Sementes de Esperança
Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre
Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre
ABRIL: Por uma cultura da não violência Rezemos pela maior difusão de uma cultura da não violência, que implica um menor recurso às armas, seja da parte dos Estados, seja da parte dos cidadãos.
A Consignação de 0,5% do IRS não tem qualquer custo para si. Para tal, basta que no Modelo 3, Quadro 11, Campo 1101, seleccione a opção “Instituições religiosas”. OBRIGADO!
SEMENTES DE ESPERANÇA - Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre
PROPRIEDADE
DIRECTORA
REDACÇÃO E EDIÇÃO
FONTE FOTOS
Fundação AIS
Catarina Martins de Bettencourt
Pe. José Jacinto Ferreira de Farias, scj, Alexandra Ferreira
L’Église dans le monde – AIS França
© AIS
CAPA
PERIODICIDADE IMPRESSÃO PAGINAÇÃO DEPÓSITO LEGAL
ISSN
Charles Le Brun, Ressurreição de Jesus Cristo
11 edições anuais
Gráfica Artipol
JSDesign
352561
12, 2182-3928 Isento
Há tempos assisti a uma mesa redonda, na qual participavam dois filósofos italianos, e o tema em discussão era a “salvação”.
O que me impressionou foi a orientação que o debate seguiu, ou seja, de entender a “salvação” no sentido de plena saúde integral do homem, nas suas dimensões físicas, morais e espirituais, que estão permanentemente ameaçadas pela “morte”, que é um limite irrecusável, de modo que não há autêntica salvação, - que também pode ser entendida como libertação da escravatura ou redenção do pecado -, que não salve da morte. A salvação plena do homem só é real se for possível salvar da morte.
Um dos filósofos participantes na mesa redonda era o italiano E. Severino, recentemente falecido,
segundo o qual a razão da ciência e da filosofia em geral, o que move o homem a cultivar os diversos domínios do saber, é a tentativa de vencer a morte, tal o instinto, o desejo mais profundo de viver, que anima todos os seres vivos, particularmente o homem, para o qual a morte dos outros, como evocação da própria morte, é algo repugnante, contraditório do profundo desejo de viver. Não é, portanto, a admiração pela beleza e harmonia do Universo; não é a surpresa perante o facto de haver o ser e não o nada, embora tudo isto seja significativo, mas sim a luta contra a morte que está na origem das ciências e da filosofia. O medo perante a morte é que move o homem à procura, pela ciência e pela filosofia, se não a vencer a morte, pelo menos a encontrar para ela algum sentido. E a história da ciência e da filosofia é a narração desta busca
de sentido, que cada geração recomeça de novo a percorrer o mesmo caminho, sem lhe encontrar uma resposta. A conclusão dessa mesa redonda foi que a morte não pode ser vencida: ela precisa de ser redimida, salva.
Na Quinta-Feira Santa evocamos a agonia de Jesus no horto. Os Evangelhos narram a “tristeza de morte” que Jesus sentiu naquela hora. É uma das cenas que mais me toca em todo o Evangelho, na qual se manifesta a profunda humanidade de Jesus, o qual assumiu toda a nossa natureza mortal e o pavor perante a morte. Mas a narrativa pascal mostra-nos Aquele, que sentindo o horror perante a morte, na obediência filial até à morte – “Pai, nas Tuas mãos entrego o Meu espírito” - venceu e redimiu a morte. S. Paulo proclama o querigma pascal; “morreu, segundo as Escrituras; ressuscitou, segundo as Escrituras” (1Cor 15,3-4).
ressuscitou! Aleluia”. Esta é a palavra que só a Igreja pode proclamar: Cristo venceu a morte, Cristo redimiu a morte e deu-nos o Seu Espírito para podermos participar nesta vitória: “Não temas: Eu sou o primeiro e o último. O que vive, conheci a morte, mas eis-me aqui vivo pelos séculos dos séculos. E tenho as chaves da Morte e do Inferno” (Ap 1,17-18).
Se a filosofia, segundo Severino, é movida pela tentativa de encontrar pelo menos um sentido para a morte, a teologia e o mistério da Igreja vivem na sua história – uma história da verdade e da caridade – do anúncio vitorioso da salvação da morte, porque a Igreja é a comunidade dos viventes, cuja missão é irradiar para o mundo o suave perfume de Cristo: “somos para Deus o bom odor de Cristo entre os que se salvam e entre os que se perdem” (2Cor 2,15).
