Sementes de Esperança » Janeiro de 2016

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S E M E N T E S DE ESPERANÇA JANEIRO 2016

| Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

© Bradi Barth


Intenções de Oração do Santo Padre Intenção Geral Diálogo inter-religioso Para que o diálogo sincero entre homens e mulheres de diferentes religiões produza frutos de paz e de justiça. Intenção Missionária Unidade dos Cristãos Para que, através do diálogo e da caridade fraterna, com a graça do Espírito Santo, sejam superadas as divisões entre os Cristãos. DIÁLOGO, PAZ E JUSTIÇA Senhor Jesus, que nos queres unidos, como Tu e o Pai, dá-nos a graça, de rezarmos com o Papa Francisco, para que através do diálogo, os diferentes crentes, unidos num ideal profundamente humano, consigamos paz e justiça, unidade e concórdia. Que o teu Espírito que age na Igreja e nos baptizados, mas que sopra no coração de todos e quer a unidade, nos ajude a construir um mundo mais fraterno, mais justo, mais pacífico, mais unido, mais em comunhão de amor. Não deixes que o ódio, a discórdia, a falta de diálogo gerem dissensões e contendas, fomentem divisões e violências. Que os cristãos, unidos em Ti, possam ser testemunho para todos, para que o mundo acredite no amor do Pai e no seu Enviado. Que nada nos separe e nos dificulte o trabalho pela unidade, pela paz, pelo amor mútuo, pelo respeito de cada um. Faz-nos ter um diálogo que nos comprometa a viver o amor. Dário Pedroso, s.j

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Reflectir INTENÇÃO NACIONAL Rezemos para que os Cristãos e todos os homens de boa vontade estejam atentos, estejam despertos perante as ameaças subtis que põem em causa a dignidade do homem.

Bataclan Vários acontecimentos têm abalado a

típica destas bandas, os espectadores não

nossa consciência a nível global: o 11 de

se davam conta de estarem a ser convi-

Setembro de 2001, em Nova Iorque; o

dados a adorar Satanás. E, assim, aquelas

desastre do avião da Germanwings, a 24

pessoas foram as vítimas de Satanás, que

de Março de 2015; os atentados de 13

exige as suas oblações, as vítimas huma-

de Novembro de 2015, em Paris. Estes

nas dos seus sacrifícios.

acontecimentos mostram o clima moral e espiritual no qual a humanidade se encon-

Num programa televisivo sobre as posses-

tra hoje: em Setembro e em Novembro,

sões satânicas, há alguns anos, transmiti-

os protagonistas do terrorismo pertenciam

do por um canal televisivo em Itália, ouvi

aos radicais islâmicos; no caso do avião

o testemunho de uma antiga possessa que

da Germanwings, o piloto era alemão, o

dizia ser movida por um medonho ódio a

qual, segundo foi dito, se precipitou a si e

Deus, à Igreja, aos Padres, ao homem em

a todos os passageiros movido pelo dra-

geral e a cada pessoa em particular.

ma emocional provocado por amores não correspondidos.

Vivemos imersos numa violência satânica contra Deus e contra o homem. Mas o

Em Paris na sala de espectáculos Bataclan

terrorismo não se limita a isto. Há outras

um grupo interpretava uma canção satâni-

formas subtis, uma espécie de satanismo

ca. Talvez sem saber, ou porque não sabiam

anónimo, mas não menos violento. Refiro-

inglês ou por causa do ruído da execução

me à ideologia do género, que hoje se

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Médio Oriente espalha e se impõe, por todos os meios

Compete a cada um de nós decidir de

possíveis, nos jardins da infância e nas

que lado quer estar: de Deus ou do Diabo,

escolas. É tudo tão simples: a identida-

pois não se pode servir a dois senhores

de de homem ou de mulher pode ser

(Mt 6,24). Mas sabemos que decidir-se

assumida ou não. Já não se fala de sexo,

por servir o Senhor vai desencadear as

biologicamente discriminatório, mas sim

forças satânicas daqueles que o adoram.

