Colubrídeo de cerca de 70 cm de comprimento, que pode alcançar até 130 cm. É uma espécie de hábitos essencialmente diurnos, podendo no entanto apresentar atividade crepuscular ou noturna nos meses mais quentes. Vive associada a habitats aquáticos, ocorrendo próximo de represas, cursos de água, charcos, etc. O padrão dorsal e os comportamentos defensivos que por vezes adota poderão levar a que se confunda com uma víbora, no entanto, é uma espécie aglifa, perfeitamente inofensiva.
Salamandra de aspeto robusto, em geral de cor negra com padrão de manchas amarelas. É provavelmente a espécie de salamandra mais conhecida, o que se deve à sua vasta distribuição pela Europa, Médio Oriente e norte de África. Na Mata do Buçaco é um dos anfíbios mais abundantes, sendo facilmente observável em qualquer noite húmida. É uma espécie marcadamente terrestre, recorrendo ao meio aquático apenas para se reproduzir. Alimenta-se de invertebrados terrestres, tais como escaravelhos, lesmas, minhocas e aranhas.
Cobra-de-água-viperina Natrix maura
Roedor de tamanho médio e cor acastanhada, com hábitos essencialmente noturnos. É uma espécie omnívora e oportunista, adaptando a sua dieta à disponibilidade alimentar. Escava galerias subterrâneas pouco profundas onde constrói o ninho, ou então utiliza cavidades naturais como troncos de árvore ocos ou abrigos na vegetação densa. Ocupa habitats bastante diversos, tais como campos de cultivo, matos e áreas florestais. Pode também viver em associação com o Homem, ocupando, por exemplo, sótãos ou armazéns.
O javali é uma espécie noturna, omnívora, tendo o hábito de fossar o solo em busca de alimento (bolbos, raízes, minhocas, etc.). Dada a riqueza de alimento que a Mata do Buçaco apresenta, é comum ser explorada por javalis, pelo que são frequentes os “estragos” advindos da sua presença. Adapta-se facilmente a diferentes ambientes, ocupando desde prados montanhosos a elevada altitude, como zonas húmidas costeiras, ecossistemas agrários, florestas e mesmo periferias urbanas.
Lagarto de tamanho médio com marcado dimorfismo sexual. Os machos adultos têm o corpo menor que as fêmeas e apresentam tonalidades verdes ou amareladas, são densamente ponteados de escuro e têm a cabeça azul, particularmente intenso durante a época de reprodução. As fêmeas são de cor esverdeada ou acastanhada, com grandes manchas negras. Trata-se de um endemismo ibérico e protegido que vive na proximidade de cursos de água. No Buçaco observa-se facilmente junto ao Lago Grande, sensivelmente entre abril e outubro.
O pisco é um pequeno Passeriforme, muito fácil de observar, pois, não sendo tímido, é bastante curioso e aproxima-se muito frequentemente das pessoas. Nidifica em zonas com alguma vegetação densa e áreas abertas, tais como jardins, parques e florestas. É essencialmente insetívoro, mas pode também alimentar-se de sementes e… migalhas. Na Mata do Buçaco é uma das aves mais comuns e será certamente uma presença constante ao longo de qualquer passeio, especialmente se houver uma pausa para lanche!
Salamandra-de-pintas-amarelas Salamandra salamandra Rato-do-campo Apodemus sylvaticus
Javali Sus scrofa
Bordalo Squalius alburnoides
Lagarto-de-água Lacerta schreiberi
Pisco-de-peito-ruivo Erithacus rubecula
Pinhal do marquês
Espécie essencialmente insectívora, dotada de um canto “matraqueado” muito característico. Ocorre em habitats variados, desde que apesentem estrato arbustivo denso, onde nidifica. Em Portugal, é uma espécie residente, presente em todo o território, mas claramente mais abundante no sul. Na Mata Nacional do Buçaco não é uma espécie muito comum, ocorrendo e nidificando apenas em zonas de mato ou silvado, como no Pinhal do Marquês.
Arboreto
Chapim-azul Cyanistes caeruleus
Fuinha Martes foina
Textos Milene Matos, Dep de Bio, Universidade de Aveiro Imagens Milene Matos, Lísia Lopes, Joaquim Pedro Ferreira, Ricardo Furtado, André Aguiar, Carlos Fonseca, Neide Margarido, Pedro Pereira, Francisco Oliveira
A fuinha é um carnívoro de médio porte, corpo alongado, com cauda longa e felpuda. Apresenta uma característica mancha branca na garganta, contrastando com o castanho da restante pelagem. É um animal solitário, de hábitos essencialmente crepusculares e noturnos e bastante comum em Portugal. Na Mata do Buçaco é mesmo o carnívoro mais abundante, sendo os seus indícios de presença extremamente fáceis de encontrar. É muito ágil, podendo adotar comportamento arborícola. A dieta é variável e ajustada aos recursos disponíveis.
