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PUBL I C A Ç Õ E S D A F U N D A ÇÃO R O B INSO N
Olhar de Fotógrafos IV Photographers’ Look IV
ISSN 1646-7116
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P U B L I CAÇÕ E S D A F U N D AÇÃO R O B I N S O N
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Olhar de Fotógrafos IV CONVIVER NA ARTE | CAMPO DE ESTUDO DE FOTOGRAFIA | PORTALEGRE 2014
Photographers’ Look IV LIVING IN ART | PHOTOGRAPHY STUDY FIELD CAMP | PORTALEGRE, 2014
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PUBLICAÇÕES DA FUNDAÇÃO ROBINSON N.º 29 ROBINSON FOUNDATION PUBLICATIONS No. 29 Olhar de Fotógrafos IV | Conviver na Arte | Campo de Estudo de Fotografia | Portalegre 2014 Photographers’ Look IV | Living in Art | Photography Study Field | Portalegre 2014 Portalegre, Setembro 2015 Portalegre, September 2015
Fundação Robinson Robinson Foundation CONSELHO DE CURADORES COUNCIL OF CURATORS
Adelaide Teixeira (Presidente) (Chair), Eduardo Relvas, Constantina Henriques, Joaquim Mourato António Ceia da Silva, Artur Romão, Sérgio Umbelino CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO ADMINISTRATIVE COUNCIL
Dulce Temudo Reis (Presidente) (Chair), António Traguil, Luís Nicolau Esteves CONSELHO FISCAL FISCAL COUNCIL
Nuno Miguel da Costa Tavares (Presidente) (Chair), António Francisco Escarameia Mariquito, José Neves Raimundo ADMINISTRADORA DELEGADA ASSISTANT ADMINISTRATOR
Alexandra Carrilho Barata
FOTOGRAFIA PHOTO
Priscila Heeren (p. 9) TRADUÇÃO TRANSLATION
David Hardisty (Português-Inglês; Espanhol-Inglês; Galego-Inglês) (Portuguese-English; Spanish-English; Galician-English) Pedro Santa María Abreu (Galego-Português; Português-Espanhol-Português) (Galician-Portuguese; Portuguese-Spanish-Portuguese) REVISÃO EDITING
Laura Portugal Romão, Odete Mateus Rolo, Rui Pires Lourenço IMPRESSÃO PRINTING
Gráfica Maiadouro dep. legal 397636/15 issn 1646‑7116
Publicações da Fundação Robinson Robinson Foundation Publications CONSELHO EDITORIAL EDITORIAL BOARD
Amélia Apolónia, António Camões Gouveia, António Filipe Pimentel, António Ventura, Carlos Serra, João Carlos Brigola, Luísa Tavares Moreira Maria João Mogarro, Mário Freire, Rui Cardoso Martins DIREÇÃO EDITORIAL EDITOR
Alexandra Carrilho Barata, Luís Nicolau Esteves COORDENAÇÃO EDITORIAL EDITORIAL COORDINATION
Célia Gonçalves Tavares DESIGN GRÁFICO GRAPHIC DESIGN
TVM designers
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Na capa, fotografia de Cover photograph from Hermano Noronha A correspondência relativa a colaboração, permuta e oferta de publicações deverá ser dirigida a All correspondence to be addressed to Fundação Robinson Robinson Foundation Rua Guilherme Gomes Fernandes, 28 Apartado 137 7301-901 Portalegre, PORTUGAL Fundação Robinson – Investigação Científica e Publicações Robinson Foundation – Scientific Research and Publications investigacao@fundacaorobinson.pt
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4 Portalegre: o porto das Artes! Portalegre: the port of Arts! ¡El puerto de las artes! Maria Adelaide de Aguiar Marques Teixeira
6 Estar em Arte Being in Art Estar en el Arte Célia Gonçalves Tavares
12 Olhar de fotógrafo
Photographers’ Look Mirada de fotógrafo Hermano Noronha
18 Mosaicos Mosaics Mosaicos Fran Herbello
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À Memória da Luz
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a. Paisagem; b. Resistência c. Arterial Venoso; c. Intervenção
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a. Here comes the Wind from the South b. Fragment a. Ahí viene el siroco b. Fragmento Sara de Jesus Bento
A residência na comunidade
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a. Landscape; b. Resistance c. Venous Arterial; d. Intervention a. Paisaje; b. Resistencia c. Arterial venoso; c. Intervención Priscila Heeren
a. Lá vem o Vento Suão b. Fragmento
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To the Memory of Light A la memoria de la luz Pedro Natalio
The residency in the community La residencia en la comunidad Luís Vintém Magda Cordas Marta Nunes
Notas biográficas e palavras‑chave
Biographical notes and keywords
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Notas biográficas y palabras clave
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Portalegre: o porto das Artes! Portalegre: the port of Arts!
