitos outros “pormenores” que compõem a aura e a identidade de uma urbe: o velho café Hafa (fundado em 1921), onde se juntam muitos estudantes (não propriamente para estudar), com a sua soberba vista sobre o Mediterrâneo e a Península Ibérica, a doçaria marroquina (que se pode encontrar nas imediações do Boulevard Pasteur, na Rue de Moutanabi, por exemplo), ou os salões de chá, como o La Giralda e o Zagora, no Boulevard Pasteur. Para a visita a Alcácer Ceguer, há duas alternativas (sem contar com a possibilidade de apanhar o autocarro que vai para Fnideq): partilhar um dos táxis colectivos (os chamados “grand taxi”) que partem da Rua de Portugal, ou alugar um táxi por umas horas (que poderá custar entre 30 e 40 euros, dependendo da arte de negociar).I Humberto Lopes (texto e fotos) 30

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Desporto e Festa no Parque 1º de Maio O 13 de Junho último encheu o Parque de Jogos 1º de Maio de atletas de várias modalidades e claques ora mais serenas, ora mais ruidosas. Ali se realizaram as finais de futebol, futsal, andebol, basquete e vólei – este masculino e feminino, assinalando, simultaneamente, os 75 anos da Inatel. O CAPITÃO DA EQUIPA já leva 24 épocas a jogar no CCD de Almoster, tantas quantas as de sócio da Inatel. Aos 39 anos, Dário Inácio nunca jogou por outro clube. E o presidente da colectividade quer convencê-lo a ficar por mais uma época, para lhe agradecer com uma festa, pelos 25 anos de futebol e por muitos arranhões ganhos em campo, simplesmente por amor ao desporto. Nesta final nacional, o Almoster tinha pela frente o CCD da Azambujeira, equipa do mesmo distrito, o de Santarém – facto inédito neste torneio. “Começamos a jogar em Outubro e terminamos hoje”, conta o presidente do Almoster. As duas equipas disputaram, entre si, ao longo da época, cinco jogos, cabendo ao onze da 32

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Azambujeira a vitória final, 1-0, e a conquista da Taça. Mas “a festa”, sublinha José Manuel Brito, fez-se nas bancadas, com tambores e batuques e, findo o jogo, em animado convívio e piquenique, no parque de merendas, com centena e meia de apoiantes, atletas e até um ou outro jogador do Azambujeira. “A rivalidade existe dentro de campo mas acima de tudo há desportivismo”, revela o presidente do CCD de Almoster, 49 anos, ligado desde 1995 à colectividade ribatejana.

Espinho e Viana dominam vólei Muito festejada – e muito renhida – foi a vitória da final de vóleibol feminino, em que as mulhe-


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res de Viana, do CCD de Perre, levaram a melhor sobre as lisboetas do Clube PT (Portugal Telecom). A nortenha Letícia Cruz, 27 anos, 1,82m, estava eufórica, no final do jogo. Atribui a vitória ao facto de o grupo se conhecer há muito, ela há três anos que ali joga. Para esta médica anestesiologista, que atribui a vitória ao facto de o grupo se conhecer há muito, não é fácil conciliar horários da vida profissional com treinos e jogos, mas na próxima época estará de volta. Nos homens, a final de vólei foi mais tranquila, com os três sets ganhos pelo CCD “Os Mochos”, de Espinho (Aveiro), onde pontuava João Brenha (ao lado na foto), que ganhou notoriedade nacional e mundial quando, com Miguel Maia, se dedicou ao voleibol de praia. Sereno e humilde a receber o troféu de melhor jogador em campo, Brenha destaca que “o mais importante agora é fazer desporto e conviver com esta malta amiga com quem já tinha jogado”.

Basquetebol a Norte, Andebol em Lisboa Muita paciência teve a equipa de basquetebol do CCD da Caixa Geral de Depósitos (Porto), para bater os rivais lisboetas da Fidelidade M. Império Bonança. Com cerca de centena de apoiantes nas bancadas, a emoção foi até ao último minuto, já que a vitória só sorriu aos portuenses muito perto do fim da partida. Para

Hugo Guerreiro, dirigente da equipa vitoriosa, foi o coroar de uma época em que “este grupo esteve sempre no topo”, isto apesar de ter tido algumas baixas por lesão. JUL/AGO 2010 |

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Finais Inatel

Equipa campeã de Vólei Masculino

Equipa campeã de Vólei Feminino

Equipa vencedora de Futebol. À direita, Moreira Marques, administrador da Inatel, entregou a taça aos campeões de Andebol Masculino

A Taça da Liga de Andebol ficou a 20Km de Lisboa. Arrecadou-a o CCD do Sobralinho, finalista pela segunda vez na competição nacional da Inatel, mas só agora vencedor. Nesta equipa, que mantém um grupo de 16 atletas há três anos, o presidente para a área do andebol também vai a jogo. Praticante da modalidade desde muito cedo, Paulo Crisóstomo diz que se sente muito bem em campo e todos o tratam por tu. Queixas? Apenas de uma ou outra arbitragem…

Futsal: a surpresa Padornelos Quem não esperava triunfar no Futsal era o CCD de Padornelos (Paredes de Coura). Avisados, a meio da semana, que uma equipa havia sido desclassificada e que tinham acesso à final, pouco tempo tiveram tempo para estudar novas tácti34

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cas. Boa, também, foi a surpresa à chegada. “Sensibilizou-nos muito o apoio incondicional dado por um grupo de courenses a viver em Lisboa. Apoiaram-nos e deram-nos tudo”, sublinha, emocionado, Fernando Silva, director técnico. O golo madrugador premiou o esforço deste grupo que pela primeira vez disputou um campeonato inteiro. Os festejos alargaram-se a Paredes de Coura, onde há chegada a equipa subiu à varanda da câmara municipal para ser aplaudida por todos. Não admira que este responsável afirme que “Só o fim-de-semana valeu pelo esforço de ter participado nesta competição”. Esta é também uma forma de motivar o meio milhar de habitantes daquela freguesia para apoiar este CCD, remata. I Manuela Garcia (texto) José Frade (fotos)


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Amândio Monteiro, associado desde 1943

O camisola amarela A vida de duplo emprego que teve de levar ao longo de mais de 40 anos podiam tê-lo feito um homem pacato e vulgar pai de família. Mas não. Amândio Monteiro foi sempre muito curioso e com gosto pela escrita.

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COM A BICICLETA ficou a conhecer o país como a palma da mão e arrecadou várias taças da então FNAT para o grupo dos Correios, onde sempre trabalhou. Aos 90 anos diz ser um homem realizado. E tem razões de sobra para o afirmar. Nesse dia o Faíscas, assim era conhecido José Albuquerque, o vencedor de duas voltas a Portugal em bicicleta, chegou ao pé do amigo e disse-lhe: “ Ó Amândio, ganhei uma bicicleta que é uma espada! Mas eu não preciso dela. Dás-me 1000 escudos (5 Euros). O preço dela é 1800 escudos (9 Euros), dás-me 100 escudos (50 cêntimos) por mês”. Amândio ofereceu-lhe 500 escudos (2,5 Euros) a pronto pagamento e o negócio ficou ali firmado. Estava encontrada a bicicleta talismã que haveria de dar muitas alegrias a este trabalhador dos Correios de Picoas, em Lisboa. Mais: ao longo de sete anos foi destacado ciclista pela FNAT, e em 1949 fez parte da equipa que se sagrou campeã do primeiro Campeonato Ibérico de Ciclismo. No ano seguinte, foram vice campeões em Madrid – mas por uma alteração das regras da corrida à última hora, afiança…

Das cartas e das taças… As taças e as medalhas que lhe ocupam boa parte da cave atestam as vitórias da equipa dos Correios. Com uma memória prodigiosa exibe os troféus, referindo datas e pormenores de como foram conquistados. Lá está a taça ganha na primeira prova de ciclismo organizada pela FNAT, em Santo Amaro de Oeiras, em 1945. E também a miniatura de uma taça nacional recebida pelas cinco vitórias consecutivas ao longo de outros tantos anos, também atribuída pela FNAT – a original de quase um metro de altura, está em exposição nos Correios, e mesmo hoje não o deixa

indiferente: “Quando lá vou aos Corrreios, reparo sempre: a mãe e as filhas, há essa taça grande e depois há todas as outras”. No campeonato da vida desde a então instrução primária feita em Tábua até aos anos da Escola Comercial, em Aveiro, Amândio sempre levou a melhor nas redacções. Daí até à escrita nos jornais foi um passo. Desde há muito que escreve para A Comarca de Arganil e para todos os boletins dos Correios – chegaram a ser quatro, mas agora são apenas dois; escreve ainda para “O Tabuense” e “Olivais”, um boletim da junta de freguesia homónima; por intermédio de um colega que lhe conhecia os dotes da escrita, chegou a colaborar com o Notícias do Bombarral. Durante mais de 40 anos, o dia de trabalho deste agora nonagenário começava às 7 da manhã nos Correios e terminava, muitas vezes à JUL/AGO 2010 |

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uma da madrugada, hora de saída da última sessão do cinema Lis, que depois tomou o nome de Roxi, onde era fiscal. “E isto até eu fazer 60 anos!”, altura em que se reformou, “já tinha 44 anos de actividade, chegou e bem!”. Onde arranjava tempo para tantos afazeres? É simples, explica: “Sempre fui muito curioso e durmo pouco, umas três horas por noite; o resto do tempo estou a magicar”.

…para os jornais e livros Desde há muito que os amigos e os leitores mais fiéis lhe pediam para publicar um livro com as suas crónicas. Em 1999, publica o primeiro: “Estes Correios que eu amo… Histórias verídicas”, hoje já está a ultimar o oitavo. Na sua escrita perpasse o espírito de um humanista que sempre teve facilidade em fazer amizades em todos 38

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os estratos sociais. É por isso que lá podemos ler relatos de episódios com a actriz Beatriz Costa mas também sobre os “filósofos” da aldeia que o viu nascer, Touriz, ou sobre “Como uma piedosa mentira evitou uma tragédia”. São cenas da vida que nos levam à Lisboa desde os anos do pósGuerra: às relações entre homens e mulheres, aos factos desportivos em que foi interveniente, no fundo, ao olhar de alguém que trabalhou desde sempre nos Correios e que também quis homenagear a classe dos carteiros. Anda agora num afã a ultimar as derradeiras crónicas para o livro que ainda espera publicar este ano intitulado “Ciclismo e ciclistas”. “É tudo sobre o ciclismo, desde a descoberta da bicicleta até hoje, incluindo as provas em que participei, os amigos que tive, tudo”. Ele redige os textos e o amigo José Cardoso passa-os à máquina. Uma amizade que leva mais de 30 anos. Cardoso acompanha-o com mais assiduidade desde que Amândio há três anos enviuvou. Não passa um dia sem que ligue a Amândio uma ou duas vezes. Vai agora com ele a Caldas da Raínha e também ao Cartaxo, fazer fotografias que hão-de ilustrar outras tantas crónicas do próximo livro. Com 90 anos cumpridos no dia de Natal, Amândio Monteiro habita só no tranquilo Bairro da Encarnação em Lisboa. Tem em cada vizinho um amigo. E tem amigos por toda a parte. Tem por hábito dizer que “se na vida fez mal a alguém foi sem saber”. Depois de percorrer o país de lés a lés, este sócio nº190 da Inatel (desde 1943), assevera com autoridade: “Não autorizo ninguém a dizer que conhece Portugal melhor do que eu, pode conhecer tão bem, mas não conhece melhor”. E a prova está nos inúmeros lugares que enuncia ao relatar os percursos da Volta a Portugal, da Volta ao Algarve ou do clássico Lisboa-Porto, entre tantas outras tiradas que fez. Também correu mundo. De tal modo que durante muitos anos o grupo desportivo dos Correios incumbia-lhe a tarefa de escolher o roteiro e fazer de guia turístico não só no país, mas em Espanha, Inglaterra e em tantas outras paragens. “Sempre tive a mania de correr, de viajar”. Conseguiu tudo, de tal modo que em jeito de balanço de vida não tem dúvidas em afirmar: “Digo em voz alta e sem vaidade nenhuma: sou um homem realizado!”. E com razão. I Manuela Garcia (texto) José Frade (fotos)


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Paixões

Octávio Santos Empreendedor cultural A PRIMEIRA VEZ de que se lembra de não

Começou pelo jornalismo, também é virar caras à polémica foi por alturas do 25 de escritor, mas assume-se como sendo Abril. Frequentava a então chamada escola primária e não se coibiu de enfrentar os colegas e um “empreendedor cultural”. a professora com os seus argumentos sobre a situNa história de Portugal, fascina-o o ação que o país vivia. Ao longo da vida, que já século XVIII mas ao mesmo tempo é leva 45 anos, tem sido sempre assim: frontal na dos poucos jornalistas especializados defesa do que tem por certo ou mais correcto. É o caso do Acordo Ortográfico de que é actiem sociedade da informação. Na sua vo opositor. “Causa-me espanto ver até que ponto discoteca prevalecem a música clássica algo que é um atentado não só à nossa dignidade, e o heavy metal, simbolizando os à nossa identidade linguístico cultural, mas tamgostos deste homem de cultura, bém à nossa soberania nacional, passar pelos vistos sem grandes protestos, querendo impor altecom um pé no presente e outro rações à nossa forma de escrever que não são no passado… necessárias”. E esta é uma bandeira que não é de agora, pois há cerca de 25 anos que tal assunto lhe merece reflexão. Não só com recolha de informações, leitura e publicação de artigos, mas também na escrita de um livro de que é co-autor com Luís Teixeira Lopes: “Os novos descobrimentos – Do Império à CPLP: ensaios sobre História, Política, Economia e Cultura Lusófonas”.

