S E M E N T E S DE ESPERANÇA FEVEREIRO 2015
| Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre
Intenções de Oração do Santo Padre Intenção Geral Dignidade dos reclusos Para que os prisioneiros, em particular os jovens, tenham a possibilidade de reconstruir uma vida digna. PROTEGE E ABENÇOA OS JOVENS RECLUSOS Senhor Jesus, que nos ensinastes que estavas presente em cada preso, ajuda-nos a olhá-los com particular solicitude e desejo de ajuda. Que os reclusos, sobretudo os jovens, possam encontrar sempre quem os ajude, quem os acolha, quem os faça acreditar no futuro, com ânimo e alegria. Que encontrem pessoas e estruturas que os façam recomeçar uma vida nova, mais digna, mais liberta , mais cheia de renovada esperança. Que os jovens reclusos possam encontrar, nas próprias cadeias, meios eficazes de aprendizagem, de cultura, de mudança de hábitos e defeitos, de preparação para o futuro para poderem construir uma vida nova. Que sintam que há quem se preocupe com eles, quem deseje ajudá-los, que encontrem em cada pessoa um coração amigo e disponível, que os ajude a viver em esperança um recomeço de vida digna, com critérios humanos e cristãos, para que vejam crescer em si próprios, a dignidade, a paz interior, o desejo de renovação sincera. Dário Pedroso, s.j. Intenção Missionária Casais separados Pela evangelização: a fim de que os cônjuges que se separaram encontrem acolhimento e apoio na comunidade cristã. A oração é um dos pilares fundamentais da nossa missão. Sem a força que nos vem de Deus, não seríamos capazes de ajudar os Cristãos que sofrem por causa da sua fé. Para ajudar estes Cristãos perseguidos e necessitados criámos uma grande corrente de oração e distribuímos gratuitamente esta Folha de Oração, precisamente porque queremos que este movimento de oração seja cada vez maior. Por favor, ajude-nos a divulgá-la na sua paróquia, nos grupos de oração, pelos amigos e vizinhos. Não deite fora esta Folha de Oração. Depois de a ler, partilhe-a com alguém ou coloque-a na sua paróquia.
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Sementes de Esperança | Fevereiro 15
Reflectir INTENÇÃO NACIONAL Por todos aqueles que entre nós são vítimas da incompreensão por estarem disponíveis à vida e procurarem, num mundo descrente, pautar as suas vidas segundo o pensamento de Deus.
ENTRE AS PERSEGUIÇÕES DO MUNDO E AS CONSOLAÇÕES DE DEUS Os acontecimentos recentes de actos de terrorismo em Paris, que em simultâneo se deram noutras partes do mundo, embora não tendo recebido tanta exposição mediática, levantam o grave problema da convivência pacífica, da tolerância, da liberdade, de opinião ou, mais remotamente, o problema do ecumenismo das culturas e das religiões. Os actos de terrorismo são em si mesmos condenáveis; todavia é igualmente condenável a falta de respeito pelas convicções religiosas, políticas ou outras, de cidadãos tomados individualmente ou de comunidades. Os terroristas de Paris praticaram o acto movidos pelo zelo pelas suas convicções, que sistematicamente têm sido e continuam a ser desrespeitadas pela publicação que foi alvo do ataque e dos autores que estavam na origem das caricaturas. Os autores continuam a arrogar para si o direito de dizerem mal e de ridicularizarem os símbolos mais sagrados do cristianismo, da Igreja, das grandes religiões da humanidade, considerando-se imunes, acima do direito, para além do bem e do mal, juízes sobreanos do que
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seja correcto ou incorrecto, profanando os símbolos mais sagrados das grandes religiões monoteístas. A respeito do terrorismo, os cristãos em geral e nós os católicos em particular, reagimos hoje de um modo diferente. Temos sido formados no sentido do respeito e da tolerância, que são praticamente um bem cultural adquirido nas nossas sociedades ocidentais impregnadas pelos valores que radicam no Evangelho. Foi o Senhor que deu o exemplo, quando se dirigiu resolutamente para Jerusalém onde O esperava o martírio, na grande provação e agonia que O levou à cruz: «Como estavam a chegar os dias de ser levado deste mundo, Jesus dirigiu-se resolutamente a Jerusalém» (Lc 9,51). O silêncio do Senhor, mesmo o dar a cara - «se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra» (Mt 5,39); «se falei mal, mostra onde está o mal; mas, se falei bem, porque Me bates?» (Jo 18,23) - é o modelo para todo o cristão, e por isso nós reagimos de um modo diferente perante aqueles que nos caluniam e nos perseguem, tanto no passado como no presente. E o Senhor advertiu os