de género. Alguém que é sexualmente

Não devemos, todavia, ter medo, pois

homem, pois tem todas as características

foi Ele mesmo que o disse: nesse dia da

masculinas, pode querer ser mulher não

provação não tenhais medo, pois será o

tendo as características femininas. É uma

Espírito Santo que colocará nas vossas

questão de opção, que cada qual poderá

bocas as palavras que haveis de dizer

tomar, se quer ser homem ou mulher ou

(Lc 12,12). E em Fátima Nossa Senhora

outra coisa qualquer.

prometeu aos Pastorinhos: não tenhais medo. O meu Coração Imaculado será

Esta ideologia do género representa a

o vosso conforto e o caminho que vos

rejeição formal da natureza humana e

há-de conduzir até Deus.

do plano de Deus a respeito do homem, criado à imagem e semelhança de Deus,

P. José Jacinto Ferreira de Farias, scj

que o criou homem e mulher (Gn 1,26). A ideologia do género representa uma versão moderna da tentação satânica no início da humanidade – sereis como Deus (Gn 3,5) – e no início da vida pública de Jesus depois do baptismo no deserto: se és o filho de Deus… tudo isto te darei, se me adorares (Mt 4,9).

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Indonésia Superfície 1.904.570 Km2 População 250 milhões Religiões Muçulmanos: 87,2 % Protestantes: 6,9 % Católicos: 2,9 % Hindus: 1,8 % Outros: 1,2 % Língua Oficial Indonésio

INDONÉSIA

UM PAÍS MUÇULMANO? A revogação da menção da religião no bilhete de identidade poderia contribuir para mudar a percepção deste país com o maior número de muçulmanos do mundo. No passado mês de Maio, a Indonésia suprimiu a obrigação de declarar a filiação religiosa, no bilhete de identidade nacional. Continua a existir uma opção “religião”, mas compete a cada cidadão deixá-la em branco ou inserir a religião da sua escolha, mesmo que não faça parte das seis religiões oficialmente reconhecidas: Islão, Protestantismo, Catolicismo, Hinduísmo, Budismo e Confucionismo – embora não sendo uma religião, esta filosofia é oficialmente reconhecida como tal pelo estado indonésio.

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UM ARQUIPÉLAGO QUE NÃO É LAICO NEM FUNDADO SOBRE A RELIGIÃO Esta medida é fortemente contestada neste país onde existe o maior número de muçulmanos do mundo: são mais de 206 milhões. O ministro do interior, Tjahjo Kumolo, apresentou-a como sendo puramente “administrativa” acrescentando que tinha sido aprovada pelo MUI , o Conselho dos Ulemas da Indonésia. De acordo com uma regra deste ministro “a Indonésia protege as religiões para o bem do povo, mas não é nem um país laico nem fundado sobre a religião”.

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Indonésia O número

No

oficial de

arquipélago,

católicos

há seis

poderia

religiões

ser revisto

reconhecidas

em alta.

oficialmente, entre as quais o Catolicismo.

A menção da religião, no bilhete de identidade nacional indonésio foi instaurada pelo regime da Ordem Nova do presidente Suharto (1967-1998). O objectivo era lutar contra os comunistas. Ao declarar a sua religião, o cidadão afirmava ao mesmo tempo que não era ateu e, portanto, insuspeito de simpatizar com o comunismo. Mas desde o fim do regime de Suharto que as críticas se multiplicavam contra a obrigação desta menção, nomeadamente porque os adeptos dos numerosos cultos não reconhecidos oficialmente tinham de se declarar muçulmanos, para ter acesso a empregos na função pública ou simplesmente para escapar às perseguições. Estas incidiam também sobre os Cristãos ou as minorias com origem no Islão mas consideradas heréticas. No entanto, os partidários da menção da religião argumentam que esta seria um factor de abertura à tolerância religiosa, ou ainda que permitiria lutar contra as práticas ilegais, nomeadamente, casamentos inter-religiosos. O ministro do Interior respondeu-lhes indirectamente refugiando-se, prudentemente, em terreno técnico: os

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indonésios que queiram mencionar a sua religião dão informações úteis sobretudo para os ritos fúnebres a praticar após o seu falecimento, mas, pelo sim pelo não, acrescentou que “não se pode forçar ninguém a escolher, por exemplo, o Islão, caso a sua crença se assemelhe aos ensinamentos islâmicos mas não corresponda exactamente ao Islão. O mesmo se aplica àquele que acredita em qualquer coisa que esteja próxima dos ensinamentos do Catolicismo mas não seja exactamente a religião católica”.

