Sementes de Esperança - Setembro 2017

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Sementes de

Setembro 2017

Esperança Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre


Intenções de Oração do Santo Padre INTENÇÃO MISSIONÁRIA

Pelas nossas paróquias, para que, animadas pelo espírito missionário, sejam lugares de comunicação da fé e testemunho de caridade.

“AI DE MIM, SE EU NÃO EVANGELIZAR!” Paulo escreve: “Ai de mim, se eu não evangelizar!” (1 Cor 9,16) A palavra Evangelho significa Boa Nova. O resumo desta notícia é: amor a Deus e amor ao próximo. É a mensagem que o Senhor anunciou com a Sua vida e com a Sua morte. Ai de mim, dizia Paulo, se eu não pregar essa mensagem. Da mesma forma: Ai de nós, se não formos, uns para os outros, Boa Nova e agradáveis a Deus, com preces e sacrifícios, com acções e renúncias, com amor, bondade e caridade, em palavras e actos, como o bom samaritano, como Verónica ou como Simão Cireneu. Ai de nós, se não anunciarmos o Evangelho. O Evangelho foi impresso milhões de vezes no papel. Foi traduzido em todas as línguas. Mas, as pessoas de hoje, enganadas e desesperadas, não buscam um Evangelho de papel. Exigem um Evangelho vivo, de carne e sangue. Elas têm fome de Cristo, que é a Boa Nova viva. Esperam por pessoas em quem Cristo novamente Se faça visível, em quem possam reconhecer e amar Cristo. Enfim, elas exigem de nós que, por fim, devolvamos uma imagem viva de Cristo. Pe. Werenfried van Straaten

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Reflectir Intenção Nacional

Para que neste ano centenário das aparições de Nossa Senhora em Fátima todos os devotos estejam dispostos a responder como os Pastorinhos ao convite de Nossa Senhora: “quereis oferecer-vos a Deus?”.

O amor não é nada que o dinheiro possa comprar Ainda há dias conversava com amigos e o assunto era a mudança rápida de mentalidade que se tem operado entre nós nos últimos anos, uma década, no máximo. Excepto as questões que têm a ver com a segurança (terrorismo, incêndios, crise), tudo o mais, mesmo a política, parece deixar-nos indiferentes. Mesmo as questões éticas e morais que no passado não muito longínquo provocavam horror, escândalo, também essas nos deixam hoje indiferentes. Vejamos dois casos. No programa “Trocado por Miúdos” da RR à pergunta - de onde vem o homem; de onde vimos? -, miúdos respondiam que o homem resulta da evolução dos macacos que a certa altura da evolução começaram a andar de pé; e que vimos das barrigas das nossas mães. Depois seguiram-se umas considerações que rondavam quase o obsceno,

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pelo menos a inconveniência. Mas será mesmo que o homem vem do macaco? Já está mesmo provado isso? Podemos dizer que somos “primos” dos macacos? Eu, sinceramente, não achei graça nenhuma àquela conversa. O Cristiano Ronaldo encomendou os filhos a uma “barriga de aluguer”, e agora já são 3!... No meu entender estamos no limite, a tentar comer o “fruto da árvore” da vida, de que nos fala a Sagrada Escritura, que é para nós a referência fundamental, pois que transporta em si a Revelação do pensamento de Deus a nosso respeito. Aí lemos que, no princípio, Deus colocou querubins com espadas de fogo a guardar o acesso à árvore da vida, porque no dia em que o homem comer o fruto dessa árvore é então o fim da humanidade: “no dia em que o comerdes, certamente morrerás”

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Reflectir (Gn 2,17; cf Gn 3,4). As duas árvores do jardim representam o homem: o conhecimento do bem e do mal, que é o domínio da ciência e da ética, e a vida, na sua origem e no seu fim. Com uma dimensão e um alcance nunca vistos no passado, a geração actual, que já se tem apoderado do conhecimento, tenta agora apoderar-se da vida, na sua origem, no seu meio e no seu fim, para fazer dela o que quiser, como se fosse seu senhor absoluto, como se fosse Deus! Este é o “pecado original”, o pecado que está na origem de todos os pecados, e, ao praticá-lo, o homem procura esconder-se, porque afinal vai descobrir que está “nu” (Gn 3,7), porque o dinheiro pode muita coisa, mas há uma que não consegue comprar, a felicidade. Não sei que felicidade pode haver em alguém pensar que é “familiar” próximo ou distante dos macacos! Não está demonstrado que a muita riqueza traz felicidade. De outro modo, só os ricos é que seriam felizes, mas este não é o caso. O que terá levado o filósofo francês J. P. Sartre (1905-1980), ele que era ateu, a considerar que “o inferno são outros”, que “o homem é uma paixão inútil”? O dinheiro pode ajudar e com ele pode fazer-se muito bem; mas o dinheiro não é tudo. Foi para esta 4