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Reflectir seus discípulos que, tal como Ele, seriam levados aos tribunais, seriam perseguidos e odiados por causa do Seu Nome: «Vós sereis odiados por todos, por causa do Meu nome. Mas aquele que se mantiver firme até ao fim será salvo» (Mt 10,22); mas que não tivessem medo: Ele é mais forte do que o mundo - «no mundo tereis aflições, mas tende confiança: Eu venci o mundo» (Jo 16,33) - e prometeu que, quando fossem perseguidos por causa do seu Nome, Ele estaria com eles, enviar-lhes-ia o Seu Espírito, de modo que seria Ele a defendê-los, pelo que não deviam ter medo: «quando vos levarem às sinagogas, aos magistrados e às autoridades, não vos preocupeis com o que haveis de dizer em vossa defesa, pois o Espírito Santo ensinar-vos-á, no momento próprio, o que deveis dizer» (Lc 12,11-12). Assim foi, nos tempos mais recentes, S. João Paulo II, no seu martírio cruento na praça de S. Pedro e no martírio incruento na sua caminhada para o calvário da sua longa e dolorosa doença; assim é o Papa Francisco, na sua viagem apostólica às Filipinas, não tendo medo de se solidarizar com os povos que sofrem as intempéries do tempo, celebrando a eucaristia no meio de uma tempestade tropical. Assim são os mártires actuais da intolerância ocidental do politicamente correcto, que apontam com o dedo, como se fossem criminosos, os casais generosos na sua abertura à vida, as mães gerando os seus filhos no meio
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do sofrimento, confiadas na Providência que não deixa abandonados aqueles que nela confiam; como os doentes, como o Tiago, o adolescente de 15 anos, que vive serenamente o seu linfoma e a prova da quiomioterapia, pedindo ao Senhor que o cure, se for da sua vontade. Ao terrorismo da violência, armada ou de outros tipos mais sofisticados mas não menos perversos, é preciso opor a serenidade de quem vive em paz, mesmo no meio das provações, sem medo do futuro, porque sabe em quem confia e que fala e é escutado por quem ouve a voz do silêncio, mesmo no meio das tempestades desencadeadas pelas bombas, pelos tiros homicidas ou pelo ar superior e desdenhoso de quem o despreza ou considera de outro mundo aqueles que procuram conformar a sua vida com os passos do Senhor: «se alguém quiser vir após Mim, renegue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me» (Mt 16,24). O ano da graça de 2015 começou assim: esta é a nossa história e é assim que havemos de viver, entre as perseguições do mundo e as consolações de Deus, como dizia Santo Agostinho, no seu tempo, não menos dramático do que o nosso.
P. José Jacinto Ferreira de Farias, scj Assistente Espiritual da Fundação AIS
Sementes de Esperança | Fevereiro 15
Argélia Superfície 2.381.741 Km2 dos quais 85% de deserto População 35 milhões de habitantes
Oceano Atlântico
Religiões Muçulmanos: 97,9%
• Tunísia
• Marrocos
Outras religiões: 0,3% Sem religião: 1,8%
• Líbia
• Argélia
Línguas Dialecto árabe, francês, línguas berberes • Mauritânia
• Mali • Niger
ARGÉLIA
UMA PEQUENA IGREJA ORANTE EM DIÁLOGO COM O IRÃO Igreja mártir desde os primeiros séculos, a Argélia conserva ainda uma pequena comunidade cristã, perseverante na fé, mais ou menos tolerada pelas autoridades mas, em geral, muito respeitada pela população. A primeira evangelização do mundo foi, muitas vezes, feita por mar e a “Província de África” foi influenciada pelos primeiros cristãos mais cedo do que a maior parte dos países da Europa. Os Líbios, de quem se fala no Novo Testamento (Simão de
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Cirene, os habitantes da Cireneia ouvindo Pedro no Pentecostes…) não foram os únicos a responder. Os numerosos mártires do séc. II, em Cartago - Cipriano, Felicidade e Perpétua - e os imensos vestígios arqueológicos revelam uma Igreja
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Argélia O mosteiro de Tibhirine respira a paz enaltecida pelos sete monges assassinados em 1996.