Na Páscoa ouvimos este solene anúncio pascal: “o Senhor
Superfície:
1,910,931 km2
População:
272,2 milhões
Religiões:
Muçulmanos: 79,5%
Cristãos: 12,2%
Religiões tradicionais: 2,1%
Outras: 1,9%
Hindus: 1,6%
Novas religiões: 1,4%
Agnósticos: 1,3%
Língua:
Indonésio, javanês, malaio
O vasto arquipélago de forte maioria muçulmana balança num autoritarismo com as cores do fundamentalismo. Joko Widodo, chamado Jokowi, o actual presidente, pretende fundar uma dinastia política com o apoio de fundamentalistas religiosos… E este facto coloca o seu trono sobre um barril de pólvora.
Ao lado do príncipe Kaesang Pangarep em tronco nu, com um drapeado até à cintura de tecidos luxuosos com reflexos de ouro, a antiga rainha de beleza Erina Gudono representa maravilhosamente o papel de nova princesa da Indonésia. Empoleirada na sua carruagem enfeitada, saúda com gestos de rigor aristocrático que não teria destoado numa cerimónia com a presença da família real britânica. Pelo contrário, o fausto das roupas e dos cenários teria, em comparação, tornado o casamento de Kate Middleton uma simples “garden party”.
Seis mil convidados escolhidos com muito cuidado, festejam protegidos por uma força de segurança de 12 mil homens. Esta cerimónia grandiosa não acontece para selar a união de um par real autêntico, mas do segundo filho do Presidente indonésio, Joko Widodo, chamado Jokowi. Na assistência, há alguns que não apreciam o ambiente festivo, como Anies Baswedan, o antigo governador de Jacarta e actual ministro da Educação e Cultura. Tem na sua mão crispada uma cana talhada em chifre de veado, que supostamente terá
pertencido a Maomé. Afirmou publicamente que combateria o Tagut, o idólatra, ou seja, o próprio Jokowi!
É impossível ignorar os sentimentos reais desse personagem contra o chefe daquele lugar. No entanto, seria difícil não o convidar. Anies representa no inconsciente colectivo dos Indonésios, uma franja da sociedade relativamente pouco numerosa mas muito activa, os radicais islâmicos. Vai regularmente à mesquita e revela a sua proximidade com diversos grupos islâmicos extremistas. Entre eles figura o grupo Frente Islâmica Pembela (FPI), “Frente dos Defensores do Islão”, que foi dissolvida em 2020 por “terrorismo”.
Ora, a religião representa um calcanhar de Aquiles para Jokowi, o homem que assume publicamente ouvir heavy metal, ou seja, música contemporânea e pouco de acordo com os ensinamentos do Corão. Foi atacado por este motivo durante a sua campanha, pois desconfiava-se que seria um cristão disfarçado.
Teve de contra-atacar, revelando a sua certidão de casamento, para provar que pertencia à Oumma e assegurar que estava pronto a aceitar o desafio da recitação das suras.
Jokowi sonha vir a ser o fundador de uma nova dinastia. Prepara ostensivamente um terceiro mandato, o que não é permitido pela Constituição. E se a oposição a este projecto se revelar demasiado forte, já previu um plano de sucessão para o seu filho mais velho. Gibran Rakabuming, já presidente da Câmara de Solo, representa um delfim designado para satisfazer as ambições reais de Jokowi. Imagina-se como Sokarno, o primeiro presidente indonésio, que foi um ditador cujo poder estava estreitamente ligado ao exército.
Mas, enquanto Sokarno reprimia ferozmente os movimentos islâmicos, Jokowi aposta em englobá-los, daí o convite a Anies. Cada um representa um ramo do Islão, as
oligarquias muçulmanas com Jokowi e os populistas muçulmanos com Anies.
Dois movimentos inimigos, pelo menos na aparência, pois quem se interessar pelo curriculum vitae do campeão dos islamistas populistas constatará várias falhas no seu percurso. Anies, ex-reitor da academia, nem sempre teve um perfil islamista.
