Sementes de
Novembro 2017
Esperança Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre
Intenções de Oração do Santo Padre INTENÇÃO GERAL
Pelos Cristãos na Ásia, para que, testemunhando o Evangelho com palavras e obras, favoreçam o diálogo, a paz e a compreensão recíproca, sobretudo com aqueles que pertencem a outras religiões.
TODOS OS SANTOS A divina virtude da esperança Cada ano, cada dia, cada hora que passa aproxima-nos da morte e, esperemos, também do Céu. Por isso, a divina virtude da esperança é indispensável a cada peregrino a caminho da pátria celeste. Esta esperança - a expectativa absolutamente segura da felicidade eterna - baseia-se não na promessa humana, mas na promessa de Deus todo-poderoso e infinitamente fiel. Ela não pode ser confundida com a esperança num futuro terreno, que traga um pouco mais de saúde, dinheiro ou bem-estar; é justamente o contrário. Pois, de acordo com a Palavra de Cristo, devemos perder a nossa vida, se quisermos salvá-la. Pe. Werenfried van Straaten
A oração é um dos pilares fundamentais da nossa missão. Sem a força que nos vem de Deus, não seríamos capazes de ajudar os Cristãos que sofrem por causa da sua fé. Para ajudar estes Cristãos perseguidos e necessitados criámos uma grande corrente de oração e distribuímos gratuitamente esta Folha de Oração, precisamente porque queremos que este movimento de oração seja cada vez maior. Por favor, ajude-nos a divulgá-la na sua paróquia, nos grupos de oração, pelos amigos e vizinhos. Não deite fora esta Folha de Oração. Depois de a ler, partilhe-a com alguém ou coloque-a na sua paróquia.
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Reflectir Intenção Nacional
Pela renovação espiritual dos Cristãos em Portugal, seguindo a metodologia proposta por Nossa Senhora, praticando a devoção dos primeiros sábados (e das primeiras sextas-feiras) de cada mês, em espírito de amor e reparação, consolando a Deus, triste e ofendido, porque a dignidade humana, obra-prima da sua criação, não é respeitada.
A tristeza de Deus Nas aparições do Anjo e de Nossa Senhora em Fátima um dos temas mais surpreendentes da mensagem é o convite feito aos Pastorinhos para consolarem Deus, porque está muito só, e para repararem as ofensas, porque está muito ofendido. Os Pastorinhos tomaram muito a sério este pedido do Anjo e de Nossa Senhora, procurando nunca O ofender, não cometendo nenhum pecado, mesmo os mais leves (que outros, aliás, crianças inocentes poderiam cometer?) e fazendo-Lhe companhia, retirando-se para a Igreja, logo que podiam, e, junto do sacrário, faziam companhia a Jesus escondido. Este tema da consolação e da reparação, dois conceitos que se complementam, são os conceitos-chave na espiritualidade de Fátima, e que hoje interpelam seriamente tanto os Cristãos em geral como os teólogos em particular, e as questões são estas: será que Deus Se encontra só? Será que Deus está triste? Em que é que as acções do homem (boas ou más) O podem afectar? O problema da tristeza e, sobretudo, do sofrimento de Deus ocupou a atenção
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dos teólogos, principalmente depois da segunda guerra mundial e, muito particularmente, perante os fenómenos do horror que representaram os campos de concentração (nazis e outros, como os arquipélagos de Gulag) e houve quem mesmo dissesse que, depois de Auschwitz, não era possível compor poemas! Deus está só quando o homem deixa de acreditar, quando é indiferente ao seu amor que se revela, objectivamente, na Paixão de Cristo, que deu a sua vida na cruz por todos e por cada um: “Ele amou-me e entregou-se por mim”, exclamava S. Paulo (Gl 2,20); quando deixa de reconhecer a sua presença na história e interpreta tudo como resultado do acaso! Mas Deus sofre e está triste, quando o homem não respeita a sua dignidade, quando é espezinhado, destruído. Como se sentirá Deus quando a obra-prima da sua criação, o homem e a mulher, são degradados, aviltados na sua dignidade? Quando não o deixam nascer, no crime abominável do aborto; quando não o deixam morrer com dignidade, abandonado ao seu desespero na solidão da eutanásia; quando assiste à degradação do matrimónio e da família,
