DIRETOR - FRANCISCO MADELINO JORNAL BIMEStrAL 3.a SÉRIE • 1€ N.0 11• MaIO-JUN 2018
Carmen Dolores
capa sobre foto da coleção particular © direitos reservados © Pedro Macedo/framed photos
Uma ATRIZ IMPAR
ÍNDICE
TL maIO-JUN 2018 3
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Entrevista: Janita Salomé
Viajando com livros
Festival Músicas do Mundo
A Casa na árvore
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Memórias de Júlio Isidro
Viagem: Verde Minho
Entrevista: Guilherme d’Oliveira Martins
Desporto: Inatel e FPF
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16
20
Campeonato gastronómico
Coluna do Provedor | Notícias
Teatro da Trindade Inatel
21 Ver | Ouvir
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22
Contos do Zambujal
23
Passatempos | Agenda
Editorial Sempre o Passado e o Presente a enraizarem o Futuro FRANCISCO MADELINO Presidente da fundação inatel
A
s culturas dos Povos resultam sempre duma socialização, ao longo do tempo, umas vezes replicadora, outras vezes modificadora e incrementadora, de comportamentos, atitudes, visões do mundo, sentires, que formam elos de união entre gerações. Ser português resulta dum Presente, com raízes no Passado, que se vai renovando, mas sempre significativamente estruturado na história das pessoas que foram ocupando os nossos territórios e que compõe o nosso património cultural, material e imaterial. Este número do Tempo Livre, entre vários assuntos, relembra esta realidade. No Teatro da Trindade Inatel, que comemorou os seus 150 anos em 1987, por lá passaram gerações e
gerações de atores e encenadores portugueses. Rosa Damasceno, Palmira Bastos, Vasco Santana, Beatriz Costa, António Silva, Costinha, Irene Isidro, Ribeirinho, são exemplos de atores que pisaram o seu Palco, ou então, na música, nomes como Astor Piazzolla, Bécaud, Amália ou Maria João Pires. Entre todos estes, Carmen Dolores foi uma delas, sendo uma atriz incontornável no teatro português das últimas décadas. Teve no Trindade, também, uma das suas casas mais importantes. Já merecia uma sala com o seu nome em Lisboa, num Teatro histórico. Vai ser merecida relembrada e homenageada este mês, Trindade Inatel, agora liderado por Diogo Infante, um nome bem firmado, das gerações mais recentes. Ao mesmo tempo, no mês de julho, neste ano em que se comemora o Ano Europeu do Património Cultural, e sendo a Fundação Inatel conselheira da UNESCO para a sua componente Imaterial, aproveita-se, neste número, também para falar com um grande nome da Cultura Portuguesa, Oliveira Martins, não desfazendo as outras componentes deste homem público. Por fim, aproxima-se também a realização do Festival de Músicas do Mundo, em Sines (e Porto Covo). E vamos falar dele. A Fundação Inatel é parceira, quer lá, quer no Ciclo Mundos, já este a decorrer na Capital e no Trindade Inatel. Também este evento, no âmbito da música mundial, constitui uma grande partilha intergeracional e intermusical, neste caso, de Povos de todos os Continentes. Usufrua assim deste Jornal, deste ponto de encontro entre a Fundação e os seus associados, e dos dois com a História e as estórias que fazem o nosso Portugal.
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Entrevista Janita Salomé Escolhe o Teatro da Trindade Inatel para apresentar o novo trabalho, “Valsa dos Poetas”. Durante os últimos quatro anos continuou a fazer música todos os dias, continuou igual a si próprio na aldeia que escolheu para viver, ali perto de Vila Franca de Xira; o lugar que escolheu para as rotinas, para estar com a Isabel e para habituar o ouvido a quem lhe chama João. Esse nome que ainda sente dificuldade em responder quando o ouve
J
anita é de trato fácil. Tem o Redondo escrito ao peito, é alentejano, tem orgulho nas origens e nas gentes que o ouviram a cantar nos bailes da FNAT em Évora; tem a veia de toureiro, mas Janita é música, e é para ela e por ela que vive todos os dias. Porquê Janita? No Alentejo interior o João é Janita, vem de Joanita, que é o devoto de São João Batista, ou então é porque está próximo da fronteira. Juanita. Nem me lembro que me tenham chamado de João, talvez agora, na aldeia onde vivo, sabendo o meu nome há quem comece a chamar-me João. Isso faz-lhe confusão? Às vezes não respondo. Sei lá quem é o João, Janita é logo. Era inevitável não seguir música… Inevitável não era, mas o talento é genético, e o ambiente em que crescemos também tem influência, crescer entre instrumentos e músicos. Os meus irmãos eram músicos, o meu pai era cantor de fados de Coimbra, a minha mãe cantava muito bem. Os meus tios, tanto maternos como paternos também eram músicos. Entretanto o meu pai também estimulou sempre em nós o gosto pela música. Fomos todos aprender música, eu cheguei a aprender a tocar saxofone e clarinete, quando tinha dez anos, mas depressa me esqueci quando descobri que cantava. Como é que descobriu que cantava? Olhe, não sei. Comecei a cantar quando era miúdo, espontaneamente, ouvia músicas, ia cantando, até que aprendi
era eu que cantava fazia sentido ser eu a escolher, e escolhia o que mais me agradava. Mas de qualquer modo era obrigado a cantar coisas de que gostava menos porque era preciso, e tudo isso acabou por fazer com que cantasse aquilo que não gostasse bem. E como é que isso se faz? O indivíduo não gosta, mas torna a canção tão sua, e cantá-la como se fosse sua, como se gostasse dela. É um fenómeno estranho. Eu lembro-me, no disco de homenagem aos Ouro Negro, 2010, convidaram-me e eu aceitei. Havia uma música que eu não gostava, a Maria Rita, e foi a Maria Rita que tive que cantar, e tive que fazer da Maria Rita uma menina bonita. Cantei a música primorosamente, e ainda hoje gosto de me ouvir a cantá-la. Mas o Janita diz que gosta de desafios… Mas esse é o maior desafio que me podem fazer, cantar aquilo que não gosto. Quando e como começa a sua ligação com o Zeca Afonso? Eu lembro-me do Zeca antes do 25 de Abril, não o conhecia pessoalmente mas com 16 anos, quando era vocalista/ baterista de um conjunto de baile que atuava na esplanada da Junta de Turismo da praia da Quarteira vi, ouvi e fiquei fascinado. Na altura havia os atos de variedades, hoje chamados concertos, com vários cantores que levavam as suas partituras e ficavam sujeitos se os músicos sabiam ou não tocar as suas músicas, porque eles não levavam músicos com eles. Ainda vi a Simone de Oliveira a cantar, a Maria Iglésias, Luís Piçarra, e partiam do
“Esse é o maior desafio que me p fazer, cantar aquilo que não go uma canção romântica de Domingos Marques, um grande tenor, que cantava a Morena. Foi a primeira canção que cantei acompanhado dos meus irmãos, ao piano e acordeão, e gravávamos em fita magnética. Quem é que disse “Janita tens que te dedicar a cantar”? Fui eu. Estimulado pelo ambiente, pelos irmãos e pelo meu pai, e mais tarde comecei a dedicar-me ao sonho de que tinha que me dedicar à música. Zeca Afonso não o influencia? Até chegar ao Zeca passou-se muita coisa. Fui vocalista de conjuntos de baile; cantava em inglês, em francês, em italiano, castelhano, porque nessa altura o vocalista de conjuntos de baile tinha que ser muito versátil e isso deu-me grande “estaleca”, deu-me traquejo, e acabou por ser a minha escola de música. E foi importante para perceber o que queria ou o que não queria fazer? Isso foi com o tempo. Na altura quem escolhia o reportório do conjunto era eu, já muito novo, mas era em mim que delegavam a escolha, porque era o mais novo, ouvia mais música, e como
princípio que os elementos dos grupos, dos conjuntos, eram bons músicos, e muitas vezes isso não acontecia. No caso daqui deste conjunto, toda a gente tinha escola, toda a gente sabia ler qualquer partitura, e ficavam admiradíssimos; menos eu, eu não sabia tocar, era o vocalista. E acompanharam o Zeca Afonso? Não. Isto para dizer que conheci aí o Zeca Afonso e fiquei fascinado com o modo descomprometido com que estava a cantar. O anúncio era, “Baladas por Dr. José Afonso acompanhado por Rui Pato”. E ele apresentou-se de capa e batina, tinha-se esquecido dos sapatos porque vinha da praia, tiveram que lhe arranjar sapatos e tudo à pressa, e quando começou a tocar eu fiquei fascinado. Eu já tinha ouvido na rádio, que era proibido na altura, mas como era de uma família anti- fascista esses discos chegavam-nos as mãos, e ouvíamos em casa. Quando é que começa a vossa relação de amizade e na música? No pós 25 de Abril, ele ia muitas vezes ao Redondo visitar o Vitorino, quem
ele conheceu primeiro, e aí conheci-o pessoalmente. Na altura trabalhava no cartório notariado e assim que chegava, e o ouvia cantar, ele cantava em qualquer lado, e eu e os meus irmãos acompanhávamo-lo. Eu, o meu irmão Carlos, o mais novo, o Vitorino e outro amigo nosso. Ele gostava do que tocávamos e quando ia para as imediações cantar chamava-nos para o acompanhar. Eu acabo por ter o universo do Zeca como ponto de partida para o meu estilo musical, como elemento onde fui buscar ideias e depois criei o meu estilo próprio, procurei sempre a minha linguagem saída dessas linguagens. E desde cedo lhe manifestei o meu
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Beatriz lorena
e podem gosto” desejo de ser músico, durante esse período, já estava cansado de ser funcionário publico e ele dizia-me: “Oh pá, olha que esta vida de cantor é uma vida difícil”; respondia-lhe que não queria saber, e pior era o sítio onde estava. Passado um ano ou dois, há um músico dele que sai e ele, sabia que eu estava disponível, que o meu casamento tinha falhado, tinha duas filhas, chamou-me e comecei a aventura com ele. Não tanto tempo como eu gostaria porque ele acabou por partir novo, mas tive muitos estímulos da parte dele para fazer carreira a solo. Houve alguma coisa que ele tenha dito que tenha marcado? “Este gajo vai longe”. Não disse para mim,
Canto melhor agora do que há 20 anos. Tenho mais experiência, pratico todos os dias, deixei de fumar há muitos anos e deixei as noitadas
vieram-me dizer. E depois punha-me a cantar e dava sempre espaço a quem estava ao seu lado, fazia o mesmo com o Júlio Pereira que tocava. A maneira como estou no palco tem muito que ver com ele, descomprometida, informal; porque ele entrava em diálogo com o público, o que normalmente não se faz, os artistas põem um muro à sua frente e fecham-se em si próprios, e muitas vezes não contactam, e se o fazem é só para dizer “batam aí umas palminhas” e há outras formas de estar e de comunicar com o público. Foi longe, ele tinha razão. Como é que quer que falem do Janita? Que reconheçam a minha linguagem, essa é a primeira vontade, que reconheçam a minha identidade. O Janita é palavra. É essa a sua identidade. Privilegio a palavra, e arrisco muito quando vou buscar poemas que em princípio não são para musicar, não são feitos para tal. Têm música própria, a poesia tem a sua musicalidade, tem a sua rítmica, e eu vou acrescentar a melodia àquilo que já é música, e isso é um desafio; e depois as músicas saem um pouco mais difíceis de ouvir, isso é um facto, porque a palavra o exige; pretendo que a música e a melodia que eu crio sejam dignas das palavras que estou a musicar. Novo álbum, “Valsa dos Poetas”, é o querer enaltecer os poetas ou desafiar-se enquanto cantor? As duas. É uma homenagem que faço a estes poetas e aos poetas em geral, e por outro lado reflete, a minha preocupação e a minha vontade de contribuir para que as pessoas gostem de música, mas música com palavras que digam alguma coisa, que faça parte da história, que faça parte de um todo com mais substância. Mas o Janita também se atreve a escrever, a ser poeta… Eu podia escrever mais mas sou um bocadinho preguiçoso e tenho tantos poetas bons à disposição… Havia um poeta francês que dizia que se nasce poeta, eu sinto que não nasci poeta; talvez seja poeta como todos somos; eu incentivo a poesia, mas estou mais virado para a música. Mas quando está apaixonado também escreve “A bela do castelo sem portas” para a Isabelinha, com quem vivo há quase 30 anos. É apaixonado? Pela Isabel, pela existência, pela vida. Pelas minhas filhas, pelos meus amigos. “É um homem epidérmico, nunca é igual” Sou imprevisível até perante mim próprio. Isso reflete-se muito, ainda hoje nos concertos, a forma como interpreto. Nunca interpreto da mesma maneira a mesma canção. E há algo no meu subconsciente que procura com que faça sempre alguma coisa diferente. A capa do disco também é diferente. Muito escura, triste, nostálgica… Não, não vou por aí, é insólito. É uma capa da Hegel, uma artista da Lituânia, que fez uma leitura muito feliz da poesia. Hoje em dia canta-se mais em português. Mas será que estão a dar importância à palavra, ao português, ou isto é apenas uma moda?
