Sementes de Esperança
Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre
Abril 2014
Intenções de Oração do Santo Padre Intenção Geral Ecologia e justiça Para que os governantes promovam o respeito pela criação e uma justa distribuição dos bens e dos recursos naturais. > Mais uma intenção a chamar a atenção para a ecologia, para o respeito da criação e para a justa distribuição dos bens e recursos naturais. Países riquíssimos em recursos naturais, porque mal governados ou explorados por uma elite criminosa, ou por países estrangeiros que apoiam a ditadura que governa, têm as suas populações a viver na miséria. > Só um amor que se transforma em justiça e em respeito por todos, pode fazer surgir a equidade, a igualdade, o bem de todos. Como o mundo seria diferente se cada país pudesse viver com dignidade e seus habitantes respeitassem a criação e a justa distribuição dos bens e recursos naturais. Países riquíssimos, com muito petróleo, têm parte da sua população a viver na miséria. Gastam-se fabulosas somas em armamento, em armas nucleares, mas os estômagos estão vazios e as famílias sem meios de cultura. Dário Pedroso, s.j. Intenção Missionária Esperança para quem sofre Para que o Senhor Ressuscitado encha de esperança o coração daqueles que experimentam a dor e a doença. Intenção Nacional Rezemos todos pelo Papa Francisco, para que o Senhor envie sempre sobre ele o Seu Espírito Santo, para que ele possa continuar no Seu serviço, recordando-nos a todos a simplicidade do Evangelho e como as coisas simples, mesmo sendo difíceis e porque o são, são belas. ERRATA: Nas “Sementes de Esperança” de Março, na página 4, onde se lê “Muçulmanos: 6.4%” deve ler-se “Muçulmanos: 93%”. A oração é um dos pilares fundamentais da nossa missão. Sem a força que nos vem de Deus, não seríamos capazes de ajudar os Cristãos que sofrem por causa da sua fé. Para ajudar estes Cristãos perseguidos e necessitados criámos uma grande corrente de oração e distribuímos gratuitamente esta Folha de Oração, precisamente porque queremos que este movimento de oração seja cada vez maior. Por favor, ajude-nos a divulgá-la na sua paróquia, nos grupos de oração, pelos amigos e vizinhos. Não deite fora esta Folha de Oração. Depois de a ler, partilhe-a com alguém ou coloque-a na sua paróquia.
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Reflectir
O estilo de Deus Já se passou um ano desde que o Papa Francisco iniciou o seu ministério petrino. Todos nos recordamos daquele momento em que saudou a multidão que se encontrava reunida na Praça de S. Pedro e pediu humildemente que a Igreja rezasse por ele, para que pudesse, como sucessor de Pedro, continuar o serviço de confirmar os seus irmãos na fé, na Igreja de Roma, que preside no serviço da caridade e da unidade, conforme o desejo do Senhor: que todos sejam um. Desde o primeiro momento o Papa Francisco surpreendeu a Igreja e o mundo, não pelo que diz ou faz, que no fundo se encontra em continuidade com os seus antecessores, desde Pedro, mas sim no modo como diz e como faz. Neste primeiro ano do seu pontificado, o Papa Francisco, na linha do pobre de Assis do qual escolheu o nome, e de Santo Inácio de Loyola, tem procurado com audácia levar por diante a necessária e constante renovação da Igreja. A encíclica Lumen Fidei tocou-me muito pela insistência no amor que nos precede. O sentido último da existência de cada homem é ter sido amado desde sempre; o sinal máximo desse amor é Jesus Cristo; servir esse amor é a missão da Igreja. A Evangelii Gaudium surpreende pela coragem com que convoca a Igreja para a missão da evangelização a partir da alegria, que resulta da experiência profunda que constitui o cristão a partir do acto reconhecido de ser amado por
