S E M E N T E S DE ESPERANÇA FEVEREIRO 2016
| Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre
Intenções de Oração do Santo Padre Intenção Geral Respeito pela criação Para que cuidemos da criação, recebida como dom gratuito, a cultivar e proteger para as gerações futuras. Intenção Missionária Cristianismo na Ásia Para que cresçam as oportunidade de diálogo e de encontro entre a fé cristã e os povos da Ásia. UM ANO COMEÇOU… Um novo ano começou - um ano da História mundial e um ano de pequenos factos que acontecerão a cada um de nós. Uma migalha de tempo entre duas eternidades. Um ano não é muito. Mas, Deus concede-nos este ano para que com Ele façamos alguma coisa que Lhe dê alegria. Visto dessa forma, porém, um ano é muito. Usufruamo-lo para, no fim, agradar a Deus - então ele será valioso. Consta, na Sagrada Escritura, que Cristo veio para trazer fogo à Terra (cf. Lc 12,49). Isso foi há dois mil anos. Mas Ele continua a vir através da centelha dourada do Seu amor. Ele fá-la penetrar nos nossos corações para que estes se tornem suaves e incandescentes de vida divina. Com esse fogo devemos aquecer e iluminar o ano que Deus nos confia, para todos os que vivem no frio e na escuridão. Porque é alegria do Altíssimo ver arder o fogo de Cristo; portanto, os meus primeiros votos são de que leveis, outra vez, durante o ano todo, pelo mundo fora, o fogo do amor divino. Pe. Werenfried van Straaten
A oração é um dos pilares fundamentais da nossa missão. Sem a força que nos vem de Deus, não seríamos capazes de ajudar os Cristãos que sofrem por causa da sua fé. Para ajudar estes Cristãos perseguidos e necessitados criámos uma grande corrente de oração e distribuímos gratuitamente esta Folha de Oração, precisamente porque queremos que este movimento de oração seja cada vez maior. Por favor, ajude-nos a divulgá-la na sua paróquia, nos grupos de oração, pelos amigos e vizinhos. Não deite fora esta Folha de Oração. Depois de a ler, partilhe-a com alguém ou coloque-a na sua paróquia.
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Sementes de Esperança | Fevereiro 2016
Reflectir INTENÇÃO NACIONAL Para que todos os católicos, sem excepção, não deixem de fazer a sua confissão sacramental durante esta Quaresma no Ano Santo da Misericórdia
A eficácia terapêutica da absolvição sacramental Este ano a Quaresma deve ser vivida por nós de um modo diferente. A diferença está na atmosfera espiritual para a qual o Papa Francisco convocou toda a Igreja neste ano santo extraordinário da Misericórdia. Não é a primeira vez na história que a Igreja procura recordar aos Cristãos que Deus é misericordioso. E é sempre em momentos cruciais, difíceis. Nos finais do séc. XVII foi Santa Margarida Maria Alacoque que recebeu a revelação do Coração de Jesus, cheio de bondade e misericórdia para com o pecador, apelando à reparação, ou seja, a reconhecer que existimos, porque um amor nos precede. Aí teve origem a devoção ao Coração de Jesus, com a prática das primeiras sextas-feiras (confissão sacramental, comunhão reparadora e adoração eucarística, durante meia hora, nas primeiras sextas-feiras durante 9 meses seguidos), que imprimiu um ritmo intenso de renovação, que marcou a Igreja até ao Concílio Vaticano II. Em meados do séc. XX foi Santa Faustina Kowalska que transmitiu à Igreja a espiritualidade da misericórdia,
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que retoma a devoção ao Coração de Jesus, mas agora na forma do Senhor Ressuscitado. Trata-se de uma espiritualidade simples, como simples é a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, agora com o terço da misericórdia às 15h, em memória da Paixão do Senhor, e a celebração do dia da misericórdia, o segundo Domingo da Páscoa, que S. João Paulo II instituiu. Atento aos tempos difíceis que então se viviam, S. João Paulo II publicou a sua grande encíclica trinitária – Rico em Misericórdia (30.11.1980) -, na qual recorda ao mundo cristão que a misericórdia é um atributo divino: Deus compadece-Se, comove-Se, enche-Se de compaixão perante o estado do homem que se sente infeliz, miserável e desprezível. Mesmo nesta condição, Deus não desiste do homem, criado à Sua imagem e semelhança, pelo qual enviou o Seu Filho, que o amou/ama, até à última gota de sangue: «ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos» (Jo 15,13).