Ou há facilidade? E vou empregar um termo menos correto mas não quero saber, há frivolidade. A palavra deve conduzir à reflexão, e é por aí que eu vou; daí que elas saiam com uma maior densidade, porque a palavra assim o exige e quero que a palavra exija de nós, e nos faça pensar e não haja uma superficialidade e fórmulas que conduzem a determinado tipo de música. Fica triste quando liga o rádio? Fico um pouco, aliás, fico muito triste e até revoltado. Porque a música portuguesa é tão rica, a palavra portuguesa, e há gente carregada de talento por aí que é posta de parte em nome da frivolidade e da superficialidade. Sente que não é reconhecido por isso mesmo? Não se trata disso. Eu sei em que país vivo, estou consciente que aquilo que faço não é o que está na crista da onda; sei disso e estou disposto a pagar o preço. Como é que o recebem lá fora, quando tem concertos noutros países? Muito bem. E as comunidades portuguesas? Muito mal. Tive más experiências há uns anos atrás. Nem o Zeca era bem recebido, chegou a ter provocações. O povo tem os olhos na nuca, vive agarrado ao passado e está habituado ao comodismo, à frivolidade; Se bem que haja uma franja de emigrantes portugueses uma 3.ª geração, que tem outra posição em relação à música portuguesa, e ainda bem. Ainda cantou no tempo da FNAT, a antiga INATEL? Sou desse tempo, sou do tempo dos concertos da FNAT, mesmo na sede, em Évora, na Praça do Geraldo. Havia bailes e eu atuava como vocalista. Aquilo estava confecionado e era o reflexo dos tempos em que se viviam. Mas entretanto a FNAT descobre a sua missão universalista e se calhar não é por acaso que aqui estou. Se não fosse cantor era… Toureiro. E toureei. Eu disse que não ia acabar os meus dias sem tourear uma única vez. E isso aconteceu. Há uns anos, integrei o grupo do Júlio Pereira, na altura o Zeca já estava doente e ainda não tinha indicado a minha carreira a solo, fomos cantar a Torillo, um espetáculo entre portugueses e espanhóis, e até as Doce também estavam lá para atuar – foram escolhidas sem preconceitos e sem clivagens, estávamos todos do mesmo lado da barricada. Na altura houve uma tenta, uma brincadeira com os bezerros, e eu, com a minha veia de toureiro, bebi dois tintos, esperei um bocadinho pelo efeito e depois fui para arena. Pedi um capote a um espanhol, dei dois ou três passos e saí-me muito bem, quem viu até pensou que era espanhol. Eu disse que era português, e que era a primeira e última, porque correu tão bem que não queria estragar. Mas quero é cantar, apesar da veia de toureiro não se ir embora, temos essa tradição e é daí que vem essa veia de toureiro frustrado. Cantar, é até ficar sem voz? Até morrer. Canto melhor agora do que há 20 anos. Tenho mais experiência, pratico todos os dias, deixei de fumar há muitos anos e deixei as noitadas, tudo isso ajuda.
Maria João Costa
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fotorREPORTAGEM
Ambiente do Festival Músicas do Mundo durante o concerto de Mário Lúcio (CaboVerde), em 2017
Concerto de Oumou Sangaré (Mali), em 2017
20 ANOS DE FMM, O 2 ANOS INATEL
Festival Músicas do Mundo (FMM) de Sines celebrará 20 anos em julho com “o maior alinhamento musical de sempre” e com o objetivo de “erguer pontes entre culturas e promover a igualdade da circulação de artistas”. Com a representação de cerca de 40 países e regiões, esta iniciativa representa os valores da Fundação Inatel porque é aqui, um dos palcos do mundo, onde se divulga o património cultural imaterial, e depois de 2 anos de sucesso, estamos de volta para celebrar os 20 anos de FMM e 2 anos Inatel. Maria João Costa (texto) Beatriz Lorena e Mário Pires (fotos)
Saul Williams (EUA), 2017
Fatoumata Diawara & Hindi Zahra (Mali/Marrocos), 2017
Mabang (China), 2017
Concertos de Billy Bragg (Reino Unido) e, à direita, Dakh Daughters (Ucrânia), em 2016
Konono n.º 1 meets Batida (R. D. Congo/Angola/Portugal), em 2016
Fogo de artifício no encerramento da 19.ª edição do Festival Músicas do Mundo de Sines
fmmsines.pt
Aldina Duarte•Alsarah & The Nubatones•Ammar 808•BaBa ZuLa•BaianaSystem•Barbez•Bulimundo•C4 Trío•Carmelo Torres & Su Cumbia Sabanera Cero39•Chassol•Cordel do Fogo Encantado•Derya Yıldırım & Grup Şimşek•DuOud•El Leopardo•Elida Almeida•Ethno-Trio Troitsa•Fogo Fogo•Gili Yalo Guy One•Havana meets Kingston•Huun-Huur-Tu•Imarhan•Inner Circle•Karina Buhr•Kimmo Pohjonen 'Skin’•Kroke•La Tène•Lajkó Félix•Live Low Maravillas de Mali•Markus & Shahzad•Mark Ernestus' Ndagga Rhythm Force•Maryam Saleh, Maurice Louca & Tamer Abu Ghazaleh's Lekhfa Meridian Brothers•Meszecsinka•Monsieur Doumani•Moon Hooch•Oliver Mtukudzi•Opal Ocean•Pekko Käppi & K:H:H:L•Robert Finley•Sara Tavares Scúru Fitchádu•Seward•Sirom•Sofiane Saidi & Mazalda•Sons of Kemet•Susana Travassos•Sutari•The Como Mamas•The Correspondents Timbila Muzimba•TootArd•Tulipa Ruiz•Vieux Farka Touré•Yasmine Hamdan•Yazz Ahmed•Ÿuma
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Viajando com livros
Mau Tempo no Canal100 anos do encontro com o Faial, o Pico e São Jorge Uma das principais obras da ficção do século XX em língua portuguesa de Vitorino Nemésio, que retrata a paisagem geográfica e o que há de essencial e permanente no modo de ser e de estar dos açorianos, seja qual for a terra de origem Por António Valdemar
O
s centenários de Vitorino Nemésio têm-se limitado às datas da vida e morte do escritor, poeta e professor universitário. Mas entre outras efemérides possíveis, o 40.º aniversário da morte que se completou em fevereiro, também nos alertou para um centenário muito significativo – e a decorrer nestes meses – o encontro de Nemésio com o cenário geográfico do Mau Tempo no Canal. É uma das géneses desta obra que retrata os Açores no que há de essencial e permanente no modo de ser e de estar dos açorianos, seja qual for a terra de origem. De maio a agosto de 1918, Vitorino Nemésio deslocou-se ao Faial, para fazer o 5.º ano do liceu. Em Angra havia sido expulso pelo reitor, devido a desacatos provocados juntamente com outros colegas. Seria, porventura, aluno vulgar ou mau aluno, desinteressado das aulas, indiferente à maioria dos professores. Tinha a atenção voltada para a literatura e a intriga política. Desde os 15 anos, (em 1916), Vitorino Nemésio publicara o primeiro livro de versos Canto Matinal, estivera à frente de um pequeno jornal de jovens Estrela de Alva, colaborava noutros jornais e proferia conferências em instituições públicas. Frequentava, na rua Direita, a tertúlia da Livraria Andrade, seu editor. Pontificava Luís Ribeiro (1882-1955), advogado, chefe da secretaria da Câmara e intelectual conceituado. Compareciam militares do Regimento de Infantaria 25, cónegos e padres que lecionavam no liceu e no seminário. Entre outras figuras destacava-se Gervásio Lima, (1876-1945) bibliotecário municipal, colaborador de jornais, colecionador de títulos honoríficos e de associações culturais, com a ambição nunca satisfeita de ingressar na Academia das Ciências. De todas as relações pessoais de Nemésio, a mais profunda e que vai perdurar toda a vida foi com Jaime Brasil (1896-1966), natural de Angra, contemporâneo no liceu, cinco anos mais velho, mobilizado para a Guerra, para o curso de oficiais milicianos, a fim de ser incorporado no Corpo Expedicionário Português. Entretanto, em Lisboa, entrou na redação d’O Século e passou a colaborar n’A Batalha, o jornal de anarquistas e sindicalistas. Nemésio considerava Jaime Brasil o seu «mentor de iniciação literária». Mais ainda: «oráculo dos meus tempos iniciáticos do Liceu de Angra e como que tutor da minha verdura de anos naquelas experiências cruciais de vida ascendente». Tal como sucedera com Aurélio Quintanilha (1892-1987) decidiu Vitorino Nemésio ir à Horta completar, como aluno externo, o segundo ciclo dos liceus. A chegada à ilha é noticiada 13 de maio de 1918, no Telegrapho, órgão diário da imprensa local, que acrescenta tratar-se do autor do Canto Matinal. O reitor e presidente do júri, o escritor Florêncio Terra (1858-1941) deixou Vitorino Nemésio passar em Matemática que se julgava o obstáculo a transpor. O mesmo aconteceu com o Barão de Roches, professor de Ciências que até lhe passou o ponto...
Vitorino Nemésio por Álvaro Carrilho
A ata do júri, com data de 16 de julho de 1918, encontrada e publicada por Vitor Rui Dores revelou-nos, porém, outra surpresa: a classificação em língua portuguesa, a principal ferramenta do escritor e, anos depois, do professor catedrático da Faculdade de Letras de Lisboa. Encontrava-se a lecionar no liceu da Horta, Francisco Espínola de Mendonça, (1891-1944) natural de São Miguel, licenciado em Filologia Românica poeta, com um livro de estreia (Rosicler) dedicado ao mestre e patrício Teófilo Braga. Aguardava oportunidade para ser professor efetivo no Liceu de Ponta Delgada como, aliás, sucedeu até ao prematuro falecimento com 54 anos. Coube a Espínola de Mendonça fazer a prova oral. Vitorino Nemésio trazia 15 valores em Português. O exame derivou (confidenciou-me Nemésio) para a divisão e classificação de uma estrofe d’Os Lusíadas, a angústia e a tortura de sucessivas gerações. O aperto em minudências de sintaxe e questiúnculas de mitologia contribuíram para baixar a nota de Português. Ou, então, houve consenso para atribuírem a média final de 10 valores, em todas as disciplinas, a um jovem terceirense, com veleidades poéticas, que necessitava do diploma para se habilitar ao funcionalismo público. Se a passagem pelo liceu da Horta representa uma pequena história, essa viagem – a primeira que realizou por mar – e a permanência, pela primeira vez, fora de Angra e da Vila da Praia, ficaram para sempre associadas a um grande acontecimento literário. A aproximação com o Faial, o Pico e São Jorge, que escolherá para o enquadramento do Mau Tempo no Canal. Publicado em 1944 e logo reconhecido como uma das principais obras da ficção em língua portuguesa. Reconstitui a malha urbana da Horta destruída com o terramoto de 1926. Ouvimos «o bater surdo encaixado», do trote das Vitórias, pois os automóveis eram muito poucos. É o livro em que os açorianos se descobrem e identificam. Sentimos o «vento a enrodilhar as folhas das faias e dos cedros». Acorda o «queixume da ilha abafada, em que paira um pasmo solto de tudo, menos do mar».