Para encontrar os primeiros laivos de fervor religioso em Anies, há que recuar a 2016, aquando da sua candidatura ao lugar de governador de Jacarta. Estava a ponto de perder para o anterior, Basuki Tjahaja Purnama, chamado “Ahok”. Mas Ahok, o cristão, afirmou durante a campanha da sua recandidatura que “a interpretação de alguns teólogos de um versículo do Corão, segundo o qual um muçulmano deve eleger um dirigente muçulmano, está errada”. Esta frase, bem aproveitada pelo lado de Anies, permitia tornar esta eleição numa confrontação religiosa. Era o candidato dos Cristãos contra o dos Muçulmanos. Estes últimos, tendo a vantagem do nome,
só podiam aproveitar a oportunidade. Ahok foi condenado a dois anos de prisão por “blasfémia”, a 9 de Maio de 2017, devido à frase que pronunciou durante a campanha. Estes acontecimentos deixam poucas possibilidades ao seu futuro político. Tinha, no entanto, granjeado sucessos, devido à sua luta contra os engarrafamentos monstruosos que asfixiam a capital e pela sua política anti-corrupção.
Para que o aumento da influência do Islamismo na Indonésia não coloque em maior perigo os Cristãos, nós Te pedimos Senhor.
Anies foi então preferido e ambicionava subir para o supremo lugar em vez de Jokowi. Será provavelmente candidato às presidenciais de 2024. Ao mesmo tempo, Jokowi continua a alimentar os seus sonhos dinásticos, o que nos faz prever esta dupla trágico-cómica à frente do
Estado: o aspirante a monarca apoiado em Tartufo. O presidente que quer ser rei e o seu aliado que quer ser presidente.
A colaboração destas duas correntes inimigas do Islão político deu à luz uma série de leis inspiradas na sharia. Entre elas, a condenação das relações sexuais fora do casamento, que podem levar até um ano de cadeia. Uma lei que impede de criticar o presidente, muito vantajosa para ele, bem como o vice-presidente ou a bandeira nacional. Enfim, uma série de medidas relacionadas com “as leis anti-blasfémia”.
“A situação é subtil mas, para quem sabe ler as leis, torna-se evidente que cada vez é mais provável que supostos opositores possam ser lançados para a prisão sob pretexto de ofenderem uma comunidade religiosa. E, quando dizemos comunidade religiosa, leia-se os Muçulmanos!” denuncia um cristão indonésio anónimo. Estas medidas não acarretam directamente o nome de “leis anti-blasfémia”, mas condenam severamente todos os que tiverem a ousadia de ter um discurso crítico sobre o Islão e os Muçulmanos.
Trata-se de um ponto sensível na Indonésia, onde os casos de pessoas presas e maltratadas na prisão por causa de um discurso classificado de blasfemo se multiplicam. Muhammad Kacé, com uma pena de cinco anos de prisão depois de ter sido torturado de forma infame em 2021, é um exemplo eloquente. Antigo muçulmano convertido ao Cristianismo, respondia aos pregadores muçulmanos através de vídeos publicados no YouTube, o que fez cair sobre ele a raiva do conselho dos ulemás.
Oração
Para que os Cristãos na Indonésia sejam respeitados e livres de praticar a sua religião, nós Te pedimos Senhor.
Em Dezembro de 2022, o cristão copta Gracia Pello foi metido num carro da polícia pelas mesmas razões. Mais uma vez, a polícia agiu sem pré-aviso, como se o homem fosse um criminoso perigoso. Está à espera do seu processo e arrisca três a cinco anos de cadeia.
Do fundo da sua prisão, outro cristão, antigo muçulmano, também condenado por “blasfémia”, explica os “dois pesos e duas medidas” que reinam na interpretação das leis: “Se escrevo que o Islão ensina o terrorismo, não é permitido. Se um muçulmano prega que nas igrejas católicas há imagens de Jesus, o que prova que os Cristãos são idólatras, é autorizado. (…) Só existe tolerância para o Islão”, denuncia.
Quando as novas leis forem aplicadas, os Muhammad Kacé ou Gratia Pello terão provavelmente como companheiros de cela jornalistas ou opositores políticos. Os motivos para prisão vão-se tornando tão pouco objectivos que permitem qualquer arbitrariedade. Assim, o artigo 302, que sanciona cinco anos de prisão para qualquer pessoa que “cometa” ou “exprima” hostilidade contra uma religião, pode ser largamente interpretado.