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Reflectir O Papa Francisco tem feito da misericórdia o lema do seu pontificado, agora confirmado e tornado realidade na proclamação do Ano Santo da Misericórdia. O Papa Francisco não se cansa de insistir nesta nota divina: Deus não desiste do homem, do homem pecador, que somos todos nós, mergulhados tantas vezes em sentimentos de infelicidade, de miséria (material, moral, espiritual) que faz com que o homem se sinta desprezível, indigno de apreço, como o sentimento de angústia, de depressão e de culpa amplamente o confirmam e que se traduz na taxa elevada de suicídios, no clima de guerra e de terrorismo sob tantas formas, na desistência pela vida e pela felicidade, confirmada pela indisponibilidade e não abertura à vida (o crime abominável do aborto), pela crise da família, traduzida nas uniões livres e nos divórcios: uma triste e miserável sociedade que não acredita na fidelidade (divórcio) nem dá valor à vida (aborto). Mas tudo isto não passará de belas ideias, se não for traduzido na vida. Não basta reflectir; é necessário viver e celebrar. Por isso é que, no pensamento dos Papas mais recentes, dando voz ao sentir da
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Igreja (na devoção ao Coração de Jesus e na espiritualidade da misericórdia), é preciso revitalizar nos Cristãos a frequência da confissão sacramental: é necessário escutar a palavra eficaz do perdão, que é muito mais do que desculpabilização. O perdão é o sinal do amor que não desiste daquele que é amado; é querer bem ao outro por aquilo que ele é e não por aquilo que pode dar, especialmente quando pensa que não vale nada, já não se sente digno de ser chamado filho, como na bela parábola do Filho Pródigo (Lc 15). Pois o meu desejo é que todos os que me lêem nesta meditação vivam intensamente o Ano da Misericórdia no tempo santo da Quaresma, confessando-se sacramentalmente, de modo que todos possam ter a graça de escutar a palavra do perdão que só o sacerdote pode dizer em nome de Deus – vai em paz e não tornes a pecar – com a mesma autoridade de Jesus, quando dizia ao pecador aquelas mesmas palavras que tocam o coração, curam as suas feridas e não deixam cicatrizes. P. José Jacinto Ferreira de Farias, scj
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Peru Superfície 1.285.220 Km2
•Nicarágua Costa Rica • Panamá •
População 27,5 milhões (30% com menos de 15 anos; 6% com mais de 65 anos)
• Venezuela
• Colômbia
• Guianas
Equador •
Religiões
• Brasil
Cristãos: 95,6%
• Peru
Católicos: 81,2% Protestantes: 12,5% Outros cristãos: 1,9%
• Bolívia
Pacífico
• Paraguai
Outras religiões: 0,4%
• Argentina
Religiões tradicionais: 1%
Chile •
Sem religião: 3%
• Uruguai
Atlântico
ANDES PERUANOS
ENTRE A FÉ E A POBREZA A Cordilheira dos Andes cobre uma grande parte do Peru. No coração das aldeias, das montanhas ou das cidades, a evangelização penetrou, pouco a pouco, na sociedade andina. Para lá da pobreza, muitas vezes evidente, os missionários ajudam os habitantes a conservar a esperança, enquanto a maior parte sofre com a indiferença. Eis uma visão global apoiada por testemunhos. “Em muitas aldeias, vive-se ainda na idade da pedra.” É assim que o Pe. Augustin Delouvroy descreve certas regiões da Cordilheira dos Andes, no Peru. Este missionário de origem belga, ordenado padre há doze anos, é um profundo conhecedor desta parte da América Latina. Pertence, desde os 19 anos, a uma congregação ardente e missionária, Missionários Servidores dos Pobres do Terceiro Mundo, nascida no início dos anos
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oitenta, em Cuzco, cidade do sudeste do país. Situada a cerca de 3.400 metros de altitude, com uma superfície média, com cerca de 300 mil habitantes, Cuzco foi a capital dos Incas e, durante muito tempo, uma encruzilhada no eixo económico transandino. Hoje, a cidade parece ter adormecido um pouco, depois da actividade comercial local se ter voltado para Lima, a capital.
