Tempo Livre Fevereiro 2015

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N.º 21 | Fevereiro 2015

Desporto Inatel Piódão UltraTrail 2015: regressa a aventura dos trilhos da Serra do Açor

Viagens Inatel

De Braga à Pérsia: Oito destinos de Páscoa

Claudio Hochman, formador na Academia Inatel: “O teatro não pode ser aborrecido”

Hotelaria Piódão, a bela natureza

Inovação Social Mealheiro Solidário


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TL Fevereiro 2015 // FUNDAÇÃO INATEL // 3 // SUMÁRIO

// EDITORIAL

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Os Oito e os Oitenta

Notícias

8 Entrevista Claudio Hochman

11 Cultura INATEL promove património Algarvio

13 Inovação Social Mealheiro Solidário

14/15 Tema de capa Oito destinos de Páscoa

16 Hotelaria INATEL Piódão Hotel

18 Desporto INATEL Piódão UltraTrail

O

Turismo INATEL desafia-vos, na quadra festiva desta Páscoa, propondo oito destinos para experiências de contacto com culturas, paisagens e história, como anunciamos nesta edição. Assim, as nossas ofertas turísticas vêm consolidando a alternativa de lazer que é hoje uma das mais sólidas referências de Turismo Para Todos em Portugal, combinando o propósito educativo com o prazer das melhores atividades de tempos livres. O Turismo para Todos não propõe oferta massificada e, na verdade, é a resposta democrática a aspirações cada vez mais diferenciadas ao consumo turístico, por parte dos variados sectores da população que assim concretizam o direito universal ao repouso e ao lazer há muito consagrado pela lei e os costumes. O conceito abrange todo o conjunto de práticas que concretizam o direito à fruição turística das populações trabalhadoras, desde as iniciativas associativas de excursionismo ou campos de férias às políticas públicas específicas, as quais procuram satisfazer sem constrangimentos por razão de insuficiência de recursos, de condição pessoal de deficiência, ou outra, tais procuras turísticas. Entretanto, a Cultura INATEL mantém o firme apoio à cultura popular e em janeiro, de forma especial, promovemos com variados parceiros muitos eventos de Cantares das Janeiras por todo o país que projetam ainda mais o nosso património cultural imaterial. Assim vamos respondendo aos desafios da cultura popular nas suas distintas formas,

que vão desde as práticas tradicionais do mundo rural e comunitário, como é o caso das Janeiras, às urbanas, desde o fado aos graffiti. O Teatro da Trindade, neste mês de fevereiro, vai também proporcionar momentos esplêndidos com belos textos representados na segunda edição de CABIDE, a revista ao vivo, e repondo o espetáculo do ilusionista Mário Daniel. Ao mesmo tempo, o Desporto INATEL desenvolve cada vez mais a afirmação da Fundação Inatel no desporto aventura, em conjugação de esforços com o associativismo popular dos CCD nossos associados, decorrendo neste mês as inscrições para o Inatel Piódão Ultra Trail 2015, que se realiza em março e irá confirmar, estou certo, a grande adesão do ano passado. Assim, seguimos cumprindo a missão da Fundação como grande instituição de apoio à ocupação dos tempos livres e à recuperação de esforços de quem trabalha ou trabalhou toda a vida e connosco acede ao lazer através do turismo, da cultura e do desporto, tendo este ano o exigente enquadramento dado pelas comemoração do nosso 80º aniversário. É por isso justificado dizer que connosco se vai dos Oito (destinos turísticos) aos Oitenta anos de atividade ininterrupta... Boa leitura.

Presidente da Fundação INATEL

21 Os Contos do Zambujal

22 Em cena no Trindade

// TOME NOTA

“Escapadinha” à beira mar

24 Língua Nossa // Tempo Digital

Durante os meses de fevereiro e março, o INATEL Foz do Arelho Hotel recomenda a campanha de fim de

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semana, que inclui jantar e alojamento em quarto duplo

Ecrãs: novos filmes em cartaz

(sexta); pequeno-almoço, jantar e alojamento (sábado); pequeno-almoço (domingo), desde 49.90€ por pessoa.

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A campanha é válida até final de março (exceto no

Motor // Palavras Cruzadas //

Carnaval, de 13 a 15 de fevereiro), não acumulável com

Sugestões

outras promoções ou descontos. Informações e reservas: 262 975 100 inatel.foz@inatel.pt

Jornal Mensal e-mail: tl@inatel.pt | Propriedade da Fundação INATEL Presidente do Conselho de Administração: Fernando Ribeiro Mendes Vice-Presidente: José Manuel Soares; Vogais: Jacinta Oliveira e Álvaro Carneiro Sede da Fundação: Calçada de Sant’Ana, 180, 1169-062 LISBOA, Tel. 210027000 Nº Pessoa Colectiva: 500122237 Diretor: Fernando Ribeiro Mendes Coordenadora de edição: Teresa Joel Logótipo: Fernanda Soares Design: José Souto Fotografia: José Frade, Isabel Santiago Henriques (colaboradora) Redação: Calçada de Sant’Ana, 180 – 1169-062 LISBOA, Telef. 210027000 Colaboradores: Carlos Blanco, Eugénio Alves, Gil Montalverne, João Cachado, José Baptista de Sousa, Joaquim Diabinho, José Lattas, Mário Zambujal, Sílvia Júlio Publicidade: Direção de Marketing/Vanda Gaspar Tel. 210072392; Impressão: FLAT FIELD, Marketing e Promoções Lda., Campo Raso – 2710-139 Sintra – tel. 214345400 Dep. Legal: 41725/90. Registo de propriedade na D.G.C.S. nº 114484 Preço: 1,00 euro Tiragem deste número: 91.321 exemplares


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4 // NOTÍCIAS // TL Fevereiro 2015

// COLUNA DO PROVEDOR

Manuel Camacho provedor.inatel@inatel.pt

o dia 7 de janeiro o mundo foi abalado por um acontecimento terrível, sobre o qual é impossível não refletir. No velho continente, onde tantos depositam esperanças humanistas e de âmbito social, um momento de horror fez com que todos, sem exceção, tremessem de indignação. O continente europeu, que leva milhares de seres a arriscar a vida para nele poderem construir um futuro melhor, protagonizou um momento tão ou mais cruel do que as razões que os fazem abandonar os seus países de origem. O mundo inteiro, incluindo os verdadeiros muçulmanos, não consegue entender. O mundo inteiro, sem exceção, gritou bem alto a sua revolta. Em Paris, numa manifestação que juntou gente de todas as idades, credos e ideologias, “Todos” quiseram dizer presente à liberdade. Toda a atenção será pouca para impedir que algo semelhante se repita. Todos seremos poucos para combater tanta violência. Por isso o mundo tem que se manifestar a uma só voz e num só “sentido”, porque só a união faz a força. Para terminar, subscrevo a frase que tantos não se cansaram de repetir: “Pela liberdade de expressão TODOS SOMOS CHARLIE!”

N

Feira Internacional de Turismo – BTL

E

ntre 25 de fevereiro e 1 de março Lisboa volta a receber a BTL – Feira Internacional de Turismo, aquela que é considerada a maior feira do setor em Portugal. A 27ª edição posiciona-se como a grande feira de turismo dos países de língua portuguesa. Este ano as novidades são inúmeras, beneficiando do enorme dinamismo que o setor do Turismo e as empresas têm evidenciado em Portugal. Sob a temática “Turismo, a Indústria do sorriso” a Feira Internacional de Turismo pretende sensibilizar os portugueses para a importância desta indústria na economia nacional, não apenas como fator gerador de receita, mas também de emprego. A organização vai distribuir “sorrisos” pela cidade de Lisboa que mais tarde darão acesso ao recinto da feira, por isso, quem reside na capital pode ser contemplado com um “sorriso” a qualquer momento. Registe-se que a BTL de 2014, com 1033 expositores e uma oferta de 36 destinos como possibilidade de férias, recebeu mais de 35 mil profissionais do turismo, entre os quais 2.882 profissionais estrangeiros, registando no total 68.250 visitantes, o que significou um acréscimo de 5% face à edição anterior.

INATEL presente A Fundação Inatel vai estar presente, uma vez mais, no maior e mais importante certame de turismo realizado em Portugal, honrando a sua condecoração com a Medalha

Festival Inatel da Canção: descobrir 80 Vozes O “Festival Inatel da Canção – 80 Vozes a descobrir ” pretende ser uma mostra dos talentos mais relevantes na área do canto, no contexto da atividade de carácter amador que os

de Ouro de Mérito Turístico, como primeira organização de turismo social e destacado marco na atividade de turismo no país. Na BTL serão apresentadas ofertas de Turismo para Todos, com programas distintos e diferenciados também no preço, para todos os bolsos; para todos os que procuram descobrir novas culturas e civilizações; para quem viajar em segurança é um ponto fulcral; para os que necessitam de acessibilidades especiais; para quem o contacto com a Natureza é motivo de lazer e descanso; para os que procuram “viver o turismo” enquanto uma experiência autêntica e global; para os que sonham com uma escapadela acessível e com qualidade; para todas as idades, do júnior ao sénior. A Fundação Inatel vai exibir uma mostra da rede de hotéis, constituída por 17 equipamentos modernos e eficientes, em localizações privilegiadas, equipados com todas as comodidades, para dar respostas eficazes e de qualidade às crescentes solicitações dos associados e do público em geral. Para assinalar a presença na BTL 2015 a Inatel vai proporcionar aos seus visitantes a possibilidade de usufruírem de grandes campanhas durante a feira.