sabedoria do desprendimento, porque só Deus é o Senhor da verdade e do bem, da vida e da morte, que Jesus perguntou aos Seus discípulos: “que vale ao homem ganhar o mundo todo, se depois perde a sua alma?” (Mc 8,36). Não sei, nem quero imaginar, o que estes “filhos” de pais ou de mães desconhecidos hão-de pensar quando chegarem à idade da razão! E eu que julgava que o tempo dos “pais” ou de “mães” incógnitos era uma questão do passado! Em Fátima, Nossa Senhora pediu aos Pastorinhos que rezassem o terço e se sacrificassem pela conversão dos pobres pecadores. Que maior pobreza não haverá do que aquela de pensar que o sentido da vida consiste no que se “tem” e no que se “pode”, quando afinal o sentido da vida depende da intensidade de amor com que somos amados, pelo que somos e não pelo que temos. Enganam-se aqueles que pensam que a salvação vem pela ciência; não, a salvação não vem pela ciência, mas pelo amor. Ora o amor não é nada que o dinheiro possa comprar! Pe. José Jacinto Ferreira de Farias, scj Assistente Espiritual da Fundação AIS

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Superfície 274.190 Km2 População 19 milhões Religiões Cristãos: 23% Católicos: 19% Protestantes: 4% Religiões tradicionais: 15% Muçulmanos: 62% Língua oficial Francês

BURKINA FASO

O FIM DE UM MODELO DE CONVIVÊNCIA? Depois de um quarto de século de estabilidade, o Burkina Faso entrou no fim de 2014 num período tumultuoso agravado pelos recentes atentados islâmicos, que poderão prejudicar o bom entendimento inter-religioso. Durante muito tempo considerada a província da rica Costa do Marfim e a sua reserva de mão-de-obra, a República do Alto Volta, passou a ser denominada Burkina Faso (“País dos Homens Íntegros”), em 1984, quando da governação socialista de Thomas Sankara, viu a sua população crescer de 4 para 20 milhões de habitantes desde a sua independência, apesar de uma elevada emigração. Com escassez de recursos naturais e 80% da população activa na agricultura, este país permanece como Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

um dos mais pobres do mundo, não obstante a importante ajuda internacional. Recentemente, ficou também fragilizado pela crise da Costa do Marfim. Depois de um quarto de século de governação estável, que se seguiu a uma década turbulenta da qual Blaise Compaoré saiu como vitorioso, o Burkina Faso entrou novamente, no fim de 2014, num período de agitação. No poder há mais de 25 anos, o presidente Blaise Compaoré, iniciou no 5


Burkina Faso A Igreja Católica (na fotografia Pissila) tem quase 4 milhões de fiéis.

fim de Outubro de 2014 uma revisão constitucional para poder candidatar-se às eleições presidenciais. Irromperam tumultos em Ouagadougou e o presidente abandonou o país. O exército assume então o poder interino e mais tarde um diplomata, Michel Kafando, é nomeado presidente interino pelo período de um ano. Mas a guarda presidencial do antigo presidente resiste à nova ordem, uma vez que a possibilidade de elementos anteriormente próximos de Blaise Compaoré poderem apresentar-se às eleições divide o país. No dia 16 de Setembro de 2015, a guarda presidencial toma o poder e coloca o general Gilbert Diendéré na chefia do Estado. Mas por todo o país rebentam manifestações reprimidas à custa de sangue (onze mortos). No dia 21, as unidades do exército, fiéis ao poder de transição, juntam-se em Ouagadougou. O general Diendéré refugia-se na Nunciatura e depois entrega-se à justiça, enquanto a guarda presidencial 6

Por falta de recursos naturais, o país continua a ser um dos mais pobres do mundo.

se dissolve. As eleições presidenciais realizaram-se a 29 de Novembro e Roch Kaboré, um antigo primeiro-ministro, foi eleito com mais de 50% dos votos. Mas o seu partido não consegue a maioria na Assembleia Nacional, pelo que o ano de 2016 é marcado por numerosos debates políticos e sucessivas greves.