O artigo seguinte, 304, introduz uma novidade na Indonésia, um texto legal que pode ser interpretado como uma lei
O autoritarismo do presidente arrisca-se a fragilizar o futuro do país.
anti-conversão, como existe em alguns
Estados da Índia: “Qualquer pessoa que publicamente incite outros com a intenção de os levar a renunciar a uma religião ou crença existente na Indonésia, é punida com uma pena de prisão até dois anos ou ao pagamento de uma multa até ao máximo da categoria III.” Trata-se provavelmente de uma resposta por parte das autoridades que introduziram este artigo ao movimento de conversões que agita a Indonésia.
As minorias indonésias, tanto os Cristãos como os adeptos das religiões tradicionais, sabem o risco que representam estas leis, não só para eles mas também para o conjunto da sociedade indonésia. Mesmo os que têm vantagens na situação actual, como Jokowi ou Anies, deveriam saber que não se pode usar o Islão impunemente para fins políticos. Rapidamente o feitiço se vira contra o feiticeiro.
Para que na Indonésia exista uma clara separação entre a política e a religião, nós Te pedimos Senhor.
As cinco regiões da Guiné ocidental, sob o domínio indonésio, são o teatro de abusos das forças de segurança indonésias. Nem jornalistas, nem instituições como a Fundação AIS podem actuar na região, tal é a pressão do Governo. Os independentistas são classificados como “terroristas” e o chefe da polícia de Maybrat – a oeste da Papua ocidental – ordenou, em Dezembro de 2022, que “todos fossem detidos, vivos ou mortos”.
A 7 de Dezembro de 2022, Hisham Bin Alizein, ou seja Umar Patek, foi libertado da prisão de Surabaya após 11 anos de prisão, com uma sentença de 20 anos. O homem, ligado à Al-Qaeda, tinha fabricado as bombas que destruíram duas discotecas em 2002, provocando 202 mortos. Nesse mesmo dia, um outro muçulmano radical, Agus Sujatno, cometeu um atentado suicida no pátio da esquadra da polícia em Bandung, aquando da chamada da manhã, matando uma pessoa.
Existe uma fascinante unidade entre os Domingos e as datas-chave deste
belíssimo tempo litúrgico que estamos a viver.
Para entender melhor o que é o Domingo da Misericórdia, antes precisamos de entender melhor o tempo litúrgico em que estamos: é o Tempo Pascal, período que dura 50 dias que são “como um só”:
“Os 50 dias entre o Domingo da Ressurreição e o Domingo de Pentecostes devem ser celebrados com alegria e júbilo, como se se tratasse de um só e único dia festivo, como um grande Domingo” (Normas Universais do Ano Litúrgico, nº 22).
O Tempo Pascal começou na Vigília Pascal, com a Ressurreição de Cristo, e é celebrado durante sete semanas, até a vinda do Espírito Santo no Domingo
de Pentecostes (que significa, em grego, “50 dias”).
Este tempo litúrgico de imensa força e significado é uma profunda celebração da Páscoa de Cristo, que passa da morte à vida – a palavra “Páscoa”, aliás, significa precisamente “passagem”, conforme o sentido literal do termo na tradição judaica.
O Tempo Pascal é também a Páscoa da Igreja, Corpo de Cristo, que passa para a Vida Nova do Senhor e no Senhor. É um tempo que prolonga a alegria inigualável da Ressurreição e aguarda, no fim destes 50 dias, o dom do Espírito Santo na festa de Pentecostes. Um testemunho de Tertuliano, ainda no séc. II, já nos informa que, neste período, não se jejua, mas vive-se em prolongada alegria.
A primeira das sete semanas deste tempo litúrgico é a chamada “Oitava da
Páscoa”, a ser encerrada com o “Domingo da Oitava da Páscoa”. O termo “oitava” refere-se ao oitavo dia após a festa de referência – neste caso é a Páscoa, mas também existem a Oitava de Pentecostes, da Epifania, de Corpus Christi, de Natal, da Ascensão e do Sagrado Coração de Jesus, que são as “oitavas privilegiadas”, além de outras oitavas consideradas “comuns” (como a da Imaculada Conceição e a da solenidade de São José, entre outras) ou “simples” (como a de Santo Estêvão e a dos Santos Inocentes, por exemplo). Todo o período compreendido entre a festa principal e seu oitavo dia é considerado como uma só celebração prolongada.
