Relatório de atividades e gestão - 2021
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RELATÓRIO DE ATIVIDADES E GESTÃO
ANO DE 2021
RELATÓRIO DE ATIVIDADES E GESTÃO Ano 2021 FUNDAÇÃO INSTITUTO ARQUITECTO JOSÉ MARQUES DA SILVA (FIMS) FOTOGRAFIA DA CAPA JOÃO LIMA (CASA-ATELIER)
ÍNDICE
INTRODUÇÃO
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I. CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO DA FUNDAÇÃO MARQUES DA SILVA 1. Os acervos: acolher, tratar e disponibilizar 2. As bibliotecas: muito mais que livros e periódicos 3. Tratamento técnico e gestão de informação em plataformas digitais 4. Apoio a investigadores e a projetos de divulgação 5. Um espaço colaborativo e de formação II. COMUNICAÇÃO 1. Dinamização cultural e artística: estudar, debater e divulgar 1.1. As exposições na Fundação 1.2. Outras iniciativas dentro de portas 1.2.1. Da Fundação 1.2.2. Na Fundação 1.2.3. A partir da Fundação 1.3. A Fundação em rede: colaborações externas 1.3.1. Exposições 1.3.2. Outras iniciativas: lançamentos, prémios, encontros, conferências 1.4. A Fundação enquanto canal de divulgação 2. Atividade editorial 2.1. Projetos desenvolvidos no âmbito da Fundação 2.2. Distribuição comercial e ações promocionais 2.3. Apoios a projetos editoriais externos 3. Gestão de plataformas virtuais de comunicação e divulgação
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III. PATRIMÓNIO EDIFICADO 1. Casas-Sede da Fundação Marques da Silva 2. Outros imóveis: Porto e Barcelos
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IV. CONTAS
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V. PERSPETIVAS FUTURAS E EVENTOS SUBSEQUENTES
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CONCLUSÃO
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Fundação Marques da Silva
INTRODUÇÃO
Recolher, preservar, disponibilizar, estudar e comunicar arquitetura é a estratégia em que a Fundação Marques da Silva tem vindo a apostar desde a sua constituição, em 2009, na esteira de um trabalho pioneiro que o Instituto Arquitecto Marques da Silva fazia já desde os finais da década de 90 do século XX. Subscrevendo uma conceção dinâmica de património, a Fundação assume como sua missão mobilizar o conhecimento do passado para uma melhor compreensão dos espaços em que vivemos e uma construção informada do futuro. Objetivo que persegue articulando três frentes de ação complementares entre si e apenas diferenciadas por razões operacionais: Centro de Documentação, Comunicação e Gestão Patrimonial. A atividade desenvolvida ao longo do ano 2021 cumpriu, no essencial, o programa proposto no respetivo Plano de Atividades, nela integrando também a realização de um conjunto de iniciativas promovidas no quadro da instituição ou em resposta a solicitações externas não previstas mas consideradas pertinentes, isto é, ações justificadas no cumprimento da sua missão e em concordância com as linhas estratégicas que definem a sua prática. Mesmo que 2021 tenha continuado a ser um ano onde se fez sentir o efeito de um contexto pandémico, a aprendizagem adquirida já adquirida em 2020, com formas antecipadamente pensadas de adequação a períodos de confinamento, permitiu que a Fundação Marques da Silva não alterasse, na essência, a sua orientação programática. Num olhar retrospetivo sobre o ano de 2021, destaca-se, aliás, para além do tratamento documental, da implementação de campanhas de higienização e digitalização documental, e do atendimento continuado e ininterrupto a investigadores, a capacidade para manter
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Fundação Marques da Silva
e ampliar de forma significativa a apresentação de exposições e/ou outras iniciativas de carater presencial, a afirmar e consolidar a Fundação Marques da Silva enquanto espaço de encontro, de visita, de debate e de partilha. Um esforço em termos de recursos humanos, financeiros e logístico com o retorno de uma imagem de crescente visibilidade, pautada pela sintonia e adoção de critérios de qualidade científica e de relevância temática. Vertentes que continuaram a promover a investigação e a validar a pertença a uma estimulante rede de parcerias e colaborações, onde se aprofundaram afinidades e se conquistaram novos parceiros, e cujos resultados também se cruzam e complementam na materialização de projetos editoriais, fortemente dinamizados em 2021. A gestão atenta dos vários canais de divulgação, tal como uma gestão exigente e cuidado do património edificado, continuaram a ser igualmente encarados como instrumentos estratégicos para alcançar os objetivos traçados. O trabalho que tem vindo a ser desenvolvido, reflete-se no reconhecimento público e na confiança que a Fundação Marques da Silva continua a inspirar, constatável numa tendência crescente de acolhimento de doações de acervos de arquitetos. Essa ampliação do património documental, para além da responsabilidade que lhe está inerente, implica, por sua vez, que se mantenha viva a vontade de continuar a reunir as condições necessárias construção futura de um novo equipamento, sob projeto de Álvaro Siza, onde se reunirá, não só a documentação que a Fundação tem vindo a reunir, como também o acervo documental do Centro de Documentação em Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto.
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I. O CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO DA FUNDAÇÃO MARQUES DA SILVA
O Centro de Documentação da Fundação Marques da Silva – organismo interdisciplinar e multidisciplinar, já que nele se congregam diferentes ambientes de informação: documentação e pesquisa (arquivos), bibliotecas e museologia – constitui a base principal de ação desta instituição que visa ser motor de fixação e criação de conhecimento no domínio da Arquitetura e Urbanismo em Portugal (séculos XX-XXI). Com ele e através dele a Fundação preserva e valoriza a memória documental e a obra desenvolvida pelos arquitetos nele representados, tanto quanto se procura afirmar, com a sua praxis, como referencial no tratamento de acervos de arquitetura. A gestão de informação e do conhecimento que decorre deste importante e incontornável património material e imaterial, já de alcance nacional, encontra-se uniformizada pela implementação conjunta de quadros orgânico-funcionais, que assim permite a navegação interconectada dos diferentes domínios informacionais oferecendo, a quem trata, possibilidades otimizadas de controlo e a quem consulta, uma leitura contextualizada de cada registo. Cabe a este organismo, que tem afetos 4 técnicos de Gestão de Informação e 1 técnica direcionada para a conservação documental, reunir, classificar, acondicionar, preservar ou recuperar documentos, objetos e livros, e ainda assegurar condições de estudo e disseminação das espécies documentais que tem sob sua salvaguarda, sendo que nos referimos a uma base documental em contínuo crescimento e reajustamento face ao fluxo continuado de novas incorporações. Até ao final de 2021, o Centro de Documentação da Fundação Marques da Silva, com a incorporação de 7 novas doações documentais e bibliográficas, passou a ter a seu cargo
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Fundação Marques da Silva
a gestão de 39 acervos de arquitetos/arquitetura. Com a recolha de 3 novas doações de periódicos e monografias, são já 24 coleções ou bibliotecas de arquitetos/arquitetura, urbanismo e património, para além da Biblioteca corrente onde se reúnem títulos editados pela Fundação Marques da Silva, isoladamente ou em parceria, apoios, permutas, ofertas e aquisições, disponíveis para consulta pública. Por fim, o núcleo museológico foi também ampliado com a oferta de uma pintura a óleo do pintor António Costa, que assim passa a ter 3 obras de sua autoria na coleção de pintura da instituição, composta de 135 peças (entre óleo, pastel e aguarela). O tratamento informacional encontra-se, assim e por sua vez, interinamente ligado com a gestão dos espaços físicos onde decorre a sua ação, desde as áreas destinadas a depósito, às áreas de trabalho técnico (da higienização ao manuseamento para múltiplos fins) e às áreas públicas de receção de investigadores. Com o espaço existente a atingir níveis de ocupação muito elevados, o ano foi marcado por vários ciclos de reorganização dos espaços internos, com a substituição de alguns suportes físicos, particularmente evidenciada no reacondicionamento das maquetas (provenientes da coleção de escultura de Marques da Silva e dos vários acervos de arquitetura) que, para além da zona que lhes está destinada no Pavilhão dos Jardins, ocupam agora em permanência, duas salas do Palacete Lopes Martins onde se agrega a função de acondicionamento com a função expositiva. Operações que implicam, após estabilização e controle dos suportes físicos, assegurar o controle e ajustamento das bases de dados a eles associadas, garantindo uma localização segura e rápida. Não obstante os períodos de confinamento registados em 2021, a implicar o encerramento pontual das instalações a investigadores e visitantes, no cumprimento das medidas sanitárias impostas, o Centro de Documentação da Fundação Marques da Silva manteve ininterruptamente a sua atividade. Nesses momentos, a equipa técnica focou-se na atualização das bases de dados e disponibilização de informação online, na higienização, análise, tratamento, digitalização e organização intelectual e física do extenso e complexo corpus documental que gere, bem como na resposta a solicitações internas e externas decorrentes de parcerias editoriais e de projetos expositivos em elaboração. É de ressalvar que, ainda que todos os acervos sejam alvo de atenção, nem todos se encontram no mesmo estado de tratamento documental no que se refere à descrição arquivística, acondicionamento e organização intelectual, ou mesmo disponibilização para consulta pública, situação resultante da confluência de múltiplas variantes: decorrente dos vários tempos que balizam a sua incorporação; devido à especificidade e/ou complexidade inerente a cada um destes Sistemas de Informação; pela possibilidade de captação de recursos financeiros e/ ou humanos particularmente direcionados para o tratamento de registos documentais de um determinado arquiteto; ou até mesmo a existência de projetos de investigação, expositivos ou editoriais que, incidindo num acervo específico condicionam o seu tratamento, global ou em parte, prioritário. Este foi o caso do acervo de Raúl Hestnes Ferreira, cujo processo de tratamento, limpeza e reacondicionamento das peças desenhadas do acervo, iniciado ainda em 2020 com o apoio da Oficina de Restauro de Documentos Gráficos da Universidade do Porto, foi concluído, sendo totalizado o número final de 24.566 registos intervencionados. Ao longo do ano foram ainda levadas a cabo três operações de digitalização, operacionalizadas pela empresa Graf-it sobre documentação de vários arquitetos, que resultaram em 2.759 novas imagens digitais, às quais se adicionaram 1.354 internamente
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realizadas, num total de 4.113 imagens digitais já integradas nas bases de dados e/ou no Arquivo Digital da instituição. Para além da gestão e funcionamento do Centro de Documentação, a equipa técnica, pontualmente reforçada, também assegurou a resposta às necessidades de vigilância dos espaços expositivos apresentados na sede da Fundação Marques da Silva, tal como o inerente atendimento e orientação de visitantes.
1. Os acervos: acolher, tratar, conservar, digitalizar e disponibilizar O Centro de Documentação da Fundação Marques da Silva, com 39 acervos de arquitetos/ arquitetura assinalados e sob sua gestão, contabiliza c. 438,36 m/l de peças escritas e fotografia, 56.775 peças desenhadas acondicionadas em 224 gavetas, 381 maquetas, e 81.913 imagens digitais, das quais 6.393 estão disponíveis online no seu Arquivo Digital. Só em 2021, foram incorporados 7 novos acervos: António Teixeira Guerra, Francisco Barata Fernandes, José Botelho Pereira, José da Cruz Lima, Manuel Botelho, Luís Alçada Batista e Maurício de Vasconcellos (nestes dois últimos casos, obra individual ou desenvolvida no atelier conjunto: GPA). Uma ampliação importante e onde se reflete a abrangência crescente do arquivo da Fundação Marques da Silva, com arquitetos do século XX/XXI, com
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Fundação Instituto Arquitecto José Marques da Silva
diferentes percursos formativos e cujos escritórios, pela sua localização e obras, rompem os horizontes regionais de Porto e Lisboa estendendo-se a outros territórios nacionais, e se projetam já a uma esfera internacional. A incorporação destes novos acervos obrigou, em consequência, a dar início ao seu tratamento documental, mesmo que em alguns casos sumário, e a gerir e reorganizar novamente os espaços existentes, com a finalidade imposta de acondicionamento das pastas de peças desenhadas e peças escritas integradas nos acervos que iam sendo doados.
Quadro síntese da incorporação acervos (Arquivo - 2021)
N.º
Sistema de Informação
ref.ª
Documentação
Documentação
Outros
(peças desenhadas)
(peças escritas)
(maquetas/objetos/mobiliário)
4779
2 m/l
-
1
António Teixeira Guerra
2
Francisco Barata Fernandes
1152
-
1 maqueta
3
José Botelho Pereira
8 pastas
1 pasta
-
4
José da Cruz Lima
c. 1433
c. 2 m/l
1 caixa com objetos de desenho mobiliário: 2 itens
5
Luiz Alçada Baptista
c. 446
2 m/l
1 maqueta [GPA]
6
Manuel Botelho
c. 1500
-
-
7
Maurício Vasconcellos
Em tratamento
-
-
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Para além destes novos acervos, em termos informacionais, foi concluída a descrição arquivística das peças escritas pertencentes ao acervo de Carlos Carvalho Dias (integrado em 2020) e mantém-se em curso a descrição arquivística das peças desenhadas. Foi ainda concluída a organização intelectual dos processos de obra do acervo de Rui Goes Ferreira, tendo-se procedido à organização física desses processos (seja peças desenhadas, seja pastas de peças escritas), e com os dados relativos a todos esses processos de obra também já disponíveis no Arquivo Digital que a instituição mantém alojado na plataforma AtoM. Neste caso concreto foram identificados 184 processos de obra, correspondentes a 4.345 peças desenhadas e 180 pastas de peças escritas. Iniciouse também o tratamento arquivístico das peças escritas do acervo de Manuel Marques da Aguiar (após o tratamento de 3.038 peças desenhadas, concluído em 2020) e do acervo de Luiz Botelho Dias. O tratamento do acervo de Manuel Graça Dias e a integração de novos núcleos documentais implicou, por sua vez, a inclusão de novos campos de identificação de autoria: própria, de José Egas Vieira, de autoria conjunta (atelier Contemporânea) e para outros domínios, como é o caso dos projetos para cenografia. Durante os períodos de teletrabalho, foi intensificado o trabalho desenvolvido sobre as plataformas Aleph e AtoM (esta em open access), ferramentas privilegiadas para gestão e divulgação de conteúdos documentais a um público mais universal. Foi ainda criada uma nova entrada para consulta via web do acervo de Manuel Marques de Aguiar. Como já brevemente referido, a conclusão do tratamento, higienização e reacondicionamento do acervo de Raúl Hestnes Ferreira, iniciado em 2020, resultou em 24.566 peças desenhadas intervencionadas (cerca de 60 ml de documentação). A experiência de montagem da logística complexa, em termos físicos e de recursos humanos, para execução deste trabalho, articulado entre a equipa técnica da instituição e a Oficina de Conservação e Restauro da Universidade do Porto, veio permitir à instituição controlar e assegurar a preservação de um acervo, beneficiando em simultâneo de um apoio e aconselhamento especializado na área da conservação e restauro, mas também viabilizou uma experiência que permitiu adquirir competências para a replicar e que já resultou na preparação de uma nova operação de higienização, a iniciar em 2021, direcionada a outros acervos documentais recentemente incorporados. Numa outra frente de ação, que também decorre da necessidade de salvaguardar a documentação física e da vontade de abrir novas possibilidades de disseminação da informação nela contida, onde se inclui a realização de projetos expositivos ou a resposta a projetos de investigação, a Fundação Marques da Silva deu início a mais três empreitadas de digitalização sistemática documentos, desta vez com incidência em documentação proveniente dos acervos de Bartolomeu Costa Cabral, Francisco Barata Fernandes, Octávio Lixa Filgueiras, GPA (Luiz Alçada Baptista e Maurício de Vasconcellos), Manuel Botelho, Rui Goes Ferreira e Manuel Marques da Aguiar. As digitalizações foram realizadas pela Graf-it (2.759 imagens de pelas desenhadas de dimensão superior a A4), e internamente (1.354 digitalizações de peças de tamanho igual ou inferior a A4). Daqui resultaram 4.113 novas imagens digitais. É importante ter presente que um projeto de digitalização com esta dimensão pressupõe, também ele, a definição de um plano estruturado de ações que envolve múltiplas etapas: estabelecimento de critérios para seleção prévia dos documentos; a separação das peças desenhadas selecionadas; quando necessário e possível - a sua higienização e planificação; recenseamento e organização cronológica das peças desenhadas
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Fundação Marques da Silva
dentro de cada obra; cotagem das peças desenhadas; a digitalização propriamente dita; a posterior arrumação do documento físico; o controlo de qualidade e tratamento intelectual do objeto digital; e, por fim, a disponibilização online através da inserção dos novos conteúdos nas bases de dados e plataformas digitais. Isto significa que coube à equipa técnica da Fundação preparar a documentação para estes novos projetos de digitalização, mas igualmente assegurar o reacondicionamento dos documentos digitalizados em 2020 (7.086 peças desenhadas) nos respetivos lugares de depósito, em simultâneo com a realização de registos dos que permitem o controlo documental cruzado entre espécime físico e digital.
