Sementes de Esperança | Março de 2015

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S E M E N T E S DE ESPERANÇA MARÇO 2015

| Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre


Intenções de Oração do Santo Padre Intenção Geral Cientistas ao serviço do bem Para que quantos estão comprometidos na investigação científica se ponham ao serviço do bem integral da pessoa humana. Intenção Missionária Contributo da mulher na Igreja A fim de que seja cada vez mais reconhecida a contribuição própria da mulher para a vida da Igreja. ABENÇOA, SENHOR, AS MULHERES Senhor Jesus, que amaste Maria de Nazaré, e A dignificaste como Mãe e Mulher, que na tua vida pública cuidaste e acolheste com respeito e carinho muitas mulheres, que perdoaste à Samaritana, à adultera, que trataste com solicitude a Marta e a Maria e chorastes com elas a morte de seu irmão Lázaro, que tiveste com a viúva de Naim uma atitude de maravilhosa misericórdia e compaixão, ensina-nos, em Igreja, a respeitar a dignidade da mulher, o seu contributo específico para bem da Igreja e da Humanidade, acolhendo a sua generosidade e riqueza de coração, a sua grandeza de alma e talento feminino, e a sua visão das coisas e do mundo. Que a Igreja, que é Mãe e Esposa, saiba acolher o contributo específico da mulher, para enriquecimento de todos, com seu jeito peculiar de doação, de amor, de entrega, de beleza interior, de sabedoria. Dário Pedroso, s.j.

A oração é um dos pilares fundamentais da nossa missão. Sem a força que nos vem de Deus, não seríamos capazes de ajudar os Cristãos que sofrem por causa da sua fé. Para ajudar estes Cristãos perseguidos e necessitados criámos uma grande corrente de oração e distribuímos gratuitamente esta Folha de Oração, precisamente porque queremos que este movimento de oração seja cada vez maior. Por favor, ajude-nos a divulgá-la na sua paróquia, nos grupos de oração, pelos amigos e vizinhos. Não deite fora esta Folha de Oração. Depois de a ler, partilhe-a com alguém ou coloque-a na sua paróquia.

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Reflectir INTENÇÃO NACIONAL Por todos os que sofrem, no corpo, na alma ou no espírito, para que possam encarar com fortaleza todas as provações da vida e lê-las como uma visita de Deus que assim lhes abre os olhos e dilata o coração para coisas maravilhosas que não cabe à mente humana nem sequer imaginar.

A ZANGA COM DEUS É surpreendente que na oração do Pai-

A este propósito lembro de uma história

nosso todas as petições são dirigidas para

de uma criança pobre que surpreendeu o

Deus e nenhuma para nós ou em nosso

pároco quando escutou esta oração: «O

favor. Em todo o caso, há uma que particu-

pão-nosso, mas com manteiga, nos dai

larmente nos agrada e que se transformou

hoje!...». De facto, a criança era filha de

até numa frase comum para dizer ou tra-

uma família muito pobre, onde o pão

duzir o sentimento de alguém tão egoísta

seco era já uma riqueza… Providenciou o

que tudo deseja para si e nada para os

bom do pároco para que, discretamente,

outros: «venha a nós o vosso reino!...». Mas

todas as manhãs, sem que soubessem

o «reino» que aqui se refere, na interpreta-

donde vinha, aparecesse a manteiga

ção mais interesseira ou vulgar, tem a ver

para o pão daquela família, e qual não

com qualquer tipo de bem-estar, sobretu-

foi a surpresa do pároco quando, alguns

do psicológico ou material. Há também a

dias mais tarde, surpreendeu a mesma

quarta petição sobre o «pão de cada dia»

criança que agradecia ao bom Deus que

que pedimos para que, na verdade, nada

providenciava a manteiga para o seu

nos falta, de novo aqui sobretudo no senti-

«pão-nosso de cada dia».

do material dos bens fundamentais para o nosso sustento, desde aqueles que dizem respeito ao comer e ao vestir, aos bens mais elevados, mas mesmo assim, materiais, da cultura, da profissão, do sucesso.

