Sementes de Esperança
Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre
Novembro 2014
Intenções de Oração do Santo Padre Intenção Geral Pessoas em solidão Para que as pessoas que sofrem a solidão sintam a proximidade de Deus e o apoio dos irmãos. > A solidão é terrível e gera muito sofrimento. Podemos estar em solidão no meio de muita gente, quando somos desprezados, não acolhidos, não aceites, criticados e colocados à margem. A solidão provocada pela falta de amor gera dor, tristeza, amargura, às vezes até suicídio. Aproximemo-nos de quem sofre e está só. Sejamos presença amiga e cordial. Sejamos portadores de paz, de alegria, de amizade, de conforto, de carinho. Não deixemos que a solidão se instale no coração e na vida das pessoas para não as destruírem, as margarem, para que não sejam corações em sofrimento. O mundo cada vez mais global parece gerar mais desunião e solidão. Torna-se cruel e semeador de sofrimento. Olhemos sobretudo para os idosos em solidão, para os órfãos em solidão, para as pessoas que vivem desprotegidas e desamparadas. Rezemos por elas. Dário Pedroso, s.j. Intenção Missionária Formadores do clero e dos religiosos Para que os seminaristas, os religiosos e as religiosas jovens tenham formadores sábios e bem preparados. INTENÇÃO NACIONAL Pelas famílias cristãs e pelas famílias em geral, para que estejam disponíveis a acolherem nas suas vidas o «evangelho da família», colocando-se num processo contínuo de conversão para que possam cuidar, cada um dos seus membros, uns dos outros, por Deus e em Deus.
A oração é um dos pilares fundamentais da nossa missão. Sem a força que nos vem de Deus, não seríamos capazes de ajudar os Cristãos que sofrem por causa da sua fé. Para ajudar estes Cristãos perseguidos e necessitados criámos uma grande corrente de oração e distribuímos gratuitamente esta Folha de Oração, precisamente porque queremos que este movimento de oração seja cada vez maior. Por favor, ajude-nos a divulgá-la na sua paróquia, nos grupos de oração, pelos amigos e vizinhos. Não deite fora esta Folha de Oração. Depois de a ler, partilhe-a com alguém ou coloque-a na sua paróquia.
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Reflectir
SOBRE O SÍNODO DOS BISPOS O sínodo extraordinário dos bispos que se realizou em Roma durante o mês de Outubro foi o primeiro momento de um processo de discernimento sobre quais caminhos seguir hoje na pastoral do matrimónio e da família, para que os casais e as famílias possam viver a santidade a que são chamados, precisamente como casais e como famílias cristãs. Se não houvesse mais nada e o sínodo se limitasse a esta sessão extraordinária, penso que, mesmo assim, já teria valido a pena, por causa do debate que provocou e pela tomada de consciência mais expressa dos problemas actuais na nossa civilização no que toca ao matrimónio e à família. A opinião pública fixou-se nas questões fracturantes da situação actual de muitos casais e de muitas famílias, no que diz respeito aos divorciados e aos recasados e às uniões de facto ou outras entre pessoas do mesmo sexo, e sobre a possibilidade de as integrar no seio da Igreja, para que não se sintam descriminadas perante a comunidade ou a sociedade em geral. Esse debate público envolveu praticamente todas as camadas sociais e todos os estados no interior da Igreja. O questionário enviado foi amplamente comentado e respondido e o «instrumentum laboris» reflectia um pouco a situação, até por representatividade por áreas geográficas, passando a ideia de que as situações fracturantes se encontram mais no ocidente, marcadamente cristão, ao passo que em África, na América Latina e na Ásia a disposição a respeito da doutrina da Igreja sobre o matrimónio e a família era de maior acolhimento. Fica a ideia de que a geografia eclesial se desloca do Ocidente para essas regiões do mundo. Não estávamos habituados a que o debate e o confronto de ideias envolvessem figuras da mais alta hierarquia eclesial, como bispos e cardeais. Mas isso foi seguramente salutar, não para clarificação de posições, pois, no essencial todos estão de acordo, mas
