Tempo Livre Janeiro 2011

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N.º 222 Janeiro 2011 Mensal 2,00 €

TempoLivre www.inatel.pt

Cesário Borga e Fernanda Bizarro A viagem de dois jornalistas aos 75 anos da Inatel Destacável 12 págs. Guia de vantagens


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Sumário

Na capa 14 INATEL

Uma História com Futuro Dois conceituados jornalistas, Fernanda Bizarro e Cesário Borga, investigaram durante meses a história dos 75 anos da Inatel para a realização de um documentário. Emitido já na RTP e exibido, sucessivamente, em duas sessões para convidados e trabalhadores no Trindade, o seu trabalho (“Uma História com Futuro”) é um retrato vivo e emotivo de uma instituição criada pela ditadura mas que sobreviveu ao 25 de Abril graças à decisão sindical de aproveitar as suas estruturas e experiência para lhe conferir uma dimensão adequada à nova realidade democrática.

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18 EDITORIAL

CARTAS E COLUNA DO PROVEDOR

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NOTÍCIAS

CONCURSO DE FOTOGRAFIA

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TERMAS DE PORTUGAL

As boas águas do Estoril

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MEMÓRIA

Carlos Paredes: o poeta da guitarra portuguesa

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OLHO VIVO

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A CASA NA ÁRVORE

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O TEMPO E AS PALAVRAS Maria Alice Vila Fabião

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RITUAIS

Carnaval Luso-Galaico No seu programa de Viagens Nacionais Outono/Inverno 2010/20111, a INATEL Turismo propõe uma viagem pelo norte do país, entre paisagens de montes e aldeias da região de Montalegre, com um complemento festivo: um salto ao outro lado da fronteira, ao grande Entrudo galego de Xinzo de Limia (localidade situada entre Verín e Ourense), em cujo carnaval persistem aspectos que assinalam o seu parentesco com as celebrações entrudescas das aldeias da província.

24 INATEL CULTURA

Oficinas de Tempos Livres Anteriormente chamadas Escolas do Lazer, as OTL oferecem aos beneficiários da Fundação INATEL os mais variados cursos de média e curta duração para a ocupação do tempo livre, acessíveis tanto para os associados como para os não associados.

OS CONTOS DO ZAMBUJAL

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CRÓNICA António Costa Santos

Guia de Vantagens DESTACÁVEL DE 12 PÁGINAS

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BOA VIDA

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CLUBE TEMPO LIVRE

PORTFÓLIO

Passatempos, Novos livros e Cartaz

Nepal: o domínio dos Himalaias

Revista Mensal e-mail: tl@inatel.pt | Propriedade da Fundação INATEL Presidente do Conselho de Administração: Vítor Ramalho Vice-Presidente: Carlos Mamede Vogais: Cristina Baptista, José Moreira Marques e Rogério Fernandes Sede da Fundação: Calçada de Sant’Ana, 180, 1169-062 LISBOA, Tel. 210027000 Nº Pessoa Colectiva: 500122237 Director: Vítor Ramalho Editor: Eugénio Alves Grafismo: José Souto Fotografia: José Frade Coordenação: Glória Lambelho Colaboradores: António Costa Santos, António Sérgio Azenha, Carlos Barbosa de Oliveira, Carlos Blanco, Gil Montalverne, Humberto Lopes, Joaquim Diabinho, Joaquim Magalhães de Castro, José Jorge Letria, José Luís Jorge, Lurdes Féria, Manuela Garcia, Maria Augusta Drago, Maria João Duarte, Maria Mesquita, Pedro Barrocas, Rodrigues Vaz, Sérgio Alves, Suzana Neves, Vítor Ribeiro. Cronistas: Alice Vieira, Álvaro Belo Marques, Artur Queirós, Baptista Bastos, Fernando Dacosta, Joaquim Letria, Maria Alice Vila Fabião, Mário Zambujal. Redacção: Calçada de Sant’Ana, 180 – 1169-062 LISBOA, Telef. 210027000 Fax: 210027061 Publicidade: Direcção de Marketing (DMRI) Telef. 210027189; Impressão: Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas, SA Rua Consiglieri Pedroso, n.º 90, Casal de Sta. Leopoldina, 2730-053 Barcarena, Tel. 214345400 Dep. Legal: 41725/90. Registo de propriedade na D.G.C.S. nº 114484. Registo de Empresas Jornalísticas na D.G.C.S. nº 214483. Preço: 2,00 euros Tiragem deste número: 152.727 exemplares


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Editorial

V í t o r Ra m a l h o

Memória e Futuro

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ste é o primeiro número da TL de 2011. Não poderia por isso deixar de me dirigir à sua pessoa, pela ligação que sei ser muito estreita com a nossa Fundação, desejando-lhe os maiores sucessos para este novo ano. Pela nossa parte tudo iremos fazer para, numa conjuntura difícil, contribuirmos para preencher com inovação e exigências de qualidade, a ocupação dos seus tempos livres com ofertas crescentemente diversificadas. O facto do plano e do orçamento para 2011 terem obtido parecer e aprovações que foram votadas por unanimidade pelos membros órgãos estatutários competentes, encoraja-nos a não afrouxarmos nos objectivos que desde a primeira hora nos propusemos - modernizar a Inatel respondendo com serviços adequados a todas as faixas etárias. Daí a verba de dez milhões e quinhentos mil euros que no ano em curso afectaremos ao investimento. A consciência que o futuro se suporta na

memória e na sua valorização esteve assim presente nos eventos com que, em 2010, ano da passagem dos 75 anos da Inatel, assinalámos a efeméride. O documentário Inatel "Uma História com Futuro", encomendada pelo Conselho de Administração aos jornalistas Cesário Borga e Fernanda Bizarro, exibido integralmente na RTP, nos canais 1 e 2, e que abriu também a Gala Inatel e a Festa de Natal dos trabalhadores no Teatro da Trindade, é um dos testemunhos da perenidade da marca de excelência, que é a Inatel tal como o livro escrito pelo Professor Dr. José Carlos Valente "Para a História dos Tempos Livres em Portugal da FNAT à Inatel" que na mesma altura foi publicado. É com suporte nesta memória, que envolve acontecimentos históricos e personalidades marcantes dos últimos 75 anos da nossa vida colectiva, que estamos a preparar com muita esperança o futuro, como as reportagens e as noticias desta TL o demonstram no início deste novo ano, que desejamos o melhor para todos. n

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Cartas A correspondência para estas secções deve ser enviada para a Redacção de “Tempo Livre”, Calçada de Sant’Ana, nº. 180, 1169-062 Lisboa, ou por e-mail: tl@inatel.pt

Parques de Campismo (…) Não quero ser injusto mas parece que a única vez durante o ano em que se fala de campismo na nossa revista é só para nos comunicarem o aumento da tabela de preços. Já uma outra vez, há anos, mandei um email ao Senhor Provedor “reclamando” contra os aumentos, principalmente do parque de São Pedro de Moel que, a partir de determinada altura e injustamente na minha opinião, passou também a ter o mesmo tratamento que o da Costa de Caparica quando, até pela área geográfica em que está inserido, servem pessoas, na maioria dos casos, socialmente diferentes em termos de poder de compra, como é o meu caso. Depois, a acrescentar a isto, há o facto do parque, em termos de equipamentos, como WC, balneários etc., estar muito esquecido. Sou frequentador de São Pedro de Moel desde que me tornei associado da Inatel, já no tempo da FNAT. Infelizmente este ano não pude passar lá as minhas férias por causa da tal

questão económica. Sei também que, em 2010, a taxa de ocupação de São Pedro foi ainda pior do que em anos anteriores. Porquê então teimar-se em pôr São Pedro de Moel no mesmo saco da Caparica, provocando ainda mais a sua desertificação? Será para acabar Porque razão é que um associado com deficiência não tem bonificação nos parques de campismo ao contrário do que “acontecia” nos centros de férias? Saberá o Dr.Vítor Ramalho que nem todos os associados podem passar férias nos hotéis da Inatel? José A. Martins (via email)

50 anos na INATEL Completaram, este mês, 50 anos de ligação à Fundação Inatel os associados: José Luis Almeida, de Faro; Afonso José Tobias e Renato Manuel Casco, de Évora; Mª Lourdes S. C. Rosa, Edmundo S. Silva e Joaquim Gabriel A. Pinheiro, de Lisboa.

Coluna do Provedor

Kalidás Barreto provedor@inatel.pt

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NA REVISTA de Dezembro de 2009 escrevemos sobre os festejos natalícios que se transformam mais em lugares comuns e cada vez mais em negócios da China, do que práticas solidárias e fraternas; enfim...é a vida! Criticando esta postura afirmava que “enquanto uns trocam prendas e enchem o bandulho com opíparas ceias “natalícias”, outros, mesmo ali ao lado, têm fome! Ora houve um nosso associado que, então, não gostou da expressão usada; todavia, segundo os dicionários, bandulho, tem o significado de barriga! Não é isso porém o importante. O importante é analisar-se o problema da pobreza e das assimetrias sociais. Não é aceitável que neste mundo de abundância, haja crianças com fome e trabalhadores com salários que não chegam a mínimos decentes. Isso reflecte-se em toda a nossa vida e é compreensível quando uma velha associada diz que vai anular a sua inscrição por-

que o dinheiro já não chega para tudo e outros que pensam ser exagerados os mínimos aumentos que se apresentam nas tabelas de preços. Estes mínimos, que representam um esforço de equilíbrio para a Fundação - agora entidade de direito privado de utilidade pública – , é, em numerosos casos, muito para pessoas socialmente diferentes em termos de poder de compra. Cortadas ou diminuídas muitas receitas, anteriormente existentes oficialmente, sabemos que a Administração procura manter o possível, não esquecendo os objectivos sociais. Todos estamos a passar uma crise que outros criaram, de que a Inatel não tem culpa, mas sofre as consequências como os seus associados. Sem falsos optimismos, acreditamos que iremos dar a volta. No limiar do novo ano, devemos ter esperança num Portugal melhor, mas é preciso que todos façamos por isso, para além dos desejos.


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Notícias

Inatel 75 anos

“Uma História com Futuro” na Gala do Trindade

Plano e Orçamento 2011 l

O Plano de Actividades e o

Orçamento da Inatel para 2011 foram aprovados por unanimidade pelos pelos Conselho Fiscal, Consultivo e Geral em reuniões realizadas, respectivamente, nos passados dias 10, 13 e 14 de Dezembro. O presidente, Vítor Ramalho, e o administrador financeiro, Rogério Fernandes, deram conta, em pormenor, aos membros daqueles orgãos estatutários das perspectivas de gestão para o ano em curso, sublinhando a determinação do Conselho de Administração em

A exibição do documentário “Uma História com Futuro”, dos jornalistas Cesário Borga e Fernanda Bizarro, uma intervenção do Presidente da Fundação, Vítor Ramalho, e um concerto pela Orquestra Académica Metropolitana de Lisboa, na sala principal do Teatro da Trindade, foram os momentos altos da Gala comemorativa dos 75 anos da INATEL. Ao sublinhar a necessidade de uma celebração condigna do 75º aniversário da instituição, Vítor Ramalho enalteceu a importância social e cultural da fundação de que – frisou – o documentário, já exibido nos dois canais da RTP, dá testemunho eloquente. Um trabalho que – salientou ainda o presidente da l

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fundação – “representa uma homenagem devida aos beneficiários e destinatários da INATEL e a sua razão de ser, mas também a todos os que, no passado e no presente deram e continuam a dar o seu melhor para servir, com qualidade e excelência a ocupação dos tempos livres dos trabalhadores”. A sessão terminou com um belíssimo concerto da Orquestra Académica Metropolitana que interpretou as peças“Prelúdio para Cordas”, de Alexandre Delgado, e “Serenata para Cordas” em Dó maior, de Tchaikovsky Estiveram presentes na Gala, entre outras individualidades, Maria Barroso, os os ex-presidentes da Inatel, Garcez Palha e Alarcão Troni, o secretário-geral da UGT, João Proença, um representante da CGTP (por impossibilidade do seu coordenador Carvalho da Silva), Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril, a vereadora da cultura da Câmara Municipal de Lisboa, Catarina Vaz Pinto, o antigo director do Trindade, Serra Formigal, e o governador civil de Lisboa, António Galamba.

garantir e reforçar o investimento da fundação apesar dos cortes governamentais e da diminuição de verbas provenientes do Euromilhões.

Rectificação Brochura “Hotelaria INATEL” Na brochura “Hotelaria Inatel”, publicada na edição de Dezembro da revista “Tempo Livre”, foi por lapso indicado, na penúltima página dedicada à tabela de preços do Parque de Campismo Caparica uma redução das taxas diárias de 30% no período de Outubro a Maio de 2011. Deverá ler-se “As Taxas diárias de utilização, que incluem o titular, têm redução de 15% no período de 01.10 a 31.05.”


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“Para a história dos Tempos Livres em Portugal”

Campanha Inatel/Viva Bons Tempos l

Fundação INATEL realizou em

Novembro a Campanha INATEL|

Oferecido ao convidados presentes na Gala, o livro “Para a história dos Tempos Livres em Portugal, da FNAT à INATEL (1935-2010)”, de José Carlos Valente (Edição Colibri/Inatel), comemorativo também dos 75 anos da fundação, teve lançamento público, um dia antes, no Trindade. Edição revista e aumentada da obra “Estado Novo e alegria no trabalho: uma história politica da Fnat (1935-1958)”, do mesmo autor, publicada em 1999, o livro inclui numerosas imagens que documentam a história da instituição. Presente no lançamento, Vítor Ramalho recordou figuras e momentos relevantes da história da fundação referidos numa obra que – sublinhou – representa também uma “homenagem aos trabalhadores da Inatel”. António Garrido, investigador e professor da Universidade de Coimbra, fez a abordagem científica da obra, assinalando a sua relevância para a história da Inatel. l

Trata-se – acentuou - de “um livro sério de história, que reflecte opiniões muitíssimo documentadas, decorrentes da dissertação do mestrado do autor e marcam a historiografia de Portugal, do Estado Novo e do Corporativismo”. Presente no lançamento, o editor da Colibri, Fernando Mãode-Ferro, destacou a importância da fundação na vida sociocultural do país, manifestando disponibilidade para novas edições que documentem a história da Inatel no período posterior ao 25 de Abril. O autor, mestre em História do Século XX pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da UNL e membro do Instituto de História Contemporânea é actualmente docente no Instituto Politécnico de Santarém. A obra pode ser adquirida no Centro de Documentação, na sede da Fundação. Preço para sócios beneficiários: 14, 31 euros. Não sócios: 23,85 euros.

Viva Bons Tempos, integrada nas comemorações do 75º aniversário, tendo como objectivo a promoção e angariação de novos Associados. A campanha teve lugar nos centros comerciais Colombo e RioSulShopping e registou a inscrição de dezenas de novos associados.

Apoio à agricultura biológica l

Introduzir novas dinâmicas na

área ambiental e alimentar, em especial, no que respeita às hortas biológicas, produtos biológicos, conservação de alimentos e bio-compostagem, é o sentido do protocolo estabelecido entre a Inatel e a Associação Portuguesa de Agricultura Biológica (Agrobio). O acordo contempla, ainda, formação e visitas a quintas pedagógicas e de agricultura biológicas, uma mais valia para a rede de turismo e restauração da fundação.

Campismo Inatel l

Também a Federação de Campismo e Montanhismo de

Portugal (FCMP) assinou uma cooperação

que prevê a

disponibilização aos associados Inatel de serviços de emissão de licenças desportivas e outros relacionados com o campismo e montanhismo. Ambas as organizações poderão usufruir das nossas actividades nas áreas do turismo, cultura e desporto, incluindo teatro da Trindade e alojamento na nossa rede hoteleira. JAN 2011 |

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Notícias

Maratona Seaside Vasco Azevedo, do SC Lamego, foi o grande vencedor da 25ª edição da Maratona de Lisboa, no passado dia 5 de Dezembro, sagrando-se campeão nacional da especialidade. Vencedor da mesma prova em 2007 e 2009, o maratonista de Lamego, de 36 anos, fez o tempo de 2:23.09 horas. O ucraniano Oleksey Rybalchenko repetiu o 2º lugar de 2009, seguido de Carlos Santos, do Benfica. No sector feminino, a russa Marina Kovaleva triunfou com 2:42.40, quase 14 minutos de vantagem sobre a sua compatriota Ekaterina Shlahova. A prova, recorde-se, teve início e final no Parque de Jogos 1º de Maio da Inatel l

“Sempre em Férias” arranca no próximoVerão Destinado a cidadãos portugueses com mais de 60 anos, em pleno gozo das suas capacidades físicas e psíquicas, que lhes permitam uma vida autónoma e independente, o programa «SEMPRE EM FÉRIAS» vai ter início em Julho próximo e as inscrições podem ser feitas a partir do próximo dia 31 de Março. O programa assenta num plano rotativo, ou seja, de 3 em 3 meses, os participantes alteram a morada de férias em dois grupos de unidades hoteleiras INATEL. No Grupo A, haverá uma estadia inicial em Manteigas, seguida de outra, também de três meses, em Albufeira. No Grupo B, o programa começa no Luso e conclui-se, igualmente, na unidade hoteleira de Albufeira. Estão previstos quatro escalões:

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- No primeiro escalão, os titulares de rendimento mensal inferior ou igual a 350 euros pagarão 350 euros (associados) ou 400 (não associados); - 2º escalão, para rendimentos superiores a 351 euros ou iguais a 600 euros: associados pagam 600 euros e não associados 650; - 3º escalão, para rendimentos superiores a 601 euros ou iguais a 1010 euros: associados - 1010; não associados. 1120 euros; - 4 ºescalão, rendimentos superiores a 1071 euros: associados – 1500 euros; não associados - 1550. Serviços de apoio e transporte Os serviços do “Sempre em Férias” incluem alojamento em regime de pensão completa e meia pensão; serviço permanente de acompanhamento especializado,

nomeadamente médico e de enfermagem; seguro de acidentes pessoais e responsabilidade civil durante as estadias; actividades de carácter recreativo desenvolvidas e adaptadas ás diferentes realidades culturais e turísticas de cada região; acompanhamento permanente nas actividades por um animador sociocultural; serviço de bagageiro no primeiro e no último dia na unidade hoteleira; e, por fim, transporte em autocarro entre o distrito de origem e a unidade hoteleira e entre as unidades hoteleiras seguintes. A participação encontra-se limitada a cotas mínimas definidas para cada um dos escalões. Mais informações: T. 210 027 142 | inatelsocial@inatel.pt | www.inatel.pt . Solicite regulamento


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Caminhadas Inatel l Os amantes da natureza têm à disposição vários trilhos com interessantes propostas de caminhadas a locais recônditos e de elevada beleza paisagística. Saiba que por, apenas, 5 euros pode aluguer um GPS com o trilho programado e partir à aventura com total autonomia na escolha do dia, hora e número de acompanhantes. O GPS orientá-lo-á na aventura onde, sob a tónica da

preservação da saúde, poderá usufruir do melhor que a natureza lhe oferece.