corajosa e radiante. Santo Agostinho de Hipona (354-420) é considerado como o mais universal pensador do Ocidente cristão. Houve três papas berberes e mais de 600 dioceses, entre Marrocos e a Líbia actuais. Depois, debaixo da espada dos invasores vândalos, no séc. V e árabes no séc. VII, o Magrebe converteu-se quase todo ao Islão, conservando, todavia, uma pequena comunidade judaica e muito poucos cristãos. Muitas vezes divididos, sem mosteiros, com falta de inculturação e sob a pressão das dinastias muçulmanas, por vezes brutais, as comunidades não sobreviveram. Entre 1830 e 1962, a colonização reergueu uma Igreja numerosa e ardente, quase exclusivamente composta por europeus. Desde a independência que alguns religiosos ficaram ou vieram para participar na construção do novo país,
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contribuindo na área da educação ou no mundo da medicina.
UMA PRESENÇA ORANTE Em Fevereiro do ano passado, D. Claude Rault, Bispo de Ghardaïa, acolheu vinte e seis recém-chegados às quatro dioceses. Na sua homilia, citou Santa Teresa do Menino Jesus lembrando que a missão é, em primeiro lugar, um percurso interior. “Um sábio disse: ‘Dêem-me uma alavanca, um ponto de apoio e elevarei o mundo.’ O que Arquimedes não pôde obter, porque a sua busca não era de Deus, os santos obtiveram-no em plenitude. O Todo-Poderoso deu-lhes o seu ponto de apoio: Ele e apenas Ele e como alavanca a oração. E foi assim que eles salvaram o mundo.” Esta reflexão é quase contemporânea do Irmão Charles de Foucauld. A oração foi o pilar da sua vida. Redescobriu-lhe a dimensão Sementes de Esperança | Fevereiro 15
Argélia Crisma de estudantes subsaarianos por D. Baber, Arcebispo de Argel.
convivendo com os Muçulmanos. Durante anos, a oração, a proximidade, a amizade foram o reflexo da misericórdia de Cristo junto de populações traumatizadas pela guerra... Ali morreram dezanove religiosos, mas foram a prova do enraizamento desta Igreja em terra argelina. “O povo cristão já lá não está, mas há sempre um povo na Argélia: é um povo muçulmano, mas é o povo que Deus leva a encontrar, servir e amar.” (D. Teissier, Arcebispo Emérito de Argel). É espantoso que não se constate, no dia-a-dia, qualquer sinal de agressividade. E, muitas vezes, ficamos emocionados com a generosidade de desconhecidos. Deitar por terra os a priori e maravilhar-se com as qualidades do outro é um antídoto eficaz para as tensões exacerbadas por certos meios
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de comunicação social. Melhor ainda, o diálogo constrói-se com encontros mais audaciosos e com cimeiras como o “Ribât Essalâm” (Laço da Paz), fundado em 1979 por alguns cristãos e muçulmanos, entre os quais o Padre de Chergé, Prior de Tibhirine. “Rezando primeiro uns ao lado dos outros, fomos levados, pouco a pouco, a rezar uns com os outros.” (D. Claude Rault).
COMUNIDADES CRISTÃS As pequenas paróquias evoluíram, os franceses da Argélia deram lugar aos cooperadores, depois a trabalhadores de todos os continentes e, também, a muitos estudantes subsaarianos. A Argélia é bonita e rica apesar de, infelizmente, esta riqueza nem sempre ser bem distribuída. E o investimento na educação é grande mesmo que às vezes esteja imbuído de proselitismo muçulmano. O restauro das 7
Argélia O restauro da Basílica de Nossa Senhora de África foi financiado parcialmente pelo Estado.
basílicas de Nossa Senhora de África, em Argel, e de Santo Agostinho, em Annaba, foi feito com a ajuda financeira da Argélia, orgulhosa do seu património.
Em 2006, o presidente Bouteflika assinou uma lei que autorizava a presença de religiões não muçulmanas. No entanto, está proibido todo o proselitismo. Os
Há também o inesperado, que é a marca do Espírito Santo. Há indivíduos que vêm pedir para conhecer Jesus e para se juntarem à Igreja. E isto, apesar do risco da opressão. E é, deste modo, que a Igreja pobre e fervorosa faz a experiência dos Actos dos Apóstolos (2, 47): “O Senhor aumentava todos os dias o número daqueles que tinham entrado no caminho da salvação.”