para traduzir a complexidade das relações pastorais e quanto ao modo de lidar com situações difíceis. O discurso do Santo Padre no final do sínodo e o «documento final» confirmam nesta atitude fundamental da Igreja de ser fiel à sua missão, de ser sinal e como que sacramento de salvação para o mundo. Não está no poder da Igreja tocar ou mudar a «substância dos sacramentos». Neste domínio, como em todos os outros, a Igreja não é um catavento, mas uma bússola. E o que eu retirei, para já, de todo este debate, vivo e apaixonado sobre o matrimónio e a família, é que todos nós nos devemos colocar num «processo penitencial», sendo que o desafio, de hoje e de sempre, não é o de cairmos na tentação, hoje muito fácil, de pretender adaptar a Palavra e o Pensamento de Deus às nossas comodidades e à nossa alergia à cruz – que é a condição de todo o discípulo de Jesus -, mas, bem pelo contrário, de conformarmos a nossa vida, os nossos actos e as nossas atitudes com a vontade de Deus. E no que diz respeito ao matrimónio e à família não nos devemos esquecer que se trata de um «estado de vida permanente» e não de um acto isolado. O mistério do amor, que parece ser o que há de mais subjectivo, é, pelo contrário, o que há de mais social e politico. O sacramento do matrimónio celebra esta natureza pública e social do amor, que, entre baptizados e quando o celebram segundo sentir da Igreja, se torna sacramento, sinal público e eficaz da relação entre Cristo e a Igreja, relação esta que se celebra no matrimónio e na eucaristia. Neste sentido estes sacramentos implicam-se mutuamente e não podem, em caso algum, estar em contradição. Fica assim sugerida a razão pela qual os divorciados e recasados não podem participar na comunhão sacramental, pois não se pode celebrar um mistério com o qual o estado de vida está em contradição. P. José Jacinto Ferreira de Farias, scj Assistente Espiritual da Fundação AIS
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RUANDA Superfície 26.338 Km2 População 10,3 milhões de habitantes Religiões Cristãos: 93,4 % dos quais 49,5 % Católicos Animistas: 1 % Muçulmanos: 1,8 % Outros: 0,2 % Sem religião: 3,6 % Línguas kinyarwanda, francês e inglês
RUANDA
VINTE ANOS APÓS O GENOCÍDIO, AS FERIDAS CONTINUAM ABERTAS Entre Abril e Julho de 1994 foram massacradas mais de 800 mil pessoas, na sua maioria tutsis. Após vinte anos e múltiplos processos, está longe de se fazer luz sobre todas as responsabilidades do último genocídio do séc. XX. Outrora Ruanda, hoje República Centro Africana? A questão parece incontornável neste vigésimo aniversário do genocídio ruandês durante o qual morreram, em condições muitas vezes atrozes, cerca de 800 mil pessoas: homens, mulheres e crianças, na sua maioria tutsis. Que se passou neste pequeno país da região dos grandes lagos, considerado a “Suíça de África” antes da tragédia? O que transformou 4
pessoas pacíficas em assassinos que massacravam a golpes de machado ou com armas de fogo os seus vizinhos, algumas vezes os seus amigos, dentro das suas casas, à beira das estradas, e perseguindo-os por toda a parte, nas florestas ou nos pântanos e até mesmo nas igrejas? O seu único crime era o de pertencerem à etnia tutsi contra a qual foi, de repente, lançado um apelo ao extermínio, à “solução final”, ao genocídio. Mas houve
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RUANDA Grupo de órfãos acolhidos pelas famílias da Paróquia de Butare dançam e cantam.
também vítimas entre os hutus acusados de serem cúmplices dos tutsis, porque quiseram protegê-los ou simplesmente, porque recusaram tomar parte nos massacres. Era preciso matar para não ser morto.
VIU-SE DE TUDO NESTA LOUCURA COLECTIVA Os carrascos eram pessoas comuns, alguns ocupando postos de responsabilidade, polícias, militares, professores, porque se viu de tudo nesta loucura colectiva, e também padres, religiosos e religiosas! É isto que espanta mais nos julgamentos dos “genocidas” que se realizam esporadicamente, de há vinte anos para cá. Primeiro no Ruanda, onde cerca de dois milhões de pessoas foram julgadas por tribunais populares, os “gacaca”, mas também em diversos países onde os assassinos se refugiaram, sobretudo na Europa. Mas se a instrução dos casos e as condenações pronunciadas revelam esta terrível realidade da falência das elites, não dão, todavia, uma explicação satisfatória. Poder-se-á, aliás, dar alguma vez uma
explicação racional para o absurdo de um frenesim sanguinário? A História, contudo, dá pistas. O papel desempenhado pelo colonizador branco que tinha investido primeiro nos Tutsis, considerados “uma raça superior” no séc. XIX e durante três quartos de séc. XX, antes de fazer um reequilíbrio brutal a favor dos Hutus, não terá certamente favorecido o entendimento harmonioso entre as duas etnias. Juntamente com as autoridades civis, a Igreja tem a sua quota parte de responsabilidade. Tratando-se de evangelização não se teria ido longe demais nesta tarefa ao baptizar “em catadupa” ou admitindo nas ordens candidatos cujo Cristianismo era apenas de fachada? Afinal, foi preciso um milénio para que a Europa pudesse ser considerada “cristã”, uma vez que os costumes dos seus habitantes de então não se distanciavam muito dos costumes dos ruandeses do final do séc. XX. Costumes estes prontos a voltar a mergulhar a Europa no pior cenário, tal como outrora, como o demonstraram as guerras religiosas, a Revolução Francesa e o nazismo na Alemanha.