Os interessados deverão contactar a recepção das unidades hoteleiras da Fundação Inatel em Piódão, Luso, Castelo de Vide, Foz do Arelho, Vila Ruiva e Linhares da Beira e escolher um dos dois trilhos disponíveis. Não necessita de estar alojado, apenas ter iniciativa e desejo de quebrar a rotina, em grupo ou sozinho, mas sempre com roupa e calçado confortável e, de preferência, com água na mochila.

país”.A anteceder o espectáculo “Fado – História de um Povo” de Filipe La Féria foram distinguidos os melhores prestadores de serviço dos programas Turismo Sénior e Saúde e Termalismo Sénior casos de: Inatel Piodão, Inatel Manteigas, Inatel Vila Ruiva, Hotel São Pedro e Grande Hotel Lisboa na categoria de melhor unidade hoteleira; e nas restantes categorias, o restaurante Estalagem da Pateira, o Casino da Figueira, o Grupo Mil Raízes” – Grupo Etnográfico do Clube Millennium BCP, o Rancho Folclórico “As Tecedeiras”, o Grupo de Cantares do Pindelo dos Milagres, o Grupo de Concertinas da Beira Alta, António Ferreira, Luis Oliveira (Vamos Cantar), a discoteca Três Pinheiros, a agência

de viagens Leitur – Viagens e Turismo, Lda e TPM – Viagens e Turismo, as transportadoras Rodoviária do Tejo e Autoviação Micaelense, os espectáculos “Gaiola das Loucas” (Politeama), as termas de São Vicente, os palestrantes António Borges Martins e José Brites Inácio, os animadores Angelique Câmara, Susana Sousa e Carlos Medeiros e os vencedores do concurso: Manuel Rodrigues Pato (categoria texto) e João Rodrigues Freire (categoria foto). No Programa Turismo Educativo Júnior receberam troféu Joana Araújo Lopes pela melhor foto apresentada a concurso, enquanto a Rede de Centros de Ciência Viva foi eleita a colaboração mais marcante e Patricia Mariz a melhor animadora.

Gala Sénior l Cerca de sete centenas de seniores marcaram presença na Gala de Natal que decorreu no passado dia 21 de Dezembro na sala Preto e Prata do Casino Estoril, uma iniciativa que assinala o encerramento dos programas Sociais organizados pela Inatel. Após o almoço, Vitor Ramalho, Presidente da Fundação Inatel, deu as boas vindas a todos os presentes e, dirigindo-se os seniores, evocou o contributo de todos na sociedade, afirmando que “através da vossa participação reforça-se, na época baixa, a taxa de ocupação das nossas unidades hoteleiras e de todos os hotéis privados que connosco trabalham, criando e preservando empregos nas diferentes regiões do

40º Congresso Mundial do CIOFF l De 6 a 13 de Novembro realizou-se o 40º Congresso Mundial do CIOFF®, no Tahiti, Polinésia Francesa. A Fundação INATEL, representante portuguesa do Conselho Internacional das Organizações de Festivais de Folclore e Artes Tradicionais (CIOFF®), marcou presença através da participação da Vogal do Conselho

de Administração e Presidente do CIOFF® Portugal, Cristina Baptista. O CIOFF®, uma organização internacional cultural nãogovernamental (ONG), em relações consultivas formais com a UNESCO, celebrou também os seus 40 anos de salvaguarda, promoção e divulgação da cultura tradicional e do folclore. JAN 2011 |

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Fotografia

XV Concurso “Tempo Livre”

Fotos premiadas

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Regulamento 1. Concurso Nacional de Fotografia da revista Tempo Livre. Periodicidade mensal. Podem participar todos os associados da Fundação Inatel, excluindo os seus funcionários e colaboradores da revista Tempo Livre. 2. Enviar as fotos para: Revista Tempo Livre - Concurso de Fotografia, Calçada de Sant’Ana, 180 - 1169-062 Lisboa. 3. A data limite para a recepção dos trabalhos é o dia 10 de cada mês. 4. O tema é livre e cada concorrente pode enviar, mensalmente, um máximo de 3 fotografias de formato mínimo de 10x15 cm e máximo de 18x24 cm., em papel, cor ou preto e branco. 5. Não são aceites diapositivos e as fotos concorrentes não serão devolvidas. 6. O concurso é limitado aos associados da Inatel. Todas as fotos devem ser assinaladas no verso com o nome do autor, morada, telefone e número de associado da Inatel.

[ 1 ] Ricardo Portugal, São João da Madeira Sócio n.º 455647 [ 2 ] Sérgio Guerra, São João do Estoril Sócio n.º 204212 [ 3 ] Maria Esteves, Amadora Sócio n.º 242303

Menções honrosas [ a ] José Barreiro, Albufeira Sócio n.º 36010 [ b ] José Gonçalves, Venda do Pinheiro Sócio n.º 284945 [ c ] Maria Pereira, Montemor-o-Novo Sócio n.º 486828

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7. A «TL» publicará, em cada mês, as seis melhores fotos (três premiadas e três menções honrosas), seleccionadas entre as enviadas no prazo previsto. 8. Não serão seleccionadas, no mesmo ano, as fotos de um concorrente premiado nesse ano 9. Prémios: cada uma das três fotos seleccionadas terá como prémio duas noites para duas pessoas numa das unidades hoteleiras da Inatel, durante a época baixa, em regime APA (alojamento e pequeno almoço). O prémio tem a validade de um ano. O premiado(a) deve contactar a redacção da «TL».

[c]

10. Grande Prémio Anual: uma viagem a escolher na Brochura Inatel Turismo Social até ao montante de 1750 Euros. A este prémio, a publicar na «TL» de Setembro de 2011, concorrem todas as fotos premiadas e publicadas nos meses em que decorre o concurso. 11. O júri será composto por dois responsáveis da revista T. Livre e por um fotógrafo de reconhecido prestígio.

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Entrevista

Cesรกrio Borga/Fernanda Bizarro

A viagem de dois jornalistas aos 75 anos da INATEL

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etentores de longa e sólida carreira jornalística, Fernanda Bizarro e Cesário Borga aceitaram, ao longo de seis meses, mergulhar na história dos 75 anos da Inatel para a realização de um documentário. Emitido a 14 de Dezembro, no Canal 1 da RTP, e dois dias depois, no Canal Dois e numa Gala comemorativa realizada no Teatro da Trindade, o documentário (“Uma História com Futuro”) dá-nos, nos seus 42 minutos, um retrato vivo e emotivo de uma instituição criada pela ditadura para ‘controlo’ dos trabalhadores e que sobreviveu ao 25 de Abril graças à decisão sindical de aproveitar as suas estruturas e experiência para lhe conferir uma dimensão adequada à nova realidade democrática. Repleto de imagens e depoimentos que ilustram a espantosa evolução da FNAT/INATEL desde 1935 à actualidade, o trabalho destes experientes jornalistas mostra como a renovada Fundação adquiriu uma invulgar importância na defesa e promoção do lazer social, do desporto amador e da cultura popular, envolvendo centenas de milhares de seniores e jovens portugueses. Uma história que nos mostra factos, experiências e testemunhos inesquecíveis, como o de Rosa Mota sobre os seus primeiros treinos e primeiras vitórias na pista de Ramalde da Inatel…ou o de um jovem e talentoso músico que, graças à fundação, está em Madrid à aprofundar a sua arte junto de um grande mestre, podendo sonhar com uma carreira de nível mundial.

Enquanto jornalistas o que mais vos surpreendeu na pesquisa para este documentário? Fernanda Bizarro – Todos nós sabíamos da existência da FNAT-INATEL mas eu não conhecia a sua história. Surpreendeu-me, talvez, a realidade inicial dos Centros de Férias e o facto de até ali nunca nenhum trabalhador ter tido férias e poder agora gozar os primeiros quatros dias. E os centros em si, como funcionavam: os tais pavilhões de cada ministério e as pessoas vinham desfrutar as férias em camaratas. Foi para mim uma revelação muito curiosa. E o conceito em si, que surgiu da Alemanha nazi, da “Força pela Alegria”, modelo copiado e aplicado em Portugal.

Cesário Borga – Eu tinha já uma visão em relação à FNAT-INATEL, da sua história política e da sua relação directa de instituição politicamente marcada num regime com os trabalhadores. Isto porque vivi na altura do 25 de Abril o aparecimento da Intersindical, integrei o plenário como representante do Sindicato de Jornalistas. Nas discussões que houve à volta da FNAT havia uma relação muito grande do lado humano da instituição, e que as outras não tinham. E havia histórias que se diziam, que houve pessoas que só viram o mar graças à FNAT… A verdade é que é dessa consciência que os sindicatos na altura decidem apadrinhar a continuidade – embora não se soubesse na altura como - relativamente à FNAT. E depois havia outra coisa. Pelo lado da cultura, muita gente adversa ao regime, sobretudo no final anos 60 princípios dos anos 70, já tinha tido colaborações com a FNAT. Era o caso da Companhia Portuguesa de Ópera, de algumas coisas do Trindade, onde entravam pessoas como o Artur Ramos, que era do Partido Comunista, embora na clandestinidade. E tudo isto deu-me logo a consciência de que se tratava de uma estrutura diferente. Mas há uma adaptação do seu papel ao longo do tempo… FB – É muito interessante ver e analisar como uma instituição que nasce com um objectivo político desagradável em si, que era o domínio absoluto dos trabalhadores, depois se traduz na prática por direitos dos trabalhadores. Porque as férias, as sessões e os serões para trabalhadores eram outra coisa extraordinária. O Artur Agostinho explica isso muito bem no documentário. Numa época em que não havia televisão e as vozes dos artistas eram conhecidas sobretudo através da rádio, o público teve, pela primeira vez, a oportunidade de os conhecer e isso transforma-se, de um dia para o outro, numa coisa extraordinária. Os serões para trabalhadores começaram nas empresas, mas as salas eram tão pequeninas para a curiosidade que despertou que eles tiveram de passar para o Pavilhão dos Desportos. Mas como era de tal maneira apreciado por todos, passou a haver dois tipos de serões: os do pavilhão, seguido pela Emissora Nacional, e em pequena escala, os das empresas. JAN 2011 |

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Entrevista

Nas discussões que houve à volta da FNAT havia uma relação muito grande do lado humano da instituição, e que as outras não tinham. E havia histórias que se diziam, que houve pessoas que só viram o mar graças à FNAT…

Acabou por não cumprir o objectivo do regime de ‘adormecer’ as reivindicações… CB – Não, a FNAT adaptava-se, era uma organização como as suas congéneres mas não fazia a repressão directa. A repressão cabia à PIDE e a outras estruturas. A partir do 25 de Abril tem um papel diferente… FB – Hoje, a Inatel tem importância não só como operador turístico e não só ao nível do desporto amador e das actividades culturais. A sua função social é notável. Veja-se o caso dos portugueses emigrantes, ausentes no estrangeiro há cinco e seis décadas, e sem condições económicas para revisitar o país. Esta é uma parte dos portugueses de que ninguém fala, de que ninguém se lembra, mais: de que ninguém se quer lembrar. Já achamos triste que os portugueses tenham de emigrar e se pensarmos que uma parte deles vai ser profundamente infeliz e nunca mais vai ter possibilidades de regressar… Isso é um sentimento de culpa tão grande para todos enquanto sociedade que ninguém se quer lembrar deles. E o programa “Portugal no Coração”, gerido pela Inatel, que 16

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possibilita esse sonho aos nossos compatriotas de voltar à sua terra e reencontrar familiares tem uma extraordinária dimensão humana e social. CB – A Inatel é uma instituição diferente das outras na forma de actuar. Tem turismo mas não é uma organização turística exclusivamente; tem desporto mas é amador, não é para pessoas federadas, tem outro tipo de competição; e tem a cultura a apoiar áreas que não são apoiadas de outra maneira. Esta diferença é a marca que aparece no documentário. Não encontramos nada igual nem nada que a possa substituir. Para este documentário consultaram diversas fontes… FB – Temos que falar da importância que foi para o nosso trabalho a vossa revista, a Tempo Livre, e que por lapso não vem mencionada na ficha técnica, o que é uma grande injustiça. A direcção cultural da Inatel deu-nos, igualmente, todo o apoio no arquivo, na parte de documentação. Contámos ainda com a consultadoria científica do historiador José Carlos Valente. Fomos, também, à Biblioteca Nacional ler história da época; ao ANIME – arquivo de filmes da Cinemateca,


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A sua função social é notável. Veja-se o caso dos portugueses emigrantes, ausentes no estrangeiro há cinco e seis décadas, e sem condições económicas para revisitar o país. Esta é uma parte dos portugueses de que ninguém fala, de que ninguém se lembra, mais: de que ninguém se quer lembrar.

que reúne uma grande documentação da Inatel e cujas imagens vêm na parte histórica do programa; ao Museu República e Resistência, à Hemeroteca de Lisboa e ao Arquivo da RTP. CB – Devo dizer que desde o princípio procurámos que este fosse um encadear de histórias, embora com uma orientação, uma pesquisa e com uma distribuição de dados. Neste caso era uma história longa, com 75 anos, com passado e presente. E eu acho que é isso que se vê ao longo dos 42 minutos, são esses encadeamentos de histórias até ao fim… E algumas ficaram por contar… CB – No essencial, abordamos tudo. Claro que não referimos com profundidade, não era um trabalho enciclopédico. E depois também dependia muito das imagens que encontrávamos nos arquivos. Porque é que damos um grande realce às visitas dos operários alemães entre 1935-39, que vinham aos milhares visitar Lisboa e a Madeira? Porque encontrámos boas imagens no ANIME. Se não encontrássemos nenhuma imagem a nossa referência àquilo teria sido residual…

FB – Mas a vinda desses trabalhadores teve uma importância crucial para a criação da FNAT. É preciso que se diga que em 75 anos de existência é a primeira vez que se fala no assunto. De 1935 a 1939 vieram a Lisboa e à Madeira 20 mil operários alemães. Ninguém tem consciência disto mas se tivermos em conta o número de pessoas que tinha Lisboa ou a Madeira nessa época… Nos paquetes, sempre em número de dois ou de três, vinham sempre à volta de três mil operários de cada vez. Chegavam a Lisboa e tinham os eléctricos todos reservados para eles, que se espalhavam pela cidade fora, visitavam tudo e mais alguma coisa. Eles vinham a Portugal, comparavam e concluíam que o modelo alemão era o perfeito. Olhavam para a nossa sociedade e viam-na muito pobre e muito carenciada; os portugueses olhavam para eles e viam um futuro de prosperidade que poderiam vir a ter através do regime na altura em ascensão. Daí o aproveitamento político que os dois regimes tinham dessas visitas turísticas dos trabalhadores alemães. n Manuel Garcia (texto) José Frade (fotos) JAN 2011 |

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Por terras de Trรกs-os-Montes e Entrudos sem fronteiras 18

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Há-de a Primavera estar por um fio, coisa de semanas, e breves. Para esse tempo, Fundação Inatel propõe uma viagem pelo norte do país, entre paisagens de montes e aldeias, com um complemento festivo: um salto ao outro lado da fronteira, ao grande Entrudo galego de Xinzo de Limia.

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lista da UNESCO não se confina apenas a lugares e a património edificado. O património imaterial tem também aí lugar, desde 2001, através de um certo número de manifestações de carácter religioso ou artístico, de festas e rituais. Os Entrudos do mundo rural galego bem poderiam lá figurar, pelo significado que continuam a ter nos calendários locais, pela riqueza das funçanatas, em que participa normalmente, e em grande número, a população local, e ainda pela resistência à introdução arbitrária de elementos espúrios. Se em Xinzo de Limia, uma localidade situada entre Verín e Ourense, o carnaval tem eminentes características urbanas, persistem, todavia, aspectos que assinalam o seu parentesco com as celebrações entrudescas das aldeias da província. A animação convivial dos desfiles, tal como o carácter fortemente satírico e lúdico de muitos elementos da festa, justifica, enfim, a inclusão de Xinzo no itinerário de umas breves férias de Carnaval. Mas antes de lá chegarmos, no itinerário proposto pela Inatel, esperaJAN 2011 |

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Rituais Carnaval em Xinzo de Limia e em Sarreaus. Em baixo, a Banda de Gaitas de Xinzo de Limia

nos um périplo por alguns dos recantos paisagísticos e patrimoniais mais interessantes da região de Montalegre.