Centros de Cultura e Desporto desenvolvem junto das populações. Esta inovadora iniciativa destinada à participação dos CCD visa promover a inclusão social, e o combate ao isolamento de algumas regiões, em especial do interior do país, no que respeita às atividades desportivas e culturais numa vertente de ocupação de tempos livres. As inscrições de equipas, em abril, destinam-se à seleção das melhores canções da fase regional, em setembro. Das intervenções de cada região será selecionada a mais representativa e a mais criativa participação, escolhida por um júri nomeado para o evento. A escolha da Canção Inatel decorrerá na final nacional, em outubro. Mais informações: tel. 210 027 142 | inatelsocial@inatel.pt | www.inatel.pt Centros de Cultura e Desporto | Lojas INATEL

Completam, no mês de fevereiro, 50 anos de ligação à Fundação INATEL os associados: Manuel Santa Rita, de Alenquer; Francisco Miguel Pires, José Silva Bastos, Maria Odete Azevedo, da Amadora; António Rodrigues, do Barreiro; Júlio Costa Cunha, Laurinda Salgado Cunha, de Cascais; Arminda Lopes Amaral, de Castelo Branco; João Almeida

50

na Anos EL INAT

Santos, da Covilhã; António Silva Ribeiro, de Évora; Fernando Marques Gomes, Fernanda Rosado Rodrigues, Luísa Fonseca Conceição, Maria Jesus Rebelo, Maria Manuela Amorim, Maria Leonor Esgueira, Raul Conceição Ruivo, de Lisboa; António Costa Falcão, de Odivelas; José Simões Silva, de Oeiras; Luiz Madeira Pica, de Serpa; Maria Rosário Seixas, de Setúbal; Ana Figueiredo Paiva, do Seixal; Júlio Ferreira Martins, de Tomar.


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TL Fevereiro 2015 // NOTĂ?CIAS // 5

Academia INATEL Formação em Turismo Rural, Hostel, HĂłteis); e Vendas em Turismo; Construção de Roteiros e Programas TurĂ­sticos; PatrimĂłnio Cultural como Produto TurĂ­stico; Turismo AcessĂ­vel e Inclusivo; Atendimento, GestĂŁo de Conflitos e Reclamaçþes; Primeiros Socorros e Suportes BĂĄsicos de Vida. Cada MĂłdulo funcionarĂĄ como uma formação autĂłnoma. A frequĂŞncia da totalidade dos mĂłdulos representarĂĄ a conclusĂŁo do Plano de Estudos Executivos em Turismo com acesso a um diploma. Alguns destes mĂłdulos serĂŁo replicados fora de Lisboa, em cidades com Porto, Viana do Castelo, Portalegre, Évora e Faro. Para mais informaçþes deverĂŁo contactar os serviços da Academia, academia@inatel.pt, 211156040 Operaçþes

Loja INATEL da Trindade

L

ocalizada no edifĂ­cio do Teatro da Trindade, no Chiado, a nova Loja da Trindade vai promover uma grande campanha de descontos em diversas unidades hoteleiras e apresentar destinos turĂ­sticos pen-

sados para uma ‘viagem a dois’, dada a proximidade da data de SĂŁo Valentim, dia dos Namorados. A capital conta atualmente com trĂŞs lojas INATEL, – Trindade, Alvalade e Rossio –, para melhor servir os associados e todo o pĂşblico interessado em conhecer a vasta oferta de produtos da Fundação Inatel. Mais informaçþes: Rua Nova da Trindade, nÂş 9, de segunda a sexta, das 11h Ă s 14h e 15h Ă s 19h; sĂĄbados (de abril a setembro), das 10h Ă s 13h. Contactos: 211 155 779/ lojadatrindade@inatel.pt

D GH] ‡ 4 ª a s å b 2 1 h 3 0 ‡ d o m 1 8 h 0 0 ‡ M 12

SALA ESTĂšDIO

A

Academia INATEL vai apostar em 2015 na Formação certificada em Turismo. Jå em setembro, com inscriçþes a partir de março, a Academia INATEL abrirå, em parceria com a ESHTE, duas pós-graduaçþes: Turismo Acessível e Inclusivo e Gestão e Animação em Turismo SÊnior. Estas formaçþes terão lugar na Academia nas Unidades Hoteleiras da INATEL e decorrerão atÊ junho de 2016. Estå tambÊm prevista a abertura em outubro, do Plano de Estudos Executivos em Turismo. Este Plano Ê uma formação modular, que englobarå oito formaçþes de curta duração na årea de Turismo e Lazer, a saber: Comunicação e Marketing Turístico; Legislação em Turismo (Turismo

D GH] ‡ 4ª a såb 21h45 ‡ dom17h00 ‡ M 16

teatrotrindade.inatel.pt


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TL Fevereiro 2015 // ESPAÇO DO ASSOCIADO // 7 // À CONVERSA COM...

“Marca de Prestígio”

verdadeiro incentivo, além disso,

sociedade atual”. Além da

conta, “as influências foram muitas.

modalidade que pratica, onde já

Nesta edição, o TL conversou com

O meu irmão e o meu tio já tinham

se sagrou campeão nacional de

Fábio Pereira Alves, 30 anos,

participado há cerca de vinte anos,

2ª categoria, está igualmente

inscrito na INATEL de Portalegre

também os companheiros de tiro

satisfeito com os descontos em

há um ano, “para participar nos

do CDCR dos CTT de Portalegre

combustíveis, saúde, e de turismo

Campeonatos de Tiro, pois, tinha

me entusiasmaram a participar,

e lazer “bastante atrativos na hora

começado – lembra – a praticar a

bem como João Guedelha,

de relaxar”.

modalidade há pouco tempo e tive

colaborador da Fundação, que

Ouvimos também António Matos

do país e estrangeiro, “continuo a

logo a vontade de entrar em

sempre acompanhou de perto esta

Pereira, 86 anos, associado desde

recomendar e a aproveitar para

competições”.

modalidade e me propôs o desafio

1951, “foi – recorda – no ano da

viajar com a minha mulher quando

Para o recente associado, as

de inscrever toda a nossa equipa a

minha primeira colocação de

a saúde nos permite”.

provas de tiro promovidas pela

fim de trazer para o distrito mais

professor na Escola Eugénio dos

Além de estar satisfeito com as

Fundação Inatel foram o

um título conquistado no

Santos, em Lisboa. Através de um

propostas de viagens e das

Campeonato Nacional de Tiro”.

contacto com um patrício, passei

unidades hoteleiras, António

Para Fábio Alves a Fundação

um Carnaval diferente, na Colónia

Pereira, entre as inúmeras

significa “uma família que promove,

de Férias da Costa da Caparica…

atividades da Fundação Inatel que

essencialmente, o convívio. Em

até há data considero ter sido o

considera “dignas de registo”,

todas as competições, passeios

melhor carnaval da minha vida!”.

salienta uma formação que

turísticos ou eventos culturais, há

Para este antigo associado a

frequentou, designada “Net para

um grande objetivo de promover a

INATEL é uma “marca de

todos”, onde teve oportunidade de

confraternização, o que acho

prestígio”, com a qual

obter alguns conhecimentos

bonito e de enorme importância na

tem viajado para diversos pontos

informáticos.


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8 // ENTREVISTA // TL Fevereiro 2015 borrece-se facilmente se fizer as mesmas coisas durante muito tempo e interessa-se por diferentes vertentes artísticas que podem conviver numa amálgama construtiva. Tudo é comunicação: a dança, a pintura, a escrita, o canto… Tudo isto transmite emoções às pessoas. O teatro tem de ser feito com imaginação, mesmo com poucos recursos, “o que é diferente de um teatro pobre”, realça o professor que aprendeu nas aulas de Educação Física não a jogar futebol mas a fazer uma bola. Esta perspetiva abriu-lhe o leque de possibilidades para criar coisas novas. É por isso que diz que “se fosse jogador de futebol, teria de jogar em todas as posições”. Ouve-se agora o apito para começar o jogo. Ou melhor, porque é de teatro que estamos a falar, subam o pano para deixar entrar Claudio Hochman, num registo descontraído e informal. Trabalha em Portugal desde 1997. Pouco tempo antes, no Festival Internacional de Teatro de Lima, no Peru, Carlos Fragateiro, que foi diretor do Teatro da Trindade, viu uma encenação da sua peça Cyrano e diz-lhe que quer fazer isso com atores portugueses. Traznos uma imagem desse tempo em que trabalhava no Teatro San Martin, em Buenos Aires. Buenos Aires tinha uma vida agitadíssima a nível teatral… Sim, e ainda tem. Acho que Buenos Aires é uma das cidades que tem mais teatros no mundo – tem mais de 300 e pode haver mais de 400 espetáculos ao mesmo tempo. Há uma enorme quantidade de pessoas que vai ao teatro e que fala de teatro. O teatro lá tem peso na vida das pessoas? A minha família não tem nenhuma ligação ao mundo teatral e quando se reúne fala de política – na Argentina fala-se muito de política – e de estreias, dos atores, das peças… Quando estreia uma peça boa e não falar sobre ela é como não saber como está o Benfica. O teatro é um tema de conversação

A

Claudio Hochman, formador na Academia Inatel

“O teatro não pode ser aborrecido” Claudio Hochman, argentino, encenador, professor e dramaturgo, trabalha em Portugal há quase duas décadas. Dificilmente imaginaria na adolescência, quando entrou num grupo de teatro, que poderia viver do mundo artístico. Sem dramas, enveredou pela Educação Física. Chegou a pensar que poderia ser docente daquela área para toda a vida. É quase uma comédia olhar hoje para trás e ver as voltas que deu. A vida é um caleidoscópio, de cores, movimentos e combinações, na busca da felicidade. Hochman corre atrás dela incessantemente, sente que tem coisas para dizer e quer expressá-las de múltiplas maneiras

na classe média. Buenos Aires é uma cidade que tem 14 milhões de habitantes e uma peça pode estar três ou quatro anos em cena – há sempre público. Eu estive três anos com a encenação do Cyrano, numa sala com 600 lugares, todos os fins de semana, sempre lotada. Os argentinos são muito para fora –

são um povo muito teatral. A Argentina gosta muito de se confrontar com o lado emocional. Dois argentinos que não se conheçam, ao fim de cinco minutos de estarem a falar, já estão a contar que a mulher os deixou, os traumas de infância... É muito raro encontrar um argentino que não

passe pela psicanálise, porque é costume procurar ver quem somos. Também fez psicanálise? Sim, claro. Fui resolver problemas pontuais que não conseguia resolver sozinho. Há pessoas que se analisam toda a vida. Há um gosto pelo conhecimento profundo da pessoa.