Testemunha os sinais de um tempo de viragem, a guerra de 1914 a 18, nos Açores; o consulado de Sidónio Pais; a primeira homenagem póstuma nacional e regional a Manuel de Arriaga, ao atribuir o seu nome ao Liceu da Horta; as diferenças dos vários estratos da sociedade açoriana; a exigência de concretização de autonomia política e administrativa; a enumeração das marcas profundas da insularidade. Tão fortes que a Revolução Liberal, a República e o 25 de Abril não alteraram um calendário litúrgico que regula penitências, romarias, natais e festas do Espírito Santo. A personagem principal do Mau Tempo no Canal, com o nome Margarida Clarke Dulmo, pertence a famílias tradicionais do Faial, oriunda de «Fernão Dulmo, descobridor de uma suposta ilha ao Norte da Terceira e do capitão mor Diogo Dulmo que hospedou na sua casa da Horta, o senhor D. Pedro IV». Chamava-se, na vida real, Maria de Sampaio Dart de Castro Parreira (1904-1989) natural da Terceira e que em novembro de 1925 se casou com um militar e vai para Macau. Radicou-se depois em Lisboa, onde faleceu. Nemésio conheceu-a em 1924, em férias, ao participar nuns Jogos Florais em Angra. Foi «a rainha da festa», consagrada num discurso de Nemésio reunido em opúsculo. Viria a ser uma das mulheres da sua vida. Outras figuras do Mau Tempo no Canal também são da Terceira. Para não suscitar melindres e ferir suscetibilidades Nemésio transferiu a narrativa e a efabulação para o Faial, o Pico e São Jorge. Tinham decorrido cerca de 20 anos da primeira ida ao Faial, que não conhecera em pormenor e, muito menos, as outras ilhas. Daí alguns erros de localização. Estes lapsos de topografia, não se registam ao definir a sociedade da «Horta desportiva e inglesada», a cidade de «escritórios e chapéus de coco», de «pianos e francês», de lutas de herdeiros, de negócios sórdidos; de ajustes de contas entre vizinhos, de prosápias genológicas mesmo com decadência económica e escândalos de família. Ao lembrar personalidades como o político e escritor José Machado Serpa, as irmãs de Manuel Arriaga, uma delas poetisa; ao evocar o ambiente mundano da Sociedade Amor da Pátria, denominada no romance Real Clube Faialense; as récitas no Teatro Faialense e o cinema mudo no Salão Éden; o movimento portuário, com barcos a abastecerem-se de carvão e mantimentos, a fim de prosseguirem as rotas oceânicas; as estações de cabos submarinos, com diretores e funcionários ingleses e alemães, em contacto direto com as populações e a introduzirem novos hábitos e culturas. Cidade plural, no meio do Atlântico, sem transportes de avião, sem a primeira marina dos Açores e o gim do Peter, local preferido para o convívio de navegadores de veleiros de todo o mundo. A ilha sem as formações de lava
geradas, pelas erupções do vulcão dos Capelinhos. «A Horta é – escreveu Vitorino Nemésio – um camarote de frente para o Pico, palco de todo o ano». Entretanto, recriou a imponência do Pico, envolvido no «capote – e capelo das tardes acinzentadas, em que parece haver fios entre as nuvens e os nervos»; a casa da Pedra da Burra; a faina dos baleeiros, atrás dos cachalotes trancados por arpões e «a borrifar os céus de água e sangue»; as narrativas de Ti Amaro de Miraleca, acerca de expedições para a América e aventuras em mares ainda mais longínquos. Outro eixo da narrativa decorre em São Jorge, cujo «vulto estirado da Ponta dos Rosais ao Topo parece um navio azulado pelo próprio fumo da marcha». Margarida não casa com o advogado João Garcia, nem com o Tio Carlos que morre durante a epidemia da peste, mas com André Barreto herdeiro da fortuna do Barão da Urzelina que possui extensas pastagens, fartos recursos agrícolas e pecuários e produz queijo, com a colaboração de flamengos. Nesta ilha de contrastes sociais e vestígios de feudalismo evidenciam-se, na variedade da paisagem, as Fajãs que descem até ao mar, habitadas por pequenas comunidades e casas destinadas a férias. O último capítulo, numa visão sumária mas abrangente da Terceira, apresenta-nos o perfil do Monte Brasil, o recorte da baía de Angra, passagem obrigatória das naus que regressavam da Índia; o Castelo e a evocação da resistência ao domínio dos Filipes. Celebra o entusiasmo das lides tauromáquicas, tourada à corda, «gente trepada pelas paredes e o estampido dos foguetes». A boa disposição e o orgulho de uma população que, em Angra, na Vila da Praia ou onde quer que seja, regozija-se com as suas tradições históricas e, mesmo nos grandes infortúnios, não perde o gosto de viver. É sempre o próprio Vitorino Nemésio que se reclamava «açoriano de treze gerações e cinco séculos de ilha no sangue». A leitura do Mau Tempo no Canal transmite aos açorianos (e não açorianos) o conhecimento das ilhas e da região, uma dupla insularidade, resultante da interioridade e da ultraperiferia que não é comparável a outras interioridades. Tem outra raiz geográfica, tem outro processo histórico e sociológico. Um problema que, logo no século XVI, o primeiro cronista Gaspar Frutuoso (1524-1592) nas Saudades da Terra salientou a propósito do meio físico e da ocupação humana: «na verdade, qualquer ilha destas, neste comprido e largo mar oceano, não é outra coisa senão uma prisão algum tanto espaçosa, e até, de coisas pequenas, quanto mais das grandes, uma muito estreita e muito mais curta sepultura». Apesar da superação das distâncias, do pesadelo das convulsões sísmicas, da angústia dos horizontes cerrados, o que mais perturba e o que mais inquieta é a prisão do mar. O mar que nos faz ir para longe e que nos faz olhar para dentro.
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A Casa na árvore A cereja do cafeeiro em diferentes fases de amadurecimento, fotografado em Maio deste ano, na estufa patrocinada pela Delta Cafés, do Jardim Botânico Tropical, em Belém
Todos bebem café, poucos conhecem o cafeeiro Por Susana Neves
O amante de génio imparável
C
erca de 400 biliões de chávenas de café, de diferentes variedades, são bebidas por ano, em todo o mundo, mas quantas pessoas viram um cafeeiro (por exemplo, um Coffea arabica L.) e cheiraram o perfume inesquecível das suas flores? Utilizar a palavra floração para descrever o período em que uma das mais importantes plantas do planeta dá flor é manifestamente insuficiente. Depois de uma fase de seca prolongada, reagindo às primeiras chuvas, nas axilas das suas folhas verde escuro nascem pequenas flores brancas em forma de estrela, e são tantas, tantas, que sobre a árvore parece ter caído um nevão. À surpresa de serem tão brancas e abundantes, acresce o perfume intenso, inebriante e inesquecível que emitem. Um perfume que só terá equivalente na floração da gardénia (também pertencente à família das Rubiáceas): não nos deixa dormir mas ao mesmo tempo faz-nos correr ao seu encontro. Antoine de Jussieu (1748-1836), médico e botânico da Academia Real francesa, autor da primeira descrição botânica ocidental do cafeeiro, também se maravilhou com o perfume e singela beleza da flor e, em 1715, tomando-os como critério de classificação, baptizou a árvore do café arábico, erroneamente, como sendo o jasmim da Arábia (Jasminum arabicum). Um erro compreensível porque, embora na Europa desde meados do século XVII se bebesse muito café e se tivesse disseminado a cultura das casas de café – enquanto espaços de encontro, de debate literário e político – até 1714, a árvore do café, proveniente das altas montanhas da Etiópia, permanecia ainda pouco conhecida na comunidade científica, sendo nesse ano oferecido um exemplar, a título de “curio-
sidade botânica”, pelo Hortus Botanicus de Amesterdão, aos principais jardins botânicos europeus. No Tratado novo & curioso do café, do chá e do chocolate, assinado pelo farmacêutico francês Philippe Sylvestre Dufour (16221687), publicado primeiro em 1684, em Lyon, e depois em 1693, em Haia, é notória a persistência de alguns equívocos sobre o cafeeiro que o autor diz tratar-se de uma planta de “bolbo” (quando na realidade é uma árvore), ou citando o “chanceler [Francis] Bacon”, recorda ter sido visto como “uma espécie de erva que os turcos bebiam em pó com água a ferver”. Na realidade, a receita do café (o grão tostado, moído e fervido com água) vulgariza-se muito rapidamente na Europa, pese embora algumas vozes dissonantes o tenham visto como “bebida do demónio”, porque estimada pela “mourama”, pre-
conceito que não convenceu o Papa Clemente VIII (1536-1605), ou nas palavras da Princesa Elisabeth Charlotte, Duquesa de Orléans (1652-1722), cunhada do rei francês Luís XIV (1638-1715), nele encontre uma bebida fedorenta, semelhante ao “hálito do arcebispo de Paris” já falecido. O que Philippe Sylvestre Dufour, no seu Tratado novo & curioso do café, do chá e do chocolate não admite como sendo verdadeiro, mas na realidade acontecia, era o controle da produção feita pelos árabes que plantavam café no Iémen, e antes de exportarem o grão (a semente) o tornavam infértil, cozendo-o e tostando-o. De qualquer forma, o cafeeiro – para o qual “o pai da taxonomia moderna”, Carl von Linné (1707-1778), há-de criar, em 1737, o género novo Caffea, que o acolhe singularmente, juntando-se mais tarde o Caffea canephora (de que faz parte a varieda-
Cafeeiros em flor em Julho de 2017, na estufa patrocinada pela Delta Cafés, do Jardim Botânico Tropical, em Belém
de robusta) – conseguiu a proeza de cativar o mundo inteiro, e não somente os génios de todas as áreas artísticas que estimulou imparavelmente, através de uma simples bebida feita a partir da semente, sem precisar dar-se a conhecer enquanto planta. “O café é mais delicioso do que mil beijos”, ouve-se na Cantata do Café, ópera cómica composta por Johann Sebastian Bach (1685-1750) em 1735; para Honoré de Balzac (1799-1850), que bebia cerca de 50 taças por dia, o café era o combustível primeiro do seu talento de romancista, mantendo-o desperto durante horas seguidas. Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832), o autor do poema trágico Fausto, não só gostava de café como levou o químico Friedlieb Ferdinand Runge (1794-1867) a identificar e isolar a cafeína em 1819. Marcel Proust (1871-1922) escreveu a sua obra magna Em Busca do Tempo Perdido alimentando-se apenas de croissants e café com leite, o poeta Fernando Pessoa (1888-1935) militava no Martinho da Arcada e a lista de criadores que usaram o café, como tónico, psico-estimulante e boa companhia, é tão extensa que dava um livro. Poderíamos pensar que o perfume das mais de 30 mil flores que um cafeeiro adulto produz se destina a atrair os insectos polinizadores, facilitando a produção do fruto que inicialmente é verde e durante oito a nove meses amadurece até ficar vermelho, parecendo nessa altura uma cereja. Acontece, porém, que muitas vezes, a flor autofecunda-se antes de abrir. No entanto, quando as abelhas têm a sorte de colher o pólen dos cafeeiros, o mel que produzem tem a qualidade superior de alguns génios que estando destinados à imortalidade, tal como a árvore do café, preferem crescer à sombra. [A autora escreve de acordo com a antiga ortografia]
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MEMÓRIAS DE JÚLIO ISIDRO
A HISTÓRIA DE UMA MADEIXA VERDE
“S
e o nosso Sporting ganhar o campeonato este ano, prometo-te que pinto o cabelo de verde para sempre” – declarou sorridente a Maria José Valério em conversa com o treinador dos leões, Augusto Inácio. Estávamos em 2000, início de milénio. O SCP ganhou e a Zézinha cumpriu. Ainda hoje ostenta a madeixa verde, contra ventos e marés, vitórias ou derrotas do seu clube do coração. Vem de longe esta paixão com o grémio de Alvalade. A Maria José Valério começou a cantar no liceu D. João de Castro onde era colega da actriz Lourdes Norberto e foi o tio, o compositor e maestro Frederico Valério que a encorajou para uma carreira na música. Era pesada a herança da menina, sobri-
nha do único português autor de um musical que esteve sete anos na Broadway em Nova Iorque e de grandes sucessos de Amália. Ela que o ia ouvir quando dirigia a orquestra em muitas revistas e cantarolava de cor os êxitos das vedetas. Claro que naquele tempo não havia artistas de geração espontânea porque desafinar era proibido. Entrou para o Centro de Preparação dos Artistas da Rádio e estreou-se num espectáculo da Emissora Nacional em 1952. Então não é que ainda debutante foi a uma gala do Sporting no Tivoli onde cantou pela primeira vez as celebradas palavras: “Rapaziada ouçam bem o que eu vos digo e gritem todos comigo… Vivó Sporting!” Virou hino e ainda hoje a Zézinha o canta em público, mesmo quando é esquecida para algumas galas.