O Domingo da Oitava da Páscoa
Trata-se do Domingo que encerra a oitava da Páscoa, ou seja, é o segundo Domingo do Tempo Pascal, sendo que o primeiro foi o próprio Domingo da Páscoa, a grande solenidade da Ressurreição de Cristo.
O “Domingo da Oitava da Páscoa” também costumava ser chamado de Domingo “in Albis” (ou seja, Domingo “vestido de branco”), já que, nesse dia, os neófitos (novos baptizados) depunham a túnica branca do baptismo.
Popularmente, também já foi chamado de “Pascoela”, ou “pequena Páscoa”, e, ainda, de “Domingo do Quasimodo”, devido às duas primeiras palavras em latim (“quasi modo”) cantadas no introito.
Um nome adicional e repleto de amor: o Domingo da Misericórdia!
Desde o ano 2000, este mesmo segundo Domingo do Tempo Pascal recebe mais
um nome: o de “Domingo da Divina
Misericórdia”, conforme a disposição de São João Paulo II após a canonização de Santa Faustina Kowalska.
É nesse dia que chega ao fim a Novena à Divina Misericórdia, iniciada na Sexta-Feira Santa.
E depois, o que virá?
Depois ainda teremos, dentro deste riquíssimo tempo litúrgico, a festa da Ascensão do Senhor – que é celebrada no sétimo Domingo de Páscoa e não mais necessariamente aos 40 dias após a Ressurreição, porque o sentido da celebração é mais teológico do que cronológico.
Por fim, o período pascal encerra-se com a vinda do Espírito Santo, em Pentecostes.
A unidade desta Cinquentena que é o Tempo Pascal destaca-se no Círio Pascal, que permanece aceso em todas as celebrações até ao Domingo de Pentecostes para expressar o mistério pascal comunicado aos discípulos de Jesus.
É com esta mesma intenção que se organizam as leituras da Palavra de Deus nos oito Domingos do Tempo Pascal: a primeira leitura é sempre dos Actos dos Apóstolos, o livro que conta a história da Igreja primitiva, da sua difusão e da Páscoa do Senhor. A segunda leitura muda conforme os ciclos, podendo ser da primeira Carta de São Pedro, da primeira Carta de São João ou do livro do Apocalipse.
Assim sendo: FELIZ PÁSCOA!
Adaptado de https://pt.aleteia.org/2019/04/22/entenda-melhor-o-que-e-o-Domingo-da-misericordia-dentro-do-tempo-pascal/
Bom dia, prezados irmãos e irmãs!
Hoje encontramo-nos na luz da Páscoa, que celebramos e continuamos a celebrar mediante a Liturgia. Por isso, no nosso itinerário de catequese sobre a esperança cristã, hoje desejo falar-vos de Cristo Ressuscitado, nossa esperança, assim como no-l’O apresenta São Paulo na primeira Carta aos Coríntios (cf. cap. 15).
O apóstolo quer resolver uma problemática que, certamente, na comunidade de Corinto estava no centro dos debates. A ressurreição é o último dos argumentos enfrentados na Carta mas, provavelmente, em ordem de importância, é o primeiro: com efeito, tudo depende deste pressuposto.
Falando aos seus cristãos, Paulo começa a partir de um dado incontestável, que não é o êxito de uma reflexão de um sábio qualquer, mas um acontecimento, um simples evento que teve lugar na vida de algumas pessoas. É daqui que nasce o Cristianismo. Não é uma ideologia, nem sequer um sistema filosófico, mas um caminho de fé, que tem início num acontecimento, testemunhado pelos primeiros discípulos de Jesus. Paulo resume-o deste modo: Jesus morreu pelos nossos pecados, foi sepultado, ressuscitou no terceiro dia e apareceu a Pedro e aos Doze (cf. 1 Cor 15, 3-5). Eis o acontecimento: Ele morreu, foi sepultado, ressuscitou e apareceu. Ou seja, Jesus está vivo! É este o cerne da mensagem cristã.