Floresta relíquia Açor Accipiter gentilis
Águia-cobreira Circaetus gallicus
Esquilo Sciurus vulgaris
Salamandra-lusitânica Chioglossa lusitanica Morcego-de-ferradura-pequeno Rhinolophus hipposideros
A gineta é um dos carnívoros mais abundantes em Portugal, porém é relativamente desconhecida. Apresenta o tamanho aproximado ao de um gato doméstico, corpo alongado e esbelto e uma cauda muito longa, coberta por uma pelagem com anéis negros e brancos. Trata-se de uma espécie solitária, de hábitos exclusivamente noturnos. Tem a capacidade de trepar agilmente e é um caçador generalista. Ocorre por toda a Mata do Buçaco, sendo particularmente abundante na Floresta Relíquia.
O nome comum do açor deriva do latim acceptore (“que voa rapidamente”), pois é uma ave de rapina capaz de voos muito ágeis e rápidos por entre as árvores de uma floresta. É uma espécie ameaçada, dependente de habitats florestais, pouco comum e bastante discreta, podendo ser mais facilmente observada durante as paradas nupciais, no início da Primavera. Na Mata do Buçaco é mais facilmente observável na zona da Cruz Alta, nessa época do ano.
Rã pequena e esbelta, de coloração acastanhada e com uma característica mancha pós-ocular escura. Trata-se de uma espécie típica de zonas montanhosas, intimamente associada à água. Encontra-se frequentemente junto a ribeiros de águas frias e correntes rápidas, com vegetação abundante. É um endemismo ibérico, de distribuição confinada ao noroeste da Península. Na Mata Nacional do Buçaco, a rã-ibérica é facilmente observável ao longo de todo o ano, em particular durante os meses mais frios.
Mocho inconfundível pelo seu pequeno porte e silhueta arredondada. Trata-se da ave de rapina “noturna” mais fácil de observar em Portugal, devido aos seus hábitos parcialmente diurnos. Na Mata do Buçaco pode escutar-se facilmente durante a Primavera e Verão, assemelhando-se os seus chamamentos a latidos. Embora a sua conservação não esteja ameaçada, apresenta fatores de ameaça como o uso abusivo de agroquímicos e a remoção de árvores antigas, que proporcionam locais de nidificação.
Jardins e Vale dos Fetos
Gineta Genetta genetta
A lontra é um mustelídeo aquático com perfil hidrodinâmico, membranas interdigitais e cauda comprida, forte e achatada, que funciona como órgão propulsor na água. O seu alimento preferencial é o peixe, no entanto pode adaptar a dieta aos recursos do meio aquático onde se encontra. A sua ocorrência na Mata do Buçaco pode constituir uma surpresa, mas é facilmente explicável pela abundância de peixe que existe nos lagos. Não é uma espécie residente na Mata, mas é um visitante regular, que aqui encontra alimento garantido.
Mocho-galego Athene noctua
Vaca-loura Lucanus cervus Este inseto é considerado o maior escaravelho da Europa. Trata-se de uma espécie protegida, por se encontrar em declínio generalizado devido à perda de habitat favorável. Vive associado a florestas de folhosas maduras, nomeadamente carvalhais, onde se alimenta e reproduz nos troncos antigos. As larvas vivem até sete anos e, após a metamorfose, vivem entre duas a quatro semanas. Os adultos apresentam dimorfismo sexual muito marcado, sendo os machos facilmente identificáveis pelas grandes armações mandibulares.
Lontra Lutra lutra
Rã-ibérica Rana iberica
Toutinegra-dos-valados Sylvia melanocephala
Passeriforme muito popular que deve o seu nome comum às tonalidades azuis da plumagem dorsal. Frequenta habitats bastante diversos, entre os quais bosques e florestas mistas, pinhais, sebes, etc. Constrói o ninho em cavidades, sendo ocupante habitual de caixas-ninho. Na Floresta Relíquia pode observar-se com facilidade, em bandos ou isolado, pendurado nos ramos de cabeça para baixo, enquanto se alimenta. Os seus chamamentos “metálicos” são característicos e audíveis ao longo de todo o ano.