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O Padre António Vieira, no seu comentário ao Pai-nosso, inspirando-se, por sua vez, em Santo Agostinho, convida-nos a considerar que a única petição que verdadeiramente nos diz respeito e que

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Reflectir havemos de pedir com intensidade, é a

porque havendo a coincidência das vonta-

última, aquela na qual pedimos «não nos

des, que são uma só, estaremos sempre

deixeis cair na tentação, mas livrai-nos do

em paz, mesmo no meio das provações.

mal». Porque, comenta o Padre António Vieira, inspirando-se em Santo Agostinho, o «mal» é a única coisa da qual devemos pedir a Deus que nos livre, sendo que o mal, neste contexto, é o pecado, afastar-se de Deus, não realizar a sua vontade, que é o conteúdo mais importante de todo o Pai-nosso traduzido na terceira petição: «seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu».

É isto que continua a acontecer hoje na vida de tantos cristãos que de um modo cruento ou incruento são perseguidos por serem cristãos. Recordo aqui o testemunho de Suheila, uma refugiada cristã no campo dos refugiados em Ankawa, perseguidos pelos fundamentalistas do estado islâmico que, no meio de tantas dificuldades, mas ajudados por tantos cristãos e homens de boa vontade que apoiam a Fundação

Se, como dizia Santo Ireneu, a glória de

AIS, dizia, com ar agradecido: «Estamos

Deus consiste na vida do homem, mas a

vivos» e «por aqui ninguém está zanga-

vida do homem consiste na visão de Deus,

do com Deus!...». E como poderia ser de

então pedir a Deus que a sua vontade se

outro modo se, desde o mistério da cruz,

cumpra em nós é o mesmo que pedir que

o Senhor se identifica com todos os que

não nos deixe cair na tentação de a não

são perseguidos por causa da justiça e do

querer realizar, porque isso é o verdadeiro

seu Nome?

e autêntico mal que nos danifica. E se isto acontecer, se pedirmos verdadeiramente e com convicção que Deus nos livre da tentação e do mal, então nada nos fará mal, passaremos por todas as provações

P. José Jacinto Ferreira de Farias, scj Assistente Espiritual da Fundação AIS

da vida envolvidos na sua protecção que nos dá a paz. E neste sentido não cairemos na tentação de nos zangarmos com Deus, 4

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Bósnia-Herzegovina Superfície 51.210 Km2 População 3,8 milhões de habitantes Religiões Cristãos: 52,3% Ortodoxos: 37,9%; Católicos: 14,2%; Outros: 0,2% Muçulmanos: 45,2% Sem filiação religiosa: 2,5%

BÓSNIA-HERZEGOVINA

O INTERMINÁVEL PÓS-GUERRA Mais de vinte anos após a sua independência e depois das eleições legislativas de Outubro de 2014, a Bósnia-Herzegovina causa inquietação. Um sistema político pervertido, a descida do nível de vida e o aumento do desemprego não são indicadores de um futuro radioso. A isto, acresce uma radicalização do Islão, que não deixa de preocupar os Cristãos que lá vivem. Mais de 50% de desempregados, políticos que não se entendem sobre nada e graves tensões interétnicas. O quadro não é cor-de-rosa para a Bósnia-Herzegovina, pequeno país dos Balcãs entalado entre a Croácia, a Sérvia e o Montenegro. Na fronteira entre as culturas ocidental e oriental, este jovem Estado acolhe, ao mesmo tempo, três nações e três religiões. A 28 de Junho de 2014, a capital Sarajevo comemorou os 100 anos do assassinato do arquiduque Francisco Fernando, acontecimento que desencadeou a primeira

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guerra mundial. A comemoração pretendia dar ares de reconciliação e, sem dúvida, criar uma diversão após meses de manifestações dos bósnios contra a pobreza e o poder instituído. Mas ninguém se deixou enganar e até os políticos se mantiveram longe das atenções. Não há unidade. “Todavia, desde 1914, explica o Cardeal Puljic, Arcebispo de Sarajevo, que se tinha instalado uma certa tolerância entre as comunidades.” Hoje, os muçulmanos bósnios representam o grupo mais importante da população (50%) seguidos 5


Bósnia-Herzegovina Em Sarajevo coexistem cada vez mais mesquitas e os vestígios da guerra sempre presentes (Vrhbosna).