Anunciando este evento, que constitui o núcleo fulcral da fé, Paulo insiste acima de tudo sobre o último elemento do mistério pascal, ou seja, sobre a constatação de que Jesus ressuscitou. Com efeito, se tudo tivesse acabado com a morte, n’Ele teríamos um exemplo de dedicação suprema, mas isto não poderia gerar a nossa fé. Ele foi um herói. Não! Morreu, mas ressuscitou. Porque a fé brota da ressurreição. Aceitar que Cristo morreu, e morreu crucificado, não constitui um gesto de fé, mas um acontecimento histórico. Ao contrário, crer que ressuscitou, sim. A nossa fé nasce na manhã de Páscoa. Paulo faz um elenco de pessoas às quais Jesus Ressuscitado apareceu (cf. vv. 5-7). Aqui temos uma breve síntese de todas as narrações pascais e de todas as pessoas que entraram em contacto com o Ressuscitado. No topo da lista está Cefas, ou seja Pedro, e o grupo dos Doze; depois, “500 irmãos”, muitos dos quais ainda podiam dar o seu próprio testemunho; em seguida, é mencionado Tiago. O última da lista — como o menos digno de todos — é ele mesmo. Acerca de si próprio, Paulo diz: “Como um aborto” (cf. v. 8).
Paulo utiliza esta expressão porque a sua história pessoal é dramática: ele não era um ministrante, mas um perseguidor da Igreja, orgulhoso das próprias convicções; sentia-se um homem bem sucedido, com uma ideia muito límpida do que era a vida com os seus deveres. Contudo, neste quadro perfeito — em Paulo tudo era perfeito, ele sabia tudo — neste quadro de vida perfeito, certo dia acontece algo que era absolutamente imprevisível: o encontro com Jesus Ressuscitado no caminho de Damasco. Ali não havia apenas um homem caído no chão: havia uma pessoa arrebatada por um acontecimento que teria invertido o sentido da sua vida. E o perseguidor tornou-se apóstolo, mas porquê? Porque eu vi Jesus vivo! Vi Jesus Cristo Ressuscitado! Eis o fundamento da fé de Paulo, assim como da fé dos demais apóstolos, da fé da Igreja, da nossa própria fé.
Como é bom pensar que o Cristianismo é essencialmente isto! Não é tanto a nossa busca em relação a Deus — na verdade, uma procura tão vacilante — como sobretudo a busca de Deus em relação a nós. Jesus alcançou-nos, arrebatou-nos, conquistou-nos para nunca mais nos deixar. O Cristianismo é graça, é surpresa, e por este motivo pressupõe um coração capaz de admiração. Um coração fechado, um coração racionalista, é incapaz de admiração, e não consegue entender o que é o Cristianismo, porque o Cristianismo é graça, e a graça só se sente, e além disso só se encontra, no enlevo do encontro.
E então, não obstante sejamos pecadores — todos nós o somos — e se os nossos propósitos de bem permanecerem letra-morta, ou então se, olhando para a nossa vida, nos dermos conta de ter acumulado tantas derrotas... Na manhã de Páscoa podemos agir como aquelas pessoas das quais fala o Evangelho: ir ao sepulcro de Cristo, ver a grande pedra removida e pensar que Deus continua a preparar para mim, para todos nós, um futuro inesperado. Ir ao nosso sepulcro: todos nós temos um pouco dele dentro de nós. Ir ali e ver que dali Deus é capaz de ressurgir. É nisto que consiste a felicidade, a alegria e a vida, onde todos pensavam que havia unicamente tristeza, derrota e trevas. Deus faz crescer as suas flores mais bonitas no meio das pedras mais áridas.
Ser cristão significa não começar a partir da morte, mas do amor de Deus por nós, que derrotou a nossa acérrima inimiga. Deus é maior do que o nada, e é suficiente uma vela acesa para vencer a noite mais escura. Fazendo eco aos profetas, Paulo clama: “Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão” (v. 55). Nestes dias de Páscoa, conservemos este brado no coração. E se nos perguntarem o porquê do nosso sorriso concedido e da nossa partilha paciente, então poderemos responder que Jesus ainda está aqui, que Ele permanece vivo entre nós, que Jesus está ao nosso lado aqui na praça: vivo e ressuscitado!
Testemunhos de vítimas de perseguição e violência
Foi arrancado de casa da sua família em Gulak, estado de Adamawa, Nigéria. No rescaldo de repetidos ataques do Boko Haram, instalou-se com a sua mulher e filhos em Baga, perto do Lago Chade. Recuperando do medo do Boko Haram, começou a ganhar um razoável rendimento do seu negócio de pesca, permitindo que a família tivesse duas refeições por dia e a sua mulher tivesse um pequeno negócio. No entanto, o alívio da família foi de curta duração: o Boko Haram atacou Baga. John falou com a Fundação AIS sobre a difícil situação da sua família.