Deus que é amor e cujo sinal desse amor se encontra no mistério do Coração de Jesus. Tomar a alegria como programa de vida e de acção significa partir do coração do Evangelho. Quanto ele fala das periferias, isso pode ser entendido sociologicamente; mas também pode sê-lo no sentido de o homem andar longe, de si, dos outros e de Deus, e por isso ir às periferias é um desafio a que a Igreja esteja atenta ao mistério do pecado e da iniquidade que coloca o homem longe de si, na periferia de si mesmo, em estado de alienação. Mas o estilo do Papa Francisco surpreende sobretudo porque torna a vivência do Evangelho tão simples; mas aí está também a maior dificuldade, que julgo que hoje a maior parte das pessoas ainda não se deu conta. Esta simplicidade como estilo do Papa Francisco, recorda-me um diálogo entre S. Filipe de Neri e um dos seus filhos espirituais que um dia lhe perguntava: Padre Filipe, porque é tão difícil viver o Evangelho? Porque é simples, respondeu-lhe o santo. O estilo da simplicidade que o Papa Francisco cultiva é assim uma provocação no bom sentido do termo, pois a simplicidade do Evangelho passa pela lógica e pelo caminho da cruz. E aqui começa e termina também a dificuldade, que não sei se a actual geração dela já se apercebeu e se está disposta a viver esta aventura. P. José Jacinto Ferreira de Farias, scj Assistente Espiritual da Fundação AIS
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Rep. Centro-Africana Superfície 622.984 Km2
• Líbia
• Argélia
População 4,5 milhões de habitantes
• Egipto
• Mali • Niger • Chade
Religiões
• Sudão
Católicos: 20,4 % Protestantes: 15,1 % Animistas: 18,4 % Muçulmanos: 14,7 % Outros: 31,4 %
• Nigéria
• Rep. Centro-Africana • Camarões
Língua Oficial Francês e Sango
• Rep. DemocráticaŁ do Congo
República Centro-Africana:
Uma rebelião que ameaça a paz religiosa Os adversários do presidente centro africano Bozizé tomaram o poder pela força. Será que a subida ao poder de rebeldes muçulmanos, faz temer a chegada de uma perseguição contra um povo maioritariamente cristão? A República Centro-Africana é, há mais de um ano, alvo de perturbações políticas. Mas foi a 24 de Março de 2013 que os acontecimentos sofreram uma reviravolta dramática: o Seleka, rebelião heteróclita vinda do norte, entra na capital, Bangui, e destitui François Bozizé, presidente da República e o seu Governo. Hoje em dia, o país e particularmente a capital são ainda alvo de perturbações e pilhagens. Aos desmandos, infelizmente habituais neste tipo de situações, acresce o espectro da violência religiosa. 4
A República Centro-Africana é maioritariamente habitada por cristãos – protestantes e católicos – mas o Norte, com fronteira com o Chade e o Sudão, conta também com uma importante minoria muçulmana que parece muito bem colocada no novo poder representado pelo Seleka. Deste modo, Michel Djotodia é, contrariamente ao que o seu nome próprio dá a entender, um fiel do Islão. O chefe da coligação rebelde, que se tinha auto-proclamado presidente após a tomada de Bangui, em 24 de Março, foi “eleito”
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Rep. Centro-Africana
©Lusa
Desde Dezembro de 2012, sacerdotes, bispos, religiosos e religiosas foram atacados e assaltados, ameaçados e raptados, as missões vandalizadas, e as igrejas saqueadas e profanadas. Os Cristãos vivem em permanente sobressalto.
presidente da República, aquando da primeira sessão do Conselho Nacional de Transição (CNT), a 13 de Abril de 2013. Era o único candidato. Por isso, a população de Bangui, alertada sobretudo pelos acontecimentos dos países vizinhos como a Nigéria, onde a seita islâmica Boko Haram espalha o terror, sente-se inquieta com os novos dirigentes. Logo em 26 de Março de 2013, dois dias após o golpe de Estado, D. Dieudonné Nzapalainga, Arcebispo de Bangui, alertava a comunidade internacional para a possibilidade de um conflito religioso que criaria raízes no meio da desordem política: “É preciso proteger os padres, os pastores e os imãs. Faço o apelo a todo o mundo. Os homens de Deus devem ser protegidos. Esta crise é política; não se pode deixá-la desviar para um cariz religioso.”
Oração Para que a Ressurreição de Jesus anime o coração dos padres, missionários e religiosas que se recusam a abandonar estes seus irmãos na fé, nós Te pedimos Senhor!
