Folha de Oração - Outubro de 2016

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S E M E N T E S DE ESPERANÇA OUTUBRO 2016

| Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre


Intenções de Oração do Santo Padre Intenção Geral Jornalistas

Para que os jornalistas, no desempenho da sua profissão, sejam sempre animados pelo respeito pela verdade e por um forte sentido ético. Intenção Missionária Jornada Missionária Mundial

Para que a Jornada Missionária Mundial renove em todas as comunidades cristãs a alegria e a responsabilidade de anunciar o Evangelho. “Felizes os que agem em prol da paz.” Rezamos o suficiente pela paz? Tivemos a fé suficiente para pedir Àquele, a quem tudo é possível, o impossível? Invocamos com inabalável confiança a Palavra de Cristo: “… tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome Ele vo-lo concederá” (Jo 15, 16)? Depositamos continuamente o sofrimento dos nossos irmãos aos pés de Deus, não como censura a um partido, mas como uma súplica à Sua infinita misericórdia? Desfrutamos a nossa liberdade de filhos de Deus, incomodando-O, longa e inconvenientemente, até Ele atender as nossas preces? Ou já perdemos a força de pedir, de crer e remover montanhas, na crise que, como furtiva doença, castiga a nossa Igreja? Pe. Werenfried van Straaten

ERRATA: Nas “Sementes de Esperança” de Setembro, na página 5:

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Onde se lê:

Deve ler-se:

Cristãos: 6,1 % Católicos: 1,5 % Ortodoxos: 4,5 % Protestantes: 0,1% Muçulmanos: 93,8% Outras religiões: 0,1%

Cristãos: 73,3 % Católicos: 0,6 % Ortodoxos: 70,3 % Protestantes: 1,9% Outros cristãos: 0,5% Muçulmanos: 10% Outras religiões: 0,5% Sem Religião 16,2% Sementes de Esperança | Outubro 2016


Reflectir INTENÇÃO NACIONAL Que neste mês do Rosário se intensifique nas famílias em Portugal a oração do Rosário, como caminho para a paz.

No centenário das Aparições de Nossa Senhora em Fátima As celebrações do centenário das aparições de Nossa Senhora em Fátima já se encontram praticamente na sua recta final, e este ano que se aproxima será seguramente muito rico em manifestações nas quais todos teremos a possibilidade de revisitar os elementos essenciais que constituem o segredo e o mistério da mensagem de Fátima, hoje mais actual do que nunca, como, aliás, o Papa Bento XVI recordou em Fátima quando, referindo-se ao segredo, afirmou que se enganam os que pensam que o segredo de Fátima diz respeito ao passado. É evidente que na sua vertente profética de revelação de acontecimentos futuros, poderia ser entendido como já cumprido, pelo menos na parte em que S. João Paulo II referiu a si próprio, no atentado que quase o vitimava no já longínquo dia 13 de Maio de 1981. Mas essa foi apenas uma parte, que estava patente na terceira parte do segredo, mas que já estava presente nas memórias de Lúcia, quando se refere aos sofrimentos do Papa

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e às perseguições à Igreja. Mas mesmo este aspecto das perseguições à Igreja e aos Cristãos faz parte do mistério e da história da Igreja, desde os primeiros dias até hoje. Não nos devemos esquecer que a Igreja Católica é a comunidade mais perseguida no mundo, o que não é por acaso, pois é aquela que, como instituição, tem a promessa da assistência divina – estarei sempre convosco até ao fim do mundo (Mt 28,20) – e por isso resiste ao desgaste do tempo e a cada crise sucede um tempo de renovação e de mudança, de novos santos e mártires. O séc. XX já foi proclamado como o século dos mártires e dos santos. E nós somos contemporâneos de alguns deles, mesmo canonizados, como S. João Paulo II e Santa Madre Teresa de Calcutá, para citar os mais famosos e que muitos de nós vimos pessoalmente e nos encontrámos com ele, como eu próprio tive a graça de estar em Roma com S. João Paulo II e participar nas