Oração Para que os cristãos argelinos saibam continuar a dar o seu testemunho e a pôr em prática o verdadeiro ecumenismo, nós Te pedimos Senhor!
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baptizados de origem muçulmana não são perseguidos pela justiça, mas são vítimas de extorsão. É, sobretudo em Cabília, e para as Igrejas evangélicas, que estas conversões são numerosas. Mas os Católicos, cautelosamente, vêem também chegar muitos argelinos com diferentes percursos, quando as televisões por satélite, os contactos por Facebook e as deslocações das populações fazem, ainda mais, circular a mensagem.
Sementes de Esperança | Fevereiro 15
Argélia Vista de uma mesquita sobre os telhados de Argel “a Branca”.
GRANDES FIGURAS DA IGREJA CATÓLICA NA ARGÉLIA
Bem-aventurado Charles de Foucauld (1858-1916) Oficial de vida dissoluta e escandalosa, Charles de Foucauld converteu-se em Paris. Aí, guiado pelo abade Huvelin, encontra Deus, aos 28 anos. “Assim que acreditei que havia um Deus, percebi que não podia fazer outra coisa que não fosse viver para Ele.” Ordenado sacerdote aos 43 anos (1901), partiu para o Saara, primeiro para BeniAbbès, depois para Tamanrasset, no meio dos Tuaregues de Hoggar. Queria que todo aquele de quem se aproximasse o considerasse como um irmão, “o irmão universal”. Queria “gritar o Evangelho através da sua vida”, mas com grande respeito pela cultura e pela fé daqueles no meio dos quais vivia. “Queria ser muito bom para que se dissesse: ‘Se o servo é assim, como será o Mestre?’” Foi beatificado em Novembro de 2005, por Bento XVI. Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre
Cardeal Lavigerie (1825-1892) Em 1867, D. Lavigerie foi nomeado Bispo de Argel. Aí chega com a ambição de ser o bispo de todos. Desde a sua chegada, é-lhe oferecida a oportunidade pela fome, que se abateu sobre a população afectada pela febre tifoide. Recolhe um grande número de órfãos e de crianças abandonadas. Pouco depois, apercebe-se da necessidade de criar um instituto para homens e depois para mulheres: o dos Missionários de África (Padres Brancos) e o das Irmãs Missionárias de Nossa Senhora de África (Irmãs Brancas). Deseja estender a acção caritativa da Igreja para além das paróquias e dos limites da sua própria diocese, nomeadamente para a África Negra, a partir de 1875. Levou a cabo e consagrou, nas colinas de Argel, em 1872, a Basílica de Nossa Senhora de África. Foi nomeado cardeal em 1882.
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Argélia
“DOS HOMENS E DOS DEUSES”
Um mosteiro localizado no meio das montanhas da Argélia, na década de noventa. Oito monges católicos franceses vivem em harmonia com a população muçulmana, até que, progressivamente, a violência e o terror tomam conta da região. Apesar das ameaças, os religiosos decidem resistir ao terrorismo e ficar, conscientes do preço dessa escolha. Esta é a história verídica dos monges de Tibhirine, raptados e assassinados por um grupo de fundamentalistas islâmicos durante a guerra civil argelina, em 1996. Cinco meses após a obtenção do Grande Prémio do júri do festival de cinema de Cannes, “Des hommes et des dieux” é considerado um dos filmes do ano.