O golpe de 16 de Setembro de 2015 Depois de ter impulsionado a nomeação de Michel Kafando e de ter apelado ao apoio da população para o Governo de transição, a Igreja Católica envolve-se no processo de democratização. O Cardeal Philippe Ouédraogo, Arcebispo de Ouagadougou, foi nomeado em Março de 2015 presidente da Comissão da Reconciliação Nacional e das Reformas. Aquando do golpe de Estado de 16 de Setembro, o cardeal envolve-se directamente na resolução da crise, juntamente Sementes de Esperança | Setembro 2017


Burkina Faso As vocações religiosas são numerosas e a Igreja está em crescimento.

Cerca de 80% da população vive da agricultura

com os presidentes do Senegal e do Benin, e envia 500 observadores para as eleições do fim de Novembro.

seminários, entre os quais o de Koubri, o mais antigo da África Ocidental, formam os futuros padres diocesanos.

A Igreja Católica do Burkina Faso, dignificada pela segunda vez com um cardinalato, na pessoa do Arcebispo de Ouagadougou, conta actualmente com quase 4 milhões de católicos. É constituída por treze dioceses que, juntamente com as duas do Níger, formam uma única conferência episcopal. A “Família de Deus” no Burkina Faso, como é anunciado no seu site, é uma Igreja em crescimento e dá testemunho de um impressionante dinamismo evangelizador. Algumas paróquias contam com várias centenas de baptismos de adultos por ano. São numerosas as vocações sacerdotais e religiosas – o Instituto Família das Irmãs da Anunciação de BoboDioulasso (Institut Famille des soeurs de l’Annonciation) acolheu, em Setembro de 2016, quinze novas consagradas. Três

Prosseguindo a tradição dos missionários, as paróquias são centros de desenvolvimento e, simultaneamente, de evangelização. Elas promovem e dinamizam inúmeras iniciativas nas aldeias e bairros. Dá-se uma atenção especial à formação a todos os níveis.

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O Burkina Faso: um modelo de tolerância religiosa A chegada a Burkina Faso de religiões não autóctones data do séc. XVI, com os comerciantes muçulmanos – pouco antes da chegada dos primeiros missionários católicos, seguidos dos protestantes. O Islamismo cresceu sobretudo depois da independência e representa actualmente cerca de 60% da população, segundo um recenseamento de 2006 muito discutido, contra 20% de 7


Burkina Faso As paróquias são lugares de vida essenciais nas aldeias.

católicos, 4% de protestantes, e 16% de religiões é uma realidade bem enraiseguidores das religiões tradicionais. zada no país, que vai desde a partilha das ondas de rádio, aos movimentos A República do Alto Volta, actual- estudantis ou às múltiplas iniciativas mente Burkina Faso, foi desde sempre de desenvolvimento. As autoridades considerada um modelo de tolerância muçulmanas e cristãs congratulam-se religiosa e de convivência activa entre com esta realidade. os crentes das diversas religiões, sobretudo entre muçulmanos e cristãos (ver Durante décadas, parecia que o crescaixa 25). Pode dizer-se que no Burkina cimento do Islamismo burquinês não Faso as comunidades das diferentes reli- teria nenhuma consequência neste bom giões não vivem lado a lado, elas vivem entendimento. Mas, desde há alguns juntas. São numerosas as famílias que anos, esta realidade parece estar comtêm membros das duas religiões, e ter prometida, e o Burkina Faso poderia um filho padre pode até ser um motivo seguir o caminho de outros países onde de alegria para um muçulmano, como o bom entendimento entre as diferenrecentemente aconteceu a El Hadj tes religiões desapareceu assim que os Laalewaya Boukary Ouédraogo, cujo muçulmanos passaram a constituir a filho, Prosper, foi ordenado sacerdote maioria – o que se verifica neste momenem Ouahigouya. Para além das instân- to no país, mesmo se os observadores cias de diálogo, nacionais ou locais, e a hesitam em classificar como Islamismo presença regular de representantes de a religião sincretista de muitos burquioutras confissões por ocasião das fes- neses dos meios rurais, que combina a tas religiosas, o convívio quotidiano das adesão teórica ao Islamismo associada 8

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Burkina Faso O diálogo inter-religioso está ameaçado pelo Islamismo.