UM IMPACTO SOBRE AS ESTATÍSTICAS RELIGIOSAS É ainda muito cedo para avaliar as consequências desta nova liberdade dada aos Indonésios, de já não declarar a sua religião. Os que conhecem bem o país calculam que haverá, sem dúvida, um impacto. Em 250 milhões de indonésios, haverá ainda 87% de muçulmanos (face a 6% de protestantes, 3% de católicos, 2% de hindus)? Havendo muitos que se declararam muçulmanos, com medo de ser alvo de violência ou de discriminação, com a supressão da indicação da religião no

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Indonésia Os seminaristas (imagem da ilha das Flores) são livres de declarar ou não a sua fé católica ao Estado.

bilhete de identidade a paisagem religiosa da Indonésia poderá ser reformulada. No passado dia 21 de Maio, Said Aqil Siradj, o presidente da Nahdlatul Ulama (NU), o movimento tradicional sunita, declarou que a Indonésia tinha sido fundada sobre os valores da paz e da tolerância e não sobre os ensinamentos do Islão. “Desde antes da independência que os membros da NU afirmavam que estavam a fundar um darussalam (um país pacífico) e não um darul islam (cidade do Islão)” afirmou, acrescentando que estes princípios continuavam actuais. É um facto que, após a Segunda Guerra Mundial, os pais fundadores da Indonésia independente tiveram o cuidado de integrar as minorias religiosas, a cristã entre outras, na nação libertada do jugo japonês e do colonialismo holandês.

UM ESTADO FUNDADO SOBRE A NAÇÃO E NÃO SOBRE A RELIGIÃO Num artigo de 5 de Junho de 2015, no site Asialyst, o investigador Anda Djoehana Wiradikarta salienta que Sukarno – que foi

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o primeiro presidente da Indonésia independente (de 1945 a 1967), logo avisou logo que “o primeiro fundamento para a Indonésia é a nação” e não a religião muçulmana. Depois dele, várias personalidades indonésias relembraram constantemente que “a Indonésia não é um país muçulmano”… apesar de ser o país do mundo em que há mais muçulmanos. De facto, não há nenhuma referência ao Islão na Constituição indonésia, contrariamente à da vizinha Malásia cujo artigo 3 estipula que “o Islão é a religião da Federação”.

MOBILIZAÇÃO CONTRA O ESTADO ISLÂMICO A questão do fundamento do Estado indonésio reveste-se de uma actualidade escaldante na guerra mundial que procura provocar o pretenso Estado islâmico (EI). As células de recrutamento de jihadistas estão muito activas na Indonésia, bem como na Malásia e Filipinas. Em Julho de 2014, o “Califado” ou “Estado” Islâmico publicitava um vídeo no qual um indonésio apelava aos compatriotas a apoiar a

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Indonésia As Irmãs do

Escola

Santo Rosário,

corânica

em Larantuka,

no país

ajudam as

com mais

crianças

muçulmanos

da rua

do mundo.

causa do EI contra os “infiéis”. O general Agus Surya Bhakti, encarregado da “desradicalização” na agência nacional de luta contra o terrorismo (BNPT), na Indonésia, explicava então que o “Estado” Islâmico tinha penetrado na Indonésia, essencialmente via redes on-line.

Estados-membros da ASEAN (Camboja, Laos, Bornéu, Malásia, Singapura, Filipinas, Tailândia, Birmânia e Vietname) com o intuito de reforçar a sua cooperação contra o terrorismo islâmico.

liado contra o vídeo islamita anunciando que todo o cidadão que se juntasse aos combatentes islamitas seria destituído da sua nacionalidade: “O Governo rejeita e proíbe a propagação dos ensinamentos do Estado islâmico na Indonésia que não correspondam à ideologia do Estado (Pancasila) ou à filosofia da diversidade (kebhinekaan), no seio do Estado unitário da República da Indonésia.” (quadro 1)

Eleito a 9 de Julho de 2014, o presidente Joko Widodo, um muçulmano de 53 anos, recebeu declaradamente o apoio dos católicos indonésios. Entre outras coisas, agrada-lhes que “Jokowi”, como lhe chamam, se tenha comprometido, solenemente, a seguir a Pancasila.