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Reflectir pela tragédia do divórcio, das uniões de facto e do amor livre, em que o homem e a sociedade se degradam à condição do gado, por desaparecerem as relações de fidelidade, expressão do amor, que se degrada à condição de prazer e de paixão? Como é que Deus não estará triste e ofendido, perante o estado actual do aborto em larga escala; perante a eutanásia, hoje já realidade em alguns países e promovida por tantas forças políticas, mesmo entre nós; perante o divórcio como autêntica epidemia, provocando feridas incuráveis; perante uma sociedade mortalmente enferma por todas estas e outras calamidades? Como é que Deus não estará triste e ofendido? O sangue dos mártires inocentes vítimas do aborto; e o sangue de todas as que o cometeram e a má consciência (ou falta dela) de todos os que o promovem; tudo isto torna o nosso mundo e o nosso país um espaço marcado pela maldição. Não nos iludamos, dizia a Santa Madre Teresa de Calcutá: depois de tantos crimes abomináveis do aborto, tudo pode acontecer! As calamidades naturais que hoje acontecem e concretamente no nosso país, com os incêndios; a violência e o narcotráfico; o terrorismo em todas as suas formas, devem-nos fazer pensar e não será de todo descabida a sua interpretação como uma consequência de todos os pecados cometidos hoje, mesmo entre nós, quando a ecologia humana não é respeitada. Como é que Deus não estará triste e ofendido? Como é que não estará triste e ofendido perante a indiferença dos 4
políticos, que abandonam os cidadãos à sua solidão, porque os não protegem contra o aborto, contra a eutanásia, contra o divórcio. Sob a capa de darem espaço à liberdade, o Estado demite-se da sua função pedagógica e protectora: faz de ti o que quiseres!... E agora, perante os incêndios, como se compreende que um secretário de Estado venha dizer que as comunidades não podem esperar pelos meios de protecção civil para se defenderem? Como se compreende que a ministra se lamente pelas férias que não teve e não pelos cidadãos que perderam a vida, porque a protecção de que necessitavam, e de que ela era a responsável, não chegou? Como é que Deus não estará triste, como é que não Se sentirá ofendido, se a obra-prima da criação, o homem e a mulher, criados à sua imagem e semelhança, seus filhos adoptivos pelo baptismo, é assim tratada e assim se encontra? Ao menos tu consola-me, faz-me companhia, pedia Nossa Senhora a Lúcia, em Pontevedra, no dia 12 de Dezembro de 1925. O mesmo nos pede a cada um de nós, hoje. Como fazer? Como Ela pediu: santificando os primeiros sábados. Ou como o Coração de Jesus pedia a Santa Margarida Maria: santificando as primeiras sextas-feiras. Será pouco? Será muito, porque assim aprenderemos a consolar Aquele que Se esconde e que está só nos corações de cada homem, chamado a ser o sacrário vivo que O guarda! Pe. José Jacinto Ferreira de Farias, scj Assistente Espiritual da Fundação AIS
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Superfície 11.295 Km2 População 1.967.709 habitantes Religiões Muçulmanos (sunitas): 88,7% Religiões tradicionais: 5,5% Cristãos: 4,3% Outras: 1,50% Língua oficial Jalofo, inglês
GÂMBIA
A IGREJA RETOMA O SEU ALENTO Em 2016, o ditador Yahya Jammeh felicitou o seu sucessor pondo fim aos receios de retaliação. O antigo dirigente tinha proclamado o seu país uma “república islâmica”. Uma transição que marca, para os Cristãos e para a Gâmbia, o fim de um período conturbado. A Gâmbia é um enclave anglófono no Senegal, com 1,9 milhões de habitantes. Os Cristãos representam menos de 5% da população (quase 90% muçulmana). Apesar desta forte maioria, o país tem uma constituição laica posta em causa em Dezembro de 2015 por Yahya Jammeh, que declarou: “A Gâmbia é uma nação islâmica”. Era a segunda Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre
“república islâmica” em África, depois da Mauritânia. Na mesma declaração, o presidente assegurava que a liberdade religiosa de cada cidadão seria respeitada, mas um mês mais tarde, em Janeiro de 2016, as funcionárias do Governo receberam ordem para levar o lenço para o local de trabalho. 5
Gâmbia A saída do ditador Yahya Jammeh marca o fim, para os Cristãos, de um período turbulento.
