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Voluntariado

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Ser voluntário é doar-se para servir

A pandemia acendeu o impulso para a doação de si a serviço do outro: a cultura do voluntariado ganha mais fôlego.

Dedicar atenção, habilidades e horas do próprio tempo para uma causa que atenda o coletivo é um ato de desprendimento e cuidado com o outro ou com algo que impacte um grupo, não apenas um único ser. Este é o propósito do voluntário, uma pessoa direcionada a atender necessidades que não são as dele. Uma pessoa voltada a servir ao próximo. Desde o início da pandemia, o contexto social brasileiro motivou um aumento no contingente de voluntários no Brasil atuando em prol de atender incansavelmente as necessidades mais básicas da população desassistida, como alimentos, refeições e materiais de higiene. Esse movimento, felizmente, vem interrompendo um patamar ruim de engajamento voluntário no país. Dados de pesquisa do IBGE divulgados em junho/2020 revelam que antes da pandemia provocar grandes movimentos de solidariedade, o trabalhado voluntário estava em tendência de baixa, sendo que menos de 7 milhões de brasileiros realizaram algum tipo de trabalho neste sentido em 2019, 300 mil a menos do que em 2018. Mas apesar da queda da quantidade de pessoas, a média de horas dedicadas ao trabalho voluntário cresceu de 6,5 horas para 6,6 horas semanais entre 2018 e 2019, conforme a pesquisa. Outro dado é que dos 6,9 milhões de brasileiros que se voluntariaram em 2019, 90,7% o zeram por meio de empresas, organizações ou instituições; e 79,6% estavam ligados a alguma congregação religiosa, sin-

dicato, condomínio, partido político, escola, hospital ou asilo.

A Cultura do Voluntariado Esses dados o ciais nos fazem re etir sobre um ponto fundamental: como está hoje e como podemos ampliar a Cultura do Voluntariado organizado? Pois sim, trata-se de alimentar o crescimento do desenvolvimento de uma cultura, um conjunto de valores da sociedade que esteja de fato voltado para o comprometimento com a solidariedade voluntária. Conforme a avalição de organizações e consultorias do Terceiro Setor no Brasil, o voluntariado não está relacionado, por exemplo, com a renda de uma pessoa, ou mesmo com a elevação de sua renda e qualidade de vida. A crença mais presente entre as instituições é que o fortalecimento de uma cultura de doação dos próprios recursos envolve outros aspectos do desenvolvimento social como a ampliação da visão de mundo dos indivíduos de uma determinada sociedade, a melhoria na qualidade da sua educação, o acesso à informação e o conhecimento sobre as causas da desigualdade social, que muitas vezes não são tão evidentes para todos. Ou seja, o desenvolvimento de uma atmosfera, de uma cultura para a participação voluntária passa pelo desenvolvimento em si de uma sociedade. O desenvolvimento voluntário

Grandes fomentado res da organização e arregimentação de pessoas para o trabalho voluntário, as empresas, as redes de voluntários e as inúmeras outras instituições do terceiro setor voltadas às causas sociais hoje são as hospedeiras dos indivíduos que atendem ao chamado para o voluntariado. Mas esse é um trabalho que não para, pois como a cultura do voluntariado no Brasil ainda é algo a ser ampliado, estes agentes necessitam estar em constante movimento de engajamento por meio de programas organizacionais de responsabilidade social, campanhas de convocação e chamamentos constantes. Mas em tempos de transformação social, a consciência e o comprometimento individual e cidadão em benefício da coletividade precisarão fazer a diferença. Como diz a fundadora e membro do Conselho de Administração da ONG Parceiros Voluntários, Maria Helena Pereira Johannpeter, quando uma pessoa consegue colocar em prática em sua vida este propósito de doação de si, exerce cidadania. Na Rede de Bancos de Alimentos do RS, no auge e ao longo da pandemia mais de 3 mil pessoas estiveram envolvidas corajosamente dedicando sua determinação em atender quem mais precisa. Diversos grupos de voluntários par ti ci param das ações de entrega de doações, entre eles grupos de Rotary, Lions, Escoteiros, Diaconias, Maçonaria, Polí cia Civil, Brigada Militar, Defesa Civil, Exército, Parceiros Voluntários, MTG, CTGs, motoristas e ajudantes, funcionários de Empresas, músicos, artistas, universitários e estudantes. A atuação voluntária constitui uma das formas de realização de uma cidadania ativa e participativa, materializando a solidariedade. Assim, deve ser sempre estimulada como meio de prestação de auxílio, fortalecimento da integração e dos vínculos, promoção da igualdade e da inclusão, elevação humana e fraternidade universal.

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