2. As bibliotecas: muito mais que livros e periódicos Os livros ocupam um lugar especial nesta Fundação, onde a palavra biblioteca ganha pleno sentido quando conjugada no plural. De facto, a instituição tem sempre disponível para consulta aos seus investigadores, um Biblioteca Corrente, constituída por cerca de meio milhar de títulos resultantes de livros por si editados, autonomamente ou em parceria, mas onde se reúne também toda a bibliografia resultante de apoios editoriais, permutas, ofertas e aquisições próprias. Na Biblioteca Corrente disponibiliza-se ainda o acesso a edições digitais. Em 2021, a entrada de livros cedidos por investigadores, por permuta com a
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Fundação Calouste Gulbenkian e a Ordem dos Arquitectos, ou mesmo a oferta do Arquiteto Nuno Tasso de Sousa de Frank Lloyd Wright: selected drawings portfolio foram sendo publicamente anunciadas através das newsletters da Fundação. Contudo, uma grande parte dos acervos de arquitetura, quando doados, vêm acompanhados de coleções bibliográficas. São as “bibliotecas” dos nossos arquitetos, aquelas que nos revelam os interesses e as paixões de quem os foi reunindo ao longo dos seus percursos profissionais e de vida, e pelas mais variadas razões e circunstâncias. Existem igualmente coleções bibliográficas especificamente doadas à Fundação porque, segundo os seus proprietários, aqui podem ganhar um outro sentido e utilidade em função das áreas específicas que abrangem: arquitetura, urbanismo, património e cultura. Em 2021, a Fundação Marques da Silva voltou a receber novas doações de livros, desta vez por parte dos arquitetos Rui Ramos (em catalogação) e Manuel Mendes (2 m/l, já catalogados). Mas também parte dos acervos de arquitetura doados contemplaram coleções bibliográficas, caso de António Teixeira Guerra e José da Cruz Lima. Para além destas duas situações, Carlos Carvalho Dias ampliou a doação anterior com a entrega de mais 7 m/l de livros e periódicos.
Quadro síntese da incorporação de núcleos bibliográficos (2021)
N.º
Sistema de Informação
Documentação
Exemplares
ref.ª
(Arquivo/Biblioteca)
(m/l)
1
António Teixeira Guerra
2 m/l
-
2
José da Cruz Lima
11 m/l
-
3
Carlos Carvalho Dias
7 m/l
-
Sistema de Informação
Documentação
Exemplares
(Biblioteca)
(m/l)
1
Manuel Mendes
4 m/l
597
2
Rui Ramos
8m/l
213
No final do ano de 2021, a Fundação Marques da Silva, entre bibliotecas associadas aos acervos e Biblioteca Corrente, contabiliza mais de 13.800 títulos em depósito, distribuídos por uma área de aproximadamente 304 m/l. Destacam-se, pela sua dimensão e relevância, as bibliotecas de associadas à doação original (Marques da Silva/Moreira da Silva), a Fernando Távora (profissional, pessoal e Pessoana), Alcino Soutinho, Raúl Hestnes Ferreira, Octávio Lixa Filgueiras, Manuel Marques de Aguiar, Fernando Lanhas, João Queiroz, Carlos Carvalho Dias e Margarida Coelho.
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Fundação Marques da Silva
Deve ser referido que, no que se refere ao tratamento informacional das Bibliotecas, 6.800 títulos já podem ser consultados no catálogo digital que a Fundação Marques da Silva tem disponível online através da plataforma Aleph, estando o trabalho de catalogação e disponibilização a ser continuado, nomeadamente com a disponibilização de novos registos no Aleph relativos ao núcleo de Octávio Lixa Filgueiras. Foi ainda iniciada a catalogação da biblioteca de Bartolomeu Costa Cabral.
3. Tratamento técnico e gestão de informação em plataformas digitais A Fundação Marques da Silva tem vindo a colocar em prática uma política de gestão quotidiana da informação arquivística e biblioteconómica que continua a pautar-se pelo objetivo bem definido de ir ao encontro do utilizador, abrindo a possibilidade de alcançar o maior número de potenciais comunidades de investigadores, proporcionando uma utilização facilitada, permanente, intensiva e extensiva dos acervos, em suma, uma gestão dinâmica e colaborativa. Um trabalho de mediação entre Utilizador e Informação foi assim pensado tendo em consideração a implementação de procedimentos sincronizados, passíveis de agilizar o acesso, a recuperação e a reutilização da informação, estabelecendo em paralelo, canais de divulgação e partilha, no quadro da missão traçada para a instituição. Neste contexto, o esforço de atualização das bases de dados e o crescimento contínuo da informação disponibilizada à comunidade através das plataformas digitais, criadas a partir de parcerias com diversas unidades orgânicas da Universidade do Porto tem sido permanente e prioritário. Em termos arquivísticos, a instituição continuou a utilizar a plataforma AtoM, onde tem alojado o seu Arquivo Digital que, em 2021 contemplou 12.482 descrições arquivísticas, tendo sido contabilizadas 32.287 visitas ao Arquivo Digital, 2.203 pesquisas no site e visualizadas 131.875 páginas. Neste ano foi possível ampliar o território de pesquisa virtual do Arquivo da Fundação Marques da Silva com a disponibilização de um novo Sistema de Informação: Manuel Marques de Aguiar. Em termos bibliográficos, permanece a utilização da plataforma digital Aleph, para consulta virtual do Catálogo Digital da Fundação Marques da Silva. Com a inserção de mais 130 títulos relativos à biblioteca associada ao acervo do arquiteto Octávio Lixa Filgueiras, este Catálogo contabilizava, no final de 2021, um total de 6.803 entradas. A validação externa do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido passou ainda pelo apoio técnico e acolhimento do Acervo Digital de Bernardo Ferrão (1913-1982), doado ao Círculo Dr. José de Figueiredo – Amigos do MNSR. Os registos que o constituem refletem o resultado do trabalho, muitas vezes pioneiro, que este irmão de Fernando Távora, engenheiro de formação e profissão, dedicou ao colecionismo e ao estudo de mobiliário e cerâmica portuguesas, em particular das artes decorativas luso-orientais em Portugal, e pelo qual foi amplamente reconhecido. Em 2021, passou a estar igualmente disponível na plataforma digital da U.Porto (plataforma AtoM), em concordância com os parâmetros definidos para o Arquivo Digital da Fundação Marques da Silva, que assegura agora a gestão da sua consulta pública virtual, no cumprimento do estipulado no protocolo de colaboração estabelecido com a instituição detentora do Acervo físico.
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4. Apoio a investigadores e a projetos de divulgação Os acervos documentais da Fundação Marques da Silva abrangem um arco temporal que se estende de finais do século XIX até à atualidade. Cruzam três séculos e testemunham a atividade desenvolvida por arquitetos de expressão nacional. Neles se podem encontrar desenhos, registos escritos (de projeto, de formação, académicos), fotografias, maquetas, correspondência e notas de viagem, até mesmo, em alguns casos, objetos ligados ao exercício da profissão e mobiliário por eles projetado. Mas também livros, e, no caso dos acervos originais (José Marques da Silva e o casal Maria José e David Moreira da Silva) um importante núcleo artístico, da pintura à escultura, passando pelas artes decorativas. Acresce a estas tipologias documentais os já referidos acervos bibliográficos. No seu conjunto, é um património abrangente e significativo, a partir do qual é já possível contar parte da história da arquitetura e urbanismo do nosso país.
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Fundação Marques da Silva
Por este motivo, uma das principais vertentes da Fundação Marques da Silva, desde a sua criação, a par do acolhimento, preservação e tratamento documental, é a disponibilização do espólio documental da instituição a todos os investigadores que, pelos mais diversos motivos e nos mais variados contextos académicos, seja a título individual ou inseridos em estruturas ou projetos institucionais, necessitam de recorrer à sua consulta. O atendimento a investigadores, a par do desenvolvimento das tarefas de caracter técnico, é, pois, uma realidade acautelada em permanência, seja em regime presencial, seja por via web. E os últimos anos, com a ampliação continuada desse espólio e uma maior visibilidade externa, traduz-se numa tendência constante de crescimento de consultas. Assim, em 2021, foram recebidos 173 novos investigadores para consulta presencial, sendo que este número apenas contabiliza uma primeira consulta e a quase totalidade de primeiras consultas implicam recorrentes regressos ao Centro de Documentação. Isto representa, num ano ainda circunscrito por medidas sanitárias de contenção a uma pandemia, um aumento de 25 % face aos valores registados em 2020. Porem, deve ainda ser acrescido, a esta contabilização de entradas em regime presencial, o apoio garantido via webmail e/ou telefone a investigadores que se encontram geograficamente impossibilitados de se deslocarem à sede da Fundação. Na sequência das consultas realizadas, mais de 50% destes atendimentos a investigadores implicaram cedência de conteúdos, isto é, cedência de ficheiros que reproduzem documentos do Centro de Documentação (entre peças escritas, desenhadas e/ou fotografias). Convém, contudo, referir que o alcance da informação disponibilizada e consultada terá de ser interpretado em articulação com os numerosos utilizadores que, de forma autónoma, elegem a consulta virtual das plataformas disponíveis (AtoM, Aleph e da página eletrónica da Fundação Marques da Silva) para recolha de informação e como acesso preferencial aos conteúdos documentais da instituição. Coube ainda à equipa técnica do Centro de Documentação apoiar a realização de projetos editoriais expositivos, externos e internos, disponibilizando o acesso e/ou a reprodução a conteúdos documentais dos acervos solicitados. Refira-se, pela sua excecionalidade e em cumprimento do acordo estabelecido com os herdeiros do Arquiteto Fernando Távora, a colaboração em continuidade com o Professor Manuel Mendes, tendo em vista a concretização da obra Fernando Távora. As Raízes e os Frutos . palavra desenho obra, constituída por 8 unidades e da qual foi, em 2021, publicada primeira. No que se refere à realização de exposições, internas e externas, foi garantido o apoio na seleção, cotagem, levantamento de necessidades (digitalização ou intervenções de conservação e restauro) registo de controlo de saída e entrega de documentos a serem expostos, bem como, no que se refere a projetos apresentados na sede da instituição, apoio na preparação dos espaços expositivos e, durante o tempo de abertura ao público, na sua vigilância, no atendimento e na orientação de visitantes. Após o encerramento das várias exposições, e no caso específico de Mais que Arquitetura e de O desenho na vida na obra de Manuel Marques de Aguiar, organizadas pela Fundação Marques da Silva com recurso a um expressivo número de documentação em arquivo, foi também assegurada a respetiva desmontagem, com o reacondicionamento da documentação exposta, assim como a devolução de documentação cedida por entidades externas.
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Quanto à incidência temática, de consultas e projetos de divulgação, para além do compreensível domínio da Arquitetura e Urbanismo, a literatura continuou a estar em foco, nomeadamente através do projeto de investigação sobre Raúl Leal (a partir da coleção Pessoana de Fernando Távora), resultante da parceria estabelecida entre os centros de filosofia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e de Lisboa, e que conta com o apoio da Fundação Marques da Silva. Em 2021, o arquivo e biblioteca de Fernando Távora continuaram a ser os mais procurados, mas também o acervo de José Marques da Silva continua a ser alvo de consultas recorrentes. Os projetos expositivos, realizados em 2021 ou para apresentação pública em 2022 trouxeram um novo enfoque à documentação de Manuel Marques de Aguiar, Bartolomeu Costa Cabral, Rui Goes Ferreira, Fernando Lanhas, GPA, Raúl Hestnes Ferreira, Manuel Botelho e António Cardoso, mas as pesquisas foram, ainda que mais esporádicas, transversais a praticamente abrangeram todos os acervos. Ainda assim, constata-se alguma incidência mais relevante nos de Alcino Soutinho, Manuel Teles, José Carlos Loureiro, Francisco Barata Fernandes, José Porto, João Queiroz, Carlos Carvalho Dias, Octávio Lixa Filgueiras e Manuel Graça Dias.
5. Um espaço colaborativo e de formação A promoção e acolhimento de projetos de investigação centrados na documentação preservada na Fundação Marques da Silva representa uma das suas linhas estratégicas. Trata-se, aliás, de um duplo desafio: por um lado, aprofundar o conhecimento e identificação documental dos múltiplos registos associados aos sistemas de informação confiados a esta Fundação; por outro, acrescer-lhes significado, fazendo aportar novos enquadramentos e perspetivas de entendimento dos conteúdos que visões externas podem suscitar. Assim, a instituição tem vindo a acolher projetos de investigação e de formação que se constituem em benefício para ambas as partes envolvidas. Se aos investigadores em residência ou em estágio se viabiliza um contexto de concretização de metas pessoais (curriculares ou profissionais), para a Fundação, os seus contributos ajudam a acelerar e ampliar o tratamento de um património documental em constante crescimento, tornando consequentemente mais célere a sua disponibilização ao público. Ao longo de 2021, a Fundação voltou a afirmar-se enquanto polo formador, tendo sido garantido o acompanhamento da aluna do Mestrado em Ciências da Informação da Faculdade de Letras da U.Porto, Matilde Ramos, no contexto da sua dissertação: Sistemas de organização do conhecimento no domínio Arquitetónico e Artístico: Estudo de caso da Biblioteca da Fundação Instituto Arquiteto José Marques da Silva; o acolhimento de Coling Lima, estudante de Arquitetura da Universidade de Coimbra, no âmbito do Projeto Europa que incidiu na catalogação de parte do arquivo fotográfico do acervo do arq. Raúl Hestnes Ferreira; e, direcionado para a divulgação da exposição O desenho da Vida na obra de Manuel Marques da Aguiar, acolheu o estágio curricular de Sérgio Magalhães, aluno do Mestrado em Design de Comunicação da Faculdade de Belas Artes da U.Porto. A Fundação Marques da Silva está ainda a apoiar a investigação de Mariana Sá, aluna de Doutoramento da Faculdade de Arquitetura da U.Porto, sobre o acervo de Francisco Barata Fernandes.
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Internamente, tem igualmente sido promovida a criação de oportunidades e espaços de atualização, reflexão e formação e partilha de experiências dos seus recursos humanos. Neste sentido, deu-se início à realização regular – periodicidade bimensal - das Oficinas de Ciências de Informação na Fundação (CI-FIMS), coordenadas pelo Professor Armando Malheiro, e que de momento estão a ser direcionadas aos colaboradores da instituição, mas poderão vir, no futuro, a estender-se a outros participantes externos, interessados em temáticas relativas às Ciência da Informação. Ao longo de 2021, a equipa técnica do Centro de Documentação tem mantido a sua representação nas reuniões mensais do Grupo de Trabalho dos Arquivistas da Universidade do Porto (GTAUP). Estas reuniões, que pretendem ser um valioso órgão de partilha e colaboração entre os arquivistas presentes nas diversas faculdades e departamentos da Universidade do Porto, têm-se centrado sobretudo no processo de implementação da plataforma digital de gestão de arquivos Archeevo. Por sua vez, a Fundação continua a ser recorrentemente procurada para aconselhamento ou partilha externa no que concerne à sua experiência de tratamento de documentação produzido por arquitetos ou relativa a arquitetura. É neste contexto, dado o conhecimento técnico e experiência que tem vindo a acumular, que a Fundação Marques da Silva apoiou a organização do Centro de Documentação da Associação João Álvaro Rocha (APJAR), formalizado através da assinatura de um protocolo de colaboração que abrange outras valências colaborativas. Foi ainda neste âmbito que surgiu o convite para a participação em várias iniciativas promovidas pelo Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedade da Universidade de Évora (CIDEHUS.UE) e nas Primeiras Jornadas de Documentação de uns para outros, promovida pela Sociedade Martins Sarmento.