Mas ela é muito mais do que um clube. Uma romântica incorrigível que se apaixonou por um toureiro, divorciou-se e continua fiel à memória de um grande amor. Até lhe cantou um enorme sucesso, “José da Trincheira” uma flor em música que atirou para a arena fascinada e apaixonada pelo seu traje de ‘luces’. Lembro-me de a ver na televisão a preto e branco a cantar “As carvoeiras” o “Polícia sinaleiro” ou a “Menina dos telefones”. Guardo com carinho uma foto sua autografada no final de um espectáculo no Casino da Figueira da Foz. Sim porque eu sabia de cor o “olhó polícia, olhó polícia sinaleiro, ou passa agora, ou se não passa, fica sem carta e sem dinheiro!” E as revistas onde foi vedeta convidada e punha toda a gente de lágrima no olho a cantar o “Fado da solidão”. Ou as marchas de Lisboa onde tantas vezes foi madrinha,
dr
sem que alguma vez se tenha sentido só. Cantou no Festival da Canção Portuguesa antes da televisão o realizar. Foi no Cinema Império, hoje outro império, onde cantou a “Folha da hera”. Não ganhou e por ironia tinha como adversária a Maria Amélia Canossa a voz do hino do Futebol Clube do Porto que também não ganhou. Foi o ano de Maria de Fátima Bravo e “Vocês sabem lá”. Liga-me sempre que eu ou as meninas fazemos anos, no Natal, na Páscoa ou porque sim. Com ela toca o telefone a toda hora, toca, toca… A Maria José Valério completou recentemente 85 anos de idade. É um dos corações mais belos deste mundo, não pára nem de trabalhar nem de sorrir e…só ela sabe porque não fica em casa. [O autor escreve de acordo com a antiga ortografia]
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Entrevista Guilherme d’Oliveira Martins
“Uma sociedade sem memória é uma sociedade que se suicida”
Guilherme D’ Oliveira Martins, Comissário Nacional do Ano Europeu do Património 2018 recebe o Tempo Livre no seu pequeno gabinete no Centro Nacional de Cultura, instituição que já dirigiu e a cujos órgãos sociais continua a pertencer
E
m cima da secretária abre um pequeno caderno de onde sobressai a sua caligrafia clara e bem desenhada. Na parede da estante uma foto com um amigo muito especial, Edgar Morin, que irá referir ao longo deste encontro. Também trará à roda da conversa, entre outros, Almada, o seu professor Rómulo de Carvalho, Herculano, Pessoa, António Sérgio. Fálo-á naturalmente, como se conversasse com eles. Nasceu numa biblioteca que havia em casa do seu avô, professor de História e Geografia, com quem lembrará para sempre as deambulações pela cidade, com o avô destapando, loquaz, mistérios e enigmas sobre os vários recantos da cidade. Transportará depois essa ideia de viagem para os roteiros do Centro Nacional de Cultura. Acabou aliás de chegar de Santander onde esteve a defender a importância para a construção europeia da criação de roteiros culturais, a importância destes momentos em que se passeia, caminha, em que se conversa. Começámos pelo Ano Europeu do Património Cultural 2018 e pelo projeto nacional neste domínio: Nós temos três domínios fundamentais: a sensibilização da opinião pública para a importância do património; o estudo e a investigação científica em torno do património. E o envolvimento das escolas, o lançamento de uma semente para o futuro. A proposta que Portugal fez aos 27 parceiros foi a de
que no dia 31 de dezembro de 2018 não terminem as atividades do ano e possamos lançar iniciativas para as escolas. Assim acontecerá em Portugal, nós acabamos de entregar no final deste ano lectivo os prémios relativos ao ano 2017/2018 e já lançámos os prémios para 2018/2019. Estes prémios correspondem a um desafio lançado às escolas: a de que adotassem um bem do património próximo e um bem do património mais distante. A ideia é abrir a noção de património, abrindo-a aos outros:
“Não há receitas nem políticas do gosto. Existe sim uma valorização do património, isto tem ver com o tempo. Almada Negreiros dizia: ‘Temos que ser os primitivos dos nossos vindouros’”
Precisamos dos outros, e não é por acaso que este ano foi designado como o Ano Europeu do Património Cultural. Foi porque há nuvens negras no horizonte da Europa e do mundo relativamente ao medo do outro. O que está patente por exemplo na grave crise dos refugiados e não só. Portanto este Ano Europeu do Património Cultural é um ano centrado na ideia de um património comum. Com a Universidade Nova de Lisboa e com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, que participou ativamente, foi criada uma aplicação que permite ter um melhor conhecimento do património. Guilherme D’Oliveira Martins volta a insistir na dimensão de abertura cultural: Queremos naturalmente contrariar a hostilidade que acontece em tempos de crise, que acontece em tempos de menor conhecimento do outro. O outro é a outra metade de nós mesmos. Nós temos que o entender e a cultura tem que ser um fator de paz, mesmo que infelizmente, muitas vezes, seja um um fator de conflito. A sua escolha para Comissário Nacional do Ano Europeu do Património foi o corolário natural do trabalho que tem desenvolvido nesta área. Esta iniciativa parte aliás de uma proposta à Comissão Europeia e aos órgãos comunitários por parte da rede Europa Nostra, presidida por Plácido Domingo, e da qual o Centro Nacional de Cultura é representante. Guilherme D’Oliveira Martins coordenou também a Convenção
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Europeia sobre a importância do Património Cultural na Sociedade Contemporânea, que ficou conhecida pela Convenção de Faro: É a convenção mais atual mais moderna que existe em matéria de património ligando o património construído com o património imaterial, as tradições, a língua, o património ambiental e as paisagens, ligando todos estes aspetos à criação contemporânea. Este é um elemento novo. Geralmente o património era visto ou como a defesa do património construído, e desta forma ligado a políticas mais conservadoras, ou, por parte das politicas mais progressistas, a um apoio à criação contemporânea. Ora hoje temos que o património tem que ser conservado para que a criação contemporânea seja mais rica, nós estamos sempre a criar com o valor acrescentado em relação aquilo que sabemos dos nossos antepassados, das gerações que nos antecederam, daí a ligação entre património, herança e memória. Uma sociedade sem memória é uma sociedade que se suicida. Este é um campo em que a Fundação Inatel tem vindo a desenvolver um trabalho cada vez mais intenso. Perguntámos por isso como se faz isso, como é que se cruza as tradições com a criação contemporânea: Não há receitas nem políticas do gosto. Existe sim uma valorização do património, isto tem ver com o tempo. Almada Negreiros dizia: ”Temos que ser os primitivos dos nossos vindouros”. Não há portanto ruturas, há continuidades. Hoje o mundo contemporâneo está confrontado com uma profunda revolução tecnológica e científica que nos obriga em primeiro lugar ao falarmos de património cultural, a articular a educação, a cultura e a ciência. A par do trabalho com a educação, a investigação científica na área do património é um dos aspetos que encontrámos no projeto nacional para marcar o Ano Europeu do Património: Em relação à investigação científica teremos em Lisboa no mês de outubro uma grande conferência que terá lugar na Fundação Calouste Gulbenkian. Nós procuramos que é a questão do património cultural não fosse apenas um tema para os especialistas, mas que haja uma ligação com o ensino e com a investigação. Portugal no que concerne à investigação em conservação e restauro tem um papel fundamental. Não quero hierarquizar, mas vou referir o projeto Hércules da Universidade de Évora e o reconhecimento da Universidade do Minho dos trabalhos realizados neste domínio. O tema da conservação e do restauro é uma ideia para a qual eu estou particularmente envolvido e preocupado: é preciso chamar a atenção de que devemos recorrer aos especialistas para fazer a conservação e restauro e evitar intervenções amadorísticas que podem resultar na destruição irremediável dos bens patrimoniais. Fala com empenho dos Carrilhões de Mafra cujo restauro tem ocupado crescente atenção e preocupação pela comunidade nacional e internacional, correndo entretanto um processo de classificação como património mundial da UNESCO. Fala depois com entusiasmo do Sul, do Algarve: O Algarve vai ser cada vez menos apenas sol e praia, vai ser cada vez mais a história, a arqueologia, não podemos esquecer que é uma das zonas mais ricas do Ocidente Peninsular em
termos arqueológicos já que está na convergência entre o mar do norte e o Mediterrâneo, entre os normandos e os povos que vinham de longe, como os fenícios. Portugal é construído de norte para sul e de sul para norte, muitas vezes nós temos a ideia de que Portugal é constituído através da reconquista de norte para sul esquecemos que D. Afonso Henriques uma das primeiras medidas que tomou foi fazer em Coimbra o centro estratégico porque era uma zona de forte influência moçárabe. A reconquista do Sul não é uma reconquista militar, é uma conquista baseada nos forais, no reconhecimento dos direitos e na fixação dos moçárabes. Interrompemos para referirmos que o anterior entrevistado foi Cláudio Torres, que desenvolve trabalho fundamental a partir de Mértola. Confessa que é amigo do arqueólogo há muitos anos, tendo participado em projetos conjuntos em torno do diálogo entre culturas: Um diálogo concreto, não é um diálogo abstrato. Um dos graves problemas que se põe quando falamos do diálogo entre culturas é que as pessoas pensam que pode haver diálogo de culturas sem se conhecer as outras culturas. Ora temos que nos colocar no lugar do outro e para nos pormos no lugar do outro temos que o conhecer. Nós temos que voltar a valorizar o sul e se eu falo das riquezas arqueológicas e da riqueza de artística do Algarve naturalmente falo para dizer que é um diálogo profundo entre aquilo que o Orlando Ribeiro dizia que era a relação íntima entre o Atlântico e o Mediterrâneo. Nós somos esse diálogo e isso em termos de património é muito importante. Portugal é, como dizia Orlando Ribeiro, um continente em miniatura. A questão identitária é central no seu discurso. Irá várias vezes voltar à crítica do improviso como marca identitária: Defendo a necessidade de nos demarcarmos de uma ideia da simplificação e do improviso. Os portugueses foram sempre melhores quando recusaram o improviso, os portugueses foram sempre melhores quando planearam e previram. E o nosso problema qual é? António Sérgio falou da tensão que temos entre a fixação e o transporte. Nós em muitos momentos privilegiámos o transporte em vez da fixação. Lembramos Padre António Vieira e todos os esforços que fez para fazer regressar a Portugal os cristãos-novos e no entanto no final do século XIX descobrimos o ouro no Brasil e esquecemos a necessidade de criar melhores condições de fixação no nosso território. Uma última questão, falo-lhe do seu papel no desenvolvimento da rede do pré-escolar. Enjeita o protagonismo mas não a problematização enquadrando-o numa questão que não lhe é muito associada, a igualdade da mulher: A mulher é um fator crucial em relação à qualidade da educação. O filho de uma mulher alfabetizada é sempre alfabetizado. E se falo das mulheres é porque em termos dos direitos laborais é indispensável acabar com discriminação entre o homem e a mulher, nomeadamente em relação às licenças parentais. Uma mulher que vai ser admitida num determinado trabalho não pode ser discriminada por estar em período fértil. Essa luta pela igualdade é essencial.
Joaquim Paulo Nogueira
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Viagem
VERDE MINHO Ver paisagens verdejantes e acordar no Inatel Cerveira Hotel, entre o rio e a colina, com a Galiza à vista e o mar por perto
A
manhã respira-se devagar. Subimos ao miradouro do Cervo, símbolo histórico de Vila Nova de Cerveira, na colina Alto do Crasto, onde se ergue o emblemático cervídeo, da autoria do escultor José Rodrigues. Contemplamos a deslumbrante vista. Aqui respira-se a plenos pulmões. Depois descemos ao centro histórico da “vila das artes”, famosa pelas bienais internacionais de arte, iniciadas em 1978. No dia seguinte visitamos Ponte de Lima, lendária vila senhorial, onde se realiza o Festival Internacional de Jardins, desde 2005, já distinguido internacionalmente. A edição deste ano, inaugurada a 25 de maio, sob o tema “O clima dos jardins”, decorre até 31 de outubro. Ao almoço prova-se a especialidade gastronómica local, o arroz de serrabulho, acompanhado pelos rojões à minhota e vinho verde da região. Continuamos para Ponte da Barca, com um centro histórico de casas solarengas, algumas adaptadas a turismo de habitação, e belos monumentos dos séculos XVI e XVIII. Segue-se uma visita a Arcos de Valdevez, vila banhada pelo rio Vez, que lhe deu nome. Novo dia rumo a Melgaço. Passeamos no centro histórico e vamos ao solar do Alvarinho, onde há provas de vinhos. Seguimos
para Monção. Visitamos o Palácio da Brejoeira, uma grandiosa construção em estilo neoclássico, do início do século XIX, classificado Património Nacional, desde 1910. Continuamos para Valença, cidade fronteiriça, localizada junto ao rio Minho. Valença está rodeada de muralhas, conservando as características de cidade fortificada.