Nos caminhos do contrabando A região é terra de lendas - e das antigas, como devem as lendas ser. Os passeios inscritos no programa levar-nos-ão a pontes que só por um fio – ou uma pedrinha – não ficaram rematadas. Como uma que lá pela Serra do Barroso se quedou incompleta, tal e qual as famosas capelas. É o que conta o povo, que sabe, também, que enterrar o vinho – como faz a gente das bandas de Boticas – não é coisa que se faça por dá cá aquela palha. Uma prova de vinhos – no singular: do “vinho dos mortos” -, já perto do final da viagem elucidará melhor do que qualquer arremedo de explicação escrita sobre esse costume antigo. Antes de tal fim de festa, desse último copo antes da estrada de regresso, a cruzar paisagens de montes e barragens, outros enredos terão subido à cena: a estância aos pés do castelo de Montalegre, as visitas a Pitões das Júnias - e ao seu mosteiro beneditino - e a Tourém, celebradas com manjares regionais, a “participação” num entrudo rural na

que foi a capital da “Rota do Contrabando”. E, ainda, um passeio pela aldeia de Paredes do Rio, numa volta de reconhecimento e admiração do seu património – moinhos, fontanário, forno do povo e o mais que a gente do lugar acarinha como se da mobília da casa se tratasse. Isto tudo num só dia – já que quem corre por gosto não cansa -, que no outro a seguir há-de a folgança manter a mesma cadência. Em Meixedo, outra transmontana terreola que cultiva bem os seus pergaminhos, e porque nem sempre o profano se separa do religioso, terá o turista que meter os pés ao caminho na via-sacra local. A passo de gosto, diga-se, que é o mesmo que dizer “sem sacrifício”, no prazer de relembrar retratos de uma vida antiga. Retratos desses, háos também para encher os olhos em Santo André: o forno do povo, a igreja, o cruzeiro. E num ápice, que tudo ali é pertinho, ao alcance de um voo de pardal, vem um salto a Espanha, para repisar os caminhos do contrabando, na aldeia de Gironda, antes do regresso a Vilar das Perdizes, para uma noite animosa. Sem bruxas, mas com um clássico baile de máscaras, a mando, claro, de quem reina na quadra, el-rei Entrudo.

Mascaradas, carroças e correrias A avaliar pelo interregno que pesou durante décadas sobre as folias de Entrudo na Galiza (e em Espanha), a ditadura franquista não era (ou não estava) para brincadeiras. Esse foi um tempo de celebrações à porta fechada, em rituais e festanças censuradas pelas autoridades religiosas mancomunadas com o (sempre) carrancudo poder de militares e polícias. Era um tempo em que as máscaras equivaliam a pecado, um tempo em que, como escreveu o escritor galego Carlos Casares, “polas rúas non circulaban máis que a Garda Civil e xente aburrida”. 20

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Castelo de Montalegre, Tourém, Alto Rabagão e Pitões das Júnias

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Rituais

Mascarados em Xinzo de Limia

Tempos que foram: águas trespassadas não fazem redemoinhos. Hoje, quem anda aos saltos e reviravoltas em Xinzo de Limia, sem censuras nem amarras nem estigma de pecadores, são uns tipos galhofeiros animados por uma espécie de energia infinitamente renovável. São as «Pantallas», mascarados vestidos de branco, ataviados com uma capa negra ou vermelha e umas bexigas bovinas nas mãos, personagens que se fazem anunciar, nas suas

Viagens INATEL A Fundação Inatel organiza, de 5 a 9 de Março, com partidas de Setúbal, Lisboa e Coimbra, o circuito Carnaval GalaicoTransmontano, com passagens, nomeadamente, por Montalegre, Paredes do Rio, Pitões das Júnias, Tourém, Meixedo, Vilar de Perdizes, Xinzo de Lima, Pisoões, Morgade, Carreira da Lebre e Boticas. Preços por pessoa: 495 euros (quarto duplo) e 610 (quarto individual). Incluem alojamento, pequeno almoço; refeições, bebidas e vistas conforme programa; autocarro de turismo, guia, seguro de viagem. Mais informações nas agências distritais da Inatel.

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doidas correrias pelas ruas, pelo som dos chocalhos suspensos nos cintos de couro. O ciclo de Carnaval de Xinzo de Limia é um dos mais longos de toda a Espanha, começando com três semanas de antecedência, com o “Domingo Fareleiro”, dia de uma divertida batalha de farinha. Segue-se o “Domingo Oleiro”, com potes de barro a voar pelos ares, o “Domingo Corredoiro”, primeira assembleia-geral de foliões, e o “Domingo de Entroido”, que solta uma espiral de três dias de colossal folgança. Mascaradas, carroças satíricas em desfile pelas ruas e as “Pantallas” aos pinchos são imagens verdadeiramente simbólicas do Entrudo de Xinzo. Nas ruas e nas praças, bem entendido. Porque à mesa não faltam também (manjares) rituais a rimar com a quadra: come-se o “lacón com grelos”, o “cocido”, a “cachucha” e notórios enchidos tradicionais feitos com carne de porco temperada com alho, pimento, louro e orégãos. Xinzo de Limia não tem apenas um dos mais longos ciclos de Carnaval. Tem também, com toda a certeza, um dos mais refinadamente temperados. n Humberto Lopes (texto e fotos)


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Inatel Cultura

Oficinas Tempos Livres Experimentar, Conviver, Apreciar Experimentar, conviver e apreciar são palavras-chave que definem a actividade promovida nas Oficinas dos Tempos Livres (OTL) da Fundação Inatel. 24

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nteriormente chamadas Escolas do Lazer, as OTL oferecem aos beneficiários da Fundação INATEL os mais variados cursos de média e curta duração para a ocupação do tempo livre. Acessíveis tanto para os associados como para os não associados, os cursos podem ser frequentados pelo público em geral, não havendo qualquer restrição ou limite de idade. Os associados da Fundação beneficiam, naturalmente, de um desconto na inscrição.

Aprendizagem Artes plásticas (Pintura, Escultura) e performativas (Dança, Teatro), ofícios (Joalharia em Esmalte, Bordados Tradicionais), introdução a novas tecnologias (Informática) e Línguas são algumas das áreas pelas quais é possível optar, aliando a aquisição de novos conhecimentos ao convívio, bem-estar e novas experiências. Iniciados há mais de vinte anos, estes espaços de lazer funcionam quer em Lisboa quer noutros pontos do país, por iniciativa das Agências distritais da Fundação. Quem participa nos diferentes cursos encontra espaços de aprendizagem, criativos e de apelo à imaginação, e uma forma original de ocupação do tempo. As motivações são várias e distintas, podendo ser, por um lado, uma paixão antiga que, por motivos profissionais ou de outra ordem, nunca foi possível concretizar, ou, por outro lado, um impulso, uma curiosidade de enveredar por algo totalmente diferente e novo. De uma forma ou de outra, encontram-se os pontos em comum na sala do curso, onde todos se dedicam afincadamente àquilo que se comprometeram experimentar e apreciar, com entusiasmo e vivacidade. Os participantes são o mais heterogéneo possível. Não há limites de idade, referências no que diz respeito a habilitações literárias ou ocupação profissional. Há a determinação para aprender e estar activo.

curavam não mais que uma ocupação, e que, com a experiência, já integram associações de artesanato, cooperando em feiras, a título individual e colectivo, bem como exposições ou venda de peças em lojas especializadas. O “passa-apalavra” pode se converter rapidamente numa actividade de sucesso, surtindo, a partir daí, efeitos para um mercado muito interessante de dinamização do ofício escolhido. Por vezes, a decisão de participar num curso destes pode levar a potencializar competências e ser uma solução para uma situação de desemprego, num encontro com uma área para a qual se tem, afinal, uma aptidão desconhecida até ao momento. É, pois, parte da missão da Fundação INATEL a valorização do ser humano, proporcionando reconhecimento a nível das competências. E neste seguimento, as OTL são a actividade direccionada para essa valorização. O estabelecimento de parcerias com entidades formadoras de prestígio fomentam o valor destas acções, na medida em que o serviço prestado prima pela qualidade. As áreas promovidas variam consoante as necessidades ou tendências, sendo sempre objectivo principal da Fundação dar resposta eficaz e imediata às solicitações recebidas pelos interessados. No ano de 2010, registe, realizaram-se 35 cursos com cerca de 400 participantes.n Ana Cónim

Valorização Apesar de serem cursos programados e direccionados para a ocupação dos tempos livres, é de salientar a importância que a participação nestas actividades já implicou na vida profissional de diversas pessoas, sem muitas ambições, que proJAN 2011 |

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Portfólio

Nepal

O Domínio dos Himalaias CONDICIONADO pela sua situação geográfica, confinado entre a China e a Índia, o Nepal só muito recentemente passou de reino a república, mas nem por isso esqueceu as suas mais genuínas expressões artístico-culturais. Um enorme vale, onde se concentram os três mais importantes centros urbanos do país – Khatmandu, Bhaktapur e Patan –, e uma miríade de colinas e montanhas definem a geografia desta antiga manta de retalhos de diversas etnias, crenças e cidades estados, ainda hoje perfeitamente per-

ceptíveis, cujos segredos só no início do século XVII seriam revelados ao mundo. Graças a um jesuíta português: o beirão João Cabral, o primeiro ocidental a transpor o limiar do até então desconhecido reino do Nepal. A cadeia dos Himalaias, o «domínio das neves», em sânscrito, continua a ser o principal íman que ano após ano atrai milhares de turistas que puseram um ponto final num dos últimos mistérios do mítico Shangri La. n Joaquim Magalhães de Castro (texto e fotos)


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Uma miríade de colinas e montanhas definem a geografia desta antiga manta de retalhos de diversas etnias, crenças e cidades estados


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A cadeia dos Himalaias, o «domínio das neves», em sânscrito, continua a ser o principal íman que ano após ano atrai milhares de turistas


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Termas em Portugal [18]

As boas águas do Estoril Frequentar as águas terapêuticas do Estoril remonta, pelo menos, ao século XVI, mas foi no século XIX que o local tomou o impulso vilegiaturista que imprimiu um rápido desenvolvimento a toda esta orla costeira, motivado pelo clima, caminho-de-ferro, pelas praias e termas. Já na República, e com o patrocínio desta, os anos que se seguiram foram de esplendor e, a partir do corrente ano, de reencontro com as águas emergentes.

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florescimento dos Estoris deu-se, primeiramente, no Monte Estoril e, depois, em São João do Estoril, onde também houve umas águas curativas, os Banhos da Pôça. Mas foi a antiga Quinta de Santo António que viria ser o local onde se construiram, através dos tempos, os principais edifícios de suporte à actividade termal da zona do Estoril. Primeiro, por intermédio de José Viana da Silva Carvalho, que desde 1880 remodela toda a quinta e os antigos banhos e constrói um balneário em estilo neo-árabe. Seria, contudo, a partir de 1913 que um conjunto de capitalistas, liderado por Fausto de Figueiredo, criaria o primeiro centro de turismo desenhado de raiz em Portugal, com ambições internacionais, em torno da trilogia praia, termas e jogo, cujo êxito se atribui quer à área geográfica privilegiada – próximo da capital do país – quer à amenidade climática. A nova “estação marítima, climatérica, termal e desportiva” do Estoril previu um conjunto completo de instalações e equipamentos: três hotéis, novo balneário, casino com teatro anexo, palácio de desportos, edifício para banhos de mar e amplo jardim. Aguarela do plano do Estoril, do arquitecto Henri Martinet, 1914. Ao lado, um anúncio das Termas de Novembro de 1930. Na página da direita, as actuais instalações

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Fausto de Figueiredo foi uma figura incontornável nas origens do turismo organizado no nosso país. Passou a residir no Monte Estoril, desde 1910, formando a Sociedade Estoril-Plage e com a qual conseguiu cativar o interesse do governo republicano e dos grandes capitalistas lisboetas que investiram urbanisticamente neste local. Em 1914, é publicado um folheto-álbum, onde se apresenta todo o programa da obra dos seus promotores e a materialização conceptual do sonho. Com desenhos do arquitecto francês Henri Martinet, o texto do documento desenvolve-se em vários capítulos que reforçam a necessidade de dar condições à iniciativa privada para desenvolver turisticamente esta região do país. Os projectos de balneário, hotéis e casino seriam, contudo, transformados por outros técnicos (condutor de obras públicas Silva Júnior e arquitecto Raoul Jourde) e construídos até à década de 1930. O balneário termal que resultou desta iniciativa foi um dos mais grandiosos do país. Para além da época estival, abria durante o Inverno a pedido de alguns clínicos. E não tinha só os banhos e duches de toda a natureza, que constituíam os meios terapêuticos do estabelecimento. A meca-


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noterapia, as massagens e os tratamentos pela electricidade, pela luz e pelo calor tinham instalações muito completas. A piscina com galeria era das melhores do país. A construção dos diferentes edifícios e do espaço público arrastar-se-ia até à entrada dos anos 30, seguindo-se um período de intensa construção nas zonas conquistadas ao pinhal, às terras de lavoura e às pedreiras, facilitada, desde 1940, pelo acesso rodoviário proporcionado pela estrada marginal. O concelho assume-se, então, como centro turístico de primeira ordem, recebendo, durante a II Guerra Mundial, e mesmo depois, um elevadíssimo número de refugiados e exilados, bem como inúmeras figuras do panorama desportivo e cultural, tornando-se numa das mais afamadas estâncias, de nível internacional. A sua actividade termal perdurou até à entrada dos anos 60, quando se permitiu demolir, inopinadamente, o seu balneário, esperandose, agora, um tempo de refundação, através do novo edifício projectado pelo arquitecto Manuel Gil Graça. A reactivação das Termas do Estoril corresponde a um grande investimento, para dotar o local com uma oferta terapêutica e turística à volta das suas águas termais, captadas a 278 metros, com 34,5º de temperatura. Trata-se de propiciar a terapia das águas a quem visita este novo balneário termal, numa unidade de excelência, assistida por um corpo clínico especializado e multidisciplinar, beneficiando das propriedades terapêuticas de uma água reconhecida há já vários séculos e pela sua eficácia na prevenção e tratamento das patologias das vias respiratórias, musculares, articulares e da pele. A divisão do edifício em duas áreas distintas, para programas terapêuticos e de bem-estar, é uma forma de potenciar as vantagens de servir os vários tipos de necessidades dos clientes, não só dos que estão em tratamento, mas também daqueles que pretendem simples-

mente desfrutar das instalações como forma de lazer e entretenimento. O futuro das termas portuguesas pode passar por saber conciliar estes dois aspectos, mas o que verdadeiramente as distingue de outros centros de saúde é a existência do bem mais precioso, a água mineral natural. Para além da área terapêutica, o edifício oferece um Spa de inspiração em tradições asiáticas milenares, propiciando a quem o utiliza uma experiência única de evasão e bemestar, num verdadeiro refúgio para os sentidos caracterizado pelo conforto, a elegância e o exotismo. As terapeutas, originárias da Tailândia, recorrem aos mais apreciados e reconhecidos óleos essenciais, sais, plantas e especiarias. As sessões terminam com 30 minutos de relaxamento, que incluem um tratamento de pés, uma bebida refrescante à base de ervas e alguns minutos de tranquilidade e introspecção. Também a técnica Watsu utiliza a leveza do corpo na água para libertar a coluna vertebral, mobilizando articulações e sendo profundamente relaxante. É única nas termas portuguesas. As Termas do Estoril são o único complexo termal da Grande Lisboa e, como tal, terão um papel importante na imagem do turismo de saúde associado às águas minerais naturais. E estas mantêm-se há séculos, no Estoril como em muitos outros locais do país, cumprindo o seu ciclo e ultrapassando gerações e regimes políticos. Regenerando a vida. E, numa estância de águas, a vida precisa de outros motivos de interesse que dão ao aquista todas as possibilidades que o turismo potencia. Restaurantes, cafés, lojas e percursos de Natureza, bem como uma intensa e bem articulada actividade cultural, manifestada nos diferentes espaços museológicos e de produção artística e na dinâmica autarquia de Cascais. n Jorge Mangorrinha e Helena Gonçalves Pinto JAN 2011 |

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Memória

Carlos Paredes, o poeta da guitarra portuguesa Morreu há seis anos e, ao recordá-lo hoje, lembro-me de um excelente título que o jornalista Fernando Magalhães deu a um artigo sobre o "poeta": "Se Amália foi o fado, Paredes é a sua transcendência.". E era mesmo.

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arlos Paredes, pois é dele que falamos, tratado por muitos como o "poeta da guitarra portuguesa", ficou na história como autor de uma "música a um tempo popular e culta, tradicional e inovadora, uma música universal". Vale a pena saber um pouco mais sobre este homem a quem também chamaram "o homem dos mil dedos".

"Verdes Anos", o hino de Paredes Da biografia normal do músico consta que nasceu em Coimbra no dia 16 de Fevereiro de 1925 e morreu a 23 de Julho de 2004. Afastado da sua guitarra (chamava-lhe a sua menina) desde 1998 devido a uma doença fatal chamada mielopatia, doença neurológica que afecta a espinal medula, Carlos Paredes foi, como disse Manuel Alegre, "a palavra por dentro da guitarra / a guitarra por dentro da palavra". Modesto, achava-se um amador de guitarra, um instrumentista popular e espantava-se por o admirarem tanto: "Toco guitarra, as pessoas gostam de ouvir. Juntamo-nos, tocamos e assim vamos vivendo." Este era o verdadeiro Carlos Paredes. Antes da guitarra, o músico ainda tentou o piano e o violino mas cedo descobriu que a guitarra era o instrumento que mais gostava de ouvir. Muito jovem passou a acompanhar o pai, Artur Paredes, chegando a tocar em programas da Emissora Nacional. Foi, no entanto, em 1962 que Paredes se tornou famoso quando compôs a banda sonora do filme "Verdes Anos", realizado por Paulo Rocha. A partir daí sucederam-se temas para filmes de Manoel de Oliveira, Fonseca e Costa, Manuel Guimarães, Pierre Kast e outros. Paulo Rocha voltou a pedir34

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lhe música para o seu "Mudar de Vida". Cinema, teatro, bailado andaram, por esses tempos, muito ligados à música de Carlos Paredes e à sua guitarra. E enquanto tocava e compunha a música que lhe pediam, Paredes nunca deixou de ser funcionário público (era arquivador de radiografias no Hospital de S. José).