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II. COMUNICAÇÃO
Se, por um lado, a Fundação Marques da Silva recolhe, trata e preserva documentação produzida por arquitetos ou relativa aos domínios da Arquitetura e do Urbanismo, se se promove o estudo desse importante património documental; por outro lado, há que mostrar e dar a conhecer esse património, não só à comunidade de investigadores, mas à comunidade em geral, divulgando simultaneamente o trabalho que sobre ele é desenvolvido. Procura-se, assim, numa atitude pedagógica e de compromisso com um tempo presente, valorizar este património (documental, arquitetónico e artístico) e devolver-lhe um olhar sempre renovado. E ao tornar público a matéria documental e o conhecimento que vai sendo construído, contribuir para uma outra consciência sobre o nosso tempo, para o incremento de uma atitude informada sobre uma memória que é comum e para adoção de boas práticas perante a documentação, mas também sobre os espaços e os lugares que conformam as nossas vidas. Em conformidade com o caminho aberto em 2020, onde se apostou significativamente na abertura e exposição pública de acervos e espaços, durante o ano de 2021, a Fundação Marques da Silva elegeu como imperativo assegurar condições para manter e ampliar a visibilidade alcançada, ultrapassando mesmo circunstâncias por vezes adversas, decorrentes da pandemia que continuou a fazer-se sentir. Assim, concluíram-se projetos em curso e, sobretudo, materializaram-se novos projetos, dentro e fora de portas: expositivos, editoriais, informativos (visitas guiadas, produção de conteúdos multimédia [de vídeos a podcasts], sinalização de efemérides, presença nas redes sociais, newsletters) ou de promoção de debate e reflexão sobre os domínios e áreas privilegiadas de ação da instituição (encontros, conferências, lançamentos); presenciais ou de acesso e participação virtual; internamente organizados ou em parceria com outras entidades. Aliás, a integração de contributos vários
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Fundação Marques da Silva
de personalidades ou entidades, bem como os intercâmbios que têm vindo a ser estabelecidos revelaram-se determinantes para a concretização de muitas destas iniciativas. Geraram também um enriquecimento mútuo, já que foram encaradas como experiências de aprendizagem numa constante reformulação da resposta ao desafio de expor e divulgar “arquitetura”. E se, a natureza da Fundação Marques da Silva, pelo contexto da sua formação, pela sua ligação interina à Universidade do Porto, fazem com que o rigor e a qualidade científica da informação por si veiculada ou patente nos projetos de divulgação que promove, seja uma constante, com muitos dos investigadores que nela pesquisam a transformarem-se em interlocutores qualificados e motores essenciais para a prossecução de grande parte destas iniciativas, outras vozes e canais ampliaram o alcance da sua ação: destaque para as instituições ligadas à Universidade do Porto, e em primeiro lugar com a sua Faculdade de Arquitectura, mas também com outras instituições universitárias nacionais (Porto, Coimbra, Lisboa e Évora) e internacionais (Espanha e Itália), sem esquecer as que se afirmam para além do mundo académico, da Ordem dos Arquitetos (nacional e seções regionais) e das Edições Afrontamento ao Círculo Dr. José de Figueiredo/Amigos do MNSR, à Direção Regional do Património (Porto e Açores), ao CCB, ao Teatro de S. João ou à Infraestruturas de Portugal, Bienal de Fotografia do Porto, Edições Afrontamento e Circo de Ideias, entre outras. Com recursos humanos exíguos, já que apenas um colaborador congrega a área da produção/edição/divulgação, a concretização das múltiplas ações programadas e realizadas foi possível graças à flexibilidade e interna da equipa, aos contributos externos anteriormente referidos e ao reforço pontual, ajustado às necessidades de cada projeto específico. Porém, em 2021, na área específica da Comunicação, há que destacar o estágio de Sérgio Magalhães, da FBAUP, sob orientação de Cristina Ferreira, pela importante colaboração prestada na montagem e divulgação da exposição e programa paralelo da exposição O desenho da vida na obra de Manuel Marques de Aguiar, e na composição gráfica do Relatório de Atividades de 2020.
1. Dinamização cultural e artística: estudar, debater e divulgar Na Fundação Marques da Silva, o primeiro e principal fundamento para o desenho de um programa agregador de ações de divulgação assenta no valioso e heterogéneo património documental (39 acervos de arquitetos/arquitetura e coleções bibliográficas), arquitetónico (em particular as casas-sede) e artístico (coleções museológicas) pertencente ou à guarda da própria instituição, ainda que sempre numa atitude de diálogo com outros contextos e circunstâncias capazes de estimularem entendimentos renovados sobre os seus conteúdos e sentidos ou de promoverem parcerias de interesse para a prossecução da sua missão. As múltiplas iniciativas concretizadas em 2021, seja em função de projetos especificamente concebidos com uma finalidade divulgativa ou pela confluência gerada noutras circunstâncias, como foi o caso, por exemplo, da divulgação dos projetos de higienização e de digitalização promovidos pela Fundação ou da incorporação de novos acervos, permitiram que praticamente nenhum acervo e/ou arquiteto por representado nesta instituição tenha sido excluído da esfera pública. Quanto ao princípio norteador mantem-se a tentativa de, sempre que possível, sublinhar a ligação entre documento e obra construída, destacando o impacto dos percursos e obras destes arquitetos, na sua singularidade e carácter próprios, com leituras sempre mediadas por um olhar crítico, por uma investigação rigorosa e que propõem novas abordagens.
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Dentro de portas, estabilizou-se a utilização da antiga sala de jantar para espaço de auditório (conferências, lançamento de livros, encontros, …) e do primeiro piso do Palacete Lopes Martins para acolhimento de projetos expositivos, sendo a restante área ocupada por salas de depósito, entre elas duas com caracter duplo de exposição permanente, mais uma área para ações de higienização e digitalização de documentos. Na Casa-Atelier José Marques da Silva, o piso nobre manteve a sua natureza expositiva, com os restantes espaços destinados a funções técnicas (arquivo, biblioteca, reserva e atendimento a investigadores) e administrativas (gabinetes de trabalho e sala de reuniões). O Pavilhão do Jardim, não obstante a sua especificidade de depósito, foi sempre incluído em visitas guiadas, tal como os jardins, sublinhando-se assim a natureza unificadora que caracteriza todos estes espaços. Só neste ano, sem contar as 2 salas de reservas já mencionadas, passaram por estes espaços 7 projetos expositivos, com duas novas exposições em preparação e 10 iniciativas de carácter público/presencial. À imagem dos anos anteriores, manteve-se, na Fundação Marques da Silva, a prática de sinalizar atos de doação ou da receção da nova documentação; a participação em programas de âmbito nacional/internacional, como sejam o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, o Dia Internacional dos Museus ou as Jornadas Europeias do Património, este ano alargada à participação nas Jornadas Europeias da Arqueologia; ou tão somente a evocação do Dia Mundial do Livro, da Poesia, do Teatro, da Fotografia e da Arquitetura; ou outras efemérides, como a já tradicional referência às datas de nascimento dos arquitetos representados na instituição através da divulgação de documentos e/ou informação sobre o seus percursos, pessoais e/ou profissionais. O trabalho em rede que tem vindo a ser realizado, refletido nas parecerias e/ou apoios que a Fundação tem dado a projetos promovidos por outras instituições, é visível não só no acolhimento de várias iniciativas nos espaços-sede, mas também nas 7 exposições que, para além do espaço da Fundação, mostraram conteúdos expositivos da/ou a partir da documentação da Fundação Marques da Silva (estando ainda 2 que, em 2022, se estenderão aos Açores e a Itália), ou nas cerca de duas dezenas de iniciativas, presencias e virtuais, que contaram com o envolvimento da Fundação.
1.1. As exposições na Fundação Marques da Silva O ano de 2021, no que significa o cumprimento do desafio lançado no ano precedente de manter a dinâmica então traçada, no seu conjunto, contabilizou a apresentação de 6 projetos expositivos e encerrou com mais duas em preparação. Em função delas, excetuando os períodos de confinamento, domingos e feriados, a Fundação manteve-se aberta ao público em geral, de segunda a sábado, entre as 14 e as 18. Uma decisão com impacto público e encarada como prioritária no contexto genérico de funcionamento da instituição, daí que, neste relatório sejam alvo de uma entrada específica, em contraponto às restantes iniciativas nele enumeradas. Em síntese, o ano abriu com duas exposições que já vinham de 2020: Mais que Arquitectura e Siza: Inédito e Desconhecido. A primeira manteve-se patente ao público até 30 de abril e a segunda encerrou a 16 janeiro. Novos projetos – Off-Shore; O desenho da vida na obra de Manuel Marques de Aguiar; Modos de Editar: entre cópia e original; Bartolomeu Costa Cabral/um arquivo em construção - vieram, porém, ocupar
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os espaços disponíveis, estendendo-se mesmo aos jardins projetos desenvolvidos a partir delas – A vida dos desenhos. Em termos genéricos, a Fundação Marques da Silva recebeu cerca de um milhar de visitantes, mas trata-se de uma contabilização redutora, já que deverá ser associado a este número, todos aqueles que marcaram presença nas inaugurações e em atividades programadas a partir delas, igualmente realizadas nas suas instalações: workshops, visitas guiadas, os debates e os lançamentos de livros, experiência imersiva, etc. Assim, as exposições (e iniciativas propostas a partir delas) realizadas nos espaços da Fundação foram: - Siza - Inédito e Desconhecido Casa-Atelier José Marques da Silva, curadoria de António Choupina e Kristin Feireiss 17 de outubro de 2020 a 16 de janeiro de 2021 Esta exposição veio diretamente da Tchoban Foundation, em Berlim, para a Casa-Atelier José Marques da Silva e nela se apresentou pela primeira vez em Portugal, dando a ver esquissos de projeto, fantasias arquitetónicas e retratos da autoria de Álvaro Siza, mas também outros registos da sua família: a esposa Maria Antónia Siza, o filho Álvaro Leite Siza, a filha Joana Siza e o neto Henrique Siza, para além de outras peças escultóricas e da maqueta para o novo centro de documentação da Fundação Marques da Silva, da autoria de Álvaro Siza. A exposição, organizada em parceria com a Faculdade de Arquitectura da U. Porto, inaugurada em outubro 2020, encerrou a 1 de janeiro de 2021, de onde deveria prosseguir a sua itinerância em direção à China. As medidas de contenção acabaram por ditar a suspensão de visitas guiadas para o mês de janeiro. - Mais que Arquitectura Palacete da Fundação Marques da Silva, curadoria de Luís Urbano 17 de outubro de 2020 a 30 de abril de 2021 A exposição Mais que Arquitetura constituiu um primeiro momento de apresentação pública da variedade e multiplicidade de temáticas que a consulta do património documental da Fundação, encarada no seu conjunto, pode proporcionar. Com base numa leitura transversal dessa documentação, para ela foram selecionados múltiplos registos e objetos, muitos deles inéditos, agrupados em torno de 1o temas/estações que em muito ultrapassavam os limites estritos do campo disciplinar da arquitetura: Na escola; Lá fora; Em viagem; Coleções; Na cidade; Em casa; Ensino; Escrita; Media; Design. O circuito expositivo, ao ocupar os dois pisos do Palacete Lopes Martins, converteu-se, simultaneamente num convite à ‘descoberta’ deste espaço. Iniciada em 17 de outubro de 2020, terminou a 30 de abril de 2021. Apesar de ter sido afetada, por diversas vezes, pela adoção de medidas de contingência para combater a propagação da pandemia, a exposição foi amplamente visitada, pelo público em geral e por estudantes de arquitetura. Nos momentos de confinamento, se parte da sua programação paralela ficou suspensa, outras foram as atividades desenvolvidas em torno dela, como foi o caso da partilha pública dos registos videográficos propositadamente feitos para esta exposição, um conjunto de 12 entrevistas conduzidas por Paula Moura Pinheiro e filmadas por Bruno Nacarato:
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#1 Na Escola (Sergio Fernandez); #2 Lá fora (Raúl Hestnes Ferreira/Ana Vaz Milheiro); #3 Em Viagem (Álvaro Siza); #4 Coleções (Alexandre Alves Costa); #5 Na cidade (Bartolomeu Costa Cabral); #6 Em casa (José Carlos Loureiro); #7 Em Casa (Raúl Hestnes Ferreira); #8 Em Casa (Sergio Fernandez); #9 Em Casa (Alfredo Matos Ferreira) #10 Ensino (Alexandre Alves Costa); #11 Escrita (Sergio Fernandez); #12 Media (Manuel Graça Dias/Ana Vaz Milheiro). - O desenho da vida na obra de Manuel Marques de Aguiar Casa-Atelier José Marques da Silva, curadoria de David Viana 24 de abril a 27 de novembro de 2021
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O desenho da vida na obra de Manuel Marques de Aguiar, exposição apresentada na Casa-Atelier José Marques da Silva, foi a primeira exposição organizada e apresentada na instituição após a doação do acervo, em 2019. Desenvolvida com o apoio da família, abrangeu um largo arco temporal que foi do tempo de formação em Paris, na década de 50, até aos primeiros anos do século XXI, balizado por 5 núcleos temáticos: Nós (o olhar fotográfico); Quotidiano (o desenho da vida a acontecer); Conhecimento (da formação à prática da arquitetura e do planeamento urbano); Caligrafia (a fluidez do traço); Partilhas (as viagens; as orlas fluviais e marítimas; a atenção ao outro; a linha de mar). Aí se deram a ver projetos, desenhos e memórias, através de registos maioritariamente inéditos, que revelaram um intenso processo de pesquisa, às vezes intuitivo, outras vezes sistemático, orientado para a definição de valores e prioridades de transformação do espaço. Mas a exposição, através dos desenhos expostos, revelou, também e sobretudo, o seu modo único de olhar e apreender a vida, os ambientes que o rodeavam, o seu quotidiano tecido de afetos. Em torno desta exposição foram programadas várias atividades: - “Escola Francesa do Porto”, edição #21 do podcast Escritos Escolhidos, com partilha simultânea de um desenho inédito de Manuel Marques de Aguiar para o Bloco F desta Escola, de 1959, para assinalar o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios a 18 de abril. - Uma experiência imersiva audiovisual com recurso à realidade aumentada, A Vida dos Desenhos, criada pelo Coletivo 7 a partir de alguns dos desenhos expostos de Manuel Marques de Aguiar para os jardins da Fundação e com a qual se assinalou o Dia Internacional dos Museus. Abriu a 18 de maio e manteve-se até ao final do tempo de abertura pública da exposição; - Os dois debates Perspetivas sobre o viver urbano #1 e #2. O primeiro, a 16 de junho, com Manuel Correia Fernandes, Teresa Marat-Mendes e José António Lameiras moderação de David Leite Viana e Sofia Aguiar. O segundo a 29 de setembro, com Álvaro Domingues, Francisco Morais, Nuno Valentim e Teresa Heitor, moderados por David Leite Viana e Marta Aguiar; - A estação televisiva Porto Canal visitou a exposição tendo saído uma reportagem no programa N´Agenda de 5 de junho; - A série #em férias, com a publicação de 5 desenhos de Manuel Marques de Aguiar, ao longo do mês de agosto, associados à história que cada um deles tinha para contar, das idas à praia, às reuniões familiares, passando pela estadia na quinta do Ribeiro ou as singularidades de um viver urbano; - Visita guiada por Marta Aguiar, Sofia Aguiar e David Viana, a 27 de novembro, para assinalar o encerramento da exposição.
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- Off-Shore do artista James Newitt Palacete da Fundação Marques da Silva 14 de maio a 27 de junho de 2021 A Fundação Marques da Silva, enquanto parceira da Bienal de Fotografia 2021, uma iniciativa da Ci.CLO Plataforma de Fotografia, acolheu, primeiro piso do Palacete Lopes Martins, a exposição Off-Shore. Tratava-se de uma instalação da autoria do artista australiano James Newitt, concebida a partir da bizarra história de uma torre de artilharia no mar do Norte, construída durante a Segunda Guerra Mundial, posteriormente abandonada e, desde os anos sessenta, transformada na habitação de uma família britânica. O projeto assentava em materiais encontrados e animações produzidas por Newitt. A edição 2021 da Bienal teve por tema “O que acontece com o mundo acontece connosco” e reuniu 16 curadores e 40 artistas nacionais e internacionais. A Ci.CLO organizou uma visita guiada a esta exposição, que, devidos às restrições impostas sanitárias em vigor se dirigiu a um grupo restrito de convidados.
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- Modos de Editar: entre cópia e original 5.ª Seminário Modos de Editar | residência-workshop-exposição Palacete da Fundação Marques da Silva, curadoria de Graciela Machado e Rui Santos 24 de maio a 5 de junho de 2021 A 5.ª edição de Modos de Editar, um projeto de Graciela Machado e Rui Santos, professores da Faculdade de Belas Artes da U.Porto, foi pensada como um espaço de partilha de experiências de investigação e artísticas em torno da tecnologia reprográfica do Ozalid. Aqui se exploraram três eixos de observação que visavam possibilitar a compreensão e ampliação do legado histórico, da preservação e da utilização desta técnica de reprodução em contextos artísticos e gráficos no presente. A ação que decorreu na Fundação Marques da Silva passou por dois momentos distintos: - entre 24 e 28 de maio, o ensaio de uma prática artística, comunicacional e tecnológica que partiu dos programas de arquitetura propostos por Marques da Silva para a então Escola [Superior] de Belas Artes do Porto, entre os anos 1915 a 1935, e que em formato de residência e workshops com atuais “residentes” estudantes e docentes” da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, equacionaram soluções de ocupação do território de implementação da FBAUP em continuidade e confronto com a solução apresentada por Marques da Silva, através de diferentes etapas de formalização que culminaram no reativar da tecnologia do Ozalid. - de 31 de maio a 5 de junho, a exposição dos resultados alcançados ao longo desta experiência formativa, aberta ao público em geral, e onde foram também expostos vários materiais cedidos pelo Arquiteto António Menéres. Num momento posterior, a 4 de novembro, já na Escola de Belas Artes da U. Porto, decorreu o Seminário propriamente dito, tendo Ana Freitas, da Oficina de Conservação e Restauro da Universidade do Porto, apresentado uma comunicação sobre Conservação preventiva de acervos de arquitetura – Diazotipia, elaborada com base na experiência e confronto com materiais e documentação preservada na Fundação Marques da Silva possibilitado em diferentes momentos em que neles lhe foi dado intervir.