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RUANDA Lápide fúnebre
Mais de 10 mil peregrinos reunidos no Santuário Mariano de Kibeho para a Festa da Assunção, no Verão de 2013.
das Filhas da Ressurreição, comunidade apoiada pela Fundação AIS, relativa ao genocídio de 1994.
Oração Para que o perdão e o amor que brotam do coração de Cristo na Cruz possam curar os corações profundamente feridos dos Ruandeses, nós Te pedimos Senhor!
PAUL KAGAME ACUSOU A FRANÇA DE SER CÚMPLICE Os Tutsis, que retomaram o poder sob a batuta do presidente Kagame, demoram a perdoar à França o seu apoio ao regime precedente, dominado pelos Hutus. Paul Kagame acusou taxativamente a França de ser cúmplice dos genocidas, nomeadamente através da operação militar e humanitária Turquesa, que teria favorecido a fuga dos principais responsáveis para o vizinho Zaire. Nicolas Sarkozy deu-lhe uma pequena satisfação ao reconhecer, em 2010, “graves erros de apreciação” mas sem por isso “se arrepender”, em nome da França, como pretendia o Presidente ruandês, que o recebia em Kigali. Foi, todavia, o primeiro entendimento desde que o Ruanda rompera as relações diplomáticas com a França em 2006, após o inquérito do juiz Bruguière, 6
que concluíra sobre a responsabilidade inicial de Paul Kagame, pessoalmente, e dos que o rodeavam, no atentado de 6 de Abril de 1994, contra o avião do Presidente hútu, Juvénal Harabyarimana. Imediatamente atribuído aos Tutsis, este atentado, no qual morreram todos os passageiros e a tripulação francesa, foi o rastilho para o genocídio. O inquérito da justiça francesa tinha provocado um clamor em Kigali, que tinha contra atacado acusando a França de cumplicidade com os genocidas, num relato oficial, recheado de mandatos de captura contra os presumíveis responsáveis franceses, entre os quais Alain Juppé na qualidade de ministro dos Negócios Estrangeiros. O restabelecimento das relações diplomáticas entre o Ruanda e a França, desde 2010, não chega para considerar amistosas as relações entre os dois países. Viu-se bem isso em 2012, com a recusa de Kigali de acreditar a nova embaixadora, Hélène le Gall, considerada muito próxima de Alain Juppé (o que não a impediu de se tornar a “Madame África” de François Hollande...). É um facto que Kigali tem apenas
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RUANDA As obras de caridade das Filhas da Ressurreição em Masaka conseguem congregar Tutsis e Hutus.
interesse em reatar as boas relações, dado que a França, mais ou menos contrita, é o melhor interlocutor – e advogado – do Ruanda no seio da União Europeia.
A VERSÃO DAS AUTORIDADES DE KIGALI Todavia, o Governo francês actual terá de trabalhar arduamente para apresentar o Ruanda à União Europeia sob uma luz favorável. As autoridades de Kigali continuam presas a uma versão maniqueísta da história e criminalizam, ameaçando com prisão perpétua, os que recusam a representação unilateral do genocídio de 1994, como recentemente o denunciou a Caritas Suíça (comunicado de 31/10/2013). Embora tenha conseguido reestruturar as infraestruturas do país e mesmo dar-lhe um desenvolvimento económico notável – se bem que seja, sobretudo, a elite a aproveitar -, o regime de Kagama é ditatorial. Ninguém no país poderia pôr em causa impunemente a história oficial, segundo a qual a Frente Patriótica Ruandesa (FPR) teria posto fim ao genocídio dos Tutsis pelos Hutus, sem ela própria se expor a abusos contra os Hutus.