Lusófono Este amor à língua portuguesa e à portugalidade muito o deve a um encontro com Agostinho da Silva. Aos 19 anos, Octávio dos Santos passou a ser visita regular da casa que o filósofo e investigador habitava junto ao Príncipe Real, em Lisboa. E foi “um abrir de portas e janelas”. “Eu já antes – explica - tinha predisposição para reflectir sobre as questões da portugalidade mas com ele foram exponenciadas. Ao dar-me o privilégio da sua companhia, das suas palavras, sinto-me na obrigação de fazer jus à confiança que ele depositou em mim; de tentar, dentro das minha possibilidades, defender o que é correcto, construir algo de diferente”. E é esse o caminho que tem vindo a trilhar. O Movimento Internacional Lusófono, o MIL, de cuja direcção faz parte, é um desses projectos cul40

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turais criados e desenvolvidos à sombra do pensamento de Agostinho da Silva, com o intuito de mobilizar e pensar o sentido e o destino de Portugal e da comunidade lusófona espalhada pelo mundo. Mas nem sempre está de acordo com a posição oficial deste movimento.

Escritor Em todas as actividades que desenvolve, quer sejam o jornalismo, a publicação de obras ou os projectos culturais, procura sempre fazer algo de diferente. O projecto “A República nunca existiu”, criado para assinalar o regicídio de 1908, é disso exemplo. Juntamente com mais 13 autores propôs que imaginassem a história de Portugal sem o 5 de Outubro de 1910, como se uma duradoura monarquia perdurasse até aos dias de hoje – ou não fosse ele membro da Real Associação de Lisboa. O resultado foi um livro de 14 contos, em forma de história alternativa. Leitor compulsivo, “desde sempre, li de tudo e mais alguma coisa”, a história e mais concretamente o século XVIII merece-lhe um carinho especial por ser uma época subvalorizada, em favor do século XIX. Mas também o fascinam a ficção científica e o fantástico. Aliás, um gosto que assume ter ido buscar ao cinema e daí a sua escrita ser “o mais visual possível”. Tanto assim é que no livro que lançou há sensivelmente um ano, “Espíritos das Luzes” (Gailivro, 2009) é o resultado disso mesmo: “Vou ao passado para construir uma fantasia futurista em que Portugal era um planeta e todos os países da Europa são um planeta”. Mas esta obra alberga também um intenso trabalho de pesquisa histórica: “tudo o que o meu personagem diz, foi dito ou escrito por esse personagem; no caso de Bocage, ele fala sempre através dos seus versos”. Afirma ainda ter mais livros prontos para publicação, desde poesia à ficção. Pelo meio, traduziu e publicou “Poemas”, Alfred Tennyson, (Saída de Emergência, 2009), “um amor muito antigo”, já que passavam dois séculos sobre o nascimento do poeta e 150 anos da sua passagem por Portugal. Na blogosfera tem lugar marcado com o Octanas onde regista o que vai fazendo: os livros que lê, a música que ouve ou os colóquios a que assiste.

Musicólogo Ao gosto pela escrita, pela investigação histórica e pelos projectos culturais, junta-se o da música.

E prefere o heavy metal e a clássica aos outros géneros. Mais, na blogosfera tem mesmo o Simetria Sonora onde, todos os anos, no dia internacional da música, a 1 de Outubro, publica uma listagem nova de discos que estão para a ficção científica e o fantástico, como os filmes ou os livros. Onde tem vindo a reunir um grupo interdisciplinar de amigos e a conciliar o passado e o futuro tem sido na recriação histórica em três dimensões. O primeiro destes trabalhos onde a informática se alia à história refere-se à Ópera do Tejo, “um fabuloso edifício que foi provavelmente no seu tempo a mais bela e a mais deslumbrante Casa da Música da Europa mas que só existiu durante seis meses, já que foi inaugurada em Abril de 1755 e ruiu a 1 de Novembro do mesmo ano com o terramoto”. Tal edifício, teve honras de inauguração com a estreia da ópera Alessandro nell`Indie, com música do napolitano David Perez – compositor da corte de D. José. E é precisamente a gravação e edição integral em disco dessa ópera – “e quem sabe recriá-la cenicamente”, confessa – é o que de momento ocupa Octávio dos Santos e o maestro Jorge Mata. Aguarda agora a resposta de uma instituição financeira para dar início à música e ao assinalar dos 300 anos do nascimento de David Perez. Enquanto isso, o também beneficiário da Inatel, que se define como empreendedor cultural “por minha conta ou, o que é mais gratificante, em colaboração com pessoas que partilham os nossos objectivos”, vive a aventura da vida com a mulher e as três filhas. I Manuela Garcia (texto) José Frade (fotos)

O projecto “A República nunca existiu”, criado para assinalar o regicídio de 1908, e o livro “Poemas”, de Alfred Tennyson, que Octávio Santos traduziu e publicou

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Diu - Índia

Fortalezas para o romance FELIZMENTE que agora as fortalezas têm outras funções. Bem mais nobres e úteis. São sobretudo locais para o romance, o convívio e a contemplação. Os muros e muralhas do antigo enclave português de Diu, na Índia, são populares entre os guzarates, que ali se deslocam em família, de cidades como Amedabad, Baroda ou Banghavar, a centenas de quilómetros de distância. Também os namorados ou os recémcasados em lua-de-mel escolhem-na como amuleto. Ouvindo-lhes juras e segredos, os inúmeros e bem conservados canhões são

fiáveis confidentes, agora que as suas bocas deixaram de vomitar o fogo mortal. Ao largo desta imponente praça-forte portuguesa passam embarcações de pescadores que a determinadas horas do dia entram e saem da barra, de regresso ou de partida para a faina diária, evitando o fortim de Panikota, antiga prisão que à noite é foco de todas as atenções, realçada pelos diversos holofotes que projectam sobre as suas maciças paredes coloridos feixes de luz.I Joaquim Magalhães de Castro (texto e fotos)


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Memória

António Assunção, um fradinho popular Foi, com o papel de frade da série «Caldo de Pedra», que o actor António Assunção se tornou numa figura popular.

ONDE QUER QUE FOSSE, vinha à baila o seu «frade» ou o seu detective de «Duarte e Companhia» para não falar do divertidíssimo chefe de polícia de «Zé Gato». Isto para dizer que, apesar de muito e bom teatro que o actor interpretou durante muitos anos, foram ainda os personagens que fêz para a Televisão que o tornaram numa das figuras mais populares e queridas do público. António Assunção era do Norte, de Paços de Ferreira, onde nasceu a 29 de Agosto de 1945. Tudo começou no Porto O Teatro Experimental do Porto foi o seu primeiro poiso. Tinha 20 anos e representou «O avançado-centro morreu ao amanhecer», seguido de «Desperta e Canta» de Clifford Odets e de «O Barbeiro de Sevilha», de Beaumarchais. Um ano depois dá o salto para Paris, escapando à Guerra de África. Oito anos irá durar o seu exílio. Em 1975 regressa a Portugal e, de novo, ao teatro. Setúbal tem já o seu Teatro de Animação com Carlos César na direcção e é aí que Assunção fará Molière e Alves Redol. Em 1977 passa a integrar o Grupo de Teatro de Campolide (mais tarde Companhia de Teatro de Almada), que viria a ser a sua segunda casa, tantos e tão bons foram os seus trabalhos com Joaquim Benite. Inesquecível o seu «tanoeiro» da peça «1383», de Virgilio Martinho, encenada por Benite. Mas também o «chefe de redacção» Valadares da peça «A Noite», de José Saramago. Mas também todos os personagens que interpretou em peças como «O Santo Inquérito», de Dias Gomes, ou «A Excepção e a 48

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Regra», de Brecht ou «Dona Rosinha Solteira», de Lorca, e Molière e Juan Benet e Almeida Garrett e Eugene O’Neill e Gil Vicente, eu sei lá. Assunção foi um actor a tempo inteiro e sempre ligado à Companhia de Teatro de Almada.

Cinema e Televisão Já falei atrás das séries televisivas onde António Assunção foi intérprete magnífico. Mas deverei citar o seu perfeito Dâmaso em «A Tragédia da Rua das Flores», realização de Ferrão Katzenstein ou o seu trabalho em séries como «Retalhos da Vida de Um Médico», de Artur Ramos e «Uma Cidade como a Nossa», realização de Luís Filipe Costa. No cinema trabalhou com Fernando Lopes (Crónica dos Bons Malandros), com Luis Galvão Teles (A Vida é Bela), Luís Filipe Rocha (Amor e Dedinhos de Pé) e Artur Semedo (O Barão de Altamira), entre outros. O excelente actor, que se manteve mais de 20 anos ligado à Companhia de Teatro de Almada e acabou por morrer durante as férias de 1998 (20 de Agosto) em Nova Iorque, talvez não tenha tido a consagração que merecia pelo seu talento inesgotável e pela justeza e verticalidade com que encarou a vida, o trabalho, a política.

Em cima: em “A Queda dum Anjo” de Camilo Castelo Branco (1980). À esquerda: o escravo de “A Excepção e a Regra”, de Brecht (1982). Em baixo: o “Dâmaso” de “A Tragédia da Rua das Flores” (1983)

Sem idade para o D.Maria II De uma conversa que tive com o actor em 1983, gravava ele o seu Dâmaso da «Tragédia da Rua das Flores», não esqueço a resposta que me deu quando lhe falei na hipótese de trabalhar no D. Maria II. «Ainda não tenho idade para isso... Gosto muito do teatro vivo. Para mim a grande diferença entre o teatro dos grupos independentes e o do Nacional corresponde à distinção entre o teatro das forças vivas e o teatro das forças mortas». Muitas vezes lamentando que o conhecessem melhor dos papeis que interpretava para a Televisão do que pelo seu trabalho no teatro a verdade é que a versatilidade e o empenho com que dava vida aos «fradinhos» e aos polícias dos «Zé Gatos» tornaram-no numa figura querida de Norte a Sul do País. António Assunção foi de facto um actor de muito talento e um grande coração. I Maria João Duarte JUL/AGO 2010 |

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Olho Vivo

Não olhar para o guarda-redes

A barata recomenda

Um estudo da Universidade britânica de Exeter mostra que a famosa angústia do guarda-redes antes do penalty é, ainda assim, menor que a ansiedade do jogador que vai marcar a falta. Greg Wood, o psicólogo que dirigiu a investigação, recomenda: concentrem-se na bola e na vontade de marcar e ignorem o homem à baliza. Isto parece evidente, mas o ser humano tem tendência, sob pressão, a concentrar-se no obstáculo que ameaça a boa realização da tarefa, em vez de só pensar em fazer balançar as redes. Por isso, quem vai marcar o penalty perde muita atenção a observar os movimentos do homem que quer defender o remate. E há guardiões que sabem disso e executam verdadeiras coreografias para desconcentrar o marcador. O antigo guarda-redes do Liverpool Bruce Grobbelaar participou neste estudo e recorda que derrotou a Roma em 1984, a penalties, na final da Liga dos Campeões, utilizando um pequeno bailado a que chamava "pernas de esparguete", enquanto o adversário se concentrava para rematar. Esperemos que Ronaldo leia estas linhas, antes de qualquer eventual desempate a penalties na África do Sul.

Como é que as baratas sabem onde se come melhor em cada sítio? Como os humanos seguem recomendações de amigos, especialistas ou dos guias Michelin, as baratas partilham o conhecimento dos melhores pontos para encontrar comida e seguem as "dicas" umas das outras. Até à investigação da Universidade Queen Mary, de Londres, pensava-se que o insecto andasse sozinho à procura de alimento e bebida, mas o estudo prova que grupos de baratas parecem fazer uma escolha colectiva dos melhores locais para se abastecerem. Isto explica por que os encontramos em grande número a alimentarem-se juntos, durante a noite, numa determinada cozinha ou despensa. Onde come uma barata, comem logo duas ou três.

Os grilos não se medem aos palmos Foi o grande Big Brother dos grilos: cientistas espanhóis instalaram 64 câmaras de vídeo num palheiro e gravaram 250 mil horas da vida de duas gerações de animais, ao longo de dois anos de programa. Os grilos foram marcados um a um e fizeram-se testes de ADN para determinar quem era filho de quem, na segunda geração. A surpresa foi ficar-se a saber que os grilos mais pequenos acasalam duas vezes mais e têm descendência duas vezes superior aos grilos dominantes. Os cientistas crêem que isso se deve ao facto de os nãodominantes terem de se esforçar mais, até no canto, para encontrar parceira, enquanto que os dominantes esperam que as fêmeas os procurem. E quem se esforça, ganha, claro. O estudo foi publicado na revista Science, de 4 de Junho.

A Terra está mais nova A Terra e a Lua formaram-se quando o sistema solar já tinha 150 milhões de anos e não apenas 30 milhões, como se pensava até hoje. Segundo um estudo publicado por cientistas americanos e dinamarqueses nas Actas de Ciência Planetária de Junho, o nosso planeta e o seu satélite resultam da colisão entre dois planetas do tamanho de Vénus e Marte. Usando isótopos de tungsténio, a idade do acontecimento foi medida e revista, pelo que a Terra está, desde há uns meses, 120 milhões de anos mais nova. 50

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Estranhos influenciam namoros Quando toca a escolher parceiro amoroso, pensamos sempre que temos gostos muito próprios e que dificilmente sofremos influências exteriores. Engano. Um estudo da universidade americana de Indiana mostra que os homens e as mulheres se deixam influenciar não só pelas expectativas dos amigos, mas também por opiniões de estranhos. Segundo o director do programa de investigação, o processo de escolha não é exclusivamente individual, porque, como seres sociais, estamos atentos às opiniões dos que nos rodeiam, para auxiliar as nossas escolhas. O que é bom para os outros também pode ser melhor para nós - assim se resume a coisa.