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- Salas de reserva vs salas de exposição permanente Palacete Lopes Martins Desde setembro de 2021 Ao longo dos meses de agosto e setembro, o processo de reorganização dos espaços destinados a reserva de documentação, maquetas e coleção de escultura (gessos), implicou a limpeza destes objetos e o seu reacondicionamento concentrado em duas salas do piso térreo do Palacete Lopes Martins. Pela forma como se encontram organizadas e pelas infraestruturas de suporte nelas instaladas, as salas passaram a adquirir também uma valência de espaços expositivos. Assim, sempre que ocorrem atos públicos no Palacete, estes espaços passam a ser visitáveis ou, quando a sala de jantar se transforma em auditório, passíveis de serem visualizadas pelo público. - Bartolomeu Costa Cabral / um arquivo em construção Palacete Lopes Martins, curadoria de Paulo Providência, Pedro Baía e Mariana Couto De 13 de novembro de 2021 a 23 de abril de 2022 Habitação, Cidade, Universidade são os três eixos em que assenta a exposição Bartolomeu Costa Cabral / um arquivo em construção que abriu as suas portas ao público a 13 de novembro janeiro, no primeiro piso do Palacete Lopes Martins, mantendo-se aberta ao público até 23 de abril de 2022. Nela se apresenta uma leitura da pluralidade da produção deste arquiteto que se estende de 1948 até aos nossos dias. São projetos desenvolvidos em diferentes escalas de intervenção, programas, lugares e linguagens, mostrados com recurso a documentação em arquivo, assim como em cruzamento com elementos provenientes do arquivo do atelier GPA, também doado à Fundação Marques da Silva, e do atelier de Nuno Teotónio Pereira, cedidos pelo SIP (Forte de Sacavém). Esta iniciativa da Fundação Marques da Silva contou com o apoio da Ordem dos Arquitectos, do SIPA, do Instituto Politécnico de Tomar e da Faculdade e Arquitectura da U.Porto e com as colaborações pontuais de Irene Buarque, Teresa Pavão e Rui Sanches, Rui Mendes, Catarina Costa Cabral e Gill Stoker. A exposição tem vindo a ser visitada pelo público em geral, mas também tem sido alvo do interesse de estudantes de arquitetura. A partir dela organizou-se ainda a participação no Dia Europeu do Património Académico: - 1 de novembro, Aprender a fazer maquetes. A visita à Fundação Marques da Silva e à exposição Bartolomeu Costa Cabral / um arquivo em construção, marcou o início do programa proposto pela Universidade do Porto para o Dia Europeu do Património Académico, uma iniciativa programada pelas Universidades Portuguesas representadas no Conselho de Reitores, para promover um espaço de afirmação da vocação cultural das universidades enquanto espaços abertos e transformadores. Esta ação, na Fundação Marques da Silva, orientada pelo Professor Luís Urbano, VicePresidente da Instituição, tinha por público-alvo os estudantes do ensino secundário, pelo que foram recebidos grupos de estudantes do 10.º e 11.º anos da Escola Secundária Aurélia de Sousa que, depois da visita à exposição experimentaram, em grupos, construir uma maqueta de arquitetura. - Durante o mês de dezembro, foi realizada uma reportagem fotográfica da exposição por Catarina Costa Cabral.
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Em preparação A partir da documentação em arquivo no Centro de Documentação da Fundação Marques da Silva e com apresentação prevista para 2022, iniciou-se o trabalho de investigação e seleção de documentos para a realização de 2 novas exposições, promovidas pela instituição e destinadas à ocupação, em sequência, do piso nobre da Casa-Atelier José Marques da Silva: Isto não é só um quadro. António Cardoso para além da evidência, com uma curadoria assegurada por um coletivo, e Mergulho no Sul de Raúl Hestnes Ferreira, com curadoria de Alexandra Saraiva, paulo Tormenta Pinto e Patrícia Bento de Almeida. O primeiro destes projetos representa um gesto de homenagem ao Professor António Cardoso, membro do Conselho Geral da instituição falecido em junho de 2021, e cuja obra de investigação foi determinante para a criação futura da Fundação Marques da Silva. A exposição, contará com o apoio da DRCN, da FLUP, do Museu Amadeo de SouzaCardoso e da Reitoria da U. Porto. Refira-se que o Postal de Natal de 2021, graficamente trabalhado por Luís Urbano, foi feito a partir de uma gravura de Antonio Cardoso. Seguirse-á, ainda em 2022, o segundo momento expositivo sobre a obra de Raúl Hestnes Ferreira, uma primeira mostra organizada a partir do acervo doado à Fundação Marques da Silva e após a realização da campanha de higienização das peças desenhadas que o compõem, ou seja, com novas possibilidades de acesso e exposição de documentos entretanto tratados, onde se incluem alguns inéditos ou o mapeamento de outros que se pensavam perdidos.
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1.2. Outras iniciativas dentro de portas 1.2. 1. Da Fundação - A escrita do Porto: antecedentes Lançamento do livro de Eduardo Fernandes Palacete Lopes Martins, com Sergio Fernandez e Paulo Tormenta Pinto 2 de julho 2021 Este é o primeiro de 10 volumes que, no seu conjunto, trazem a resposta de Eduardo Fernandes à pergunta: de que é que se fala, quando se fala da “Escola do Porto”? O autor abordou, neste livro prefaciado por Sergio Fernandez, os ‘antecedentes da escrita do Porto’, isto é, o contexto da arquitetura portuguesa na primeira metade do século XX, revisitando o legado de Marques da Silva, o dilema da primeira geração moderna e o legado de Carlos Ramos. A sessão de lançamento decorreu no Palacete Lopes Martins, no dia 2 de julho. A apresentação esteve a cargo de Sergio Fernandez e Paulo Tormenta Pinto. O livro foi coeditado em parceria pela Fundação Marques da Silva, as Edições Afrontamento e o Lab2PT- Laboratório de Paisagens, Património e Território da Universidade do Minho, e contou com o apoio do Centro de Documentação da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto. - Espaços de privação de liberdade Palacete Lopes Martins, com Jorge Mealha Jornadas Europeias do Património, 2 de outubro 2021 Para assinalar as Jornadas Europeias do Património, a Fundação Marques da Silva convidou Jorge Mealha (coordenador do Estudo de Conceção dos Novos Estabelecimentos Prisionais, por parte da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa, em resposta a uma encomenda do Ministério da Justiça) para falar sobre Espaços de Privação de Liberdade. Na comunicação proferida no Palacete Lopes Martins a 2 de outubro, Jorge Mealha deu a conhecer as linhas mestras do trabalho desenvolvido sobre um tema que continua a ser tão pouco debatido, não obstante o facto de a dimensão criminal estar tão intrinsecamente relacionada com as restantes dimensões que pautam a vida em sociedade. 1.2. 2. Na Fundação - The idea of Álvaro Siza: Carlos Ramos Pavilion and the Bouça Council Project Lançamento de livro e Debate Palacete Lopes Martins, com Mark Durren, João Leal, Nuno Grande e moderação de Pedro Leão Neto 14 de outubro de 2021 Os fotógrafos Mark Durren e João Leal e Nuno Grande participaram numa conversa moderada por Pedro Leão Neto, diretor da publicação scopionewspaper. Foi então apresentado o projeto da editora, The Idea of Álvaro Siza: Carlos Ramos Pavilion and the Bouça Council Housing Project, o primeiro de uma coleção focalizada no trabalho desenvolvido pelos fotógrafos Mark Durden e João Leal, envolvendo uma seleção de edifícios arquitetónicos concebidos por Álvaro Siza. Luís Urbano, Vice-Presidente da Fundação Marques da Silva, abriu a sessão.
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- Lisboa Moderna Lançamento do livro de Ana Tostões Palacete Lopes Martins, com Paula Santos e José Fernando Gonçalves 29 de outubro de 2021 A Fundação Marques da Silva acolheu igualmente o lançamento do livro de Ana Tostões, Lisboa Moderna, uma publicação conjunta da Docomomo International e da editora Circo de Ideias. A sessão, a decorreu no Palacete Lopes Martins e contou com a presença da autora. A apresentação deste livro que se “propõe pensar a cidade moderna de Lisboa a partir de uma leitura da sua transformação e de uma análise histórica e crítica sobre um conjunto de projectos modernos que marcaram o território ao longo dos séculos XX e XXI” coube aos arquitetos Paula Santos e José Fernando Gonçalves. - Filarch 2021: Visões Colóquio de Filosofia e Arquitectura Palacete Lopes Martins, organizado por Eduardo Queiroga e Constantino Pereira Martins 5 e 6 de novembro de 2021 Durante os dias 5 e 6 de novembro, a Fundação Marques da Silva foi o palco da segunda edição de FILARCH, um Simpósio focado na relação entre a Filosofia e a Arquitetura. Para 2021, o tema proposto tinha sido “Visão, possibilidade, virtualidade”, ou seja, o desafio de mostrar em que consiste uma visão, uma possibilidade que se ergue no real como uma sombra da imaginação sobre as coisas. Ao longo destes 2 dias, distribuídos por 4 painéis distintos, cerca de 16 conferencistas nacionais e internacionais (Itália, França, Espanha, Grécia, Ucrânia, Hungria, República Checa, mas também dos E.U.A. e Brasil) discorreram livremente sobre a temática proposta, partilhando pensamentos, dilemas e experiências. Esta iniciativa, para além do apoio da Fundação Marques da Silva, instituição de acolhimento, contou com o apoio da Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitectos. - Documentário sobre o Mercado do Bolhão Entrevistas de Graça Correia Ragazzi a Domingos Tavares e Manuel Correia Fernandes Palacete Lopes Martins, Documentário para a RTP2 2 e 3 de novembro de 2021 Foi o Palacete Lopes Martins o local escolhido para as filmagens das entrevistas de Graça Correia Ragazzi a Domingos Tavares e Manuel Correia Fernandes, no âmbito do documentário sobre o Mercado do Bolhão que a produtora Clara Amarela Films está a preparar. - As crianças do Colégio Jardins da Fundação Ao longo do ano Ao longo de 2021 manteve-se o acolhimento de grupos de alunos do Colégio da Paz para realização de atividades ao ar livre e exploração dos jardins da Fundação, num gesto que começa a ser tradição e honra a relação de boa vizinhança que tem vindo a ser construída.
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1.2. 3. A partir da Fundação - Zoom in Fotografias de João Lima Website e redes sociais, 2 de agosto a 2 de setembro 2021 Durante o mês de agosto, o Mês da Fotografia, a Fundação Marques da Silva programou um Zoom in, isto é, publicou nas redes sociais, diariamente, fotografias que deram a ver em grande plano o que muitas vezes passa despercebido a quem percorre as duas casas da Pr. do Marquês, antigo espaço de habitação de José Marques da Silva e hoje sede da instituição (Casa-Atelier José Marques da Silva e Palacete Lopes Martins). Foram 63 imagens, captadas pelo fotógrafo João Lima. No final, a 2 de setembro, foi lançado um álbum onde se reuniram todas as imagens publicadas.
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- Este ano, por imprevistos alheios à vontade da Fundação Marques da Silva, as Conferências Marques da Silva mantiveram-se suspensas. Este ciclo, com 13 edições ininterruptas, realizado com o apoio da - e na - Faculdade de Arquitectura da U. Porto, será retomado em outubro de 2022. - Mas, para além de projetos estruturados e planeados em função de uma apresentação pública, a Fundação Marques da Silva tem vindo a implementar uma prática continuada de divulgação do trabalho nela desenvolvido e tantas vezes desconhecido para além dos técnicos ou dos investigadores que a frequentam. Sempre que a ocasião se proporciona, são assim partilhados conteúdos ou informações sobre o dia a dia de uma instituição dedicada a cuidar de acervos de arquitetura. Um gesto pedagógico e de sensibilização para as múltiplas tarefas que esta documentação requer ou que ela impulsiona. Novas incorporações Ainda que o retomar das sessões públicas para assinalar a entrada de novos acervos doados no Centro de Documentação da Fundação Marques da Silva, devido ao contexto sanitário que moldou os anos de 2020-21, foram noticiadas novas doações: - O acervo do arquiteto José da Cruz Lima passou a fazer parte da Fundação Marques da Silva em abril de 2021. Natural de Luanda, cedo veio a fixar-se no Porto. Foi aluno de José Marques da Silva, tendo defendido o CODA, na Escola de Belas Artes do Porto, em dezembro de 1945, com o programa “Uma residência particular”. Foi colaborador de Januário Godinho, vindo posteriormente a desenvolver uma longa carreira como profissional liberal e como arquiteto da Câmara Municipal de Ovar. Tem obra projetada e construída no Porto, Matosinhos, Ovar e Torreira. A sua biblioteca profissional, peças desenhadas e escritas, fotografias e mobiliário profissional constituem o acervo que começou a ser tratado tendo em vista a sua disponibilização futura. - Foram ainda assinados protocolos de Doação para receção dos acervos de António Teixeira Guerra, Luiz Alçada Baptista e Maurício de Vasconcellos, e Fernão Simões de Carvalho. Documentação que começou a ser transferida e será alvo de tratamento e divulgação em 2022. - 8 maquetas que fizeram parte da exposição monográfica - Fernando Távora: Percurso (1993) - foram entregues à Fundação Marques da Silva pelo CCB, em agosto deste ano. Referem-se ao Anfiteatro e anexos do Instituto Politécnico de Viana do Castelo; ao Bloco da Foz do Douro; à Casa de Férias de Ofir; ao Convento das Irmãs Franciscanas de Calais; ao Edifício da Polícia de Segurança Pública de Guimarães; à Escola do Cedro; o Mercado Municipal de Vila da Feira; e ao Pavilhão de Ténis da Quinta da Conceição. - A 7 de dezembro foi doado à Fundação Marques da Silva um trabalho académico, Academia (nu masculino), do pintor António Costa. Um gesto do neto do pintor, o Eng.º Miguel Ferreira da Costa, que vem ampliar a representatividade deste pintor na coleção de pintura de José Marques da Silva, onde já constavam outras 2 obras do artista.