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Reflectir suas exéquias. Santo Agostinho via a Igreja como aquela comunidade, aquele povo que caminha na história entre as perseguições do mundo e as consolações de Deus. A mensagem de Fátima toca os elementos essenciais da história da Igreja e da humanidade e representa, pela intervenção de Nossa Senhora, um último apelo a que os homens – cristãos ou não – se recordem da sua vocação e missão e dos fins últimos que os esperam – morte, juízo, inferno ou paraíso. É esse o horizonte que deve marcar o sentido, a responsabilidade e a solenidade das decisões existenciais, segundo o estado e o grau de responsabilidade familiar e social de cada um. Fátima é uma mensagem de conversão e de penitência, porque o pecado ofende a Deus e destrói o homem, sobretudo no que diz respeito às relações entre as pessoas e as nações para a construção da paz, mas que depende da capacidade de cada um de se deixar-se tocar pelo apelo à mudança de rumo da própria existência. Como as coisas estão hoje, não pode continuar, o futuro da humanidade e o futuro de cada um estão em risco, estão em perigo, mesmo entre nós, como se pode verificar no que está a acontecer em Portugal no plano ético, político e social. E o mal alcança uma tal grandeza que só o Coração de Maria nos pode valer, mas que devido à lentidão e

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à preguiça dos homens, e sobretudo dos responsáveis políticos, em escutar esta palavra, seja o que for que venham a fazer, já poderá ser tarde demais, como Nossa Senhora em Fátima disse. Eu penso, para aterrarmos no nosso tempo, em três grandes temas: o aborto, verdadeira tragédia humana, crime abominável que ceifa as vidas já na sua origem, tsunami devastador das vidas dos que nesse crime abominável directa ou indirectamente participam; o divórcio no meio da vida que banaliza e descarta a palavra da fidelidade, do amor que fica degradado a uma fruição instantânea, mas que não resiste ao tempo; finalmente, a vida no seu fim, ameaçada pela eutanásia que, em nome da alegada compaixão dos que a defendem e a propõem, abandona cinicamente as pessoas a si mesmas e às pressões sociais e de conveniência na hora mais solene das suas e das nossas vidas: a morte. De facto, nós só temos duas horas importantes e todas as outras gravitam em torno delas, como dizemos quando rezamos a Avé Maria, na segunda parte: Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte.

Pe. José Jacinto Ferreira de Farias, scj Assistente Espiritual da Fundação AIS

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Camarões Superfície 475.442 Km2

• Argélia

População 20 milhões

• Líbia

• Mali

Religiões Cristãos: 70,3% Católicos: 38,3% Protestantes: 31,4% Outros: 0,6%

• Egipto

• Chade • Sudão • Costa do • Gana Marfim

• Nigéria

Muçulmanos: 18,3% Outras religiões: 2,8%

• Camarões

• Rep. Centro-Africana

Guiné Equatorial • • Gabão

Religiões tradicionais: 3,3%

• Congo • Rep. Democrática do Congo

Sem religião: 5,3% Línguas oficiais Inglês e Francês

• Angola

CAMARÕES

MOBILIZAÇÃO EM REDOR DOS REFUGIADOS Assaltado por multidões de refugiados que fogem à violência da Nigéria e da República Centro-Africana, os Camarões temem uma crise humanitária. É a opinião do Pe. Janvier Owana Tang, Pároco da Diocese de Mbalmayo, nos Camarões. Não existe no mundo um ranking

que serve a grandeza de uma nação

dos países mais solidários, ao mesmo

que não pode oferecer a sua solida-

tempo que a solidariedade internacio-

riedade aos outros? E se baixássemos

nal se tornou um valor fundamental

o “rating” das nações intolerantes,

que pode determinar de forma clara

como fazem as agências financeiras,

quais são os países que têm maior

para lhes dizer que têm sido muito

respeito pelos direitos do homem. De

maus alunos na forma de gerir a sua

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Camarões Há cinco mil católicos nigerianos refugiados neste campo (Diocese de Maroua-Mokolo).