UM NOVO PRESIDENTE QUE SURPREENDE OS SEUS APOIANTES As autoridades indonésias tinham reta-

A Agência Nacional Antiterrorista Indonésia trabalha para detectar os jihadistas quer se trate de muçulmanos que se radicalizam ou que viajaram para zonas de conflito no Médio Oriente. Em Março último, a Indonésia participou activamente na reunião dos ministros da Defesa dos 8

Logo após a eleição presidencial, D. Johannes Pujasumarta, Arcebispo de Semarang e secretário da Conferência Episcopal da Indonésia declarava à Agência Fides: “Joko Widodo é um presidente animado por um espírito construtivo e sinceramente comprometido com o bem comum. Pode ser um presidente que aplica princípios que pertencem também à doutrina social da Igreja como a atenção dada

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Indonésia Imagens

Mesquita

dos antigos

de Sumba

presidentes: Suharto e Sukarno, fortes símbolos políticos face à escalada jihadista.

aos pobres, a transparência, a harmonia inter-religiosa, a protecção das minorias, o respeito pelos direitos fundamentais e a justiça social.”

- A crença num Deus único.

Após a sua vitória contra Prabowo Subianto, um ex-oficial das forças especiais do exército, “Jokowi” simboliza a consolidação do processo democrático. Mas a intensificação das execuções capitais de pessoas condenadas por tráfico de droga, entre os quais uma dúzia de estrangeiros, arrefeceu o entusiasmo dos que viam nele um democrata progressista. Entre os condenados por tráfico de droga que estão hoje no corredor da morte está um francês, Serge Areski Atlaoui.

- Uma democracia guiada pela sabedoria através do debate e da representação.

PANCASILA: OS CINCO PRINCÍPIOS DA INDONÉSIA A Pancasila é a base filosófica do Estado indonésio. Com este nome formado a partir das palavras sânscritas panca, “cinco”, e sila “princípio” ou “preceito”, foram estabelecidos cinco princípios:

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- Uma humanidade justa e civilizada. - A unidade da Indonésia.

- A justiça social para todo o povo Indonésio. A Pancasila foi proclamada a filosofia do Estado, em 1945, pelo presidente Sukarno e foi integrada na Constituição. Relativamente aos Muçulmanos, Sukarno declarou: “Eu também sou muçulmano. Mas peço-vos, Senhores, que não me interpretem mal quando digo que o primeiro fundamento da Indonésia é a nação.” No dia 1 de Junho de 2015, a Indonésia celebrou o “Dia da Pancasila”.

Oração Para que na nação indonésia as diversas religiões convivam sempre em respeito e harmonia, e prevaleça o espírito da sua fundação e Constituição, nós Te pedimos Senhor!

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Oração ORAÇÃO DO PAPA PIO XII Senhor Jesus, Rei dos mártires, conforto dos aflitos, protecção e amparo de quantos sofrem por Teu amor e por fidelidade à Tua Esposa, a Santa Mãe Igreja, escuta com bondade as nossas orações ardentes pelos nossos irmãos da «Igreja do silêncio», para que nunca cedam na luta nem vacilem na fé, mas antes experimentem a doçura das Tuas consolações reservadas às almas que Te dignas chamar a ser Tuas companheiras no alto da Cruz. Para aqueles a quem não é possível professar abertamente a sua fé, praticar regularmente a vida cristã, receber frequentemente os Santos Sacramentos, acompanhar filialmente os seus guias espirituais, sê Tu mesmo altar oculto, templo invisível, graça superabundante e voz paterna, que as ajuda, as anima, que cura as almas sofredoras e lhes concede alegria e paz. Possa a nossa oração fervorosa ser o seu socorro; que a nossa fraterna solidariedade os faça sentir que não estão sós; seja o seu exemplo edificação para toda a Igreja e em especial para nós que com tanta estima os recordamos. Concede Senhor, que sejam abreviados os dias de provação e que em breve todos juntos - também com os seus opressores convertidos possam livremente servir-Te e adorar-Te, Tu que com o Pai e com o Espírito Santo vives e reinas pelos séculos dos séculos. Assim seja!