Em 2014, este ditador tinha tornado o árabe a língua oficial do país e a sua declaração de 2015 englobava-se num processo de radicalização que inquietava a minoria cristã. Tanto mais que esta sabia que Yahya era intratável. Era conhecido pelas suas declarações delirantes que propunham acolher na Gâmbia os Rohingya, população muçulmana da Birmânia que era perseguida, ou que afirmavam que ele era capaz de curar a Sida. O vigário-geral da Diocese de Banjul, Pe. Émile Sambou, tentou, através da sua posição, ser ouvido pelo presidente, mas a entrevista foi-lhe recusada. Durante o ano seguinte, o vigário-geral viu sinais inquietantes tais como o aparecimento de grupo islamitas que se improvisavam como polícia dos costumes. Proibiam, sem mandato, a dança ou a venda de álcool. Todavia, especifica o Pe. Émile Sambou, “a maioria dos muçulmanos não aprovava estas acções”. 6
A vitória de Adama Barrow, nas eleições de Dezembro de 2016, pôs fim ao processo de islamização das instituições do país. Anulou a lei que obrigava as funcionárias a usar lenço e afirmou que a Gâmbia não era uma “república islâmica”. O fim da ditadura acabou com um exílio maciço que atingia as forças vivas do país. As relações internacionais do país, marcadas por uma desconfiança paranóica por parte do Governo em relação aos “países colonizadores”, deram lugar a uma gestão apaziguada da diplomacia. Desde Fevereiro de 2017, que o novo presidente, Adam Barrow, decidiu reintegrar o país no Tribunal Penal Internacional (TPI). O seu predecessor tinha saído em Novembro de 2016, alegando que “se perseguia os Africanos e, em particular, os dirigentes”. Em 2017, a Gâmbia tem de construir tudo: “precisamos da juventude, da sua força para construirmos juntos este país que está entre os mais pobres do mundo, apesar do seu potencial”, afirma o Pe. Sambou. Sementes de Esperança | Novembro 2017
Gâmbia “Precisamos da juventude, da sua força” (Pe. Sambou)
Na Gâmbia, apesar da sua pequena dimensão – tem 40.000 fiéis – a Igreja Católica mostra-se dinâmica. “As igrejas estão cheias todos os domingos”, sublinha o Pe. Sambou que também se alegra por ter 14 seminaristas na sua diocese. Nota, igualmente, que há conversões de todas as religiões. A Igreja participa em diversas obras humanitárias, particularmente destinadas aos “talibé”. São crianças da rua dependentes de um “marabu” encarregado de lhes ensinar o Corão. Em troca das lições, as crianças têm de mendigar e, de acordo com o Fundo para a Infância, antigamente chamado Fundo Católico para a Infância, são o alvo de uma rede de tráfico de crianças. Para além disso, a Fundação João Paulo II para o Sahel, fundada em 1984 pelo Papa, criou uma rede de solidariedade para lutar contra os efeitos da seca junto dos mais pobres. A sua gestão está confiada aos bispos do Sahel. Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre
Oração Para que o Cristianismo se enraíze na Gâmbia e junto do seu povo, nós Te pedimos Senhor!
A força da Gâmbia Enquanto os países vizinhos sofrem violência inter-religiosa, a população da Gâmbia apregoa com orgulho a sua coexistência. “Há muitos casamentos mistos entre nós”, explica o Pe. Sambou. O segredo desta harmonia? A ausência de fracturas étnicas e a miscigenação escolar. Antes de 1994, todas as crianças gambianas, fosse qual fosse a sua religião, estudavam nas escolas construídas pelas missões. “Estavam lado a lado nos bancos das escolas e brincavam juntas. É o fundamento da camaradagem que une os Gambianos” afirma o Pe. Sambou, segundo o qual este modelo perdura. 7
Gâmbia
A APRESENTAÇÃO DA VIRGEM MARIA NO TEMPLO 21 DE NOVEMBRO De acordo com a Constituição Dogmática Lumen Gentium, a Igreja Católica celebra o culto à Virgem Santíssima com as Festas de Nossa Senhora, dentro do calendário litúrgico. Ao celebrar o ciclo anual dos mistérios de Cristo, a Igreja celebra a BemAventurada Virgem Maria, Mãe de Deus, pois está unida, indissoluvelmente, à obra de salvação do seu Filho. (Constituição Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia, § 103). A memória da Apresentação da Santíssima Virgem Maria no Templo tem grande importância, pois comemoramos um dos “mistérios” da vida d’Aquela que foi escolhida por Deus como Mãe de seu Filho e como Mãe da Igreja. Com a “apresentação” de