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TL Fevereiro 2015 // ENTREVISTA // 9 Sentiu o choque cultural aqui? Aqui, para entrar na alma das pessoas há que trabalhar muito. Mas depois de entrar, fantástico! Como encenador, isso é difícil para si? Não tanto, porque trabalho com pessoas que se conseguem abrir, têm treino para fazer isso. O trabalho de ator é abrir-se emocionalmente. Que perceção tem tido da alma portuguesa ao trabalhar com jovens? Acho que os jovens são semelhantes em toda a parte do mundo… Mas estava com os alunos e eles diziam “o Claudio…”. Eu vivi em Londres e não há diferença entre tu e você – no meu país também não, porque o respeito não passa só pela forma. Esta coisa de pormos distância não conduz a muita coisa. Começou a escrever na adolescência. Desde que tem um texto e lhe dizem "Anda a ler Lorca" até ao momento em que vai trabalhar no Teatro San Martin, o que se passou? Em 1983, tinha 25 anos e fundei uma companhia que se chamava Caleidoscópio. Tinha umas ideias malucas: achava que não era artista quem não escrevia as peças. Há uma coisa muito curiosa na Argentina: como há muitos teatros, muito pouca gente consegue viver do teatro. Quis ser profissional. Aos fins de semana íamos às praças e passávamos o chapéu. Em quatro anos intensíssimos viajámos por todo o país. Fizemos muitas peças em ruas, pequenos teatros e escolas. Fomos a festivais, tivemos um grande nível de produção. Eu era uma máquina de fazer peças, saía, mobilizava jovens… Tanto fizemos que duas pessoas do Teatro San Martin viram o que estávamos a fazer. E assim começámos a trabalhar… Quando está em Lima e um português chega ao pé de si e diz: “Quero que venha para Portugal”, conhecia o nosso país? Tinha passado dois dias aqui como turista. Fiquei perto do Trindade, e conheci Cascais e Lisboa. Gostei do

sítio. Na altura, não tínhamos internet e ele encontrou-se comigo em 1995, deu-me um cartão e depois passaram dois anos, até que o processo de vir para a Inatel e para o Trindade tivesse condições, para que o Cyrano se fizesse dignamente em Portugal. Embarquei e aqui estou. Fez um conjunto de espetáculos em Portugal. O seu trabalho tem várias nuances. Primeiro, muito fixo no Trindade, depois abriu-se para o teatro amador, para as grandes produções, como os 39 degraus, Os produtores; produziu espetáculos que foram apresentados no Teatro D. Maria II, no Centro Cultural de Belém; andou por vários pontos do país, trabalhou também com parelhas de atrizes, como tem sido tudo isso? É difícil definir-me. Eu aborreço-me facilmente e preciso de mudar e procurar outras coisas. É uma necessidade ser versátil. Outra experiência que abraçou recentemente foi dar formação na Academia Inatel, no curso Teatro Musical. Como tem corrido essa experiência? É recente, mas histórica também. Há mais de dez anos aqui no Teatro da Trindade, fizemos quatro ou cinco cursos de Teatro Musical, por onde passaram 80 atores e muitos estão a trabalhar hoje em espetáculos. Foi muito interessante e fizemos aqui na sala principal do Trindade quatro espetáculos. A Academia é, de alguma maneira, o retornar à experiência de criar e ajudar gente a formar-se no Teatro Musical. Temos 14 alunos, muito entusiasmados, que estão a começar. Tenho a sensação de que a Academia é um projeto com futuro, tem pernas para andar. Passámos o primeiro trimestre e agora vou começar a montar um espetáculo dos alunos para junho aqui no Trindade. Vai ser uma espécie de trabalho final de curso?… Eu não gosto muito do conceito de fim de curso. Para mim, é igual ser um espetáculo superprofissional ou um espetáculo com alunos. Eu

“ A Academia é, de alguma maneira, o retornar à experiência de criar e ajudar gente a formar-se no Teatro Musical. Temos 14 alunos, muito entusiasmados, que estão a começar. Tenho a sensação de que a Academia é um projeto com futuro, tem pernas para andar. Passámos o primeiro trimestre e agora vou começar a montar um espetáculo dos alunos para junho aqui no Trindade” tento que o resultado seja o mais profissional possível. Quero que seja um “espetáculo”. Tem-se surpreendido com os alunos? Sempre. Aprendo sempre com a evolução deles. Por exemplo, no grupo de adolescentes tenho miúdos que entraram no ano passado supertímidos e que não conseguiam dizer quatro palavras seguidas. Agora, melhoraram não só a nível teatral, mas também no desempenho escolar. Sinto que a atividade de docente é o lugar onde me sinto mais útil, porque consigo mexer nas pessoas. Eu sei que cada aula pode servir-lhes de verdade na sua vida enquanto pessoas. Os alunos levam para o mundo mais do que uma formação de atores? Eu tento. Da escola, lembramo-nos

do olhar ou de alguma coisa que a professora disse… Eu acredito na aprendizagem holística. Não é uma receita. Eu gosto de enfrentar os alunos como seres humanos, dizer coisas, mostrar-me. Não me interessa a técnica – é muito mais complexo que isso. Andou pelo país todo. Que país teatral é este? É difícil definir. Está bastante centralizado em Lisboa e no Porto. Mas há pequenos focos onde acontecem coisas. É curioso que fora dos grandes centros, a receção dos grandes espetáculos é maior, mais calorosa e quantitativa, porque as pessoas estão ávidas que cheguem coisas perto delas. Sempre que levo um espetáculo para fora, tenho-me surpreendido com a receção do público, tanto em quantidade como em entusiasmo. Sentiu diferença nestes cerca de 20 anos em que está aqui a nível teatral? Nestes 20 anos não se conseguiu encontrar o equilíbrio. Continua a ver-se espetáculos comerciais com um nível de qualidade bastante duvidosa e encontram-se espetáculos experimentais muito bons e profundos, mas feitos para o umbigo dos artistas e para os 2000 que gostam de teatro. Sinto que não há esta amálgama de poder juntar peças que sejam boas e que cheguem ao espectador. Como é que isso se pode fazer? Trabalhando muito, fazendo espetáculos, divulgando o que fazemos… Trabalhando com os miúdos, porque eles não vão ao teatro. Até os espetáculos que chegam às escolas são maus, e isso não forma espectadores. Se vão ver o Auto da Barca do Inferno mal feito e aborrecido, os miúdos não vão ser espectadores de teatro. Se virem o Auto da Barca do Inferno com dinamismo e bons atores, estou convicto de que estes miúdos vão querer vê-lo, tal como vão a um concerto de rock ou ao cinema. O teatro não pode ser aborrecido. Sílvia Júlio e Joaquim Paulo Nogueira (texto) José Frade (fotografia)


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10 // CULTURA // TL Fevereiro 2015

Encontro Geral de Cantadores de Janeiras O Encontro Geral de Cantadores de Janeiras, nos claustros do Mosteiro de Santa Maria de Salzedas, assinalou o primeiro evento integrado nas comemorações dos 80 anos de atividade da Fundação Inatel

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euniram-se no passado dia 11 de janeiro, nos claustros do Mosteiro de Santa Maria de Salzedas, cerca de 400 cantadores de Janeiras, integrados nos mais de vinte grupos de cantares do distrito de Viseu participantes no Encontro Geral de Cantadores de Janeiras, evocando o primeiro encontro, decorrido neste mesmo espaço, há 36 anos. Esta iniciativa conjunta da Fundação Inatel, Município de Tarouca, Junta de Freguesia e Paróquia de Salzedas e Centro Cultural Distrital de Viseu celebrou uma prática cultural bem preservada em todo o território nacional, e que representa parte expressiva do reportório musical de agrupamentos tão diversos como ranchos folclóricos e grupos etnográfi-

cos, bandas filarmónicas, grupos de teatro, associações culturais, tunas e grupos de cantares. O Encontro Geral de Cantadores de Janeiras assinalou o primeiro evento integrado nas comemorações dos 80 anos de atividade da Fundação Inatel, revelando-se um marco na representação desta tradição milenar, revivida num espaço recuperado e reabilitado, aberto ao público também como núcleo museológico. A Fundação Inatel esteve representada pelo presidente do conselho da administração e vogal, Fernando Ribeiro Mendes, e Jacinta Oliveira, respetivamente, acompanhados localmente pelo pároco Adriano Filipe e pelo presidente da Câmara Municipal, Valdemar de Carvalho Pereira.


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TL Fevereiro 2015 // CULTURA // 11

INATEL promove património algarvio

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Fundação Inatel e a Direção Regional de Cultura do Algarve celebraram, no passado dia 6 de janeiro, um protocolo de colaboração que visa a promoção e o desenvolvimento conjunto de atividades potenciadoras da valorização e do usufruto, com condições vantajosas para associados da Fundação Inatel, dos monumentos do Algarve, que integram a Fortaleza de Sagres, a Ermida de N. S. de Guadalupe, os Monumentos Megalíticos de Alcalar e as Ruínas Romanas de Milreu. O ato de assinatura decorreu nas Ruínas Romanas de Milreu, tendo sido celebrado pela administradora da Fundação Inatel, Jacinta Oliveira, e pela Diretora Regional de Cultura do Algarve, Alexandra Gonçalves, na presença do presidente da Entidade Regional de Turismo do Algarve, Desidério Silva e outras entidades, CCD e convidados. Com o presente protocolo pretende-se garantir o envolvimento

institucional das duas entidades não apenas na prossecução de projetos orientados para a crescente procura turística, designadamente por parte dos grupos Inatel, conforme assinalou Alexandra Gonçalves, mas igualmente na concretização, através de parcerias estratégicas, de ações atentas à dimensão imaterial do património, vivida, perpetuada e salvaguardada pelas comunidades e agentes locais, conforme salientou Jacinta Oliveira. Este ato simbólico foi, assim, firmado pelo compromisso mútuo de comemoração, na cidade de Faro, do Dia Nacional das Bandas Filarmónicas (1 de setembro de 2015), anunciando a consagração pública e festiva de uma das mais expressivas, vívidas e dinâmicas manifestações culturais do país. O momento foi assinalado pelos cantares das Janeiras numa atuação a cargo do Grupo de Charolas da Casa do Povo de Estoi.