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A n t ó n i o C o s t a S a n t o s ( t ex t o s ) A n d r é L e t r i a ( i l u s t r a ç õ e s )

Eu vi dois sapos Em 1989, os sapos de todo o mundo começaram a morrer às centenas, atacados por uma doença fúngica chamada quitridiomicose. Em dez anos, mais de cem espécies desapareceram da face da Terra. Depois, o problema estabilizou, mas, em 2004, biólogos de Maryland, nos EUA, descobriram que a doença estava de novo a exterminar os sapos das terras altas do Panamá e lançaram-se no estudo da doença e das espécies, antes que a catástrofe se desse. Nos últimos cinco anos, os cientistas têm retirado animais da zona doente, pondo-os a salvo em locais sem fungos assassinos. A operação, além de salvar espécies, já permitiu identificar umas 30 novas espécies de batráquios tropicais. Em Maio, os biólogos descobriram mais duas: o sapo educatoris (cuja fêmea "educa" os filhos, depois de saírem dos ovos) e o sapo adnu (de ADN, que foi analisado para tirar a limpo se era mesmo uma nova espécie).

Há vida em Saturno? Há vida em Saturno? Não se sabe, mas talvez haja em Titã, o seu satélite. Há uns tempos que os cientistas andam intrigados sobre o que faz desaparecer quantidades razoáveis de hidrogénio e acetileno da atmosfera da lua de Saturno, junto à sua superfície. Novos dados fornecidos pela sonda Cassini, da NASA, erguem agora a teoria de que os elementos são consumidos por uma qualquer espécie de vida "baseada no metano" e não no oxigénio, como a terrestre, segundo Chris McKay, um astrobiólogo da NASA. Até à data, não foram encontradas ainda formas de vida que habitem o metano líquido, em vez da água.

Marte fica em Terra A 3 de Junho último, sete homens entraram numas instalações com 550 metros cúbicos, a porta fechou-se e só volta a abrir-se a 5 de Novembro de 2011. Os quatro russos, um francês, um chinês e um italiano vão simular uma viagem a Marte, à excepção da ausência de gravidade, que não foi recriada, e a experiência é dirigida pela Agência Espacial Europeia e pelos técnicos espaciais russos. Durante os 520 dias, com direito a um duche por semana e a obrigação de cultivarem vegetais para a sua alimentação, os homens não verão a luz do dia e as suas comunicações com a "Terra" serão apenas por e-mail, com os atrasos progressivos que a distância provocaria numa viagem real. Os efeitos psicológicos e físicos de um confinamento prolongado serão avaliados por cientistas de uma universidade holandesa. A missão Marte 500 "chega" a Marte a 8 de Fevereiro de 2011, passa cerca de um mês no planeta vermelho (uma semi-esfera de terra encarnada, sob um céu negro) e regressa a "Terra", abrindo-se as portas em Novembro de 2011.

E se o café não tira o sono? O café pode não ser um estimulante tão poderoso como se pensa, segundo um estudo de psicólogos da Universidade de Bristol, publicado na revista Neuropsychopharmacology. Quase 400 pessoas estiveram 16 horas sem beber café, após o que ingeriram cafeína ou um placebo, com sabor idêntico, mas sem efeitos. Em seguida foram sujeitos a testes de atenção e os que tinham ingerido cafeína não se portaram melhor que os outros, pelo que o efeito estimulante do café da manhã pode não passar de uma ilusão.

Quando a vida fez reset Há 360 milhões de anos uma extinção em massa da maioria dos peixes existentes terá reiniciado o processo da vida na Terra, concluíram cientistas da Academia das Ciências norteamericana, num estudo divulgado em Junho. Os primeiros vertebrados estavam então a sair dos oceanos, rastejando para terra, e as poucas espécies que sobreviveram à catástrofe, de origem desconhecida, deram origem a todos os vertebrados que hoje existem, incluindo os humanos. Esta extinção massiva a nível global está marcada nos fósseis do final do período devónico, que passam de vestígios de um grande número de peixes para um número muito reduzido, logo a seguir, mas permaneceu por detectar até agora. As causas da extinção são desconhecidas. JUL/AGO 2010 |

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A Casa na árvore Susana Neves

Dormir à sombra da espada A lenda de Freixo de Espada à Cinta lembra que quando uma árvore fala é preciso ouvi-la até ao fim.

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línio, o Velho (23/24-79 d.C.), observou nas serpentes uma tal aversão ao freixo (referia-se sobretudo a “Fraxinus Excelsior L.” ou “Freixo Europeu”) que as viu não só evitarem a árvore como também a sua sombra, preferindo, no limite, morrer pelo fogo a terem de passar perto daquela que foi baptizada, na mitologia nórdica, por Yggdrasil, a «Árvore Cósmica» que sustenta o mundo. Desconhecendo se este temor, descrito pelo mais importante naturalista romano da antiguidade, ainda hoje perdura, mas interpretando a serpente como símbolo das “forças do mal” é compreensível que a exaltação do freixo enquanto árvore que afasta os “adversários” tenha levado à sua conservação junto de algumas fronteiras

e a adopção do seu nome para topónimo de várias localidades. Situada a cerca de 4 quilómetros de Espanha, elevando-se a 471 metros de altitude, a antiga vila de Freixo de Espada à Cinta (distrito de Bragança), possui um majestoso freixo multi-centenário, junto à Torre do Galo (remanescente de um desaparecido castelo medievo), que porventura poderá ser exemplo de uma época em que a simples evocação de uma árvore sagrada assustava mais do que um exército. Independentemente de ser ou não a árvore em cuja sombra o rei D. Dinis recuperou forças da luta contra os correligionários do filho, o príncipe herdeiro D. Afonso, ou em cujo tronco um guerreiro cristão prendeu o cinto e a espada assustando desta forma os perseguidores, só para mencionar duas das lendas ou mitos fundadores mais conhecidos sobre Freixo de Espada à Cinta, terra onde nasceu o escritor Guerra Junqueiro (1850-1923), esta árvore inscrita no brasão de armas da vila é, por este motivo, além de valioso património da Fotos: Susana Neves

Imagens da folhagem e tronco da multicentenária árvore situada junto à Torre do Galo em Freixo de Espada à Cinta

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região, a memória viva da cultura europeia ancestral que sempre associou o freixo ao combate e à vitória sobre as forças oponentes, incluindo nelas o inimigo interior, identificado com a ignorância. Considerando a mitologia europeia e os ritos sacrificiais a Odin (nos freixos eram enforcados os homens oferecidos a este importante deus Viking que também se enforcara para obter o conhecimento das Runas), chamar a uma vila Freixo de Espada à Cinta poderia criar uma atmosfera de grande temeridade por parte de um possível invasor que imaginaria naquela povoação a existência de um guerreiro invencível, possuidor de uma lança construída com mais apetecível das madeiras: a de freixo, da qual era feita a lança de Aquiles, o intrépido herói da “Ilíada”. E se esta árvore da família das “Oleaceae” (à qual pertence a oliveira) espalhava a morte — recorde-se que a palavra “freixo” provém do latim “fraxinus” que significa “dardo” ou “lança” — possuía, ao mesmo tempo, forte poder terapêutico (era valorizada pelas suas qualidades antipiréticas, daí a designação de “Quinquina da Europa”, diuréticas, anti-reumatismais, sudoríferas, como antídoto das mordidas de serpente, no tratamento da impotência, etc). Das folhas e da casca do “Freixo-das-flores” também chamado de “Freixo-das-folhas-redondas” (“Fraxinus Ornus L.”) e do “Freixo-das-folhas-estreitas” (“Fraxinus Angustifolia Vahl”), em Julho e Agosto, colhia-se ainda o “maná”, uma goma de sabor doce, considerada na Antiguidade Clássica como uma dádiva celeste, uma espécie de mel não fabricado pelas abelhas, com aplicações na farmacopeia. Árvore protectora não só nas guerras entre nações mas também nas tempestades e naufrágios — em meados do século XIX, fugindo à “Grande Fome”, os irlandeses que emigraram para os Estados Unidos da América levavam como talismã um pedacinho de freixo sagrado de Creevna —, o freixo é, ao contrário do que anuncia o provérbio berbere “Se não existisse a oliveira, eu seria a primeira das árvores”, na perspectiva europeia, a árvore primordial, da qual até a Humanidade provém. «Semente de freixo: a raça humana», escreve

Hesychius de Alexandria, o notável lexicógrafo e gramático grego do séc. V., e com ele outros autores hão-de referir que o primeiro homem e a primeira mulher eram feitos de madeira de freixo. Por certo, uma aspiração à estabilidade, resistência e longevidade de uma árvore cujas raízes sustém os solos e as folhas produzem o mel que alimentou Zeus, o Deus dos deuses. Diz a lenda que El-Rei D. Dinis adormeceu à sombra do freixo e o Espírito da Árvore, sob a forma de um velho de grande estatura e longas barbas brancas que envergava à cinta a própria espada do monarca, aparecendo em sonho, o aconselhou a fazer a paz com o filho, seguindo assim a vontade da rainha D. Isabel de Aragão. Aconteceu, porém, que a precipitação do rei o impediu de escutar até ao fim os conselhos da árvore. A paz foi restabelecida, mas nunca chegou a ser duradoura. I JUL/AGO 2010 |

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62 CONSUMO As férias são uma das boas coisas da vida. Eis um pequeno contributo para que evite alguns dos perigos que espreitam em férias. Pág. 56 À MESA O sal é um ingrediente essencial em vários sentidos mas deve ser utilizado sabiamente, ou seja, nem de mais nem de menos! Pág. 58 LIVRO ABERTO O primeiro destaque deste balanço mensal vai para a biografia do pintor francês Renoir, agora publicada pela Europa-América. Pág. 60 ARTES A passagem do tempo, no sentido de vida e morte, é uma constante da exposição de Graça Morais, patente no Centro de Arte Manuel de Brito, em Algés. Pág. 62 MÚSICAS O segundo CD dos “Deolinda”, intitulado “Dois Selos e um Carimbo” é uma brecha no marasmo recente da música ligeira portuguesa. Pág. 64 NO PALCO Atenção ao 27º Festival de Almada, o mais importante certame internacional de teatro do nosso país, até 18 do corrente. Pág. 66 CINEMA EM CASA George Clooney, Colin Firth, Hugh Grant e o português Rui Morrison são os (grandes) actores em destaque nas escolhas deste edição. Pág. 68 GRANDE ECRÃ “A Teta Assustada” e “Canino”, dos cineastas Claudia Llosa e Yorgos Lanthimos são duas das estreias de Verão assinaladas por Joaquim Diabinho. Pág. 69 TEMPO INFORMÁTICO Já se fala na Informática Verde … um bom pretexto para se falar da utilização da informática mais consentânea com a crise que vivemos actualmente. Pág. 70 AO VOLANTE A “democratização” do chassis 4Control de quatro rodas direccionais é uma das novidades da nova gama Laguna. Pág. 71 SAÚDE Não existem dúvidas quanto ao impacto que as alterações climáticas terão sobre a saúde das populações. Pág. 72 PALAVRAS DA LEI O nosso Código Civil presume como sendo parte comum de um imóvel a dependência destinada ao uso e habitação do porteiro. Pág. 73

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Boavida|Consumo

Dicas para férias sem problemas As férias são uma das boas coisas da vida. Como só duram um mês, há que as aproveitar em toda a sua plenitude e evitar alguns dissabores que possam perturbar esse prazer. Aqui fica um pequeno contributo para o ajudar a evitar alguns dos perigos que espreitam em férias.

Carlos Barbosa de Oliveira

ESCALDÃO O Sol é o ícone das férias, principalmente para quem gosta de as passar na praia, mas é melhor não abusar. Evite apanhar aquilo a que na gíria se chama "escaldão" e que é, tão-somente, o resultado de uma "overdose" de exposição solar. Não se exponha ao Sol demasiado tempo nem nas horas mais críticas (entre as 12 e as 16) e leve consigo um protector solar. Nunca é demais recordar que o número de cancros de pele, provocados pelo excesso de exposição solar, tem vindo a aumentar à média de 6 % ao ano. Já agora, leve também uns bons óculos de sol e tenha em especial atenção a qualidade das lentes.

MORDEDURAS Vai-te embora ó melga! Melgas e carraças são dos maiores inimigos para quem faz férias no campo. E se melgas e mosquitos se evitam usando um bom repelente, o mesmo não se pode dizer das carraças. Esses prodigiosos animais de paciência oriental permanecem longas horas penduradas nos ramos das árvores ou nas folhas, à espera que alguém passe por baixo delas para se deixarem cair e encontrar alojamento. Aconselhamo-lo a inspeccionar o corpo depois de um passeio no campo, especialmente os sovacos virilhas e intervalos entre os dedos dos pés. Para diminuir o risco de dar hospedagem a uma carraça, o melhor é não usar roupa demasiado larga quando for passear pelo campo. Inimigo dos banhistas é o peixe-aranha, para o qual existem alguns antídotos artesanais. O mais fácil de utilizar é aproximar o ponto picado de uma fonte de calor tão intensa quanto puder ser suportada.

INCÊNDIOS Com o calor do verão, os 56

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incêndios nas matas e nos parques de campismo podem ser temíveis e muitas vezes é o nosso descuido que contribui para os atear. Observe as medidas de segurança aconselhadas pelos parques de campismo e quando fizer um piquenique não ateie fogueiras nem deixe pontas de cigarros acesas. Quando terminar, deixe o local limpo e assegure-se que não esqueceu nenhum material potencialmente inflamável. A natureza agradece!

ENJOOS Tanto podem ocorrer durante uma viagem de automóvel, como num avião ou barco, mas os sintomas são sempre os mesmos: sensação de cabeça vazia, náuseas e vómitos, acompanhados por palidez, transpiração abundante e dores de cabeça. Há truques para enganar essa contradição entre a informação de deslocação dada pelo sistema nervoso ao cérebro e a informação de imobilidade transmitida pelo corpo: jogos, distracções e, em última análise, um medicamento à venda em todas as farmácias.