“Havemos de ir a Viana” Com um poema de Pedro Homem de Mello, imortalizado pela voz de Amália Rodrigues: “Se o meu sangue não me engana/ como engana a fantasia/ havemos de ir a Viana”, chegamos a uma das mais belas cidades minhotas. Em Viana do Castelo passeamos pelo centro histórico, começando pela Praça da República, onde se situam os edifícios quinhentistas da Misericórdia e o Chafariz, e os antigos Paços do Concelho. Para os amantes de doçarias, a casa Na-
ALTO MINHO MARAVILHOSO
Datas: 3 a 8 setembro Partidas: Faro | Beja | Évora | Setúbal | Almada | Lisboa Datas: 10 a 15 setembro Partidas: Lisboa | Santarém | Leiria | Coimbra Informações: Tel. 211 155 779 | turismo@inatel.pt | www.inatel.pt
tário, com mais de 70 anos de história, é o melhor local de romaria da rua Manuel Espregueira. Para muitos visitantes que comeram a famosa bola de Berlim do ‘Manelzinho’, como ficou conhecido pelos antigos fãs, considerá-la a melhor do país talvez não seja um exagero. Até o jornal inglês The Guardian recomenda a prova destes “donuts com creme”. Subimos em direção ao Miradouro de Santa Luzia para apreciar a vista panorâmica sobre a cidade, a foz do rio Lima e o oceano Atlântico. Depois da subida ao zimbório
do Templo de Santa Luzia compreendemos melhor que a National Geographic Magazine, em 1927, tenha destacado este local como “um dos mais belos panoramas do mundo”. Decorridas nove décadas após este elogio, a paisagem continua a deslumbrar milhares de pessoas. Continuamos para Caminha, passando por Vila Praia de Âncora e Moledo. No último dia vamos a Barcelos, onde o colorido Galo barcelense, um ícone de identidade de Portugal no mundo, nos revela uma lenda medieval.
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desporto PRATICANTES DA INATEL INTEGRADOS NA FPF
A
Fundação Inatel e a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) protagonizaram um momento histórico com a assinatura de um protocolo que une duas das maiores organizações do futebol nacional. A Fundação Inatel conta no momento atual com mais de 7000 jogadores inscritos, mais de duzentas equipas em jogo. Futebol amador, de recriação e lazer, que movimenta aficionados pelo desporto e que a partir do dia 7 de junho estão na Inatel como praticantes federados. Na cerimónia, Fernando Gomes, presidente da FPF, Francisco Madelino, presidente do Conselho de Administração da Fundação Inatel, e os presidentes das Associações Distritais selaram acordos que, doravante, enquadram os praticantes de futebol informal e de lazer na esfera federativa. A FPF, por seu turno, oferecerá formação e garantirá a prática das competições da Inatel nas melhores condições de segurança e saúde. Fernando Gomes sublinha que o futebol amador não deve ser descurado, “deve ser incrementado, e com esta atitude de aproximação tendemos claramente para que o desporto de recriação e lazer tenha lugar na sociedade, dessa forma potenciar os mais de 7000 atletas que o praticam em
Beatriz Lorena
condições de segurança e saúde; é fundamental inseri-los na órbita da Federação sem as duas entidades perderem a sua identidade própria”. Para Francisco Madelino, presidente da Fundação Inatel, trata-se de “um protocolo histórico entre duas instituições que se complementam mas distintas, uma para promover o futebol amador, de recriação, e outra com objetivo competitivo, e queremos complementar-nos. A Federação tem conheci-
mento, tem árbitros, tem uma implantação no terreno que nos pode ajudar imenso a desenvolver no terreno o futebol amador em Portugal para os ativos trabalhadores”, disse. Recorde-se que, ao longo dos últimos anos, a FPF, no cumprimento do decreto-lei 45/2015, de 9 de abril, já assinou protocolos de integração de praticantes informais de futebol e futsal similares com os municípios de Barcelos, Fafe, Santarém, Vila Nova de Famalicão, Guimarães, Mi-
randela, Lisboa, Valpaços, Vila Franca de Xira, Madeira (2), Mafra, Sousel, Arouca, Sever do Vouga, Odivelas, Cadaval, Torres Vedras, Abrantes, Sesimbra, Vagos, Estarreja, Vale de Cambra, Castelo de Paiva, Espinho, Seixal, além de contratos programa de desenvolvimento desportivos com as autarquias de Pombal e Mealhada. Mais de dez mil praticantes de recreação, além dos sete mil agora anunciados, já foram integrados na FPF. Maria João Costa
ACRIF FRADELOS CAMPEÃO NACIONAL
A equipa minhota de Fradelos derrotou o ex-vice campeão nacional e atual campeão do mundo de futebol amador, Grupo Desportivo e Cultural de Seiça, por uma bola a zero
O
Parque de Jogos 1.º de Maio da Fundação Inatel recebeu no passado 9 de junho a final do campeonato de futebol 11 da Liga Inatel com duas equipas potenciais vencedoras. Se por um lado tínhamos um vice-campeão nacional e campeão mundial de futebol amador, GDC Seiça, do outro lado, de Braga, ACRIF, com três vitórias nas competições regionais durante a época 2017/2018 e com fome de levar a taça da última grande competição para Fradelos. Depois do primeiro golo na segunda parte, o ACRIF conseguiu controlar o jogo com o treinador a “tirar e pôr”, a gritar, a opinar para no fim, e no fim, já emocionado, enaltecer a equipa, “eu tenho um grupo de guerreiros, de grandes jogadores com uma vitória inteiramente merecida”. João Quinteiro acrescentou ainda: “Foram 4 jogos a nível nacional todos difíceis e a final com um adversário de muito valor que enriquece muito mais a nossa vitória.” Sérgio Antunes, capitão da equipa, não esquece que sem os adeptos nada seria possível, eles que encheram a bancada do Parque de Jogos 1.º de Maio depois de uma viagem de mais de quatro horas de
Fotos: Beatriz Lorena
autocarro em direção à capital. “Os adeptos acreditavam em nós e nós acreditávamos que íamos levar a taça para Braga”, disse. Carlos Oliveira, o protagonista do jogo e autor do único golo da partida mostrou que a humildade e o jogo em equipa prevalecem no ACRIF: “Dediquei o golo aos adeptos e a esta equipa fantástica, o golo não é só meu, é da equipa.”
ACRIF de Braga tem agora a missão de representar o atual campeão mundial de futebol amador, GDC Seiça, e trazer de novo o título para Portugal no próximo campeonato World Sports Games, em julho de 2019, a decorrer em Tortosa, Espanha. Francisco Madelino, presidente da Fundação Inatel, na entrega da Taça, deixou uma palavra de agradecimento a todas as
equipas Inatel e em especial aos vencedores, “é com equipas como a ACRIF que é reconhecido o papel da Fundação Inatel e que a Federação Portuguesa de Futebol também reconhece e que vos quer ter como principais parceiros da organização futebolística nacional”, no momento em que também foi assinado um protocolo com FPF, Fundação Inatel e Associações Distritais de Futebol. Maria João Costa
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CAMPEONATO GASTRONÓMICO INATEL
INATEL CERVEIRA: S A A equipa do Inatel Cerveira Hotel foi a vencedora da final disputada entre as unidades hoteleiras de Entre-os-Rios e Vila Ruiva, que decorreu a 26 de maio, na unidade hoteleira da Foz do Arelho
INATEL CERVEIRA HOTEL COGUMELHOS RECHEADOS Ingredientes 6 Cogumelos Portobello; 250 g Bacon; Bechamel q.b.; 9 g Queijo Mozarela; 1 Cebola; 2 Dentes de alho; 2 dl Azeite; 1 Folha de louro. Preparação Limpar e escavar um pouco os cogumelos. Reservar a polpa dos cogumelos. Picar o bacon muito fino. Picar a polpa dos cogumelos. Levar os cogumelos ao forno com sal e fio de azeite. Reservar. Num tacho fazer um refogado com cebola, alho e um pouco de azeite, acrescentar o bacon e o picado dos cogumelos. Envolver o bechamel e deixar apurar. Rechear os cogumelos com o refogado e pôr a mozarela por cima. Levar ao forno a gratinar.
LOMBOS DE SKREI OU GRATIN (BACALHAU FRESCO GRATINADO) Ingredientes 6 Lombos de Bacalhau; 50 g Alho francês; 3 dl Azeite; 30 g Farinha; Vinho branco; Sal, Pimenta branca, Vinagre, Maionese, Orégãos e Pickles q.b. Preparação Temperam-se os lombos com sal, pimenta, vinagre e vinho branco e deixase a marinar durante 2 horas. Passar os lombos por farinha e fritar em azeite bem quente (apenas a corar dos dois lados). Reservar. Corta-se o alho francês em juliana fina e cobre-se o fundo de um tabuleiro de ir ao forno. Coloca-se os lombos por cima do alho francês e com um saco de pasteleiro cobrem-se os mesmos com a maionese e leva-se ao forno a gratinar. Por fim, colocam-se os pickles por cima da maionese.
PURÉ DE BATATA Ingredientes 1 kg Batata; Sumo de 1 limão; Sal, Azeite, Natas e Noz-moscada q.b. Preparação Coloca-se um tacho ao lume com as batatas com azeite e sal. Depois de bem cozidas tira-se a água em excesso. Com uma vara esmagam-se as batatas até ficar cremoso, adiciona-se as natas, sumo de limão e a noz-moscada. Misturar tudo até ficar homogéneo.
NACO DE VITELA COM MOLHO GAÚCHO, BATATA GRATINADA E PERA BÊBEDA Ingredientes 1,200 Kg Vitela (Vazia); Sal, Orégãos e Azeite q.b. Preparação Corte os nacos da vazia depois de lhe tirar as peles duras e gorduras. Numa sauté colocar um fio de azeite, depois de bem quente selar os nacos de ambos os lados. Reserve. Molho gaúcho 1 Pimentão vermelho; 1 Pimentão verde; 1 Cebola; 2 Dentes de alho; 1 Pepino; Azeite; Vinagre; ½ Ramo Salsa; Colorau e Piri-piri q.b. Cortar os pimentos, a cebola, o alho, o pepino e a salsa tudo muito fino. Temperar com o colorau, piri-piri, sal, azeite e vinagre. Batata gratinada 1 kg batata; 2 colheres de sopa de farinha Maizena; Natas, Sal e Pimenta q.b.; 2 dl Leite. Descasca-se a batata e corta-se em rodelas (sem lavar). Envolvem-se as batatas com sal, natas, pimenta e a Maizena diluída; Forra-se um tabuleiro de forno com papel vegetal, coloca-se as batatas em camadas, pressionando para ficarem bem unidas. Leva-se ao forno a 160o C durante 1 hora. Desenformar em frio e cortar em triângulos de batata. Pera Bêbeda 6 a 8 Peras; 2 l de Água; 2 l Vinho tinto; 2 kg Açúcar; 1 Pau de canela; 1 Casca de limão. Descasque as peras tendo o cuidado para lhes deixar os pés. Coloque numa caçarola com os pés para cima
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S ABORES VENCEDORES regue com vinho. Junte o açúcar, as especiarias e o limão e deixe cozer até a polpa ficar macia. Retire as peras cuidadosamente e passe o molho por um passador. Leve o molho a ferver até obter a consistência de um xarope fraco, deite o molho sobre as peras. Empratamento: Colocam-se os nacos de vitela no centro do tabuleiro, de um dos lados os triângulos da batata gratinada, do outro, as peras bêbedas (na mesma quantidade dos nacos: 6 nacos, 6 peras, 6 triângulos de batata), por fim, cobre-se os nacos um a um com o molho gaúcho.