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Peru “A pior discriminação que os pobres sofrem é a falta de atenção espiritual.”
À falta de sacerdotes, as Missionárias de Jesus organizam encontros de oração.
Na Diocese de Cuzco, “uma das mais antigas da América do Sul”» segundo o Pe. Delouvroy, “os missionários fizeram um notável e profundo trabalho a partir da chegada dos colonos espanhóis, no séc. XVI. Mas hoje, os pobres estão entregues à sua sorte. Em muitas aldeias, só há Missa uma vez por ano. Muitas zonas estão abandonadas”, prossegue. Todavia, a Igreja do Peru é dinâmica. O próprio Governo nacional faz esforços para apoiar esta região. O Pe. Delouvroy, que trabalhou com as estatísticas da pobreza no Peru quando era seminarista, assinala a dificuldade em encontrar números: “As dificuldades no terreno são difíceis de sondar. As intervenções do Estado peruano, na Cordilheira dos Andes, são intermitentes e um bocado clientelistas. Faltam políticas de fundo. Cerca de 90% dos que trabalham em Cuzco não têm contrato de trabalho. Podem ficar sem trabalho de um dia para
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o outro e há muitos abusos. Os trabalhadores das minas de pedra são explorados a maior parte do tempo e trabalham em condições miseráveis.” D. François d’Alteroche, hoje com 80 anos, foi durante quinze anos vigário apostólico da Prefeitura de Ayaviri, uma diocese com cerca de 300 mil habitantes, no coração da Cordilheira dos Andes. Aqui, pelo menos 80% da população é cristã. O bispo, que passou cinquenta anos da sua vida na América do Sul, conhece bem a população quéchua e a sua cultura na qual cresceu como pastor, durante cerca de trinta e oito anos. Este administrador apostólico, hoje retirado no sul de França, acentua a tónica do esquecimento e abandono de que foram vítimas e testemunhas as populações de língua quéchua e aymara. Enraizadas nas margens do lago Titicaca, estas populações autóctones “sofrem, ainda hoje, com o pouco interesse que se lhes
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Peru Algumas
Os que
paróquias só
permanecem
recebem a
nas aldeias
visita de um
não recebem
sacerdote
ajudas do
uma vez
Estado.
por ano.