a práticas animistas. As causas e os sintomas das dificuldades do diálogo inter-religioso, neste momento enfraquecido, são numerosos. Para alguns muçulmanos, a sua sub-representação na vida política e na administração é causa de frustração (o país não teve um único presidente muçulmano desde a sua independência). Eles põem em causa o acordo tácito segundo o qual o comércio e os negócios pertenceriam aos Muçulmanos e a política aos Cristãos. Para outros, o dinheiro proveniente da Península Arábica favorece o crescimento de grupos radicais de inspiração salafista e wahabita que contestam o modelo burquinês, sobretudo entre a juventude dos meios urbanos. Para outros, ainda, a chegada de missionários protestantes fundamentalistas que recusam qualquer diálogo com os muçulmanos nas cidades conduz a esta crispação. Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

A Igreja na defesa das mulheres vítimas de casamentos forçados.

O Splendid Hotel de Ouagadougou De qualquer modo, o Islamismo, tema ignorado por uns, tabu da vida política e social para outros, fez a sua entrada de forma impetuosa: ensino em árabe, véu integral, multiplicação das mesquitas wahabitas, etc. Estas dificuldades constituíram o pano de fundo do drama de 16 de Janeiro de 2016, quando um grupo islâmico atacou o Splendid Hotel Ouagadougou, matando 29 pessoas entre os quais 14 estrangeiros. À mesma hora, houve um ataque no norte do país onde um casal de médicos australianos, ao serviço das populações rurais há mais de 40 anos, foi raptado em Baraboulé, perto da fronteira do Mali e do Níger (foram libertados duas semanas mais tarde por AQMI (Al-Qaïda au Maghreb islamique - Al Qaeda no Magrebe Islâmico) 9


Burkina Faso após uma forte mobilização da população local a seu favor). Os objectivos dos jihadistas são claramente três: perturbar o país, fragilizar o seu papel crucial na luta antiterrorista do Mali, do Níger, da Mauritânia, do Chade e da Líbia (operação Barkhane) e provocar a saída dos cooperadores e investidores estrangeiros. Os responsáveis religiosos condenaram unanimemente este atentado mortífero. A federação das associações islâmicas do Burkina Faso e a Conferência Episcopal Católica expressaram-se em termos semelhantes, no sentido de recusarem a instrumentalização da religião e apelarem à oração. Mas todos colocam a mesma questão: este atentado vai relançar o diálogo ou vai acelerar a radicalização? Registaram-se agressões verbais contra muçulmanos, o que levou o Governo a apelar à população para não confundir homens de barba com islâmicos, e a inquietação cresce nos meios não muçulmanos. O massacre de 12 soldados burquineses por um grupo jihadista no norte do país, no dia 16 de Dezembro do ano passado, reacendeu estes receios.

Oração Para que Muçulmanos e Cristãos continuem a viver em clima de convivência pacífica, respeito e harmonia no Burkina Faso, nós Te pedimos Senhor!

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Um modelo de conivência: a União Fraternal dos Crentes A União Fraternal dos Crentes foi fundada em 1969, aquando da fome no Sahel, pelo Pe. Lucien Bidaud com o apoio do Imã de Dori. Ela permitiu aos Muçulmanos e aos Cristãos da região, com a ajuda de jovens voluntários europeus, combater este flagelo e promover projectos microeconómicos e educativos. Ela prossegue a sua missão e o Abade Arcadius Sawadogo, numa tese defendida na Universidade Gregoriana de Roma, em Junho de 2016, apresentou-a como modelo a seguir no diálogo de vida entre Cristãos e Muçulmanos.

A Igreja contra os casamentos forçados O Burkina Faso tem uma das taxas mais elevadas de casamentos forçados. A lei estabelece os 18 anos como idade legal para casar, mas mais de metade das mulheres casa-se antes dos 17 anos. Para o Mons. Kontiebo, Bispo de Tenkodogo, esta é “uma das pragas mais graves que afligem a população da minha diocese.” O lito (casamento forçado) difunde-se: para evitar pagar o dote, os pais dão a sua filha a um parente da família da mulher do seu filho. A Igreja Católica luta contra esta escravatura e protege aquelas que fogem devido aos maus tratos. Sementes de Esperança | Setembro 2017