A política na vida do artista Militante do Partido Comunista Português, esteve preso em Caxias e, denunciado por um colega, foi demitido do hospital onde trabalhava. Já depois do 25 de Abril foi reintegrado e voltou a arquivar radiografias sem deixar de tocar. Durante algum tempo andou pelo País a tocar de graça para os trabalhadores. Acompanhou todos os grandes artistas portugueses e quando um dia o José Duarte lhe perguntou se um dia não gostava de acompanhar Amália, Carlos Paredes respondeu: "Não podia. Se acompanhasse Amália eu desvirtuava. Amália é uma criadora, não se limita a cantar o fado. Amália é uma força cultural da música urbana portuguesa. Para acompanhar Amália eu destruiria isso." O encontro com o contrabaixista Charlie Haden, primeiro no Hot Club numa sessão de improvisos fabulosa, e depois em Paris na gravação de "Dialogues", uma espécie de duelo entre o mestre do contrabaixo e o mestre da guitarra portuguesa, foi, segundo os que puderam assistir, uma experiência única. O maestro António Vitorino de Almeida dizia de Paredes: "A sua maneira de estar na vida e na música é de uma grande coerência ética e ideológica. Se alguma vez o Carlos Paredes deixou de estar nalgum sítio foi porque esse


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sítio mudou de sítio. Ele nunca saiu do seu lugar". Esta é uma grande definição do homem de quem falamos.

Amigo e companheiro de 25 anos No início dos anos 60, Paredes ligou-se ao violista Fernando Alvim e foi uma amizade para mais de 25 anos. Alvim confessou a seu respeito: "Tinha que adivinhar a respiração dele para saber como ia tocar naquele dia. Era imprevisível, nunca tocava da mesma maneira." Cerca de vinte anos durou a ligação sentimental de Paredes com a instrumentista Luísa Amaro. Aliás foi Luísa quem assistiu aos primeiros sintomas da doença do marido e quem, dada a gravidade do estado de saúde do músico, o internou no hospital e, mais tarde, no Lar de Nossa Senhora da Saúde, em Campo de Ourique. Mielopatia foi o diagnóstico que o prendeu à cama durante cerca de dez anos. E sempre Luísa Amaro ao seu lado. Muitas visitas famosas passaram pelo Lar de Campo de Ourique: Maria Barroso, o casal Eanes, Amália, João Soares, Álvaro Cunhal entre outros. Conta quem viu que, quando Cunhal o visitou, Paredes se emocionou muito e teria dito ao enfermeiro que o assistia: "o meu amigo deve muito a este homem. Ele lutou pela liberdade de todos…" Um grandalhão com alma de menino Foi o amigo Manuel Alegre quem melhor definiu Carlos Paredes - um grandalhão com alma de menino. Num excelente trabalho de Luís Osório para a revista "Visão", em 1996, ficámos a saber que o músico gostava muito de comer e falava frequentemente do Galeto e do Alcântara Café, onde costumava ir antes de adoecer, e adorava os hamburgers do MacDonald´s. Benfiquista ferrenho e fervoroso comunista costumava dizer: "Quando o Benfica ganha faz a alegria de uns e quando perde faz a felicidade dos outros." Distraído concentrado, perdia-se nas ruas, nos aeroportos, confundia as salas de espectáculo e tanto que um dia deixou o colega e companheiro, Fernando Alvim, a tocar sozinho durante vários minutos. Tinha-se perdido nos corredores. Luísa Amaro, sua companheira na vida, costumava dizer: "o Alvim foi o pai de Paredes e eu sou a mãe…Acompanhei o Paredes em momentos extraordinários. Tive realmente o privilégio de o encontrar na minha vida. Porque ele é único, não se repete nem nos próximos mil anos. Recebi dele as grandes ensinanças da vida." (entrevista a Maria Leonor Nunes, no J.L.). Termino repetindo a bela frase de Carlos Paredes que, no fundo, define o artista e o homem: "Toco guitarra, as pessoas gostam de ouvir. Juntamo-nos. Tocamos. E assim vamos vivendo." n Maria João Duarte

Em cima: Paredes e o homem das castanhas; era assim, entre gente simples, que ele se sentia bem. Ao lado: Carlos Paredes e a “sua menina” através da qual “falava com as pessoas”. Em baixo: actuando com Fernando Alvim, seu companheiro musical durante 25 anos

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Olho Vivo

Quentinho Ano Novo Ninguém diria, com o frio que fez em Dezembro, mas o ano que agora acabou foi um dos três mais quentes, registados desde 1850. A Organização Meteorológica Mundial ainda está a fazer as contas, para saber se não foi mesmo mais quente, à frente de 1998 e 2005. O ar polar, que trouxe um inverno precoce à Europa, disfarçou o aumento da temperatura média do planeta. No Canadá, por exemplo, os termómetros registaram mais 4 a 6 graus do que a média normal. Os técnicos prevêem, entretanto, que 2011 possa acentuar esta tendência, mantendo-se quentinho. Não são lá muito boas notícias...

Primatas resistem O que distingue os macacos e outros primatas nossos primos das outras famílias de animais é a sua resistência aos altos e baixos das condições ambientais, meteorológicas e alimentares - conclui um estudo publicado em Dezembro na revista American Naturalist. Os primatas são menos susceptíveis às mudanças sazonais, particularmente à chuva, que fazem mossa na sobrevivência de outras espécies e isso pode ajudar a explicar o êxito evolucionário da espécie humana. Os factores para o sucesso são alguma inteligência, vida em sociedade, com troca de informações e inter-ajuda, e capacidade para comer um pouco de tudo.

Cães ganham Os cães desenvolveram, ao longo dos milhões de anos, cérebros maiores do que os gatos porque os mamíferos mais sociais precisam de mais células cinzentas do que os solitários, diz um novo estudo da Universidade de Oxford. Os cientistas analisaram dados sobre o tamanho dos cérebros relativamente ao corpo de mais de 500 espécies de mamíferos vivos e fósseis e concluíram que os que cresceram mais depressa foram os dos primatas, seguidos do cavalo, do golfinho, do camelo e do cão. Quanto mais estável é o grupo, maior o cérebro. Os miolos de animais solitários como os gatos, o veado e o rinoceronte evoluem mais lentamente. 38

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Não é o que está a pensar

Os infiéis em série, que traem o cônjuge ou o namorado à mínima oportunidade, têm uma nova desculpa: não podem evitar as facadinhas no matrimónio por causa do seu gene DRD4. Segundo um estudo da universidade de Binghamton, Nova Iorque, a infidelidade pode estar no ADN, nesse gene-receptor de dopamina que influencia a química do cérebro e, por conseguinte, o comportamento dos indivíduos. Foi analisada a vida sexual de 181 jovens adultos, juntamente com amostras do seu ADN, e descobriu-se que os que tinham uma certa variante do DRD4 eram mais promíscuos, tinham mais casos de infidelidade e de sexo "recreativo".

Medo da inveja

Cientistas holandeses provaram, num estudo publicado na revista Psychological Science, que o medo de se ser invejado faz as pessoas portarem-se melhor com as outras. Quem é alvo de inveja por parte de quem faz o que pode para deitar os outros abaixo tem tendência para ajudar o potencial invejoso e ajuda-o mais do que auxiliaria quem não mostre vontade de o atacar por ter êxito. O estudo dos holandeses dirigidos pelo Prof. Niels van de Vem, da Universidade de Tilburg, não diz se estas tentativas para seduzir e acalmar um potencial "inimigo" resultam.


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A n t ó n i o C o s t a S a n t o s ( t ex t o s ) A n d r é L e t r i a ( i l u s t r a ç õ e s )

Há mais estrelas no céu Dois astrónomos americanos, Pieter van Dokkum, de Yale, e Charlie Conroy, de Harvard, anunciaram em Dezembro que as estrelas no céu são muito mais numerosas do que se pensava. Depois de recensearem astros em oito das mais antigas galáxias do universo, distantes entre 50 e 300 milhões de anos-luz, verificaram que cada uma delas terá cinco a dez vezes mais estrelas que a Via Láctea, com os seus 400 mil milhões. As anãs vermelhas, de fraca luminosidade, fazem a diferença. O estudo foi publicado na revista Nature. Aguarda-se agora uma reacção da dupla Rui Veloso/Carlos Tê, que garantia, há uns anos, que não há estrelas no céu.

Há mais bichos na Terra Um peixe das cavernas sem olhos e uma rã que transporta os filhos às costas são duas novas espécies descobertas em Dezembro no território indonésio da Nova-Guiné, por cientistas locais e franceses. Numa região muito selvagem da Papua, junto a Lengguru, os cientistas percorreram um " imenso labirinto de ecossistemas isolados ", onde as espécies podem estar protegidas há milhões de anos. O peixe foi encontrado numa gruta, onde a falta de luz o fez perder a pigmentação e os olhos.

Adeus à cárie

A cárie dentária pode ter os dias contados. Dois cientistas de Groningen, Holanda, decifraram a estrutura e a forma de actuar da glucansucrase, enzima responsável por a placa dentária se agarrar ao esmalte. Agora é descobrir substâncias que inibam este enzima e acrescentá-las às pastas de dentes e a velha cárie deixará de se rir e afectar os nossos sorrisos. Bauke Dijkstra e Lubbert Dijkhuizen dizem que a glucansucrase transforma o açúcar numa cola para o agarrar ao esmalte, onde a sua fermentação vai comendo o cálcio. Os futuros inibidores do enzima podem até ser incluídos directamente nos doces.

A montanha pariu uma bactéria

A NASA fez parar a respiração a muita gente, quando anunciou para uma quinta-feira de Dezembro uma conferência de imprensa especial, dada por especialistas em vida extraterrestre. Teria descoberto, por fim, marcianos e ETs? Afinal, era uma nova forma de vida, sim, mas descoberta aqui ao lado, na Califórnia, planeta Terra, como é sabido. No fundo de um lago, há uma bactéria capaz de se desenvolver a partir do arsénico, incorporando-o no seu ADN, prescindindo do fósforo. O grupo de elementos básicos que a ciência considera necessários à vida - hidrogénio, azoto, oxigénio, fósforo e enxofre - tem, assim, mais um membro, o arsénico (a consumir com moderação, uma vez que é um poderoso veneno).

Gordura poluída

A exposição ao ar poluído na infância e adolescência pode conduzir à obesidade em adulto, segundo um estudo do biólogo Qinghua Sun, da Universidade de Ohio. Ratos expostos à poluição cinco dias por semana, durante dois meses e meio, criaram mais células gordas e registaram níveis de açúcar no sangue mais elevados do que outros que respiraram ar puro nos primeiros tempos de vida. Os animais começaram a experiência às três semanas de idade, correspondendo o período à infância e adolescência de um ser humano. A obesidade é independente da dieta dos ratinhos. Qinghua vai agora estudar o fenómeno em humanos da cidade de Pequim. JAN 2011 |

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A Casa na árvore Susana Neves

O cálice da maior borboleta Se Deus tivesse dado o medronheiro ao Diabo não haveria uma árvore de Natal portuguesa.

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uando se fala de medronheiros (Arbutus Unedo L.) todos sorriem com ar cúmplice. “O medronho dá pedra!”, dizem uns. “É proibido fazer aguardente”, sussurram outros. “Todos os marinheiro bebiam uma aguardente de medronho antes de irem para o mar, era o rum nacional”, ouvimos dizer. O medronheiro não é só a árvore que, por uns momentos, liberta os portugueses do fado triste, na cultura Mediterrânica, onde a espécie é nativa, aparece associado à morte e à imortalidade, simboliza o início de um novo ciclo. Poucos conhecerão a deusa romana Cardea, em cujas mãos o ramo de medronheiro era uma espada contra as feiticeiras e uma varinha mágica curativa das doenças infantis, mas ainda hoje, na Córsega, nas celebrações do primeiro dia do

ano, as crianças deixam sobre as mesas das casas onde receberam fruta, doces e dinheiro, um ramo de “Albitru” (medronheiro em corso). “Arbousier” em francês, “strawberry tree” (árvore dos morangos) em inglês, “madroño”, em espanhol, entre nós, também “ervedeiro”, “érvodo”, ou “ervado”, muitas são as formas de designar uma espécie silvestre cujo usufruto fica aquém do seu potencial, motivo pelo qual foi incluída entre as “NUC” (“Neglected or Underutilized Crops”), plantas cujas colheitas estão negligenciadas ou subaproveitadas. Esquecida a memória dos rituais pagãos – em Roma, sob os caixões era habitual colocar-se um ramo de medronheiro – e havendo desde a antiguidade uma reserva quanto à ingestão do fruto (em latim, “Arbutus Unedo”, significa pequena árvore de que apenas se pode comer um fruto), o medronheiro não deixou, no entanto, de ser o manjar preferido da maior borboleta diurna portuguesa “Charaxes jasius L”. Para a borboleta do medronheiro alimentar-se das suas folhas, quando é ainda uma pequena lagarta, ou de medronhos maduros, uma vez adulFotos: Susana Neves

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ta, só contribuiu para aumentar a sua beleza e graciosidade. Nem embriaguez nem mal-estar, atribuídos ao consumo excessivo de medronho, parecem afectá-la, bem pelo contrário, o colorido das suas asas (castanho avermelhado, amarelo, branco e preto) lembram as belas cores desta árvore da família das “Ericaceae”, à qual pertencem também os rododendros, azáleas e os mirtilos. De pequeno porte (pode, no entanto, atingir cerca de 10 metros de altura, e 200 anos de vida), capaz de renascer com grande vitalidade após um incêndio, o medronheiro é antes de mais uma árvore resistente que não gosta de solos demasiado húmidos e geadas fortes, por isso em Portugal, cresce espontânea de Norte a Sul, mas encontra área privilegiada nas serras de Monchique e Caldeirão (Algarve). Companheiro da azinheira e do sobreiro, o medronheiro é uma espécie festiva, um exemplo de “joie de vivre” do mundo vegetal, que os portugueses poderiam eleger como árvore natalícia. Em pleno Inverno, mantém verde a folhagem, exibe delicados cachos de flores bastante melífluas e ainda frutos que são como pequenos sóis, amarelos, vermelhos, polposos e doces, se totalmente maduros. É por isso injusto dizer que o fruto não presta, como se conclui das palavras de Andrés Laguna de Segóvia, médico, botânico e humanista espanhol, que no século XVI comparou o medronho a «muitas cortesãs de Roma, as quais, pela aparência, direis serem ninfas, de tal forma vão cheias de mil adereços, mas se procurardes debaixo daquelas roupas, verificareis serem um verdadeiro exemplo do mal francês [queria dizer, terem sífilis]...». Indiferente a insultos, o medronheiro sempre beneficiou quem dele soube tirar proveito, desde logo a nível medicinal: as raízes, folhas, cascas e frutos têm propriedades anti-inflamatórias, antisépticas, depurativas, diuréticas, etc. sendo também usadas no curtimento das peles devido ao tanino vegetal; a madeira, muito fina, serviu à construção de flautas (Grécia) e enquanto combustível; do medronho, para além de aguardente, fazem-se vinagres, licores, doces, geleias e até molhos. «O prato principal realizado [por ocasião] no último

Capítulo da Confraria do Medronho, levava molho de medronho», conta a confreira Carla Godinho, membro desta associação nascida na vila de Tábua (Coimbra), em 2008, onde se pretende vir a criar uma destilaria devidamente legalizada. Muitas são as vidas do medronheiro, para lá da aguardente, que ligava a gente serrana ao seu passado árabe, pelo domínio dos alambiques de cobre usados na destilagem, e que apesar dos constrangimentos legais e fiscais, impostos a partir dos anos 70 e agravados com a entrada na Comunidade Europeia, ainda persiste. Uma lenda, diz que o diabo pediu a Deus para lhe oferecer a laranjeira e o medronheiro e Deus sugeriu que ele reclamasse estas árvores quando não estivessem com flor nem fruto, como sabemos tal nunca acontece. n JAN 2011 |

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50 CONSUMO A UE aprovou a comercialização de arroz transgénico. Em causa um negócio de milhões mas, também, a saúde e segurança dos consumidores. Pág. 44 l À MESA O chocolate tem uma componente de fantasia e prazer irresistíveis. Quem o come, gaba-lhe o lado delicioso e euforizante, mas também a delicadeza. Pág. 46 lLIVRO ABERTO Em destaque a autobiografia de Victorino de Almeida e a reedição da obra-prima do Nobel alemão Thomas Mann, “Doutor Fausto”. Pág. 48 l ARTES Até ao dia 15 ainda é possível ver Cadernos de Sombras – Os Contornos da Miragem, exposição do artista plástico Jaime Silva na SNBA. Pág. 50 l MÚSICAS “Biografias do Fado” é um imperdível documento sobre dois dos mais peculiares géneros da música popular portuguesa: os fados de Lisboa e de Coimbra. Pág. 52 l NO PALCO Atenção à história de São Julião Hospitaleiro, baseada na obra de Flaubert, no Teatro Municipal de São Luís. Pág. 54 l CINEMA EM CASA Para um animado e divertido começo do ano, uma selecção de quatro boas e diversificadas histórias de suspense e comédia. Pág. 56 l TEMPO INFORMÁTICO Grandes mudanças para 2011 no domínio dos diversos dispositivos informáticos. Chegou a “globalização”: um só dispositivo para múltiplas funções. Pág. 58 lAO VOLANTE O novo modelo Peugeot, RCZ, abre uma nova dimensão na qualidade de condução e na rebeldia das formas. Um novo objecto de culto? Pág. 59 lSAÚDE A primeira consequência negativa do trabalho por turnos é a manifestação de perturbações do sono. Pág. 60 l PALAVRAS DA LEI As convocatórias para as AG’s de condomínios têm que ser feitas com 10 dias de antecedência e em carta registada… Pág. 61 l

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Boavida|Consumo

Poderemos confiar nos produtos transgénicos? Mais de metade da população mundial come arroz todos os dias e os portugueses são os maiores consumidores europeus comendo, em média, 17 quilos por ano. Razão suficiente para as preocupações que gravitam em torno da aprovação, pela UE, da comercialização de arroz transgénico. Em causa está um negócio de milhões para a Bayer mas também, o direito dos consumidores à informação, saúde e segurança.