dispensa”. Para o antigo administrador, “apesar da sua pobreza e das suas dificuldades esta população é nobre e luta para viver e mesmo sobreviver”. Os testemunhos dos missionários locais estão de acordo: a Igreja procura devolver toda a sua dignidade, “nomeadamente a sua dignidade aos olhos de Deus”, a estas populações dos Andes peruanos incluindo “toda” a pessoa humana. Para o Pe. Delouvroy, “o que lhes faz falta não é uma ajuda momentânea mas um amor incondicional! Para chegar a eles, nós, os missionários, temos de fazer com todo o coração, uma oferta profunda da nossa vida”. Porque, nesta parte do Peru, os pobres esperam que os missionários partilhem a sua vida. “Têm necessidade de saber, acentua o Pe. Delouvroy, que estes missionários ocidentais puseram a sua vida ao serviço deles.” Por isso, estes últimos ensinam, muitas vezes, aos pobres
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um ofício ou um trabalho “mostrando-lhes também a maneira de o executar na presença do Senhor”. Deste modo, o Evangelho penetra na sociedade andina. A Boa Nova transforma todos os aspectos da vida: a vida familiar, o trabalho profissional, as relações sociais. “Tenta-se mostrar-lhes a beleza do Evangelho, de modo a que vejam nele uma esperança e um motivo para acções dignas e honestas”, explica o jovem missionário. Que tipo de miséria existe no local? Com que males se devem confrontar os que vêm em auxílio dos peruanos dos Andes? Um missionário cita a exortação apostólica “Evangelii Gaudium do Papa Francisco: “A pior discriminação que os pobres sofrem é a falta de atenção espiritual.” Para o fazer, as comunidades levam um apoio e uma ajuda local. Os Missionários Servidores dos Pobres do Terceiro Mundo, citados acima, estão entre eles. Mas não são os únicos.
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Peru As aldeias perdidas são de muito difícil acesso para os sacerdotes. Na foto, Huamachuco.
Para além da Igreja local e diocesana, para a qual D. François d’Alteroche foi destacado, diversas comunidades trabalham no local. Entre elas as Missionárias de Jesus Verbo e Vítima (apoiadas pela Fundação AIS) cujo trabalho “começa onde as estradas já não são alcatroadas”. O seu objectivo é actuar nas aldeias, nas regiões de difícil acesso e sem médico, farmácia ou dispensário. Como explicava a Irmã Maria Immaculata à AIS: “Vamos onde não há padres, onde não chegaram durante meses e até anos. Até 5.000 metros de altitude e mais ainda. Ajudamos os que nunca seriam ajudados se não estivéssemos lá.” As Irmãs estão “em toda a parte”. Entre a Liturgia da Palavra e a distribuição da comunhão, a transmissão da fé e a formação de catequistas, estas mulheres consagradas a Cristo escutam, consolam e arbitram as divergências. Tomam conta dos idosos e dos doentes, fornecem-se de 8
medicamentos e distribuem-nos, cuidam das dores físicas de toda a espécie. Ajudam as mulheres grávidas a dar à luz. Ao mesmo tempo professoras e educadoras, dão cursos de cozinha e de costura às jovens e mulheres, e lutam contra o analfabetismo e o alcoolismo. Para compreender esta região do Peru, basta apenas mergulhar nela. Foi o que fez Étienne de Baudus, jovem seminarista de Lille, que passou por estas aldeias andinas, ao encontro das comunidades cristãs. A sua primeira constatação foi a da efervescência espiritual muito forte nestas populações: “Nestes peruanos dos Andes, a religião passa pelo sentir e pelo corpo. Isto surpreendeu-me muito!” “Muitas vezes, prossegue, a fé parece um pouco superficial, um pouco supersticiosa: há uma espécie de conluio entre o folclore e a piedade puramente cristã.” A dança está muito presente nas
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Peru As
As
populações
religiosas
sofrem
são a única
sobretudo
ligação com
com a
a Igreja.
indiferença.
demonstrações de fé, à imagem deste continente sul-americano. Subsistem “traços” de religiosidade ancestral. Muitas lojas, na cidade, vendem o que é necessário para alimentar os sacrifícios e atrair a generosidade dos espíritos. Mas, como salientava o Pe. Hilario Huanca Mamani, padre peruano, a propósito da cultura do seu povo dos Andes, num artigo para a Conferência Episcopal Francesa: “Pelo menos, no nosso ambiente andino, o Deus cristão é aceite como o elemento central da rede das relações e, por isso, todas as nossas orações, as nossas danças, os nossos cantos e sobretudo as nossas festas têm como orientação final o Deus cristão.”
e os que se vêem obrigados a emigrar à procura de melhores condições de vida. Os que ficam nas suas aldeias estão condenados a lutar sozinhos para viver, porque não têm recursos próprios e não podem ainda contar com a ajuda do Estado. E, nas grandes cidades onde procuram trabalho, os andinos estão sempre atrás dos outros” relatava ainda o Pe. Hilario.