dos sérvios ortodoxos (30%) e dos croatas católicos (cerca de 10%). Mas “desde a guerra de 91-95, as relações mudaram em detrimento dos Católicos”, prossegue. É necessário dizer que a guerra da Bósnia, desencadeada no seguimento da declaração de independência da Bósnia-Herzegovina pela Comunidade Europeia e pelos Estados Unidos, em 1992, deixou traços indeléveis. Em quatro anos, entre 250 a 280 mil pessoas foram mortas ou declaradas desaparecidas, cerca de 500 mil foram torturadas e 2,5 milhões tornaram-se refugiadas no país ou no estrangeiro. Será, sem dúvida, necessário esperar que passe uma geração para atenuar os traumas e restaurar a confiança entre as comunidades. Enquanto se espera, os acordos de Dayton, que puseram fim aos combates, apagarão as suas vinte velas em Outubro de 2015. Acordos que, na época, pareciam ser a solução menos má, mas que hoje parecem já não servir.

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Oração Para que a situação social, económica e política da Bósnia-Herzegovina melhore, contribuindo para uma maior harmonia e tolerância entre o povo, nós Te pedimos Senhor!

RADICALIZAÇÃO DO ISLÃO Na realidade, os acordos degeneraram num sistema administrativo dantesco de complexidade: uma Bósnia separada em duas “entidades”: a Federação da BósniaHerzegovina (51% do território reagrupando os Croatas-Bósnios) e a República Srpska (República Sérvia) com os 49% restantes, tudo gerido por um triunvirato sob a autoridade, em último grau, de um alto representante da comunidade internacional. Como resultado, hoje em dia há pelo menos treze entidades governamentais e 160 ministérios, o que a torna provavelmente um dos Estados mais caros do mundo com despesas públicas que devoram quase 45% do PIB. E um sistema que trava toda a decisão política. Sementes de Esperança | Março 15


Bósnia-Herzegovina O Cardeal

Uma família pobre de Sasina (Banja Luka - Bósnia). O pai foi morto pelos soldados sérvios. As novas gerações não querem ficar. No espaço de vinte anos, o número de cristãos diminuiu para metade.

Paralelamente a este contexto de crise que exacerba as tensões entre as comunidades, o país é testemunha, de há uns anos para cá, de um Islamismo radical crescente. “A influência dos países árabes tornou-se mais forte”, explica o Cardeal Puljic “e a radicalização aumenta. Isto perturba até os muçulmanos idosos que sempre conviveram com os cristãos.” É um fenómeno que acelera a partida dos católicos. “Antes da guerra”, explica o cardeal, “as estatísticas apontavam para 812.256 católicos. Mas hoje, vinte anos mais tarde, o seu número foi dividido por dois, isto é 443.084.” A região pode, no entanto, vangloriar-se de ter sido evangelizada por S. Paulo no séc. I (Rm 15,9). Mas como ficar num país que não oferece nenhuma perspectiva de futuro nem de segurança? Para D. Pero Sudar, Bispo Auxiliar de Sarajevo: “Só a União Europeia pode propor algo de positivo em termos de futuro para os pobres cidadãos da Bósnia-Herzegovina.” Mas é um facto a constatação de que, por agora, a Europa parece estar visivelmente

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Puljic e Johannes Heereman, o presidente executivo da AIS.

ausente. À pergunta sobre se os Cristãos recebem ajuda da Europa, o Cardeal Puljic lamenta: “Muito para os outros e pouco, quase nada, para os Católicos.” Que os políticos que foram eleitos em Outubro possam trabalhar de maneira equitativa para o bem de todos.

Oração Para que os Católicos da BósniaHerzegovina se mantenham fiéis à sua identidade e dela dêem testemunho, nós Te pedimos Senhor!

A GUERRA DA BÓSNIA Em 1990, a população encontra-se dividida. Os sérvios (32% da população) querem que a BósniaHerzegovina fique na federação jugoslava e os bósnios e os croatas (64% da população) desejam a independência. Por fim, a Bósnia-Herzegovina declarará a sua independência em Março de 1992, desencadeando quatro anos de guerra bárbara a que os acordos de Dayton, em Dezembro de 1995, puseram fim. O país divide-se em duas entidades. A Federação Bósnia e Herzegovina, e a República Srpska.