Carlos Barbosa de Oliveira

á dias, no Algarve, enquanto saboreava um delicioso arroz de lingueirão, alguém que comigo partilhava a refeição, conhecedora da minha desconfiança em relação aos OGM (organismos geneticamente modificados) sugeriu que poderíamos estar a comer arroz transgénico, sem nos apercebermos. Vi, naquele reparo, uma tentativa subliminar da minha interlocutora para me desmotivar do belo petisco deixando-lhe um maior quinhão, mas depressa a desiludi, respondendo que era pouco provável, aquele arroz ser transgénico, pois o ministro da agricultura já manifestara em Bruxelas a sua oposição à decisão da UE de autorizar a sua comercialização. Lembrei-me, no entanto, de uma notícia que tinha lido pouco antes no Washington Post. A Bayer foi condenada nos Estados Unidos pela terceira vez, em poucos meses, a pagar uma indemnização a produtores de arroz cujas culturas foram contaminadas pelo arroz transgénico LL 62, comercializado pela Bayer Crop, o mesmo que a UE pretende autorizar. A empresa - que até agora já pagou três milhões de dólares em indemnizações - terá de enfrentar centenas de processos em que é acusada de contaminação, mas continua a defender a sua inocência, reiterando o seu empenho em provar que a biotecnologia é a única solução para matar a fome no mundo e manifestando a sua discordância com aqueles que denunciam os riscos para a saúde humana e para a biodiversidade resultantes dos produtos transgénicos (OGM). Em Maio, também a Monsanto, uma das maiores empresas mundiais de produção de OGM, contaminou 82 000 hectares de terras de agricultores sul-africanos, com uma semente transgénica deficientemente fertilizada em laboratório. Consequência: a maioria dos agricultores afectados perdeu 80% das suas colheitas.

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A Monsanto disponibilizou-se para ressarcir as perdas, mas culpa o fracasso das três variedades de milho plantadas nestas quintas, em três províncias sul-africanas, com alegados "processos de sub-fertilização no laboratório" e alega que menos de 25% de três variedades de milho foram afectadas. A activista ambiental Marian Mayet, directora do Centro de Biosegurança de Joanesburgo, não acredita nas alegações da Monsanto e exigiu uma investigação governamental rigorosa e uma interdição imediata de todos os alimentos contendo OGM's, alegando não ser admissível que se cometa o mesmo erro com três variedades de milho diferentes. Entretanto, numa manifestação de solidariedade com a catástrofe do Haiti, a Monsanto demonstrou a sua "generosidade", oferecendo aos agricultores do Haiti 475 toneladas de sementes de OGM. Perante os factos relatados, apetece dizer que se tratou de um presente envenenado... Tal como a minha interlocutora, a maioria dos leitores não saberá responder se alguma vez comeu alimentos transgénicos, ou contendo pelo menos alguns componentes geneticamente modificados. Isto acontece porque, apesar de todas as normas europeias visando a segurança e saúde dos consumidores, a UE não consegue impôr a ANDRÉ LETRIA


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obrigatoriedade de rotulagem desses alimentos. Ainda em Julho, os eurodeputados recusaram a aprovação de legislação obrigando a rotulagem de alimentos provenientes de animais alimentados com rações transgénicas. Medida que viola o direito dos consumidores à informação e (a fazer fé em diversos estudos que, desde os anos 90 do século passado vêm sendo divulgados, apontam para a perigosidade dos OGM), consubstancia igualmente uma violação ao direito à saúde e segurança dos consumidores. É que - é bom não esquecer - quase todos os transgénicos em circulação se destinam a aviários, suiniculturas e pecuárias, pelo que para garantir o direito dos consumidores à saúde e segurança, é essencial saber quais são os ovos, leite, carne (e peixe para aquaculturas) e seus derivados que provêm desse tipo de cadeia alimentar. Esta polémica em torno dos OGM não é nova. Já em 1999, 170 países estiveram reunidos na Colômbia para debater as implicações do OGM na saúde humana. Contando com o apoio do Canadá, Austrália, Chile, Uruguai e Argentina, os Estados Unidos - em 2010 os maiores produtores de OGM que representaram 95% das suas exportações alimentares - conseguiram fazer valer a sua posição ( não inclusão nos rótulos de esclarecimento sobre a origem dos produtos, quando em causa estiverem OGM).

Se quem não deve, não teme, porquê esta recusa? Na mesma reunião foi rejeitada a aprovação de uma medida que responsabilize as empresas produtoras de OGM, no caso de se vir a verificar que estes alimentos provocam danos ambientais ou põem em risco a saúde dos consumidores. Apenas os agricultores vítimas de danos estão neste momento a ser ressarcidos de prejuízos provocados por sementes de OGM. Mais de 10 anos volvidos esta medida mantém-se. É pelo menos estranho que num país tão rígido em relação às tabaqueiras e outras actividades potencialmente prejudiciais à saúde, exista tanta obstinação quanto à rotulagem dos OGM e se impeça qualquer medida preventiva que assegure uma indemnização aos consumidores. É igualmente difícil compreender idêntica perspectiva da UE. Não é, porém, causa de menor estranheza, o facto de a UE ter autorizado, recentemente, a comercialização de batata transgénica, apesar dos veementes protestos de agricultores e associações de consumidores. Principalmente, quando é sabido que duas dezenas de cientistas de diversos países constataram - através de uma experiência feita com ratos - que aqueles animais apresentaram deficiências nos seus sistemas imunitários, depois de terem sido alimentados com batatas geneticamente modificadas. n JAN 2011 |

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Boavida|À Mesa

Chocolate, guloseima genial O chocolate, que é por muitos considerado mais do que um alimento e menos do que uma droga, embora tenha um pouco de ambos, tem uma componente de fantasia e prazer que o tornam irresistível.

David Lopes Ramos

uem o come, gaba-lhe o lado delicioso e euforizante, mas também a delicadeza. Os apreciadores mais exigentes e conhecedores consideram o negro a quinta-essência do chocolate. Mas há quem coloque os de leite e os brancos no lugar mais alto das suas preferências. Já Fernando Pessoa, aliás, Álvaro de Campos, via as coisas sob outro prisma: “Come chocolates, pequena;//Come chocolates!//Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.//Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.” O chocolate consome-se das mais variadas formas: em pó, em gelado, em pastas crocantes, em bombons recheados com vários sabores, com frutos secos e cristalizados, com licores e cremes, em “souflés” e “mousses”, em bolos e pastéis, a acompanhar comidas sérias, como em certas receitas francesas de “foie gras” ou no “galo de corral” catalão. O chocolate é mágico, diz-se. Será, também, afrodisíaco? O rei azteca Monctezuma tomava várias chávenas antes de visitar as suas mulheres. Concluiu-se, porém, que o efeito afrodisíaco era mais devido às especiarias (malaguetas) que o temperavam, pois, à época, o chocolate era servido sem açúcar. Embora nada prove que o chocolate seja afrodisíaco, é para aí que a

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imaginação ainda hoje aponta, talvez por serem notórios os seus efeitos euforizantes. Ouve-se muita gente dizer que, quando está deprimida, trincar uma pasta de chocolate, sobretudo com um alto teor de cacau, o chamado chocolate preto, não resolve o problema, mas alivia. Para avanços namoradeiros há quem continue a não dispensar a ajuda de uma embalagem dos melhores bombons. E ele há embalagens que, pela modernidade e bom gosto da respectiva concepção gráfica, tornam ainda os chocolates mais tentadores. Por exemplo, a oferta de bombons belgas de Pierre Marcolini, nome obrigatório para os apreciadores que, em Bruxelas, sabem que a sua loja fica na Place du Grand Sablon. Um amigo meu, apreciador confesso dos mais famosos chocolates negros, comia-os acompanhados por um balão dos melhores e mais velhos Armagnacs (finas aguardentes francesas da Gasconha). Fascinava-o a associação doce/amargo do chocolate, cortado a dentadinhas e mastigado lenta e voluptuosamente, com a macieza quente e alcoólica do Armagnac. Sentia-se apaziguado e feliz. Começou a preocupar-se, ao fim de algum tempo, por, quando não podia cumprir o ritual, sentir uma agitação e nervosismo, que surgem normalmente associados à carência de estupefacientes. Cortou com o hábito, quebrou a rotina, mas não deixou de, uma vez ou outra, renovar o prazer da tablete de chocolate preto e do balão de Armagnac. Um Porto vintage jovem e vigoroso também emparceira bem com um bom chocolate com alto teor de cacau. O fruto do cacaueiro, que lembra um pequeno oval de râguebi com estrias, de cor amarelo torrado, leva muitas voltas até à transformação no produto acabado, que é o chocolate. Primeiro, escolhe-se a variedade botânica, que é originária da América do Sul e Central. Cultivada actualmente na região equatorial, encontra-se nas Caraíbas, África (Costa do Marfim, Gana e São Tomé e Príncipe, por exemplo), Sudoeste Asiático e até nas ilhas da Samoa e da Nova Guiné, no Pacífico Sul. Há, fundamentalmente, três variedades de cacaueiros: o “Forastero”, responsável por cerca de 90 por cento de toda a produção mundial de

favas de cacau; o “Criollo”, o mais raro e apreciado, é pelo seu aroma delicado que os mais famosos artesãos do chocolate suspiram; e o “Trinatario”, que resulta do cruzamento dos outros dois. Por cada uma das variedades de cacaueiro ter personalidade própria, há quem os compare aos bacelos das videiras. E a associação estende-se à prova, seno o vocabulário do chocolate igualmente rico em conotações sensuais. Colhidos os frutos, descascam-se e as suas favas são sujeitas a dois estágios de fermentação. Secam-se, escolhem-se, seguindo depois para as empresas, que as descascam e torram, operações que lhes acentuam os aromas. As favas são de seguida trituradas, moídas e depuradas até à obtenção de uma “pasta” de cacau. Começa aqui o fabrico do chocolate propriamente dito: é feito o lote com pastas provenientes de diversas colheitas, até se encontrar o sabor final pretendido. Depois, é a alquimia do açúcar, da baunilha, do leite em pó, dos frutos frescos, secos e cristalizados, dos licores e aguardentes, dos cremes com requintados e esquisitos sabores. Negros, de leite e até brancos, há chocolates que são guloseimas geniais. n


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Boavida|Livro Aberto

Autobiografia, sociologia, boa ficção e o saber intemporal dos antigos Homem de múltiplos talentos, António Victorino d’Almeida é também, comprovadamente, um escritor de mérito e com obra feita, como ficou demonstrado com títulos como “Coca-Cola Killer” ou “Tubarão 200”.

José Jorge Letria

um país onde raramente se perdoa a capacidade sempre invejável de quem cria em diversos domínios, o maestro e compositor volta a assombrar-nos com a publicação de “No Princípio Era Eu”(Clube do Autor), uma notável autobiografia que abarca apenas os primeiros 35 anos de vida do autor. Profusamente ilustrado, este texto autobiográfico, confirma Victorino D’Almeida como um grande contador de histórias, servidas frequentemente por um imbatível sentido de humor. A não perder.

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NO DOMÍNIO da ficção narrativa nacional e internacional de qualidade, em tempo de vacas magras, mas, desejavelmente, de leituras gordas em prazer e descoberta, destacamos títulos de publicação recente como: a reedição da obra-prima do Nobel alemão Thomas Mann “Doutor Fausto”(D.Quixote), redigido nos Estados Unidos, no exílio

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do escritor, entre 1943 e 1947 e publicado dois anos depois; o surpreendente e brilhante “Babayaga Pôs um Ovo” (Teorema), de Dubravka Ugresic, nascida na exJugoslávia em 1949 e actualmente residente em Amesterdão; “O Feitiço de Xangai”( D. Quixote), do catalão Juan Marsé, e “Luka e o Fogo da Vida” (D. Quixote), de Salman Rushdie, escrito como forma de prenda para o seu segundo filho no dia em que completou 12 anos de vida. Ainda em matéria de ficção estrangeira, realce para “A Beleza e a Tristeza” (D. Quixote), do grande escritor japonês Yasunary Kawabata; para a reedição do notável “Filhos e Amantes” (Pub. Europa-América), de D.H. Lawrence; e para “Coração em Segunda Mão”, da mesma editora, com autoria de Catherine Ryan Hyde. No que se refere à ficção de autores portugueses, o realce vai para “Matteo Perdeu o Emprego”(Porto Editora), do produtivo, talentoso e sempre surpreendente Gonçalo M. Tavares, um dos grandes ficcionistas portugueses con-


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temporâneos; destaque ainda para “As Bicicletas em Setembro”, de um grande jornalista, cronista e ficcionista chamado Baptista-Bastos; para o romance “Alma de Cão”( Oficina do Livro), do médico Francisco José Pereira Alves; para o volume colectivo de ficções “Chocolate”, em que participam alguns nomes marcantes da ficção narrativa portuguesa actual; para a oportuna e sempre louvável do histórico “Novas Cartas Portuguesas”, de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa; e para o romance histórico “O Livro de Cale”, de Carlos Cordeiro. No domínio da escrita memorialística, um destaque sempre especial para a reedição pela D. Quixote de “Dias Comuns V - Continuação Sol”, de José Gomes Ferreira. Para quem gosta de livros de viagens recomenda-se “Ukuhanba-Manhã de África” (Oficina do Livro), com texto de Miguel Sousa Tavares e fotos de Martim Sousa Tavares. PARA QUEM se interessa pela abordagem do mundo em que vivemos numa perspectiva sociológica moderna, recomendamos “Nove Lições de Sociologia” (Teorema), de Michel Wieviorka, nascido em Paris em 1946 e considerado um dos pensadores mais marcantes da sociologia contemporânea. Abordando as grandes questões do nosso tempo, o autor prepara-nos com inteligência e uma invulgar capacidade de explicar o passado e antecipar o futuro para enfrentarmos as profundas transformações que o mundo está a viver. A não perder, por várias razões. Um olhar diverso sobre o mundo e a sua história é “História do Mundo Sem Partes Chatas” (Academia do Livro), de Fernandom G. Blásquez, uma obra divertida e no entanto rigorosa e informativa, que dá jeito ter à mão. “BREVÍSSIMO INVENTÁRIO” (D. Quixote), é um livro de pequeno formato e sedutor grafismo que confirma o talento do embaixador Marcello Duarte Mathias como autor de literatura aforística, talento de resto detectado pelo grande escritor e ensaísta David Mourão-Ferreira. Verdadeiro exercício autobiográfico, este volume que reúne três breves textos de Duarte Mathias constitui uma viagem pela memória da infância e da adolescência, dos lugares, das mulheres, da morte e da ideia de tempo, afinal pela própria vida. NA LINHA de outras obras recentes que se propõem facultar-nos as chaves para alcançar o êxito, para gerir bem o tempo, para pôr o talento a dar lucro e as empresas a funcionar bem, Mathew Syed, jornalista desportivo do “The Times” e director de uma agência de “marketing” escreveu

“Bounce”, (Academia do Livro) o seu primeiro livro, no qual tenta explicar-nos onde reside ou residiu a chave do êxito de figuras tão diversas como Pablo Picasso, Mozart ou o tenista Federer. O autor sabe do que fala e desafia de forma heterodoxa algumas ideias feitas ou desfeitas sobre a matéria. Na mesma linha e com a mesma chancela chegou ao mercado “Family Coaching”, de Sandra Belo e Ângela Coelho, mais um livro de auto-ajuda, desta feita com 36 desafios lançados a pais com características muito especiais. Destaque ainda para um edição de um livro de teatro da autoria de António Torrado, um dos nomes mais importantes e profícuos da literatura dramática portuguesa contemporânea, para além da infanto-juvenil, de que é referência incontornável, que acaba de publicar, numa edição em que se juntam as chancelas da Ministério da Cultura e do Inatel, entre outras, o título “Gaby, a Primeira”, que tem como personagem central a amante do jovem e desafortunado rei D. Manuel II, de breve e turbulento reinado, a que a vitória republicana de 5 de Outubro de 1910 pôs termo. COM A PRESTIGIOSA chancela do Centro de Estudos

Clássicos e Humanísticos da Universidade de Coimbra foram publicados em agradáveis volumes de bolso mais quatro títulos fundamentais para quem quiser conhecer a obra e o pensamento de grandes autores da Antiguidade: “Obras Morais-Diálogo Sobre o Amor”, com tradução do grego, introdução e notas de Carlos A. Martins de Jesus; “Obras Morais-Como Distinguir um Adulador de um Amigo, Como Retirar Benefício dos Inimigos e Acerca do Número Excessivo de Amigos”, com idêntico trabalho da responsabilidade de Paula Barata Dias”; e ainda “Obras Morais-Sobre a Face Visível no Orbe da Lua”, com tradução introdução e notas de Bernardo Mota, três obras de Plutarco que vale a pena ler nestas edições cuidadas e exemplarmente rigorosas do ponto de vista do labor académico; derradeiro destaque, ainda do mesmo autor clássico para “Vidas Paralelas-Péricles e Fábio Máximo”, com tradução do grego introdução e notas da responsabilidade de Ana Maria Guedes Ferreira e Ália Rosa Conceição Rodrigues. Quatro títulos que nos mostram o muito que os antigos já sabiam sobre a condição humana, sobre os comportamentos, sonhos, ambições, medos e vilezas do Homem, igual no essencial em todas as épocas, com maior ou menor desconto para o papel das tecnologias na forma de aceder ao saber e ao conhecimento do mundo, e também ao poder. n JAN 2011 |

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Boavida|Artes

O Desenho segundo Jaime Silva na SNBA

Até ao próximo dia 15 ainda é possível ver Cadernos de Sombras - Os Contornos da Miragem, exposição que o artista plástico Jaime Silva tem patente na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa, e que o consagra como um dos pintores actuais que mais importância tem dado ao Desenho na formatação do seu percurso artístico.

Rodrigues Vaz

ão cerca de trezentos desenhos, organizados em cadernos, expostos de forma despojada, caracterizando-se pela utilização explícita da noção de chiaroescuro, que, como refere o seu apresentador, José Manuel de Vasconcelos, "tem sido o fio condutor de toda a representação na Arte Ocidental". Os desenhos foram elaborados a partir do final de 2007, de formato intimista, realizados com meios de grande simplicidade não isenta de "forte majestade e reveladores de uma estrutura sacudida pelo pensamento, propondo formas diluídas de dramatismo contido, como se o peso da luta entre o pensamento e a realidade tivesse sido reduzido à simplicidade de um dualismo: a luz e a treva, a fonte e o eco - a sombra como mitigação, como rugosa suavidade".