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2015 - Ano da Vida Consagrada

O MOVIMENTO DE COMUNHÃO E LIBERTAÇÃO HISTÓRIA

Nasceu em Itália, em 1954, quando Dom Luigi Giussani (1922-2005) depois de ter começado a dar aulas num liceu da cidade de Milão, começou uma iniciativa de presença cristã que dava pelo nome de «Juventude Estudantil» (Gioventù Studentesca – GS), por se ter comovido, numa conversa com os jovens que viajavam de comboio com ele, com a sua ignorância e a sua falta de convivência com a experiência cristã que já descartavam sem sequer a conhecer, que em contrapartida, a ele lhe tinha sido comunicada de uma forma tão persuasiva e incisiva na vida.

CARISMA

O nome actual, Comunhão e Libertação (CL), apareceu pela primeira vez em 1969. Sintetiza a convicção de que o acontecimento cristão, vivido na comunhão, é a base da verdadeira libertação do homem. O Padre Giussani

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sintetizou com estas palavras o conteúdo e o objetivo da sua orientação: “Desde a minha primeira aula na escola, disse sempre: ‘Não estou aqui para que vocês considerem como vossas as ideias que vos transmitirei, mas para vos ensinar um método verdadeiro para julgar as coisas que vos direi. E as coisas que vos direi são uma experiência que é o resultado de um longo passado: dois mil anos’. O respeito por este método caracterizou, desde o início, o nosso empenho educativo, indicando com clareza o seu objetivo: mostrar a pertinência da fé às exigências da vida. Pela minha formação na família e no seminário, primeiro; posteriormente, pela minha meditação, estava profundamente convencido de que uma fé que não pudesse ser descoberta e encontrada na experiência presente, confirmada por esta, útil para responder às suas exigências, não seria uma fé em condições de resistir num mundo onde tudo, tudo, dizia e diz o contrário; tanto

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2015 - Ano da Vida Consagrada era importante para o Padre Giussani: encontro não com uma ideia, mas com uma Pessoa, com Jesus Cristo. Foi assim que ele educou para a liberdade, guiando ao encontro com Cristo, porque é Cristo quem nos confere a liberdade autêntica.”

é verdade que até a Teologia, durante algum tempo, foi vítima desse desmoronamento. Mostrar a pertinência da fé às exigências da vida e, portanto – este ‘portanto’ é importante para mim – demonstrar a racionalidade da fé, implica um conceito preciso de racionalidade. Dizer que a fé exalta a racionalidade quer dizer que a fé corresponde às exigências fundamentais do coração de todo o homem.” Pode sintetizar-se a essência do carisma de CL em três factores: (i) o fascínio, a razoabilidade e o entusiasmo do anúncio de que Deus Se tornou homem “O Verbo fez-se carne e habita entre nós”, (ii) a afirmação de que este homem – Jesus de Nazaré, morto e ressuscitado – é um acontecimento presente num sinal de comunhão, de unidade de povo, guiado por uma pessoa viva, em última instância pelo Papa; (iii) e que só dentro da vida da Igreja (que é a presença de Cristo no mundo), o homem pode ser verdadeiramente homem. É portanto da Sua presença que brotam com segurança a moralidade e a paixão pela salvação do homem (missão).