INTOXICAÇÃO Calor e intoxicações gostam de andar de mãos dadas, pelo que tem todas as vantagens em prestar atenção ao que come, não vá por aí aparecer uma dose de salmonelas para lhe pregar uma partida. Evite alimentos de risco e em determinados destinos exóticos nunca beba água sem ser engarrafada.

ROUBOS Uma das piores coisas que pode acontecer a uma pessoa em férias é ser roubado. E se até há pouco tempo, quando nos roubavam, tínhamos fortes probabilidades de receber os documentos de volta, hoje em dia os larápios já não têm essa delicadeza, pois usam-nos (ou comerciaANDRÉ LETRIA


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lizam-nos com colegas de profissão) para falsificações. Os conselhos que lhe damos para diminuir as probabilidades de ser assaltado são vários: Em relação aos documentos, comece por tirar fotocópias autenticadas dos originais (carta de condução, bilhete de identidade, número de contribuinte e passaporte) e deixe-as em local seguro antes de partir para férias. No caso de ficar alojado num hotel, guarde os documentos no cofre, incluindo o cartão de crédito. Em relação ao dinheiro, o primeiro e óbvio conselho que lhe damos é que não ande com muito nos bolsos e que o distribua por vários locais do seu vestuário, (quanto mais inacessível melhor...) de molde a evitar que o larápio se aproprie de todo o dinheiro que tem consigo. Se mesmo assim for assaltado, não deixe de apresentar queixa na polícia. Já agora, lembre-se que os assaltantes não costumam ir de férias em época alta, por isso é provável que estejam à espreita de ver quais as habitações que estão vazias para "darem o golpe". Por isso, para além de deixar a sua casa bem trancada (se dispuser de um dispositivo de alarme ainda melhor) passe pelo posto de polícia mais perto da sua residência avisando que se vai ausentar e solicite vigilância. E talvez não seja má ideia fazer um seguro do recheio da casa que não é caro e dá para o ano todo.

MALAS Chegar ao destino sem malas é, infelizmente, uma situação que ocorre com alguma frequência. Diminuir os riscos é tarefa difícil, mas pode tomar algumas precauções para assegurar que em caso de extravio a sua bagagem será mais facilmente encontrada. Não se esqueça de colocar uma etiqueta com o endereço em local bem visível e no momento de fazer o "check in" certifique-se de que tem as malas trancadas à chave, de preferência com cadeado. Para evitar grandes perdas, não meta nas malas objectos de valor, pois em caso de extravio a indemnização a que tem direito é paga ao quilo, de nada valendo argumentar que lá dentro tinha objectos valiosos. Se viajar com bagagem de mão, não se esqueça que não pode levar produtos inflamáveis, nem frascos com líquidos com capacidade superior a 50 mls.

AUTOMÓVEL Para um número significativo de portugueses, não há férias sem automóvel. Por isso, não deixe de proceder a uma vistoria de rotina antes de arrancar para a estrada:

níveis de água e óleo do motor e travões, bateria, pressão dos pneus, amortecedores e correias, etc. No momento de colocar a bagagem, não se esqueça de evitar desequilíbrios que afectem a estabilidade da viatura.

CONDUÇÃO Nunca é demais pedir-lhe que conduza com prudência e segurança. Não guie durante mais de duas horas, respeite os limites de velocidade e as demais regras de trânsito e não faça manobras perigosas. Não se meta à estrada logo após a refeição e nem é preciso dizer-lhe que se conduzir... não beba álcool! E já agora, também não fale ao telemóvel nem enquanto conduz, nem junto das bombas de gasolina. Não estacione em cima dos passeios, em curvas, estacionamentos, passadeiras, etc e não pense que lá por ter aqueles piscas bonitinhos que assinalam aos outros a sua presença, isso lhe dá o direito de estacionar em segunda fila, atravancando o trânsito. Ter respeito pelos outros não custa nada. Tenha umas boas férias! I


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Boavida|À mesa

Sal nem de mais nem de menos O sal, que alguns diabolizam, é um ingrediente essencial e indispensável em vários sentidos: tempera e dá sabor à comida; conserva os alimentos; e fornece ao corpo o cloro e o sódio necessários ao equilíbrio hídrico do organismo e à actividade muscular e nervosa.

David Lopes Ramos

oi o padre António Vieira, numa das suas famosas prédicas, quem disse que “a religião deve ser como o sal na comida; nem de mais; nem de menos”. Sábias e sensatas palavras. Sal, na comida, já se sabe: apenas o quanto baste. Caso contrário lá se vai o prazer do tempero, transformado no abominável salgado como pilha ou no mais desenxabido dos sabores. Assim, há que treinar a mão no sal. Há quem goste mais de temperar com sal fino. No meu caso, prefiro o sal grosso, o sal marinho. Parece-me a sua utilização mais fácil de controlar e os alimentos surgem-me mais saborosos quando temperados com sal marinho. A flor de sal deverá ser guardada para ser aplicada em pratos já confeccionados ou nas saladas antes da sua ida para a mesa. Temperar com flor de sal durante a confecção não é a melhor solução: a quantidade a utilizar é maior e o resultado final não é mais sápido. Tenha-se em atenção, casos se esteja a preparar carnes para grelhar, fritar ou assar no forno que o sal, por ser higroscópico, é sedento de água e seca a carne. Na preparação do presunto, por exemplo, o sal evita que a carne de porco se corrompa e apodreça. Mas temperar um bife com sal antes de o grelhar ou fritar, seca a carne, tirando-lhe suculência e enrijecendoa. Com o peixe fresco acontece o mesmo.

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posição que nunca mais acabam. A água do mar é constituída por inúmeros minerais e é a sua mistura que lhe dá riqueza e possibilita a diversidade ecológica existente nos oceanos. O mais representativo de todos os minerais é o cloreto de sódio, ao qual se fica a dever o gosto “rude” de salgado. Quando se evapora a água do mar, os minerais nela presentes precipitam e formam cristais a diferentes tempos. Os primeiros minerais a precipitarem são os carbonatos, os últimos são os magnésios; entre eles mais de 80 minerais diferentes precipitam, um dos quais é o vulgar cloreto de sódio, importante na qualidade, mas talvez nem tanto na qualidade. O sal marinho e a flor de sal, devido à forma tradicional como são produzidos e à maneira artesanal da sua colheita conservam praticamente todos os 82 minerais identificados na água do mar, uma vez que, após a recolha, a única operação a que são submetidos é a secagem pelo sol. Por isso, a sua cor é branca com brilho, o que revela a forma a estrutura dos cristais. É, por outro lado, o sal naturalmente húmido. Essa humidade revela a presença do magnésio, elemento essencial ao correcto funcionamento do sistema nervoso central e inexistente nos sais marinhos vulgares. O sal marinho tradicional não

“MAIS DO QUE O CLORETO DE SÓDIO…”

O sal é muito mais do que o cloreto de sódio a que alguns pretendem reduzi-lo. O sal marinho tradicional, produzido segundo as melhores regras, tem minerais na sua com58

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tem qualquer tipo de aditivos químicos e não é lavado. A cena da colheita de sal, que tem tudo a ver com as técnicas agrícolas, uma vez que este condimento e agente de conservação dos alimentos não é uma dádiva da Natureza mas sim produto do trabalho transformador dos homens, pode, em Portugal, ser vista nas recuperadas salinas algarvias e, também, no que resta das salinas aveirenses ou de Alcácer do Sal. Todos os dias, na época da safra, que começa pelo São João, a não ser que Junho seja chuvoso, e se prolonga até Setembro, colhe-se a flor de sal, trabalho moroso e cansativo. “DESDE TEMPOS IMEMORIAIS…“

Portugal é, desde tempos imemoriais, uma região produtora e exportadora de sal. Na Idade Média o nosso sal era enviado para toda a Europa e vendido a preços substancialmente superiores ao do produzido nas minas da Europa Central. A sua importância era tanta que Portugal recuperou o Brasil, ocupado pelos holandeses, a troco do monopólio da comercialização do nosso sal. Houve um dia, porém, que o sal português deixou de ser produzido.

A decadência iniciou-se nos anos 1960, acentuou-se na década seguinte e as paisagens do Algarve, Alcácer, Setúbal, terras ribeirinhas do Tejo, Figueira da Foz e Aveiro deixaram de ser sinalizadas por pirâmides brancas de sal marinho produzido de forma tradicional. Nas nossas salgadeiras e cozinhas passou a usar-se um sal produzido em salinas industriais, sobretudo no Mediterrâneo, ou através da dissolução de sal-gema. Piorou a nossa qualidade de vida. Vá lá que, recentemente, se assistiu a alguma recuperação de salinas e da produção de sal marinho, a que se juntou a flor de sal. Encontramos um e outra em alguns supermercados e em mercearias finas. São mais caros? São. Mas temperam muito melhor. Em Portugal, dizem os dietistas, temos tendência para usar sal em demasia, nomeadamente na confecção do pão, dos queijos e dos enchidos. Tem havido campanhas de sensibilização para a questão, que tem consequências nefastas na saúde. Vale a pena dar a atenção aos alertas e não se deixar tentar pelo desmazelo. Sal: utilizar sempre do marinho, colhido de forma artesanal; e nunca passar as marcas do bom gosto e do bom tempero. I


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Boavida|Livro Aberto

Renoir, o divã dos filósofos, boa ficção, e outras leituras para férias Em tempo de revalorização das histórias da vida privada, e sobretudo das vidas que marcaram as nossas vidas e a própria humanidade, assiste-se a uma nova corrida aos grandes textos biográficos, autobiográficos e memorialísticos. Durante muito tempo, esta esteve longe de ser a tendência no mundo editorial português, contrariamente ao que nunca deixou de acontecer no britânico, no francês ou no espanhol.

José Jorge Letria

ai, por isso, o primeiro destaque deste balanço mensal para a excelente biografia do pintor francês Renoir, agora publicada pela EuropaAmérica, na sua criteriosa colecção de obras biográficas, com autoria do investigador e historiador Pascal Bonafoux, que nos conta de que forma um modesto filho de alfaiates, nascido na vizinhança do Museu do Louvre, se tornou um dos maiores pintores de todos os tempos e uma das figuras centrais do movimento impressionista. Renoir viria a marcar, com o seu estilo e o seu olhar sobre a vida e os seres humanos, toda a pintura dos tempos que se lhe seguiram e a própria modernidade artística, sendo hoje um clássico em termos absolutos. Seu filho, Jean Renoir, viria a ser um dos mais marcantes e geniais realizadores do século XX. Uma biografia a não perder, que se lê e saboreia como se de um romance se tratasse. Da mesma editora e com idêntico sublinhado de qualidade e interesse para o leitor é o ensaio “Os Filósofos no Divã”, de Charles Pépin, que de uma forma original e cativante familiariza quem o lê com as questões centrais do pensamento filosófico, de Platão a Sartre, passando naturalmente por Freud, dado que foi quem introduziu o divã na prática psicanalítica. O recurso à técnica do diálogo, torna o livro ainda mais divertido e capaz de prender a atenção do leitor, dado que o autor deita os filósofos de referência no divã e põe-nos a falar.

V

PARA ASSINALAR os 120 do nascimento do poeta Mário de Sá-Carneiro, a Dom Quixote acaba de editar, ainda a tempo das feiras do livro de Lisboa e Porto, uma antologia poética do escritor, que se suicidou em Paris em 1916, com apenas 26 anos. A organização, o prefácio e a 60

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cronologia biográfica são da responsabilidade de outro poeta, Fernando Pinto do Amaral, que nos convida para uma viagem, sempre reveladora, pelo fascinante universo poético de um dos fundadores da revista “Orpheu” e amigo de Fernando Pessoa. A melhor forma de homenagear um poeta é sempre ler e dar a ler a sua obra. Mário de Sá-Carneiro merece esse “pouco mais de azul” que a sua poesia acrescenta às nossas vidas. PARA QUEM gosta de literatura de viagens e do muito que pode revelar sobre lugares conhecidos e desconhecidos e sobretudo acerca de nós mesmos, recomenda-se a leitura de “Viagem ao Tecto do Mundo o Tibete Desconhecido”, do português Joaquim Magalhães de Castro, com a chancela da Editorial Presença. É um Tibete inesperado e fascinante que se nos revela neste livro. Também grande viajante e ficcionista com obra reconhecida, Pedro Rosa Mendes acaba de lançar “Peregrinação de Enmanuel Jhesus” (D. Quixote), na qual, tendo como referência “A Peregrinação” de Fernão Mendes Pinto, constrói uma narrativa poderosa e original em que está presente Timor-Leste. Um livro de maturidade do autor de “Baía dos Tigres”. Em matéria de ficção narrativa de qualidade, destaque ainda para “Todos os Homens São Mentirosos - o Que É a Verdade?” (Teorema), do argentino universal


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Alberto Manguel, que nos fala de um assassinato que não se sabe ao certo se aconteceu, “Os Lamb - Uma Família de Londres” (Teorema), do grande biógrafo de William Shakespeare e Charles Dickens que é Peter Akroyd, “O Meu Amigo Matt e Hena, a Puta”(Teorema), de Adam Zameenzad, vencedor de um importante prémio internacional e nomeado para o Booker Prize, e ainda “Os Laços Que nos Unem”, (Pub. Europa-América), de Linda Gillard. NA PRESTIGIADA e antiga Colecção Saber, a mesma editora

acaba de lançar, de Patrick Savidan, o pequeno e esclarecedor ensaio “O Multiculturalismo”, que nos ajuda a compreender esta realidade complexa e fundamental deste mundo globalizado em que vivemos e do qual somos, no dia a dia, testemunhas e agentes de transformação. Na mesma colecção acaba de ser publicado outro título que aqui se recomenda: “Os Grandes Movimentos Literários

Europeus”, de Francis Claudon. A não perder. COM A PRESTIGIOSA chancela do Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos da Universidade de Coimbra, dois títulos que merecem destaque e leitura: “Cidadania e Paideia na Grécia Antiga”, de Delfim Ferreira Leão, José Ribeiro Ferreira e Maria do Céu Fialho, académicos de referência da Faculdade de Letras daquela Universidade, e “Paisagens Naturais e Paisagens da Alma no Drama Senequiano “Troades” e “Thyestes””, de Mariana Montalvão Matias. REALCE ainda para o corajoso e denso “O Prazer Memórias Desarrumadas”( Verso de Kapa), do maestro Miguel Graça Moura, que neste livro de quase 600 páginas revisita momentos da sua vida, bem como ideias e conceitos associados ao modo como optou por viver e ver o mundo. Um livro onde o autor vai mais longe do que muitos escritores, trilhando caminhos análogos, conseguiram ou conseguem ir. Um livro no qual, como não podia deixar de ser, a música está bem presente.I


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Boavida|Artes

Graça Morais revisita mitos da natureza Dimensão quase sempre presente na pintura de Graça Morais, a passagem do tempo, no sentido de vida e morte, é uma constante da exposição que o Centro de Arte Manuel de Brito, em Algés, tem patente até 19 de Setembro. Rodrigues Vaz

exposição apresenta um conjunto de obras referenciais para uma leitura histórica da evolução estilística, técnica e temática da obra de Graça Morais até aos dias de hoje, desde os desenhos do seu Trás-os-Montes profundo, especialmente a aldeia de Vieiro, onde viveu até aos sete anos, que na altura não tinha electricidade, nem estradas nem telefones, até à sua experiência em Cabo Verde, onde a artista revisitou de novo os mitos ligados à natureza. Como diz Miguel Matos no catálogo, "Graça Morais apropria-se dos mitos (principalmente soteriológicos, morais e naturalistas), histórias, imagens e símbolos da sua terra e come-os, torna-os seus. Nesse processo, a pintora afasta-se do mero registo gráfico, da pura etnografia, situando-se no campo entre o sagrado e o profano, o factual e o inventado, o social e o pessoal. Perde-se dos seus suportes religiosos e antigos, afastando-se de referências narrativas para chegar aos territórios da ficção."