economia? Muitas nações tornaram-se

de 1960. Pupilo das Nações Unidas,

muito más alunas em matéria de soli-

é um país que está entre os países

dariedade e acolhimento a refugiados.

africanos que participam de forma positiva e activa na vida e nas activi-

Na classificação de solidariedade e

dades das Nações Unidas. Há algum

acolhimento, os Camarões estariam

tempo que a ONU teme uma crise

actualmente muito bem classifica-

humanitária, insiste Najat Rochdi,

dos pela maneira como têm tomado

coordenadora residente do sistema

conta da situação dos refugiados e

das Nações Unidas nos Camarões.

deslocados dos seus países vizinhos

Teme-se um agravamento da crise

, por isso têm de se proteger para

humanitária devido ao aumento do

evitar invasões bárbaras e mortífe-

número de refugiados e deslocados,

ras. Território sob o mandato da SDN

consequência da persistente violên-

e depois sob a tutela da ONU, os

cia da seita islâmica da Nigéria, Boko

Camarões foram admitidos como país

Haram. De acordo com as últimas

membro da ONU a 20 de Setembro

estimativas das Nações Unidas, os

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Camarões Os Camarões ainda são um país muito religioso.

Camarões acolheram até hoje, na

a chegada de novos deslocados pra-

região Norte, um total de 61.435

ticamente todas as semanas, o Alto

refugiados da Nigéria dos quais,

Comissariado para os Refugiados teme

mais de 45 mil no acampamento de

um aumento de pessoas em 2016.

Minawao, um lugar sob a protecção

“Como consequência iremos ter mais

das forças armadas e da segurança

necessidades” alerta Laurent Raguin,

dos Camarões, administrado com

o representante residente adjunto

o acordo do Alto-comissariado das

desta agência nos Camarões. Uma

Nações Unidas para os refugiados

crise dá origem a outra e, de acordo

(HCR).

com as estatísticas oficiais, cerca de um milhão de pessoas são vítimas de

Acresce ainda os 81.693 deslocados

insegurança alimentar e centenas de

internos dos Camarões, afastados

milhares de crianças são já vítimas de

das suas casas devido aos ataques

malnutrição e de doenças infecciosas

permanentes do Boko Haram desde

no Extremo Norte, devido às anoma-

2014, esclarece Najat Rochdi. Com

lias climáticas (seca e inundações).

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Camarões Êxodo de refugiados da Nigéria e da Rep. Centro-Africana.

Nas regiões do Este, Adamaoua, e

Cristãos, juntando toda a comida que

do Norte, os Camarões acolhem ainda

conseguiram para acrescentar ao pou-

cerca de 240 mil refugiados centro-

co que era dado pelas autoridades.

-africanos, para os quais os programas

A nível nacional, a Conferência

de ajuda atribuídos às vítimas nigeria-

Episcopal dos Camarões organizou

nas do Boko Haram para o Extremo-

colectas de donativos em todas as

Norte, foram também destacados

paróquias (alimentos, roupas, bens

desde este ano, com o objectivo de

de primeira necessidade, etc.). Foram

preparar o seu regresso ao seu país,

concebidos projectos para melhorar

logo que as condições o permitam.

os alojamentos e estruturas temporárias, mas a água continua a ser uma

A IGREJA À CABECEIRA DOS REFUGIADOS

prioridade para todos. Os bispos dos Camarões e da Nigéria estão empenhados em levar consolo aos refugia-

A comunidade cristã (mais de 70%

dos do Extremo Norte. A 6 de Março

da população nacional, da qual 40%

de 2015, uma delegação de seis

é católica) apressou-se a ajudar os

bispos deslocou-se ao acampamento

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Camarões Bispos da Nigéria e dos Camarões visitam os refugiados.

dos refugiados nigerianos de Minawa, situado na Diocese de Maroua-Mokolo nos Camarões, com uma mensagem de solidariedade, de amor e de esperança.