S

COLECÇÃO BERARDO EM ELVAS

Até dia 23 é igualmente possível apreciar, no Museu de Arte Contemporânea de Elvas, a exposição Fragmentos, uma selecção de Arte Contemporânea feita a partir da Colecção Berardo, que assim procura uma maior divulgação ao mesmo tempo que ajuda à descentralização cultura cada vez mais desejada. Através da colecção Berrado pode estabelecer-se uma 50

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cartografia das principais tensões e problemas que atravessam a arte contemporânea, sendo que a partir de algumas das suas obras conseguem-se identificar as rupturas, prolongamentos e acontecimentos que protagonizaram aquela cena artística. Diga-se entretanto que a selecção de obras que constitui esta exposição não obedece a nenhum princípio disciplinar, cronológico ou temático, mas estabelece entre os diferentes protagonistas da cena da arte (movimentos, artistas e obras) uma rede de prolongamentos e diálogos.

Por último, é de realçar a presença do jovem pintor espanhol Mário Vela na Galeria Arte Periférica, em Lisboa, com uma série intitulada Ele, Ela, Eles e Ela. Trata-se de uma exposição pouco ambiciosa porém muito expressiva, na qual o autor quis apenas transmitir mensagens pela cor, pelo desenho e pela expressão. De vários modos consegue o seu desiderato, reunindo diferentes personagens em diferentes momentos em quadros independentes e livres.

LUÍS VIEIRA BAPTISTA E MÁRIO VELA

Ao contrário do que anunciámos, conforme informações fornecidas pela Fundação D. Luís I, o prolongamento da exposição "Utopias Urbanas" com que a Câmara de Cascais assinalou os 90 anos do artista plástico Nadir Afonso, no Centro Cultural de Cascais, foi cancelado à última hora, por decisão do autor. Tal facto deveu-se a que Nadir Afonso não aceitou, nos últimos momentos da montagem, o espaço proposto pela instituição, forçada a mudar a mostra devido à realização da Trienal de Arquitectura, que já estava planificada há dois anos. Do lapso, originado pela necessidade de escrever a nota de reportagem com alguma antecedência, por questões de actualidade, pedimos desculpa aos leitores. n

EXPOSIÇÃO DE NADIR CANCELADA EM CASCAIS

Fragmentos é também o título da exposição que o artista plástico Luís Vieira-Baptista apresenta até dia 21 no Clube Nacional de Artistas Plásticos - CNAP, em Telheiras, Lisboa. Fazendo jus ao primeiro grupo artístico que integrou em 1991/2, o Grupo Visionista, Luís Vieira-Baptista prossegue com uma pintura que deve muito às correntes simbolistas que vão beber a sua principal inspiração nos movimentos esotéricos agora muito na berra, pelo que a sua pintura anda sempre à roda dos principais mitos da civilização ocidental. De realçar a qualidade técnica e formal da sua obra, onde é possível perceber um certo rebuscamento de efeitos visuais.

Da esquerda para a direita: Peça de Bruce Nauman da Colecção Berardo e um trabalho do artista espanhol Mario Vela JAN 2011 |

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Boavida|Músicas

Silêncio, canta-se o fado! Cento e dois fados em cinco CDs. Eis-nos perante o super-álbum “Biografias do Fado”, um imperdível documento sobre dois dos mais peculiares géneros da música popular portuguesa: os fados de Lisboa e de Coimbra. Silêncio, está-se a cantar o fado!

Vítor Ribeiro

ão estamos, em boa verdade, perante uma novidade, mas em presença de uma oportuna reedição de temas já anteriormente publicados, desde 1994, ano em que Lisboa foi Capital Europeia da Cultura, acontecimento a propósito do qual foi então publicado o duplo-álbum “Biografia do Fado”, que até hoje vendeu mais de 120 mil exemplares. Na caixa agora editada, em cuja capa se reproduz um peculiar desenho de Stuart de Carvalhais, àquele trabalho discográfico juntam-se outros entretanto publicados, a saber: “Nova Biografia do Fado”, “Biografia da Guitarra” e “Biografia do Fado de Coimbra”. E é assim que, nos dois primeiros CDs, podemos ouvir interpretações de, entre outros “clássicos”, Alfredo Marceneiro, Carlos Ramos, António Mourão, Tony de Matos, Maria Alice, Hermínia Silva, Maria Teresa de Noronha, Argentina Santos, Fernando Farinha, Fernando Maurício, Carlos do Carmo, João Braga, Amália Rodrigues… No terceiro CD, é-nos revelada a pujança do novo fado, pela voz de alguns dos seus mais convincentes praticantes: Camané, Mariza, Carminho, Ricardo Ribeiro, Hélder Moutinho, Raquel Tavares, Aldina Duarte, Kátia Guerreiro, Ana Sofia Varela, Joana Amendoeira, Maria Ana Bobone, Cuca Roseta, Mísia, Ana Moura, Cristina Branco, Pedro Moutinho, Mafalda Arnauth e Rodrigo da Costa Félix. E sendo a guitarra portuguesa parte intrínseca dos fados (de Lisboa e de Coimbra), o quarto CD integra execuções individuais, ou acompanhamentos, de mestres como Carlos Paredes, Alcino Frazão, Armandinho, Domingos Camarinha, Raul Nery, Fontes Rocha, Mário Pacheco, António Chainho…

N

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O quinto e último CD leva-nos “em viagem” pelo fado de Coimbra. A “abertura” cabe a Luiz Goes, com Fado Hilário, e o “fecho” a Fernando Machado Soares, com “Balada da Despedida (Coimbra Tem Mais Encanto)”. De permeio podem encontrar-se, entre outros, Adriano Correia de Oliveira, com “Trova do Vento que Passa”, José Afonso, com “Amor de Estudante” ou “Menina dos Olhos Tristes”. Registem-se ainda as presenças de António Portugal, António Menano, Edmundo Bettencourt, José Paradela de Oliveira, Fernando Rolim, Sutil Roque, Luís Marinho, Alfredo Correia, António Brojo, Artur Paredes… O ELECTRÓNICO DAVID GUETTA

O francês David Guetta acaba de lançar o álbum “One More Love”, uma edição “deluxe” com dois CDs, apresentado como se segue: o álbum “One Love” e um CD com 13 faixas extra, no qual se integra o sucesso “Who`s That Chick?”, com a participação de Rhianna. No mesmo álbum deste compositor frequentemente considerado o “maior artista da música electrónica da actualidade”, apresentam-se ainda temas produzidas pelo músico para Madonna, Estelle e Kellis. n


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Boavida|No Palco

Histórias revisitadas Um homem a lutar contra o seu destino, numa fuga para a frente daquilo que não quer encontrar e enfrentar. É esta a história de São Julião Hospitaleiro, para ver, até 23 de Janeiro, no Teatro Municipal de São Luís.

Maria Mesquita

eza a história da lenda de São Julião Hospitaleiro, escrita por Gustave Flaubert, em 1877, que São Julião, aceitando a culpa e o castigo como actos de Amor a Deus, pelas suas acções, morreu nos braços de Cristo que o levou até ao Reino dos Céus. Flaubert ter-se-á inspirado nos painéis datados do séc. XIII na Catedral de Ruão, que, em 1912, foram também copiados na perfeição por Amadeo de Souza Cardozo. É, então, com base nestes vitrais que ilustram a vida e perdão de São Julião e na história escrita por Flaubert, que António Pires e Maria João Cruz decidiram encenar a peça “A Paixão de São Julião Hospitaleiro”, narrando, numa perspectiva moderna (música ao vivo e sons de hip hop), o caminho feito pelo santo desde o dia em que lhe disseram que iria matar os próprios pais, até à data em que deu abrigo a um pobre leproso que se viria a revelar ser Jesus. Para tal, inspiraram-se também nos esquissos que Amadeo de Souza Cardozo fez e que foram recuperados para a retrospectiva da obra do pintor em 2006, pela Gulbenkian.

R

FICHA TÉCNICA: Texto: Gustave Flaubert; Adaptação: António

Pires e Maria João Cruz Encenação: António Pires; Vídeo: João Botelho; Cenografia: João Mendes Ribeiro; Figurinos: Sílvia Grabowski; Musica: Paulo Abelho e João Eleutério; Produtor executivo: Alexandre Oliveira; Interpretação: Maria Rueff, David Almeida, Graciano Dias, Maya Booth, Mitó Mendes, Marcello Urgeghe; Co–produção: SLTM - Ar de Filmes; Teatro Nacional D. Maria II 2011.

“Glória, ou como Penélope morreu de tédio”

Cláudia Chéu, jovem encenadora portuguesa, apresenta no início de 2011, na Sala Estúdio do Teatro Nacional D. Maria II, a peça “Glória, ou como Penélope morreu de tédio”. Pathos (Albano Jerónimo), figura masculina presente no monólogo, prende-se ao passado. Não aceitando nem ultrapassando a morte da mãe, fecha-se no seu próprio mundo esperando reencontrá-la ou que ela simplesmente 54

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regresse. No meio da solidão que o vai rodeando Pathos não se vê reflectido nos espelhos que o cercam, mas sim a imagem maternal (sem sequer perceber a diferença), o que, se por um lado lhe permite fazer um julgamento das coisas de forma mais natural, num misto de silêncio e reflexão, por outro, a constante procura de sentido no passado e o sonho no futuro, ideal mas raramente perfeito e acessível, vão começando a corroer a sua pessoa. Com esta peça, Cláudia Chéu invoca Narciso, constantemente olhando-se ao espelho, assim como relembra a personagem de Telémaco, na Odisseia de Homero, enquanto espera o tempo que for necessário, junto da mãe, pelo regresso de Ulisses, durante e após a Guerra de Tróia. Em cena a partir de 6 de Janeiro. FICHA TÉCNICA: Texto e encenação: Cláudia Lucas Chéu;

Cenografia e figurinos: Ana Limpinho; Desenho de luz: Nuno Meira; Desenho de som: Vítor Rua; Interpretação: Albano Jerónimo (na foto) e a participação de um coro feminino; Coprodução: TNDM II, TNSJ e AJ Produções


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Boavida|Cinema em Casa

Acção e Boa Disposição! Para um animado e divertido começo do ano, seleccionamos quatro boas e diversificadas histórias: do suspense de "O Escritor Fantasma", ao insólito de "Golpe de Artistas", passando pela acção e diversão de "Ex-Mulher Procura-se" e "Uma Noite Atribulada". Em suma: acção e boa disposição para o arranque de 2011. Sérgio Alves

O ESCRITOR FANTASMA

Writer; REALIZAÇÃO: Roman

Heist; REALIZADOR: Peter

Hunter; REALIZAÇÃO: Andy

Um talentoso escritor-fantasma, contratado para escrever

Polanski; COM: Ewan

Hewitt; COM: Christopher

Tennant; COM: Gerard Butler,

McGregor, Pierce Brosnan,

Walken, Morgan Freeman,

Jennifer Aniston, Gio Perez,

as memórias do antigo

Olivia Williams, Kim Catrall;

William H.Macy, Marcia Gay

Adam Rose; EUA, 111m, cor,

Primeiro-Ministro inglês

França/Alemanha/GB, 128m,

Harden; EUA, 90m, Cor, 2009;

2010; EDIÇÃO: Prisvídeo

Adam Lang, vê-se envolvido

Cor, 2010; EDIÇÃO: Zon

EDIÇÃO:

numa teia de intriga política e

Lusomundo

Prisvídeo UMA NOITE ATRIBULADA

sexual. Lang é

EX- MULHER PROCURA-SE

Claire e Phil são um casal

implicado num

GOLPE DE ARTISTAS

Milo Boyd, um azarado

feliz com dois filhos e uma

escândalo sobre

Três guardas-nocturnos

caçador de fianças sem rumo

bela casa nos subúrbios de

as tácticas secre-

descobrem que o museu onde

nem sucesso no seu trabalho,

Nova Jersey. Para evitar a roti-

tas da sua

trabalham vendeu uma parte

que consegue o trabalho mais

na do casamento e reacender

administração e

da sua colecção a um museu

desejado: capturar e entregar

a chama da paixão decidem

á medida que o escritor-fan-

dinamarquês. Cada um deles

á justiça a sua ex-mulher, a

fazer As coisas não correm

tasma mergulha no passado

tem um quadro favorito e não

jornalista Nicole

bem, e no restaurante são

do político, descobre segredos

aceitam ficar sem eles por

Hurly. Quando

confundidos com outro casal

que ameaçam as relações

perto. Para evitar a transferên-

ele pensava que

procurado por dois polícias

internacionais. Thriller emo-

cia das obras elaboram um

não haveria tare-

corruptos. Numa sucessão de

cionante e de condizente sus-

plano para as trocar por

fa mais fácil,

perseguições e fugas deli-

pense - a lembrar o melhor

cópias antes de embarcarem

Nicole diz-lhe

Hitchcock - do aclamado

para o avião: o esquema é

rantes aquilo

que está a seguir um impor-

que era apenas

Roman Polanski, o filme

complicado e

tante caso de homicídio, e

uma tentativa

obteve já seis prémios do

fica ainda

então Milo percebe que as

de apimentar a

Cinema Europeu 2010

mais quando

coisas não vão ser bem como

relação trans-

(incluindo Melhor Filme e

a mulher de

ele tinha planeado e que vão

forma-se na

Realização) e o Urso de Prata

Roger se

ter de se unir para continuar

no Festival de Berlim. Apesar

intromete …

vivos...Do realizador ameri-

de sempre e numa noite

Um naipe

maior aventura

cano Andy Tennant - "Para

inesquecível. Duas estrelas da

2009, o realizador polaco con-

notável de actores, como os

Sempre Cinderela" (1998),

televisão norte-americana,

seguiu acompanhar toda a

oscarizados Morgan Freeman,

"Ana e o Rei"(1999) e "Hitch"

Tina Fey (30 Rock) e Steve

pós-produção do filme passo

Christopher Walken e Marcia

(2005) - chega-nos este filme

Carrel (The Office) contrace-

a passo e tomou todas as

Gay Harden, além do nomea-

de acção, comédia e crime

nam nesta comédia de Shawn

decisões artísticas definitivas

do William H. Macy, pontua

sobre um casal recém- separa-

Levy, autor de comédias que

num filme no qual as semel-

esta divertida comédia assina-

do que se encontra por um

foram êxitos de bilheteira.

hanças entre Adam Lang e

da pelo jovem realizador Peter

acaso judicial e vai viver uma

TÍTULO ORIGINAL:

Tony Blair, Ruth Lang e

Hewitt. Parábola sobre o

grande aventura. A bela

Realização: Shawn Levy; COM:

Cherie Blair e a Halliburton e

homem contemporâneo, o

Jennifer Aniston e o escocês

Tina Fey, Steve Carrel, Mark

a Hatherthon são intencionais

filme e assenta numa premis-

Gerard Butler interpretam

Wahlberg, Taraji P.Henson,

o que torna o filme ainda

sa simples: um plano, três

bem o ritmo e as cenas diver-

Common; EUA, 90m, cor,

mais interessante.

homens e um assalto falhado.

tidas do filme.

da sua prisão em Setembro de

TÍTULO ORIGINAL:

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The Ghost

| JAN 2011

TÍTULO ORIGINAL:

The Maiden

TÍTULO ORIGINAL:

Date Night;

2010; EDIÇÃO: Castello Lopes The Bounty

Multimédia


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Boavida|Tempo Informático

Novidades para o novo ano Estão previstas grandes mudanças para 2011 no domínio dos diversos dispositivos informáticos. Alguns deixarão de ser interessantes porque também aqui chegou a “globalização”: um só dispositivo para múltiplas funções. Portanto enquanto aguardamos, sejamos cuidadosos nas novas aquisições.

mas marcas nomeadamente a porta míniUSB. Preço cerca de 40 Euros. MAIS UMA NOVA forma de ligar os seus discos rígidos ao computador. Agora com uma base onde se podem inserir discos de 2,5” ou 3,5” e SSDs SATA, ligada a uma porta USB (1.1 a 3.0). O CHDDOCK da Conceptronic é Plug and Play (reconhecimento imediato) e custa apenas 49 E.

Gil Montalverne

ajuda@gil.com.pt

til poderá ser por exemplo um inversor de corrente para ligar ao isqueiro do carro para transformar os 12 volts da bateria em energia semelhante à da rede eléctrica (230 Volts AC). Suporta a ligação da maioria dos pequenos equipamentos electrónicos, desde notebooks até leitores de DVD portáteis, câmaras de vídeo, etc. Inclui também uma tomada USB que pode ser usada com um cabo USB standard para carregar qualquer pequeno dispositivo portátil. Uma autonomia sem limites com este Black & Decker BDPC100C Inverter por um preço de 69 euros (imagem 1).