Um carisma – explicou o Padre Giussani – “gera um acontecimento social não como projecto, mas como movimento de pessoas mudadas por um encontro, que, como tentativa, tornam mais humanos o mundo, o ambiente e as circunstâncias que encontram. A memória de Cristo vivida tende, inevitavelmente, a gerar uma presença na sociedade, que prescinde de qualquer resultado programado.” CL surgiu e cresceu sem nenhum projecto ou programação, como confirmou o fundador na carta ao Papa João Paulo II por ocasião dos cinquenta anos de CL: “Não só nunca tive a intenção de ‘fundar’ nada, mas julgo que a genialidade do Movimento que vi nascer seja a de ter sentido a urgência de proclamar a necessidade de se voltar aos aspectos elementares do Cristianismo, ou seja, a paixão pelo acontecimento cristão como tal nos seus elementos originais, e basta.” O mesmo disse por ocasião dos 20 anos da Fraternidade de CL: “Voltando com a memória à vida e às obras da Fraternidade e do movimento, o primeiro aspecto que chama

O Papa Francisco referiu também, recentemente, o essencial do carisma de CL na Audiência que concedeu ao movimento no dia 7 de Março de 2015: “Sabem como a experiência do encontro

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2015 - Ano da Vida Consagrada

a atenção é o empenho dedicado em escutar as necessidades do homem de hoje. (...) Por conseguinte, o movimento quis e deseja indicar não um caminho, mas o caminho para alcançar a solução deste drama existencial. O caminho, quantas vezes Vossa Reverência o afirmou, é Cristo.” Nos dias de hoje, o Padre Carrón, a quem Giussani confiou a condução do movimento após a sua morte, conduz o movimento atravessando com todos os homens os desafios de situações novas e alterações «epocais» com a gratidão de descobrir que o fundador : “Vivendo intensamente o real no qual estava imerso, antecipou juízos e ofereceu-nos indicações preciosas para enfrentar questões e cenários que, hoje, estão diante dos olhos de todos e que, antes, nem sequer podíamos imaginar.” Do carisma de Don Giussani nasceram também agregações livres de adultos com o objectivo de se ajudarem a viver o Cristianismo na condição vocacional na qual se encontram, como é o caso da Associação Memores Domini, que reúne pessoas de CL que seguem uma vocação de dedicação total a Deus vivendo no mundo. Os factores fundamentais da vida dos Memores Domini são a contemplação, entendida como memória tendencialmente contínua de Cristo, e a missão, isto é, a paixão por levar o anúncio cristão à vida de todos os homens.

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APOSTOLADO

O instrumento fundamental de formação dos membros do Movimento é a catequese semanal denominada “Escola de Comunidade”, sendo também fundamental o gesto da “Caritativa” que consiste numa atenção comovida pelas necessidades dos outros com o desejo de comunicar a abundância que recebemos. A revista oficial do Movimento é a publicação mensal internacional “Tracce” (nos países de língua portuguesa, a publicação oficial online é intitulada “Passos”).

PRESENÇA NO MUNDO

Actualmente, CL está presente em cerca de 90 países, em todos os continentes, e é guiado pelo Padre Julián Carrón, sucessor de Don Giussani, depois da sua morte em 2005. Em Portugal, o movimento está presente sobretudo na Diocese de Lisboa, e com a existência de grupos em Setúbal, Aveiro, Porto, Bragança, Coimbra, Évora e Açores, renuindo cerca de 500 pessoas.

CONTACTOS R. Mouzinho da Silveira, nº 27-7º B 1250-166 - LISBOA Tel.: 213590583 Fax: 213590593 Email: cl@taprobana.pt Site: www.clonline.org

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Actualidade SIGAMOS O CAMINHO DOS MAGOS: MEDITAÇÃO SOBRE O EVANGELHO DA EPIFANIA

Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante dele, adoraram-no. (...) (Do Evangelho da Epifania do Senhor, Mateus 2, 9-11)

Magos, vós sois os santos mais nossos, sempre náufragos no infinito, e todavia não cessais de tentar, de pedir, de fixar os abismos do céu até que ardam os olhos do coração (Turoldo). Mensagens de esperança hoje: há um Deus dos distantes, dos caminhos, dos céus abertos, das dunas infinitas, e todos têm a sua estrada. Há um Deus que te faz respirar, que está numa casa e não no templo, na pequena Belém e não na grande Jerusalém. E os Herodes podem opor-se à verdade, travar a sua difusão, mas nunca detê-la, porque ela, em todo o caso, vencerá. Mesmo que seja frágil como uma criança. Experimentemos percorrer o caminho dos magos como se fosse uma crónica da alma. O PRIMEIRO PASSO está em Isaías: «Levanta a cabeça e vê». Saber sair dos esquemas, saber correr atrás de um sonho, de uma intuição do coração, olhando mais além. 14