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Sementes de Esperança | Fevereiro 15
Oração
ORAÇÃO PARA A QUARESMA Pai nosso, que estais no Céu, durante esta época de arrependimento, tende misericórdia de nós. Com a nossa oração, o nosso jejum e as nossas boas obras, transformai o nosso egoísmo em generosidade. Abri nossos corações à vossa Palavra, curai as nossas feridas do pecado, ajudai-nos a fazer o bem neste mundo. Que transformemos a escuridão e a dor em vida e alegria. Concedei-nos estas coisas por Nosso Senhor Jesus Cristo. Ámen. Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre
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2015 - Ano da Vida Consagrada
IRMÃS DA ALIANÇA DE SANTA MARIA HISTÓRIA A acção de Deus na história da Aliança de Santa Maria começou quando algumas senhoras sentiram o chamamento a uma vida de oração, consagração e comunhão com Deus e entre si, pelas mãos de Nossa Senhora. Foi no Porto que o primeiro grupo se juntou a 25 de Março de 1966. Entre as convulsões próprias da época, o Espírito Santo foi-lhes inspirando a urgência de anunciar o Evangelho e a Mensagem de Fátima, que viam como dom de Deus de importância singular. A partir de 1974 intensificaram o trabalho apostólico difundindo entre o povo de Deus o rosário, bem como os pedidos de Nossa Senhora de consagração e reparação. Daí nasceram os movimentos laicais ligados à congregação – Cruzada Nacional do Terço, Luzeiros de Santa Maria e Aliados Reparadores. Um pouco mais tarde surgiu também o Luzeiro dos Pastorinhos, com crianças e adolescentes, bem como um grupo de jovens. Enraizada na Palavra de Deus, num 12
espírito de entrega filial, profunda alegria e união fraterna, a Aliança de Santa Maria foi-se constituindo como pequeno rebanho ao serviço do Senhor e do seu Reino. Em 1985 foi aprovada como Associação de Fiéis e em 2002 como Congregação Religiosa de direito diocesano, na Diocese de Braga.
FUNDADORAS As nossas fundadoras eram professoras na cidade do Porto, a Maria Áurea Soares era natural de Esmoriz e a Maria Clara Pereira de Cinfães do Douro. Eram mulheres que, em plena década de sessenta, se distinguiam por uma inteligência e força de vontade invulgares, e que, apesar das suas diferenças de idade, personalidade e origem, encontraram uma na outra a mesma força do Espírito, o mesmo amor a Nossa Senhora, a quem tratavam por “Mãe”, e esta consciência da importância da Mensagem de Fátima. Por isso, em 1966 deixaram tudo para se lançarem nesta missão. A Maria Clara destacou-se por um carácter compassivo, sensível, vivido Sementes de Esperança | Fevereiro 15
2015 - Ano da Vida Consagrada em gestos maternais, por vezes heróicos. Enquanto a Maria Áurea era a mulher artista, de uma vasta cultura, a que unia o dom da palavra. Sobretudo, eram “duas almas de fogo”. A Maria Clara faleceu em 1994 e a Maria Áurea em 2001. Delas guardamos um testemunho de Fé, de confiança na Palavra de Deus e a força da Unidade que assumimos como voto
CARISMA O nosso carisma é cooperar na Nova Evangelização através do Coração Imaculado de Maria, com este rosto concreto da Mensagem de Fátima. Isto configura-se num estilo de viver alicerçado nas verdades do Evangelho, anunciadas por Nossa Senhora na Cova da Iria. Salientamos a centralidade de Deus na nossa vida, o amor a Jesus Eucaristia, o amor ao Imaculado Coração de Maria e à Igreja, este desejo de conversão em ordem à santidade e um zelo, no Mistério da Comunhão dos santos, por participarmos na História da Salvação. Esta forma de viver também se traduz em diversas actividades apostólicas e na difusão da Mensagem de Fátima entre os grupos com quem trabalhamos: crianças, jovens e adultos nas paróquias, salientando sobretudo a oração do rosário, o pedido de Nossa Senhora da reparação dos Primeiros Sábados, da consagração, da penitência em ordem à conversão. Também colaboramos nas igrejas locais onde estamos inseridas, na pastoral da tarefa evangelizadora das dioceses, de acordo com as necessidades do momento.