Pequeno peixe de água doce, endémico da Península Ibérica e protegido, pois está em risco de extinção. O seu estatuto de conservação nacional é vulnerável e alguns locais do País foram designados para a Diretiva Habitats devido à sua presença. Ocorre em cursos de água pouco profundos, com vegetação emergente. Os seus fatores de ameaça incluem as perturbações de habitat, presença de espécies invasoras, entre outros. Na Mata do Buçaco tem uma distribuição muito limitada, sendo a sua proteção de suma importância.
Ave de rapina diurna que deve o seu nome comum às suas presas preferenciais – as serpentes. Ocorre predominantemente em locais com relevante cobertura florestal, nomeadamente de pinhal, relativamente afastadas da presença humana, pouco fragmentadas e próximas de áreas abertas onde possa caçar. É uma espécie relativamente rara em Portugal, estando a perda de habitat florestal e a intensificação de atividades agroindustriais entre os principais fatores de ameaça.
O esquilo é um roedor muito carismático e inconfundível. A sua pelagem tipicamente avermelhada pode assumir colorações mais escuras, quase negras, aspeto bastante comum na Mata do Buçaco. Os seus hábitos diurnos permitem a sua observação ao longo de todo o ano. Os seus característicos restos alimentares, pinhas tipicamente roídas, são também fáceis de encontrar e abundam em toda a Mata. No séc. XVI, o esquilo extinguiu-se no nosso País, mas felizmente tem ocorrido uma bem-sucedida recolonização.
A salamandra-lusitânica é um anfíbio inconfundível pelo seu aspeto geral elegante, com cauda muito longa. É uma espécie de hábitos noturnos e vive associada a linhas de água corrente e limpa, sendo extremamente sensível à poluição. É endémica do Noroeste da Península Ibérica e o Buçaco surge descrito na bibliografia como sendo o seu habitat-tipo. Foi também no Buçaco que foi descrita pela 1ª vez para a ciência, em 1864. É um verdadeiro tesouro da herpetologia nacional.
Este pequeno morcego adquiriu o seu nome comum devido à forma das formações membranosas que possui junto às fossas nasais. À semelhança dos restantes morcegos é um voraz predador de insetos, auxiliando naturalmente no controlo de pragas e de vetores de doenças. Na Mata do Buçaco, pode observar-se pendurado em várias capelas, ermidas e na entrada do Convento, durante os dias de verão. Trata-se de uma espécie ameaçada e protegida, tendo a perda de habitat e de abrigos como principais fatores de ameaça.
mata do buçaco
A importância e o interesse do património natural da Mata não se limitam às composições botânicas que o integram. A Mata do Buçaco encerra uma vasta diversidade de animais que muitas vezes, silenciosa, passa despercebida. Rodeada de monoculturas de pinheiro-bravo e eucalipto, a Mata funciona como um refúgio para a fauna selvagem, de grande relevância para a conservação da biodiversidade da região Centro do País. Providencia alimento, abrigo e refúgio para mais de centena e meia de espécies de Vertebrados e várias centenas de espécies de Invertebrados. Entre estas, encontram-se espécies de grande valor conservacionista, endemismos ibéricos e espécies protegidas. As linhas de água e os ambientes ripícolas abrigam peixes e anfíbios, que incluem espécies em extinção e endemismos ibéricos, tais como o bordalo e o ruivaco (peixes) e a salamandra-lusitânica, o tritão-de-ventre-laranja, a rã-ibérica e a rã-de-focinho-pontiagudo (anfíbios). Nos locais mais solarengos são ainda observáveis alguns répteis, entre as quais o lagarto-de-água, endémico da Penínsusula Ibérica, o licranço, as cobras de água e diversas lagartixas. Os ambientes mais tipicamente florestais, com as árvores grandes e antigas guarnecidas com o característico intrincado de ramos, arbustos e profícua manta morta, proporcionam condições ideais para inúmeras espécies animais. As aves que aqui se podem observar incluem passeriformes florestais, como os chapins, a trepadeira-azul, a estrelinha-real e os pica-paus; aves de rapina diurnas, como a águia-calçada e o gavião, e noturnas, como o mocho-galego e a coruja-do-mato; aves mais generalistas como o pisco-de-peito-ruivo e o verdilhão; e ainda algumas surpresas, como a garça-real e o guarda-rios. Os mamíferos são de mais difícil observação, mas na Mata residem mais de três dezenas de espécies, entre as quais morcegos, raposas, ginetas, fuinhas, doninhas, javalis, esquilos, ratos-do-campo e musaranhos.