CHEESECAKE COM FRUTOS VERMELHOS Ingredientes 500 g Natas; 2 Embalagens Queijo
Philadelphia; 300 g Farinha de trigo com fermento; 0,040 Ovo embalado completo; 500 g Açúcar granulado; 125 g Mirtilos; 125 g Framboesas; 200 g Morangos; Pau de canela; 1 Casca de limão. Preparação Bater cremoso o açúcar e os ovos, juntar as natas e o queijo, envolver bem colocar numa forma redonda e levar ao forna a 160o C durante 45 minutos. Cortar as frutas grosseiramente e reservar. Levar ao lume uma caçarola com a água, o açúcar, o pau de canela e a casca de limão. Deixar ferver até fazer ponto pérola, acrescentar os frutos e deixar ao lume até engrossar o xarope. Regar a tarte de queijo com o xarope.
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TRINDADE
CELEBRAÇÃO DE UMA
ATRIZ IMPAR “Carmen”, com Natália Luiza, encenação de Diogo Infante, é um espetáculo biográfico e, simultaneamente, uma homenagem a uma das mais notáveis atrizes portuguesas, em cena no Teatro da Trindade de 11 a 29 de julho
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uma breve entrevista, Diogo Infante, encenador e diretor artístico do Trindade, fala-nos sobre o espetáculo apresentado na sala principal, que “a partir do dia 11 de julho, data da estreia e homenagem a esta enorme atriz portuguesa” será batizada com o seu nome, “Sala Carmen Dolores”. O facto de Carmen Dolores se ter estreado como intérprete no palco do Trindade foi decisivo para a programação deste espetáculo? O espetáculo insere-se num conjunto de iniciativas, que têm como principal objetivo homenagear Carmen Dolores, celebrando a sua relação com o Teatro da Trindade ao longo dos anos. Não só, porque foi no Trindade que se estreou como atriz de
Teatro, mas também, porque foi aqui que o primeiro filme em que participou, “Amor de Perdição”, foi exibido. Mais tarde, em 1945, acabaria por integrar a companhia dos “Comediantes de Lisboa”, dirigida por Ribeirinho. Ao longo dos anos, haveria de regressar a esta casa várias vezes. Foi por todas estas razões que decidimos, não só criar este espetáculo, como, simultaneamente, produzir uma exposição/instalação evocativa da vida e carreira da Carmen, que irá ocupar alguns espaços públicos do Trindade, como o Foyer, o Salão Nobre e algumas galerias do Teatro. Foram também estas as razões que nos levaram a querer deixar uma marca com caráter mais permanente no Trindade, batizando a sala principal do Teatro com
o seu nome. Assim, a partir do dia 11 de julho, data da estreia e homenagem a esta enorme atriz portuguesa, a sala principal do Teatro da Trindade passar-se-á a chamar “Sala Carmen Dolores”. Esta é uma evocação cénica dos mais de 60 anos de carreira artística de Carmen Dolores ou também um olhar sobre o próprio universo do ator de teatro? No fundo, as duas coisas cruzam-se e por vezes confundem-se! A carreira da Carmen atravessou vários momentos da História do Teatro e várias gerações de artistas. Ela contribuiu decisivamente para a criação de algumas companhias de teatro, como o Teatro Moderno de Lisboa, desbravando caminhos para criadores e intérpretes. Enfrentou a censura. Fez parte do núcleo
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Carmen Dolores e o Trindade
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oi no Trindade que deu os primeiros passos naquela que seria a sua verdadeira paixão: o teatro. A convite de António Lopes Ribeiro integrou o elenco dos Comediantes de Lisboa, companhia dirigida por Francisco Ribeiro (o Ribeirinho), que conseguiu agitar o estagnado e espartilhado panorama teatral de meados dos anos 1940. Com alguns dos mais conceituados nomes do firmamento artístico português, importantes textos da dramaturgia mundial, e encenações emblemáticas, Francisco Ribeiro anima o palco do Chiado entre 1944 e 1947. Carmen Dolores estreia-se na peça Electra, a Mensageira dos Deuses, de Jean Giraudoux, a 27 de setembro de 1945. Depois do nervosismo do primeiro espetáculo, sente-se verdadeiramente realizada na pele de ingénua campesina na peça O Fim do Caminho, de Jean Gioco, e integra o elenco de Cinco Judeus Alemães, de Karl Roeszler, A Massaroca, de Pedro Muñoz Seca, Pedro Feliz, de Marcel Achard, e O Cadáver Vivo, de Tolstoi. Regressa ao Teatro da Trindade, novamente sob a direção de Francisco Ribeiro, para integrar o elenco do Teatro Nacional Popular (subsidiário do TNP, de Jean Vilar, na designação e nos intentos) e interpretar Lucy Crown, de Irving Shaw, na temporada de 1959-1960. Seguiram-se Amor de Dom Perlimplim com Belisa em seu jardim, de Federico Garcia Lorca, O Amor, o Dinheiro e a Morte, de Olavo d’Eça Leal, e Leonor
“A Natália Luiza interpretará um alter ego de Carmen Dolores, uma súmula de todas as Carmens, de todas as idades”
duro que lutou pela criação e construção da Casa do Artista. O seu percurso como atriz foi sempre pautado por uma enorme perseverança e procura de aperfeiçoamento, não temendo correr riscos e nunca se instalando nos méritos alcançados. Da rádio ao cinema, passando pelos palcos e televisão, o seu contributo para a arte de representar em Portugal é inestimável e faz parte da memória coletiva de muitas pessoas e de muitos atores mais novos que, como eu, lhe estão reconhecidos pelo que nos ensinou, como atriz e como pessoa. A ética, o profissionalismo, a entrega e a gentileza e cuidado com os outros, são ensinamentos fundamentais que guardo para a vida. Algum dos três volumes autobiográficos publicados pela atriz constituiu o ponto de
partida para a dramaturgia de “Carmen”? Sim, foi sobretudo o último, “Vozes dentro de mim”, que mais serviu o trabalho dramatúrgico que está na base deste espetáculo. O livro fala-nos sobre a relação da Carmen com muitas das personagens que interpretou ao longo dos anos; vozes e memórias que guarda dentro de si. Algumas dessas vozes insistem em fazer-se ouvir e Carmen acaba por dialogar com elas, dando-lhes novamente vida. Mas o livro também é um pretexto para uma série de reflexões sobre a vida e sobre a morte, sobre o passado e sobre o futuro, em que Carmen nos abre a sua alma e o seu coração e nos transporta por espaços da sua memória afetiva. No palco, Natália Luiza atua sozinha a
Teles, de António Lopes Ribeiro. Uma experiência inesquecível para Carmen Dolores, por ser “a companhia da grande camaradagem, dos bastidores mais agradáveis, do convívio saudável, das horas despreocupadas”, e “dos ensaios descontraídos apesar do mau génio do Ribeirinho” (Dolores, 1984). A originalidade das suas prestações no teatro, no cinema e na televisão valeram-lhe inúmeros prémios de interpretação e condecorações, entre as quais a Ordem de Sant’Iago de Espada (1959) e o grau de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (2005). Em 2005, na reposição do espetáculo Copenhaga, de Michael Frayn, estreado no Teatro Aberto, em 2003, anuncia a decisão de terminar a sua carreira nos palcos. Quando se estreou na rádio, aos 14 anos, o crítico João Zarco escreveu que não imitava ninguém, era apenas ela. A singularidade que emanava da voz ao recitar poesia, soube transpôla para as criações às quais foi dando corpo, no pequeno écran, na tela, mas sobretudo no palco, onde a magia, segundo afirma, está sempre presente, porque o teatro será sempre “aquele pulsar de corações contentes”, será sempre “feito de pedaços de vida, juntamente com pedaços de sonho” (Dolores, 2013).»
Excertos do texto de Paula Magalhães, (Programa de Sala do espetáculo “Carmen”).
protagonizar Carmen Dolores para reforçar a narrativa na primeira pessoa? Curiosamente, foi a própria Carmen quem escolheu a Natália Luiza para a interpretar. Suponho que a cumplicidade de muitos anos, o prazer da palavra e o amor partilhado pela poesia, as tenha aproximado. A Natália, em boa verdade, não estará sozinha em cena, ela estará acompanhada de todos esses espectros-personagens que partilham um corpo emprestado e que ganham vida no palco das memórias. A Natália interpretará um alter ego de Carmen Dolores, uma súmula de todas as Carmens, de todas as idades. Uma voz a dar voz a outra voz, num jogo cúmplice de teatro dentro de um teatro, neste caso, do Teatro da Trindade!
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83 ANOS DE INATEL, 20 ANOS DE FMM, 3 ANOS DE UNIÃO
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o dia de aniversário da Fundação Inatel, 83 anos, foi também o dia de apresentação oficial do programa dos 20 anos do Festival Músicas do Mundo (FMM), o festival com o qual a Fundação Inatel se identificou e criou laços desde 2016. 2018 é um ano de história e de fazer história para o Festival de Sines, e para anunciar o maior cartaz de sempre, foi o Teatro da Trindade o local escolhido para dar a conhecer os 58 artistas de 40 países que vão trazer a cultura e a música aos palcos de Porto Covo e Sines de 19 a 28 de julho. Desde o Líbano com a Yasmine Handam, artista que passou pelo Ciclo Mundos Inatel, passando pelo Mali, Etiópia, Gana, Santiago, Colômbia, Hungria, Polónia, Venezuela, Portugal e Cabo-Verde, com os mais variados artistas (entre eles Elida Almeida – jovem cantora que esgotou dois concertos no Teatro da Trindade, no cartaz Ciclo Mundos 2018), a variedade e contrastes continuam a fazer a parte da identidade do FMM. Uma identidade que muitos já quiseram “roubar”. “Temos resistido a vender a marca FMM dentro das grandes marcas nacionais, obviamente que a parceria com a Fundação Inatel é um caso complemente diferente, é um complemento”, palavras de Nuno Mascarenhas, presidente da Câmara Municipal de Sines durante conferência de imprensa. Um complemento que começou como iniciativa da Fundação Inatel de querer fazer parte do projeto e que desde a primeira hora foi bem recebida pela câmara de Sines. “Nós temos feito um discurso de encontrar parceiros, agentes capazes de transbordar estas ideias (da música multicultural no FMM) para a dança e para o teatro, que seja capaz de pegar na tradição dos povos e ter
projetos renovadores capazes de captar públicos intergeracionais. E desafiamos o Festival Músicas do Mundo a fazer parte destes agentes por perceber que há essa intergeracionalidade e trouxemos esta ideia para Lisboa para o Teatro da Trindade Inatel com o Ciclo Mundos”, palavras de Francisco Madelino, presidente da Fundação Inatel, que explicam a continuidade desta parceria com o município e Festival de Sines. Dos 59 concertos programados para o Festival Músicas do Mundo, 22 são de entrada paga, e os restantes 37 são de entrada livre. Os primeiros quatro dias de música (19 a 22 de julho) acontecem no Largo Marquês de Pombal, em Porto Covo, e os seis dias restantes (23 a 28 de julho) passam-se no centro histórico de Sines. De Portugal estarão presentes, entre outros, Susana Travassos, Fogo Fogo, Scúru Fitchádu, que marcaram presença no evento, e onde a cantora com influências américo-latinas nos presenteou com uma atuação. Aldina Duarte, na abertura do FMM em Porto Covo, Sara Tavares e os Live Low, também fazem parte do programa português. No palco do FMM Sines, além de Yasmine Handam, e Elia Almeida, destaca-se a música frafra ganesa de Guy One, a tra-
dição judia do etíope Gili Yalo, e a música cabo-verdiana de Bulimundo, banda formada em 1978, entre muitos outros. De destacar ainda a participação de músicos do Brasil, com “uma das delegações mais fortes que o festival já recebeu”, que inclui BaianaSystem, Cordel do Fogo Encantado, Karina Buhr e Tulipa Ruiz. Para Carlos Seixas, diretor artístico do festival desde o seu nascimento, apesar de passados 20 anos desde o primeiro FMM, ainda continua a haver barreiras de artistas com origens africanas, asiáticas e árabes, a Portugal, ainda vivemos numa Europa “muito fechada”. “Ainda este ano, os Konono n.º1 não obtiveram visto por causa dos problemas que existem no Congo e não podem marcar presença nesta edição”, contou. E qual é o segredo para conseguir manter vivo o FMM? “Mantém-se porque a câmara de Sines e a comunidade se mantêm fiéis, é uma luta de persistência”, explicou o diretor. E é de persistência que deve continuar também o Ciclo Mundos Inatel, onde Carlos Seixas também dirige o programa de concertos a decorrer anualmente no Teatro da Trindade “é importante que o Ciclo Mundos continue, a persistência é fundamental; o público vem ao ser estimulado com os desafios que vamos fazendo e com os músicos que apresentamos”, acrescentou. E é com o mesmo estímulo pela música, pela tolerância, pela multiculturalidade, tradição e inovação e intergeracionalidade que a Fundação Inatel continua lado a lado com o Festival Músicas do Mundo, o mesmo que em 2017 recebeu o selo “EFFE Award”, atribuído pela Associação Europeia de Festivais.