Alvos ou danos colaterais? Uma reacção que não foi apenas provocada pelo medo, mas por uma realidade já a caminho de se instalar. “Deste modo”, continuou ele: “Domingo (24 de Março), em frente da catedral, homens e mulheres que tinham vindo rezar foram roubados à saída da igreja por pessoas que também queriam levar à força os seus carros.” Trata-se de “danos colaterais” próprios dos períodos de perturbação ou preparam-se também aqui, de modo mais grave, ajustes de conta religiosos? É difícil responder com exactidão a esta pergunta. Entretanto, nomeadamente na Santa Sé, como a 27 de Março o disse claramente o Papa Francisco, segue-se e evolução da situação, muito de perto. Pelo facto da República Centro-Africana não ser um país sem litoral, as notícias difundem-se com dificuldade. Além disso, tem poucos amigos verdadeiros: durante muito tempo, o antigo presidente Bozizé, apoiou-se nos seus “irmãos” da maçonaria, Sassou N’Guesso do Congo, Bongo filho do Gabão e Déby do Chade, mas a sua ingratidão para
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Rep. Centro-Africana Os bispos receiam o clima de tensão que reina no país: falta de governação e atenção aos direitos humanos… A Igreja é praticamente a única organização que continua a prestar auxílio à população. Tudo o resto deixou de funcionar.
com eles, quando o recolocaram no poder após uma primeira revolta do Seleka, levou-os a abandoná-lo. Hoje, não há dúvida que Idriss Déby, presidente do Chade, que triunfa no Mali ao lado da França e a quem a queda de Kadhafi livrou de um rival do norte, pretende subjugar a República Centro-Africana.
Os lapidários da RCA? A origem das tropas militares do Seleka ainda é nebulosa: diz-se que são principalmente constituídas e dirigidas por muçulmanos vindos do Chade, talvez da Líbia e ainda do Darfur (Djandjawid). Nourredine Adam, o general mais carismático, é um centro-africano muçulmano oriundo do Norte e treinado pelos Israelitas. Também é certo que a rebelião teria sido financiada pelos lapidários da RCA que Bozizé tinha espoliado. Contudo, se os muçulmanos do norte, que consideram terem sido muitas vezes maltratados pelos regimes anteriores, estão certamente animados por um desejo de vingança, o grande medo das pessoas do sul foi também criado por François Bozizé, 6
que contava com estas divisões internas no país para se manter no poder e obter o apoio da população de Bangui. Uma estratégia que fracassou claramente, mergulhando a nação num caos indubitável. Este golpe de Estado acontece num país que, não o esqueçamos, sofre de uma crise humanitária crónica: a esperança de vida é apenas de 48 anos, a mais fraca do mundo a seguir ao Malaui; a mortalidade infantil é superior à contabilizada na Somália durante a fome de Julho de 2011; os habitantes sofrem geralmente de paludismo, sida, tuberculose, desnutrição e sarampo, que provocam todos os anos milhares de mortos. A energia eléctrica e as comunicações foram cortadas durante algum tempo em Bangui. Nas aldeias, comunidades inteiras foram privadas dos serviços básicos de saúde, escolares ou de géneros alimentícios. Segundo fontes da Cruz-Vermelha Centro-Africana, calcula-se que a 15 de Abril só na capital 119 pessoas tenham sido mortas, 272 feridas e 146 traumatizadas psicologicamente, especialmente por causa
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Rep. Centro-Africana D. Juan José Aguirre, missionário comboniano e Bispo de Bangassou: “Roubaram-nos todos os meios de transporte para chegarmos às nossas missões. Agora vou a pé, com a minha mochila, a todos os lugares. Há uma fúria brutal contra a Igreja Católica mas, com a ajuda de Deus, havemos de conseguir sobreviver.”