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Projetos de higienização, reacondicionamento e digitalização - Higienização da documentação a ser incorporada e uma política de digitalização sistemática e continuada da documentação em arquivo são passos essenciais para a garantia da sua salvaguarda. São também etapas de um processo que importa conhecer, seja por quem consulta e manipula a documentação, seja por quem a observa em contextos expositivos. E num contributo para essa consciência, bem como para mostrar a prática seguida na instituição, as boas vindas ao ano de 2021 foram feitas através do lançamento de um vídeo onde todas essas fases são percorridas, da receção e tratamento, à sua preservação, estudo e divulgação. - E ao longo de 2021 novos projetos de higienização e digitalização foram lançados, conforme referido anteriormente neste relatório. Operações que foram sendo noticiadas e das quais resultaram 24.566 documentos intervencionados e 4113 novas imagens digitais. No contexto destes projetos foram descobertos registos até agora desconhecidos ou considerados perdidos e libertada documentação para constar em projetos expositivos que a Fundação tem em vista e mesmo em resposta a projetos expositivos organizados por outras instituições em locais tão distintos como Viana, Matosinhos, Lisboa e Cesena. - Ana Freitas, responsável pelo funcionamento da Oficina de Conservação e Restauro de Documentos Gráficos e pela preservação da Biblioteca do Fundo Antigo da Universidade do Porto e do Arquivo da Universidade do Porto que, em articulação com a equipa técnica da Fundação Marques da Silva, esteve envolvida nos projetos de higienização implementados
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nesta instituição foi entrevistada por Alexandra Saraiva para a revista Archivoz. No seu testemunho, tece uma perspetiva do trabalho desenvolvido e reflete sobre a importância da interdisciplinaridade no tratamento da documentação de arquitetura. - Ainda a partir da documentação inédita encontrada no decurso desta operação de limpeza, Alexandra Saraiva propôs-se investigar as candidaturas de arquitetos portugueses ao Concurso internacional de 1981, lançado pelo governo francês para construção da Ópera a situar na Bastille, em Paris, centrando-se nos projetos desenvolvidos por Raúl Hestnes Ferreira, Alfredo Matos Ferreira e Manuel Graça Dias, 3 dos 6 projetos apresentados a concurso por equipas portuguesas. O resultado da sua investigação foi apresentado no Colóquio Grands Projets: urban legacies of the late XX century, organizado pelo ISCTE, entre 17 e 19 de fevereiro. Dos bastidores para a esfera pública: o acesso digital aos documentos Continuando o esforço que tem vindo a ser feito de agilizar a consulta pública dos acervos da instituição, nomeadamente através do Arquivo Digital, e no contexto de realização da exposição sobre a sua obra desenhada, patente na Casa-Atelier José Marques da Silva, foi disponibilizado o Sistema de Informação de Manuel Marques da Silva, o 18.º. Esta nova entrada permite a navegação virtual por um acervo constituído por cerca de 4000 peças desenhadas, 10 ml de peças escritas, 5 ml de livros, 1 maqueta, um expressivo número de registos fotográficos e centenas de reproduções digitais de esquissos (desenho livre) que se estendem da década de 50, um tempo de formação, até ao final dos anos 90 do século XX, altura em que este arquiteto, urbanista, artista e homem atento e comprometido com o tempo em que viveu, conclui o seu percurso profissional. Arquitetura falada… Durante o ano de 2020, a Fundação Marques da Silva, em resposta ao desafio lançado pela Casa Comum da Reitoria da U. Porto, lançou dois podcasts: Escritos Escolhidos e Passaa-Palavra: falemos de arquitetura. O primeiro, com 17 programas já transmitidos, tomando de empréstimo o título de um livro de Giorgio Grassi, https://up.pt/casacomum/ escritos-escolhidos/ tem como objetivo dar voz às palavras escritas por arquitetos. Parte de textos, muitos deles inéditos, que podem oferecer um outro olhar sobre quem os escreveu ou sobre a matéria que abordam. O segundo, com 14 edições lançadas, Passa-a-Palavra: falemos de arquitetura dirige-se a comunidade de arquitetos, convidando-os a revelar projetos que ocupam um lugar de referência na sua visão do mundo da Arquitetura. Estes programas, produzidos por Paula Abrunhosa com o apoio técnico de Paul Gusmão, continuaram ao longo de 2021, embora a um ritmo mais espaçado. Passa-a-Palavra: falemos de arquitetura está em fase de preparação de uma nova série a lançar em 2022. Quanto ao Escritos Escolhidos, foram transmitidos 4 novos programas, sendo que o #22, com uma versão com imagem, assinalou a participação da Fundação nas Jornadas Europeias da Arqueologia: #18: Manuel Graça Dias: Das dificuldades do Belo indizível (sobre Raúl Hestnes Ferreira, 1995) #19: Raúl Hestnes Ferreira: Manuel Graça Dias (1995) #20: Alfredo Matos Ferreira: Sala 35; Um guarda florestal patriota; Uma bala perdida (2012) #21: Manuel Marques de Aguiar: A Escola Francesa do Porto (1960) #22: Alexandre Alves Costa: Dedicado aos nossos amigos arqueólogos (2021) | Versão com imagem (Vímeo)
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… e nos meios audiovisuais - Para além dos múltiplos registo videográficos realizados pela Fundação Marques da Silva sobre ou no contexto de várias das iniciativas implementadas pela instituição e já referidas neste relatório, bem como as reportagens feitas por meios de comunicação que passaram pela instituição, a Fundação apoiou ainda Brown Bob Productions para a UKTV Play para a filmagem da segunda série do programa Architecture the Railways Built, que teve na Estação de S. Bento uma das protagonistas. Coube a André Tavares guiar Tim Dunn numa visita a esta obra projetada por Marques da Silva. O episódio foi transmitido em março deste ano. 1.3. A Fundação em rede: colaborações externas A cooperação com outras instituições ou entidades, nacionais ou internacionais, encontra-se inscrita no Plano Estratégico da Fundação Marques da Silva desde a sua criação em 2009. E desde então, sempre que possível, a Fundação tem vindo a estabelecer uma rede de ligações com entidades congéneres e a implementar uma prática colaborativa constante. Esta rede de contactos tem vindo a reforçar-se e a ampliar-se a cada ano, sinal de maturidade institucional da instituição e da validade da resposta que tem vindo a ser dada aos desafios enfrentados. Destaque-se que, em 2009, para além das instituições com as quais tem vindo a manter parcerias e colaborações continuadas, a Fundação passou também a fazer parte da Rede Portuguesa de Arte Contemporânea, um projeto coordenado pela Direção Regional de Cultura do Norte e que tem em vista a criação de uma plataforma de circulação, divulgação e promoção da arte contemporânea. De uma forma geral e na perspetiva da especificidade da Fundação Marques da Silva são iniciativas que permitem valorizar e reconhecer a importância dos arquivos de arquitetura e da sua relação com a construção dos vários territórios, assim como potenciar a participação de um número mais vasto de interlocutores e de públicos. Maioritariamente traduzem-se em apoios a projetos expositivos e editoriais, desde a cedência de conteúdos a apoios à divulgação, mas também abrangem colaborações ao nível de projetos de investigação. Em 2021, destacam-se então as seguintes iniciativas, mais uma vez elencadas com destaque para os 7 projetos expositivos que foram apoiados pela instituição e que, assim, ampliaram as possibilidades de divulgação da multiplicidade de registos do seu vasto património documental:
1.3.1 Exposições - A Arquitetura e a Cidade: 17 projetos que marcaram a construção da cidade da Maia Mês da Arquitetura da Maia #06 | Exposição, Encontro e Catálogo Centro Cívico e Fórum da Maia, curadoria de Sérgio Amorim e Nuno Lopes De 6 de abril a 16 de maio de 2021 Arquitetura e a Cidade: 17 projetos que marcaram a construção da Maia [uma leitura da construção do centro da cidade da Maia a partir das arquiteturas e do discurso dos seus arquitetos] foi o tema lançado pelos curadores da 6.ª edição do Mês de Arquitetura da Maia, Sérgio Amorim e Nuno Lopes, para a exposição que veio a ser inaugurada a 6 de abril, no Fórum desta mesma cidade, obra projetada por José Carlos Loureiro. Sobre este projeto,
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a Fundação Marques da Silva, este ano, uma das instituições parceiras, cedeu 14 registos digitais, que vieram a ser trabalhados posteriormente pelos curadores para este contexto expositivo específico. A 3 de maio, no Auditório, realizou-se ainda uma conversa aberta: Perspetivas sobre a Arquitetura e a Cidade, com a participação de Álvaro Domingues, Francisco Vieira de Campos e Mário Nuno Neves, moderada por Carlos Magno. O Catálogo viria a ser publicado já em 2022. - Paisagens e Arquitectura: da Vinha e do Vinho Jardins da Casa Cor-de-Rosa (FAUP), curadoria de Maria José Casanova, Carla Garrido e Filipa Guerreiro De 2 a 4 de julho de 2022 Esta exposição resultou de uma parceria entre a FAUP e a iniciativa ‘Simplesmente... vinho’, tendo sido realizada entre 2 e 4 de julho, nos jardins da Casa Cor-de-Rosa. Encontrava-se integrada num protocolo de colaboração entre as duas entidades que tem como finalidade divulgar os produtores independentes, maioritariamente de pequena dimensão, cabendo à FAUP, junto destes, divulgar projetos, obras e investigação desenvolvidos por elementos da comunidade FAUP (docentes, antigos docentes, investigadores e estudantes) relativos ao espaço da Vinha e do Vinho. A Fundação Marques da Silva cedeu para o efeito 2 registos digitais relativos ao projeto de Alfredo Matos Ferreira para a Quinta de Joanamigo, em Barca d’Alva. - Viana Praxis Conferências, Entrega de prémios e Exposição Município de Viana do Castelo – Antigos Paços do Concelho De 16 de julho a 5 de agosto de 2022 O Município de Viana do Castelo inaugurou, em 2021, a primeira edição de Viana Praxis, iniciativa que pretende distinguir e estimular profissionais, cujo trabalho incida sobre o território de Viana do Castelo, e que contempla a atribuição de um Prémio de Reabilitação Urbana e de um Prémio Carreira, a realização de um conjunto de Conferências em torno deste tema e a apresentação de uma Exposição nos Antigos Paços do Concelho. O Prémio Carreira desta primeira edição de Viana Praxis foi atribuído a Fernando Távora, num gesto de reconhecimento da qualidade e importância dos vários projetos desenvolvidos por este arquiteto para o Município de Viana do Castelo. A receber o Prémio esteve José Bernardo Távora, arquiteto que, para além de ser filho de Fernando Távora, colaborou ativamente nesses projetos. Nos Antigos Paços do Concelho, inaugurou também uma Exposição dedicada a Fernando Távora, com destaque para as obras construídas em Viana do Castelo, dando igualmente a ver os vários projetos candidatos ao Prémio Reabilitação Urbana. Esta exposição contou com o apoio da Fundação Marques da Silva, que cedeu 21 ficheiros digitais e validou a exposição da maqueta do projeto para os edifícios da Praça da Liberdade, da autoria de Fernando Távora. - At Play: Arquitectura e Jogo Garagem Sul do CCB, curadoria de David Malaud De 28 de setembro de 2021 a 30 de janeiro de 2022 A exposição At Play: Arquitetura & Jogo foi organizada pelo CCB/ Garagem Sul em colaboração com o CIVA, Bruxelas, e centra-se na ideia de «Criação de Mundos», na
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aproximação de duas personagens: o arquiteto e a criança. Nesta sua itinerância por Lisboa, passou a integrar também referências a projetos de Bartolomeu Costa Cabral, Fernando Lanhas, Manuel Graça Dias, Rui Goes Ferreira, Raúl Hestnes Ferreira e José Carlos Loureiro, arquitetos representados na Fundação Marques da Silva, uma das entidades apoiantes da exposição. Aí estiveram expostos 30 documentos provenientes do Centro de Documentação e 4 reproduções realizadas a partir de ficheiros digitais cedidos pela Fundação Marques da Silva. David Malaud assina a sua curadoria, mas o projeto, em Lisboa, contou também com os contributos de Nikolaus Hirsch, Cedric Libert, André Tavares e Ivo Poças Martins. - 10 Atos 100 Anos Salão Nobre do TNSJ, curadoria de Gabriella Casella e Francisco Providência De 22 de outubro 2021 a 27 de março de 2022 Um projeto pensado por Gabriella Casella, com instalação expositiva de Francisco Providência para exibir as “curvas do tempo” que o Teatro projetado por José Marques da Silva no início do séc. XX tem vindo a reunir e no que pode constituir uma prova de resistência e de ajustamento do edifício. Como não podia deixar de ser, o primeiro destes 10 Atos é dedicado ao momento que assiste à decisão de se reconstruir o teatro precedente e ao desenvolvimento do projeto de Marques da Silva, que culmina com a sua construção e inauguração em 1920. A Fundação Marques da Silva apoiou esta iniciativa através do empréstimo de 3 peças originais do projeto e de 36 registos digitais. - What? When? Why Not? Exposição e Colóquio Casa da Arquitectura, curadoria de Jorge Figueira e Bruno Gil De 29 de outubro de 2021 a 24 de abril de 2022 A exposição What? When? Why not? Portuguese Architecture surge no contexto do projeto de investigação “(EU)ROPA – Rise of Portuguese Architecture”, que tem na Fundação Marques da Silva uma das suas entidades parceiras. A exposição é reflexo público deste projeto de investigação que assim pretende identificar, problematizar e disseminar o conceito de “arquitetura portuguesa” no contexto nacional e internacional, confrontando a sua história, ideias e métodos, com um mundo em transformação, apresentando o tema em várias dimensões disciplinares e interdisciplinares, e convocando diversas sensibilidades. A exposição contempla a reprodução de múltiplos documentos provenientes do Arquivo da Fundação Marques da Silva, cedidos em momentos vários, e com mais 13 expressamente cedidos para este projeto expositivo. No âmbito desta exposição, a 30 de outubro, foi ainda realizado um colóquio internacional, onde, depois da apresentação realizada na Fundação Marques da Silva, em julho de 2019, Jorge Figueira e Bruno Gil, os coordenadores de (EU) ROPA - RIse of Portuguese Architecture, e os investigadores nucleares Ana Vaz Milheiro, Carlos Machado e Moura, Carolina Coelho, Eliana Sousa Santos, Gonçalo Canto Moniz, José António Bandeirinha, Luís Miguel Correia, Nuno Grande, Patrícia Santos Pedrosa e Rui Lobo voltaram a partilhar os resultados alcançados em cada uma das respetivas linhas de investigação. Os oradores convidados para este momento em particular foram Hans Ibelings, Cristiane Muniz e Fernando Viégas.
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- In Conflict Participação portuguesa na Bienal de Veneza, curadoria de Depa Archotects e Miguel Santos Exposição e Catálogo Veneza (2021) e Lisboa (2022) No âmbito da Representação Oficial Portuguesa da Biennale Architettura 2021, os curadores, o atelier depA architects (Carlos Azevedo, Luís Sobral e João Crisóstomo) e o curador-adjunto Miguel Santos, selecionaram dois projetos referentes a 2 arquitetos da Fundação Marques da Silva: Manuel Teles (Bairro do Aleixo) e Sergio Fernandez (Bairro do Leal). A Fundação cedeu as digitalizações do projeto para o Bairro do Leal e apoiou a libertação dos direitos de utilização pública de documentação relativa ao Bairro do Aleixo.
Em preparação A Direção Regional da Cultura/ Governo dos Açores está a preparar um ciclo de exposições que tem como finalidade valorizar o património artístico de temática religiosa da região, o qual terá a sua primeira exposição na Igreja de São Carlos de Angra do Heroísmo. A exposição que está em preparação e ficará patente ao público na própria igreja, pretende contribuir para a valorização do seu acervo patrimonial móvel bem como a dimensão arquitetónica do edifício projetado pelo Arquiteto Fernando Távora. A exposição deverá concretizar-se em 2022, tendo a Fundação Marques da Silva cedido já para o efeito 15 registos com a reprodução digital de várias peças desenhadas do projeto. Está igualmente em preparação a apresentação, em 2022, de uma exposição dos Desenhos de Viagem de Fernando Távora, organizada pelo Departamento de Arquitetura da Universidade de Bolonha – Alma Mater Studiorum / Campus Cesena, que ficará patente ao público na Galeria del Ridotto. A sua realização insere-se num conjunto mais alargado de ações que tem por finalidade celebrar o centenário do nascimento de Fernando Távora.
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1.3.2. Outras iniciativas: lançamentos, prémios, encontros, conferências - Disponibilização do Arquivo Digital de Bernardo Ferrão Plataforma AtoM A partir de agosto de 2022 Tal como já referido anteriormente, neste relatório, a partir da parceria estabelecida entre o Círculo Dr. José de Figueiredo – Amigos do MNSR, a Fundação Marques da Silva e a Universidade do Porto, o acervo digital do Eng.º Bernardo Ferrão, doado em 2017 ao Círculo, passou a estar alojado na plataforma AtoM, segundo os critérios estabelecidos para o Arquivo Digital da Fundação Marques da Silva. Bernardo Ferrão (1913-1982), irmão de Fernando Távora, engenheiro de formação e profissão, dedicou grande parte da sua vida ao estudo de mobiliário e cerâmica portuguesas, em particular das artes decorativas lusoorientais em Portugal, área onde veio a tornar-se um reconhecido colecionador e divulgador. A sua disponibilização virtual permite agora o acesso a esta coleção documental através de 297 entradas temáticas que, no seu conjunto, agregam milhares de imagens associadas a 450 unidades de descrição arquivística. - Os arquivos de arquitetos em Portugal: da organização à difusão da informação Simpósio em formato ditigal, CIDEHUS 21 de janeiro de 2021 Promovido pelo Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades da Universidade de Évora (CIDEHUS) sob a coordenação científica e moderação do investigador Paulo Batista e comentários do investigador Ricardo Agarez, este Simpósio, realizado durante um período de confinamento, congregou o contributo de 7 instituições portuguesas que trabalham com acervos de arquitetos/arquitetura. Em representação da Fundação Marques da Silva, participaram Luís Urbano e Armando Malheiro da Silva, membros do respetivo Conselho Diretivo. - Entrevista a Armando Malheiro e Luís Urbano Ciclo Os Serviços de Informação (in)Visíveis: da organização à difusão da informação, CIDEHUS 8 de março de 2021 Armando Malheiro da Silva e Luís Urbano, membros do Conselho Diretivo da Fundação Marques da Silva, foram entrevistados por Paulo Baptista (CIDEHUS) no âmbito do ciclo Os Serviços de Informação (in)Visíveis: da organização à difusão da informação, uma iniciativa que tem como objetivo contribuir para uma maior divulgação de arquivos, bibliotecas, centros de documentação e museus nacionais. - Raúl Leal: Filosofia e Literatura 2.º Seminário em formato digital, Instituto de Filosofia da FLUP 24 de março de 2021 Foi mais um seminário aberto sobre o projeto de investigação “Raúl Leal: Filosofia e Literatura”, que conta com a Fundação Marques da Silva como entidade parceira, promovido pelo Instituto de Filosofia da FLUP (Grupo de Investigação ““Raízes e Horizontes da Filosofia e da Cultura em Portugal”. Nesta sessão, Luísa Malato, Filipe Cortesão, Halwaro Carvalho
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Freire, Luís Ramos e Renato Epifânio abordaram múltiplas facetas da obra de Raúl Leal e fizeram um ponto de situação do inventário do espólio de Raul Leal, integrado no acervo de Fernando Távora, na Fundação Marques da Silva. - Tão longe, tão perto: Atelier 15 em diálogo com Luís Urbano FAU Encontros (S. Paulo) 28 de abril de 2021 Alexandre Alves Costa e Sergio Fernandez (Atelier 15) estiveram em diálogo com Luis Urbano, numa conversa mediada por Marta Bogéa. Foi o primeiro encontro de 2021 da série Tão longe, tão perto, programada no âmbito do FAU Encontros que decorreu em formato webinar, com transmissão simultânea entre Porto/Portugal e São Paulo Brasil, e pode ser acompanhado em livre acesso através do canal YouTube.