O ato de assinatura foi celebrado pela Diretora Regional de Cultura do Algarve, Alexandra Gonçalves, e pela administradora da Fundação Inatel, Jacinta Oliveira


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12 // ARQUIVO HISTÓRICO // TL Fevereiro 2015

Óscar Coelho da Silva: Registos Sem Tempo Óscar Coelho da Silva, repórter fotográfico que testemunhou, acompanhou e fotografou, durante mais de quatro décadas, os grandes momentos da história da F.N.A.T. / INATEL, é, pela sua dedicação, merecedor de todas as palavras de apreço que se lhe possa dirigir

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ascido em Lisboa em 2 de Outubro de 1930, concluiu o Curso Geral do Comércio na Escola Comercial de D. Maria I, ingressando no Ministério das Corporações e Previdência Social em 1955, actual Ministério da Solidariedade, onde exerceu funções no Serviço de Relações Públicas até 1995, data em que se aposentou na categoria de Técnico Especialista Principal. Apesar da sua colaboração com a F.N.A.T. remontar a 1954 e dos muitos serviços eventuais que prestou a título particular, foi sobretudo na qualidade de funcionário do Ministério que Óscar registou com a sua câmara as principais actividades desenvolvidas pela Fundação. Dotado de uma simpatia e sentido de humor invulgares, com a vivacidade e a alegria de um jovem apesar dos seus 84 anos, Óscar falou-me com entusiasmo, por vezes com emoção, da sua relação com a F.N.A.T/INATEL e dos muitos momentos felizes que viveu durante as centenas de reportagens que realizou sobre a Instituição. Destacou a sua participação no cruzeiro a Angola no paquete «Vera Cruz», realizado entre 8 de Agosto e 5 de Setembro de 1966 por ocasião do XXXIII Aniversário do Estatuto do Trabalho Nacional, e no I Festival Internacional de Folclore – Festinatel/78, que lhe mereceu um diploma que conserva com orgulho. Bem-haja, Óscar! José Baptista de Sousa [O autor escreve de acordo com antiga ortografia]

À direita: Paquete «Vera Cruz», vista do mastro principal e, à esquerda, Paquete «Vera Cruz», vista do convés. Em baixo, Teatro da Trindade, Festinatel/78 [Fotografias Óscar Coelho da Silva. - Fundação INATEL | Arquivo Fotográfico]


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TL Fevereiro 2015 // INOVAÇÃO SOCIAL // 13

Mealheiro Solidário

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om o “Mealheiro Solidário”, a Fundação Inatel reforça a atuação na intervenção social que vem desenvolvendo desde a sua criação, há quase 80 anos. Estrutura-se, deste modo, um novo projeto na área social que prevê a angariação de fundos e apoios para posterior distribuição, e, em simultâneo, o reconhecimento do trabalho de entidades individuais e coletivas que desempenhem um papel ativo no campo do serviço social, sobretudo informal. Esta iniciativa é assim dirigida a cidadãos, famílias e instituições que possam constituirse como destinatários dos apoios angariados ou do reconhecimento pelo trabalho que desenvolvem.

Recolha de fundos Numa fase inicial, o processo de angariação será desenvolvido através de campanhas dirigidas a todos os cidadãos, com vista à recolha de fundos monetários, e realizadas, com maior ênfase, em locais e populações onde a Fundação se encontra mais próxima das comunidades. Os mesmos fundos recolhidos serão posteriormente distribuídos junto dos beneficiários que se candidatem aos mesmos e de acordo com critérios bem definidos pela organização. Neste sentido, desde o passado mês de dezembro, todos aqueles que pretendam contribuir para este projeto podem encontrar, na rede hoteleira e nas lojas Inatel, mealheiros disponíveis para a recolha dos fundos. São destinatários da presente iniciativa todos os cidadãos que necessitem de apoio à resolução de questões prementes que coloquem em risco o seu bem-estar nos planos individual e familiar; cidadãos que tenham desempenhado um papel relevante no apoio ou na intervenção dirigida a outros cidadãos; e entidades individuais e coletivas que, no âmbito do desenvolvimento da sua atividade, se

destaquem pelas suas maiores contribuições para o bem-estar das populações e para a coesão social. Candidaturas O acesso aos benefícios previstos no âmbito da iniciativa é possível através da apresentação de candidaturas. A formalização das mesmas pode ser realizada a partir do dia 11 de fevereiro, de acordo com as condições definidas e comunicadas publicamente pela Fundação Inatel. A apreciação das candidaturas será realizada por um júri, em função de critérios predefinidos, que diferem em função do tipo de proposta apresentada. Por exemplo, entre outros, no caso das candidaturas aos apoios, será feita uma avaliação das situações de maior ameaça para o bem-estar dos candidatos ou beneficiários. No caso das candidaturas que procurem o reconhecimento por atividade desenvolvida, será avaliado o número de pessoas beneficiadas. A obtenção de informação mais completa sobre esta iniciativa pode ser realizada junto dos serviços regionais Inatel e também através dos contactos: inatelsocial@inatel.pt tel. 210027142 | www.inatel.pt Apresentação de candidaturas: Cidadãos como possíveis recetores dos fundos recolhidos; cidadãos e entidades coletivas como possíveis destinatários do reconhecimento e da valorização do trabalho que desenvolvem em benefício do bemestar da sociedade. De 11 fevereiro a 31 março.


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14 // TEMA DE CAPA // TL Fevereiro 2015

De Braga à Pérsia Oito Para os cristãos de todo o mundo, o ciclo da Páscoa celebra o mistério central da Morte e Ressurreição de Cristo, também conhecido como Mistério Pascal ou Mistério da Redenção. Mas a Páscoa é hoje também uma altura em que comummente Sabugueiro, a aldeia mais alta de Braga se viaja, por vezes Portugal as Penhas Douradas, o com propósitos Folgosinho onde segundo a trauma viagem de cinco dias dição nasceu Viriato e a aldeia podemos assistir em Braga à religiosos e outras histórica de Linhares da Beira, um Procissão do Senhor, Ecce Homo, à pela procura do lazer museu ao ar livre. Em Fornos de Celebração da Paixão e Morte do Algodres podemos ainda assistir à Senhor e à Procissão Teofórica do e de conhecer novas Celebração da Paixão e à Procissão Enterro na Sé Catedral. Guimarães culturas. As uma das mais importantes cidades do Enterro do Senhor. representações históricas do país (Património Cultural da Humanidade) é visita Funchal comemorativas da obrigatória nesta viagem, bem Paixão e Morte de como o Santuário de Nossa Páscoa pode também ser o pretexto para finalmente coJesus tiveram início na Senhora da Penha. No domingo de páscoa haverá ainda tempo para nhecer a Madeira em cinco dias de Terra Santa, no século passear em Ponte da Barca, descanso e passeios pelo Funchal, IV e foram, de facto, Lindoso, Soajo e Arcos de Câmara Lobos, Cabo Girão, o proValdevez. montório mais alto da Europa, com Albufeira os peregrinos que 580 metros de altitude, São Vicente, deram a conhecer a Cerveira m Portugal existem ainda uma das mais antigas povoações outras opções de viagens, da Ilha, Porto Moniz e o Paul da Semana Santa e em perto de Braga propomos rumando a sul oferecemos o desti- Serra, o único planalto da Ilha a estenderam ao mundo cinco dias no INATEL no de Albufeira onde além do 1.600 metros de altitude. cristão o costume de a Cerveira Hotel 4* onde de noite merecido descanso se visita Loulé, se dá a Procissão Solene dos Alte, Algoz, Vilamoura, São Brás de Budapeste celebrar

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Fotografias em cima, da esquerda para a direita: Sé de Braga, Unidade Hoteleira de Vila Ruiva, Budapeste, Yazd (Irão) e Ilha do Sal

Passos. Como passeios nesta viagem temos Valença do Minho, antiga e atraente vila fronteiriça e Santiago de Compostela, um dos lugares mais mágicos de Espanha, declarada como Património Mundial. Os últimos dias são dedicados a Guimarães, a “cidade berço” e ao Porto com visita às caves do vinho do Porto e visita panorâmica pela cidade Invicta.

Alportel e Faro. Para a celebração pascal é possível assistir à Procissão do Enterro do Senhor em Lagoa.

Vila Ruiva

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utra opção são as Beiras, uma viagem com estadia na Unidade Hoteleira de Vila Ruiva, ponto de partida para conhecer Celorico da Beira, histórica vila da Beira Alta, Mondeguinho, o

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omo destinos Internacionais existe a oportunidade de conhecer Budapeste, a majestosa capital da Hungria que não deixa ninguém indiferente, uma cidade de contrastes, com um centro monumental, onde se destaca o Mercado Central, a Basílica de Santo Estêvão, o Monte S. Gerardo, a Ponte das Correntes, a Igreja Matías, o Bastião dos Pescadores ou


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TL Fevereiro 2015 // TEMA DE CAPA // 15

destinos de Páscoa

o edifício da Ópera, considerada uma das mais bonitas da Europa. Cidade banhada pelo Danúbio é obrigatório dar um passeio de barco pelo rio o que nos permitirá observar as duas margens da cidade, Buda e Peste. Mas Budapeste tem muito mais para oferecer como a Praça dos Heróis, o Parque Municipal, a Avenida Andrássy, a Ponte das Correntes, a Sinagoga, e o magnífico edifício do Parlamento. Cidade de cultura, terá oportunidade de jantar no restaurante “Callas” onde um cantor ou cantora de ópera deslumbram os clientes durante a refeição. É um restaurante bastante elegante mas onde não é exigido o “vestido de Ópera”. Além de Budapeste, nesta viagem têm ainda oportunidade de conhecer Szentendre, aldeia típica na margem do rio, Visegrad, antiga sede real da Hungria onde desde a fortaleza medieval se pode contemplar a famosa vista da “Curva do Danúbio”

Pérsia

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Irão, anteriormente conhecido como Pérsia, é o lar de uma das civilizações mais antigas do mundo, país rico em cultura, riquíssimo em história e sabedoria, este é um país que surpreende pela hospitalidade ilimitada do seu povo.