Meditação Oração

CONSAGRAÇÃO DA FUNDAÇÃO AIS A NOSSA SENHORA DE FÁTIMA

Santa Maria, Mãe de Deus, olhai os vossos filhos que suplicantes se voltam para Vós. Vós que sempre dissestes “SIM” a Deus, sois bendita entre todas as mulheres. Modelai o nosso coração à semelhança do vosso na alegria do vosso Espírito. A Vós, Mãe das Dores e Virgem Imaculada, consagramos a nossa vida e toda a Obra que nos foi dado realizar em serviço da Igreja perseguida e ameaçada. Protegei-nos como a todos os que nos são caros. Protegei todos aqueles que por Deus nos foram confiados. Concedei-nos a vossa Fé, a vossa Esperança, a vossa Caridade. Tomai-nos à vossa guarda como uma mãe e ficai sempre connosco. Pe. Werenfried van Straaten, fundador da Fundação AIS

No dia 14 de Setembro de 1967, há já 50 anos, o nosso fundador consagrou a nossa Obra a Nossa Senhora de Fátima. Para assinalar o nosso aniversário e a consagração, haverá uma peregrinação internacional da Fundação AIS a Fátima neste mês de Setembro, na qual participarão cerca de 1.000 benfeitores dos 23 secretariados da Fundação ACN (AIS Internacional). Se não puder estar presente, una-se a nós nesta corrente de oração em acção de graças e para que Deus continua a abençoar esta Sua Obra. Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

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Meditação

O NASCIMENTO DA VIRGEM MARIA 8 DE SETEMBRO

“A presente festa forma um elo entre o Novo e o Antigo Testamento. Isso revela que a Verdade sucede aos símbolos e figuras, e que a Nova Aliança substitui a Antiga Aliança. Por isso, toda a criação canta com alegria, exulta e participa na alegria deste dia... Este é, de facto, o dia em que o Criador do mundo construiu o Seu templo; Hoje é o dia em que, por um projecto admirável, uma criatura se torna a habitação preferida do Criador” (Santo André de Creta). “Celebremos com alegria o nascimento da Virgem Maria, da qual nasceu o Sol da Justiça… O seu nascimento constitui a esperança e a luz da salvação para o mundo inteiro… a Sua imagem é luz para todo o Povo cristão” (da Liturgia). Estes textos indicam claramente uma atmosfera de alegria e luz que permeia o nascimento da Virgem Maria. A Igreja celebra o nascimento de Maria desde o séc. VI. O seu nascimento foi escolhido em Setembro porque a Igreja Oriental começa o seu ano litúrgico nesse mês. A data de 8 de Setembro ajudou a determinar a data da festa da Imaculada Conceição a 8 de Dezembro. A Sagrada Escritura não relata o nascimento de Maria. No entanto, o Proto-Evangelho apócrifo de Tiago preenche a lacuna. Este trabalho não tem valor histórico, mas reflecte o desenvolvimento da piedade cristã. Segundo a tradição, Ana e Joaquim são inférteis, mas rezam por um filho. Eles recebem a promessa de uma criança que fará avançar o plano de salvação de Deus para o mundo. Tal história, como muitos homólogos bíblicos, enfatiza a presença especial de Deus na vida de Maria desde o início. Santo Agostinho relaciona o nascimento de Maria com o trabalho salvífico de Jesus. Ele convida a terra inteira a alegrar-se e a resplendecer à luz do seu nascimento. “Ela é a flor do campo de quem floresceu o precioso lírio do vale. Por meio do seu nascimento, a natureza herdada dos nossos primeiros pais transformou-se.” A oração de abertura na Missa fala do nascimento do Filho de Maria como a aurora da nossa salvação e pede um aumento da paz. Podemos ver cada nascimento humano como um apelo a uma nova esperança no mundo. O amor de dois seres humanos uniu-se a Deus no Seu trabalho criador. Os pais amorosos revelaram esperança num mundo cheio de sofrimento. O novo filho tem o potencial de ser um canal do amor e da paz de Deus para o mundo. Em Maria tudo isso se incarna de uma maneira magnífica. Se Jesus é a expressão perfeita do amor de Deus, Maria é a prefiguração desse amor. Se Jesus trouxe a plenitude da salvação, Maria é a sua aurora. A comemoração do aniversário traz alegria ao celebrante, bem como aos familiares e amigos. Ao lado do nascimento de Jesus, o nascimento de Maria oferece a maior felicidade possível ao mundo. Cada vez que celebramos o seu nascimento, podemos esperar com confiança num aumento de paz nos nossos corações e no mundo inteiro. In Franciscan media and EWTN