- What Women? Reflexões e Práticas Seminário em formato digital – CES e “W@ARCH” 5 de maio de 2021 É no contexto de “What Women?”, um dos 11 eixos temáticos do projeto (EU)ROPA - Rise of Portuguese architecture, pretende fazer um levantamento da emergência histórica e presença/ ausência das mulheres no contexto da arquitetura portuguesa, alargando a discussão à reflexão e à prática dos feminismos na história em Portugal que surge seminário, em formato online, divulgado com um cartaz feito a partir de um desenho de Maria José Marques da Silva, cedido pela Fundação Marques da Silva para o efeito. Organizado e com moderação dos Investigadores Principais dos projetos “(EU)ROPA” e “W@ARCH”, respetivamente Jorge Figueira e Patrícia Santos Pedrosa, contou com a participação de Adriana Bebiano, Ana Tostões e Irene Pimentel.
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- Projecto e Circunstância: a coerência na diversidade da obra de Rogério de Azevedo Lançamento do livro de Ana Alves Costa / Homenagem da Rogério de Azevedo, SABAFundação Marques da Silva-Edições Afrontamento - CMP Garagem Comércio do Porto, com representantes da Fundação Marques da Silva, da SABA, da CMP, da Associação de Comerciantes do Porto, a autora, os arquitetos Alexandre Alves Costa e José Miguel Rodrigues, e Helder Pacheco. Moderação de Carlos Magno 21 de junho de 2021 Projecto e Circunstância: a coerência na diversidade da obra de Rogério de Azevedo, de Ana Alves Costa e com prefácio de José Miguel Rodrigues, é mais um livro publicado em coedição entre a Fundação Marques da Silva e as Edições Afrontamento. O lançamento acabou por ser a pedra de toque da homenagem a Rogério de Azevedo que a SABA promoveu, a 21 de junho, na Garagem Comércio do Porto, um projeto icónico deste arquiteto portuense, discípulo de Marques da Silva, já classificado como Monumento de Interesse Público. - 17.º edição do Prémio Fernando Távora Lançamento e Anúncio do Vencedor Sede da OASRN, OASRN-FIMS-CMM-CA 7 de maio e 4 de outubro de 2021 O júri desta edição, presidido pelo Arq.to José Bernardo Távora, representante da Fundação Marques da Silva, e constituído pelo arquiteto Bruno Baldaia, pela economista Maria Luísa Tavares e Távora Pereira Coutinho, pelo diretor de Gestão do Território no Município de Matosinhos, o arquiteto Luís Berrance, e pela Prof.ª Doutora Isabel Pires de Lima, anunciou a 6 de outubro, como vencedor, João David Valério, com “Aldeias Modernistas. Edifícios de habitação de alta densidade a baixa altura na Suíça, nas décadas de 1950 a 1980”. Decidiu ainda atribuir duas menções honrosas às candidaturas de Pedro Luz Pinto e Adriano Niel. Na sessão, houve ainda lugar para uma breve apresentação do trabalho dos vencedores da 16ª edição, Carlos Machado e Moura e Pedro Abranches Vasconcelos e para a conferência de Isabel Pires de Lima, personalidade cultural de relevo convidada pela OASRN para integrar o júri deste ano do Prémio Fernando Távora. - Assinatura do Protocolo de Cooperação com a APJAR Fundação Marques da Silva 7 de julho 2021 Os representantes da Fundação Marques da Silva, Fátima Vieira (Presidente) e Luís Urbano (Vice-Presidente), e da Associação Pró-Arquitectura João Álvaro Rocha (APJAR), Conceição Melo (Presidente), assinaram, na Casa-Atelier José Marques da Silva, um Protocolo de Cooperação Institucional, pensado enquanto instrumento operacionalizador de ações a desenvolver conjuntamente pelas duas instituições, já que ambas partilham uma mesma matriz, assente na salvaguarda e disponibilização de Arquivos de Arquitetos. Este Protocolo veio assim formalizar e fixar essa vontade de estabelecimento de parcerias e colaborações futuras que visem incentivar a investigação, o intercâmbio cultural e a divulgação de conhecimentos em áreas de interesse comum.
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- MGD na TV: Sete sessões triplas de arquitetura pela mão de Manuel Graça Dias Centro Cultural de Belém – Garagem Sul, Pequeno Auditório 10 e 11 de setembro de 2021 “Entre 1992 e 1996, Manuel Graça Dias entrevistou arquitetos, mostrou edifícios, falou de cidades, apresentou obras e discutiu ideias”. Trouxe a arquitetura para a televisão. Com base neste legado, o Centro Cultural de Belém organizou um ciclo de 21 episódios da série televisiva gravada por Graça Dias, escolhidos e apresentados por 7 convidados: Alexandra Areia, Susana Menezes, João Luís Carrilho da Graça, Ana Vaz Milheiro, Ricardo Pedroso Lima, Mariana Salvador e João Botelho. Foram transmitidos durante dois dias, distribuídos por sete sessões triplas. Nesta iniciativa que tinha em vista recordar a “alegria, irreverência e entusiasmo de Manuel Graça Dias” não poderia deixar de receber todo o apoio da Fundação Marques da Silva, instituição a quem foi doado o seu acervo de arquitetura. - Documentação de uns para outros 1.as Jornadas Interdisciplinares, SMS-AMAP-CITCEM Sociedade Martins Sarmento (Guimarães) 23 de outubro de 2021 A Sociedade Martins Sarmento, no âmbito de um programa de sensibilização para a preservação de documentação pessoal, familiar e empresarial, promoveu as 1.as Jornadas Interdisciplinares Documentação de uns para todos, em colaboração com o Arquivo Municipal Alfredo Pimenta, a Casa de Sarmento e o CITCEM. Nestas Jornadas, participaram dois membros do Conselho Diretivo da Fundação Marques da Silva, Luís Urbano (Vice-Presidente) e Armando Malheiro, que também integrava a Comissão Organizadora desta iniciativa. - Atribuição do título de Membros Honorários a Maria José Marques da Silva e Rui Goes Ferreira Sede Nacional da Ordem dos Arquitetos (Lisboa) 22 de outubro de 2021 Com base na proposta de Conceição Melo (OASRN) e de Susana Jesus (OASRM), Maria José Marques da Silva e Rui Goes Ferreira tornaram-se, a título póstumo, Membros Honorários da Ordem dos Arquitetos. Os percursos destes dois arquitetos cruzam-se na Fundação Marques da Silva onde se encontram os respetivos acervos profissionais. Em representação da Fundação Marques da Silva e, simbolicamente, de Maria José Marques da Silva, esteve presente o Vice-Presidente da instituição, Luís Urbano. Em representação da família do arquiteto Rui Goes Ferreira, esteve a arquiteta Madalena Vidigal, sua neta, e a arquiteta Teresa Goes Ferreira, sua filha. - Apoio a conferencistas Num gesto de incentivo à investigação e em cumprimento da missão que a Fundação Marques da Silva tem, de contribuir para a valorização e disseminação da obra dos arquitetos representados no seu Centro de Documentação, foram apoiados vários conferencistas, cujas temáticas das suas comunicações davam conta de investigações realizadas a partir da documentação em arquivo na instituição:
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- Alexandra Saraiva, “The Competition for the Bastille Opera, the Portuguese proposals of Raúl Hestnes Ferreira, Alfredo Matos Ferreira and Manuel Graça Dias” (Colóquio Grands Projets: urban legacies of the late XX century, ISCTE, Lisboa, 17 a 19 de fevereiro 2021); - Beatriz Picolo, José Alberto Lage e Sérgio Moacir Marques, “CEFA/UP’S Design and Layout Experiences for the University of Aveiro and for the Polytechnic Institute of Viseu” (Colóquio Grands Projets: urban legacies of the late XX century, ISCTE, Lisboa, 17 a 19 de fevereiro 2021); - João Miguel Duarte e Maria João Soares, “Revisiting Alvar Aalto: a re-reading of the legacy of Fernando Távora through the Japanese culture” (4th Alvar Aalto Researchers’ Network Seminar – (Ever)green Alvar Aalto, maio de 2021); - Jorge Figueira, Apresentação da pesquisa sobre o trabalho académico de Maria José Marques da Silva (colóquio Organizar, Preservar e Comunicar a Memória da Arquitetura: os Arquitetos e os Arquivos de Arquitetura, CIDHUS – Évora, maio de 2021); “Anfiteatro da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (1993-2000), Fernando Távora” (Colóquio Coimbra 30-2030, 17 de novembro de 2021); - Raffaella Maddaluno, “Fernando Távora and the experience of the 1960 Tokyo World Design” (16th International Docomomo Conference Tokyo Japan, 2020/21 - Inheritable Resilience: Sharing Values of Global Modernities) Eduardo Fernandes, Távora’s House in Ofir; sustainability and vernacular knowledge” (Congresso ICSA 2022 - Aalborg University, 6 a 8 julho 2022) Em curso A Seção Regional da Madeira da Ordem dos Arquitetos, em resposta a um desafio lançado por Madalena Vidigal, tem em preparação um Mapa de Arquitetura sobre a obra construída de Rui Goes Ferreira na Madeira, território onde este arquiteto exerceu maioritariamente a sua ação. A iniciativa, que assim reconhece a importância e o carácter singular da sua arquitetura, terá uma página eletrónica associada ao projeto, vai contar com o apoio e cedência de conteúdos por parte da Fundação Marques da Silva. Está previsto o seu lançamento para 2022. Convénios com outras entidades para promoção de iniciativas de divulgação e desenvolvimento de projetos de investigação são uma prática constante da instituição que este ano, para além do acolhimento de investigadores dos Cursos de Arquitetura das Universidades do Porto, Coimbra e Minho, incluem ainda a extensão destes Protocolos de Colaboração ao Politecnico de Milão (sede em Milão e Pólo de Mântua), bem como ao Departamento de Arquitetura da Universidade de Bolonha – Alma Mater Studiorum / Campus Cesena e à Escuela Técnica Superior de Arquitectura de Madrid para desenvolvimento de projetos de interesse mútuo.
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1.4. A Fundação enquanto canal de divulgação A abertura a outras instituições e à comunidade em geral, excedendo o âmbito de relações protocolares ou associadas a projetos pontuais, pauta-se também pelo apoio à divulgação de outras ações e iniciativas, a pedido das entidades organizadores, sempre que estas, pelas suas circunstâncias ou áreas temáticas tenham sentido no que tem vindo a ser a área de ação da instituição. São gestos de apoio que assim complementam e ampliam o horizonte de intervenção da Fundação Marques da Silva e consolidam o trabalho de afirmação pública que tem vindo a ser nela desenvolvido, reforçando laços, estreitando afinidades de interesses e abrindo novas possibilidades de cooperação futura. Assim aconteceu com os seguintes eventos: - #UP200e40_1, organizado pela FAUP em comemoração dos 241 da ‘Aula de Debuxo e Desenho’ e 40 anos de Faculdade; - Lançamento do livro Anotações sobre o Abaixo-de-Cão: A Agricultura de Subsistência do Porto, de Margarida Quintã e Luís Ribeiro da Silva, na Galeria da Biodiversidade, em junho; - Atribuição a Alexandre Alves Costa, membro do Conselho Geral da Fundação Marques da Silva, da Medalha de Mérito da Cidade do Porto - Grau Ouro, em julho; - Ciclo Mário Bonito 100anos, nas várias iniciativas programadas pelos seus organizadores, MATÉRIA. Conferências Brancas (José Miguel Rodrigues, Helder Casal Ribeiro e Pedro Borges de Araújo) e FAUP; - IST ARCH Week Fall 2021, no Anfiteatro Abreu Faro do IST, em novembro, Wilfried Wang (University of Texas at Austin) e Mar Loren (Escuela de Arquitectura de la Universidad de Sevilla).
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2. Atividade editorial O ano de 2021 foi particularmente dinâmico no que se refere ao lançamento de novos livros, com a entrada no mercado livreiro (nacional e internacional) de 6 novos livros com chancela da Fundação, o lançamento de uma nova publicação em formato digital, de acesso livre, o lançamento de uma edição em Itália, e com o início do processo de produção de mais 11 títulos, a editar entre 2022/3. Isto significa que a Fundação Marques da Silva, em termos editoriais, nestes 11 anos de atividade, acrescentou ao ponto de partida - 5 catálogos de exposições, 1 monografia, a tese basilar de António Cardoso e um conjunto de 6 litografia lançados pelo ainda Instituto Arquiteto José Marques da Silva – 26 publicações impressas (onde não se encontram contabilizados apoios a publicações externas), 25 publicações em formato digital e de livre acesso, 2 cadernos de notas e um puzzle. Durante o ano de 2021 foi ainda trabalhada uma possível linha de merchandising a partir de peças desenhadas de José Marques da Silva que se tentará materializar em 2022. Números que confirmam a importância atribuída à vertente editorial pela Fundação Marques da Silva, enquanto instrumento privilegiado de valorização dos seus acervos e na divulgação de conhecimento. A sua multiplicidade encontra-se unificada na vontade de individualmente ou no conjunto das coleções onde se integram contribuírem para a construção e democratização do conhecimento que tem vindo e continua a ser alcançado nos campos disciplinares de ação prioritária desta instituição: Arquitetura, Urbanismo e Património. Continua a destacarse a parceria que tem vindo a ser estabelecida com as Edições Afrontamento, não só no que significa a possibilidade de concretização gráfica de muitos destes projetos editoriais, como a possibilidade de estes circularem amplamente no circuito comercial nacional, através da sua distribuidora Companhia das Artes. Este gesto tem vindo a ser estendido a outras editoras nacionais, caso da Circo de Ideias, e editoras internacionais para publicação, nas respetivas línguas de origem, de obras de Fernando Távora. Paralelamente, são cada vez mais os títulos publicados com o apoio da Fundação Marques da Silva ou com a inclusão de conteúdos por si cedidos, de catálogos de exposições, a livros de atas de colóquios ou trabalhos autorais, muitos deles da autoria de investigadores cujas pesquisas passaram pela frequência do Centro de Documentação da Fundação Marques da Silva. Este esforço editorial tem sido acompanhado pela necessidade de garantir a difusão destes títulos a um público o mais abrangente possível, sendo que a abertura em 2020, de uma loja in situ representou um contributo importante na concretização deste objetivo, ultrapassando, aliás, o âmbito interno já que nela é possível adquirir mais 22 títulos em consignação, publicados por 10 autores/editoras, relativos a temáticas que se cruzam, entre outras, com o teor das exposições que a Fundação Marques da Silva vai tendo patentes ao público. Nos circuitos comerciais, a Fundação Marques da Silva tem os seus próprios livros distribuídos em regime de consignação por 24 pontos de venda (Porto e Lisboa), uma rede estrategicamente selecionada. Complementarmente, através da sua loja online, continua a vender a uma escala nacional e internacional, a clientes individuais, mas também para representantes de instituições distribuidoras/livrarias. A participação em Feiras do Livro, de Porto e Lisboa continuou a ser assegurada.
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2.1. Projetos desenvolvidos no âmbito da Fundação Impressos em final de dezembro de 2020: - “‘O meu caso’ . Arquitectura, imperativo ético do ser, 1937-1947”, volume 1, tomo I.I do projeto editorial As raízes e os Frutos. palavra desenho obra (1937-2001), com investigação, organização e notas de Manuel Mendes. A partir de um laborioso trabalho de pesquisa, mapeamento, descodificação, ordenação e cruzamento de um vasto corpo de documentos e notas produzidos por Fernando Távora ao longo do tempo e nas mais distintas circunstâncias, é o primeiro das 8 unidades de um projeto que, no seu conjunto, materializará a publicação do livro ideado por Fernando Távora. Esta edição da Fundação Marques da Silva foi publicada em parceria com a FAUP e a U. Porto Press. - Do Projeto Clássico à Memória da Ordem: Percurso de um Arquiteto, de José Ignácio Linazasoro, com tradução de Paula Abrunhosa. É o 13 título a ser publicado no âmbito da coleção Conferências Arquiteto Marques da Silva, uma linha editorial da Fundação Marques da Silva, e o primeiro ensaio publicado em língua portuguesa de José Ignacio Linazasoro. Aqui, o autor regressa às suas primeiras obras e considerações teóricas para dar a ver o seu percurso de arquiteto.