A mítica cidade de Teerão, capital persa, desde o século XVIII, é das cidades mais seguras do Médio Oriente tendo muito para ver como o Palácio de Niavaran, a residência do último Xá e da família imperial antes da revolução Iraniana, o Palácio Sad Abad, o Museu Nacional do Irão, o Museu de Cerâmica e Vidro, o belo Museu Nacional de Joalharia e Palácio de Golestan (também conhecido por "Jardim das Rosas"), o mais antigo monumento histórico de Teerão. Mas na antiga Pérsia há muito mais para visitar, como a cidade de Kashan, com as suas famosas casas Tabatabais e de Brujerdis e o Jardim de Fin, reconhecido pela UNESCO ou Isfahan, uma das jóias da Pérsia e uma das mais fascinantes cidades do mundo islâmico, é lá que se encontra a 2ª maior praça do mundo “Praça de Naqsh-e-Jahan” (depois da Praça de Tianamen em Pequim), hoje património da Humanidade da UNESCO e o Palácio Chehel Sotun e a Mesquita Jame – Património Mundial da UNESCO. Nain é outra cidade a visitar, bem como Yazd, uma das cidades mais antigas do mundo, com vestígios de ocupação humana com mais de 7000 anos. Localizada longe das principais cidades e de difícil acesso (está no meio de 2

desertos), Yazd escapou a muitas guerras e conflitos, algo que se reflete na sua cultura, religião, tradições e arquitetura de cor terra, onde a engenharia moderna quase não chegou, tendo sido mesmo considerada pela UNESCO como uma das arquiteturas mais antigas do mundo. Mas a antiga Pérsia é um grande baú de exotismo onde é possível visitar Pasargadae, a mais antiga capital Persa, do império Aqueménida, fundada por Ciro II, em 546 a.C., Persepolis, um dos mais importantes locais arqueológicos, com as suas impressionantes ruínas dos palácios inspirados nos modelos da Mesopotâmia, Necrópolis de Naqsh-e Rostam, onde podemos encontrar túmulos de reis Aqueménides cravados na rocha, Shiraz, a cidade mãe da cultura persa conhecida como "Dar-olElm" (a casa da aprendizagem) e cidade dos poetas. Shiraz tornouse sinónimo de educação, poesia e vinho. Uma das mais importantes cidades do mundo islâmico medieval, foi capital durante a dinastia Zand, época em que foram construídos magníficos edifícios. Durante a visita à cidade contemplaremos a Mesquita de Nasir-ol-Molk com os seus vitrais e revestimentos coloridos, Qavan Orangery, a Escola Teológica Khan, a Mesquita

Vakil, o santuário de Shah Cheraq, visita do exterior da antiga Cidadela, o Jardim de Eram e o Bazar. Visitar a antiga Pérsia é sem dúvida uma viagem única e uma forma diferente de celebrar a Páscoa.

Ilha do Sal

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utro destino totalmente diferente é passar uma semana em Cabo Verde, na Ilha do Sal. Oito dias sem stress, sem agenda e sem preocupações. Na ilha há possibilidade de usufruir de variados serviços, através da Soltrópico, desde uma volta a toda a ilha, excursões a outras ilhas de Cabo Verde, além de mergulho, pesca, windsurf, entre outras atividades possíveis numa das ilhas mais procuradas pelos turistas. O Sal é uma pequena ilha que se estende por 30 km de comprimento e 12 km de largura, a cerca de 50 km da Boa Vista, a ilha vizinha mais próxima. Por não possuir água potável, a ilha só no século XIX começou a ser povoada, quando a partir de 1833 se iniciou a exploração de sal na localidade de Pedra de Lume. Neste lugar privilegiado poderemos gozar de todos os benefícios que um clima tropical proporciona, numa aprazível tranquilidade.


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16 // HOTELARIA // TL Fevereiro 2015

Piódão A bela natureza A primeira imagem sugere uma rara pintura. Mas, aqui, a realidade ultrapassa a beleza de uma tela

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s pinceladas do horizonte convidam a descobrir o que está do outro lado das montanhas. Mesmo por caminhos rudes, de curvas e contracurvas. Se no fim nos perguntarem: “Valeu a pena?”, a resposta será igual à de Pessoa “Tudo vale a pena/ Se a alma não é pequena”. De peito cheio de ar, puro, apetece inspirar ainda mais fundo e expirar tudo o que se levou de tóxico da cidade. A vida, por estes lados, tem outro ritmo. Neste lugar, aprendemos a respeitar a natureza. Também a humana. Os acessos difíceis para se chegar à aldeia de Piódão interpelam-nos a admirar ainda mais o ser humano, que se adaptou ao longo dos tempos a viver em locais a que habitualmente chamamos de “fim do mundo”. A lembrança dos precipícios e as estradas estreitas ficam para trás, quando atravessamos ou ladeamos a serra do Açor com vontade de nos surpreendermos. Tudo o que o perímetro do olhar alcança fica gravado na retina. Memorável. Da varanda da Unidade Hoteleira Inatel Piódão, contempla-se a “aldeia presépio”. As casas de xisto e lousa, com janelas e portas pintadas de azul, abrigadas num vale, formam um anfiteatro. Apetece aplaudir o espetáculo visual.

// Piódão Hotel > 27 Quartos > Bar > Restaurante > Sala de reuniões > Wi-fi > Piscina interior > Sauna, Jacuzzi e Ginásio > Parque infantil > Parque estacionamento Contactos T. 235 730 100/ inatel.piodao@inatel.pt Coordenadas GPS 40º 13’ 51’’ N 07º 49’ 48’’ O Outras informações

Comércio, artesanato, património Os visitantes querem ver de perto a vida que por ali se faz. O turismo contribuiu para a melhoria das acessibilidades, a construção de infraestruturas e criou emprego. Várias lojas vendem artesanato local, como as miniaturas de casas

Viagens Turismo Sénior com destino ao Piódão: Dia 8 fevereiro Partida de Lisboa Dia 15 fevereiro Partida do Funchal Dia 22 fevereiro Partida do Porto


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TL Fevereiro 2015 // HOTELARIA // 17 Chãs d’Égua e Foz d’Égua “pela tipicidade e carácter genuíno” daqueles lugares.

de xisto, os cestos tradicionais ou as colheres de pau decorativas. Os comerciantes dão a provar os licores de mel, castanha ou medronho. O pão, os queijos e os enchidos arregalam os olhos dos apreciadores e deliciam as papilas gustativas. De barriga cheia, há mais energia e outra satisfação para se fazer ao caminho. E por aqueles lugares, há muito para desbravar. Mesmo em frente, ergue-se a imponente Igreja Matriz, branca, que se destaca da cor escura da pedra das casas. É como se as

cores da aldeia nos indicassem o céu e a terra. Ana Cruz, 42 anos, responsável pelo Inatel Piódão Hotel (em cima, na foto), sugere a visita, para além da Igreja Matriz com o altar-mor em talha dourada, “à Fonte dos Algares, totalmente construída em xisto; à Capela de São Pedro e ao Núcleo Museológico do Piódão, um espaço que retrata a forma de vida da população da aldeia; à Eira comunitária, a parte mais alta da aldeia; e à Praia Fluvial”. Ana Cruz destaca ainda os passeios a

Passeios, piscina, boa mesa Há muito para visitar a partir do Piódão, onde existe uma boa oferta turística, em alojamento, lojas e restaurantes. Como não poderia deixar de ser, Ana Cruz aponta com orgulho para a unidade da qual é responsável desde 2001: “Para os que procuram a aventura, este é um bom ponto de partida para explorar a serra do Açor e a serra da Estrela.” Construído em xisto, o hotel encontra-se rodeado por uma bela paisagem, verde ou branca, consoante a estação do ano, para onde apetece olhar para descansar o olhar. “A Aldeia Histórica tem características únicas, e é para mim um privilégio poder trabalhar nesta unidade hoteleira, que tem 16 colaboradores.” Piscando ainda o olho a potenciais visitantes, acrescenta que “o hotel dispõe de sauna, jacuzzi, equipamento GPS para os percursos pedestres e de BTT (Percursos Chãs d’ Égua – Foz d’ Égua e da Mata da Margaraça)”. Tem ainda uma piscina interior aquecida que faz as delícias de todos. Mas cada um terá as suas razões para ir ali mais do que uma vez. É o caso de um visitante que sensibilizou Ana Cruz: “Nos últimos dois anos, esta unidade tem recebido um cliente que nasceu em Chãs d´Égua, e, que ainda jovem foi viver para Lisboa. No entanto, o apego ao local onde nasceu falou mais alto. Agora com cerca de 80 anos, vem diversas vezes por ano visitar a sua aldeia e traz consigo os netos. Em conversa, diz: ‘Eles gostam muito de vir para cá, gostam da terra do avô… e eu gosto muito de mostrar os locais onde fui feliz… Sabe, gostava de vir mais vezes, mas a minha esposa está acamada e tenho de cuidar dela’.” No Piódão, a vida tem outra narrativa. É uma terra cheia de histórias para contar.

Sílvia Júlio


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18 // DESPORTO // TL Fevereiro 2015

INATEL Piódão Ultra Com cerca de 700 participantes, arranca, no próximo dia 28 de março, a terceira edição do INATEL Piódão UltraTrail, uma iniciativa da Fundação e do CCD Associação O Mundo da Corrida. Tal como em 2014, este evento contará com três provas distintas: UltraTrail, Trail e Caminhada

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UltraTrail, que levará os participantes a percorrer 50 quilómetros pela Serra do Açor, terá um desnível acumulado positivo de mais de 2700m e contará com a passagem pelos pontos mais altos desta Serra (São Pedro do Açor, a mais de 1300m de altitude, o Pico de Cebola, que ultrapassa os 1400m de altitude, e o Monte do Colcurinho, a cerca de 1200m de altitude). Para além destes pontos, destacamos a passagem pela Aldeia do Piódão e pela Aldeia da Foz d’Égua. A prova de Trail, que em 2015 passou a integrar o Circuito Nacional de Trail, sendo uma das dez provas do Circuito, contará, ao

longo dos seus 21 quilómetros, com mais de 1400m de desnível acumulado positivo e com passagens pelo Alto do São Pedro do Açor e Aldeia do Piódão. Com a entrada no circuito nacional, a procura por esta prova foi bastante grande, levando a que no início de janeiro as suas vagas estivessem esgotadas. A Caminhada, prova de cariz lúdico e sem qualquer espírito competitivo, terá 15 quilómetros de distância e levará os seus participantes a conhecer a Aldeia da Foz d’Égua e a Aldeia do Piódão. Unidades Hoteleiras A par do Inatel Piódão Hotel, completamente esgotado para receber


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TL Fevereiro 2015 // DESPORTO // 19

Trail 2015 os participantes, a Fundação disponibiliza as quatro unidades hoteleiras mais próximas para todos aqueles que pretendam pernoitar mais perto do local da prova. As unidades de Manteigas e Vila Ruiva (Fornos de Algodres), a cerca de 65 quilómetros de distância, são as mais próximas da Aldeia do Piódão. Para além destas, existem ainda a unidade de Linhares, a 75 quilómetros, e a unidade do Luso, a 90km de distância, como opções de estadia. A organização Sendo uma organização conjunta entre a Fundação Inatel e o CCD Associação O Mundo da Corrida, o

INATEL Piódão UltraTrail é um dos vários eventos de desporto aventura que a Direção de Desporto tem apostado. Para 2015, além deste evento, estão agendados mais três eventos de BTT: Circuito de Up and Down, a segunda edição do Mythic Ride e, por fim, a primeira edição do All Day Lisboa. Já o CCD Associação O Mundo da Corrida, um dos grandes dinamizadores do Trail Running, apresenta um conjunto significativo de provas a nível nacional, com particular destaque para a prova com maior participação em Portugal, mais de 2000 participantes, o UltraTrail de Conimbriga Terra de Sicó.