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Oração

QUARESMA É O MOMENTO DA EDUCAÇÃO A TORNARMO-NOS COMO DEUS NOS QUER Um tempo de mortificação, que não é uma nossa habilidade ascética. A mortificação é um desabituarmo-nos do mal. Quanto mais estamos atentos, mais nos damos conta que o nosso pecado é grande. Daqui nasce o equívoco acerca de uma nossa incapacidade: um desespero que tem a mesma raiz da presunção. De facto, a conversão nasce do encontro contínuo com Cristo. O modo com o qual Ele provoca a nossa conversão não o podemos prever. A Páscoa é o fim imprevisível da Quaresma. O pecado torna-se a maior mentira quando não existe vigilância. A vigilância é: recomeçar sempre com Deus, e não buscar com as próprias forças a perfeição moral. A verdadeira vigilância exprime-se assim: “Dá-me o tempo para que eu Te possa invocar” (Stº Agostinho). A Quaresma é então o tempo desta consciência: existimos só com a Sua ajuda. A ânsia, e a preocupação na vida são o sinal da mesma dureza dos Fariseus. A doçura no julgar-se a si e aos outros vem só de ter o olhar em Deus, do apoiar-se n´Ele. É, então, preciso como dote fundamental a simplicidade: seguir e basta. Nós, pelo contrário, pecamos a maioria das vezes contra a própria simplicidade: tendemos a conceber a nossa vocação como queremos nós. Podemos chegar a experimentar irritação contra Deus que não faz a nossa vontade. Cai-se numa chantagem subtil que complica a vida. E, no entanto, na forma mais dolorosa da prova (quando Ele parece que não responde àquilo que nós esperamos) descobre-se o factor maior da educação: a atenção ao essencial, porque nos chama a Ele. As provas são uma educação ao essencial. Por estes motivos, a Quaresma é o tempo da segurança; o tempo do amor, porque percebemos que Alguém nos ama. Está-se livre de todo o peso, em virtude do perdão. Penetra em nós a alegria de nos sabermos objecto da Sua salvação. Podemos olhar-nos a nós próprios com esperança. Esse é o verdadeiro jejum, porque implica olhar só para Ele. Só para Ele que nos salva. Por isso, penitência e jejum são muito mais o realizar-se do amor do que o privar-se de algo. D. Luigi Giussani (Apontamentos para o tempo de Quaresma)

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2015 - Ano da Vida Consagrada A ORDEM DOS CARMELITAS DESCALÇOS

UM POUCO DE HISTÓRIA Nos finais do séc. XII nasciam no Monte Carmelo (em Israel) os Carmelitas que, em 1209 começaram a viver uma vida organizada por meio de uma Regra. Estes primeiros Carmelitas dedicavam-se à oração e à meditação da Palavra de Deus. A instabilidade que já naquela época existia na Terra Santa leva-os a abandonar esse lugar e a virem para a Europa. Aí estabelecidos, procuram fixar a sua identidade e fazem-no adoptando dois modelos: - O profeta Elias: por um lado viam nele o protótipo do eremita dedicado inteiramente à contemplação e por outro um modelo de vida mista conjugando a acção e a contemplação. - Nossa Senhora: desenvolvem igualmente a piedade mariana que acaba por identificá-los como a Ordem da Virgem, de tal forma que passam a ser conhecidos oficialmente com o título de Irmãos da

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Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo. Título que se manteve até hoje para as Carmelitas Descalças.

SANTA TERESA DE JESUS E S. JOÃO DA CRUZ No séc. XV aparece o ramo feminino da Ordem e no séc. XVI, Santa Teresa de Jesus, também conhecida por Santa Teresa de Ávila, ajudada por S. João da Cruz funda a Ordem dos e das Carmelitas Descalços(as) (OCD) que, nos dias de hoje, engloba três ramos: os Padres Carmelitas Descalços, as Irmãs Carmelitas Descalças e a Ordem dos Carmelitas Descalços Seculares. Todo o Carmelo Descalço está neste momento a celebrar os 500 anos do nascimento da nossa fundadora Santa Teresa de Jesus (2014-2015), nascida em Ávila em 28 de Março de 1515. Actualmente no mundo as Carmelitas Descalças somam cerca de 13 mil membros e os Carmelitas Descalços à volta de

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2015 - Ano da Vida Consagrada 4 mil. Em Portugal as Carmelitas são perto de 140, distribuídas por nove Carmelos e os Carmelitas cerca de trinta, com casas no norte e no centro do país. Os Carmelitas seculares são cerca de 25 mil, estando cerca de 500 em Portugal.