Tudo aconteceu a 3 de Janeiro de 2015, quando deixei o Lago Chade para ir para Baga passar algum tempo com a minha família. Como habitualmente, naquele dia fatídico às 3 da manhã acordei para fazer as minhas orações da Divina Misericórdia.
De repente, vi um reflexo de luz no meu quarto. Decidi abrir a janela para ver o que se estava a passar e fiquei chocado ao ver que o Boko Haram tinha cercado toda a comunidade. Incendiaram as casas das pessoas, bem como as lojas e outras propriedades. Chegaram perto da minha casa e deitaram fogo às casas dos meus vizinhos. Ouvi pessoas a gritar por ajuda, mas não havia nada que eu pudesse fazer.
Fechei os olhos e disse: “Senhor, por favor, tem misericórdia de mim e da minha família”, e pensei que a próxima casa a ser incendiada seria a minha, uma vez que todas as casas dos meus vizinhos já estavam a arder. Estava a tremer, mas nunca deixei de dizer aquelas palavras, “Senhor, tem piedade de mim e da minha família”. Estava intensamente concentrado a repetir aquelas palavras uma e outra vez. Eu tinha os olhos fechados e estava à espera que a nossa casa fosse incendiada a qualquer momento, mas não sentia fumo, nem a minha família gritava por ajuda. Tudo parecia calmo. Lentamente, abri os olhos e fiquei surpreendido ao ver a minha casa ilesa. Incendiaram todas as casas da minha comunidade, excepto a minha.
Quando se foram embora, corri para fora e olhei à minha volta, sabendo que amigos, familiares e vizinhos tinham sido queimados vivos. Depois, voltei-me e vi que a minha casa ainda estava de pé. Podem imaginar os meus sentimentos, depois de saber que todos à nossa volta tinham desaparecido, tinham morrido nas suas casas. Todos, excepto a minha família. Corri para dentro de casa e encontrei a minha mulher e filhos a chorar e a agradecer a Deus por ter salvado as nossas vidas. Juntei-me logo a eles, mas não conseguia dizer uma palavra. Continuei a perguntar-me como era possível termos sido poupados. É assim que Deus age? Deus, de facto, trabalha de forma misteriosa. Mais tarde, membros da segurança vieram à minha comunidade. Ficaram chocados ao ver o que tinha acontecido e perguntaram-me se eu tinha algum amuleto em casa que tivesse feito com que os terroristas do Boko Haram ficassem cegos e não vissem a minha casa. Eu respondi: “Foi Deus”. No dia seguinte ao terrível incidente, a minha família e eu começámos a nossa viagem para Maiduguri. O Bispo de Maiduguri deu-nos as boas-vindas e ofereceu-nos calorosamente um lugar para ficarmos no campo. A diocese tem vindo a oferecer sessões de aconselhamento desde 2020 e sessões de grupo desde o início de 2021.
A minha experiência no Centro foi forte. Quando cheguei ao campo pela primeira vez, a diocese alimentou-me e à minha família até que eu conseguisse ser autónomo novamente. Consegui superar o meu medo e recomeçar a vida de novo. Foi o Centro de Trauma que me ajudou a mim e à minha família a deixarmos para trás o nosso passado amargo e a seguir em frente. Eles encorajaram-nos com amizade e ajudaram-nos a não pensar demasiado nos amigos, vizinhos e familiares que perdemos.
Aprendi a deixar para trás o meu passado e a dar à paz uma oportunidade. A minha vida de oração melhorou significativamente. O terço e as orações da Divina Misericórdia são poderosos. Se pelo menos os fiéis católicos conhecessem o poder destas orações, rezariam mais vezes. São tão poderosas!... Eu posso dar testemunho disso.
O seu sofrimento aproximou-o de Deus?
O meu sofrimento aproxima-me de Deus. Rezo como nunca rezei. Confio n’Ele como nunca e estou disposto e preparado para dar a minha vida pela Sua Igreja e o Seu Evangelho. A minha dor nunca pôs em causa a minha fé em Deus. Não posso deixar de ser cristão. Não posso deixar de ser católico, e não deixarei de praticar e professar a minha fé, até ao meu último suspiro.
Eu perdoei-os e esqueci. No início, foi difícil perdoar aos meus entes queridos quando nos abandonaram, quando fugimos de Baga, quando mais precisámos. Mas agora não guardo rancor contra nenhum deles. Perdoei e deixei ir.