Com a globalização, a vida parece tornar-se cada dia mais difícil para os que vivem nesta região dos Andes. A vida é tanto sedentária como nómada. “Há os que decidiram ficar na sua comunidade de origem
Para que a Igreja continue a investir no desenvolvimento e na dignidade da população esquecida dos Andes, levando o amor e a presença de Jesus, nós Te pedimos Senhor!
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Os Andes são, então, terra de missão? Certamente. Em todo o caso, terra cativante onde as situações difíceis e o isolamento não fazem baixar os braços àqueles que, no local, levam novos fermentos de esperança.
Oração
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Oração FRANCISCO E JACINTA MARTO, COMPANHEIROS DA CAMINHADA QUARESMAL 20 DE FEVEREIRO Começar a Quaresma é tomar consciência de que ainda somos um mero esboço do que poderemos vir a ser. Um deixar as mãos do Artista recomeçar a Sua obra de arte. É o tempo do Artista refinar e aperfeiçoar detalhes já desenhados, apagar e desmanchar as linhas traçadas pelo egoísmo e não pela mão do Criador; é um tempo de verdadeira arte onde, a sós, no “estúdio” do Criador, abandonamo-nos à aventura da confiança no Único Artista que pinta no nosso ser, o Rosto do Seu Filho bem-amado, Jesus Cristo. E para que o pincel percorra a tela do nosso interior é necessária a escuta atenta da Palavra de Deus (oração), num encontro pessoal e íntimo com Ele, a renúncia (jejum) a tudo aquilo que nos impede de caminhar para a santidade e a partilha, com amor, do que temos (esmola), com boas obras, o que completa esta renovação e esta obra de arte de Deus, que nós somos. Quarenta dias que podem desenhar um treino cuidadoso para a nossa liberdade, transformando a nossa vida numa oferta plena para os outros, tal como a vida de Cristo. De facto, “foi para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1). No mistério imenso do Seu amor, Paixão, Morte e Ressurreição, Cristo não só nos liberta do pecado, como nos oferece a liberdade como um dom, não para nos encerrarmos em nós mesmos, mas para que nos dessemos aos irmãos. E é precisamente este dom que faz de nós participantes activos na obra da redenção, oferecendo-nos como oblação para a libertação dos que ainda jazem nas trevas e nas sombras da morte (cf. Lc 1,79). Temos dois companheiros de viagem nesta Quaresma, os bem-aventurados Francisco e Jacinta Marto. A breve vida dos irmãos Marto é ícone exímio de quem se abandona, em total confiança, nas mãos do Artista. Contemplamos nas suas vidas uma autêntica Quaresma onde a centralidade de Deus foi crucial na transformação radical do esboço das suas vidas, para uma verdadeira obra-prima, reflectindo os traços do rosto trinitário. Na intimidade do “estúdio” com o Artista divino, Francisco torna-se o Seu próprio consolador, o seu coração é um sacrário da Sua habitação e Jacinta é plasmada a fogo com a imagem do Cordeiro Imolado na oferta constante de si mesma para a salvação dos “pobres pecadores”. São crianças, sem dúvida, mas crianças com uma tal seriedade de vida, que quando brincam, brincam com as contas do rosário entre os dedos, cantando o Amor Misericordioso de Deus e cimentando a humanidade com a arte da esperança. A caminhada quaresmal dos pastorinhos, de oração atenta, de renúncia e de oferta por amor, acabou num abraço com o Ressuscitado: “já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim!” (cf. Gl 2, 20). A nossa Quaresma é um tempo onde somos chamados a caminhar até este mesmo grito de conversão. Façamos deles os nossos companheiros de viagem, de modo que, com eles e como eles, nos deixemos moldar por Deus, através do Coração Imaculado de Maria que os inseriu “na arte de crer, de esperar e amar” (cf. Bento XVI). Que ao longo destes quarenta dias, as palavras do Anjo, na sua segunda aparição, no Poço do Arneiro, ressoem como um belo refrão de quem caminha para a santidade: “De tudo que puderdes, oferecei um sacrifício em acto de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores.” Irmã Bridget Eason, asm