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20 // DESPORTO // TL Fevereiro 2015

Jogos Mundiais CSIT 2015 Realizam-se em Lignano Sabbiadoro, Itália, os próximos Jogos Mundiais da CSIT, competição tida como Jogos Olímpicos para trabalhadores e que faz parte do programa de participações desportivas internacionais do Desporto da Fundação Inatel

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s jogos decorrerão entre 7 e 14 de junho próximos e a Fundação far-se-á representar em seis modalidades, entre um total de vinte modalidades oficiais a concurso e mais onze experimentais no programa da CSIT. Basquetebol, Voleibol, Voleibol de Praia, Natação e Ténis de Mesa terão representação nacional nas componentes masculina e feminina e ainda o Futebol masculino, estando neste momento em fase de seleção e preparação das respetivas comitivas. A Fundação esteve presente em todas as edições até ao momento Rimini (2008), Tallinn (2010) e Varna (2013) e pretende desta forma cimentar a sua representação internacionalmente no âmbito da CSIT. Uma competição mundial deste nível e com este enquadramento representa uma oportunidade para as equipas/atletas e os seus CCD poderem simultaneamente levar o seu nome a um nível internacional e funcionar como motor motivacional para aqueles que, diariamente, além da sua atividade laboral, conseguem ainda com sucesso praticar uma atividade desportiva. Lignano Sabbiadoro situa-se na costa norte italiana, estendendo-se em península ao longo de 8 km pelo mar adriático, entre Veneza e Trieste, com praias de areia fina e dourada. Um local que promete muitas e boas memórias à comitiva portuguesa. O principal objetivo da participação portuguesa, da responsabilidade da Fundação Inatel, é a divulgação da prática desportiva para trabalhadores sócios da Fundação, associada ao reconhecimento pelo esforço que os atletas e os CCD desenvolvem ao longo de uma época, num momento onde os recursos são escassos, para levar a

Lignano Sabbiadoro, Itália

bom porto a prática desportiva. Reconhecimento que se estende ainda à identificação que estes têm pela Fundação e pelo trabalho desenvolvido pela Direção de Desporto. Mais do que resultados, pretende-se valorizar o desporto para trabalhadores, elevar os valores do fair-play e o interesse pela prática desportiva ao longo de toda a vida ativa. Os atletas ou os CCD que venham a representar a Fundação e consequentemente Portugal, certamente que partilharão deste mesmo espírito e que trarão de Lignano Sabbiadoro muitas experiências para relatar, amizades novas e até algumas novas parcerias com clubes semelhantes de outras nacionalidades.


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TL Fevereiro 2015 // LAZER // 21 // OS CONTOS DO ZAMBUJAL

Um galo e dois tiros

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acinto fez-se forte e gesticulou um adeus mas Elvira não conseguiu reter o choro. Lá se iam, no carro de um neto, os velhos Tomás e Rosário. Assim emagrecia a aldeia para três habitantes, com Elvira e Jacinto resistirá só o Sebastião Silas, para amarga ironia o menos amigável da povoação que se ia despovoando. Também ele veio à porta para assistir à abalada mas nenhuma emoção se lia naquele rosto magro e duro. – E agora, Jacinto? Aqui ficamos os dois, sozinhos, olhando as casas vazias onde morava gente de estima. Primeiro foram saindo os mais moços, depois os nossos companheiros desde crianças. Uns porque morreram, outros porque se foram para as cidades, deixando a aldeia às portas da morte. Restamos nós. Sentado na cadeira encostada à lareira, o homem enrolava um mínimo de tabaco na mortalha de papel. Tentou animar. – Ainda temos cá o Sebastião, sempre é uma vizinhança. – Esse? – reagiu a mulher – Nem nos fala. No dia em que se lhe meteu na cabeça que as nossas galinhas foram depenicar nas favas dele, só lhe ouvimos os berros e emudeceu. Nem bom dia, nem boa tarde. Nunca mais. Jacinto mexeu as brasas com o canudo de ferro que servia para as soprar e disse: – Um dia passa-lhe. – Passa-lhe? Como, Jacinto? Pois se é mesmo o feitio dele, sempre embezerrado, até quando a aldeia era uma festa de gente raro se atardava numa conversa. Só estará contente quando marcha sozinho para a caça, atroa os ares de tiros e uma vez – há quanto tempo isso foi! – até nos veio trazer uma lebre. Muito me admirou. – E eu – deves também lembrarte – levei-lhe o queijo grande que a

nossa Luisinha trouxe quando veio ver-nos. Também podes dizer: há quanto tempo isso foi! – Vou ligar a televisão – disse Elvira. – Para quê? Desde que mudaram o sistema, ou lá como isso se chama, fizeram-nos gastar um dinheirão e ficou pior que dantes. É o progresso. Eles é que sabem. O cigarro ardeu mais de metade à primeira fumaça, mas Jacinto manteve-o entre os dedos calosos. – Acho que já podias dar-me a sopa. – Hoje fiz canja. Tive pena de matar o galo, guardei-o para um almoço de despedida da Rosário e do Tomás. Mas o neto tinha pressa. – Vê as coisas pelo lado bom: deixaram o galo. Entreolharam-se ao ouvirem o súbito roncar de um motor. Coisa espantosa, alguém chegou. Espreitaram e viram dois estranhos a des-

cer de uma moto. – Devem ter-se perdido – calculou Jacinto. – Ou serão parentes do Sebastião? – alvitrou Rosário. Saíram à rua a ver em que poderiam ser úteis. – Bom dia – saudou Jacinto – Quem procuram? – O senhor mesmo – disse um. – Somos da Inspecção Sanitária – afirmou o outro. – Inspecção quê? – Sanitária. Temos de ver os canos. – Canos? – riu-se Rosário – Não temos água de canos em casa. Foram entrando. Jacinto estranhou que fechassem a porta mas não tardou a perceber: tinha a ponta de uma faca a bailar-lhe no pescoço. – Ouro. Ouro e dinheiro. Tudo e já! – ordenou o mais falador dos

assaltantes. Rosário gritou e o outro homem esmurrou-a fazendo-a tombar. – Malvado! – enfureceu-se Jacinto e logo travou a lâmina numa ameaça de morte imediata. Foi então que os quatro se sobressaltaram com o estrondo da porta aberta a pontapé. Na moldura das ombreiras desenhou-se a figura de Sebastião, tenso, de espingarda apontada. – O que se passa aqui? – perguntou em voz, meio doce. A resposta traduziu-se no pânico dos assaltantes, balbuciando súplicas de perdão e correndo como lebres a caminho da moto. Sebastião fez pontaria. Na casa, Jacinto e Rosário abraçavam-se quando ouviram dois tiros. – Deus do céu – murmurou a mulher. Sebastião reentrou na casa e Jacinto, trémulo, não resistiu a perguntar: – Matou-os? O outro riu-se. Há muito, talvez nunca, o tinham visto tão risonho. Depois disse: – Não matei ninguém. Só lhes rebentei os pneus da moto. E agora aí vão eles esgalgados cerro acima, muito terão de dar às pernas por esses matos. Lá se riram os três. – E o amigo Sebastião, que nos salvou desses demónios, não aceita almoçar com a gente? – convidou Rosário. – Olhe que não me cairá mal. E o que é o almoço? – Canja de galo – informou Jacinto. – Seguida de galo. Tostadinho no forno – acrescentou a mulher. – Olha que banquete! – aplaudiu Sebastião. Depois de meditar em silêncio prolongado, o dono da casa disse: – Aqueles canalhas, até o galo nos iam levar.


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22 // LAZER // TL Fevereiro 2015

// EM CENA NO TRINDADE

A mulher que não sabia quantos anos tinha Em fevereiro “Gôda” sobe à Sala Estúdio com uma reflexão sobre a infância e a terceira idade, os Blind Zero celebram de modo acústico vinte anos de trabalho, e Mário Daniel regressa com “Fora do Baralho”

“G

ôda”, criada por Ana Lázaro e Hugo C. Franco, é uma produção da ‘Dobrar que merece um olhar atento. A interdisciplinaridade e a cooperação com outros criadores portugueses motivaram-nos a abraçar um projeto que também pretende dar destaque à criação de espetáculos e atividades complementares, particularmente dedicadas à infância e juventude. Com a obra de estreia da Companhia “Por um Dia Claro”, de Ana Lázaro, foram logo premiados com o apoio para jovens encenadores da Calouste Gulbenkian. Têm no seu percurso cruzamentos internacionais singulares: The Bright Day (versão inglesa), apresentado no Festival Internacional de Artes para a Juventude Ziguzajg, em Malta e na 15ª edição do Festival Internacional Black Sea, na cidade de Trabzon, Turquia, 2014. Em 2013 foram selecionados pelo Swatch Art Peace Hotel Xangai, para desenvolverem um projeto de Pesquisa e Criação Artística, em residência na cidade de Xangai durante alguns meses e participaram em 2014 no Seminário e Encontro internacional E-Democracy – Cidadania Digital, em Itália.