Oração Para que a paz e a harmonia não abandonem este país tão solidário e para que o seu povo se mantenha firme na fé, nós Te pedimos Senhor!

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N

a sua homilia de Páscoa em 2015, o Arcebispo de Yaoundé, Mons. Mbarga, falou sobre o sofrimento causado pelo Boko Haram da seguinte forma: “Como é possível poder atacar um país de paz e hospitalidade, aberto ao desenvolvimento de África? Porquê tanta crueldade, tanto ódio, perseguições e violência? […] Também os Apóstolos não compreendiam como puderam matar o seu Mestre, Jesus Cristo, um homem que passou a vida a fazer o bem. A Ressurreição de Cristo trouxe respostas que valem para todos os tempos […] Tal como Jesus Se levantou do túmulo, levantemo-nos nós também acima dos nossos egoísmos e fanatismos religiosos […] Festejemos esta Ressurreição, agradecendo ao Senhor que nos fez redescobrir os valores da vida, a preciosidade da Paz e a grandeza da vida em comum. O nosso Deus é o Deus da vitória.”

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Oração Uma breve história do Rosário da Virgem Maria O Rosário é uma oração cuja origem se perde nos tempos. A tradição diz que foi revelado a S. Domingos de Gusmão (1170-1221), numa aparição de Nossa Senhora, quando ele se preparava para enfrentar a heresia albigense. (…) A partir de então, o Rosário aparece em múltiplos momentos da vida da Igreja. Já no fresco do Juízo Final, pintado por Miguel Ângelo (1475-1564) na Capela Sistina do Vaticano de 1536 a 1541, estão representadas duas almas a serem puxadas para o céu por um Terço. São as almas de um africano e de um asiático, mostrando a universalidade missionária da oração. A 12 de Outubro de 1717, foi retirada do rio Paraíba uma imagem de Nossa Senhora com um Terço ao pescoço por três humildes pescadores (…), em Guaratinguetá, São Paulo. Essa estátua, de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, foi declarada em 1929 Rainha e Padroeira do Brasil. A Imaculada Conceição rezou o Terço com Bernadette Soubirous (1844-1879) nas aparições de Lourdes em 1858. O Papa Leão XIII, “Papa do Rosário”, como lhe chama a recente Carta Apostólica do Papa dedicou mais de vinte documentos só ao estudo desta oração, incluindo onze encíclicas. Também o Beato Bártolo Longo (1841-1926) é um dos grandes divulgadores do Rosário, como o refere a recente Carta Apostólica. Antigo ateu, espírita e sacerdote satânico, depois da sua conversão viu na intercessão de Nossa Senhora a sua única hipótese de salvação. Sendo advogado, em 1872 deslocou-se à região de Pompeia por motivos profissionais e ficou chocado com a pobreza, ignorância, superstição e imoralidade dos habitantes dos pântanos. Entregou-se a eles para o resto da vida. Arranjou um quadro da Senhora do Rosário, que fez vários milagres e criou em 1873 a festa anual do Rosário, com música, corridas, fogo de artifício. Construiu uma igreja para essa imagem, que se veio a tornar no Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Pompeia. Fundou uma congregação de freiras dominicanas para educar os órfãos da cidade, escreveu livros sobre o Rosário e divulgou a devoção dos “Quinze Sábados” de meditação dos mistérios. Outro grande momento da divulgação do Terço é, sem dúvida, Fátima. “Rezar o Terço todos os dias” é a única coisa que a Senhora referiu em todas as suas seis aparições. A frase repete-se sucessivamente, quase como uma ladainha, manifestando bem a sua urgência e importância. Na carta do Dr. Carlos de Azevedo Mendes, num dos primeiros documentos escritos sobre Fátima, afirma-se “Como te disse examinei ou antes interroguei os três em separado. Todos dizem o mesmo sem a mais pequena alteração. A base principal que de tudo, o que me dizem, deduzi é ‘que a aparição quer que se espalhe a devoção do Terço’”. A história do Rosário não pode terminar sem referir um momento decisivo desta evolução. A escolha do Papa João Paulo II de celebrar as suas bodas de prata pontifícias com o Rosário, acrescentandolhe os cinco mistérios luminosos, é um marco importante na devoção. Mas a ligação do Papa a esta oração não é de hoje, como ele mesmo diz na Carta: “Vinte e quatro anos atrás, no dia 29 de Outubro de 1978, apenas duas semanas depois da minha eleição para a Sé de Pedro, quase numa confidência, assim me exprimia: ‘O Rosário é a minha oração predilecta. Oração maravilhosa! Maravilhosa na simplicidade e na profundidade.’” João César das Neves, Professor UCP