OS EIXOS DA ESPIRITUALIDADE CARMELITA Oração: «A oração é um trato de amizade, estando muitas vezes a sós com quem sabemos que nos ama», escreveu Santa Teresa. Trata-se de uma espiritualidade de intimidade, de familiaridade com o Senhor, de O sentir “companheiro nosso”, “amigo que nunca falta”. A partir da oração tudo deve convergir para o amor: a leitura, a meditação, a acção de graças, os propósitos para a vida, tudo deve levar a amar mais. Diz Santa Teresa: Além disso a oração não é para procurar uma plenitude, um “sentir Deus”, um “encontrar-me a mim mesmo”, mas para encontrar-me com Deus, simplesmente, e de forma que esse encontro mude de facto a minha vida na prática. Desta forma, a oração não acontece apenas no tempo a ela reservado, mas trata-se de uma oração contínua, durante todo o dia, em que se procura fazer tudo numa vigilância de amor. A união com Deus é o objetivo da vida carmelita, que acontece quando se procura exercitar o amor de uns para com os

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outros, o desprendimento de todas as coisas e a verdadeira humildade. Na verdade, no Carmelo, o papel da Comunidade é fundamental. Temos duas horas diárias de oração e duas horas diárias de recreio com a Irmãs, para realçar que é tão importante a Deus como o amor aos irmãos. Além disso, vivemos uma vida de silêncio e solidão, que é o húmus onde cresce a vida de união com Deus. É um separar-nos de todas as coisas para que o Senhor tenha o primeiro e o único lugar. Mas não se trata de um silêncio nem de uma solidão “sós”, mas habitados por uma presença, a Presença de Deus. O Senhor não se encontra apenas no sacrário, mas encontra-Se também no nosso coração. Aliás, é essa a razão pela qual Ele está no sacrário. Como dizia Santa Teresinha, uma carmelita do séc. XIX “Não é para ficar no cibório de ouro que Jesus desce todos os dias do Céu, mas para encontrar outro Céu que Lhe é infinitamente mais caro que o primeiro: o Céu da nossa alma, feita à Sua imagem, o templo vivo da adorável Trindade!...” Nunca nos deveríamos sentir sós, porque “Ele não perde o cuidado de nós.” em todos os momentos e em todas as situações o olhar de Deus repousa sobre nós. Segundo as palavras de S. João da Cruz: “O olhar de Deus é amar”. Vivemos em clausura que é uma ajuda fundamental para mergulhar mais Sementes de Esperança | Março 15


2015 - Ano da Vida Consagrada profundamente na vida de oração contínua. Não se trata apenas de “não sair”, mas de “entrar dentro de si” e encontrar-se com o Senhor presente no nosso coração descobrindo a “água viva” da qual Jesus fala à samaritana. A nossa vida de oração tem um objetivo que é antes de tudo eclesial, apostólico e missionário. Santa Teresinha é Padroeira Universal das Missões, partilhando este título com S. Francisco Xavier. Este percorreu milhares de quilómetros e Santa Teresinha nunca saiu do seu Carmelo. É Padroeira das Missões pelo seu zelo apostólico, pelo seu amor aos missionários. Já próxima da morte, por tuberculose, cumpria ainda uma prescrição médica de “dar uns passinhos” porque lhe faria bem. Uma Irmã surpreendeu-a cansadíssima a dar esses passinhos e disse-lhe: “Irmã Teresa, páre de andar e descanse”, ao que Santa Teresinha respondeu: “Irmã, estou a dar estes passinhos por um missionário que, lá longe, está cansado e desanimado para continuar. Que o meu sofrimento o alivie e dê força”. A verdade é que, anos mais tarde, um missionário deu o seu testemunho de como estando cansado e desanimado ficou de repente cheio de força e coragem, e este relato coincidia com o dia e hora em que tal facto sucedeu. Em linhas muito gerais, são estas algumas das características da vida dos e das Carmelitas Descalços/as.