dos tiroteios. Em Bangui e noutras cidades foram saqueados edifícios públicos, estruturas humanitárias e património da Igreja. Pior ainda, segundo a agência do Vaticano, Fides, estavam implicados no conflito mais de 600.000 crianças-soldado. Em contrapartida, desde 11 de Abril que os jovens da capital se manifestam contra as pilhagens. A sua acção foi desencadeada pela morte de um motorista de táxi e ameaça aumentar ainda mais a anarquia, mesmo que se apresentem como grupos de auto-defesa. Paralelamente, os militares chadianos que constam da lista da FOMAC (Força Multinacional da África Central) relacionados com os homens do Seleka começaram a restabelecer alguma ordem com a recuperação das armas que circulavam na capital. No plano político, o Conselho Nacional de Transição, estabelecido por Michel Djotodia, é composto por 105 membros oriundos da sociedade civil, dos grupos religiosos e da diáspora. O auto-proclamado presidente garante também que, em breve, o país terá uma Constituição e que haverá eleições. Tudo
isto, que deslumbra o mais apressado e se assemelha politicamente a uma farsa, não responde às questões de fundo: há ou não uma ruptura fulcral no seio da população centro-africana? O país de Bokassa, embora profundamente subdesenvolvido, viveu até agora ao ritmo dos golpes de Estado, numa certa harmonia civil. Não eram contáveis massacres em massa nem tensões inter-étnicas ou inter-religiosas demasiado importantes, contrariamente ao que se passava com alguns dos seus vizinhos. País pequeno, esquecido pelas grandes potências, vivia pobremente, mas sem medo. Ora hoje, o sentimento de insegurança e o medo da guerra civil ou religiosa crescem grandemente. É este o ponto de vista da romancista francesa Calixthe Beyala, cuja mãe era centro-africana, que evoca as religiosas de Bangui “regularmente molestadas pelos rebeldes”. As notícias correm depressa. Pelo contrário, o sultão El Hadj Ben Outman de Birao, figura muçulmana de Vakaga, afirma que “o Seleka existe para diminuir o sofrimento do povo centro-africano”.
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Rep. Centro-Africana Também assegura que “a República CentroAfricana foi sempre um Estado laico e (que) nada irá mudar nesse aspecto”. São belos discursos ou é a realidade?
Oração Para que Deus Pai misericordioso escute os apelos dos Seus filhos, e mitigue o terror e a violência que atormentam esta nação, nós Te pedimos Senhor!
Insuspeito de condescendência A história e a configuração geo-política actuais estão sobretudo a favor de um apaziguamento religioso: deste modo, Déby, o presidente todo-poderoso do vizinho Chade, não é alvo de suspeitas de condescendência com os Muçulmanos, ainda que tenha acontecido aproveitar-se deles ocasionalmente, aqui e ali. Resta apenas esperar que os centros-africanos pretendam apenas ser temidos neste plano e que os ajustes da conta religiosos não se adicionem ao caos civil e político. Tanto mais que tudo leva a crer que Michel Djotodia não conseguirá governar sozinho e que depressa será substituído ou enganado por políticos mais hábeis, como Nicolas Tiangaye, tido como muito mais moderado e com a vantagem de não ser refém de bandos armados supostamente islâmicos.
Oração Para que a comunidade cristã da Rép. Centro-Africana possam contar com a ajuda e união de orações dos seus irmãos na fé de todo o mundo e, assim, ver a vida renascer, nós Te pedimos Senhor! 8
A tomada de poder em directo de Bangui D. Aguirre, missionário comboniano e Bispo de Bangassou, encontrava-se, precisamente em Bangui no dia 24 de Março. Dá o seu testemunho à AIS: “Estávamos na Missa de Domingo de Ramos quando, às 7.55 h, se ouviram tiros de armas pesadas e de metralhadoras contra o palácio. Na Casa Comboni, estávamos no centro da batalha que só durou 3 horas. Outro grupo, o Seleka, em parte composto por chadianos e janjawids sudaneses, entrou na catedral, armado até aos dentes. A Missa estava quase no fim. Os rebeldes começaram a atirar rajadas de metralhadora para o tecto ao mesmo tempo que pediam a todos os que tinham carros ou motas estacionados no adro, as chaves dos mesmos. Os fiéis atiraram-se para o chão e as crianças choravam aterrorizadas. Continuaram a disparar até já não haver chaves.
História de uma chegada ao poder A seguir ao acordo de Libreville, a 11 de Janeiro, Michel Djotodia, oriundo de Vakaga, enclave setentrional do país, é nomeado primeiro-ministro. Dois meses depois apodera-se do poder. Mas o Seleka, que quer dizer “coligação” em língua sango – a principal do país – tem pés de barro. Enquanto se suspeita que foi armada e apoiada por Idris Déby, outros rumores assinalam a presença, nas suas fileiras, de janjawids, rebeldes sudaneses muçulmanos, bem como de vários bandos islâmicos. Djotodia vai certamente ter de se entender com Nicolas Tiangaye, figura muito popular da oposição democrática, primeiro-ministro do Governo de união nacional nascido dos acordos de Libreville e que é conhecido por ter grandes ambições.