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Fundação Marques da Silva
Impressos e lançados em 2021: - Dell’ organizzazione dello spazio, de Fernando Távora, isto é, Da organização do espaço, traduzido para língua italiana por Carlotta Torricelli, foi lançado em Itália a 20 de maio, pela Editora Nottetempo. Um projeto que contou com o apoio da Fundação Marques da Silva e da família de Fernando Távora, e um importante contributo para a internacionalização da obra teórica deste arquiteto. - Projeto e circunstância. A coerência na obra de Rogério de Azevedo, de Ana Alves Costa, em coedição com as Edições Afrontamento. Neste livro, a autora interpretou de forma inovadora o legado de um arquiteto que urge (re)descobrir. O seu lançamento decorreu a 14 de junho, integrado numa homenagem a Rogério de Azevedo, promovida pela Saba, na Garagem do Comércio. A apresentação esteve a cargo de Alexandre Alves Costa e José Miguel Rodrigues, autor do prefácio. - A Escrita do Porto: Antecedentes, de Eduardo Fernandes, é o primeiro fascículo do conjunto de 10 que formam a coleção A Escolha do Porto, contributos para a actualização de uma ideia de Escola. O livro, com prefácio de Sergio Fernandez foi editado em parceria pela Fundação Marques da Silva, as Edições Afrontamento com o apoio do Lab2PTLaboratório de Paisagens, Património e Território da Universidade do Minho e do Centro de Documentação da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto. Nele, o autor aborda o contexto da arquitetura portuguesa na primeira metade do século XX, revisitando o legado de Marques da Silva, o dilema da primeira geração moderna e o legado de Carlos Ramos. O seu lançamento decorreu na Fundação Marques da Silva a 2 de julho, com a participação de Sergio Fernandez e Paulo Tormenta Pinto. - Foi, ainda em 2021, assegurada uma segunda edição de “Prólogo”, o primeiro volume da coleção Fernando Távora: ‘minha casa’, entretanto esgotado. Esta foi uma linha editorial lançada em 2013, numa parceria que reuniu a Fundação Marques da Silva, a FAUP e a Reitoria da Universidade do Porto. Impressos e com lançamento previsto para 2022: - Uma vida de arquiteto, de Giorgio Grassi e com tradução, notas e prefácio de José Miguel Rodrigues, o terceiro volume da coleção Giorgio Grassi, opera omnia sic a ser publicado em parceria pela Fundação Marques da Silva e Edições Afrontamento. Neste livro, o autor faz uma análise retrospetiva da sua vida, fazendo-a acompanhar de um registo da obra projetada e construída, uma espécie de guia explicativo do seu trabalho, e por um álbum de amigos, aqueles que, diz-nos, teve a sorte de encontrar, como Fernando Távora, no Porto, ou Saenz de Oiza na’La Granja’. O seu lançamento foi agendado para 25 de março de 2022. - Vill’ Alcina, de Germana Lópes Souza, editado pela Fundação Marques da Silva. Escrito na primeira pessoa, num tom poético, este livro com acabamento personalizado, relata a experiência de conhecer a casa Vill’Alcina, projetada pelo arquiteto Sérgio Fernandez e construída em 1974 em Caminha, norte de Portugal. Uma sessão de lançamento será programada em 2022.
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Publicações em formato digital - S. Torcato, a construção de um Santuário: Leitura do projeto a partir do espólio de Marques da Silva, de João Luís Marques. Uma edição em formato digital, que fixa o teor da conferência apresentada pelo autor no ciclo organizado pela Irmandade de S. Torcato, Olhares sobre S. Torcato. A investigação então realizada veio revelar a história o desenho arquitetónico deste lugar que foi sendo projetado até muito recentemente, já que, para a obra que hoje se pode contemplar, elevada em 2021 à categoria de Basília Menor, fruto de uma rede internacional tecida no século XIX, contribuíram vários arquitetos, entre eles, José Marques da Silva, que a acompanhou desde 1896 até ao final da sua vida, sendo Maria José Marques da Silva e David Moreira da Silva a continuar e concluir a obra.
Em preparação - Argumentos 1: em deriva, de Alexandre Alves Costa, livro a ser publicado pela Fundação Marques da Silva em parceria com a U. Porto Press e que será integrado na Coleção Transversal. São textos “em deriva”, distribuídos por 5 capítulos: memórias, cidadania, outros territórios, livros, e arquitetura, cidade e território. Textos que expressam o desejo de experiência da beleza, da justiça e da liberdade. - A Escrita do Porto: Construção de uma Identidade, de Eduardo Fernandes, o segundo fascículo a editar no âmbito da coleção A Escolha do Porto, contributos para a actualização de uma ideia de Escola. O livro, com prefácio de Jorge Correia, à imagem do anterior, será editado em parceria pela Fundação Marques da Silva, as Edições Afrontamento com o apoio do Lab2PT- Laboratório de Paisagens, Património e Território da Universidade do Minho e do Centro de Documentação da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto. Nele serão abordadas as questões que o autor associa à génese da “Escrita do Porto” (neste contexto, a palavra “escrita” é entendida como registo de uma ideia emergente), indissociável da figura de Fernando Távora e da sua obra teórica, desenhada e construída. - Teoria e Desenho da Arquitectura em Portugal, 1956-1974: Nuno Portas e Pedro Vieira de Almeida, de Tiago Lopes Dias, livro a publicar pela Fundação Marques da Silva em parceria com as Edições Afrontamento. Este livro representa a passagem a livro da tese de doutoramento do autor, apresentada na Universidat Politècnica de Catalalunya, em 2017. Trabalho de investigação que partiu de partiu de uma hipótese que pretende questionar as leituras canónicas da arquitetura portuguesa como prática essencialmente empírica e intuitiva, mas não independente de uma estruturação teórica que conheceu um desenvolvimento ímpar nos anos 1960. - Está igualmente em preparação a publicação do tomo I.II do volume 1, do projeto editorial As raízes e os Frutos. palavra desenho obra (1937-2001), com investigação, organização e notas de Manuel Mendes. Esta segunda unidade, em continuidade da unidade já publicada, dá notícia do estudo compreendido por Fernando Távora entre 1944 e 47, e registado em manuscritos próprios e em anotações de livros da sua biblioteca. Este projeto editorial é materializado pela parceria estabelecida entre a Fundação Marques da Silva, a FAUP e a U. Porto Press.
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- No âmbito do projeto Giorgio Grassi Opera omnia sic, que tem em vista traduzir para português toda a obra escrita de Giorgio Grassi, com coordenação científica, tradução e notas de José Miguel Rodrigues, estão em preparação mais dois volumes: #1 A contrução lógica da arquitectura e #2 A arquitectura como ofício, seguido de Heinrich Tessenow, Observações Elementares sobre o Construir. Esta coleção é coeditada pela Fundação Marques da Silva e as Edições Afrontamento. - Novo Antigo, coordenado por Teresa Cunha e com a participação de David Ordoñez e Eleonora Fantini, a publicar em coedição pela FAUP, Fundação Marques da Silva e Edições Afrontamento. É um projeto que pretende introduzir um novo e mais profundo olhar sobre práticas de intervenção no construído, ao documentar todo o seu processo (o antes, durante, depois) e não apenas o resultado final, como é prática frequente nas publicações da especialidade. A investigação já realizada centra-se na obra de Fernando Távora e Alcino Soutinho, com lançamento previsto para 2022. - Tradução para língua inglesa dos escritos de Fernando Távora Da Organização do Espaço e O Problema da Casa Portuguesa, projeto a desenvolver pelo Politécnico de Milão, Polo Territoriale di Mantova, com a editora Franco Angeli, e que conta com o apoio da Fundação Marques da Silva e da família de Fernando Távora. - Tradução para língua italiana do Diário da viagem de 1960 de Fernando Távora. Um projeto coordenado por Antonio Esposito e Giovanni Leone, com a colaboração de Raffaella Maddaluno, a editar pela Universidade de Bolonha, com o apoio da Fundação Marques da Silva e da família de Fernando Távora. - Tradução para língua francesa do texto de Fernando Távora Da Organização do Espaço com tradução de François Dufaux, projeto a desenvolver pela editora Parenthèse que conta com o apoio da Fundação Marques da Silva e da família de Fernando Távora.
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Quadro Síntese de linhas editoriais e número de publicações lançadas pela Fundação Marques da Silva (individualmente ou em parceria)
Edições Impressas -32-
Edições Digitais -25-
Merchandising Traduções -9-2-
-7- chancela IMS (2 títulos esgotados)
-3- mapas de arquitectura
-6- Litografias IMS
(2 reeditados)
(1 esgotada)
-7- Conferências Arquiteto José Marques da -2- catálogos
-2- cadernos de notas
Silva (1 título esgotado)
(1 reeditado)
-4- Monografias José Marques da Silva
-5- centenário da Avenida
-3- Fernando Távora: ‘minha casa’
-10- textos de conferências/
(1 reeditado)
comunicações
-3- Giorgio Grassi, opera omnia sic
-3- textos soltos
-1- As raízes e os Frutos
-1- Roteiro de viagem
-1- A escrita do Porto
-1- tese
-1- puzzle
-1- espanhol
-1- italiano -
-5- Trabalhos académicos/ livros de arquitetura -1- Outros
Em preparação
Edições Impressas -7-
Edições Digitais
Merchandising Traduções -4-
-1- Argumentos/coleção Transversal
2 italiano
-1- A escrita do Porto
1 francês
-2- Giorgio Grassi, opera omnia sic
1 inglês
-1- As raízes e os frutos -1- Trabalhos académicos/ livros de arquitetura -1- Novo Antigo
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Fundação Marques da Silva
2.2. Distribuição comercial e ações promocionais A Fundação Marques da Silva continuou, ao longo de 2020, a garantir a circulação das suas edições, através de uma rede que conta com 25 pontos de distribuição, se incluirmos a própria Fundação, com um ponto de venda físico e a loja online. No total, a Fundação Marques da Silva mantém 50 títulos em consignação, traduzidos em 658 exemplares distribuídos pelos seguintes pontos de venda:
Quadro Síntese
Porto (cidade/distrito)
Lisboa
Coimbra
Outros locais
Plataformas Digitais
27 AEFAUP
13 A+A
1 CES
1 Theatro Circo
3 Wook
(68)
(27)
(19)
(16)
(6)
12 Serralves
25 BLAU
1 CAPC
3 Museu Ferroviário
10 Quântica
(26)
(70)
(7)
(10)
(18)
7 CP
1 TDM II
2 mbooks
(34)
(2)
(2)
9 I2ADS
16 DGLAB
(9)
(69)
14 Circo de Ideias (37) 9 DGLAB ADP (9) 26 Loja UP (52) 11 ACA (22) 6 Museu do Carro Elétrico (12) 2 U.Porto Press (79) 19 Livraria Juvenil (22)
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Para além dos títulos, cadernos de notas, cartazes e puzzle com chancela da instituição, a Fundação acolhe, em regime de consignação, 22 títulos sobre temas ligados a arquitetos ou à arquitetura portuguesa, dos seguintes autores/editoras: J. Carlos Loureiro (1); Ana Cotter (1); editora Dafne (6); livraria A+A (7); Edições Afrontamento (1); da editora “a.mag” (1); de Álvaro Leite Siza (1); AMDJAC - A Mochila do João, Associação Cultural (1); Tchoban Foundation (1); Circo de Ideias (2). Sempre que possível, a FIMS participa em ações promocionais e/ou de divulgação editorial, bem como incentiva a criação de laços de cooperação com outras entidades, de forma a promover canais de comunicação e difusão das publicações FIMS. Em 2021, continuou a marcar presença nas Feiras do Livro: em Lisboa (de 26 de agosto a 12 de setembro), no Parque Eduardo VII, no Pavilhão da Blau e das Edições Afrontamento; e no Porto (de 27 de agosto a 12 de setembro) nos jardins do Palácio de Cristal, no Pavilhão da U. Porto Press e das Edições Afrontamento. Reconhecendo, apesar do esforço que tem vindo a ser empreendido, que as estruturas de venda ainda revelam uma escala contida de circulação comercial, não deixa de ser significativo que, ao longo de 2021 tenham sido vendidos cerca de duas centenas e meia de livros, com 37,8% das vendas a serem realizadas na ou pela Fundação e os restantes, 62,2%, através das consignações em vigor. Estes números representaram um aumento de vendas na ordem dos 125,2% face ao ano anterior, contudo, a sua leitura deverá ter em consideração o facto de, em 2020, as livrarias terem estado fechadas por períodos de tempo mais extensos.
2.3. Apoios a projetos editoriais externos A documentação contida nos acervos à salvaguarda da Fundação Marques da Silva é frequentemente requisitada para cedência de imagens digitais para publicações de caráter científico ou de divulgação, académicas ou para finalidade comercial, de caráter nacional e internacional. Só em 2021, 51 investigadores requisitaram conteúdos digitais, a apresentar no âmbito dos seus trabalhos académicos, assim como se cederam conteúdos para projetos editorais externos, entre esses e para além das conferências entretanto citadas e igualmente alvo de publicação, destaque para: - André Tavares, Artigo a publicar em Arquivos, historiografias da arquitetura e do urbanismo e memórias da cidade, “Euforia e pragmatismo: utilizando arquivos arquitetónicos”; e Vitruvius in absentia (2 publicações, uma para Circo de Ideias e outro para a GTA Verlag); - David Ordoñez, artigo para o Journal of Sustainable Development and Planning, “Adaptive reuse of Manor Houses: Modernism and Tradition in Fernando Távora’s Approach for Heritage Renovation”; - Domingos Tavares, Aveiro Atlas: Edifício Fernando Távora; - Fernando Cerqueira Barros, Arquitecturas de Veraneio no litoral de Vila Nova de Gaia.
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3. Gestão de plataformas virtuais de comunicação O notório aumento de visibilidade pública verificado em 2020, com um claro reforço na produção de conteúdos digitais e da utilização de plataformas digitais para divulgação de iniciativas e conteúdos informacionais relativos ao património documental e às atividades desenvolvidas na Fundação, foi consolidado em 2021, também ele um ano onde se continuou a fazer sentir os efeitos das medidas sanitárias de contenção à pandemia. E os números, de visitantes presenciais e de visitantes e utilizadores virtuais, vieram confirmar essa tendência, tal como o interesse gerado pela atividade desenvolvida, não obstante os parcos recursos tecnológicos e de recursos humanos que a instituição tem à sua disposição. No entanto, recorrendo a estratégias diversificadas, a Fundação Marques da Silva foi criando condições e propondo ações que dessem a conhecer ao maior número de pessoas e não apenas aos investigadores, a singularidade dos espaços onde se encontra sedeada e a riqueza dos acervos da instituição, num convite alargado a todos para os visitarem, das casas aos jardins, e assim conhecerem melhor a instituição, a sua missão e trabalho, enquanto usufruem da experiência única de um olhar direto e pessoal sobre este património material e imaterial únicos. As linhas orientadoras mantiveram-se, contudo, constantes: difundir, promover, partilhar conhecimento e a atividade da instituição através de notícias que não abdicam de um sentido de rigor e de procura de um sentido de atualidade. Por inerência, as matérias foram inevitavelmente centradas nas atividades desenvolvidas na Fundação ou a partir da Fundação, o mesmo é dizer, sobre matérias referentes ao universo da Arquitetura e Urbanismo, em sentido lato, e sobre a obra e percurso de arquitetos documentados no Centro de Documentação da Fundação, mais especificamente. Em termos genéricos, para além das atividades já mencionadas (em torno das exposições e de outras iniciativas promovidas pela Fundação já especificadas neste relatório, em II. 1.2.3), sempre com incidência preferencial nos conteúdos informativos dos seus acervos documentais (documentação em arquivo, de peças desenhadas a maquetas, fotografias, correspondência, …), a Fundação Marques da Silva publicou c. de 150 notícias/destaques e 9 Newsletters. Assinalou, pois, os aniversários de 23 arquitetos: Manuel Marques de Aguiar (desenho de Paris), Carlos Carvalho Dias (fotografia da maqueta das Casas de Praia de Moledo) e David Moreira da Silva (desenho académico de Paris), em janeiro; Alexandre Alves Costa (autorretrato) e Bartolomeu Costa Cabral (fotografia da maqueta da Casa da Travessa da Oliveira, em Moledo), em fevereiro; Alfredo Matos Ferreira (desenho do projeto para o Departamento de Física, em Aveiro); Luiz Botelho Dias (fotografia dos arquitetos que partilhavam atelier na Rua Duque da Terceira) e Mário Bonito (desenhos de cenário para o Teatro Experimental do Porto), em março; Manuel Graça Dias (Projeto para a rua dos Dragões, em Chaves), Sergio Fernandez (citação do Diário de Campo do seu CODA, em Rio de Onor) e António Menéres (fotografia em Urros e na Boa Nova), em abril; João Queiroz (biblioteca profissional), em junho; Octávio Lixa Filgueiras (desenho para o arranjo para o Bank of London & South America, Ltd.) e Fernando Távora (uma janela no tempo [casa dos 24] e fotografia de reunião de trabalho para o projeto da Quinta da Conceição), em agosto; Maria José Marques da Silva (desenho para o edifício Miradouro) e Fernando Lanhas
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(desenho do Lavadouro público de Milheirós de Poiares), em setembro; José Porto (Concurso para a Igreja do Sagrado Coração de Jesus) e José Marques da Silva (desenho da Opera Comique), em outubro; Alcino Soutinho (desenho para a Efanor), Rui Goes Ferreira (anúncio de futuro Mapa de Arquitetura e desenho do conjunto habitacional de Porto Santo) e Raúl Hestnes Ferreira (fotografias da remodelação do Museu de Évora), em novembro; José Carlos Loureiro (desenho e fotografia da Casa-Atelier para Júlio Resende) e Alfredo Leal Machado (fotografia n.d.), em dezembro. Acresce ainda a sinalização do Dia Mundial da Leitura em Voz Alta (1 de fevereiro, com Escritos Escolhidos); o Carnaval (recorrendo ao acervo de José Marques da Silva); o Dia Internacional da Mulher (recorrendo ao acervo de Maria José Marques da Silva); o Dia Mundial da Poesia (recorrendo ao acervo de Fernando Távora); o Dia Mundial do Teatro (recorrendo ao acervo de Manuel Graça Dias e Egas José Vieira); a Páscoa (acervo de José Marques da Silva); o Dia Mundial do Livro (recorrendo ao acervo de Manuel Marques de Aguiar); o Dia Mundial da Dança (recorrendo ao acervo de Alcino Soutinho); o Dia Mundial da Fotografia (recorrendo ao acervo de Rui Goes Ferreira); bem como participou na celebração dos 241 anos da primeira Aula de Debuxo e Desenho, promovida pela FAUP. E destaca-se aqui, por ter incidido especificamente sobre as redes sociais, a iniciativa Zoom in, com a partilha de 63 fotografias de João Lima a partir dos espaços-sede da Fundação. Em 2021, registou-se um total acumulado de 990 visitantes no acesso aos vários projetos expositivos (número que deve ser significativamente ampliado quando associado aos participantes nas várias iniciativas aqui realizadas – inaugurações, lançamentos, encontros, conferências). A incidência, aos sábados, validou a opção de a instituição manter o horário proposto de visita ao público em geral, de segunda a sábado, entre as 14h e as 18h, como o quadro documenta:
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Mas as presenças virtuais, como os números a seguir indicados, continuam a manifestar uma notória tendência de crescimento. Assim, em 2021, com cerca de centena e meia de notícias/ destaques publicados nas 4 plataformas de divulgação generalizada, utilizadas pela Fundação Marques da Silva (Website, Facebook, Twitter e Instagram), foram contabilizadas as seguintes entradas (valores acumulados): - Website - 258.573 - Facebook - 6.729 - Twitter - 395 - Instagram - 1.472 Com uma imagem gráfica renovada em final de 2020, foram publicadas 9 Newsletter, publicadas nas plataformas digitais e redes sociais, mas também veiculadas através de correio eletrónico individualizado. A plataforma da Casa Comum e a ligação ao Spotify ampliou ainda as possibilidades de os podcasts da Fundação Marques da Silva (Escritos Escolhidos e Passa-a-Palavra: falemos de arquitetura) cruzarem e chegarem a públicos mais alargados. Apesar de apenas terem sido emitidos 5 novos episódios de Escritos Escolhidos, todos os programas continuaram a ser ouvidos, sendo, por diversas vezes, os que atingiram um maior índice de audiências.