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PRESENÇA E CONTACTOS Carmelo de Cristo Redentor R. Nossa Senhora da Saúde, 18, 3810 - 291 AVEIRO Tel. 234 342 615, E-mail: carmeloaveiro@carmelitas.pt Monjas Carmelitas Descalças - Quinta de Bande Rua do Mosteiro, 4590 - 072 CARVALHOSA Tel. 255 964 540 , Fax 255 964 466 E-mail: mosteirodebande@gmail.com Carmelo da Imaculada Conceição Bom Jesus, 4710 - 455 BRAGA Tel. 253 676 576 , E-mail: carmelobraga@carmelitas.pt Carmelo de Santa Teresa 3000-359 COIMBRA E-mail: coimbra@carmelitas.pt Carmelo Beato Nuno de Santa Maria Rua Carmelo Beato Nuno, 7430 - 122 CRATO Tel. 245 996 395, Fax 245 996 395 E-mail: carmelocrato@carmelitas.pt Carmelo de Nª Sª Rainha do Mundo Patacão, 8005 - 511 PATACÃO Tel. 289 816 603, Fax: 289 816 603 E-mail: carmelofaro@carmelitas.pt Carmelo de São José Av. Beato Nuno, 361, Cova da Iria, 2495-401 FÁTIMA Tel. 249 531 627, E-mail: carmelofatima@carmelitas.pt Carmelo da Santíssima Trindade Quinta Nª Sª do Miléu, Calçada Romana, 6300-818 GUARDA Tel. 271 224 014, Email: carmeloguarda@carmelitas.pt Carmelitas Descalças - Carmelo Santa Teresinha Rua de Santa Teresa, 9, 4900 - 310 VIANA DO CASTELO E-mail: carmelodevianadocastelo@gmail.com

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Actualidade CARTA DO PAPA FRANCISCO V CENTENÁRIO SANTA TERESA DE JESUS VATICANO, 15 OUTUBRO 2014

A 28 de Março de 1515 nasceu em Ávila uma menina que com o passar do tempo seria conhecida como Santa Teresa de Jesus. Ao aproximar-se o quinto centenário do seu nascimento, volto o olhar para essa Cidade para agradecer a Deus pelo dom desta grande mulher e animar os fiéis da querida diocese de Ávila e a todos os espanhóis para que conheçam a história dessa insígnia fundadora, para que leiam os seus livros, os quais, a par das suas filhas nos numerosos Carmelos espalhados pelo mundo, nos continuam a dizer quem e como foi a Madre Teresa e o que nos pode ensinar aos homens e mulheres de hoje. Na escola da santa andarilha aprendemos a ser peregrinos. A imagem do caminho pode sintetizar muito bem a lição da sua vida e da sua obra. Ela entendeu a sua vida como caminho de perfeição pelo qual Deus conduz o homem, morada após morada, até Ele e, ao mesmo tempo, o põe em caminho para os homens. Por que caminhos quer levar-nos o Senhor seguindo as pegadas e pela mão de Santa Teresa? Gostaria de recordar quatro que me fazem muito bem: o caminho da alegria, da oração, da fraternidade e do tempo próprio. Teresa de Jesus convida as suas monjas a «andar alegres servindo» (Caminho 18,5). A verdadeira santidade é a alegria, porque “um santo triste é um triste santo”. Os santos, mais do que esforçados heróis são fruto da graça de Deus aos homens. Cada santo