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Ano da Vida Consagrada
COMUNIDADE CANÇÃO NOVA FUNDAÇÃO “Faça alguma coisa!” Foram estas as palavras que deram origem a uma aventura de fé que começou a ser escrita quando o Bispo Emérito de Taubaté, São Paulo, Dom António Miranda, chamou à sua presença um padre salesiano e o desafiou a colocar em prática o que foi proposto na Encíclica Evangelii Nuntiandi. Nesta Encíclica, o Papa Paulo VI exorta o episcopado, o clero e os fiéis de toda a Igreja sobre a Evangelização do mundo contemporâneo, decorria o ano de 1976. Dois anos depois, o Padre Jonas Abib decide, num encontro de jovens, perguntar a todos os presentes quem estava
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disposto a deixar tudo durante um ano da sua vida para se entregar a Deus. O desafio foi aceite por doze jovens. E desde então o número de jovens ao serviço da evangelização não parou de crescer. Hoje, a Comunidade Canção Nova é reconhecida pela Santa Sé como Associação Internacional Privada de Fiéis e é composta por mais de 1.000 membros espalhados pelo Brasil, Portugal, França, Itália e Terra Santa. Todos os estados de vida (casais, solteiros, celibatários e sacerdotes) são chamados a viver em comunidade, com a missão de preparar um povo disponível para a vinda do Senhor, através da formação de homens novos para um mundo novo. 11
Ano da Vida Consagrada
Espiritualidade: A caminhada espiritual da comunidade centra-se em quatro elementos: • Trabalho santificado: procura constante de realizar a vontade de Deus em todas as actividades que desenvolve com alegria e docilidade. • Oração ao ritmo da vida: elemento fundamental que norteia toda a jornada e agir da pessoa, a oração ao ritmo da vida está intimamente ligada ao trabalho santificado. • Procura dos meios: procura constante dos recursos necessários para cultivar a relação pessoal e profunda com Deus. • Tempos fortes: momentos intensos e profundos de presença com o Senhor de forma a reforçar a espiritualidade dos seus membros.
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A vida espiritual é alimentada na celebração diária da Eucaristia e na Adoração; no estudo e meditação da Palavra de Deus por meio da escrita de um diário espiritual; e na oração do Rosário. Semanalmente, a comunidade reúne-se em oração carismática, para além dos retiros comunitários duas vezes por ano. O sacramento da reconciliação e a direcção espiritual; a prática de penitência às sextas-feiras, a recordação da Paixão de Cristo às 15h00 e a oração da Liturgia das Horas são recomendações vividas pelos seus membros.
CARISMA O Carisma Canção Nova é uma forma renovada e que dá prioridade a favorecer a experiência pessoal do encontro com Jesus Cristo na eficácia do Espírito Santo. Tem por finalidade a formação
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Ano da Vida Consagrada
de homens novos para um mundo novo, através da evangelização, de modo a preparar e apressar a vinda gloriosa do Senhor. Participa da graça que foi dada à Igreja nos dias de hoje: uma nova efusão do Espírito Santo e enviada a realizar a sua missão em comunhão com toda a Igreja.