Maria Adelaide de Aguiar Marques Teixeira PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE PORTALEGRE E PRESIDENTE DO CONSELHO DE CURADORES DA FUNDAÇÃO ROBINSON MAYOR OF THE PORTALEGRE TOWN HALL AND CHAIRPERSON OF THE BOARD OF TRUSTEES OF THE ROBINSON FOUNDATION
Publicações da Fundação Robinson 29, 2015, p. 4‑5, ISSN 1646‑7116
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A realização da segunda edição do Campo de Estudo de Fotografia, integrado no projeto Conviver na Arte, foi dupla‑ mente a confirmação de uma realidade e a constatação de uma necessidade. A confirmação é a que se explica e se afirma nas palavras do escritor José Saramago, na sua Viagem a Por‑ tugal: porque “se às cidades fossem dados cognomes, como aos reis se fazia, o viajante haveria de propor para Portalegre «a bem rodeada» (…) a povoação de Portus Alacer, que depois deu Portalegre, porto álacre, porto alegre”. Assim sendo, como não haveríamos nós de a escolher para ser o porto das Artes? Se pensarmos nos motivos que levaram as mais anti‑ gas povoações (até mesmo as que hoje desconhecemos) a fixar-se nesta região e nas razões que levaram D. Afonso III a ordenar que se reconstruisse o antigo povoado em 12591, encontraríamos essa justificação na própria beleza do lugar. Uma envolvência natural descrita poeticamente, no século XVI, por D. Frei Amador Arrais: «É a Serra de São Mamede uma das melhores da Lusitânia (…) em que parece estremar‑ -se a natureza na fresquidão e arvoredo, muitos prados, e diversidade de boas frutas, suavidade de ares aprazíveis, que correndo entre flores e ervas cheirosas sopram muito suave‑ mente ruído e música, várias plantas, multidão de claras fon‑ tes, doces e frias águas. (…) graciosas mesclas de várias cores, que na cidade em grande abastança se fazem2». A necessidade é a que provém da inquietação da alma humana e a que reside na capacidade que o Homem tem para se ligar e conectar ao espaço que o rodeia, uma necessidade que comummente designamos de Arte. E porque ao longo da história de Porta‑ legre se foram somando os produtos dessa Arte (de arquite‑ tura; de escultura; de pintura; do livro e da escrita; do movi‑ mento do corpo, etc.), hoje no século XXI “Conviver na Arte” é a síntese e também o pretexto para se continuar a criar, a fabricar e a produzir tornando progressivamente Portalegre no porto onde se aportam as artes…
The holding of the second edition of the Photogra-
Notas
Notes
1
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Portus Alacer terá sido a designação atribuída e Portalegre em foral con‑ cedido por D. Afonso III (1248-1279) à vila situada no sopé da Serra de São Mamede, referindo-se a ela como um local aprazível, alegre e de boas vistas. Adaptado a partir de D. Frei Amador Arrais – Diálogos. Porto: Lello & Irmãos Editores, 1974, p. 236.
phy Study Field Camp, part of the Living in Art project, was a double confirmation of both a reality and the realisation of a need. The confirmation is that explained and affirmed in the words of the writer José Saramago in his Journey To Portugal: because “if cities were given alternative names, such as was the practice with kings, the traveller would propose “the well-surrounded” for Portalegre (...) the settlement of Portus Alacer, which led to Portalegre, port álacre, port alegre (happy port)”. In fact, how could we not have chosen this to be the port for the Arts? If we think of the reasons that led the oldest settlements (even those we are not aware of nowadays) to settle in this region and the reasons which drove King D. Afonso III to order the construction of the ancient settlement in 12591, we would find this justification in the very beauty of the place. A natural surroundings poetically described in the sixteenth century by D. Frei Amador Arrais: “The Serra de São Mamede is one of the best in Lusitânia (…) which seems to be demarcated by its coolness and its trees, many meadows, and the variety and quality of its fruits, the pleasant softness of the air, flowing among flowers and fragrant herbs, which blows and forms a gentle noise and music, with different plants, a multitude of clear fountains, fresh cold waters. (...) graceful blends of various colours, which are present in great abundance in the city2”. The need is that which stems from the restlessness of the human soul and that is the ability that humans have to turn on and connect to the space that surrounds them, a need that is commonly called Art. Moreover, because throughout the history of Portalegre the products of that Art were added (of architecture; sculpture; of painting; of books and writing; of bodily movement, etc.), today, in the 21st-century “Living in Art” is the synthesis and also the pretext to continue creating, manufacturing and producing, gradually making Portalegre the port to support the arts…
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Portus Alacer may have been the designation attributed to Portalegre in a charter granted by King D. Afonso III (1248-1279) to the small town located at the foot of the Serra de São Mamede, referring to it as a pleasant, cheerful place with good views.