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Actualidade manifesta-nos um traço do multiforme rosto de Deus. Em Santa Teresa contemplamos o Deus que, sendo «soberana Majestade, eterna Sabedoria» (Poesia 2), revela-Se próximo e companheiro, tem as suas delícias em conversar com os homens: Deus alegra-Se connosco. E, por sentir o Seu amor, experimentava uma alegria contagiosa que não podia dissimular e que transmitia à sua volta. Esta alegria é um caminho que temos de andar durante toda a vida. Não é instantânea, superficial, barulhenta. É preciso procurá-la já «nos princípios» (Vida 13,l). Expressa o gozo interior da alma, é humilde e «modesta» (cf. Fundações 12,l). Não se alcança pelo atalho fácil que evita a renúncia, o sofrimento ou a cruz, mas que se encontra padecendo trabalhos e dores (cf. Vida 6,2; 30,8), olhando para o Crucificado e procurando o Ressuscitado (cf. Caminho 26,4). Daí que a alegria de Santa Teresa não seja egoísta nem auto-referencial. Como a do céu, consiste em «alegrar-se que se alegrem todos» (Caminho 30,5), pondo-se ao serviço dos demais com amor desinteressado. Da mesma forma que disse a um dos seus mosteiros em dificuldades, a Santa diz-nos também hoje a nós, especialmente aos jovens: «Não deixem de andar alegres!» (Carta 284,4). O Evangelho não é uma bolsa de chumbo que se arrasta pesadamente, mas sim uma fonte de gozo que enche de Deus o coração e o leva a servir os irmãos! A Santa transitou também o caminho da oração, que definiu de forma bela como um «tratar de amizade estando muitas vezes a sós com quem sabemos que nos ama» (Vida 8,5). Quando os tempos são “difíceis”, são necessários «amigos fortes de Deus» para dar sustento aos fracos (Vida 15,5). Rezar não é uma forma de fugir, também não é evadir-se, nem isolar-se, mas sim avançar numa amizade que tanto mais cresce quanto mais se trata com o Senhor, «amigo verdadeiro» e «companheiro» fiel de viagem, com quem «tudo se pode sofrer», pois sempre «ajuda, dá esforço e nunca falta» (Vida 22,6). Para orar «não está a coisa em pensar muito mas sim em amar muito» (Moradas IV,1,7), em voltar os olhos para olhar aquele que não deixa de olhar-nos amorosamente e sofrer por nós pacientemente (cf. Caminho 26,3-4). Por muitos caminhos pode Deus conduzir as almas para si, mas a oração é o «caminho seguro» (Vida 213). Deixá-la é perder-se (cf. Vida 19,6). Estes conselhos da Santa têm uma actualidade perene. Sigam, pois, pelo caminho da oração, com determinação, sem deter-se, até ao fim! Isto vale particularmente para todos os membros da vida consagrada. Numa cultura do provisório, viva a fidelidade do «para sempre, sempre, sempre» (Vida 1,5); num mundo sem esperança, mostrem a fecundidade de um «coração enamorado» (Poesia 5); e numa sociedade com

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Actualidade tantos ídolos, sejam testemunhas de que «só Deus basta» (Poesia 9). Este caminho não podemos fazê-lo sozinhos, mas sim juntos. Para a santa reformadora o caminho da oração transcorre na via da fraternidade no seio da Igreja mãe. Esta foi a sua resposta providencial, nascida da inspiração divina e da sua intuição feminina, aos problemas da Igreja e da sociedade do seu tempo: fundar pequenas comunidades de mulheres que, à imitação do “colégio apostólico”, seguiram Cristo vivendo simplesmente o Evangelho e sustendo toda a Igreja com uma vida feita oração. «Para isto vos juntou Ele aqui, irmãs» (Caminho 2,5) e tal foi a promessa: «que Cristo andaria connosco» (Vida 32,11). Que linda definição da fraternidade na Igreja: andar juntos com Cristo como irmãos! Para isso não recomenda Teresa de Jesus muitas coisas, simplesmente três: amar-se muito uns aos outros, desprender-se de tudo e verdadeira humildade, que «ainda que a digo por último é a base principal e as abraça todas» (Caminho 4,4). Como desejaria, nestes tempos, umas comunidades cristãs mais fraternas onde se faça este caminho: andar na verdade da humildade que nos liberta de nós mesmos para amar mais e melhor aos demais, especialmente aos mais pobres! Nada há mais belo do que viver e morrer como filhos desta Igreja mãe! Precisamente porque é mãe de portas abertas, a Igreja sempre está em caminho para os homens para levar-lhes aquela «água viva» (cf. Jo 4,10) que rega o horto do seu coração sedento. A santa escritora e mestra de oração foi ao mesmo tempo fundadora e missionária pelos caminhos de Espanha. A sua experiência mística não a separou do mundo nem das preocupações das pessoas. Pelo contrário, deu-lhe novo impulso e coragem para a acção e para os deveres de cada dia, porque também «entre as panelas anda o Senhor» (Fundações 5,8). Ela viveu as dificuldades do seu tempo - tão complicado – sem ceder à tentação do lamento amargo, mas antes aceitando-as na fé como uma oportunidade para dar um passo mais no caminho. E é que, «para fazer Deus grandes mercês a quem de verdade o serve, sempre há tempo» (Fundações 4,6). Hoje Teresa diz-nos: Reza mais para compreender bem o que acontece à tua volta e assim actuar melhor. A oração vence o pessimismo e gera boas iniciativas (cf. Moradas VII, 4,6). Este é o realismo teresiano, que exige obras em vez de emoções, e amor em vez de sonhos, o realismo do amor humilde ante um ascetismo trabalhoso! Algumas vezes a Santa abrevia as suas saborosas cartas dizendo: «Estamos de caminho» (Carta 469,7.9), como expressão da urgência em continuar até ao fim com a tarefa começada. Quando arde o mundo, não se pode perder o tempo em negócios de pouca importância. Oxalá contagie