Foi por isso que a oponente ruandesa, Victoire Ingabire, foi condenada em 2012 a oito anos de prisão. Fora do país, o cepticismo da antiga procuradora suíça do tribunal internacional para o Ruanda, Carla del Ponte, custara-lhe o seu cargo em 2003, devido à pressão de Kigali, apoiada por Londres e Washington. Esta opacidade, sustentada por Kagame e os seus aliados anglo-saxões, é o principal obstáculo à cicatrização das terríveis feridas do Ruanda. Só as organizações de caridade como a Caritas ou a AIS ousam promover a paz com menos palavras e mais acções, sem excluir Tutsis ou Hutus. Conseguem mesmo reunir os inimigos mortais de ontem em “grupos de reconciliação”, na esperança de que as aproximações, que decorrem à luz do dia, acabem por penetrar as consciências e os corações de modo a apagar o fogo que ainda arde sob a cinza.
Oração Para que as autoridades e a comunidade internacional contribuam eficazmente para a reconciliação e a paz no Ruanda, nós Te pedimos Senhor!
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RUANDA Tribunais populares, justiça da ONU e tribunais estatais A maioria dos ruandeses julgados por genocídio compareceu no Ruanda perante tribunais militares, os “gacaca”, entre 2001 e 2012. Trata-se de assembleias aldeãs tradicionais, presididas pelos anciãos, e encarregadas de resolver os litígios da vida quotidiana, mas cujas competências tinham sido alargadas ao genocídio dado que os acontecimentos se tinham desenrolado muitas vezes entre os habitantes da mesma aldeia. Doze mil e duzentos “gacaca” tornaram possível o julgamento de quase dois milhões de réus, dos quais 65% foram condenados a penas diversas que iam até à morte: vinte e duas pessoas foram executadas no Ruanda entre 1996 e 2007, ano em que a pena de morte foi abolida no país. Infelizmente, é notório que alguns destes julgamentos serviram para ajustar contas ou para eliminar os adversários, como foi denunciado pela ONG Human Rights Watch. O Tribunal Penal Internacional para o Ruanda (TPIR), que deveria encerrar no final do ano de 2014, vinte anos após a sua constituição por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, condenou dezenas de responsáveis pelos massacres, alguns a prisão perpétua enquanto outros eram absolvidos. Mas o seu funcionamento não foi isento de críticas: foram denunciadas a sua lentidão e a sua parcialidade, dado que certas personalidades ruandesas no poder em Kigali se tornaram intocáveis. Finalmente, outros genocidas foram julgados por crimes de guerra ou por crimes contra a Humanidade pelos tribunais regulares dos países em que haviam encontrado refúgio na Europa entre outros (EUA, Canadá...).
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O genocídio fez muitas viúvas e órfãos.
Kibeho, o perdão e a cura dos corações junto da Virgem Maria A Mãe de Deus apareceu nesta aldeia do sul do Ruanda entre 1981 e 1989. Estas aparições foram reconhecidas em 29 de Junho de 2001 pelo Bispo de Gikongoro, D. Augustin Misago, o que faz de Kibeho um dos grandes lugares mundiais das aparições marianas. Aqui, como em Fátima, a Virgem Maria exprimiu a sua dor face ao endurecimento dos corações e lançou um apelo premente à conversão. Foi o caso particular de 15 de Agosto de 1982, dia em que Maria tinha convidado os videntes a encontrar-se com ela. Com eles agrupava-se uma multidão de cerca de 20 mil fiéis o que tornou este encontro da Assunção na primeira grande peregrinação universal a Kibeho. Infelizmente, menos de cinco anos após a última aparição, o genocídio ilustrava a dimensão trágica dos avisos da Virgem. Desde, então Nossa Senhora de Kibeho tornou-se o lugar por excelência da cura dos corações e do perdão. A última festa da Assunção (15 de Agosto de 2013) reuniu 10 mil peregrinos vindos de todas as dioceses do Ruanda, dos países vizinhos (Burundi, República Democrática do Congo, Uganda) e também de França, da Polónia e dos EUA.