Maria podemos fazer uma alusão também à “apresentação” de Jesus e de cada um de nós ao Pai. A Sagrada Escritura não relata o nascimento de Maria Santíssima nem o episódio da sua apresentação no templo. Entretanto, muitos escritos apócrifos e a Tradição narram, com muitos detalhes, que a Santa Menina, a seu pedido, foi levada por seus pais, Joaquim e Ana, ao templo com 3 anos, onde se consagrou de corpo e alma ao Senhor. Segundo a mesma tradição apócrifa, ela teria ali permanecido até aos 12 anos, saindo apenas para desposar São José. O Papa Paulo VI, na sua exortação apostólica Marialis Cultus (I PARTE § 8), escreveu que “apesar do seu teor apócrifo, a história da Apresentação propõe conteúdos de elevado 8
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Meditação Oração valor exemplar e continuam veneráveis tradições, radicadas sobretudo no Oriente”. Segundo a Tradição, no templo havia um colégio para meninas pobres que recebiam, ali, sólida instrução, além de servirem a Deus por meio dos seus trabalhos, estudos e piedosas práticas. À luz do que conhecemos, entendemos que também a infância e a adolescência da Mãe de Deus deveriam ter sido momentos importantes, totalmente marcados pela Graça Divina. A Liturgia aplica à Virgem Santíssima algumas frases dos livros sagrados relativamente à Apresentação de Maria no templo: “Exerci diante dele o meu ministério no tabernáculo santo, e assim me estabeleci em Sião. Na cidade amada Ele me fez repousar, e em Jerusalém está o meu poder. Deitei raízes no meio de um povo glorioso, na porção do Senhor, no meio da sua herança.” (Sir 24, 10-12). “Elevei-me qual cedro do Líbano, como cipreste nos montes do Hermon. Cresci como a palmeira de En-Guédi, como as roseiras de Jericó, como uma formosa oliveira na planície, cresci como plátano.” (Sir 24, 13-14) A festa da Apresentação da Virgem Maria no Templo expressa a sua pertença exclusiva a Deus e a completa dedicação da sua alma e do seu corpo ao mistério da salvação, que é o mistério da aproximação do Criador às suas criaturas. Além de festejar um acontecimento da vida de Nossa Senhora, a festa da Apresentação quernos recordar também o período que vai do seu nascimento até à Anunciação do Anjo. Ao celebrá-la, a Igreja quer clarificar, tanto quanto possível, o silêncio existente na Sagrada Escritura acerca do primeiro período da vida de Maria Santíssima. A memória da apresentação de Maria mostra-nos que Ela estava preparada para a sua missão desde a infância, motivada pelo Espírito Santo, de cuja graça estava repleta desde a sua imaculada concepção. Rezemos a Nossa Senhora: Ajudai-me a amar o Vosso Deus com toda a minha alma, com todas as minhas forças, Virgem Santíssima, menina sem mácula, auxiliai-me com a vossa bênção. Ámen.
In https://reparatoris.wordpress. com/2013/11/17/a-apresentacao-da-virgem-maria-no-templo-21-de-novembro/
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Meditação
O ADVENTO É UMA INTERRUPÇÃO Queridos irmãs e irmãos (…) O que é o Advento? Eu penso que o Advento, anualmente, é o interromper a conversa. Nós, todos nós, estamos com uma conversa qualquer na nossa vida. Uma conversa mais feliz ou mais infeliz, mais narcísica ou mais egoísta ou mais na relação com os outros, mais isto ou mais aquilo. Estamos numa conversa e estamos a debater-nos por encontrar uma solução e um sentido, que nem sempre é óbvio, que raramente é evidente, e que quase nunca é fácil, para não dizer nunca. Estamos neste debate connosco, com os outros, com Deus, colocamos perguntas. E o que é que é o Advento? O Advento é uma interrupção. A conversa interrompe-se. E interrompe-se com um cortejo, que nos vem anunciar um nascimento, que nos vem abrir os olhos para olharmos para a vida, a vida no seu milagre, na sua essencialidade, a vida Vida, a vida estreme, a vida sem mais. Porque Jesus nasce e o que nós temos é a vida estreme. Ali não há ornamentos, não há decoração. Ele nasce naquela circunstância de completo desprovimento, sem nada, naquele curral de animais onde é só a vida que conta. Maria coloca o filho na manjedoura dos animais para mostrar que é daquela vida que nós nos temos de alimentar. 10