“Gôda” tem uma história, a de uma mulher muito antiga que um dia perdeu a conta aos anos que tinha. O seu corpo enferrujado era como uma pequena mala frágil, carregada com memórias infinitas guardadas como livros velhos, sem uso. Quando se sentia sozinha falava com a sua mosca de estimação, e ouvia música na rádio, e ficava sentada à janela a ganhar pó. Um certo dia encontrou uma mala que há muito tempo tinha esquecido. Quando a abriu deixou entrar na sala de estar uma mão cheia de recordações que se espalharam pela casa e lhe desarrumaram as mobílias e as memórias. Desde esse dia nunca mais ficou sozinha à janela. O espetáculo é construído a partir da linguagem da máscara e do cinema mudo, numa composição cénica essencialmente sonora e visual – sem recorrer ao uso da palavra. Quiseram o espetáculo assim porque entenderam que o tema se ajustava e convocava o

silêncio, a música e as sonoridades do dia-a-dia e também para poderem ter capacidade de internacionalizar o seu trabalho. Criado e interpretado por Ana Lázaro, o desenho de luz e vídeo são de Hugo Franco e o espaço cénico de Ângela Rocha (apoio ao Guarda Roupa de Helena Abreu) estreia dia 18 fevereiro e está em cena até 8 de março, de quarta a sábado às 21h45, domingo às 17h. A Conversa com o Público será no dia 26 de fevereiro. BLIND ZERO “unplugged” Os Blind Zero contam já com 20 anos de carreira, milhares de discos vendidos, sete álbuns editados e um DVD ao vivo gravado em Milão para a MTV. Reconhecido pelo espírito rock e energia em palco, o grupo desliga-se agora da corrente para rever, em formato acústico, as músicas que marcaram as últimas duas décadas. “Recognize”, "Trace", “Tree”, “Shine On” e “Slow Time Love” são alguns dos

// CONVERSAS COM O PÚBLICO As “Conversas com o Público”, uma iniciativa do Projeto Comunidade, prosseguem com uma nova edição. Num dia da carreira de cada espetáculo, quer na Sala Estúdio, quer na Sala Principal, o público pode conversar livremente com as equipas dos espetáculos. No dia 26 de fevereiro falamos com a equipa da “Gôda”, 6 de março com Mário Daniel e 27 de março, Dia Mundial do Teatro, será a vez de César Mourão, que vai destapar o pano sobre o seu espetáculo de comédia a solo.

temas que não vão faltar neste unplugged da banda que se revelou em 1994 com o emblemático “Trigger”. A formação é composta por Miguel Guedes (voz e guitarra), Nuxo Espinheira (baixo e voz), Bruno Macedo (guitarra e voz), Vasco Espinheira (guitarra), Pedro


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TL Fevereiro 2015 // LAZER // 23

Conferências do Trindade Rui Vieira Nery inaugura a edição 2015

Guedes (bateria) e Miguel Ferreira (teclados). Dia 21 de fevereiro, às 21h30. O regresso de Mário Daniel Mário Daniel volta ao Trindade para mais uma curta série de espetáculos, com “Fora do Baralho” que conta a história de um mágico que está num atelier a tentar criar o seu próximo espetáculo. Nesse mundo existem outras personagens, a empregada que detesta ver tudo desarrumado, ou o artesão das ilusões do Mário. Numa relação muito divertida, e invocando os valores da amizade, cooperação e família fazem com que os “truques” surjam de forma natural no decorrer da narrativa. Uma nova proposta de espetáculo e uma nova forma de encarar esta arte. Com Cláudia Pedrosa, Mário Daniel e Paulo Monteiro. Encenação de Sílvia Ribeiro. De quinta a sábado, às 21h30, domingo às 18h. Sessões extra: sábado, às 16h e domingo, às 18h.

O ciclo “Conferências do Trindade” 2015 apresenta a primeira palestra a cargo de Rui Vieira Nery, musicólogo, professor e investigador, diretor do Programa Gulbenkian de Língua e Cultura Portuguesas, que no dia 3 de fevereiro dedica a sua intervenção às questões que se prendem com a passagem do conceito do património edificado para uma visão holística que inclui o património vivo, e a importância que têm para a construção das identidades e dos diálogos interculturais. Nas próximas conferências participam, entre outros, António Pinho Vargas, António Filipe Pimentel, Madalena Victorino, Paula Gomes Magalhães e Maria João Brilhante, alargando assim a proposta aos temas contemporâneos da arte e da cultura. Recorde-se que a edição de 2014 tinha sido especialmente centrada na especificidade da história e atividade cultural do Teatro da Trindade.


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// TEMPO DIGITAL

// LÍNGUA NOSSA

Erros de conjugação João Cachado

O Portátil ou Tablet …

U

ma pergunta que muitas pessoas me fazem é se devem comprar um portátil ou um tablet pois ouvem dizer que fazem a mesma coisa. Apesar de ambos permitirem alguns objectivos e resultados semelhantes ou até idênticos, a escolha depende das necessidades de cada utilizador e dos trabalhos que pretende efectuar. É diferente a utilização de carácter profissional e a que se resume a alguma actividade lúdica, consulta de conteúdos ou da internet. A grande diferença entre os dois dispositivos reside nas dimensões e portabilidade, nas funcionalidades e na facilidade de utilização. Um portátil tem peso superior ao do tablet, mas o seu ecrã é maior dando maior conforto para trabalhos mais pesados nos vários programas do seu sistema operativo Windows ou Mac. Semelhante a um computador de secretária, permite, entre outras funções, manipulação de imagem, trabalhar em folhas de Excel ou apresentações de Powerpoint. Importante é também a possibilidade de ter várias janelas abertas no ecrã. Tudo isso é mais rápido devido às características do processador e à memória disponível que até pode ser aumentada. O tablet, sendo muito mais leve, ganha em mobilidade sendo mais facilmente transportável. Permite capturar imagens ou vídeo, normalmente com duas câmaras, mas não possui leitor de DVD. É essencialmente dispositivo para con-

teúdos embora existam centenas de aplicações que podem ser instaladas para os fins mais variados, inclusive leitura de grande parte de ficheiros produzidos em PC. Muito útil para uma infinidade de jogos de recursos moderados existentes nas lojas online, no seu ecrã interactivo, prático e sensível ao toque, pode mover-se tudo com um dedo, organizar melhor os ficheiros, ampliar o que se está a ver, navegar na Net, enviar emails, utilizar redes sociais, partilhar ficheiros e ver filmes com uma boa resolução. Para substituir o teclado virtual que sendo prático ocupa parte do ecrã, retirando alguma visibilidade, ligam-se teclados externos e assim aparecem os híbridos onde a tampa do portátil é um teclado que pode ser retirado ficando um tablet independente. Mas este tipo 2 em 1, o melhor de um portátil com o melhor de um tablet, que até tem uma caneta especial, aumenta muito o preço como acontece com o recente Microsoft Surface Pro. Gil Montalverne [O autor escreve de acordo com a antiga ortografia]

Tempo Livre remeteu-me uma carta da associada da INATEL, Yolanda Corsépius, que muito agradeço, chamando a atenção para uma série de incorrecções de expressão do Português oral e escrito, especial e perversamente veiculadas pela comunicação social, concedendo-me a oportunidade de abranger muitos milhares de leitores através do esclarecimento que me proponho em relação a um dos assuntos que suscitou. Entre alguns dos tão pertinentes reparos, seleccionei um que a deixou particularmente impressionada, depois de ter assistido, por breves minutos, a um episódio de Bem-vindos a Beirais, uma série da RTP 1, em que três dos figurantes teriam dito e repetido, passo a citar, a gente estivemos / a gente viemos. Desde já ressalvo que, não sendo espectador de tal programa, desconheço se tal incidência faz parte da caracterização das personagens. Tal poderia acontecer e, de facto, se assim fosse, constituiria factor de ponderação em mais detida análise do caso em apreço. De qualquer modo, mesmo que afirmativa a resposta à questão implícita, trata-se de inequívoco erro. Em termos genéricos e sem entrar no sofisticado detalhe resultante de estudos do maior interesse, subscritos por distintos linguistas portugueses e brasileiros, referirei as duas situações em que se colocam dúvidas. Primeiramente, em relação ao número, a gente, enquanto correspondente semântico da primeira pessoa do plural nós, deve ser

conjugada como uma terceira pessoa do singular. Durante o fim de semana, a gente veio de Santarém e depois esteve em Sintra. Em segundo lugar, relativamente ao género, determina a regra que a concordância se faça no feminino, uma vez que a gente é um substantivo do género feminino e, portanto, independentemente de os falantes envolvidos poderem ser indivíduos do sexo masculino. A gente só é nova enquanto a cabeça não for velha. Aqui chegado, a propósito, por curiosidade e a finalizar, lembrar-vos-ei os versos 3-5 da estância 38, Canto I de Os Lusíadas: “(…) Se esta gente que busca outro Hemisfério / Cuja valia e obras tanto amaste / Não queres que padeçam vitupério (…)”, onde verificamos a ocorrência de uma silepse, figura de estilo nos termos da qual a concordância se processa entre um colectivo singular e o verbo no plural, i.e., respectivamente, gente e padeçam. Para que conste, como é manifesto e notório, apesar de ilustre, o camoniano exemplo supra, não nos autoriza ao desrespeito da regra cuja obediência devemos observar…

[O autor escreve de acordo com a antiga ortografia]

*Licenciado em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, actualmente aposentado, foi professor, técnico superior e dirigente, nos Ministérios da Educação e dos Negócios Estrangeiros. É autor de materiais didácticos para o Ensino de Português no estrangeiro.


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TL Fevereiro 2015 // LAZER // 25 // LIVROS

// ECRÃS

EDIÇÕES INATEL

Esperança, fé e liberdade

“Os Novos Tempos do Lazer Português” Eduardo Graça, INATEL, 2002 (126 pp.) Preço: €20,19 (40% desconto p/

Em jeito telegráfico: Stephen Hawking e Martin Luther King chegam à grande tela, Tim Burton reaparece mais requintado, e um filme norueguês levanta a questão (antiga) da ética na imagem jornalística

Associados). À venda na Sede e lojas INATEL. Mais informações: mabreu@inatel.pt/ T. 210027182 “(…)

a

valorização dos tempos livres é, cada vez mais, um fator decisivo de qualidade de vida dos trabalhadores e dos reformados. É, pois, importante para o país e para milhões de pessoas que haja investimento, dinamismo e espírito de inovação na promoção de

Cinema

tempos livres aos cidadãos (…)”

A Teoria de Tudo, de James Marsh

promulgar, em 1965, a lei dos direitos de voto.

| GB, 2014, 2h03 NOVIDADES EDITORIAIS

Com: Felicity Jones, Eddie

Mil Vezes Boa Noite, de Erik

Redmayne, Emily Watson, Charlie

Poppe | Noruega /Irlanda /Suécia,

“Com Um Sonho na Bagagem

Cox. Em exibição.