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Actualidade

FÁTIMA, SINAL DE ESPERANÇA PARA O NOSSO TEMPO Carta Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa no Centenário das Aparições de Nossa Senhora em Fátima (Continuação) Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

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Actualidade

Sacrifício e reparação: a identificação com Cristo O acontecimento de Fátima é um convite a colaborarmos com os desígnios de misericórdia, segundo o exemplo dos três pastorinhos. A pergunta que lhes foi dirigida em 13 de maio de 1917 é-nos dirigida também a nós: «Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?». Os pastorinhos foram respondendo desde logo com a oração, pois no seu ato de adoração a Deus estão presentes os outros: «Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para os que não creem, não adoram, não esperam e não Vos amam». A partir das primeiras palavras do Anjo, foram descobrindo que a sua vocação era uma missão e que o dom recebido levava consigo a entrega da própria vida em favor dos outros. A urgência das necessidades dos outros reclamava a penitência, o sacrifício e a reparação. O sacrifício do cristão só pode ser vivido a partir da oração e como oração. Partindo da sua profunda união com Deus, os pastorinhos tomaram consciência de que os outros são tão importantes que se sacrificaram por eles. Foi assim despertando a sua responsabilidade: não podiam abandonar o pecador na sua culpa ou o que sofre no seu sofrimento. Como dirá mais tarde Lúcia, não podiam ir felizes para o céu sozinhos, não poderiam ser felizes sem os outros. O convite à conversão e à reparação desafia-nos a não nos resignarmos diante da banalização do mal, a vencermos a ditadura da indiferença face ao sofrimento que nos cerca. Neste caminho de purificação pessoal para a solidariedade está presente uma espiritualidade que aprofunda as suas raízes no núcleo do mistério cristão. Esta espiritualidade educa-se e concretiza-se em práticas que alimentam a atitude teologal e a identificação com Cristo: na Eucaristia, em que Cristo se faz sacramentalmente presente, e na oração do Rosário, em que Ele se faz narrativamente presente na meditação dos seus mistérios. 14

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Actualidade A partir da experiência tão íntima com Deus e da confiança que a Senhora lhes comunica, os pastorinhos dão testemunho do triunfo do Amor que abraça a criação inteira e que transparece no Coração Imaculado de Maria. Precisamente sob o pano de fundo da visão do inferno, as palavras da Senhora ganham relevo: «Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará», em última análise, o triunfo do amor de Deus que se revelou à humanidade. Deste modo, a mensagem de Fátima converte-se num hino de esperança. Como disse o Cardeal Ratzinger, a Virgem Maria não provoca medo nem faz previsões apocalíticas, mas conduz ao Filho, ao essencial da revelação cristã. Repetiu-o como Papa: a mensagem de Fátima, condensada na promessa da Senhora, é «como uma janela de esperança que Deus abre quando o homem lhe fecha a porta».

In http://www.conferenciaepiscopal.pt/v1/fatima-sinal-de-esperanca-para-o-nosso-tempo/ (Ao longo de 2017, ano em que se celebra o 100º Aniversário das Aparições de Nossa Senhora em Fátima, apresentaremos em cada número das Sementes de Esperança um excerto da Carta Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa no Centenário das Aparições de Nossa Senhora em Fátima.) Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

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Destaque

BLOCO DE NOTAS FÁTIMA Bloco de notas comemorativo do Centenário das Aparições em Fátima, com a imagem de Nossa Senhora e os Pastorinhos.

Formato: 10 cm x 10 cm x 5,5 cm

OFERTA

Caneta com ponta de borracha para utilizar também em telemóvel, iPad ou tablet.

Cód. DI098

€ 6,50 SEMENTES DE ESPERANÇA - Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre PROPRIEDADE Fundação AIS DIRECTORA Catarina Martins de Bettencourt REDACÇÃO E EDIÇÃO Pe. José Jacinto Ferreira de Farias, scj, Maria de Fátima Silva, Alexandra Ferreira FONTE L’Église dans le monde – AIS França FOTOS © AIS

CAPA PERIODICIDADE IMPRESSÃO PAGINAÇÃO DEPÓSITO LEGAL ISSN

O Santíssimo Nome de Maria 11 edições anuais Gráfica Artipol JSDesign Isento de registo na ERC ao 352561/12 abrigo do Dec. Reg. 8/99 2182-3928 de 9/6 art.º 12 n.º 1 A

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