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Oração
Regina Coeli
Durante o Tempo Pascal, os fiéis são convidados a recitar o Regina Coeli que substitui o tradicional Angelus. Esta oração convida-nos a alegrar-nos com o grande mistério da Ressurreição do Senhor, à semelhança de Maria. É muito provável que tenha sido composta nos séculos X ou XI e introduzida na Liturgia pelo Papa Bento XIV em 1742. No início, tal como o Angelus, era uma oração própria dos mosteiros, mas que aos poucos foi sendo difundida entre todos os fiéis. Esta oração pode ser recitada, ou cantada, de manhã (6h), ao meio-dia e à noite (18h).
Regina Coeli Rainha dos Céus, alegrai-Vos. Aleluia. Porque Aquele que trouxeste em vosso ventre. Aleluia. Ressuscitou como disse. Aleluia. Rogai por nós a Deus. Aleluia. V. Alegrai-Vos e exultai, ó Virgem Maria, Aleluia. R. Porque o Senhor ressuscitou verdadeiramente. Aleluia. Oremos: Ó Deus, que Vos dignastes alegrar o mundo com a Ressurreição do Vosso Filho, Nosso Senhor, Jesus Cristo, concedei-nos que, por Sua Santa Mãe, a gloriosa Virgem Maria, alcancemos os inefáveis gozos da vida eterna. Pelo mesmo Jesus Cristo, Nosso Senhor. Ámen. Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre
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Meditação HOMILIA DO SANTO PADRE FRANCISCO NA VIGÍLIA PASCAL (Sábado Santo, 30 de Março de 2013)
Amados irmãos e irmãs! 1. No Evangelho desta noite luminosa da Vigília Pascal, encontramos em primeiro lugar as mulheres que vão ao sepulcro de Jesus levando perfumes para ungir o corpo d’Ele (cf. Lc 24, 1-3). Vão cumprir um gesto de piedade, de afeto, de amor, um gesto tradicionalmente feito a um ente querido falecido, como fazemos nós também. Elas tinham seguido Jesus, ouviram-No, sentiram-se compreendidas na sua dignidade e acompanharam-No até ao fim no Calvário e ao momento da descida do seu corpo da cruz. Podemos imaginar os sentimentos delas enquanto caminham para o túmulo: tanta tristeza, tanta pena porque Jesus as deixara; morreu, a sua história terminou. Agora se tornava à vida que levavam antes. Contudo, nas mulheres, continuava o amor, e foi o amor por Jesus que as impelira a irem ao sepulcro. Mas, chegadas lá, verificam algo totalmente inesperado, algo de novo que lhes transtorna o coração e os seus programas e subverterá a sua vida: vêem a pedra removida do sepulcro, aproximam-se e não encontram o corpo do Senhor. O caso deixa-as perplexas, hesitantes, cheias de interrogações: «Que aconteceu?», «Que sentido tem tudo isto?» (cf. Lc 24, 4). Porventura não se dá o mesmo também connosco, quando acontece qualquer coisa de verdadeiramente novo na cadência diária das coisas? Paramos, não entendemos, não sabemos como enfrentá-la. Frequentemente mete-nos medo a novidade, incluindo a novidade que Deus nos traz, a novidade que Deus nos pede. Fazemos como os apóstolos, no Evangelho: muitas vezes preferimos manter as nossas seguranças, parar junto de um túmulo com o pensamento num defunto que, no fim de contas, vive só na memória da história, como as grandes figuras do passado. Tememos as surpresas de Deus. Queridos irmãos e irmãs, na nossa vida, temos medo das surpresas de Deus! Ele não cessa de nos surpreender! O Senhor é assim. Irmãos e irmãs, não nos fechemos à novidade que Deus quer trazer à nossa vida! Muitas vezes sucede que nos sentimos cansados, desiludidos, tristes, sentimos o peso dos nossos pecados, pensamos que não conseguimos? Não nos fechemos em nós mesmos, não percamos a confiança, não nos demos jamais por vencidos: não há situações que Deus não possa mudar; não há pecado que não possa perdoar, se nos abrirmos a Ele. (…) Nesta Noite de luz, invocando a intercessão da Virgem Maria, que guardava todos os acontecimentos no seu coração (cf. Lc 2, 19.51), peçamos ao Senhor que nos torne participantes da sua Ressurreição: que nos abra à sua novidade que transforma, às surpresas de Deus, que são tão belas; que nos torne homens e mulheres capazes de fazer memória daquilo que Ele opera na nossa história pessoal e na do mundo; que nos torne capazes de O percebermos como o Vivente, vivo e operante no meio de nós; que nos ensine, queridos irmãos e irmãs, cada dia a não procurarmos entre os mortos Aquele que está vivo. Assim seja.