2013, 1h57

– Uma Viagem de Pirandello a

Um “biopic” centrado nos anos de juventude universitária em Cambridge do astrofísico Stephen Hawking, a descoberta do amor e o despoletar da doença neurológica degenerativa. O filme, que segue à risca todos os preceitos do género melodramático, é sobretudo uma tocante declaração de esperança. Pena é que a personagem feminina (a graciosa Felicity Jones) tome a dado momento conta “das rédeas” e remeta Hawking para a posição – imerecida – secundária.

Com: Juliette Binoche, Nikolaj

Portugal” Maria José de Lancastre, D. Quixote, 2015 (184 pp.) PVP: 17,90 € (à venda nas livrarias) Com

um Sonho na Bagagem é

em primeiro lugar o relato de uma viagem que Luigi Pirandello fez a Portugal em Setembro de 1931. O livro de Maria José de Lancastre,

Coster-Waldau, Maria Doyle Kennedy. Estreia a 12.

Se mais não houvesse de mais tocante neste melodrama humano à volta dos dilemas éticos – pessoais e profissionais – de uma repórter fotográfica a operar em zonas de guerra bastaria a simples enunciação do seu propósito, reflexivo e de questionamento (da responsabilidade individual e colectiva), para fazer deste filme norueguês uma caixinha de boas surpresas sobre a nossa condição humana.

fruto de

A Marcha da Liberdade / Selma, de

cuidadosas

Ava DuVernay | GB /EUA, 2014,

CitizenFour, de Laura Poitras |

pesquisas em

2h08. Com: David Oyelowo, Tom

EUA / Alemanha, 2014, 1h54

arquivos públicos e privados e

Wilkinson, Carmen Ejogo. Estreia a 5.

Documentário com: Edward

rico em documentos inéditos,

Evocação do lendário activista dos direitos cívicos Martin Luther King, Jr. e da sua luta contra o racismo e a favor dos direitos democráticos extensivos a todos os cidadãos norte-americanos que culminou na histórica marcha de Selma a Montgmory, no Alabama, e forçou o presidente Lyndon Johnson a

Snowden, Julian Assange, William

relata um importante acontecimento cultural onde, paradoxalmente, se debateu a liberdade de opinião e a independência da crítica num país que estava à beira da ditadura.

Binney. Estreia a 12.

Um documentário de denúncia, assaz raro e incomum, sobre a espionagem feita na internet pela NSA (Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos) contada ao pormenor por um dos seus ex-agentes, Edward Snowden, a

partir de um hotel de Hong Kong. A ousadia da cineasta-jornalista não podia ter tido melhor reconhecimento do que o prémio Pulitzer com que foi agraciada o ano passado e a que se juntaram mais dois galardões: da Associação Internacional de Documentários e da Associação de Críticos de Cinema de Nova York. Está indicado entre os 15 filmes candidatos ao “óscar” de melhor documentário. Big Eyes / Olhos Grandes, de Tim Burton | EUA, 2014 Com: Amy Adams, Krysten Ritter, Christoph Waltz, Jason Schwartzman. Estreia a 26

O novo e requintado conto gótico de Tim Burton não foge à regra dos seus antecessores: o visual “kitsch”, a excentricidade dos personagens e a continuada sedução pelos mecanismos consumistas. Burton vai longe, tão longe nesta história dum casal de criativos desavindo pela autoria das pinturas que no final não restam dúvidas – o cineasta está, de corpo e alma, a favor da emancipação da mulher.

Joaquim Diabinho [O autor escreve de acordo com a antiga ortografia]


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26 // LAZER // TL Fevereiro 2015

// MOTOR

// SUGESTÕES

Novo Renault Twingo: ao ritmo da cidade

N

ão é fácil escolher a máxima que melhor se aplica ao novo Renault Twingo: se o “direito à diferença” ou se “pequeno por fora, grande por dentro!”. O novo Twingo tem tração traseira. O resultado só podia ser um elevado prazer de condução, mas também espaço no interior, visibilidade e ângulos de viragem inigualáveis. Com 5 anos de garantia e um preço a partir dos 11.950 euros, o novo Renault Twingo promete marcar o ritmo e ser a moda da cidade. Se o primeiro Renault Twingo é, unanimemente, reconhecido como um dos lançamentos mais importantes da história da indústria automóvel, a terceira geração (agora no mercado), desenvolvida em parceria com a Daimier, reúne as características necessárias para perpetuar o estatuto de ícone. Visualmente o novo Renault Twingo desper-

ta a atenção até dos olhares mais frugais. O design da carroçaria é jovem e moderno. As cores disponíveis são alegres e vibrantes: azul céu, vermelho flamme, amarelo éclair e branco cristal. Já as infinitas possibilidades de personalização prometem satisfazer os gostos de cada um ou as modas instaladas. Ou seja, o novo Twingo promete estar na moda, mas também fazer moda! O novo Twingo está disponível com o motor TCe 90, três cilindros turbo, já conhecido no novo Clio e no Captur. Um bloco que, para se adaptar às dimensões e à nova arquitetura, foi alvo de uma engenhosa intervenção técnica. O resultado é um motor rodado em 40 graus e com 50% de peças novas! Mas apesar das modificações a que foi sujeito, os 898cc de cilindrada, mas também os 90 cavalos de potência e os 135 Nm de binário, mantiveram-se inalterados. Com este motor, o novo Twingo é capaz de obter desempenhos surpreendentes, sobretudo ao nível das acelerações e das recuperações. Aliás, sintomático disso mesmo é o facto de não precisar de mais de 10,8 segundos para chegar dos 0 aos 100 km/hora. Equipado com o sistema Stop&Start, o TCe 90 ensaiado regista um consumo misto de 4,3 l/100 km e emissões de CO2 de 99 g/km e respeita já a norma antipoluição Euro 6. Carlos Blanco

Salvador Mendes de Almeida Fundador e presidente da Associação Salvador

PARCERIA INATEL/ASSOCIAÇÃO SALVADOR

Prática desportiva para pessoas com deficiência A Associação Salvador, fundada em 2003, é uma IPSS cuja missão é promover a integração das pessoas com deficiência motora na sociedade e melhorar a sua qualidade de vida. Para isso, desenvolve diversos projetos e eventos na área da Integração, Sensibilização e Conhecimento. A atividade física é essencial para a nossa saúde e bem-estar e constitui um dos pilares para um estilo de vida saudável. Infelizmente, o desporto ainda não é para todos no nosso país! Existe uma grande falta de oferta de espaços desportivos adaptados para pessoas com deficiência motora, que lhes permita melhorar a sua condição física, reforçar a sua confiança e auto-estima e aumentar a sua qualidade de vida e independência. Consciente destes desafios, a

// PALAVRAS CRUZADAS // Por José Lattas

VERTICAIS: 1-Bater; Ditado. 2-Planta ornamental, da família das Compostas, de flores variegadas, mas inodoras (pl.); República da Ásia, na Península da Indochina. 3Estado asiático, que já se chamou Pérsia; Prata (s.q.); Fecha as asas para descer mais rapidamente. 4-Género de plantas umbelíferas, erva vivaz dos ribeiros, fontes e charcos, que em Portugal, aparece na Beira Litoral e no Algarve; Sulcam. 5-Cobalto (s.q.); Enfadam. 6-Despeito; Jornada. 7-Ruterfórdio (s.q.); Arma branca, curta, de dois gumes (pl.). 8-Claridade; Impedes. 9-Personagem da ópera Otelo, de Verdi; Ósmio (s.q.); Mulher que amamenta filho alheio. 10-Canto; Grande lago salgado, no SO da Ásia. 11Estimo; Jogo de rapazes, no qual se atira uma moeda a um conjunto de riscos traçados no chão.

Associação Salvador desenvolve em 1

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parceria com a Fundação Inatel um Espaço Desportivo Adaptado, situado no Parque de Jogos 1.º de Maio, em

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Alvalade, com modalidades,

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equipamentos e um acompanhamento

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adequado às necessidades de cada

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utente. Aqui, a oferta é variada:

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CardioFitness, Iniciação ao Meio Aquático, HandBikes e Dança

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Adaptada.Visite-nos num espaço

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pensado para todos!

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A prática desportiva é promovida

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também com a Ação Qualidade de Vida, através da qual são atribuídos apoios que possibilitam a continuidade da

Soluções 1-DISCÓRDIA. 2-DARIO; FIARA. 3-ALÃO; I; AGEM. 4-RIO; ARA; OSO. 5-A; AMADA; T. 6-ÁSARO; ATOAR. 7-D; GALEGAS; A. 8AL; MATAS; AI. 9-GÁS; MAS; ARO. 10IOIO; P; AMAL. 11-OSA; LAR; ALA.

HORIZONTAIS: 1-Altercação. 2-Nome de três reis persas, entre os séculos VI e IV antes de Cristo; Urdira. 3-Mastim; Operam. 4-Abundância; Pedra de altar; Sufixo formador de adjectivos, que traduzem a ideia de força, abundância ou simples qualidade. 5-Desejada. 6-Planta rasteira, cultivada nas hortas e jardins; Atemorizar. 7-Diz-se de uma variedade de couve (pl.). 8-Alumínio (s.q.); Tapadas; Queixume. 9Vapor; Óbice; Fuzil. 10-Brinquedo constituído por dois círculos unidos no centro por um pequeno cilindro, no qual se prende um cordão; Barro (inv.). 11-Península da Costa Rica, no Pacífico; Pátria; Renque.

reabilitação e integração da pessoa com deficiência motora. Saiba mais e candidate-se até 31 de março em www.associacaosalvador.com.


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Motores em forma chegam mais longe.

Com BP Ultimate com Invigorate™, o seu motor chega mesmo mais longe. A sua fórmula avançada limpa e protege ativamente contra a formação de resíduos no coração do seu carro - o motor. E um motor em boa forma pode fazer até mais 42 km* por depósito que um motor menos saudável.

Motores Mot tor ore es limpos dão dã mais rendimento. re endimentto. *Em testes de consumo de diferentes situações de condução realizados no Centro Técnico BP, BP Ultimate Diesel com Invigorate™ percorreu até 42 km mais por depósito cheio em comparação com o gasóleo convencional e BP Ultimate Gasolina com Invigorate™, conseguiu até 38 km mais por depósito comparando com gasolina sem chumbo convencional.


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