A

VICTOR COSTA E JOAQUIM CARVALHO

Por outro lado, englobando pintura e desenho, a exposição "Teorema da Cor", de Víctor Costa, que a Fundação D. Luís I apresenta no Centro Cultural de Cascais, é uma oportunidade que permite dar a conhecer a obra recente de um dos mais interessantes artistas portugueses contemporâneos. O crítico de arte João Pinharanda definiu assim o trabalho do artista vimaranense, que dirige desde há tempos o Centro de Arte de S. João da Madeira: "o fazer de Vítor Costa vai criando um discurso visual capaz de sustentar a simulação do tempo longo, de um tempo que ultrapassa o da vida do próprio autor e da própria pintura, nas imagens apreendidas pelo instantâneo de um olhar e na brevidade de um espaço específico". 62

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Obras de Graça Morais, Victor Costa e Joaquim Carvalho


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Outra é a proposta que Joaquim Carvalho apresenta na Galeria Municipal Artur Bual, Amadora, denunciando pelo hieratismo dos seus perfis a sua origem profissional do ramo da engenharia, que, entretanto, virou docente. Recorrendo constantemente ao traço como definidor do clima da mancha, que a utilização de monocromias ajuda a realçar, Joaquim Carvalho apresenta, antes de mais, uma grande evolução técnica em relação às suas anteriores propostas, pelo que comemora, do melhor modo, os seus 25 anos de pintura. Acrescente-se ainda a segurança com que apresenta uma iconografia muito peculiar, muito sua, misturando o mistério e o prazer do olhar, numa linguagem directa e com um método compositivo que procura efeitos sobretudo através do inesperado, que é, ao mesmo tempo, o mais simples e o mais lógico.

VITORALVES VISITA A CASA AMARELA

A novel galeria Paula Cabral apresenta, por sua vez, uma exposição de Vitoralves, que ousa fazer uma visita à Casa Amarela de Vincent Van Gogh. Trata-se de uma recriação da célebre casa amarela à frente da qual o célebre pintor jantava diariamente em Arles, que era terrível, especialmente porque, só depois do sol é, que vinha "a incomparável frescura do azul…" Conforme diz Sophie Laszlo, é nesta altura que "Van Gogh afasta-se do impressionismo para se concentrar sobre a expressão da forma e da cor. Realiza séries de quadros sobre temas similares (girassóis, pomares em flor, retratos da família Roulin) e obras-primas mundialmente conhecidas como o seu quarto, ou mais tarde o seu autoretrato com a orelha cortada." Vitoralves sugere-nos tudo isto através de pinceladas cheias de sensibilidade, onde a cor amarela é fundamental, assim como os índigos que vai interpenetrando em todas as composições. I


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Boavida|Músicas

“Deolinda” retratam Portugal com “Dois selos e um carimbo” Os “Deolinda” acabam de lançar um segundo trabalho discográfico com o título genérico “Dois Selos e um Carimbo”. Uma brecha no marasmo da música ligeira portuguesa dos últimos anos.

Vítor Ribeiro

xcepção feita para o fado de Lisboa, algum rap e (ou) hip hop, a música portuguesa não tem conhecido novidades por aí além. A “crise”, não apenas económica mas também (ou por consequência) de valores, tem-se traduzido numa pobreza artística confrangedora, com criadores incapazes de produzir obra que reflicta minimamente a realidade em que vamos sobrevivendo. Uma boa parte do mérito dos “Deolinda” resulta justamente da perspicácia e mordacidade provocatórias com que abordam pequenos nadas da nossa maneira de ser e de estar no mundo. As cantigas dos “Deolinda” são minuciosos quadros de pessoas e situações que caracterizam Lisboa, a Grande

E

Lisboa, com subúrbios de Torres Vedras a Palmela e onde cabe um país de Trás-os-Montes até às regiões autónomas. É, pois, neste contexto que “Dois Selos e um Carimbo” acaba por nos oferecer um curioso retrato do País. Os “Deolinda” “põem à vela” uma pretensiosa e bem lusitana consciência crítica de café (outrora de tasca…), local de eleição onde todos nós, algures na nossa vida, já dissertámos sobre o futuro do Mundo e enumerámos soluções infalíveis para os males que nos vão surgindo ou impondo. Têm também lugar de destaque no trabalho dos “Deolinda” a ternura e a ironia, outros dois traços do carácter colectivo da Nação, que “leva a vida” conforme pode, até que a paciência se esgote. Neste caso, poderá suceder o que se afirma no fecho de “Fado Notário”, último tema do álbum: “Foi com dois selos e um carimbo/bem assentes no focinho/que este amor eu anulei”. “Dois Selos e um Carimbo” é genuinamente português. Muito bom. I BETHÂNIA NO PORTO

A cantora brasileira Maria Bethânia efectua um concerto dia 24 de Julho, no Coliseu do Porto. As portas da sala abrem às 21h00 e o espectáculo decorrerá a partir das 22h00. CAETANO EM LISBOA E PORTO

O cantor e compositor brasileiro Caetano Veloso vai actua no Coliseu de Lisboa, dias 26 e 27 de Julho, e no Coliseu do Porto, dia 29 de Julho, a partir das 22h00. O espectáculo baseia-se no mais recente trabalho discográfico do cantor – “Zii e Zei” – galardoado com um Grammy. KNOPFLER NO CAMPO PEQUENO

O guitarrista e compositor escocês Mark Knopfler efectua um único concerto, dia 27 de Julho, no Campo Pequeno, em Lisboa, pelas 21h30. O fundador e líder dos extintos “Dire Straits” interpretará sobretudo temas do seu mais recente álbum a solo “Get Lucky”. Os preços dos ingressos oscilam entre os 25 e os 60 euros. 64

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Boavida|No Palco

Lição de Vida “Uma lição do Aloés” é uma lição sobre a vida, sobre as pessoas e sobre aquilo que as une e identifica como seres humanos, algo que é deveras mais importante do que a raça e cor da pele.

Maria Mesquita

Numa altura em que olhos do Mundo estão virados para a África do Sul (devido ao futebol, desporto que liga todas as nacionalidades), um país onde na prática ainda existe segregação racial entre o africano negro e o branco, mas que “oficialmente” já não se confronta com o estigma do apartheid, a peça de Athol Fugard, “Uma lição do Aloés” em cena pela companhia Teatro dos Aloés, não poderia ter sido melhor escolhida. Steve, africano, que cumpriu pena de prisão por questões políticas, desiste do seu país e decide partir para Inglaterra à procura de melhores condições de vida ou, se preferirmos, de outra vida. Piet é um africânder, que vê em Steve um amigo, mesmo que seja um “homem de cor”. Enquanto Piet espera Steve para o jantar de despedida, entretém-se na identificação de mais uma espécie de Aloés, planta que curiosamente tem

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também origem sul-africana, cuja existência se alarga num vasto espectro de tipicidades e curiosidades distintas para cada exemplar. Gladys, mulher de Piet, igualmente presente para o jantar em honra do amigo do marido, é um ser perturbado, cujos diários já foram apreendidos pela polícia e, embora extremamente influenciada politicamente por Piet, revela toda a sua descrença pela sociedade (hipócrita e racista) em que vive, a qual, sobretudo, não compreende. Quando finalmente Steve chega, sem a sua mulher (que está convencida de Piet ser um denunciante dos negros activistas), inicia-se o processo de identificação de cada uma das três personagens em palco, mediante um contexto políticosocial muito específico, onde as pessoas são comparadas e inventariadas, tal como os Aloés, e outras tantas plantas. Contudo, ao contrário do que muitos esperam, o ser humano é capaz de se desprender dos paradigmas, das estruturas enraizadas das sociedades, criando e destruindo interdependências entre si, construindo muros algumas vezes e pontes em tantas outras. O ser humano é um animal social, que não poderia nunca ser enjaulado ou excluído, porque é altamente influenciável e influenciador. Para ver a partir de 21 de Julho até 1 de Agosto nos Recreios da Amadora, estando disponível para digressão a partir de 2 de Agosto. I FICHA TÉCNICA:Autor: Athol Fugard; Tradução: Angélica

Varandas e Graça Margarido; Encenação: José Peixoto; Assistente de encenação: Joana Vidal; Cenografia e Figurinos: José Carlos Faria; Design Gráfico: Rui Pereira; Fotos: Margarida Dias; Desenho de Luz: Jochen Pasternacki; Interpretação: Daniel Martinho. Elsa Valentim e Jorge Silva; Produção executiva: Gislaine Tadwald, Joana Paes


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27º Festival de Almada epresentações de numerosos países, casos da Bélgica, Argentina, Cuba, Rússia, Áustria e Angola, várias companhias nacionais, exposições e uma significativa homenagem a Maria Barrosos pautam a 27ª edição do Festival de Almada, de 4 a 18 de Julho. “Um jantar muito original”, em cena no dia 11 de Julho, da autoria de Alexander Search (um dos vários heterónimos criados por Fernando Pessoa em 1899, quando ainda era um estudante na África do Sul e escrevia em inglês), interpretada pela Dielaemmer, companhia austríaca sediada em Viena, é uma das novidades do mais importante festival de teatro em solo nacional. I

R

“A Casa dos Anjos” encedora do Grande Prémio de Teatro da Sociedade Portuguesa de Autores, a peça “A Casa dos Anjos” encontra-se em cena até 11 de Julho no Teatro Aberto, em Lisboa. Acreditando na premissa que por vezes, as histórias da História conseguem cativar os espectadores de uma forma apaixonante e apaixonada, “A Casa dos Anjos” é um desses raros exemplos onde se consegue transpor para e em palco os cruzamentos que as vidas de três personagens fazem entre elas mesmas e a História recente de Portugal. Datada entre 1936 e 1974, num ambiente político primeiramente totalitário e depois revolucionário, o texto de Luís Mário Lopes, com encenação de Ana Nave, conta o percurso de Ana, Eduardo e Maria dos Anjos, que irá ficar para sempre ligado aos vários acontecimentos e personagens que marcaram praticamente quatro décadas de Portugal. Este conto, de amor e poesia, leva o público a interrogar-se sobre a política e os costumes de um país tão antigo, como evoluído, do passado e presente. I

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Boavida|Cinema em casa

Bons Actores Em destaque, para os meses soalheiros, um conjunto de filmes com alguns dos melhores actores da actualidade: "Nas Nuvens", com George Clooney; "Um Homem Singular", com Colin Firth; "Ouviste Falar dos Morgans", com Hugh Grant; e "Os Sorrisos do Destino", com um notável actor português, Rui Morrison. Sérgio Alves

NAS NUVENS

UM HOMEM SINGULAR

OUVISTE FALAR

OS SORRISOS DO DESTINO

A odisseia de Ryan Bingham,

Los Angeles, 1962. Depois de

DOS MORGANS

A relação de Carlos, famoso

um burocrata cuja função é

ter perdido o seu compa-

Dois nova-iorquinos bem

jornalista de 55 anos e da sua

despedir funcionários de

nheiro num acidente de

sucedidos, Paul e Meryl, estão

esposa Ada, uma mulher com

empresas em dificuldades e

viação, George, professor uni-

a viver um momento difícil

uma vida social preenchida

um homem moderno que

versitário, sente-se incapaz de

no seu casamento…Mas

parece estar a chegar ao fim

passa maior parte do tempo a

enfrentar a realidade. Com o

quando se tornam nas únicas

quando Carlos apanha aci-

viajar de avião, a

apoio da amiga Charley, ele

testemunhas dum homicídio

dentalmente uma mensagem

coleccionar mi-

questiona a sua vida e a pos-

violento, a Polícia esconde-os

no telemóvel de Ada. Com a

lhas e dormir em

sibilidade de voltar a ser feliz

juntos numa pequena cidade

ajuda de um amigo vai procu-

quartos de hotel.

quando se depara com uma

do interior. Agora vão ter de

rar descobrir o autor da men-

Desta vez a sua

série de acontecimentos ines-

se entender e sobreviver jun-

sagem e entrar nesse mundo

vida vai começar

perados que o fazem nova-

tos ao clima, aos ursos, ao ar

secreto "de amores virtuais e

a mudar quando conhece

mente acreditar na vida. "Um

puro e ao tempo passado em

adultérios electrónicos". Em

alguém que o faz mudar...