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Adapted from D. Frei Amador Arrais – Diálogos. Porto: Lello & Irmãos Editores, 1974, p. 236.
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Estar em Arte Being in Art
Célia Gonçalves Tavares COORDENAÇÃO EXECUTIVA EXECUTIVE COORDINATION
Publicações da Fundação Robinson 29, 2015, p. 6‑11, ISSN 1646‑7116
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Above all, life for a photographer cannot be a matter of indifference.
Above all, life for a photographer
Robert Frank
Robert Frank
Atuais processos de patrimonialização fomentam a natureza plástica de antigos sítios industriais que encon‑ tram nas Artes e na Cultura uma oportunidade de reuti‑ lização e reocupação. A centenária “Fábrica das Rolhas”, dos ingleses Robinson, foi mais do que um espaço de tra‑ balho – foi um palco de vivências. Cada recanto da Robin‑ son parece ter sido intencionado ao propósito que agora lhe queremos dar. A Fotografia tem sido a disciplina artís‑ tica merecedora de maior atenção por parte da Fundação que procurou assim, nas duas primeiras edições da sua aca‑ demia das artes, dar continuidade à linha de ação do pro‑ jeto de reconversão da Fábrica Robinson ao constituir um repositório fotográfico contemporâneo de autor assente na prática de documentação e registo das memórias do antigo espaço industrial. A Convocatória para o “Campo de Estudo de Fotografia – Portalegre 2014”, que se realizou entre os dias 8 e 27 de Setembro, desafiou vários artistas a apresentarem uma can‑ didatura para trabalhar fotograficamente o Espaço Robin‑ son, tendo como ponto de partida quatro temas genéricos: a) a fábrica e a cidade; b) as máquinas; c) o operariado; d) os Robinson. As respostas superaram todas as expectativas. Foram rececionadas um total de 38 candidaturas1, das quais apenas 36 foram avaliadas uma vez que duas propos‑ tas foram enviadas fora do período regulamentado. Foi opção preencher apenas quatro das oito vagas dis‑ ponibilizadas inicialmente, com o objetivo de evitar alguns dos constrangimentos sentidos na primeira edição da aca‑ demia. Esta questão não se prendeu unicamente com as
cannot be a matter of indifference.
Current heritage processes foster the plastic nature of former industrial sites which find an opportunity for reuse and reoccupation within the Arts and Culture. The centuryold “factory of corks”, of the British Robinsons, was more than just a space for work – it was a stage for experiences. Each corner of Robinson appears to have been intended for the purpose we now want to give it. Photography has been the artistic area deserving greatest attention by the Foundation which thus sought, in its first two editions of its arts academy, to provide continuity to the work done on the project for the reconversion of the Robinson Factory to form a contemporary photographic repository based on the practice of documenting and recording the memories of the former industrial space. The Call for the “Photography Field Camp – Portalegre 2014”, which took place between 8 to 27 September, challenged various artists to submit an application to work the Robinson Space photographically, with four general themes forming the point of departure: a) the factory in the city; b) the machines; c) the working class; d) the Robinsons. The responses exceeded all expectations. A total of 38 applications were received1, of which only 36 were assessed since 2 proposals were sent outside the application period. The option was taken to fill only four of the eight places initially available, with the aim of avoiding some of the constraints felt in the first edition of the academy. This question was not only because of the difficulties of coordinating and managing a large group, but also in order to more carefully ensure the premises inherent within the concepts of “resi-
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dificuldades na coordenação e gestão de um grupo nume‑ roso, mas tratou-se sobretudo de garantir de forma mais cui‑ dada as premissas inerentes aos conceitos de “residência”, “coabitação “ e “partilha” que se promovem nestes espaços de criação artística. A opção em reduzir o número de artis‑ tas residentes teve, nesta segunda edição, melhores resulta‑ dos. Sentiu-se uma maior proximidade entre os artistas, e foi decerto mais fácil para os artistas chegarem até nós com os seus pedidos e questões de forma a darem seguimento aos seus projetos. Assistir ao encontro do artista com o Espaço Robinson é um privilégio… é um momento único. O artista entra facil‑ mente na atmosfera que envolve o espaço fábrica e olha para além do óbvio, da realidade aparente do estado de ruína que um espaço desocupado, ainda que seguro, carrega. Talvez seja essa a real definição de um verdadeiro artista… ou a arte de cada um ao rodear-se de uma harmonia plena… ou seja, estar em arte. Senti que, desde o primeiro dia de residência, os artistas selecionados – o Fran, o Pedro, a Priscila e a Sara – estavam em plena sintonia com o espaço que lhes serviu de pretexto para criar. A rigorosidade do Fran, que muitas vezes comentou “estar esmagado” pela dimensão de espaço na Fábrica, levou-o a estar ali horas: «Pasei moitas horas no espazo, asu‑ mindo o horario que podería ter calquera dos seus operarios e pouco a pouco a convivencia permitiume desviar a mirada hacia outros aspectos dos que non me percatei nun primeiro momento.2». O resultado foram cinco propostas de trabalho (“Bendecido”; “Peches”; “Mosaicos”; “Charcos” e “Salvapan‑ tallas”) que resultaram igualmente em performances regista‑ das em vídeo como documento/registo do processo criativo. Do Pedro a recorrente Memória… todas as Memórias da Fábrica; do Operário que é ator principal num cenário rema‑