XX Encontro Luso-Brasileiro
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rasil e Portugal, dezenas de diferentes Estados e regiões, juntaram-se para participar na 20.ª edição do Encontro Luso-Brasileiro, este ano realizado em Portugal, no Inatel Palace São Pedro do Sul. Entre 29 de maio e 1 de junho, portugueses e brasileiros voltaram a estar juntos em mais um encontro que prova que é muito o que nos une e que o oceano Atlântico não é tão imenso para conseguir diluir um passado que se renova anualmente no Encontro Luso-Brasileiro. A Fundação Inatel e a Associação Brasileira dos Clubes da Melhor Idade (ABCMI), renovam a história com a criação do programa Encontro Luso-Brasileiro, que já acontece há anos, alternadamente no Brasil e em Portugal e que movimenta dezenas de seniores, em cada evento. Durante três dias realizam-se palestras, viagens turístico-culturais da cidade visitada, atividades lúdicas e a promessa de regresso que fecha com “chave de ouro” num baile onde celebram a vida.
Na XX edição, o Inatel São Pedro do Sul foi o lugar escolhido para a receção e grande noite de gala, mas antes houve tempo para a cerimónia de receção e desfile das bandeiras de todos os Estados brasileiros presentes, bem como as bandeiras de Portugal e da Fundação Inatel. A cerimónia ficou também marcada pelo primeiro ato oficial como vice-presidente da Fundação Inatel, Lucinda Lopes. Houve ainda tempo para conhecerem a região de Dão Lafões, e conhecerem a história das tão conhecidas Termas de São Pedro do Sul. E foi no Balneário da Rainha D. Amélia, dos mais nobres e antigos da cidade, que se realizou dia 30 de maio, uma apresentação sobre os benefícios das termas para o bem-estar e saúde e onde dúvidas e mitos foram desfeitos para que, num regresso, os brasileiros e portugueses presentes saibam onde encontrar o lugar ideal para repor energias. O dia terminou com a renovação dos “votos”, a assinatura de um protocolo entre a Fundação Inatel e ABCMI, onde o presidente da Fundação Inatel realçou a importância de manter viva a união dos dois países e de como programas como este dinamizam o turismo de Portugal, não apenas o litoral, mas o interior, a busca das origens. Em 2019 o XXI Encontro Luso-Brasileiro será em Natal.
INATEL RAMALDE A nova casa da Fundação no Porto
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Fundação Inatel inaugurou, a 16 de junho, uma nova unidade na cidade do Porto, no Parque Desportivo de Ramalde. Depois da Inatel Porto, a Inatel Sta. Catarina, a Fundação volta a apostar na invicta com um novo espaço, desta vez no Parque Desportivo de Ramalde. Este novo espaço da Fundação Inatel estará aberto ao público de segunda a sexta-feira, das 10 h às 19 h, e sábado das 9 h às 13 h. O atendimento passa por programas de viagens e escapadinhas para descobrir o melhor de Portugal e do mundo, quer seja individual ou em grupo, bem como informação e aconselhamento para qualquer pessoa participar em diversas atividades de tempos livres de caráter lúdico, cultural e desportivo.
Coluna DO provedor
Manuel Camacho
provedor.inatel@inatel.pt “Proclamar princípios é mais belo ainda do que descobrir mundos” Victor Hugo
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sta frase, que se refere a Portugal, foi a escolhida para dar visibilidade às comemorações dos 150 anos sobre a abolição da pena de morte no nosso País, que estão a decorrer desde julho de 2017 e até julho do corrente ano. Pela Carta de Lei de 1 de julho de 1867, quando reinava D. Luís I, foi abolida a pena de morte em Portugal. Fomos dos primeiros, na Europa e no mundo, a decidir sobre um assunto de tão grande importância para a dignidade dos povos e das sociedades. É bom que comemoremos estes 150 anos com a consciência plena do peso moral e cívico de que se revestiu este acontecimento marcante da nossa história. A referida Carta de Lei que esteve na origem da reforma penal e das prisões portuguesas, foi seguida e aproveitada pela grande maioria dos movimentos abolicionistas que foram crescendo desde o início do século XIX. Os valores defendidos pela nossa Carta de Lei de 1 de julho de 1867, estão espelhados no Artigo 2.º do Tratado da União Europeia bem como, na Carta dos Direitos Fundamentais da União (C.D.F.U.) onde se pode ler – “União fundase nos valores do respeito pela dignidade humana, da liberdade, da democracia, da igualdade, do Estado de Direito e do respeito pelos direitos do Homem, incluindo os direitos das pessoas pertencentes a minorias. Estes valores são comuns aos Estados-Membros, numa sociedade caracterizada pelo pluralismo, a não discriminação, a tolerância, a justiça, a solidariedade e a igualdade entre homens e mulheres.” Não foi por acaso que em abril de 2015 a nossa Carta de Lei de 1 de julho de 1867 foi reconhecida pela União Europeia como Marca do Património Europeu, atributo que realça o valor simbólico de sítios e/ou documentos cujo significado adquire uma importância relevante para a construção do ideal europeu. Mais palavras para quê? – Nós, os Portugueses, somos mesmo assim.
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VER
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Arquitectura de emoções O novo episódio da saga do “Jurassic Park” e os mais recentes filmes assinados por cineastas dos mais consensuais – como, Laurent Cantet, Bruno de Almeida, Van Sant – são os destaques principais das estreias nas salas O Workshop, de Laurent Cantet | França, 2017 Com: Marina Foïs, Matthieu Lucci, Florian Beaujean. • O realizador de “A Turma” e “Recursos Humanos” prossegue, no seu estilo aguçado, na via da reflexão sobre a juventude e as mutações na sociedade francesa: um grupo de jovens de diferentes origens reúne-se numa oficina de escrita para escrever um romance com a ajuda de uma escritora de renome. Hábil e subtil discurso – em jeito de metáfora – sobre as relações sociais, em tom naturalista. Cabaret Maxime, de Bruno de Almeida | EUA/Portugal, 2018 Com: Michael Imperioli, Ana Padrão, John Ventimiglia. • Outra metáfora, com vestimenta de policial, inspirada vagamente pelo desaparecimento forçado (no início da exponencial subida das rendas) do verdadeiro cabaret lisboeta que dá o título ao filme. Bruno de Almeida, que é um exímio contador de estórias, faz oscilar o relato entre a comédia e o drama. No sector interpretativo, a chamada de atenção vai para Michael Imperioli (“Os Sopranos”) e Drena DeNiro, – uma revelação – filha do actor Robert de Niro. Mundo Jurássico: Reino Caído, de J. A. Bayona | EUA, 2018 Com: Chris Pratt, Bryce Dallas Howard, Jeff Goldblum. • O novo capítulo da popular saga criada por Spielberg aparece centrado numa conspiração apocalíptica descoberta no decurso duma expedição de salvamento dos dinossauros
ameaçados pela erupção do vulcão da ilha de Nublar. Há quem veja (não sem razão) que através dos dinossauros se reflecte não apenas sobre a natureza e a ciência mas nos comportamentos e motivações mais íntimos do ser humano. Entretenimento e virtuosismo tecnológico. Ocean’s 8, de Gary Ross | EUA, 2018 Com: Sandra Bullock, Cate Blanchett, Anne Hathaway. • Surpresa improvável, mas não impossível, para os amantes e fiéis do antecessor “Ocean’s 11”: uma equipa feminina de comprovados talentos profissionais ousa quebrar os mais sofisticados sistemas de segurança do mundo para furtar não dinheiro mas uma peça de joalharia avaliada em 150 milhões de dólares. Onde se prova que Hollywood é, cada vez mais, uma singular caixinha de surpresas.
Não Te Preocupes, Não Irá Longe a pé, de Gus Van Sant | EUA, 2018 Com: Joaquin Phoenix, Jonah Hill, Rooney Mara, Jack Black. • Baseado numa história verídica – a do cartoonista satírico norte-americano, John Callahan, a quem um acidente rodoviário deixou paraplégico – o filme de Van Sant tem tudo para agradar: é divertido, comove, está cheio de vitalidade, e tem mensagem encorajadora. Por outras palavras: se a arte pode ter o poder de salvar então, que se torne indispensável ver “Don’t Worry, He Won’t Get Far on Foot” Soberba interpretação de Joaquin Phoenix.
Joaquim Diabinho [O autor escreve de acordo com a antiga ortografia]
A ação simbólica, gavetas estéticas e a criação de fronteiras: Do New Wave ao Indie Rock
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uitas são as gavetas estéticas geradas para efeitos de comércio simbólico que nos permitem sempre ganhar uma mais-valia identitária. Na arte musical é evidente a criação de grupos e subgrupos, gerando ícones geracionais, hinos de movimentos sociais, tomadas de posição. Apresentarei nesta coluna quatro concertos que penso serem um exemplo da força da linguagem musical de alguns movimentos sociais que produziram significados para gerações vindouras, sejam eles de revolta, de avanço tecnológico ou de irreverência. A 23 de agosto, no Festival EDP Vilar de Mouros destacamos a banda britânica The Human League caracterizada por uma estética New Wave. A banda teve o seu ponto alto na década de 80 e teve como fundadores programadores de computador. Teve vários sucessos com singles conhecidos do grande público como “Don’t you Want Me” ou “Open your Heart”. Embora a banda não tenha tido o impacto social underground que teve, por exemplo, a banda alemã Kraftwerk, a sua sonoridade mais pop é característica da época de ouro do advento da tecnologia tendo motivado várias gerações vindouras. No mesmo dia, também com grande sucesso na mesma década, destacamos Peter Murphy, conhecido por ser vocalista da banda Bahaus. Usando o nome da lendária escola alemã de arquitetura e design, a banda formada em 1978 em Northampton, lançou as bases do rock gótico e de uma contra cultura pós-punk. A banda ficou conhecida pelo uso de uma grande teatralidade nos seus concertos com cenários de filmes de terror. Embora já com uma carreira a solo que se afasta um pouco deste conceito, é com o espetáculo de celebração dos 40 anos da Bahaus, que Peter Murphy se apresentará em Vilar de Mouros. Faz-se acompanhar por David J., baixista da formação original. A 25 de agosto, confirmado pela organização do festival destacamos o concerto do mítico John Cale. Este grande músico de vanguarda, antigo membro dos Velvet Underground, revisitará temas dos Velvet Underground, e também repertório da sua carreira a solo, enquanto compositor e produtor. Entre sons eletrónicos, poemas recitados, vozes com samplers aos quase 74 anos, Cale mostra-se bastante ativo, irrequieto e irreverente como sempre nos acostumou.
Capa do álbum “Pleasure” de Feist
Um concerto a não perder! Iniciamos setembro com um concerto da cantautora Canadense Feist. Bastante aclamada pela crítica, com uma estética Indie Rock, Feist regressa a Portugal, seis anos após o seu último concerto, para nos apresentar o seu mais ressente álbum “Pleasure” que saiu em 2017. Dona de uma voz intensa, Feist, sempre acompanhada da sua guitarra, brinda-nos neste álbum com poemas intensos e uma criatividade imensa afastando-se um pouco da sua vertente mais pop. “Pleasure” é um álbum mais difícil, mas para quem conhece o trabalho da artista, prende-nos logo na primeira audição – é sem dúvida uma figura feminina no mundo da música do séc. XX incontornável. Os concertos estão marcados para 8 setembro, em Braga, no Theatro Circo, e 9 setembro em Lisboa, no Coliseu. Considerando qualquer prática musical como testemunho e património cultural de uma dada sociedade, grupo étnico ou subcultura onde está inserida, a sua própria história e desenvolvimento estão associados a um determinado contexto que, por sua vez, reflete-se nas práticas que esse dado grupo reproduz, fazendo delas referências da sua própria identidade. Neste sentido, apresentamos um painel de concertos bastante distintos entre si e que são, em bom rigor, exemplos de movimentos culturais e adventos importantes da sociedade ocidental do final do séc. XX. Desde a nova vaga tecnológica dos Human League, à revolta gótica de Bahaus, passando pelo experimentalismo de Cale, aos atuais poemas sonoros Indie Rock de Feist, o importante é deixarmos que as emoções tomem conta de nós quando um artista nos premeia com a sua arte. Bons concertos!