Homem singular" foi uma das

conjunto...

vias de celebrar os 50 anos de

George Clooney, fiel á imagem

boas fitas que passou pelas

Realizado por

carreira, Fernando Lopes assi-

que criou (homem solteiro,

salas nacionais e marca duas

Mark

na o seu filme mais autobi-

charmoso, sedutor), protago-

estreias positivas: a do actor

Lawrence,

ográfico. É uma crítica a uma

niza um yuppie deste novo

Colin Firth, num registo mais

autor e rea-

certa moda de relacionamen-

milénio num filme conven-

sério e dramático - quando

lizador com

tos virtuais, dependentes das

cional embora assente num

nem era a

experiência em televisão, o

novas tecnolo-

argumento hábil, com diálo-

primeira esco-

filme é uma deliciosa e ani-

gias que carac-

gos e ritmo certos. Realizado

lha para o

mada comédia sobre como

teriza a Lisboa

por Jason Reitman ("Obrigado

papel -, e do

encontrar o amor nos sítios

do século XXI.

por Fumar" e "Juno") o filme,

estilista norte-

mais inesperados.

Depois de

americano

Protagonizado por Hugh Grant

nomeado para seis Óscares

"Belarmino",

(incluindo Melhor filme e

Tom Ford na realização. Um

e Sarah Jessica Parker,

"Abelha na Chuva", "Crónica

Melhor Realizador) e outros

olhar fresco no cinema con-

"Ouviste Falar dos Morgan" vai

dos Bons Malandros" e o

tantos prémios, é uma crítica

temporâneo de um nome

certamente animar as tardes

"Delfim", chega-nos este filme

acertada ao lado mais negro

maior da moda mundial que

em família como alternativa

de amores, amizades, "boleros

da economia global - o des-

acerta no tom grave, na hábil

ao deserto cinematográfico

e dor de corno" que permitiu

pedimento injustificado.

construção do argumento, no

das televisões portuguesas.

a Rui Morrison ganhar o

ritmo intenso e numa estética

TÍTULO ORIGINAL:

Air; REALIZADOR: Jason

apurada (fotografia e banda

About The Morgans;

Reitman; COM: George

sonora impecáveis).

REALIZAÇÃO:

Clooney, Vera Farmiga, Anna

TÍTULO ORIGINAL:

TÍTULO ORIGINAL:

Up in The

A Single

Kendrick, Jason Bateman,

Man; REALIZAÇÃO: Tom Ford;

Sam Elliot; EUA, 108m, Cor,

COM:

2009; EDIÇÃO: Zon Lusomundo

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Marc Lawrence

Hugh Grant, Sarah

Globo de Ouro para melhor actor. TÍTULO ORIGINAL:

Os Sorrisos

do Destino; REALIZAÇÃO:

Jessica Parker, Sam Elliot,

Fernando Lopes; COM: Rui

Mary Steenburgen; EUA,

Morrison, Ana Padrão, Milton

Moore, Nicholas Hoult,

103m, cor, 2009; EDIÇÃO: Sony

Lopes, Teresa Tavares, Cristo-

Matthew Goode; EUA, 101m,

Pictures

vão Campos; Portugal, m, cor,

Colin Firth, Juliane

cor, 2009; EDIÇÃO: Prísvideo 68

COM:

Did You Hear

2009; EDIÇÃO: Atalanta Filmes


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Boavida|Grande Ecrã

Fulgores e banalidade Quando pensamos em cinema grego e latino- americano (no caso, peruano), o espectador menos exigente e pouco informado tem a tendência a reduzi-los à dimensão daquilo a que se convencionou chamar pequenas cinematografias periféricas, com raro ou nenhum impacto internacional. Só que, de vez quando, vai-se constatando o aparecimento de obras de grande solidez narrativa capazes de transcender barreiras, darem a conhecer novos e criativos talentos, ganharem impacto mundial.

Joaquim Diabinho

e alguma coisa haverá a esperar de filmes como “A Teta Assustada” e “Canino”, respectivamente, dos cineastas Claudia Llosa e Yorgos Lanthimos é a capacidade de reflexão, a subtileza psicológica, o gosto na criação de ambiências, que são alguns estimáveis denominadores comuns. Metáfora sobre a vida e a dor de um país, “A Teta Assustada” faz alusão a uma estranha enfermidade (do medo) transmissível através do leite materno das mulheres que foram vítimas de violação ou maltratadas nos anos do terrorismo no Perú e que contagiam o seu medo aos seus filhos ao amamentá-los. Depois da morte da mãe, Fausta, a jovem protagonista, não tem outro caminho senão o de enfrentar os seus medos e o segredo que oculta no seu interior - uma batata na vagina - como uma protecção contra quem desejar tocar-lhe e reunir forças para superar a situação. O que interessa a Llosa é mostrar através de uma pintura amarga e ao mesmo tempo bela como é possível levar as pessoas e o país a superar os traumas desses anos de violência e morte. O filme ganha a sua coesão também pelas portentosas interpretações da actriz Magaly Solier.

S

RETRATO ALEGÓRICO da família em ambiência concentracionária, “Canino”, do jovem cineasta grego Yorgos Lanthimos, coloca à cabeça a questão (especulativa, já se vê) sobre o futuro da instituição familiar. Um pai, uma mãe e seus três filhos vivem numa casa em absoluto isolamento do exterior. A aprendizagem dos conhecimentos e o entretenimento dos jovens são assegurados pelos pais com o propósito de lhes preservar a inocência. Apenas uma pessoa de fora as visita regularmente. O tema, que se presta ao bizarro e ao absurdo, está contaminado de surrealismo e é a exteriorização de uma disfunção social em que o colectivo se sente ameaçado e actua como autodefesa perante a agressividade e violência da realidade no mundo exterior. Se “Canino” é mais do que um acto de rebeldia também é verdade que convida à reflexão e traz á memória o nome de Michael Haneke, o cineasta austríaco de “Brincadeiras Perigosas”.”Canino”, é uma pedrada no charco. É sim senhor. DO LADO DAS BANALIDADES, o lote de estreias cinematográficas anunciadas para os meses de Julho e Agosto é mais “sumarento”. Destaquemos um entre muitos: “o remake de Karate Kid, - filme de culto dos adolescentes nos anos 80- pela mão do realizador Harald Zwart, pouco mais que competente artesão. Pode ser que a miudagem acorra e esgote as salas mas Jackie Chan não tem o ar respeitável e doce de Pat Morita nem o juvenilíssimo Jadden Smith (filho do actor Will...) é Ralph Macchio, um dos actores mais promissores menos aproveitados depois do fulgurante “The Outsiders” (1982), de Francis Ford Coppola. Exclusivamente para quem gosta de divertimentos em clima brincalhão. I JUL/AGO 2010 |

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Boavida|Tempo informático

Informática verde (1.ª parte) O termo Informática Verde tem sido utilizado por diversas organizações com finalidades de carácter ambiental.

Gil Montalverne

ajuda@gil.com.pt

o nosso caso queremos aqui chamar a atenção para uma utilização da informática mais consentânea com o momento de crise em que vivemos actualmente de modo a poupar recursos naturais para fabrico de dispositivos aumentando o seu tempo de vida e poupando energia. Dando o benefício da dúvida aos fabricantes que nos dizem estar a colaborar nestes conceitos, vamos trazer aqui alguns exemplos que devemos seguir. A SBS, www.sbs-power.it, tem um dispositivo que se enquadra precisamente no corte de despesas e poupança de energia. O seu Surge Protector com 4 tomadas de corrente, 2 saídas para telefones e protecção contra picos de corrente vem com comando à distância para ligar e desligar. Sabemos como os equipamentos eléctricos e electrónicos, mesmo desligados mas desde que com a ficha na tomada, consomem energia, o que com este produto ajudamos a evitar. Podemos ligar-lhe 1 PC, o Monitor, a Impressora e o Router. Mas de qualquer ponto da casa desligamos tudo com um simples toque no comando. Deixar todo este equipamento em Stand-By numa tomada ou utilizar o Surge Protector SBS pode significar uma poupança anual de 30 Euros e menos 90kg de anidrido carbónico. PVP: € 49,90 e para sócios da INATEL, desconto de 20%, ou seja, € 39,90. (Net-bit – 213616310)

N

OS DISCOS EXTERNOS que se ligam a qualquer PC para aumentar a sua capacidade, copiar documentos e transportar para outro PC noutro local ou fazer os backups regulares, necessitam de corrente que recebem através de um transformador ou 70

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através de uma porta USB. Estão de qualquer forma a consumir energia. Começam no entanto a aparecer discos externos que poupam energia. É o caso do StorJet25D3 da Transcend que recebeu ultimamente o certificado SuperSpeed USB 3.0, extremamente rápido em relação aos das portas USB 2.0 e dispondo de tecnologia ecofriendly (amigo do ambiente) entrando automaticamente em power-saving sleep mode após 10 minutos de inactividade, o que resulta numa poupança de energia que atinge os 40%. TAMBÉM JÁ EXISTEM várias marcas de carregadores solares como o Solar I-take que podemos ligar a telemóveis, leitores de MP3, PDAs e câmaras digitais para carregar as respectivas baterias. Possuem normalmente várias fichas adaptadoras e cabo USB que abrangem uma grande variedade de dispositivos. Ideal para quando se está de férias mas sobretudo para poupar energia. De acordo com o preço podem carregar um telemóvel em 60 minutos ou mais tempo se forem mais baratos. A escolha é sua. Mas no que diz respeito a computadores, a Toshiba lançou nada menos do que 125 portáteis que possuem actualmente aquilo a que chama de Eco Utility. Com um simples clique configuramos e passamos a usar um plano de poupança de energia ao mesmo tempo que estamos a visionar a sua medição. Alguns modelos possuem mesmo um led cuja luz é activada quando estamos em eco mode. Mas esta novidade é ainda mais completa ao permitir facilmente monitorizar o uso de energia diário, semanal ou mensal e assim facilmente ter a noção de quais os momentos ou situações em que usámos mais energia e o quanto poupámos em colocar o portátil em Eco mode. I


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Boavida|Ao volante

Nova gama Renault Laguna A “democratização” do chassis 4Control de quatro rodas direccionais é uma das novidades da nova gama Laguna, que será comercializada em Portugal, a partir de Setembro, com as motorizações 1.5 dCi 110, 2.0 dCi 150 FAP e 2.0 dCi 180, com a garantia de três anos ou 150 quilómetros.

Carlos Blanco

m pouco mais de um ano de comercialização, o Laguna III alterou alguns paradigmas: quebrou com o monopólio das marcas Premium no TOP3 de diversos inquéritos independentes de fiabilidade – o inatacável ADAC 2009 é sintomático disso mesmo – e obrigou a rever o conceito de comportamento em estrada de excepção. Na realidade, com o chassis 4Control de quatro rodas direccional, difícil é adjectivar e descobrir os limites do Laguna III. Ao contrário de modelos do mesmo segmento, o Laguna III tem sido, sistematicamente, comparado com níveis de potência bastante superiores e com vocação estritamente desportiva. O objectivo é encontrar quem rivalize em comportamento e segurança com o Laguna III equipado com este novo chassis. Com a sua nova gama, o Renaut Laguna “democratiza” um conjunto de tecnologias que estavam até agora, reservadas às versões topo de gama. A partir do segundo nível de equipamento (Dynamique S) estará disponível o inovador chassis 4Control de quatro rodas direccionais, um equipa-

E

mento de alta tecnologia que transforma o Laguna no modelo mais seguro e eficaz do seu segmento. Em paralelo com a introdução do sistema 4Control, o “look” desportivo, actualmente reservado às versões GT, passa a estar disponível também a partir do nível de equipamento Dynamique S. Na gama Laguna 2010 passam a ser duas as motorizações diesel que se distinguem por receberem a assinatura “Renault eco2”: o motor dCi 110 e o motor dCi 150 FAP. Com mais de 7% do mix de vendas na Europa, a versão GT suscitou um interesse acima das expectativas da marca francesa. Uma inovação que conquistou um elevado número de clientes, desejosos de usufruir das vantagens das quatro rodas direccionais, nomeadamente ao nível da maneabilidade e comportamento dinâmico de excepção. Ou seja, um comportamento digno de um automóvel desportivo, com um complemento de segurança sem paralelo em situações extremas de contorno de obstáculos, travagem em pisos assimétricos e escorregadios. Toas as versões equipadas com o chassis 4Control possuem um logo identificativo com a assinatura “4Control” colocada no pilar central do automóvel. I JUL/AGO 2010 |

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Boavida|Saúde

As alterações climáticas e a saúde Depois dos fracassos sucessivos das grandes conferências internacionais destinadas a estabelecer novas metas programáticas para conter, ou se possível reverter, as alterações climáticas a nível global, é um imperativo de consciência trazer este problema para as páginas da revista.