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2016 - Ano Santo da Misericórdia

Visitar os Presos Visitar os presos tem um primeiro e elementar significado: fazer-se presente junto de quem vive na prisão. A população prisional é formada em grande parte por pobres, marginalizados, estrangeiros imigrantes, toxicodependentes: vários destes não têm ninguém, não têm pessoas que os visitem e, portanto, não têm ninguém com quem falar e que os escute, ou seja, para quem sabem que valem alguma coisa. A perda da liberdade, a solidão afetiva e sexual, a ausência de vida social, a perspetiva de ficar muito tempo na prisão, induzem com frequência a atitudes de perda de interesse pela vida, provocando embrutecimento ou tentações suicidas. Oprimido entre o desespero e a revolta, o preso precisa de um rosto que o escute e que lhe fale, que lhe dê a entender, com a sua presença e o seu acolhimento, que ele é maior do que os atos que cometeu e que não é redutível aos mesmos. O contacto epistolar é particularmente útil e importante. Quem visita um preso e estabelece com ele uma relação perdurável no tempo, é confrontado, muitas vezes, com uma pessoa em grave crise «espiritual» — em que o espiritual se refere ao sentido da existência. O diálogo será, portanto, um caminho comum para um sentido possível, caminho que, para o preso, implica com frequência restabelecer a ordem na relação com o tempo, que a culpa cometida pode ter perturbado ou destruído. O importante, certamente, é infundir confiança no preso, ajudando-o a não desesperar e a não se deixar afundar, a não abdicar da própria humanidade. Como é óbvio, uma pastoral solícita para com os presos deverá dirigir-se também aos familiares do mesmo, ajudar e apoiar as suas famílias, informandoas sobre as formas de assistência a que têm direito e garantindo que delas usufruam... As formas de presença cristã nas prisões são múltiplas e criativas. Luciano Manicardi, A caridade dá que fazer: Redescobrindo a actualidade das ‘obras de misericórdia’, 2015

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2016 - Ano Santo da Misericórdia

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Associação de Visitadores de Reclusos, FOSTE VISITAR-ME, é uma

associação católica, ligada à Companhia de Jesus. Está legalizada, desde 2007, como associação pública de fiéis, mas a sua história é alguns anos mais antiga. Começou em 1995 quando Carlos Coelho, com o apoio do Padre Vasco Pinto Magalhães sj, foi visitar, sozinho, durante 5 anos, as pessoas presas no Estabelecimento Prisional de Santa Cruz do Bispo, principalmente os mais pobres dos pobres, os que estão presos na ala psiquiátrica dessa cadeia. 12

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2016 - Ano Santo da Misericórdia