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PRESENÇA E CONTACTOS Comunidade de Guimarães: Casa Mãe: Rua de Santa Maria, 2, 4800-443 GUIMARÃES. Tel. 253416144; Fax: 253416133; aliancasantamaria@gmail.com Comunidade de Estarreja: Trav. do Major Ferreira, 11 – Póvoa de Cima 3860-403 ESTARREJA Tel. 234845267; alianca.estarreja@gmail.com Comunidade de Coimbra: Casa Episcopal; R. do Brasil, 45, 3030-175 COIMBRA Tel. 239708320; Fax 239708321; alianca.coimbra@gmail.com Comunidade de Fátima: R. Anjo de Portugal, 33, 2495-415 FÁTIMA Tel. 249532406; Fax 249533171; alianca.fatima@gmail.com Comunidade de Formação: Rua de Santa Clara, 23, 2495-426 FÁTIMA Comunidade de Lisboa: Bairro de Belém, Rua 17, nº 16, 1400-097 LISBOA Tel. 213629307; alianca.belem@gmail.com
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Actualidade BEATOS FRANCISCO E JACINTA MARTO – 20 FEVEREIRO
AS CRIANÇAS DO REINO O Convite a ser criança Reabrem-se, em Fátima, páginas do Evangelho. Como aquela em que Jesus abraça a vulnerabilidade de uma criança para a constituir sacramento do Reino (Mt 18, 3-5). Da essência do que é frágil, dependente, inocente, recebido e oferecido como dom, faz-se o Reino da vida em abundância. O gesto de Jesus, anunciado como boa notícia, tem a força do escândalo. Fazer-se criança, tornado programa de vida para o discípulo de Cristo, significa carregar a força da contracultura num mundo demasiado preenchido com o orgulho oco dos poderosos e dos soberbos, dos seus esquemas, dos seus conflitos. É dos simples que reza a História de Deus. Porque são os simples que acolhem de Deus a revelação da sua própria história. Mas não é sem resistência que escutamos o desafio a ser criança. Já Nicodemos, e com ele uma humanidade perplexa, se questionava: “Mas como pode isso ser?” (Jo 3,9) Como pode ser que o homem, apostado, desde sempre, na aventura da autonomia e da satisfação da sua própria vontade, se abandone, reconhecido, como uma criança, nos braços do Pai? Como pode ser que aceite o desafio da confiança incondicional, como uma criança, apesar dos seus medos, das suas feridas, dos desenganos da vida? Como pode o homem reaprender o assombro e o temor inocente diante da beleza e da graciosidade da vida, como uma criança? Jesus insiste. A vida em abundância é abandono reconhecido, dom acolhido e oferecido, confiança no abraço de Deus, assombro diante da sua misericórdia. Como uma criança. É saborear o valor inigualável de cada momento com o deslumbramento eterno de uma criança. É aprender a graciosidade da vida – acolhida da Misericórdia de um Deus que se define com o léxico do Amor – com a Criança Eterna que é o próprio Cristo. De facto, a criança que Jesus abraça está, também ela, ao colo de uma criança. Da Criança Eterna que é Jesus. Porque, mesmo homem adulto, Jesus continua a ser aquele que «está» no Pai (Jo 1,18). Ele é o Filho, essa é a sua identidade. Nada o define melhor do que esse abandono que se deixa amar pelo Amor primeiro, do que esse mistério de intimidade com um Pai que se deixa tocar, do que esse abraço omnipresente que preenche a vida de sabor e de sentido. Jesus insiste. Há que nascer do alto, deixar-se encantar com a alegria da vida, deixar-se viver o encanto da confiança. Como uma criança. Como quem renasce a cada instante. Como quem acolhe como seu o projecto de vida do Pai. Habitar o Reino é ser filho no Filho (Rm 8,29), criança na Criança Eterna. E tornar-se criança é receber-se como dom e dar-se, na generosidade de quem vive na senda de Jesus, partilhando a vida como uma eucaristia.
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Sementes de Esperança | Fevereiro 15
Actualidade Os pastorinhos, filhos da Misericórdia Em Fátima, é renovado este convite a habitar o Reino, como filhos no Filho, crianças na Criança Eterna. Ao jeito de Jesus, que colocou uma criança «no meio deles» (Mt 18,2), também ali, na aridez da Cova da Iria, as crianças são apresentadas «no meio deles», no centro de um acontecimento que pretende falar a todos os homens e mulheres, e são constituídas como primícias de uma boa notícia renovada. Quando a Senhora de branco as convida a fazerem da sua vida uma oferta generosa a Deus, as crianças de Fátima são feitas testemunhas de um Reino de Misericórdia, da Cidade dos que se acolhem e doam como crianças. O escândalo não é menor em Fátima do que fora na Galileia. Para um mundo absorto nas suas indefinições, ocupado com a desconfiança mútua que se faz violência, absorvido pela utopia de preencher, sozinho no seu orgulho, o vazio que escava no seu interior, nada haveria a aprender