M. Augusta Drago

medicofamília@clix.pt

s compromissos assumidos dentro de um determinado cenário económico tornam os líderes das grandes potências surdos e cegos àquilo que todos nós podemos verificar: as alterações que se prevêem, num futuro próximo, vão afectar drasticamente as nossas vidas e, mais ainda, a dos nossos filhos e a dos nossos netos. Não existem dúvidas quanto ao impacto que as alterações climáticas terão sobre a saúde das populações: sabemos que, com as temperaturas elevadas e o aumento da poluição, vão multiplicar-se os casos de doenças respiratórias, cardíacas e cerebrovasculares. Lembremonos que, no Verão de 2003, o calor que então se fez sentir vitimou mais de 25.000 pessoas na Europa, predominantemente idosos e crianças. As altas temperaturas provocam tempestades, tornados e tufões, que vão também destruir e poluir as fontes de água potável, com o inevitável aumento das doenças infecciosas. As doenças que hoje estão confinadas a zonas restritas, de clima quente, como o paludismo e o dengue, espalhar-se-ão por toda a Europa e pelo resto do mundo. Tudo isto contribuirá para o empobrecimento generalizado, com consequentes carências alimentares. As publicações científicas na área da medicina já há algum tempo que publicam matérias sobre estes conteúdos, com o intuito de sensibilizar os médicos para a necessidade de se prepararem para o desafio de conter e tratar as novas doenças que irão surgir, fruto das alterações climáticas. O que é realmente novo nesta

O

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temática veio, em Novembro último, na conceituada revista Lancet. Esta publicou uma série de estudos que mostram que as estratégias individuais para reduzir a emissão de gases com efeito estufa – causa do sobreaquecimento da atmosfera – trazem benefícios imediatos para a saúde das populações. As estratégias preconizadas para reduzir a emissão de gases para a atmosfera passam por comportamentos individuais mais ajustados com esta nova realidade. A mensagem que fica dessa leitura é que não podemos ficar à espera que os grandes senhores do mundo se entendam. Cada um de nós deve olhar à sua volta e pensar no que pode fazer, à sua escala, para salvar o planeta e, ao fazê-lo, está também a contribuir para melhorar a sua própria saúde. Só para dar um exemplo: em todas as casas é sempre possível reduzir o consumo de energia eléctrica e de gás, utilizando equipamentos amigos do ambiente e evitando perdas de calor no aquecimento das casas. Assim como quando se vai para o trabalho, e sempre nas deslocações curtas, optar por andar a pé. Nas outras, quando isso não é possível, utilizar os transportes públicos. Com medidas simples como estas, está-se a reduzir a emissão de gases para a atmosfera e a melhorar a qualidade do ar que respiramos. E mais uma vez recordo que fazer uma alimentação simples, pouco elaborada ao lume e com muitos vegetais, se possível dos que crescem sem adubos químicos nem pesticidas, melhora a saúde do coração. Este agradece-lhe e todos nós também. Não sei se ainda vamos a tempo de evitar o cenário negro que nos têm anunciado, mas seguramente podemos minimizá-lo. Devemos isso às futuras gerações. I ANDRÉ LETRIA


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Boavida|Palavras da Lei

Habitação de Porteiro ?

No prédio que habito há uma casa para a porteira que está vazia desde que deixou de

haver porteira no prédio. Gostaria de saber em que condições é que essa casa pode ser arrendada, pois o produto do seu arrendamento ajudaria nas despesas do condomínio e todos seriam beneficiados. Eu sei que a mesma já foi por diversas vezes alugada, antes de eu aqui morar, mas sempre com carácter não oficial. Ana Maria Rebelo - Sócia n.º 16151

Pedro Baptista-Bastos

emos de responder a esta associada levantando, de antemão, duas considerações: 1ª: se, no título constitutivo da propriedade horizontal a fracção se destina ou não à habitação de porteiro; 2ª: qual o fim económico a dar a essa fracção, se se arrendará ou se venderá a fracção e suas implicações jurídicas. Conforme lemos, o prédio não tem porteiro e a dependência encontra-se numa situação de desuso. Estes condóminos não querem ter um porteiro no imóvel, querendo dar um fim económico à casa vazia. O nosso Código Civil presume como sendo parte comum de um imóvel a dependência destinada ao uso e habitação do porteiro - art. 1421º, nº 2, al. c). Note-se que a norma não considera que o porteiro disponha de uma "fracção", e chama as instalações de "dependência"; por outro lado, esta presunção é ilidível, podendo ser afastada mediante prova em contrário - p. ex., escritura pública, conforme veremos. De acordo com a primeira consideração, se o título constitutivo previa a atribuição de uma dependência a um porteiro, mesmo que haja desuso sobre a mesma, só se pode modificar o fim dessa dependência havendo uma assembleia de condóminos em que haja o acordo de todos os condóminos sobre este assunto, se efectue escritura pública sobre a decisão e seu novo fim, e se faça a comunicação à autoridade camarária que aprovou o projecto ini-

T

cial do imóvel, nos termos abaixo explicados. Se o título constitutivo não previa a dependência para um porteiro, estamos diante de uma fracção, bastando haver uma assembleia que decida e aprove esta questão por maioria representativa de dois terços do valor total do prédio - art. 1422º, nº 4 - e haja escritura pública sobre a decisão. A comunicação à câmara municipal prende-se com o facto de, se nos 60 dias após a decisão da assembleia não se fizer a comunicação à Câmara Municipal e não se provar que estão asseguradas as obrigações de limpeza e segurança do prédio - através de um "porteiro electrónico", p. ex. - , caduca a decisão dos condóminos - Art. 2º, nºs 3 e 4 do Regulamento dos Porteiros de Lisboa. De acordo com a segunda consideração, se a assembleia decidir arrendar a fracção, a mesma continua a ser parte comum, mas sob a administração directa do condomínio e dos seus administradores, nos termos do artigo 1430º, n.º 1. Se a assembleia decidir pela venda, a fracção passará a ser autónoma, devendo haver a sua individualização e atribuição de valor relativo, em permilagem ou percentagem, no título constitutivo, através de escritura pública anterior à venda do imóvel - art. 1419º, n.º 1 do Código Civil. O Regulamento dos Porteiros de Lisboa foi citado a título exemplificativo, dado que cada Câmara Municipal terá o seu próprio regulamento de porteiros, devendo o leitor consultá-lo, se for caso disso. I JUL/AGO 2010 |

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ClubeTempoLivre > Passatempos 1

Palavras Cruzadas | por José Lattas

HORIZONTAIS: 1-Adega; Abastecer; Apertar. 2-Nome feminino;

2

Governanta (pl.); Azedume (pl.); Abreviatura usada para indicar ante-

3

meridiem. 4-Pronome pessoal feminino da 3ª pessoa; Ambiente;

4

Diminutivo de António (invertido); Pedra de altar. 5-Estação espacial

5

cuja casca serve para aromatizar o vinho. 6-Gás nobre que existe em pequenas quantidades na atmosfera; Idiotas; Jogo de rapazes que se República do Niger, cuja cidade principal é Agadés; Ocultamos;

9

Apelido de escritor espanhol, nascido em Valência. 8-Deus do Sol, na

10

mitologia egípcia; Alça; Aplicação; Abreviatura de grau, unidade de

11

António Nobre; Cimento; Artigo antigo. VERTICAIS: 1-Antro; Amigas. 2-Indigo; Malhadouros; Articulação. 3-Forma verbal do verbo ir; Destituído de moral; Gemido. 4-Prefixo privativo, que indica supressão ou negação; Acervo. 5-Adorar;

6

7

8

9 10 11 12 13 14 15

12 13 SOLUÇÕES (horizontais): 1-CAVA; ARMAR; ATAR. 2-ANA; ALA; LAI; OLA. 3-VI; AMAS; IRAS; AM. 4-ELA; AR; C; OT; ARA. 5-R; MIR; COR; AAL; D. 6-NEON; PATOS; RAPA. 7-AIR; CALAMOS; ROS. 8-RA; ASA; USO; GR. 9-MAL; L; ROL; L; OCA. 10-AS; R; PAROS; V; AS. 11-N; AIPO; A; AGIA; N. 12ANIMO; N; M; ALISA. 13-SO; ARGAMASSA; EL

comestível; Actuava. 12-Acalento; Afaga. 13-Livro de poemas, de

5

7 8

(pl.); Ilha grega, no Mar Egeu; Arsénio (s.q.). 11-Espécie hortícola

4

6

joga com uma espécie de dado, atravessado por um eixo. 7-Região da

ângulo. 9-Achaque; Apontamento; Vazia. 10-Art. def., feminino de o

3

1

Flanco; Pequeno poema da Idade Média; Olaria. 3-Seis em Romano;

lançada pela União Soviética, em Fevereiro de 1986; Afecto; Árvore

2

Óxido de cálcio; Preposição. 6-Adejar; Espádua (pl.); Cinza. 7-Chefe etíope; Acabara; Sódio (s.q.). 8-Anotação; Ademais. 9-Acolá; Fundou Roma com o irmão; Madrasta. 10-Curioso; Pedido de socor-ro (sigla); Apelido. 11-Associação Internacional de Transportes Aéreos (sigla inglesa); Calor; Ani-mação. 12-Assembleia da República (sigla); Burgo. 13-Porco; Abro; Preguiça. 14-Amofina (inver-tido); Pau do lagar que atravessa os malhais; Acaso. 15-Latadas; Próprio do asno.

Ginástica mental| por Jorge Barata dos Santos

N.º 17 Preencha a grelha com os algarismos de 1 a 9 sem que nenhum deles se repita em cada linha, coluna ou quadrado

N.º 17

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SOLUÇÕES


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ClubeTempoLivre > Cartaz

BRAGANÇA

VIANA DO CASTELO

Julho

Julho

Filmes:

Filmes:

O Mistério da Estrada de

Escola para Totós – dia 23 às

Sintra – dia 24 às 21h na

21h30 na Associação

Associação de Pombal; dia

Cultural de Mujães.

25 às 17h na ACR de Pombal

Bangkok Dangerous – O

de Ansiães; dia 30 às 21h na

Perigo Espreita, dia 31 às

Associação Recreativa

21h30 na GCSRD de Cuide

Cultural de Vilar Chão; dia 31

de Vila Verde

às 21h30 no Auditório Agosto:

Municipal de Alfândega da Fé.

Filmes: Agosto

Patoruzito – O Pequeno Índio – dia 11 às 21h30 na Assoc.

Filmes:

Cultural de Mujães.

O julgamento – dia 6 às

Amigos Imaginários – dia 14

21h30 na Associação

às 21h30 no GCSRD de

Cultural e Desportiva e

Cuide de Vila Verde

Recreativa de Carviçais; dia 7 às 21h na Associação do

Concertinistas e Cantadores

Paços da Serra no Adro de

Grupo de Cantares de

ao Desafio no Largo do

Paços da Serra.

Sambade; dia 13 às 21h30 no

Pelourinho em Lousã.

Grupo Cultural e Recreativo

Folclore: dia 25 às 16h -

de Avelanoso; dia 14 às

Cortejo de S. Tomé em Ançã.

21h30 no Auditório

Pesca: dia 10 e 11 – provas

Municipal de Alfândega da

do Nacional de Pesca

Fé.

Desportiva de Mar em Gala.

COIMBRA GUARDA Julho Julho Música

VILA REAL Julho

PORTO

Folclore XIII Festival Internacional de

Julho

Folclore “Cantaréu 2010” com grupos de folclore

Caminhada:

nacional e internacional

dia 11 às 9h30 - 7ª

(México, Bulgária e Polónia)

Caminhada 2010, 12 km,

– dia 7 às 21h em Vila Pouca

início na Igreja da Cidade da

de Aguiar, dia 8 às 21h em

Lixa, org. Rancho Folclórico

Alijó e dia 9 às 21h em Vila

de Macieira da Lixa.

Real; dia 17 às 20h - 2º Festival de Folclore da Vila de

dia 23 às 22h - grupo Dixie

Concertos:

Gringos - Jazz Band no Salão

dia 9 às 21h - Banda da

Feira:

Vidago na Casa de Cultura

do Rancho Juvenil de Côja;

Assoc. Juvenil “Os Bazófias”

até ao dia 12 - XIV Feira de

de Vidago.

dia 31 às 22h - Cátia

no Castelo de Celorico da

Artesanato da Maia no

Montemor com Quarteto de

Beira; dia 24 às 21h -

Parque Central da Maia, com

Saxofones e Dixie Gringos -

Fanfarra Nemfánemfum

inúmeros artesãos e muita

Jazz Band na Praça do

pelas ruas de Famalicão da

animação, casos do Grupo

Folclore

Comércio em Coimbra, no

Serra e Banda da

de Cavaquinhos da Escola

dia 8 às 15h – Rancho

âmbito das comemorações

Associação Musical Juvenil

Secundária Infante D.

Folclórico e Recreativo de

do 75º Aniv. da Fundação

de Tourais no largo central

Henrique (dia 5), e do Grupo

Borbela em Benagouro; dia

INATEL.

em Lapa de Tourais; dia 31 às

de Metais da Associação

21 às 17h - festival em Santa

Concertinas: dia 18 às 15h -

21h - Banda da Sociedade

Cultural e Musical de Avintes

Eugénia, com a participação

13º Encontro de

de Instrução e Recreio de

(dia 6).

de vários grupos de folclore.