MISSÃO A missão da Comunidade Canção Nova é evangelizar, comunicar Jesus e a vida nova que Ele veio trazer, pelos Encontros e, de maneira preferencial, mas não exclusiva, através dos meios de comunicação social. A Comunidade Canção Nova actua nas áreas da educação, da saúde, das artes, da cultura e da promoção social, com o objetivo específico de contribuir
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concretamente para a transformação do ser humano e das estruturas sociais. Como associação de fiéis cristãos, procura cultivar e aprofundar a sua pertença e inteira comunhão com a Igreja Católica, expressando-a através do seu amor, obediência e dedicação ao Papa e aos Bispos em comunhão com ele. Procura sempre colocar-se, em tudo, ao serviço da edificação da Igreja e em fidelidade ao seu próprio carisma.
CONTACTOS Estrada da Batalha, 68 2495-405 Fátima Tel.: 249530600 Email: comunicacao@cancaonova.pt Site: http://www.cancaonova.pt/ http://www.cancaonova.com/ Facebook: www.facebook.com/cnportugal
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Actualidade - Ano Santo da Misericórdia ENVOLVIDOS NO AMOR DE DEUS PELO MUNDO, TAMBÉM NÓS DEVEMOS DAR A VIDA PELOS NOSSOS IRMÃOS «Ninguém jamais viu a Deus». É Jesus quem no-lo deu a conhecer (cf. 1Jo 4,9-10). Nele tocámos o amor de Deus (cf. 1Jo 1,1-3; 4,14). Fomos tocados. Sabemo-nos envolvidos pelo seu amor. Envolvidos no seu amor pelo mundo. Veio não para condenar o mundo mas para o salvar (cf. João 3,17). Ele veio ao nosso encontro. Encontrámo-nos com Ele. Compreendemonos como seus discípulos. Queremos seguir os seus passos. Queremos viver com Jesus e como Jesus sobre a terra. Viver assim é viver já a vida eterna. A parábola conhecida como do Bom Samaritano é clara acerca do pequeno bem concretamente possível para cada um de nós. Sem excluir ninguém por critérios prévios de proximidade: ser próximo é aproximarmo-nos dos outros e tratá-los como irmãos. Não serão gestos heróicos. Serão os humanamente possíveis. Para nos tornarmos cada vez mais humanos. Como plenamente humano é Jesus de Nazaré. «Passou fazendo o bem» (cf. Atos 10,38). Na Tradição, Ele é visto como o Bom Samaritano da humanidade (cf. Prefácio comum VIII do Missal Romano). Este é um primeiro movimento: ir. Ir ao encontro do outro que precisa de ajuda. Só porque precisa. Porque é fraco, doente, pobre. Ir como Jesus. Com Jesus. Mas há uma outra realidade, aparentemente contraditória. Ao ir ao encontro do outro que precisa é a Jesus que encontramos. Exatamente nesse outro que precisa. Só porque precisa. Porque é pobre, doente, fraco. Realmente, a terceira das parábolas do capítulo 25 de S. Mateus (Mt 25,31-46) abre-nos os olhos (fé) e o coração (caridade) para reconhecermos o Senhor naqueles que se encontram com fome ou com sede, que vêm de fora ou não têm roupa, que estão presos ou doentes. Ele encontra-se no pobre, no fraco, no excluído. Hoje é o dia para nos recordarmos, uma vez mais, de que, como discípulos de Jesus e tal como Ele, «também nós devemos dar a vida pelos nossos irmãos» (1Jo 3,16). P. José Manuel Pereira de Almeida Coordenador Nacional da Pastoral da Saúde
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Actualidade - Ano Santo da Misericórdia VOLUNTARIADO PASTORAL: ASSOCIAÇÃO MATEUS 25 É a Associação de Cooperadores voluntários das Capelanias hospitalares do Patriarcado de Lisboa, uma associação privada de fiéis (com personalidade jurídica no foro canónico e civil) que tem como referência o capítulo 25 do Evangelho de S. Mateus, nomeadamente o apelo contido no versículo: “estava doente e visitaste-me”. VOCAÇÃO E MISSÃO