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Actualidade O SEGUNDO PASSO: caminhar. Para encontrar o Senhor é preciso viajar, com a inteligência e com o coração. É preciso procurar, de livro em livro, mas sobretudo de pessoa em pessoa. Então estaremos vivos. O TERCEIRO PASSO: procurar juntos. Os magos (não «três», mas «alguns», segundo o Evangelho) são um pequeno grupo que olha na mesma direção, fixam o céu e os olhos das criaturas, atentos às estrelas e atentos uns aos outros. O QUARTO PASSO: não ter medo dos erros. O caminho dos magos está cheio de enganos: chegam à cidade errada; falam da Criança com o homicida das crianças; perdem a estrela, procuram um rei e encontram um bebé, não no trono mas entre os braços da mãe. E no entanto não se rendem aos seus erros, têm a infinita paciência de recomeçar, até que, ao verem a estrela, experimentam uma enorme alegria. Deus seduz sempre porque fala a linguagem da alegria. Entram e vêem o Menino e a sua Mãe... Não só Deus é como nós, não só está connosco, mas é pequeno entre nós. Informai-vos cuidadosamente sobre o Menino e dizei-mo, para que também eu vá adorá-lo. Aquele rei, aquele Herodes, homicida dos sonhos ainda envolto em faixas, está dentro de nós: é o cinismo, o desprezo que destrói os sonhos do coração. Mas quererei eu resgatar as suas palavras e repeti-las ao amigo, ao teólogo, ao poeta, ao cientista, ao trabalhador, a cada um: «Encontrei o Menino»? Procura cuidadosamente nos livros, na arte, na história, no coração das coisas; procura no Evangelho, na estrela e na palavra, procura nas pessoas, procura profundamente na esperança; procura com cuidado, fixando os abismos do céu e do coração, e depois diz-me, para que também eu vá adorá-lo. Ajuda-me a encontrá-lo e eu irei, com os meus humildes presentes e com toda a subtileza do amor, para proteger os meus sonhos de todos os Herodes da história e do coração. Ermes Ronchi, In Qumran2

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Destaque

Oferta de Missas

“A celebração da Santa Missa tem tanto valor como a morte de Jesus na Cruz.” São Tomás de Aquino

Ofereça um presente espiritual a alguém próximo de si! Peça a um sacerdote apoiado pela Fundação AIS a celebração de Santas Missas em acção de graças pelo aniversário, nascimento, baptizado, casamento, por um amigo ou familiar, por motivo de doença ou outra dificuldade… há tantos motivos para celebrar uma Missa! Este pequeno donativo contribui para o sustento de um sacerdote durante vários dias, que por sua vez celebrará as Missas pelas intenções particulares do benfeitor.

Por cada Oferta de Missa receberá gratuitamente esta pagela, com os respectivos campos no interior para personalizar, para oferecer aos seus familiares e amigos.

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€ 10,00

(valor do Estipêndio de Missa)

SEMENTES DE ESPERANÇA - Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre PROPRIEDADE Fundação AIS DIRECTORA Catarina Martins de Bettencourt REDACÇÃO E EDIÇÃO P. José Jacinto Ferreira de Farias, scj, Maria de Fátima Silva, Alexandra Ferreira, Ana Vieira e Félix Lungu FONTE L’Église dans le monde – AIS França FOTOS © AIS; © Margaret Tarrant

CAPA PERIODICIDADE IMPRESSÃO PAGINAÇÃO DEPÓSITO LEGAL ISSN

© Bradi Barth 11 Edições Anuais Gráfica Artipol JSDesign 352561/12 2182-3928

Isento de registo na ERC ao abrigo do Dec. Reg. 8/99 de 9/6 art.º 12 n.º 1 A

Rua Professor Orlando Ribeiro, 5 D, 1600-796 LISBOA T el 21 754 40 00 • Fax 21 754 40 01 • NIF 505 152 304 fundacao-ais@fundacao-ais.pt • www.fundacao-ais.pt


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