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Meditação Canonização Papa João XXIII e Papa João Paulo II © Fotografia Felici
E
m 1962, o Pe. Werenfried participou no Concílio Vaticano II em Roma, na qualidade de consultor. Aí encontrou-se com sessenta bispos dos países da Cortina de Ferro que recebiam ajuda directa ou indirecta da Fundação AIS. O Papa João XXIII pediu-lhe: “Porque é que pensa apenas na Igreja de Leste? Por favor, não se esqueça das necessidades da Igreja no nosso continente mais católico. Ajude também a América Latina!” O Santo Padre preocupava-se com as péssimas condições sociais aí existentes e com o perigo das convulsões populares propiciarem a ascensão de regimes totalitários e ateus ao poder. O Pe. Werenfried visitou então seis países da América Latina e preparou um orçamento de ajuda de 800.000 dólares para o ano de 1963.
O Cardeal de Viena e o Arcebispo de Salzburgo com o Pe. Werenfried numa audiência com o Papa João XXIII para analisarem a expansão da Obra.
O
jovem pastor Karol Wojtyla conhecera o fundador da nossa Obra quando era ainda porta-voz dos bispos polacos. Tratava-se de projectos de ajuda à Igreja na Polónia sob o regime comunista. E foi este jovem Arcebispo que lutou contra o projecto de uma cidade operária sem Deus e sem Igreja, como seria Nowa Huta, perto de Cracóvia. Com o auxílio da Fundação AIS, iniciou corajosamente a luta pela construção de uma grande igreja. Quando Karol Wojtyla foi eleito Sumo Pontífice, o Pe. Werenfried pressentiu que se iniciava uma época promissora e de desafio para a Fundação AIS. Este Papa vindo do Leste, da Polónia mártir, era para a nossa Obra, tenaz defensora da Igreja perseguida, um sinal especialíssimo de Deus. O Pe. Werenfried pôs-se imediatamente ao serviço incondicional do Pontificado de João Paulo II. Assim o documentam muitos projectos pastorais. O que se lê no testamento do Pe. Werenfried perpetua apenas o que ele lealmente praticou: “… que não apenas a ordem mas também o simples desejo do Santo Padre seja suficiente para que um projecto seja aprovado.” A afectuosa amizade entre João Paulo II e o Pe. Werenfried começou no tempo da guerra fria e durou quase 40 anos.
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Destaque Suporte de Vela São João Paulo II Suporte de vela em vidro fosco com a imagem do Papa João Paulo II em tons dourados, a inscrição “Totus Tuus”, a sua assinatura e a data da canonização. Oferta de uma pagela de oração. Vela aromática incluída. Formato: 8 x 9,5 cm
Cód. DI065
€ 7,50
Livro “O Bom Papa” O Papa João XXIII continua a ser uma das figuras mais amadas e notáveis na história da Igreja Católica. Carinhosamente conhecido como Il Buono Papa, ou o Papa bom, João XXIII é recordado hoje, tanto por Católicos como não-católicos, como um símbolo duradouro da paz, ecumenismo e da espiritualidade cristã. Em “O Bom Papa”, Greg Tobin narra a admirável história de João XXIII, desde a sua infância pobre em Bergamo, Itália, e o seu mandato bem sucedido como núncio apostólico numa Europa devastada pela guerra, à ascendência surpresa ao trono de São Pedro.
Cód. LI078
256 páginas
€ 15,95
SEMENTES DE ESPERANÇA - Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre PROPRIEDADE Fundação AIS DIRECTORA Catarina Martins de Bettencourt REDACÇÃO E EDIÇÃO P. José Jacinto Ferreira de Farias, scj, Maria de Fátima Silva, Alexandra Ferreira, Ana Vieira e Félix Lungu FONTE L’Église dans le monde – AIS França FOTOS © Fundação AIS, © LUSA, © Fotografia Felici
CAPA PERIODICIDADE IMPRESSÃO PAGINAÇÃO DEPÓSITO LEGAL ISSN
Autor desconhecido 11 Edições Anuais Gráfica Artipol JSDesign 352561/12 2182-3928
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