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Meditação Queridos irmãos, interrompamos mesmo. Que o tempo do Advento seja um tempo para interromper, interromper, interromper. Isto é: suspender as nossas questões, suspender as nossas amarguras, suspender os nossos longos percursos, suspender a nossa inquirição àquilo que não tem resposta, ou então aquilo cuja resposta não nos cabe colher. Interromper. E preparar o nosso coração para o encontro com a vida, com a vida estreme, com a vida que começa, com a vida que é nova, com essa vida encarnada que nos mostra na nossa carne, na nossa história, o próprio Deus. No fundo o que é o Advento? O Advento é a preparação para esse milagre, para esse encontro com a vida. A nossa conversa é uma coisa importante, mas chega um momento em que ela tem de ser interrompida. Porque não é na conversa que está a solução, não é na conversa. A solução está Naquele que chega à nossa vida e em nós dizermos: “Ah, apesar de eu não saber tudo ou de eu não ter tudo, apesar de tudo isso, eu acolho, eu amo, eu acredito.” (…) O que nós precisamos é, de facto, de interromper, de sentir como Deus interrompe a nossa vida e nos coloca numa atitude de espera, de espera. (…) Sintamos isso, sintamos que a nossa vida é este barro que Deus trabalha. Com que esperança? Com que esperança? Com que ternura? Com que certeza? De que a nossa vida vale a pena! Que a nossa vida se deve abrir a outra verdade que vem ao nosso encontro. Por isso, queridas irmãs e irmãos, a palavra deste primeiro domingo é: Vigiai. Vigiai. É uma palavra um bocadinho estranha, vigiai. Nós estamos sempre a vigiar. Estamos aqui, estamos sempre a olhar, a ver alguma coisa; mas, às vezes, a pergunta do vigiar não é o que é que eu vejo ou o que é que eu estou a ver. É o que é que eu não vejo. O que é que ainda não consigo ver? E é quando estas questões nos habitam mas nos abrimos, efetivamente, ao Deus que vem, que o Natal acontece. Queridos irmãos, este tempo de Advento é um tempo necessário. Precisamos de caminhar. O Natal não é uma coisa automática, não é uma coisa que se tira das nossas caixas e coloca de novo e ele acontece automaticamente, imprevistamente. Não, o Natal prepara-se. Este encontro tem de ser, de facto, um encontro com a nossa vida. Deus interrompe o que eu sei, o que eu digo, o que eu falo e mostra-se, e dá-se-me, e enche o meu coração da fome de Deus, da fome de sentido que só Ele pode saciar. [©CapeladoRato] José Tolentino Mendonça (02-12-2014) Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre
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Actualidade
PORQUE RAZÃO AS PESSOAS JÁ NÃO REZAM PELAS ALMAS DO PURGATÓRIO? O Purgatório existe e as almas aí retidas podem ser ajudadas pelos sufrágios dos fiéis e, sobretudo, pelo santo sacrifício do altar. O Concílio de Trento, em 1563, ensinou que o Purgatório existe e que as almas aí retidas podem ser ajudadas pelos sufrágios dos fiéis e sobretudo pelo santo sacrifício do altar. 12
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Actualidade Entrar no Céu e participar da glória de Deus é o anseio de cada cristão. No entanto, para que isso aconteça é preciso que a pessoa esteja totalmente purificada dos seus pecados e pronta para amar a Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e com todo o seu entendimento. Para a expiação dos pecados existe o Purgatório. O Concílio de Trento, em sessão datada de 3 e 4 de Dezembro de 1563, emitiu o seguinte decreto: a) Já que a Igreja Católica, instruída pelo Espírito Santo, a partir das Sagradas Escrituras e da antiga tradição dos Padres, nos sagrados concílios e mais recentemente neste Sínodo ecuménico, ensinou que o Purgatório existe e que as almas aí retidas podem ser ajudadas pelos sufrágios dos fiéis e sobretudo pelo santo sacrifício do altar, o santo Sínodo prescreve aos bispos que se empenhem diligentemente para que a sã doutrina sobre o Purgatório, transmitida pelos santos Padres e pelos sagrados Concílios, seja acreditada, mantida, ensinada e pregada por toda parte. [1] Para rezar pelas almas do Purgatório, o fiel deve exercitar três virtudes: a fé, a caridade e a justiça. Quanto à fé é preciso crer naquilo que a Igreja ensina. Como vemos acima, o Purgatório existe e ela afirma que, para ele “vão as almas das pessoas que morreram em estado de graça, mas ainda não satisfizeram completamente por seus pecados e penas temporais”. [2] Ora, a maior parte das pessoas vai para o Purgatório, isso é inegável, pois são pouquíssimas as que chegam a tão alto grau de santidade ainda nesta vida ou aquelas que, na hora da morte, receberam indulgência plenária. Contudo, é possível ajudar as almas que, embora salvas, devem padecer as suas penas. Isso pode dar-se através da oração, penitência e obras de caridade, já que essas almas nada podem fazer por si mesmas e contam exclusivamente com a ajuda dos que estão ainda nesta vida. E o maior auxílio que se pode prestar a elas é a Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre
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Actualidade
Santa Missa. O mesmo Concílio de Trento afirma no seu Cânon 3: Se alguém disser que o sacrifício da Missa só é de louvor e acção de graças, ou mera comemoração do sacrifício realizado na cruz, porém não sacrifício propiciatório; ou que só aproveita a quem o recebe e não se deve oferecer pelos vivos e defuntos, pelos pecados, penas, satisfações e outras necessidades: seja anátema. Antigamente havia o piedoso costume de se terminar a lista de intenções da Missa com um pedido pelas almas padecentes. Infelizmente esse gesto caiu em desuso e seria salutar recuperá-lo. Trata-se de um gesto de caridade para com aqueles que estão impossibilitados.
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Actualidade E a caridade é a segunda virtude a ser exercitada. Ela consiste em amar. Amar estas pessoas que são as mais necessitadas, pois nada podem fazer, estão num estado de total passividade, completamente dependentes da caridade dos que estão nesta vida. De nada adiantar rezar por aquelas almas que estão no Inferno, sua condição é eterna; nem por aquelas que já estão no Céu, pois são elas que intercedem pelos vivos. O dever de caridade de cada um é, portanto, pedir por aqueles que padecem as suas penas no Purgatório. Nossa Senhora, em Fátima, ensinou a rezar do seguinte modo: “Ó meu bom Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do Inferno, levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente as que mais precisarem”. E as que mais precisam são justamente as que estão no Purgatório. A terceira virtude que deve ser exercitada é a Justiça. Ela possui dois aspectos: o primeiro é o da piedade para com os antepassados. Existe uma obrigação filial em se rezar pela ascendência. Deve-se a própria vida a cada um deles. O segundo aspecto é por causa da justiça em seu sentido estrito, ou seja, quantas pessoas não estão no Purgatório padecendo por nossa culpa? Os maus exemplos, a cumplicidade no pecado, os maus conselhos; quantas pessoas foram levadas ao pecado por nossa causa e hoje, falecidas, estão a pagar no Purgatório e a purificar-se para ver a Deus por nossa culpa? Portanto, é obrigação de justiça rezar por elas. Assim, urge exercitar as três virtudes, recuperando a prática de piedade que a Igreja acalenta há tantos séculos que é rezar pelos falecidos. In https://padrepauloricardo.org/ 1. Compêndio dos símbolos, definições e declarações de fé e moral, Denzinger-Hünnermann, nº 1820 2. Idem, M:2bc
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Destaque
Novena
Natal
de com a família
Em cada dia coloque um puxador diferente numa porta e reze a oração desse dia com toda a família, proporcionando às crianças uma forma diferente de preparar o Natal. Jesus bate à porta. Vamos abrir? Uma proposta da Fundação AIS e do Apostolado da Oração – Rede Mundial de Oração do Papa. Para rezar, em família, entre 17 e 25 de Dezembro. Para guardar, no coração de cada um, todo o ano. Oração no verso
Cód. DI093
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SEMENTES DE ESPERANÇA - Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre PROPRIEDADE Fundação AIS DIRECTORA Catarina Martins de Bettencourt REDACÇÃO E EDIÇÃO Pe. José Jacinto Ferreira de Farias, scj, Maria de Fátima Silva, Alexandra Ferreira FONTE L’Église dans le monde – AIS França FOTOS © AIS; © DR
CAPA PERIODICIDADE IMPRESSÃO PAGINAÇÃO DEPÓSITO LEGAL ISSN
A Maternidade de Nossa Senhora 11 edições anuais Gráfica Artipol JSDesign Isento de registo na ERC ao 352561/12 abrigo do Dec. Reg. 8/99 2182-3928 de 9/6 art.º 12 n.º 1 A
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