Ú

de carregadores, acaba de chegar o tão anunciado tapete que substitui os carregadores de telemóveis, PDAs, Smartphones, etc. Trata-se do MYGRID da Duracell que permite carregar 4 dispositivos ao mesmo tempo, colocados sobre o pequeno estrado. Carregamento sem fios mas através da indução, cada dispositivo, enquanto não passar a trazer já esse chip incluído, será necessário adicionar-lhe um pequeno sensor-adaptador para que o carregamento funcione. Existem já 4 tipos de sensores para algu-

A PROPÓSITO

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UM NOVO E PRÁTICO comando universal permite estarmos preparados para passar ao uso da Televisão com Power Boxes. O Esotérico permite de imediato controlar um televisor e uma TV box em simultâneo, associando de forma automática as funções para cada um dos equipamentos, sem necessidade de o utilizador seleccionar cada um deles. Além de incluir de origem teclas programadas para as dez marcas mais usadas na Europa – basta apontar o comando ao aparelho e carregar no número associado ao fabricante – permite também configurar qualquer modelo, de qualquer marca, de forma quase automática. Disponível em vários modelos desde um televisor e powerbox a leitor de DVD/Blu-ray e amplificador AV. Preços: a partir de €15,99. E CHAMAMOS a vossa atenção para o novo GOOGLE PREVIEWS, uma ferramenta opcional que pode ser accionada através de um pequeno ícone em forma de lupa disposto do lado direito dos vários resultados, quando efectuamos uma pesquisa. Abre-se uma pequena janela que fornece informações sobre o resultado em questão, incluindo informação visual. É de facto uma forma de facilitar a pesquisa pois liberta-nos de estar a abrir páginas que não tenham o interesse desejado.n


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Boavida|Ao Volante

RCZ O novo leão da Peugeot O novo modelo da marca francesa abre uma nova dimensão na qualidade de condução, na rebeldia das formas, e vinca perfeitamente a separação entre um produto de massas e um objecto de culto. Mas, mais do que o detalhe e a forma, é a substância que o torna irresistível. Carlos Blanco

traço das arestas musculadas, de perfil baixo e ópticas longas, o arco superior brilhante e as enormes jantes antecipam uma experiência de condução única, como só o chassis de um puro-sangue consegue oferecer, estabelecendo, graças a uma estrutura imensamente rígida, o equilíbrio perfeito na equação dinâmica. A performance é o sangue que corre nas veias de três motores prontos para a acção, sejam os gasolina 1.6 THP de 156 e 200 cv, seja o Diesel 2.0 HDi de 163 cv. A escolha pela Peugeot da austríaca Magna-Steyr especialista na construção de automóveis exclusivos produzidos em pequena série, como por exemplo o Aston Martin Rapid e o BMW X3 - para a montagem final do RCZ, foi decidida com base no rigor que a empresa de Graz coloca em cada projecto. Este processo de parto por onde passa o RCZ, e que em alguns aspectos é quase artesanal, contempla a montagem de um capot em ligas de alumínio, aspecto importante para conter o peso final, que se quer o mais baixo possível num automóvel destas características. Com menos de 1.300 kg, os motores turbo de injecção directa, promovem acelerações viris e retomas de velocidades espontâneas. O interior do RCZ beneficia de um conforto acústico topo de gama. A excelente rigidez absorve as irregularidades da estrada, proporcionando um silêncio de rolamento que permite explorara o sistema áudio JBL com oito altifalantes de 240 W,

O

ou a sonoridade dos motores a gasolina. Graças à óptima distância entre-eixos, o RCZ acolhe dois passageiros nos bancos traseiros esculpidos. Mala generosa de 384 litros, expansíveis a 760, são um incentivo às grandes tiradas. O RCZ propõe uma oferta de personalização de acordo com o seu posicionamento exclusivo, deixando que o cliente o possa transformar num objecto único. Na fase de encomenda, o cliente tem ao seu dispor uma vasta lista de elementos decorativos, que darão ao RCZ um estatuto mais elitista. Tal como acontecera com o concept-car, o tecto pode ser revestido em carbono, quer em acabamento mate ou brilhante. O s arcos em alumínio podem ser fumados, ou em cor "areia". Um pack sport destina-se exclusivamente ao 1.6 THP de 200 cv, e contempla volante de diâmetro reduzido e alavanca da caixa de velocidades curta. Pneus largo em jantes de grandes dimensões para explorar ao máximo o chassis do RCZ. De série, o equipamento pneumático tem as dimensões de 235/45 RI8, e em opção 235/40 RI9. Para assegurar a maior eficácia de travagem em termos de potência e resistência, os discos são ventilados de grandes dimensões: 302 mm de diâmetro e no caso do motor 1.6 THP de 200 cv, discos específicos de 340 mm. Os discos traseiros, inéditos nesta plataforma (tal como acontece com os cubos de roda traseiros e os rolamentos), são também de grandes dimensões: 290 mm. O novo modelo da Peugeot foi eleito pelo público "o mais belo automóvel do ano 2009" no 25º Festival Internacional Automóvel. Foi ainda vencedor de um dos mais prestigiantes prémios internacionais de design, o "Red Dot Best of the Best 2010, na categoria de Automóveis. n

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Boavida|Saúde

Distúrbio do trabalho por turnos Hoje, como sempre, pelo menos desde o alvorecer da Terra, o ser humano e todos os seres vivos que habitam à sua superfície dependem em absoluto da luz solar. Dá-se o nome de Distúrbio do Trabalho por Turnos às manifestações clínicas resultantes do trabalho nocturno.

M. Augusta Drago

medicofamília@clix.pt

ritmo biológico do nosso corpo, isto é, a maneira harmoniosa como se processam os complicadíssimos mecanismos celulares que nos mantêm vivos – tais como, por exemplo, as hormonas segregadas pelas glândulas endócrinas e outras substâncias igualmente importantes lançadas na corrente sanguínea – é comandado rigorosamente de acordo com a posição que o sol ocupa no firmamento. O nosso organismo preparou-se ao longo de milhões de anos de vida natural para usufruir da energia que lhe chega durante o dia, pelo sol, e está preparado para desenvolver mais actividade durante o período do dia em que há luz e para descansar e dormir à noite, quando esta desaparece. O trabalho nocturno surgiu nas sociedades muito antes da revolução industrial, mas foi aí que ganhou maior incremento. Porém, foi com a invenção da lâmpada incandescente, por Thomas Edison, em 1879, que verdadeiramente nasceu o trabalho por turnos. O desenvolvimento económico e a sua incessante busca de bem-estar material, a necessidade de produzir bens e serviços para uma população mundial em expansão e progressivamente mais exigente e, mais recentemente, o fenómeno da globalização deram origem, primeiramente, às sociedades que funcionam 24 horas por dia e depois à generalização deste modelo, que se reproduz continuamente. É nesta comunidade global, 24 horas em funcionamento, que maior número de pessoas está sujeita ao trabalho por turnos, o que contraria o ciclo biológico natural e gera consequências nocivas para a saúde. A primeira consequência negativa do trabalho por turnos é a manifestação de perturbações do sono, que se pode traduzir por dificuldade em adormecer, por insónias e por sonolência diurna. O esforço exigido ao organismo para se adaptar rapidamente à inversão do seu ritmo biológico natural, a alternância de períodos de actividade e de

O

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repouso, faz com que este fique mais fragilizado. Diminuem as defesas naturais e o trabalhador torna-se mais susceptível a contrair infecções, bem como a manifestar sintomas de doenças que se encontram latentes no seu organismo. O desajustamento do ritmo biológico leva a modificações do comportamento. É extremamente penalizante, em termos sociais, viver em contra-ritmo em relação às outras pessoas. Quem trabalha por turnos tem maior incidência de sintomas psicossomáticos, nomeadamente a ansiedade que se agudiza à medida que envelhece. Estas pessoas têm tendência a consumir mais café, massas e alimentos ricos em gordura, o que contribui para a obesidade e para as doenças cardíacas e gastrointestinais. Também está provado que consomem em média mais medicamentos. Por tudo isto, as pessoas que trabalham por turnos têm menor qualidade de vida e porque têm de tomar decisões em períodos do dia em que se encontram diminuídas nas suas capacidades correm um risco maior de sofrerem acidentes de trabalhos ou de causar danos a terceiros. Os estudos efectuados sobre o impacto económico e social desta patologia são ainda escassos, mas não são de desprezar os custos resultantes da perda da produtividade e dos acidentes no local de trabalho. A investigação aponta ainda para a necessidade de apoiar estes trabalhadores que desempenham tarefas que têm consequências económicas e que podem pôr em causa a segurança das comunidades em que se inserem. É recomendado o acompanhamento médico destes trabalhadores para vigiar a sua saúde em geral e particularmente a capacidade de adaptação a este tipo de horário laboral. Numa segunda fase, face a alterações do sono ou do humor, o trabalhador deve iniciar o tratamento e, em simultâneo, estudar com o médico estratégias de repouso compensatório, como um programa de sestas. A educação do doente para melhorar a qualidade do sono e a fototerapia têm mostrado ser úteis neste contesto. n ANDRÉ LETRIA


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Boavida|Palavras da Lei

Condomínio sem regulamento – Assembleias Gerais – Actas ?

O condomínio não tem regulamento próprio, não possui sala de reuniões em condições. As assembleias gerais

são convocadas e realizadas em Fevereiro de cada ano. A folha de presenças das assembleias gerais não indica a data, nem o local, onde as mesmas se realizam. Os documentos das contas anuais são colocados à disposição para consulta unicamente no dia da assembleia, entre as 10.00h e as 14.00h. Se pretendermos consultar os documentos noutra data e ocasião, como deveremos proceder? Amadeu Figueiredo – Sócio n.º 641 – Lisboa.

Pedro Baptista-Bastos

sta carta do nosso sócio apresenta-nos várias situações que devem ser imediatamente precavidas. O artigo 1418º, n.º 2, al. b) do Código Civil diz-nos que o título constitutivo da propriedade horizontal pode conter o regulamento do condomínio, que disciplina o uso, fruição e conservação das partes comuns e autónomas do edifício; isto é, no momento da criação da propriedade horizontal pode constar já o regulamento do imóvel. Se houver mais de quatro condóminos no edifício, o artigo 1429º-A do C. Civil determina a existência obrigatória de um regulamento. Portanto, se neste imóvel habitarem mais de quatro condóminos, tem que haver um regulamento, sob pena de haver responsabilidade civil e criminal dos administradores do condómino, nos termos do art. 1435º C. Civil. Por outro lado, a convocatória e funcionamento das assembleias gerais apresentam vários problemas. As assembleias podem funcionar noutra data que não a determinada no artigo 1431º, n.º 1 C. Civil – a primeira quinzena de Janeiro – se isso estiver acordado ou constar do título ou do regulamento; na ausência, parece-me haver uma primeira violação grosseira do modo de funcionamento das assembleias. Depois, em momento algum podem ser convocadas as assembleias do modo como o têm sido, e muito menos dispor a documentação aos condóminos no modo como é efectuada. As convocatórias têm que ser feitas com 10 dias de antecedência e com carta registada, e indicar dia, hora,

E

local e ordem de trabalhos da reunião, nos termos do artigo 1432º do C. Civil. Atenção ao modo e prazos de impugnação das deliberações tomadas, tais como estão determinados no artigo 1433, nº 4º; após uma deliberação ilegal, se o condómino requerer a realização de assembleia extraordinária, tem 20 dias para impugnar a deliberação ilegal, se não requerer este acto, disporá de 60 dias para impugnar. Por fim, é dever do administrador prestar contas à assembleia – art. 1436º al. j) C.Civil – e tem que o fazer do modo mais completo possível, não podendo nunca, através dos seus actos de administração, prejudicar o direito à informação dos condóminos. Se o administrador se recusar a prestar contas, incorre em responsabilidade civil e criminal. Por fim, pode-se lançar mão do processo previsto no Código de Processo Civil para se suprir a recusa destes actos. Entendo que têm que consultar um advogado o mais rapidamente possível, e agir judicialmente contra estas gritantes ilegalidades. n JAN 2011 |

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ClubeTempoLivre > Passatempos Palavras Cruzadas | por José Lattas

1

Horizontais: 1-Diz-se da tinta ou da pintura, que não tem brilho;

1

Orfeão; Intenção. 2-Declamem; Concubina; Bacia de um curso de água (inv.). 3-Agulha do pinheiro; Vi; Sufixo de substantivo e adjectivo, derivado do verbo, e que traduz a ideia de ocupação, ofício ou emprego; Caverna. 4-Madrasta; Alcançar; Apelido. 5-Forma do pronome pessoal tu; Avenida (abrev.); Período; A minha pessoa; Raia. 6-Apreciem; Apuro. 7-Selva; Aderente; Sétima letra do alfabeto grego (pl.). 8-Abandonada; Brisa. 9-Artigo definido (pl.); Sono infantil; Abonar; Letra grega; Arsénio (s.q.). 10-Forma antiga do artigo o; Alça; Prefixo que se emprega em vez de in. 11-Umas; Preposição; Nota musical; Liga ferrocarbónica (pl.). 12-Cerimonial; Tomara direcção. 13-Lados; Escavara; Arrotear.

2

qualidade, propriedade ou natureza. 2-Verga; Caduco. 3Argumento; Preposição; Desfaçatez. 4-Ave pernalta corredora, da Austrália; Amargoso; Ânimo. 5-Diz-se das pessoas espertas, finórias ou perspicazes; Atormenta. 6-Óxido de cálcio; O mesmo que mula; Vínculo. 7-Cala; Apelido do Prémio Nobel da Fisiologia e Medicina, em 1943, por descobrir e isolar a vitamina K. 8-Graceja; Capelas; Abalava. 9-Hoje; Povoação do concelho de Sintra. 10-Ninho; Patranha; Altar. 11-Soberano; Cantão da Suíça Central. 12-Lisonja; Osso do braço; Aia. 13Olarias; Embaraça; Alçar. 14-Abafar; Fruto de algumas espécies de silvas. 15-Ovário dos peixes; Pronome demonstrativo (pl.); Chefe etíope (inv.).

3

4

5

6

7

8

9 10 11 12 13 14 15

3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 SOLUÇÕES (Horizontais) 1-MATE; CORAL; MOTO. 2-OREM; AMIGA; ELAV. 3SAMA; LI; OR; LAPA. 4-MA; A; TER; R; SA. 5-TE; AV; ERA; EU; RE. 6O; AMEM; M; LIMA; S. 7-MATA; UNIDO; ETAS. 8-B; ERMA; DAURA; E. 9-AS; OO; DAR; RO; AS. 10-EL; I; ASA; I; IM. 11-UNAS; EM; LA; AÇOS. 12-RITUAL; I; RUMARA. 13-ALAS; OCARA; ARAR

Verticais: 1-Multidões; Baqueia; Sufixo, que traduz a ideia de

2

Ginástica mental| por Jorge Barata dos Santos

N.º 22 Preencha a grelha com os algarismos de 1 a 9 sem que nenhum deles se repita em cada linha, coluna ou quadrado

N.º 22

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SOLUÇÕES


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ClubeTempoLivre > Novos livros

miúdo, apercebe-se que a

uma banda

clima e ao Sud Express

admiração por Natallie

de rock e

foram muitas as figuras

A ESTÁTUA - A TORTURA

cresce e, determinado a

namora a

internacionais (banqueiros,

PREFERIDA PELA PIDE

provar que há homens

miúda mais

actores de cinema, reis,

José António Pinho A obra caracteriza

dignos de confiança, acaba

gira da

condes e outras ilustres

por a seduzir. Mas a atracção

escola.

personagens) que desde a II

politicamente os anos de

entre ambos é ameaçada por

Tudo corre

Guerra Mundial desfilavam

1958 e 59 e faz uma «singela

algo que pode condenar a

bem até

pelo seu areal e pelo luxuoso

homenagem a todos os que

sua felicidade!

ÂNCORA EDITORA

uma espantosa estafeta

casino.

sobre patins começar a

Uma obra que relata como o

passear-se pelos seus

Estoril soube adaptar-se à

sonhos e a cruzar se com ele

evolução e como continua a

nas

em festas. Conseguirá Scott

ser um destino turístico

masmorras da

chegar à menina e derrotar

privilegiado.

polícia em

os seus sete ex namorados

Coimbra, sete

sem dizer adeus à boa vida?

viveram e lutaram por sonhos de liberdade». São narrados 40 dias vividos

BOOKSMILE

deles de

EDITORIAL PRESENÇA

autêntica

PRINCESA DAS FLORES

tortura. Um

Janey Louise Jones

O BIG SUR E AS LARANJAS

testemunho da relação com

DE JERÓNIMO BOSCH

os agentes da PIDE, do medo e do pânico vividos e

Henry Miller Escrito após regresso do

da tábua de salvação que

autor, nos anos 40, ao

permitiu não denunciar,

paradisíaco Big Sur na costa

escrito em «palavras de

da Califórnia, a obra

lágrimas, de sangue e de amor».

composta de textos distintos retrata as vivências e

CAPITÃO FOX: O FANTASMA DOS SETE MARES

relações

Marco Innocenti As emoções fortes

familiares e O aniversário do avô da

de amizade

Catherine Anderson Zeke compra o rancho

continuam para o Ratinho

Poppy aproxima-se e a Colina

do autor e de

Ricky e para a tripulação de

do Pote de Mel vai organizar

muitas

vizinho de Natallie, uma

piratas do navio Camaleão, a

uma festa surpresa, segundo

pessoas que

divorciada

quem se juntam novas e

uma antiga tradição da

procuravam

atraente

divertidas personagens.

aldeia. Convencido que todos

com dois

Entre perseguições e duelos

esqueceram o seu

região paradisíaca. Uma

filhos e um

desvende os segredos que o

aniversário, o avô não faz

obra de maturidade que

ex-marido

coração de um pirata

ideia da surpresa. Como irá

reflecte uma plena liberdade

envolvido

esconde e saiba como os

ele reagir?

interior.

em

nossos heróis irão superar os

BY THE BOOK

O MUNDO MÁGICO DO

ARCÁDIA OLHOS BRILHANTES

aquela

negócios escuros. Quando

perigos com a ajuda de uma

um dos filhos vandaliza a

misteriosa criatura que

sua propriedade e face à

ascende das profundezas

ESTORIL, A VANGUARDA

incapacidade de Natallie

dos Sete Mares.

DO TURISMO

Vivian French No primeiro dia de aulas as

Margarida de Magalhães

princesas do Clube Tiara mal

Ramalho Nascido sob o signo de um

podem esperar para te sobre a vida na Academia de

Inesperadamente, enquanto

Bryan Lee O’Malley Aos 23 anos, Scott tem uma

sonho, o Estoril é a estância balnear de referência dos

Princesas e como, em breve,

tenta incutir bons valores ao

vida fantástica, faz parte de

últimos cem anos. Graças ao

serás uma Princesa Perfeita.

pagar os prejuízos, Zeke disponibiliza-se a receber o

SCOTT PILGRIM NA BOA

pagamento através do

VIDA (VOL. 1)

trabalho do adolescente.

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CLUBE TIARA

conhecer… Descobre tudo


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vez mais saturado de

analisadas, tendo em conta

tecnologias.

as teorias psicanalíticas e cognitivo-comportamentais.