de umas crianças pobres e incultas. A simplicidade e a pequenez eram pedra de estorvo, na Galileia de Jesus, na Fátima de 1917, no mundo todo de todos os tempos. Mas, a gramática de Deus escreve-se com o paradoxo. E do que é impotente, Deus faz força, e do que é desprezado, Deus faz sacramento da Vida em abundância. Loucura e escândalo para um mundo prepotente, mas sabedoria para quem, na humildade da sua verdade, compreende que a vida plena é eco da lógica do dom (1Cor 1,18). Poucos poderiam esperar que a humildade do coração de três crianças impotentes irradiasse a luz da misericórdia. Só os que habituaram o olhar a perscrutar a profundidade e a intensidade da vida na humildade das coisas simples, como uma criança, puderam compreender que é pela boca das crianças, dos simples e humildes, que se revela o Reino (Sl 8,3). A vida do Francisco e da Jacinta descreve-se com as linhas dessa humildade: as suas vidas efémeras, a sua tenra idade, a educação rudimentar, a terra agreste, pacata e isolada onde cresceram. Se a história do mundo não lhes auguraria qualquer relevância, eles tornam-se, pelo acolhimento filial e humilde do apelo do Deus que se revela na história, e pelo dom, acolhido e oferecido, de si mesmos, depositários vivos da presença do Coração desse mesmo Deus na história do mundo. Esta é a marca substancial das vidas destas crianças, o mesmo cunho paradoxal que caracteriza a medula da história da salvação: a desproporção infinita entre a história dos soberbos e dos poderosos, com os seus esquemas, estratégias e conflitos, e a história dos humildes, que, na verdade da sua existência, são convidados a ser fermento de transformação da humanidade. A história de Deus, que é de misericórdia e salvação, conta-se pela voz dos que dele acolhem a revelação da sua própria história. Como os pastorinhos, que numa tarde de Maio, viram o seu reflexo em Deus, “que era essa luz” intensa que as mãos da Senhora ofereciam. Quando Deus lhes devolve a verdade do que são, “mais claramente que [...] no melhor dos espelhos,” os pequenos pastores tornam-se, então, verdadeiras crianças do Reino. Eis a conversão: acolher-se humildemente na sua verdade, como filhos da Misericórdia. Desde o início do acontecimento- Fátima, os pequenos pastores são convidados a este mergulho na sua verdade, revelada no Coração de um Deus que tem, para eles, “desígnios de misericórdia”. Um Deus que é Misericórdia só pode ter, para os seus filhos, desígnios de misericórdia. E quando o Anjo introduz os pastorinhos na contemplação e na adoração, eles são devolvidos à sua casa paterna. Porque contemplar a Trindade é escavar uma profundidade interior onde a luz de Deus ilumina a nossa verdade e nos revela como seus filhos amados. (…) O acontecimento-Fátima é esse convite, renovado. Na certeza de que só aprende a sabedoria da misericórdia quem, ao jeito da Criança do Reino, se deixa renascer das entranhas de Deus. Pedro Valinho Gomes - (Postulação de Francisco e Jacinta Marto) Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre
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Destaque FOUCAULD NO DESERTO Viver como monge, silencioso e em clausura, sem título de capelão nem de pároco, simplesmente monge, rezando e administrando os sacramentos. O objectivo é duplo: 1º Impedir que os nossos soldados morram sem sacramentos em lugares onde a febre os mata em grande número e onde não existe nenhum padre; 2º e, sobretudo, fazer o maior bem que actualmente se possa fazer às populações muçulmanas tão numerosas e tão abandonadas. Levando para o meio delas Jesus no Santíssimo Sacramento, tal como a Santíssima Virgem santificou João Baptista levando Jesus até junto dele. Cód. LI007
A vida de Charles de Foucauld foi um exemplo de coragem e de coerência. Neste livro, da responsabilidade de Maurice Serpette, os leitores podem conhecer melhor o percurso de vida de Foucauld, desde o seu nascimento, em Estrasburgo em 1858, até à sua morte, a tiro, entre o povo Tuaregue, em 1916, no auge do primeiro conflito mundial. 306 páginas
€ 5,00 € 4,00
PROMOÇÃO Para 5 ou mais exemplares 3,00€ cada um.
SEMENTES DE ESPERANÇA - Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre PROPRIEDADE Fundação AIS DIRECTORA Catarina Martins de Bettencourt REDACÇÃO E EDIÇÃO P. José Jacinto Ferreira de Farias, scj, Maria de Fátima Silva, Alexandra Ferreira, Ana Vieira e Félix Lungu FONTE L’Église dans le monde – AIS França FOTOS © Fundação AIS; © AED; © Raphaëlle AUTRIC
CAPA PERIODICIDADE IMPRESSÃO PAGINAÇÃO DEPÓSITO LEGAL ISSN
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