A nossa inspiração foi, desde sempre, Jesus e o versículo de Mateus 25- 36, “Estive na prisão e foste visitar-me”, daí a escolha do nosso nome. Neste momento, somos 32 visitadores e visitamos reclusos em quatro cadeias do distrito do Porto: Sta. Cruz do Bispo (homens), Sta. Cruz do Bispo (mulheres), o Estabelecimento Prisional do Porto em Custóias e Estabelecimento Prisional adjunto à Polícia Judiciária. Além da visita semanal, temos alguns outros projectos, como sejam clubes de leitura em duas das cadeias e ajudamos a cultivar uma horta na Unidade Livre de Drogas de Santa Cruz do Bispo, homens, etc. Mensalmente levamos reclusos, sem retaguarda familiar, da Clínica Psiquiátrica de Santa Cruz, a passar a saída precária fora da cadeia. Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

O objectivo principal da FOSTE VISITARME é apoiar os reclusos sem os julgar nem os recriminar, é ajudar a que o

tempo de prisão não seja um interregno na vida deles, é ajudá-los a fazer a ponte entre duas fases diferentes da sua vida. Os visitadores partilham com eles o seu tempo com o propósito de os fazer sentir que têm uns amigos com quem podem contar, para os ajudar a encontrar um sentido para o tempo de reclusão e, se possível, um novo projecto de vida. 13


2016 - Ano Santo da Misericórdia

Estive na prisão e foste visitar-me sempre que me encorajaste a acreditar na minha capacidade de mudar, sem julgar os meus passos mal dados, nem criticar destrutivamente as minhas fraquezas.

Visitador da FOSTE VISITAR-ME, um documento construído em conjunto por todos os visitadores. São frases que nos inspiram, cada vez que entramos aqueles portões…

Estive na prisão e foste visitar-me sempre que me trataste acima de tudo como pessoa, evitando rotular-me de delinquente e malfeitor, distinguindo aquilo que eu sou ou posso vir a ser, daquilo que eu fiz ou possa vir a fazer. Estive na prisão e foste visitar-me sempre que me falaste de Deus pelo modo como estás e pela disponibilidade que me dás, por me fazeres sentir amado e não apenas mais um caso, por me fazeres experimentar que para quem confia nada é impossível. Estas são algumas frases da Carta de 14

CONTACTOS Rua Oliveira Monteiro, nº 562, 4050-440 Porto Tel.: 226 061 410 E-mail: geral@fostevisitarme.pt www.fostevisitarme.pt