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Actualidade a todos esta santa pressa para sair e percorrer os caminhos do nosso próprio tempo, com o Evangelho na mão e o Espírito no coração! «Já é tempo de caminhar!» (Ana de São Bartolomeu, Últimas acções da vida de santa Teresa). Estas palavras de Santa Teresa de Ávila às portas da morte são a síntese da sua vida e convertem-se para nós, especialmente para a família carmelita, para os habitantes de Ávila e para todos os espanhóis, numa preciosa herança a conservar e enriquecer. Querido Irmão, com a minha saudação cordial, a todos vos digo: Já é tempo de caminhar, andando pelos caminhos da alegria, da oração, da fraternidade, do tempo vivido como graça! Percorramos os caminhos da vida pela mão de Santa Teresa. Seus passos conduzem-nos sempre a Jesus. Peço-vos, por favor, que rezem por mim, pois necessito. Que Jesus vos abençoe e a Virgem Santa vos proteja. Fraternalmente, Francisco

CURSO DE LECTIO DIVINA Tema: A experiência de Deus em Santa Teresa de Jesus A Fundação AIS vai organizar o seu habitual curso de Lectio Divina, de 10 a 12 de Abril, na Domus Carmeli, em Fátima, que será orientado pelo Padre Armindo Vaz, OCD. Preço com alojamento em quarto individual e refeições – 65€ NOTA: Para facilitar o pagamento do retiro, este poderá ser efectuado faseadamente até dia 27 de Março. De outra forma não poderemos garantir a reserva do quarto. Agradecemos que entre em contacto com a Fundação AIS para fazer a sua inscrição através do telefone 21 7544000 (de 2ª a 6ª feira, das 9h00 às 18h00) ou por e-mail para alexandra.ferreira@fundacao-ais.pt.

Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

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Destaque TERESA DE ÁVILA A MÍSTICA LUTADORA, ESCRITORA POR OBEDIÊNCIA

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em todos somos levados por este caminho de perfeição, mas sim chamados a uma oração em que sentimos a presença de Deus, presença do amigo que está aí ao lado e que dá respostas. Aqui está ao nosso alcance uma belíssima biografia ilustrada de Santa Teresa de Ávila. É o livro do Centenário. A autora, Maria Torres, é uma profunda conhecedora desta mulher do século de ouro espanhol, esse período tão fecundo da Igreja de todos os tempos e que nos deixou um tão belo exemplar. Leu atentamente todos os escritos da Santa; tem uma perspicácia muito fina ao descobrir e trazer para a luz muitos aspectos que a um leitor menos atento lhe podem escapar. Deixa-nos um belo retrato, bem completo, da sua vida e doutrina. 180 páginas

Cód. LI095

€ 14,00 SEMENTES DE ESPERANÇA - Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre PROPRIEDADE Fundação AIS DIRECTORA Catarina Martins de Bettencourt REDACÇÃO E EDIÇÃO P. José Jacinto Ferreira de Farias, scj, Maria de Fátima Silva, Alexandra Ferreira, Ana Vieira e Félix Lungu FONTE L’Église dans le monde – AIS França FOTOS © AED; ©; “Teresa de Ávila” por François Gérard

CAPA PERIODICIDADE IMPRESSÃO PAGINAÇÃO DEPÓSITO LEGAL ISSN

Chambers, St Joseph Child Jesus Crying 11 Edições Anuais Gráfica Artipol JSDesign Isento de registo na ERC ao 352561/12 abrigo do Dec. Reg. 8/99 2182-3928 de 9/6 art.º 12 n.º 1 A

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