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III. PATRIMÓNIO EDIFICADO
Existe um valor patrimonial material e simbólico associado aos imóveis onde a Fundação Marques da Silva se encontra instalada ou que tem sob sua gestão. São eles também a principal base de sustentação da instituição. A Fundação encontra-se sedeada num singular conjunto formado pela Casa-Atelier, projetada por José Marques da Silva em 1909 e reabilitada em 2015 pelo Atelier 15 (Alexandre Alves Costa e Sergio Fernandez), e pelo Palacete contíguo, de finais do século XIX, também anteriormente pertencente e habitado pela família, onde se agregam já intervenções de Marques da Silva (1906), Centro de Estudos da Faculdade de Arquitectura (Francisco Barata e Nuno Valentim, [2009]), e Atelier 15 (2011 e 2019). Espaços desenhados para serem habitados, mas onde funcionaram espaços de trabalho e que provam agora a sua capacidade de ajustamento a uma nova realidade: sede da Fundação Marques da Silva. Nos jardins que circundam estas casas, indissociáveis do espaço construído e onde se destacam as numerosas japoneiras, situa-se ainda um Pavilhão, reconvertido em 2008 pelo Centro de Estudos da Faculdade de Arquitectura (Francisco Barata e Nuno Valentim) em depósito de documentação de arquitetura. É nestes jardins, que a Fundação Marques da Silva está a desenvolver todos os esforços no sentido de aí construir um edifício de raiz para acolhimento do Centro de Documentação, projetado pelo arquiteto Álvaro Siza e onde se reunirá, não só o acervo documental da instituição como, futuramente, o acerco documental do Centro de Documentação de Arquitetura e Urbanismo da FAUP.
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Estas duas casas e respetivos jardins acolhem a base operacional da instituição, sendo nelas que se processa o desenvolvimento de parte substancial das suas atividades e o acolhimento físico de todos aqueles que a procuram ou visitam. Perante esta confluência de significados, práticos e simbólicos, a sua manutenção, reabilitação e capacitação permanente é uma prática constante e considerada prioritária. Os restantes imóveis, edifícios projetados desde o primeiro momento para serem edifícios de rendimento por José Marques da Silva, caso do edifício situado na rua das Carmelitas e do edifício da rua Alexandre Braga, ou, em Barcelos, do edifício localizado no gaveto formado pelas ruas António Barroso e Barjona de Freitas, aos quais acrescem outros imóveis situados no Porto (rua Ferreira Borges, Comércio do Porto e Visconde de Setúbal) pertencentes à família, por ocasião da doação à Universidade do Porto, servem agora de referências arquitetónicas do trabalho desenvolvido pelos seus autores, mas constituem simultaneamente a principal fonte de rendimento para a gestão corrente da Instituição. Por isso, garantir a sua manutenção, valorização e preservação arquitetónicas, modernização e rentabilização é igualmente constante e basilar na consecução deste projeto institucional. O plano de intervenções nestes imóveis, que se pretende pragmático e exemplar de boas práticas, é anualmente decidido em função do Plano Estratégico e do Plano de Atividades. A Fundação Marques da Silva continua ainda a manter um olhar atento à dinâmica de transformação do espaço urbano, bem como a obras de arquitetura da autoria de arquitetos representados nesta Fundação, seja através da elaboração de pareceres e proposição de processos de classificação patrimonial ou na promoção de espaços de diálogo que potenciem uma outra consciência e atuação sobre o património arquitetónico.
1. Casas-Sede da Fundação Marques da Silva A sede da Fundação Marques da Silva, formada pela Casa-Atelier José Marques da Silva e pelo Palacete que tem vindo a ser identificado como Palacete Lopes Martins, em reconhecimento da família que o compra em 1886 a Narciso José da Silva e à qual pertencia Júlia Lopes Martins, com quem José Marques da Silva acabaria por contrair matrimónio, estão implantados no lote delimitado pela Rua de Latino Coelho, a sul, a Rua de Gil Vicente, a este, a Praça do Marquês de Pombal, a oeste, e construções existentes, nomeadamente a sucursal da Caixa Geral dos Depósitos, a norte. Para a história arquitetónica destes espaços acrescem as posteriores intervenções de que têm vindo a ser alvo nos tempos mais recentes, ou seja, após 2009, ano da reconversão em Fundação do projeto institucional que assumiu a sua gestão em 1995, o Instituto Arquitecto José Marques da Silva. Surgem assim, associados aos nomes de José Marques da Silva e do casal Maria José Marques da Silva e David Moreira da Silva, os nomes de Francisco Barata Fernandes e Nuno Valentim, de Alexandre Alves Costa e Sergio Fernandez. Enquanto base operacional de ações, aqui se acolhem os espaços técnicos, administrativos e públicos requisitados pela natureza desta instituição, isto é: áreas de depósito, áreas de limpeza e restauro, gabinetes de trabalho e de reunião, áreas expositivas, áreas com funções de auditório. A manutenção dos jardins, enquanto aguardam um projeto de requalificação, é igualmente fundamental, seja pelo que decorre da obrigação de os cuidar, enquanto peças de caracterização deste conjunto, seja porque são lugares de visita e de acolhimento de iniciativas que vão assumindo as mais variadas formas.
Relatório de atividades e gestão - 2021
Durante o ano de 2021, a Fundação Marques da Silva efetuou diversos trabalhos de manutenção no Palacete Lopes Martins, nomeadamente a reabilitação de caixilharias exteriores, assim como pequenas intervenções exteriores decorrentes da utilização de alguns dos espaços para projetos expositivos diferenciados.
2. Outros imóveis: Porto e Barcelos A passagem do tempo transporta consigo um inevitável desgaste no património construído, somando-se muitas vezes circunstâncias aleatórias que vão provocando danos. Impondo-se uma resposta aos vários problemas detetados ao longo de 2020, seja em função de uma satisfação das necessidades dos inquilinos, seja para reparação e valorização dos imóveis. Nesta medida, foram efetuadas diversas intervenções, a seguir discriminadas: - Intervenções nos prédios da Rua das Carmelitas e da Rua de Ferreira Borges, no Porto, na sequência da reclamação de vários inquilinos. -Reabilitação de diversas caixilharias exteriores no prédio da Rua de Barjona de Freitas, em Barcelos.
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IV. CONTAS
O ano de 2021 continuou a ser marcado pela pandemia da doença COVID-19. As medidas decretadas pelo Governo para combate à pandemia, nomeadamente o encerramento dos estabelecimentos comerciais e dos equipamentos culturais, em prolongados períodos do ano, tiveram diversas consequências ao nível da receita e da despesa. Ao nível da receita, verificou-se uma ligeira recuperação na venda de bens e serviços, tanto ao nível dos livros e produtos de merchandising como dos ingressos nas exposições e realização de visitas guiadas. Houve, no entanto, um impacto negativo na receita de rendas de 9.486 € devido ao incêndio ocorrido no imóvel da Rua de Visconde Setúbal, 76, no Porto, e à decisão de desocupar o imóvel, recuperando-o para albergar temporariamente alguns bens da Fundação. Também a despesa se ressentiu uma vez que o inquilino foi indemnizado no montante de 8.892 € para revogar o seu contrato de arrendamento. Ao nível da despesa, prosseguiu o esforço no reforço dos meios de divulgação digitais e na realização de trabalhos de higienização, conservação, restauro e digitalização dos acervos, que permitiu e irá permitir no futuro a sua disponibilização por meios digitais. Foi também contratada uma empresa externa, pelo valor de 18.450 €, para assessoria na redefinição estratégica da Fundação e apoio na candidatura a novas oportunidades de financiamento.
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Apesar da pandemia, da dificuldade acrescida na sua cobrança, na existência de alguns acordos pontuais de redução e carência de rendas, à falta de cobrança já referida referente ao imóvel de Visconde Setúbal, verificou-se uma estabilização das receitas com rendas, resultado de uma gestão atenta e diligente do património imobiliário sob gestão. Os gastos com pessoal mantiveram-se ao nível do ano de 2020, com uma ligeira diminuição de 4.188 €. Nos fornecimentos e serviços externos manteve-se um elevado nível de despesa, que já vinha do ano de 2020, devido ao aumento da capacidade de tratamento técnico dos acervos incorporados no decorrer do exercício, à manutenção do serviço de exposições e às campanhas de higienização, conservação, restauro e digitalização de documentação, para permitir a sua disponibilização por meios digitais. Acresceu ainda a contratação já referida de uma empresa de consultoria para assessoria na redefinição estratégica da Fundação e apoio na candidatura a novas oportunidades de financiamento. Ainda assim, os custos com fornecimentos e serviços externos sofreram uma diminuição de 12,05 % face ao ano de 2020, totalizando 168.285,36 €. O fundo de investimento subscrito em 2019 na Caixa Geral dos Depósitos, apesar da pandemia, conseguiu uma valorização de 4,00 % (17.253 €), valor inscrito na rúbrica Aumentos/reduções de justo valor. O resultado líquido do exercício foi ligeiramente inferior ao de 2020 (-144.560 €), e inferior ao inscrito no orçamento de (-115.662 €), apresentando-se um resultado operacional (EBITDA) negativo de (-27.216 €).
Relatório de atividades e gestão - 2021
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V. PERSPETIVAS FUTURAS E EVENTOS SUBSEQUENTES
O Conselho Diretivo considera que, apesar das incertezas relacionadas com a pandemia da doença COVID-19, e da atual situação de guerra no continente europeu, o princípio da continuidade é o mais apropriado na preparação das demonstrações financeiras reportadas a 31 de dezembro de 2021. A 27 de fevereiro de 2021 ocorreu um incêndio no imóvel sito na Rua de Visconde Setúbal, 76, no Porto. O Conselho Diretivo entende, no entanto, que o seguro deverá cobrir adequadamente os danos registados. Em termos programáticos, deverá ser dada continuidade à linha de atuação que tem orientado os três grandes núcleos constitutivos da Fundação Marques da Silva: Centro de Documentação, Comunicação e Gestão Patrimonial. Antevê-se, porém, um forte crescimento do património documental para 2022/23, previsão que a concretizar-se implicará, inevitavelmente, uma reformulação da utilização do espaço físico existente e o delinear de outros espaços ou estruturas que ampliem a atual capacidade de depósito. Numa outra perspetiva, a junção do Centro de Documentação da instituição ao Centro de Documentação da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, igualmente prevista para 2022, ao considerar a adoção de um funcionamento sincronizado, será igualmente forçada a repensar da estratégia e metodologias que individualmente têm vindo a ser seguidas. Dois grandes desafios que devem ser encarados sem concessões à capacidade de manter a dinâmica que tem vindo a ser alcançada pela instituição, interna e externamente, no tratamento documental, nas redes de investigação e de cooperação, na proposição de iniciativas de divulgação.
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CONCLUSÃO
A atividade desenvolvida pela Fundação Marques da Silva no decurso de 2021, quando analisada globalmente e em perspetiva, permite aferir da consolidação de um projeto institucional que continua a ser fiel ao cumprimento da sua missão e às linhas estratégicas traçadas para orientação da sua prática: da recolha ao tratamento documental; da investigação à comunicação; da valorização de um património próprio à conquista de um lugar numa rede cada vez mais lata e significativa de parcerias e de públicos que validam o seu contributo para o reconhecimento da importância do papel que os arquivos de arquitetura e o trabalho sobre eles realizado representa para a compreensão da Arquitetura, lato sensu, no mundo contemporâneo. Organismo com uma dinâmica própria, que lhe advém da sua natureza matricial, a Fundação Marques da Silva tem vindo a configurar cenários de estudo, de debate e de criação, ancorados num trabalho estrutural e sistemático de intervenção e tratamento documental. Por isso se tem afirmado como território de pesquisa fundamental para estudantes, historiadores, arquitetos, críticos, curadores, especialistas das ciências da informação, artistas e editores. Em contrapartida, tem procurado assumir-se como espaço de proposição de novas leituras, de espaços de debate onde se ajude a pensar, a elaborar e a propor desafios renovados nas áreas de interesse entre as quais se movimenta. Daí que as exposições se convertam em experiências “laboratoriais” de reflexão e de aprendizagem em múltiplos sentidos, onde, nas que são internamente organizadas pela instituição, todos os suportes documentais são convocados, sem esquecer a sua relação com as “bibliotecas” e com a realidade que estas dimensões documentais projetam. Espaços de reflexão e de difusão de conhecimento que são intensificados ou acompanhados por uma programação de iniciativas que as complementam e respondem a outras áreas/instrumentos de ação em que a Fundação Marques da Silva
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tem vindo a investir, caso da componente editorial, com um forte impulso em 2021, e na produção de conteúdos que vai partilhando através dos diversos canais de divulgação que tem à sua disposição. Um conhecimento que tornado público, se torna indispensável na vertente do ensino da história e da intervenção sobre o património edificado. Uma leitura corroborada pelos dados que assinalam um crescimento assinalável do património documental que tem sob sua gestão, um aumento do número de exposições e iniciativas em que se encontra envolvida, um aumento de publicações e vendas, e uma crescente visibilidade traduzida em números de visitantes e de utilizadores das plataformas virtuais onde se encontra representada. O desafio mantém-se e uma salutar abertura para um permanente questionamento e reajustamento também, seja pelos compromissos já assumidos, seja pelas várias frentes de atuação que tem em vista, seja porque o próximo ano implicará um obrigatório alargamento do seu horizonte, com a junção ao Centro de Documentação da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto. Por todo o exposto, é convicção do Conselho Diretivo da Fundação Marques da Silva que o Relatório de Atividades e Gestão e os demais documentos da prestação de contas, elaborados de acordo com o SNC-AP e as normas e os princípios contabilísticos geralmente aceites, reproduzem de uma forma verdadeira e apropriada o resultado das operações da Fundação, pelo que se propõe que sejam aprovados. Propõe-se que o resultado líquido negativo apurado no exercício de 2021, no montante de (-144.560,26 €), seja transferido, na sua totalidade, para a conta de resultados transitados.
Porto, 21 de abril de 2022
O Conselho Diretivo
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