99 CLÁSSICOS DO CINEMA

ANITA PROTEGE A NATUREZA

PARA PESSOAS COM

FELIZ INSUCESSO

Marcel Marlier, Gilbert

PRESSA

PRECEDIDO DE COCOROCÓ

Henrik Lange e Thomas

Herman Melville Do autor de Moby Dick,

Delahaye A mais importante colecção

Wengelewski Para quem nunca viu

uma obra

Um livro fabuloso cheio de

Levou, Matrix e outros filmes

que invoca

surpresas para todas as

que integram a lista dos

vários

princesinhas!

infantil Anita, lida por

chega-nos

Casablanca, E Tudo o Vento

“musts” de

aspectos da

qualquer

tradição,

cinéfilo, saiba

impregnados

O CAPUCHINHO

que com esta

na acidez corrosiva do

VERMELHO

obra poderá

mundo moderno. Mistura

Um Livro Pop-Up

colmatar

explosiva de géneros que

Louise Rowe Uma versão nova e original

PI

essa falha de forma rápida e

assenta na improvável

divertida. Com elevado

transfiguração do real

diversas gerações, apresenta

sentido de humor apresenta-

quotidiano, onde os dois

uma nova edição dedicada à

se em banda desenhado um

contos oscilam ora entre a

natureza, onde Anita e os

resumo em versão “fast

alegria e a resignação, ora

amigos vão poder apreciar a

reading” de 99 obras-primas

entre a salvação e o

beleza da natureza e de

que irão alargar de forma

fracasso.

muitos seres vivos que a

exponencial a sua cultura

habitam.

cinematográfica.

K4 VERBO EUROPA AMÉRICA

DOU-TE UM VERSO Uma agenda intemporal com

de um conto tradicional, com

RECEITAS DO CORAÇÃO

maravilhosas ilustrações

AS FOBIAS – AGORAFOBIA,

Maria de Lourdes Modesto e

Pop-Up em tons de sépia que

FOBIAS SOCIAIS E FOBIAS

saltam à vista de todos!

ESPECÍFICAS

Alva Seixas Martins Com prefácio de Fernando de

Jean-Louis Pedinielli e

Pádua, este livro revela como

Pascale Bertagne A obra

a alimentação inteligente –

FAMA Romance em nove histórias

saudável e

Daniel Kehlmann À medida que as páginas

descreve os

racional - pode

fenómenos

ser variada e

avançam, definem-se os

comuns a

contornos de um romance

todas as

poemas de Fernando Pessoa,

Inclui

fobias e

José Régio, Miguel Torga,

numerosas receitas e

engenhoso e

saborosa.

subtil que

ilustra o quadro semiológico

Sophia de Mello Breyner,

reflecte sobre

com exemplos clínicos,

Eugénio de Andrade, David

promove a saúde com

a realidade e

enquanto percorre as teorias

Mourão-Ferreira e de muitos

sugestões interessantes para

as

que visam dar uma

outros maravilhosos génios

pessoas com doenças

aparências, o

explicação sobre a sua

para o fazer sorrir e ter um

cardiovasculares, cancro,

quotidiano e

origem, mecanismos e

dia mais agradável.

diabetes e muitas outras

os sonhos e a noção de

consequências.

identidade num mundo cada

A terapia e sua aplicação são

patologias. Glória Lambelho JAN 2011 |

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ClubeTempoLivre > Cartaz

Voleibol

AÇORES

Dias 7,14,21,28 – Ilha do Pico

realizam-se jornadas (1ª à 4ª)

Dia 8 - Encontro de Ranchos

da Liga de Voleibol

de Natal da Ilha do Pico, na

INATEL.

Casa do Povo da Criação Velha.

VIANA DO CASTELO Ilha do Faial Até ao dia 31 decorrem

Futebol

inscrições para os cursos das

Dias 16, 23 e 30 às 15h –

oficinas dos Tempos Livres,

realizam-se diversos jogos da

Informações na Agência

Taça Fundação Inatel,

Inatel em Horta.

informações na Agência Inatel.

COIMBRA Escola de Musica

Futebol

Futsal

Concerto

Durante a semana decorrem

Dias 9,16, 23 e 29 decorrem

Dias 8, 14, 15, 21 e 22 –

Dia 7 às 21h30 - Orquestra de

aulas de Música, diurnas e

8ª,9ª,10ª e 11ª jornadas de

decorrem jogos da Liga Inatel

Sopros de Coimbra na Igreja

nocturnas, na Agência

Futebol -Taça Fundação

2010/2011, Informações na

da Misericórdia em Tentúgal.

INATEL de Coimbra.

INATEL

Agência INATEL


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O Tempo e as palavras M a r i a A l i c e Vi l a Fa b i ã o

Noite de consoada – “Noiteboa” – em tempo de jamais Deito-me à sombra da árvore sem sombra - a árvore /cujas raízes nascem da infância - e é natal / […] E conto, agora, as bolas douradas que enfeitam / a árvore - sem nunca chegar ao fim. Conto-as, no entanto, enquanto as vou / colhendo, como se fosse o tempo dos / frutos. Uma a uma, essas bolas amontoam-se na minha memória, / dando um rosto a cada um desses que batiam à porta da noite, pedindo o pão / que sobrara do natal.[…] Nuno Júdice, “Natal”, poema inédito, in: “A poesia dos Calendários”, Dezembro 2004

-A

gora tudo é diferente… Por um micronésimo de segundo, a voz quebrase-lhe, perde decibéis. Como gaivotas extraviadas, os seus olhos procuram refúgio no mar, cujo sal lhe corre nas veias, com o sangue dos avós. Há semanas que a sua verbosidade é espiral em torno de um tema único: o Natal que se aproxima e o receio de um regresso aos seus natais de menina sem infância, filha de pescador. E deles vai falando, enquanto trabalha: da manta festiva estendida no chão da sala; da “bacia” de barro com as batatas com aparas de bacalhau, colocada sobre a manta; da roda dos trezes irmãos e irmãs sentados em volta da “bacia”; da ausência de garfos; do gostinho de comer à mão; das quatro castanhas de sobremesa - com 2 ou 3 figos em “natais de maior abundância”; do jogo do rapa - a feijões, que depois irão engrossar uma sopa; da alegria da partilha com outros ainda mais desafortunados. Que fome não havia; apenas um apetite jamais saciado. Ao longo do relato, o sorriso vai-se-lhe abrindo, belo como flor de cacto. É certo que brinquedos não havia, que o Menino sabia que também não havia sapatos. Noite de consoada, noite de negro-negro em tempo de jamais! - Agora tudo é diferente! Como que atraída pelo ritmo encantatório das palavras, a serpe de um insidioso sentimento de culpa vai-me sufocando. O meu silêncio é vergonha. Afinal, não é apenas o risco azul do rio nascido nos Cantábricos o que nos separa no mapa da nossa infância. Do fundo da memória, as imagens surgem silenciosas contra o fundo negro-verde bordado a prata da escarcha das invernosas noites galegas, povoadas de lendas e mistério. “Cozinha velha”, na “casa de baixo”, sobre a qual, séculos antes, alguém construíra a meândrica Casa da Avó. Do lado esquerdo, à entrada, no enorme lar de granito, imola-se, cantando, o roble que um dia foi deus em terras gróvias, e hoje é o

Tizón, ou Cepo de Nadal (sic!). No canto oposto, o presépio, “o Belén”, onde, sobre uma multidão de figurinhas toscas, impera um tosco Menino Jesus, a quem a Avó retira das quatro palhinhas para que cada criancinha possa, à vez, fazer-lhe uma leve carícia, ao som de um “villancico” mais ou menos desafinado. No centro, sobre o lajedo nu, a mesa imensa, onde todos têm assento: adultos e crianças, familiares, amigos e pessoal sem família. Num topo da mesa, a Avó vigia atentamente o cumprimento das tradições, a mais importante das quais, instituída por ela, é, para nós, a de que, em “Noiteboa”, todas as crianças são inimputáveis. No extremo oposto, um cadeirão vazio desde a morte do Avô, um quarto de século atrás, é olhado por adultos com respeito e pelas crianças com temor. Sobre a mesa, marisco, bacalhau (português!) com couve-flor, e o capão recheado, acompanhados por vinho Ribeiro e cidra da casa, (mélhor qué champán!). Sobremesas, frutos secos, “turrón” (duro e mole), as inesquecíveis “filhoas” da Avó, de sangue de porco, com nozes, pinhões e torrões de anis, e, em honra da nora portuguesa, bolinhos de jerimu e rabanadas de leite. O cansaço das crianças traz, finalmente, quietação àquela babel galaico-portuguesa, em que a língua franca é a língua de cada um. Chega o momento de pôr os sapatos na chaminé (os “portugueses” não estarão para os Reis) e de deixar a mesa para os Ausentes, que, presididos pelo Avô, virão, no silêncio da noite, velar o Menino e ajudá-lo a distribuir os presentes pelos sapatos dos netos. Levantada a mesa no dia seguinte, e distribuídas as cinzas do Tizón pelos adultos, fecha-se a Cozinha. Até à próxima Noiteboa. Em vésperas de natal, escrevo na solidão da noite as palavras que a culpa me fez silenciar. Noiteboa, noite de negro-verde, em tempo de jamais! Feliz 2011, Senhores Leitores! n

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Os contos do

Perseguição

E

mbora habituado a estranhos impulsos da mulher, Afonso não reteve o protesto quando a viu equipar-se de fato – de – treino e trocar os sapatos de verniz pelos ténis de corrida. — Onde vais tu, Letícia? — Correr no parque. Preciso, passei um dia enervante e não conseguiria adormecer sem cansar o corpo. Acompanhas-me? Afonso abandonou o livro em que mergulhara com interesse e ouviu a irritação da sua própria voz: — És doida? Faltam minutos para a meia noite, o parque é um deserto negro e, bem sabes, trata-se de um lugar perigoso. — Não me sejas medricas – riu-se Letícia apertando os cordões dos sapatos. Perigoso é qualquer sítio onde uma pessoa se encontre. Quando tu partiste o braço foi por escorregar na banheira. — Por favor, Letícia – insistiu Afonso cada vez mais incomodado com o disparate da mulher. Não era raro ela eliminar calorias numa hora de corrida pelas alamedas do parque mas sempre acompanhada pela amiga Olga ou, de quando em quando, pelo próprio Afonso. E sempre a desportiva jornada ocorrera ao início da manhã ou ao cair da tarde, nunca a entrar na madrugada, quando as próprias ruas da cidade se despem de transeuntes. Tanto mais, o Parque. — A Olga vai contigo? — Não quer. Afinal o discurso dela é semelhante ao teu, o perigo, ai, o perigo, como se o parque fosse um reduto de malfeitores á espera de mulheres parvas para lhes caírem em cima. Vou sozinha, e então? — Então demonstras a mais tonta das imprudências, talvez penses que tarados à coca no parque seja invenção de filmes e séries de televisão. Assaltos e crimes de morte também acontecem por cá, nesse mesmo parque que nos delicia ao sol da manhã são diferentes as noites e por ali se move uma fauna de marginais. Letícia soltou uma gargalhada:

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— Tu não me assustas, Afonso! O que está a acontecer, uma Vaz mais, é que me faltas com o teu apoio sempre que me afasto um pouco do que consideras o procedimento correcto. — Pois bem, avisei-te. Da janela do quarto andar, Afonso ficou a olhar Letícia que se afastava já em passo de corrida, assim aconteceria nas três ruas que distanciavam a casa do parque. E aí, ela percorreria o grande espaço acelerando o movimento das pernas até que o cansaço lhe recomendasse dar o esforço por findo. Afonso tentou retomar a leitura mas em vão. Ouvira contar de assaltos e violações naquele parque, constava, mesmo, que duas mulheres que desafiaram conselhos tinham acabado esfaqueadas. Bem diferente era o ânimo de Letícia ao pisar o corredor central, em passada certa e vigorosa, a respiração calma, o cabelo longo agitando-se à medida dos movimentos do corpo. Na realidade a noite era de breu e a luz baça dos candeeiros não iluminava mais que um apertado circulo em volta. Ninguém. Não sentir a presença de outros seres humanos causava a Letícia uma doce sensação de liberdade plena, só ela e a relva, os arbustos e arvores do parque. Correra já umas centenas de metros quando lhe pareceu ouvir o som de passadas, atrás de si, ainda distantes. Olhou para trás, nada se via para além da escuridão. Mas o ar lavado da noite favorecia o som e o ruído ritmado – Plac! Plac! – anunciava que por aquele mesmo trajecto alguém corria e talvez se aproximasse. Não se assustou. O seu optimismo natural levou-a a pensar que seria outro ocasional atleta, talvez mulher, que não resistira à tentação de uma noite amena e do gosto de correr. De qualquer modo, obliquou para uma álea transversal, na convicção de que assim deixaria de ouvir os passos – Plac! Plac!— pelo menos com a mesma nitidez. Enganou-se. O som parecia mesmo crescer de ANDRÉ LETRIA


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intensidade – Plac! Plac!— sugerindo que quem assim corria viesse na peugada dela. Só então se assustou um pouco e acelerou a passada, consciente de que a sua rapidez de pronto a afastaria de um eventual perseguidor. Perseguidor? Custava-lhe ainda admitir essa eventualidade, mas quando ziguezagueou entre alamedas e o som das passadas à sua retaguarda crescia de nitidez, o susto abeirou-se do pânico. O telemóvel, ligaria ao Afonso, à Olga, á polícia, a quem lhe acudisse na aflição crescente. Zangou-se com ela própria, arrependeu-se do orgulho desatinado que a levara a desprezar os conselhos de Afonso e Olga, lembrava-se agora de ter lido notícias tenebrosas de ocorrências naquele parque. E rezou. Havia muito que não rezava mas o pânico puxava-a agora a pedir a protecção de Deus ou de algum santo especializado em salvar teimosas incautas. Os passos do perseguidor, plac-plac, por vezes assustadoramente próximos, depois mais distantes como se o canalha não resistisse às acelerações desesperada da perseguida, martelavam a noite quase em uníssono com o bater do coração de Letícia. Ela era por natureza resistente e o medo parecia redobrar as forças mas não conseguia afastar-se do perseguidor a ponto de deixar de ouvir o plac- plac de uns passos pesados que seriam de homem, e robusto, talvez um tarado disposto a violá-la, se não a pôr fim à sua existência jovem, com tanto tempo de promessa de vida. Exausta, forcejou ainda por continuar a correr sem quebra de rapidez, mas a respiração ofegante não resultava apenas da fadiga, também do pânico que se apossara dela. Sabia que não ia suportar mais uma centena de metros sem tombar de esgotamento quando ouviu um grito, meio reclamação, meio lamento: — Pára, mulher! Não aguento mais a tua passada! Reconheceu a voz do querido Afonso e sorriu. Aquele medricas não resistira à tentação de vir protegê-la.n JAN 2011 |

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Crónica

Um desejo de Ano Novo António Costa Santos

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N

ão sei como foi convosco, mas esta passagem de ano, cá em casa, foi mais rápida do que é costume, embora até à meia-noite, não se tenha notado nada de anormal. Jantámos com os mesmos amigos de sempre. Ficámos à mesa, como é hábito, a projectar o futuro e a dizer mal do passado, do chefe da Isabel e da Mariza, que o Carlos acha que exagera nos gritos. Ao longo da janta, investigámos as razões por que o "Quem Quer Ser Milionário" nunca deu um prémio de cem mil euros e pegámo-nos acerca de Jesus, porque somos todos do Benfica, mas as opiniões sobre o treinador nos afastam mais do que se fôssemos uns do Glorioso e outros lagartos. Às dez horas, as crianças começaram a chatearse de morte por nunca mais serem horas de bater tampas de tachos à janela. Como nas viagens, perguntavam, de quarto em quarto de hora, se faltava muito e ouviam a resposta que os psicólogos receitam: está quase, vai fazer qualquer coisa para o tempo passar depressa. A isto seguiam-se outras perguntas: se podiam beber aquele restinho de sumo de maçã (era whisky), porque é que o gato as arranhava quando só queriam pôr-lhe uma bandelete de rena, se para o ano as inscrevíamos finalmente na escola de Hogwarts (vai-te informar de quanto custam as propinas), perguntas dessas, até serem, às tantas, enviadas a brincar umas com as outras, "que a gente já vos chama". Depois, como também é costume, Ana, a minha atenta mulher, lembrou-se de que já devia estar quase na hora e, como de costume, foi nessa altura que se acendeu a televisão. Normalmente, o lembrete acontece quando faltam dois minutos

para a passagem de ano e este 31 de Dezembro não foi excepção. Gritámos pelos miúdos e saltámos para junto do televisor. Aos dez segundos para a meia-noite, o pessoal pega nas passas e assiste à contagem decrescente, à espera do zero. Todos menos eu, que tenho sempre a missão de fazer saltar a rolha da garrafa de espumante no momento certo. O resto do povo reconhece que tenho essa arte, embora, ano após ano, se verifique que nunca acerto no timing. A explosão uns anos é precoce, outros atrasada e, em qualquer dos casos, é certo e sabido que o primeiro quarto de litro de champanhe de Lamego vai ao tapete. Mas dá-lhes jeito.

T

odos os anos é assim: os amigos fazem batota, engolem as passas de uva à pressa, para apararem nos copos o espumante, mas Ana, não. Faz questão de cumprir todos os rituais, por isso sobe para cima de uma cadeira e traga as doze passas com cuidado e demoras, pronunciando um desejo por cada uma que trinca. Leva muito tempo, até porque não toma nota prévia dos votos e, às vezes, esquece-se de onde vai e tem de recapitular os que já proferiu. Se isso acontece, por exemplo, quando já está no sete ou no oito, género "que o Papa venha cá e haja amnistia para as multas da EMEL; espera, este era o primeiro; já me perdi", estão a ver o tempo que se perde. Mas adiante. Esta passagem de ano, como já disse, foi anormal e só espero que isso não seja mau sinal. Ana subiu à cadeira e à primeira badalada declarou: "só tenho um desejo para 2011: que a gente sobreviva". Após o que enfiou as doze passas na boca e ficou à espera do meu número da rolha. n


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