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Oração SÃO NUNO DE SANTA MARIA 6 DE NOVEMBRO D. Nuno Álvares Pereira não é apenas o herói nacional, homem corajoso, austero, coerente, amigo da Pátria e dos pobres, que os cronistas e historiadores nos apresentam. Ele é também um homem santo. A sua coragem heróica em defender a identidade nacional, o seu desprendimento dos bens e amor aos mais necessitados brotavam, como água da fonte, do amor a Cristo e à Igreja. A sua beatificação, nos começos do século XX, apresentou-o ao povo de Deus como modelo de santidade e intercessor junto de Deus, a quem se pode recorrer nas tribulações e alegrias da vida. Conscientes de que todos os santos são filhos do seu tempo e devem ser vistos e interpretados com os critérios próprios da sua época, desejamos propor alguns valores evangélicos que pautaram a sua vida e nos parecem de maior relevância e actualidade. Os ideais da Cavalaria, nos quais se formou D. Nuno, podem agrupar-se em três arcos de acção: no plano militar, sobressaem a coragem, a lealdade e a generosidade; no campo religioso, evidenciam-se a fidelidade à Igreja, a obediência e a castidade; a nível social, propõem-se a cortesia, a humildade e a beneficência. Foram estes valores que impregnaram a personalidade de Nuno Álvares Pereira, em todas as vicissitudes da sua vida, como documentam os seus feitos militares, familiares, sociais e conventuais. Fazia também parte dos ideais da Cavalaria a protecção das viúvas e dos órfãos, assim como o auxílio aos pobres. Em D. Nuno, estes ideais tornaram-se virtudes intensamente vividas, tanto no tempo das lides guerreiras como principalmente quando se desprendeu de tudo e professou na Ordem do Carmo. Como porteiro e esmoler da comunidade, acolhia os pobres de Lisboa, que batiam às portas do convento e atendia-os com grande humildade e generosidade. Diz-se que teve aqui origem a «sopa dos pobres». Levado pela sua invulgar humildade, iluminada pela fé, desprendeu-se de todos os seus bens – que eram muitos, pois o Rei o tinha recompensado com numerosas comendas – e repartiu-os por instituições religiosas e sociais em benefício dos necessitados. Desejoso de seguir radicalmente a Jesus Cristo, optou por uma vida simples e pobre no Convento do Carmo e disponibilizou-se totalmente para acolher e servir os mais desfavorecidos. Esta foi a última batalha da sua vida. Para ela se preparou com as armas espirituais de que falam a carta aos Efésios (cf. Ef 6, 10-20) e a Regra do Carmo: a couraça da justiça, a espada do Espírito (isto é, a Palavra de Deus), o escudo da fé, a oração, o espírito de serviço para anunciar o Evangelho da paz, a perseverança na prática do bem. Precisamos de figuras como Nuno Álvares Pereira: íntegras, coerentes, santas, ou seja, amigas de Deus e das suas criaturas, sobretudo das mais débeis. São pessoas como estas que despertam a confiança e o dinamismo da sociedade, que fazem superar e vencer as crises.
Oração ao Beato Nuno
Senhor nosso Deus, que destes ao bemaventurado Nuno de Santa Maria a graça de combater o bom combate e o tornaste exímio vencedor de si mesmo, concedei aos vossos servos que, dominando como ele as seduções do mundo, com ele vivam para sempre na pátria celeste. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. Ámen.
Excerto da Nota Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa por ocasião da canonização de Nuno Álvares Pereira Fátima, 6 de Março de 2009 Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre
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Meditação APRESENTAÇÃO DE NOSSA SENHORA NO TEMPLO 21 DE NOVEMBRO “Se Jesus é a Vida, Maria é a Mãe da Vida. Se Jesus é a Esperança, Maria é a Mãe da Esperança. Se Jesus é a Paz, Maria é a Mãe da Paz, Mãe do Príncipe da Paz.” Papa João Paulo II