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Actualidade Santa Teresa do Menino Jesus Viver e morrer de amor Cuidar da alma, alimentando sempre a nossa dimensão interior, é uma tarefa essencial que a modernidade muitas vezes esqueceu. A ajudar-nos neste caminho de redescoberta da transcendência que habita em nós estão os mestres da espiritualidade, como Santa Teresa de Lisieux, que a Igreja Católica evoca a 1 de Outubro. (…) Recordamos excertos da catequese sobre Teresa de Lisieux que o Papa emérito Bento XVI pronunciou a 6 de Abril de 2011. «Gostaria de vos falar hoje de Santa Teresa de Lisieux. Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face, que viveu neste mundo só 24 anos, no final do século XIX, levando uma vida muito simples e no escondimento, mas que, depois da morte e da publicação dos seus escritos, se tornou uma das santas mais conhecidas e amadas. A “pequena Teresa” nunca deixou de ajudar as almas mais simples, os pequeninos, os pobres e os sofredores que lhe rezam, mas iluminou também toda a Igreja com a sua profunda doutrina espiritual, a ponto que o Venerável [Santo] Papa João Paulo II, em 1997, quis atribuir-lhe o título de Doutora da Igreja, além do de Padroeira das Missões, que já lhe tinha sido atribuído por Pio XI em 1927. O meu amado predecessor definiu-a “perita da scientia amoris”. Esta ciência, que vê resplandecer no amor toda a verdade da fé, Teresa expressa-a principalmente na narração da sua vida, publicada um ano depois da sua morte com o título de “História de uma alma”. Trata-se de um livro que teve imediatamente um grande sucesso, foi traduzido em muitas línguas e difundido em todo o mundo. Gostaria de vos convidar a redescobrir este pequeno-grande tesouro, este comentário luminoso ao Evangelho plenamente vivido! De facto, a “História de uma alma” é uma história maravilhosa de amor, narrada com tanta autenticidade, simplicidade e vigor, que o leitor não pode deixar de se admirar! Mas qual é este amor que encheu toda a vida de Teresa, desde a infância até à morte? Queridos amigos, este amor tem um rosto, tem um nome, é Jesus! (…) Queridos amigos, também nós com Santa Teresa do Menino Jesus deveríamos poder repetir todos os dias ao Senhor que queremos viver de amor a Ele e aos outros, aprender na escola dos santos a amar de modo autêntico e total. Teresa é um dos “pequeninos” do Evangelho que se deixam conduzir por Deus às profundezas do seu mistério. Uma guia para todos (…). Inseparável do Evangelho, a Eucaristia é para Teresa o sacramento do amor divino que se abaixa ao extremo para se elevar até Ele. Na sua última “Carta”, sobre uma imagem que representa o Menino Jesus na Hóstia consagrada, a santa escreve estas palavras simples: “Não posso temer um Deus que para mim se fez tão pequenino! (...) Eu amo-o! De facto, Ele mais não é do que amor e misericórdia!” (...). “Confiança e amor” são, portanto, o ponto final da narração da sua vida, duas palavras que como faróis iluminaram todo o seu caminho de santidade, para poder guiar os outros pela sua mesma “pequena via de confiança e de amor” da infância espiritual. Confiança como a do menino que se abandona nas mãos de Deus, inseparável do compromisso forte e radical do verdadeiro amor, que é dom total de si, para sempre, como diz a santa contemplando Maria: “Amar é dar tudo, e dar-se a si mesmo”. Assim Teresa indica a todos nós que a vida cristã consiste em viver plenamente a graça do Baptismo na doação total de si ao amor do Pai, para viver como Cristo, no fogo do Espírito Santo, o seu mesmo amor por todos os outros.» In Avvenire, Matteo Liut Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

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Destaque

OS AMIGOS DE UM PADRE “O trato habitual com os amigos do Céu faz-nos crescer no desejo do Céu, que é a felicidade suprema e definitiva. Com os pés na terra e os olhos no Céu caminhamos amparados por estes amigos que já alcançaram o lugar ao qual também nós queremos chegar. Estes nossos amigos estão constantemente disponíveis para nos ajudar, basta nós querermos e cultivarmos esse trato habitual e próximo com eles. Assim se diz que invocamos os santos, sendo o mesmo que dizer, os chamamos para junto de nós, para caminharem a nosso lado. Para serem essa ajuda preciosa em todas as horas da vida e com eles vivermos por toda a eternidade.”

NOVO

Padre Marco Luís

Nesta sua nova obra, o Pe. Marco Luís descreve-nos a sua relação de amizade com alguns amigos do Céu. Desta forma, ensina-nos a conquistar e a manter estes preciosos relacionamentos, verdadeiras ajudas para a nossa vida do dia a dia.

Cód. LI149

€ 8,00

SEMENTES DE ESPERANÇA - Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre PROPRIEDADE Fundação AIS CAPA DIRECTORA Catarina Martins de Bettencourt PERIODICIDADE REDACÇÃO E EDIÇÃO Pe. José Jacinto Ferreira de Farias, scj, Maria de Fátima Silva, IMPRESSÃO Alexandra Ferreira PAGINAÇÃO FONTE L’Église dans le monde – AIS França DEPÓSITO LEGAL FOTOS © AIS ISSN

Vitral de Nossa Senhora do Rosário 11 edições anuais Gráfica Artipol JSDesign 352561/12 2182-3928

Isento de registo na ERC ao abrigo do Dec. Reg. 8/99 de 9/6 art.º 12 n.º 1 A

Rua Professor Orlando Ribeiro, 5 D, 1600-796 LISBOA Tel 21 754 40 00 • Fax 21 754 40 01 • NIF 505 152 304 fundacao-ais@fundacao-ais.pt • www.fundacao-ais.pt


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