Susana Cruz
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Os contos do zambujal
As lágrimas de Mavília
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ensamentos amargos rodopiam na cabeça de João António. Desatento, deixou arrefecer o café e esqueceu a torrada. Era o pequeno-almoço. Tenta concentrar-se na leitura de um jornal mas as letras dançam, a mente não se liberta do assunto penoso. Na mesa ao lado, uma jovem parece mostrar que, também para ela, a vida já ofereceu dias mais felizes. De súbito, um soluço. João António olha-a, preocupado como se a jovem fosse alguém do seu conhecimento e estima. É apenas uma desconhecida, mas João António interessa-se. Não quer parecer indiscreto mas fixa aquele rosto amargurado. Sobressalta-se quando vê lágrimas a descerem nas faces. O primeiro impulso é de alguém tentado a prestar socorro. Mas ignora as razões do choro e receia intrometer-se. Há intervalo quando um cliente apressado esbarra com o empregado portador de uma bandeja com pratos e chávenas de café. Estatelam-se os dois. João António acorre em ajuda aos sinistrados, não há feridos mas o chão está coberto de cacos, pedaços de bolo e café. Apressa-se um encarregado de limpeza, enquanto o homem do embate lamenta as nódoas no fato e na camisa. É um interlúdio na meditação triste de João António. Regressa à mesa que ocupava, faz uma careta ao tomar um gole de café frio, nota que a vizinha do lado se mostra inerte, como que apática de tudo o que a rodeia, e de novo vê lágrimas a descerem-lhe pelas faces. Toma-o um sentimento de compaixão, esquece o seu próprio desgosto e, num repente impensado, aproxima-se da jovem ostentando um pacote de lenços de papel.
– Desculpe a intromissão. Vejo que está triste e chegou-me a vontade, talvez sem jeito, certo de ser útil. Ela forçou um sorriso, tirou um lenço, limpou as lágrimas, mas a voz era choro quando disse: – Agradeço o seu cuidado. – Não quero ser impertinente – diz João António – mas está certa de que o assunto, seja qual for, valerá tanta tristeza? – Quem sabe? Sei apenas que não resisti à vontade de chorar. – Posso fazer uma pergunta? – Gostaria que não perguntasse nada. – Só o seu nome. Como se chama? – Mavília. – Posso sentar-me, Mavília? – Faz favor. – Eu sou o João António. Vê? Acabámos de ficar apresentados. E não sabemos nada um do outro. Ou sabemos! Eu reparei que você está amargurada ao ponto de chorar. A Mavília sabe como o seu desgosto me impressionou. Ignora, é certo, que também eu estou a viver uma mágoa, a diferença está em que não tenho vontade de chorar. – Orgulho masculino? – falou, por fim, Mavília. – Talvez só a consciência de que tudo na vida é relativo. A Mavília chorou – óptimo, vejo que já não chora! – por alguma razão que pode justificar as lágrimas. Por exemplo o falecimento de um ente querido. – Não é o caso, felizmente. – Quando diz felizmente já reconhece que o seu seria motivo maior para se sentir infeliz. Tenho de tomar um café, deixei arrefecer o que tinha pedido. E a Mavília, que toma?
– Nada, nada. João António informa o empregado, o café vem rápido, vai beberricando. É um curto silêncio entre duas pessoas que o acaso juntou à mesa de uma pastelaria. – Detesto ser indiscreto mas, confesso, estou cheio de curiosidade em saber a razão do seu choro. Desgosto de amor? – Amor? – Mavília repete a palavra como um lamento. – Eu diria decepção. Imagine que ao fim de um longo tempo de namoro perfeito, a pessoa que julgaria firme na sua vida diz, sem rodeios: Desculpa, Mavília, mas encontrei outra pessoa. João António não consegue reprimir uma gargalhada. – Assim mesmo? Encontrou outra pessoa? – E você ri-se? – Tenho de me rir pela coincidência. Ontem mesmo, a mulher com quem habitava há meses deixou-me um bilhetinho de despedida na mesa da sala: Adeus, encontrei outra pessoa. Foi a vez de Mavília rir. Rindo, estenderam os braços e deram as mãos. De mãos dadas continuaram, sorridentes e enternecidos. – Não me parece muito desgostoso. – Mas estive. Agora sinto-me nas nuvens. Toca o telemóvel na bolsa de Mavília. Apressa-se para descobrir o aparelho na confusão habitual das bolsas das mulheres, por fim atende e diz: – Não, não. É tarde. Desculpa, mas encontrei outra pessoa. – Olha João António nos olhos e pergunta: Encontrei? Ele ergueu-se na cadeira e beijou-a na testa: – Encontrámo-nos.
Mário Zambujal
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Passatempos
agenda inatel
Palavras cruzadas POR josé lattas 1
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ATIVIDADES CULTURAIS E DESPORTIVAS
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COVILHÃ
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Lisboa, 10 de agosto.
CINEMA AO AR LIVRE – Até 10 de agosto, sessões às 21h30: Master e Commander, 13 de julho; O Pianista, 20 de julho; Cinema Paraíso, 27 de julho; Avatar, 3 de agosto; A Canção de
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ÉVORA
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HORIZONTAIS: 1-Selo; Manto. 2-Chochas; Académicos. 3-Tomarenses. 4-Relativos à tribo; Efectua. 5-Satélite de Júpiter; Existes; Peca. 6-Separação dos colóides e cristalóides que se encontram conjuntamente dissolvidos. 7-Pessoa ou coisa, de quem se fala; Platina (s.q.); Molibdénio (s.q.). 8-Paramentar. 9-Maior lago salgado do mundo, situado entre a Europa e a Ásia; Sódio (s.q.). 10-Conceito; Pálido. 11-Contracção da preposição a com o artigo definido ou pronome demonstrativo o; Peça de arquitectura, para ornamentação, que serve para sustentar uma estátua, paea apoiar uma cornija, etc.. VERTICAIS 1-Abstenção. 2-Pequeno animal, às vezes microscópio, que se desenvolve no queijo, na farinha e noutras substâncias alimentícias; Sufixo, com o sentido de comarca de um titular. 3-Título com que os judeus
honram os sábios da sua lei; Qualquer das deíades veneradas pelos politeístas (pl.). 4-Plural de nome feminino; Relação matemática entre o diâmetro de uma circunferência e o seu perímetro. 5-Agência científica e cívil norte-americana, que tem a seu cargo as actividades relacionadas com os projectos de investigação e exploração espacial; Rio do Alto Alentejo, que nasce na Serra de S. Mamede, e desagua no Guadiana (inv.). 6-Casquei; Nota musical. 7-Tulha onde se conservam forragens verdes e suculentas (inv.); Inspecções a que todos os veículos estão obrigados; Manganés (s.q.). 8-Evidente (inv.); Regos. 9-Nome masculino; Cevado. 10-Assumir atitudes de quem está sendo muito observado; Jornaleiro. 11-Arsénio (s.q.); Cidade espanhola, mass margens do Rio Douro, onde se realizou uma conferência em Outubro de 1143.
SERÕES DE 5. a FEIRA À NOITE, NO PÁTIO INATEL ÉVORA: Grupo de Cavaquinhos e Acordeão da Academia Inatel, 5 de julho, 21h; Banda da Casa do Povo de Nossa Senhora de Machede, 22h; Banda da Sociedade Filarmónica Luzitana, 12 de julho, 22h; Banda da Sociedade Filarmónica União Calipolense, 19 de julho, 22h; Banda da Sociedade Filarmónica Veirense, 26 de julho, 22h; Rancho da Casa da Cultura de Orada, 2 de agosto, 22h; Rancho Folclórico Cortiçadas de Lavre, 9 de agosto, 22h; Rancho Etnográfico Os Camponeses de Arraiolos, 16 de agosto, 22h; Rancho Folclórico e Etnográfico Montemorense, 23 de agosto, 22h. CINEMA 5.a FEIRA À NOITE, NO PÁTIO INATEL ÉVORA: Ruth, 30 DE AGOSTO; O mar de Sines, 6 DE SETEMBRO; O soldado Milhões, 13 DE SETEMBRO; O Cinema de Manoel de Oliveira e Eu, 20 DE SETEMBRO; Aparição, 27 DE SETEMBRO; Os cantadores de Paris, 4 DE OUTUBRO.
Soluções: 1-CARIMBO; OPA. 2-OCAS; ALUNOS. 3-NABANTINOS. 4-TRIBAIS; FAZ. 5-IO; ES; ERRA. 6-N; DIÁLISE; M. 7-ELES; PT; MO. 8-N; U; ADORNAR. 9-CÁSPIO; I; NA. 10-IDEIA; MATE. 11-AOS; CONSOLA.
Sudoku POR Jorge Barata dos Santos Problema n.09 Prencha a grelha com os algarismos de 1 a 9 sem que nenhum deles se repita em cada linha, coluna ou quadrado.
Soluções:
GALERIA INATEL: Refresh – Exposição de Fotografia, de Telmo Rocha e Diogo Castela, curadoria de Daniel Malhão, de 12 A 29 JULHO. O Cante Alentejano, os Chocalhos e a paisagem alentejana são a inspiração deste percurso fotográfico. A exposição, inserida na programação do ALENTEJO – FESTIVAL INTERNACIONAL DE ARTES, é promovida pela Companhia de Dança Contemporânea de Évora. Exposição de PINTURA DE JOSÉ BIZARRO, 3 DE AGOSTO A 16 DE SETEMBRO. Bizarro realizou a sua primeira exposição individual no Museu Etnográfico de Serpa, em 1992. Participou em diversas exposições individuais e coletivas, entre as quais a Mostra de Arte Moderna Portuguesa, em Évora (1987), e em várias edições da Bienal de Artes Plásticas da Festa do Avante. As suas obras estão presentes em coleções
particulares, e públicas (Câmara Municipal de Évora e Centro de Cultura da Caloura, em Ponta Delgada, Açores).
LISBOA
Domingos com Música: Ensemble Aleixo – Grupo de Bandolins de Esmoriz, Teatro da Trindade, 30 de setembro, às 11h30. O grupo de Bandolins de Esmoriz, criado em 1984, pela mão de Luís Marques Aleixo, é constituído por 25 instrumentistas, com idades variáveis, sob a direção do maestro Luís Sá. Estes músicos, que têm percorrido o país, venceram o Concurso Nacional de Música da Fundação Inatel (vertente orquestra), em 2009.
PORTALEGRE
Cante Alentejano, 7 de julho, Praça da República, 21h, Grupo de Cante “Os Lagóias” de Portalegre; Grupo Coral Feminino “As Douradas Espigas” de Albernoa; Grupo Coral Alentejano de Amadora; Grupo Coral e Etnográfico de Viana do Alentejo; Grupo Coral de Reguengos de Monsaraz.
SANTARÉM
IN. TRADIÇÃO – Animação nas manhãs de sábado, no centro histórico de Santarém, com música, dança, gastronomia e recriação de atividades agrícolas campesinas. JULHO: RANCHO FOLCLÓRICO BAIRRO DE SANTARÉM GRAINHO E FONTAINHAS, 7; RANCHO FOLCLÓRICO CASA DO POVO DE GLÓRIA DO RIBATEJO, 14; RANCHO FOLCLÓRICO CAMPONESES DA RAPOSA, 21; RANCHO FOLCLÓRICO DE VILA NOVA DO COITO, 28. AGOSTO: RANCHO FOLCLÓRICO DA ATALAIA DE ALMOSTER, 4; GRUPO DE DANÇAS E CANTARES RIBATEJANOS DE SANTARÉM, 11; RANCHO FOLCLÓRICO REGIONAL DOS FOROS DE SALVATERRA, 18; RANCHO FOLCLÓRICO DE VERDELHO, 25.
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O NOSSO MAIOR PRÉMIO É BEBER CAFÉ CONSIGO TODOS OS DIAS.
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Mais do que um café, Delta é partilha. É acordar com um bom dia e desejá-lo aos outros. É o pretexto para mais uma conversa sem horas contadas. A desculpa para estar com os amigos vezes sem conta. Em 2018 continuamos a ser o café da vida dos portugueses. E os portugueses continuam a ser quem diariamente nos enche de vida. Esta é a partilha diária que queremos continuar a saborear consigo. Sempre.
DELTA, O CAFÉ DA SUA VIDA.
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