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Agosto:


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O Tempo e as palavras M a r i a A l i c e Vi l a Fa b i ã o

Entre o desejo de Silêncio e a inevitabilidade das palavras As palavras são novas: nascem quando / No ar as projectamos em cristais / De macias ou duras ressonâncias. // Somos iguais aos deuses, inventando / Na solidão do mundo estes sinais / Como pontes que arcam as distâncias. // José Saramago, “As Palavras são Novas…”, in: Os Poemas Possíveis, Editorial Caminho, “O Campo da Palavra”, 3ª edi., 1985

O

súbito retinir do telefone vem associar-se ao ruído do estralejar de foguetes e das recémimportadas vuvuzelas. - Morreu o Saramago! Não vai escrever sobre ele, pois não? Ele não merece! (Quantas vezes terei de ouvir isto?) Não sei se dentro, se fora de mim, o silêncio alastra, fazse espesso, aparentemente impenetrável. “E agora, José?” Não, não vou escrever. Já escrevi sobre palavras, que sobre palavras tenho de escrever. De mim, só o silêncio um respeitoso silêncio. “Tem, porém, o silêncio, se lhe dermos tempo, aquela virtude, que aparentemente o nega, de obrigar a falar.”1 Inevitáveis as palavras. 1998. Ano de intensa colaboração pessoal com o Jornal de Poesia, cujo Webmaster2 se dedica no Brasil à divulgação dos poetas lusófonos. Mais de três mil, eles eram, por esse então. Dos lusos, cargo meu enviar obra dos que faltavam. Nas estantes, como mera curiosidade, à sombra de toda a obra - lida e relida - publicada até então por Saramago, três livros de poemas de um Saramago prévio a si próprio, respeitador da ortodoxia gramatical, linguagem e pensamento quase comezinhos, frequentemente apertados em rimas insistentes. Saramago, porém - mas ainda não “Saramago”. Telefonema difícil para Lanzarote: pedido da indispensável autorização para publicar na NET Surpreende-me com a lhaneza da recepção. Há riso na voz do Homem que mais tarde confessará: “O meu riso (…) é bastante raro”3. Falamos (falo?) da sua obra, de influências, da corrente experimentalista espanhola dos anos 50/60, de Ana Maria Matute, de Goytisolo, de Delibes, da importância da ausência ou alteração dos sinais de pontuação na criação de um estilo peculiar, pouco acessível à massa dos leitores. Falamos (falo?) da sua poesia. Leitora anónima, protegida pela distância a minha timidez, afirmo, interrogo. Ele, Saramago, concorda, discorda, responde. Aparentemente divertido. Ouso uma opinião final: não serão os seus poemas a dar-lhe o

desejado Prémio Nobel - que poderá estar assegurado pela poesia que, paradoxalmente, permeia a sua prosa. Irónico na despedida - ele, que dirá: “Sou irónico - mas sou irónico quando escrevo. Sou incapaz de usar a ironia na minha relação com os outros. Penso que a ironia dirigida a outra pessoa é uma agressão4” -, atira-me: “Então, doeulhe muito? Doeu-lhe muito falar comigo?” Sinto-me descoberta, agredida, de facto. Sirvo fria a minha vingança: retenho a publicação dos seus poemas. 8 de Outubro de 1998. Mensagem do poeta Soares Feitosa: “O “Homem” é Nobel. Envie tudo quanto puder. É importante, ninguém ouviu falar de poemas dele.” Dez minutos mais tarde, a minha selecção dos poemas de Saramago está no Brasil, no Jornal de Poesia, sob o número 290. Forçosamente, com o nome de quem enviou. Dois dias mais tarde e durante meses, o meu correio electrónico enche-se de mensagens para José Saramago meu “conterrâneo”: da Colômbia, de Londres, do Brasil…; de leitores, de tradutores, de editores. Respondo com endereços, reencaminho-as para a Editora, imprimo-as. Convidada pela Gulbenkian, pela Caminho e pela Faculdade de Letras para o lançamento da belíssima edição especial da Colóquio/Letras, entrego-as, mão anónima, à sua mulher. Nunca mais falei com Saramago. Não obstante o acaso me ter sentado mais do que uma vez a seu lado, sem que ele pressentisse em mim a dona daquela voz cuja aparente ousadia não conseguira ocultar-lhe a mais aflitiva timidez. Saramago não voltará a escrever. Nós, porém, jamais deixaremos de o ler. O milagre da palavra escrita. I 1Evangelho Segundo Jesus Cristo, pp.300 2O poeta cearense Soares Feitosa 3 José Saramago, in: “Alguns Nomes de José Saramago”, de Francisco José Viegas, in: José Saramago -Uma Voz contra o Silêncio 4Ibid. JUL/AGO 2010 |

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Os contos do

O assaltante

E

m três melindrosas ocasiões, Barcolino penou velozmente pelas ruas da cidade com a Polícia à perna. Três tentativas de assalto a transeuntes e outros tantos insucessos, o mais aparatoso na tarde em que polícias e civis se juntaram na perseguição. Barcolino só se livrou deles porque o pânico lhe deu asas e galgou um muro de dois metros. No rescaldo do susto, o incompetente marginal resolveu mudar de vida. Não no justo sentido, que seria transferir-se para o lado da Lei e da Ordem. Decidiu, sim, deixar a cidade, onde as multidões podem ser tentação mas também representa uma ameaça. Escolheu a estrada. Para arma de intimidação escolheu a navalha, embora convicto de que jamais seria capaz de golpear alguém. As potenciais vítimas a quem apontasse a lâmina, não podiam no entanto adivinhar que Barcolino chegava a desmaiar quando via sangue. A navalha era para causar medo e do medo resultaria o êxito do assalto. Iria, então, para a estrada, de polegar espetado solicitando boleia. Os problemas quanto ao modus-operandi começaram a surgir na atormentada cabeça dele. Para chegar a um ponto conveniente da estrada, teria de se deslocar. E ele não possuía carro, nem saberia conduzi-lo. Os transportes públicos eram de todo inadequados, tal como pedir boleias. Pensou, pensou, e tomou a decisão: vou roubar uma bicicleta. Roubou uma bicicleta. Nessa tarde Barcolino pedalou em viagem de reconhecimento da estrada e suas bermas propícia para efectuar o primeiro assalto. Dois dias depois lá estava ele, de bicicleta escondida e polegar levantado. Passavam automóveis, um, dois, dez, trinta, cento e catorze, e nem um único condutor acedeu à solicitação de Barcolino. Pedalou, mudando de poiso.

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No outro lado da estrada, apareceu uma moça de longos cabelos negros e ergueu também o braço e o dedo a reclamar boleia. Quase de imediato um carro de luxo travou e ela lá se foi. Barcolino indignou-se. Por ele passavam acelerados, desprezando a súplica. E aquela sortuda repimpava-se em escassos minutos. A jornada foi um fracasso e Barcolino tornou a casa aos pedais. Voltaria na manhã seguinte. Na manhã seguinte, a cena foi idêntica. Quando ele chegou ao local previamente estudado, viu uma mulher esbelta, igualmente de cabelos longos, mas desta vez louros, preparando-se para pedir boleia. Entretanto Barcolino situou-se cinquenta metros atrás para ser o primeiro a solicitar a atenção dos condutores. Ele vinha um. Ele acenou mas o carro seguiu, embora afrouxando a marcha. Deteve-se junto à loura e levou-a. Foi nesse instante que se fez luz na cabeça de Barcolino: as mulheres ao volante detestam dar boleias e os homens, na maioria, são tarados ou, no mínimo, mulherengos. Um terceiro grupo é o dos cavalheiros, sempre prontos para atenções às senhoras. Barcolino pensou, pensou, e saltou-lhe outra ideia: vou comprar uma peruca. No dia seguinte saiu da loja especializada com uma peruca de longos cabelos ruivos. Pedalou quarenta quilómetros até ao trecho da estrada que lhe pareceu propício para assaltos e reflectiu no que fazer após o golpe consumado. Este ponto era importante. À cautela, deveria deixar a bicicleta oculta a alguma distância, uns cem metros, calculou, de modo que o assaltado não pudesse avisar a Polícia, se calhar por telemóvel, que o assaltante ia ali pedalando estrada fora. Outra precaução indispensável seria furar um pneu do carro para que o respectivo condutor não fosse atrás dele, buzinando e berrando pela devolução da carteira. ANDRÉ LETRIA


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Foi às quatro da tarde de um dia frio e chuviscoso que Barcolino deu início à operação. Escondeu a bicicleta entre moitas densas perto da berma e caminhou, descontraído, dobrando a curva. A curva era fundamental. Graças à curva, não se avistaria, do lugar do assalto, o momento da transição: quando ele, Barcolino, saltava para o velocípede depois de cem metros, a dar à sola. Intimidado pela navalha e com um pneu furado, a vítima nada poderia fazer do que contar à Polícia o assalto praticado por uma ruiva que fugira a pé. Nesse momento, talvez o carro policial tivesse já passado, com a sirene sacudindo os ares, sem olhos para um modesto ciclista, presumivelmente a caminho de casa, depois de um duro dia de trabalho. O homem do carro amarelo torrado mostrava um arzinho guloso quando travou junto à ruiva de cabeleira basta que gesticulava por transporte. Com o papel bem estudado, Barcolino envergara colas cor-de-rosa para ocultar as pernas peludas, já que substituíra as calças do costume por uma minissaia. Um lenço de seda azul celeste cobrialhe o rosto até aos olhos que tivera o requinte de rodear de creme de beleza. - Entre, menina, entre! – a cara do senhor era toda um sorriso acolhedor. Apertando a peruca com ambas as mãos, de modo a impedir ainda mais a visão do semblante, Barcolino assentou o rabo gorducho no banco ao lado do solícito.

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- Então, para onde quer ir querida? Podíamos dar uma voltinha por aí, por mim, não tenho presa. - Uma voltinha? – disse Barcolino com voz de falsete. Acto contínuo puxou da navalha e falou grosso quando ordenou: - A carteira, já! De olhos esbugalhados e as mãos a tremer, o infeliz procurou o bolso interior do casaco, avisando: - Acho que só tenho dez euros! - Dez euros?! – irritou-se o assaltante, apoderando-se da carteira. Era verdade: dez euros. Apesar da decepção, Barcolino quis manter a cabeça fria. Era imperioso seguir à risca os pormenores da retirada. Depois de insultar o homem – “seu teso nojento!” – furou um pneu e afastouse em passadas rápidas. Dobrada a curva, retirou a peruca e a minissaia, mais parecendo um atleta em exercício de marcha. Na altura certa deixou o asfalto e obliquou para as moitas, ia voltar a casa com uns míseros dez euros. Sorte malvada, a chuva caíra de súbito em bátegas grossas e penosas para um ciclista. Lembrou-se, sarcástico, do tipo que pretendia dar uma voltinha com a ruiva e estaria agora, ensopado, a mudar o pneu. Ria-se quando dobrou as moitas, mas o riso passou a um esgar e a um grito: - Cambada de gatunos! Roubaram-me a bicicleta! Sentou-se numa pedra e soltou a indignação: - Isto só em Portugal! I JUL/AGO 2010 |

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Crónica

Isso da fama é muito relativo António Costa Santos

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meu sonho era ser realizador de cinema, mas fui para a escola técnica, quando fiz a quarta, e sou escriturário, desde os quinze. Mesmo assim acho que tive sorte, porque todos os meus amigos da Primária, em vez de contabilidade, foram aprender a acartar cabazes de compras pelas ruas do meu bairro, manipular ascensores em hotéis, de pandeireta cinzenta enfiada até às orelhas, fazer baldes de massa e subi-los aos andaimes do Jota Pimenta, enfim, largar os estudos e trabalhar, fazer pela vida, a qual não era para brincadeiras, naquele tempo. Curtição, como tanto hoje se diz, só se fosse na indústria dos curtumes. Os sonhos, porém, não morrem e, ao longo dos últimos 50 anos, fiz a minha vida de escriturário, adiando a de cineasta, suportando a frustração com sextas-feiras sagradas no nimas. Por fim, no ano passado, arrumei as mangas-de-alpaca, fui-me à conta poupança-reforma e comprei uma máquina de filmar (diz-se "câmara"). Dois meses depois, com a ajuda do meu rapaz, que é barra em computadores, tinha pronta a minha primeira fita, com diálogos, história, música, genérico, tudo. Mostrei-a ao Fernando, do Recreativo, um rapaz culto, que gostou e me motivou a fazer mais. Ignorei as piadinhas dos sócios. "Estás um verdadeiro Vasco Santana", disse um. Como se esse fizesse filmes! Ignorantes. Bem, mais dois meses passaram e fiquei com uma filmografia de três peças, nada mau para um realizador português. O Fernando disse, então: "Se há pintura naíf também pode haver filmes". Não gosto de rótulos, mas não me demorei a discutir o conceito. Foi desta forma que o Recreativo realizou o I Ciclo de Cinema Naïf, "este ano apenas com obras do nosso associado Artur", dizia o cartaz. Foi um êxito. No público estava um estudante de cinema que escreveu uma crítica na Internet, que o meu rapaz me imprimiu, porque quero guardar o recorte. Também saiu uma fotografia minha. "És uma estrela, pai", disse-me o meu rapaz.

Mas isto da fama é muito relativo. Aqui há dias, ia a subir a Avenida, por alturas do Tivoli, e um grupo de jovens abordou-me, a pedir autógrafos. Fiquei, como é natural, um pouco surpreendido, mas discorri: colegas do rapaz da Internet, com certeza. Que me conheciam da televisão, disseram. "Isso é que é ser-se observador", elogiei-os eu, dado que apareci na RTP apenas uma vez e foi de raspão, estava no passeio daquela mesma avenida, a filmar as Marchas para um dos meus filmes e fui apanhado, L'arroseur arrosé, como no tempo dos Lumière. Vi-lhes nas caras algum espanto com a assinatura, mas já estou habituado. O gatafunho que criei aos 15 anos, quando renovei o B.I., exige pedras de roseta se alguém, através dele, quiser perceber o meu nome. Tem, porém, um A inicial muito distinto, porque, só depois de o grafar me lembrei que não queria uma rubrica fácil de imitar e tratei de dificultar com uns riscos a tarefa aos falsários (andava a ler O Santo). Por isso, sem saberem se sou Artur ou Anacleto, quem me vê o autógrafo sabe, pelo menos, que não sou Manuel, por exemplo.

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foi isso, afinal, que espantou os caçadores de autógrafos. "Desculpe", disse um, "mas o senhor não é...?" "Sou eu, sou", cortei embaraçado. "A minha letra é que é péssima", justifiquei. "Manoel de Oliveira?", concluiu ele. Daí que tenha afirmado ser a fama, uma coisa muito relativa. É óbvio que qualquer nóvel cineasta daria tudo para que o confundissem com Manoel de Oliveira. Mas não na aparência. Afinal, por muito bem conservado que o Mestre esteja, ter 65 anos e ser tomado por um macróbio de 100, concordarão que é preocupante. Mesmo assim não dei parte de fraco, diante da juventude, que está a ir cada vez mais ao cinema, e disselhes: "Ah, não, não sou o Manoel de Oliveira. Por acaso somos colegas, mas não sou eu." E lá fomos às nossas vidas. I


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