Deus é a minha esperança para o futuro. Eu tenho Deus na minha vida e isso significa que tenho tudo. Por isso, não preciso de me preocupar com o amanhã, Deus vai cuidar, como sempre faz. Eu sei que Deus irá sempre ter um caminho para nós. Desejo dar aos meus filhos a melhor educação e a melhor vida para que eles não tenham de passar pela mesma dor e dificuldades que eu passei na vida. Estou a trabalhar arduamente para isso, e rezo para que todos os desejos do meu coração terminem em louvor.
Dinamismo
Inquietação
Sofrimento
A Fundação AIS está a promover durante a Quaresma uma grande campanha de apoio à Igreja na Nigéria, onde os Cristãos são alvos constantes de ataques e perseguição. Sensibilizar a opinião pública para esta realidade, que é quase desconhecida, e ajudar a comunidade cristã é o grande objectivo desta iniciativa.
A prisão “sem julgamento prévio” do Bispo de Matagalpa, é um dos elementos em destaque no relatório elaborado pelas Nações Unidas pela secretária-geral adjunta da ONU, Ilze Brands Kehris, e conhecido a 3 de Março. As autoridades de Manágua são acusadas de repressão e violação dos direitos humanos. E a perseguição à Igreja continua, agora com o encerramento de duas universidades católicas e da Caritas da Nicarágua, e a proibição de procissões nas ruas durante a Quaresma e a Semana Santa...
A 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, o Papa Francisco encontrou-se, no final da Audiência Geral, com duas jovens cristãs nigerianas, Maryamu Joseph, de 19 anos, e Janada Marcus, de 22, vítimas do grupo terrorista Boko Haram. Esta foi uma iniciativa do secretariado italiano da Fundação AIS e que se insere na campanha global “SOS Cristãos da Nigéria”, que está a ser promovida também em Portugal.
O Pe. Lucas Perozzi, que está na Ucrânia desde 2004 e tem assistido, em Kiev, ao evoluir da guerra, afirma, em entrevista à Fundação AIS, que muita coisa mudou ao longo dos últimos 12 meses. A começar na depressão das pessoas, no aumento dos casos de suicídio e no stress que é viver num país que teve de pegar em armas para não se render. O Pe. Perozzi fala de tudo isso e diz que o mais difícil é mesmo ter de explicar o amor aos inimigos...
“Fomos expulsos por causa da nossa fé”, lembra um médico cristão de Alepo numa iniciativa da AIS de Espanha. Foi um dos momentos mais marcantes da Noite dos Testemunhos que a Fundação AIS de Espanha organizou em Madrid na noite de 24 de Fevereiro. Freddy Hanna, um médico cristão que vive com a família em Valência, recordou como foi forçado a deixar o seu país em 2012, quando os grupos jihadistas controlavam já a maior parte das cidades e vilas da Síria.
A visita do Papa Francisco a este país de África, assim como à República Democrática do Congo, entre os dias 31 de Janeiro e 5 de Fevereiro, deixou uma enorme esperança nas populações. Como explicou a Ir. Beta Almendra, uma religiosa portuguesa em missão na Diocese de Wau, “não estamos sozinhos”.
A comunidade católica de Damão está apreensiva perante a possibilidade de uma capela, com mais de quatro séculos, poder vir a ser destruída para dar lugar à construção de um campo de futebol. O assunto já chegou à Presidência da República portuguesa e até D. Duarte, o herdeiro da coroa, reclama, em declarações à Fundação AIS, uma intervenção urgente, antes que aconteça algo de “irreversível”.
(oração do meio dia no Tempo Pascal)
V. Rainha do Céu, alegrai-vos, Aleluia!
R. Porque Aquele que merecestes trazer em Vosso ventre, Aleluia!
V. Ressuscitou como disse, Aleluia!
R. Rogai por nós a Deus, Aleluia!
V. Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria, Aleluia!
R. Porque o Senhor ressuscitou verdadeiramente, Aleluia!
Oremos.
Ó Deus, que Vos dignastes alegrar o mundo com a Ressurreição do vosso Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, concedei-nos, Vos suplicamos, a graça de alcançarmos pela protecção da Virgem Maria, Sua Mãe, a glória da vida eterna. Pelo mesmo Cristo Nosso Senhor. Ámen.