Os manuscritos apócrifos contam que Joaquim e Ana, durante muito tempo não conseguiram ter filhos, até que nasceu Maria, cuja infância dedicou totalmente e livremente a Deus, impelida pelo Espírito Santo desde a sua concepção imaculada. Tanto no Oriente, quanto no Ocidente observamos esta celebração mariana nascendo do meio do povo e com muita sabedoria sendo acolhida pela Liturgia Católica, por isso esta festa aparece no Missal Romano a partir de 1505, onde procura exaltar Jesus através daquela que muito bem o soube fazer com a sua vida, como partilha Santo Agostinho, num dos seus Sermões: “Acaso não fez a vontade do Pai a Virgem Maria, que creu pela fé, pela fé concebeu, foi escolhida dentre os homens para que dela nos nascesse a salvação; criada por Cristo antes que Cristo nela fosse criado? Fez Maria totalmente a vontade do Pai e por isto mais valeu para ela ser discípula de Cristo do que mãe de Cristo; maior felicidade gozou em ser discípula do que mãe de Cristo. E assim Maria era feliz porque já antes de dar à luz o Mestre, trazia-o na mente.” Foi no Concílio Vaticano II, no dia 21 de Novembro de 1964, que o Papa Paulo VI consagrou o mundo ao Coração de Maria e lhe deu, solenemente, o título de Mãe da Igreja. Excerto do artigo sobre a Apresentação de Nossa Senhora no Templo no site da Canção Nova
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Agenda VISITA DA IRMÃ HANAN, DE BEIRUTE, LÍBANO Num dos bairros mais pobres de Beirute, todos conhecem bem as Irmãs Hanna e Georgette, da congregação das Irmãs do Bom Pastor. Elas são responsáveis pelo centro de saúde de Santo António. Todos as procuram. Precisam de assistência médica, precisam de documentos… de comida. Precisam de tudo. Às vezes, precisam apenas de desabafar. Chegam ali e desabam em choro, em lágrimas que traduzem a tragédia em que as suas vidas se transformaram. A Irmã Hanna, assim como a Irmã Georgette, são verdadeiras heroínas. Juntas, conseguem dar resposta todos os dias a dezenas de pessoas destroçadas por uma guerra que lhes foi bater à porta, pela violência terrorista dos jihadistas do Estado Islâmico. É um trabalho desgastante. Como lidar com pessoas que ainda têm feridas abertas no seu coração, que não conseguem superar a dor da perda, que não conseguem esquecer a violência por que passaram? A Irmã Hanna diz que vai buscar as forças que não tem à certeza de que há muita gente, no mundo, como os benfeitores e amigos portugueses da Fundação AIS, que rezam por ela, que rezam pelo trabalho destas Irmãs do Bom Pastor e que rezam por estes cristãos refugiados do Iraque e da Síria. “Precisamos de muita ajuda. A ideia de que alguém se preocupa connosco, pessoas de outros países, isso dá-nos esperança. A mim, dá-me força saber que alguém em Espanha, França, Portugal, Alemanha… se preocupa com os Cristãos da Terra Santa, do Líbano, da Síria, da Jordânia… Não estamos sós. E nunca se esqueçam de que a oração é a melhor arma contra a guerra!” A Irmã Hanan, das Irmãs do Bom Pastor, vai estar entre nós para dar o seu testemunho.
> 21 de Novembro | Conferência às 21h , Igreja dos Alámos, Évora. > 22 de Novembro | Vigília de Oração às 21h, Santuário de Cristo Rei, Almada. > 25 de Novembro | Vigília de Oração às 21h, Igreja dos Congregados, Braga. Para mais informações acerca do programa de eventos em que a Ir. Hanan participará em Portugal, esteja atento à Agenda no site da Fundação: www.fundacao-ais.pt.
Para falar desta situação dramática que se vive actualmente no Médio Oriente, a Fundação AIS convidou a Irmã Hanan. COMPAREÇA! Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre
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Destaque SAGRADA FAMÍLIA “Jesus, Maria e José foram os primeiros refugiados da Era Cristã. Inúmeras pessoas partilhariam, mais tarde, o mesmo destino. Desde a noite em que o anjo despertou José e o mandou fugir para o Egipto com o Menino e Sua Mãe, que o mundo está repleto de expatriados, perseguidos e refugiados, nos quais Cristo suplica amor e apoio. E, como naquele tempo, os pastores trouxeram ao Menino Jesus queijo ou leite ou uma pele de carneiro para O aquecer e, como em toda a parte, no percurso para o Egipto, havia pessoas boas que ajudaram a Sagrada Família, assim também nos cabe a tarefa de apoiar o Cristo perseguido de hoje, em toda a parte, onde Ele sofre necessidade no mais pequenino dos Seus irmãos.” Pe. Werenfried van Straaten Este produto faz parte do Catálogo de Natal 2014
Imagem em gesso Formato 5,50 x 12,50 cm
Cód. DI071
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SEMENTES DE ESPERANÇA - Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre PROPRIEDADE Fundação AIS DIRECTORA Catarina Martins de Bettencourt REDACÇÃO E EDIÇÃO P. José Jacinto Ferreira de Farias, scj, Maria de Fátima Silva, Alexandra Ferreira, Ana Vieira e Félix Lungu FONTE L’Église dans le monde – AIS França FOTOS © Fundação AIS
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