Fundação Mata do Buçaco Mata do Buçaco 3050-261 Luso
gabpresidencia@fmb.pt tlf. 231 937 000
As atividades disponibilizadas são adaptadas e calendarizadas em articulação com os interessados, devendo estes, para o efeito, contactar a equipa do projecto, através do email setoreducativo@fmb.pt
Quando?
Quem?
• como forma de assegurar a continuidade e sustentabilidade destes trabalhos, a dinamização de um conjunto de programas de envolvimento de diversos públicos e da sociedade civil (instituições, empresas, grupos organizados, residentes, turistas, entre outros) em trabalhos ativos de conservação/valorização de habitats e de controlo de invasoras.
Fauna da
No contacto a estabelecer, agradece-se a menção ao projeto BRIGHT, para o devido enquadramento encaminhamento.
• para aquele efeito, a dinamização de um conjunto de trabalhos continuados centrados no ensaio e aplicação de práticas de controlo e erradicação de espécies exóticas invasoras (arbóreas e herbáceas).
Fauna da Mata
www.fmb.pt/bright
Com a sua execução, pretende-se ensaiar, demonstrar e disseminar um conjunto de práticas de conservação da biodiversidade que assentam essencialmente em três eixos: • a conservação de um habitat relíquia – o adernal – Habitat Único no Mundo.
A Mata Nacional do Buçaco constitui um património de valor incalculável, único em Portugal e no Mundo. Trata-se de uma herança secular, incomparável, que reúne num mesmo espaço relevância histórica, religiosa, militar, botânica, faunística, paisagística, arquitetónica, cultural e mesmo de identidade nacional. Um espaço tão singular e sensível requer manutenção cuidada e uma gestão consciente e responsável. Depois de um período de décadas em que o património natural e edificado se viu privado de tais cuidados, comprometendo os valores da Mata, a Fundação Mata do Buçaco, F. P. (Decreto-Lei n.º 120/2009, republicado pelo Decreto-Lei n.º 5014, de 15 de abril) assume atualmente as seguintes missões: - gestão integrada do património natural, histórico, cultural e religioso inserto na Mata; - valorização e requalificação dos espaços; - manutenção de todo o património e serviços associados; - educação ambiental e promoção da cultura científica e patrimonial; - promoção e divulgação turística consciente; - melhoria das condições de receção ao visitante; - promover o desenvolvimento regional através da projeção nacional e internacional da Mata Nacional do Buçaco. O sucesso de tais ações depende de um suporte financeiro que em muito ultrapassa a disponibilidade da Fundação. Assim, é solicitada a colaboração de todos os que têm a oportunidade de a admirar e experienciar. Ao visitar a Mata do Buçaco, o visitante está a contribuir para a preservação do seu património natural e edificado e para que cada vez o possamos receber melhor.
Qualquer um, a título individual, em grupo ou no contexto da entidade em que desenvolve a sua atividade profissional, pode ajudar a conservar o adernal. Em particular, existem atividades pré-definidas para diversos públicos, que podem ser agendadas para as diversas épocas do ano e procuram satisfazer as necessidades de: - empresas e instituições que procuram realizar ações de voluntariado corporativo ou ambiental/social; - escolas, grupos de escuteiros e outros grupos organizados; - visitantes da Mata.
Beneficiando da existência deste património natural único e visando a sua conservação através do combate a uma ameaça que constitui hoje um dos principais problemas globais – as espécies exóticas invasoras -, com envolvimento direto da sociedade civil nesses trabalhos, o projeto BRIGHT (Bussaco´s Recovery from Invasions Generating Habitat Threats) foi candidatado a apoio da componente Natureza e Biodiversidade do Programa LIFE+.
FMB
Com a contribuição do instrumento financeiro LIFE da União Europeia
Projeto BRIGHT
Conservar o adernal é uma atividade contínua que pode ser auxiliada por qualquer um através da participação em atividades dinamizadas pela Fundação Mata do Buçaco, F. P. e disponibilizadas a título gratuito com apoio do projeto BRIGHT. Nessas atividades incluem-se ações de voluntariado relacionadas com o controlo de erva-do-diabo ou plantações, visitas guiadas destinadas a conhecer o adernal e recolha de sementes, e oficinas destinadas a famílias e escolas envolvendo atividades práticas como a propagação de sementes, criação de herbários, e outras atividades.
Como?