“Estava doente e visitaste-me” (Mt 25, 36) A solicitude pelos doentes, antes de ser um desafio de Jesus àqueles que Ele chamou, foi uma opção Sua: durante a Sua vida pública, ungido pelo Espírito Santo, percorreu a Galileia e a Judeia fazendo o bem e curando os doentes (cfAct 10, 38). Os Apóstolos e a Igreja nascente assumiram o cuidado dos doentes e dos pobres como uma tarefa importante enuma relação estreita com o anúncio do Evangelho. Ao longo dos séculos essa aventura nos territórios da compaixão tem sido plasmada em múltiplas formas, conforme a inspiração criativa do Espírito. Em todas elas se descobre, de geração em geração, o dom generoso e silencioso de miríades e miríades de protagonistas da caridade. O voluntariado não é, por isso, uma invenção recente: é, afinal, uma invenção agápica do próprio Cristo, um caminho para O encontrar e amar. A Mateus 25, bebendo deste mesmo espírito, vive animada pelo desafio de se encontrar com Cristo em cada doente. Como o bom samaritano, derrama, em suas feridas e dores, temores e ansiedades, o vinho e o óleo do amor e da esperança, dando um novo alento de vida e um consolo de fé. A boa vontade para fazer o bem não chega: é necessário fazê-lo bem. É necessária organização, formação, compromisso, qualidade. A Mateus 25, criada pelos capelães para enquadrar num novo movimento o voluntariado agregado às capelanias hospitalares, teve na origem da sua fundação a preocupação de mais e melhor formação, de uma maior qualidade na colaboração pastoral dos voluntários cooperadores, de uma colaboração mútua entre capelanias e de uma abertura das capelanias à presença da comunidade. SEDE Capelania do Hospital de Santa Maria, Av. Prof. Egas Moniz, 1649-035 Lisboa Tel: 21 780 51 23 Fax: 21 780 56 54 Email: mateus200525@gmail.com Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre
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“[Deus] Interessa-Se por cada um de nós; o seu amor impede-Lhe de ficar indiferente perante aquilo que nos acontece. Coisa diversa se passa connosco! Quando estamos bem e comodamente instalados, esquecemo-nos certamente dos outros (isto, Deus Pai nunca o faz!), não nos interessam os seus problemas, nem as tribulações e injustiças que sofrem; e, assim, o nosso coração cai na indiferença (…). Hoje, esta atitude egoísta de indiferença atingiu uma dimensão mundial tal que podemos falar de uma globalização da indiferença. Trata-se de um mal-estar que temos obrigação, como cristãos, de enfrentar.” Papa Francisco
O martírio foi sempre considerado pela Igreja como a forma mais sublime de testemunho cristão. É o que se propõe neste pequeno livro de Aura Miguel: que ao seguir os passos da Via Sacra com os Mártires do Séc. XX possamos também nós crescer na fé e confortados na esperança do exemplo de tantos que deram a vida por Cristo e pela Igreja, tornarmo-nos sinal de amor para com os outros e Testemunhas da Fé. SEMENTES DE ESPERANÇA - Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre PROPRIEDADE Fundação AIS DIRECTORA Catarina Martins de Bettencourt REDACÇÃO E EDIÇÃO P. José Jacinto Ferreira de Farias, scj, Maria de Fátima Silva, Alexandra Ferreira, Ana Vieira e Félix Lungu FONTE L’Église dans le monde – AIS França FOTOS © AIS; O Bom Samaritano de Charalambos Epaminonda; Ícones de Francisco e Jacinta, de Marko Rupnik
CAPA PERIODICIDADE IMPRESSÃO PAGINAÇÃO DEPÓSITO LEGAL ISSN
A Cruz na Montanha de Caspar David Friedrich 11 Edições Anuais Gráfica Artipol JSDesign Isento de registo na ERC ao 352561/12 abrigo do Dec. Reg. 8/99 2182-3928 de 9/6 art.º 12 n.º 1 A
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