dency”, “cohabitation” and “sharing” which these artistic creation events promote. The option to reduce the number of resident artists in this second edition led to better results. A greater closeness was felt between the artists, and it was certainly easier for the artists to contact us with their requests and issues so as to get their projects up and running. Watching the artists encounter the Robinson Space was a privilege… it was a unique moment. The artist easily enters the atmosphere surrounding the factory space and looks beyond the obvious, the apparent reality of the state of ruin characteristic of an unoccupied, albeit secure, space brings. Perhaps this is the real definition of a true artist... Or the art of each one surrounding themselves in complete harmony... That is, being in art. I felt that, from the first day of the residence, the selected artists – Fran, Pedro, Priscilla and Sara – were in complete harmony with the space that served as the pretext for them to create. The rigorousness of Fran, who often said he was “being crushed” by the size of the Factory space, led to him spending hours there: “I spent many hours in the space, fulfilling a timetable that any of its workers could have had and little by little this experience allowed me to look into other aspects which I had not noticed at first.2” The result was five proposals of work (“Bendecido”; “Peches”; “Mosaics”; “Charcos” and “Salvapantallas”) which also resulted in performances recorded on video as a document/record of the creative process. From Pedro the recurring Memory... All the Memories of the Factory; from the Worker who is the main actor in a scene reminiscent of “Light and Shade”; from his own Memory of the space as an author and spectator: “The Memory. The sensation of the author himself with the fac-
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nescente de “Luz y Sombra”; da sua própria Memória do espaço na qualidade de autor e espetador: «A memoria. Es la sensación del proprio autor com a fábrica acompañado de uma “memoria luminosa” que puso los acordes a cada una de las fotografias.3». Na referência à sua memória da fábrica Pedro evoca o deslumbre de outro artista, o músico e amigo Bernando Sasseti… Expresso nas quatro séries fotográficas da Priscila está o reconhecimento da importância da transdisciplinaridade no tratamento artístico do espaço Fábrica. A fotografia; a pintura; a instalação; a literatura; a música; e tantos outros meios expressivos ali metidos à espera de liberdade: «optei por desenvolver um trabalho processual e experimental, buscando a partir dos dias de vivência na fábrica, as respos‑ tas para aquilo que viria a desenvolver como obra, cuidando para que o resultado imagético fosse condizente à poética de minha proposta, e não um compromisso com a representa‑ ção literal do espaço – mesmo porque são sempre muitas as verdades de uma realidade (…)4». E, quase em jeito de pré-conclusão, a presente e latente dicotomia Fábrica/Cidade na narrativa da Sara. A Fábrica que se inicia na cidade, território próximo da sua razão de existir: a Cortiça!; essa Fábrica que sustenta a Cidade e torna‑ -se, durante a sua história, Fábrica-Cidade como um espaço autónomo… no final dependem sempre uma da outra. Hoje, nos «Fragmentos» dessa Fábrica, «o tom de esperança», o Futuro, que Sara associa à História da Cidade de Portalegre, que (ao mesmo tempo) é a História da Fábrica: «Lá vem o vento suão!, verso retirado dum poema de Régio A Toada de Portalegre, e que evoca para mim a ideia da vida e da res‑ piração em oposição com o calor e a seca que destrói. Tom que associo à história de Portalegre com o encerramento da Fábrica Robinson, mas também com a mensagem de espe‑
tory accompanied by “luminous memory” which pulls the chords of each one of the photographs3”. In referring to the memory of the factory, Pedro evokes the dazzle of another artist, musician and friend Bernando Sasseti… The recognition of the importance of transdisciplinarity in the artistic processing of the Factory space is expressed in the four photographic series from Priscila. The photograph; the painting; the installation; literature; music; and so many other expressive resources were lying there waiting for freedom: “I opted to develop a process and experimental work, based on the days experienced in the factory, the responses to what would be developed as work, taking care so that the resulting imagery was conducive to the poetics of my proposal, and not a commitment to the literal representation of the space – since there are always many truths of a reality (…)1” Moreover, almost serving as a pre-conclusion, the present and latent dichotomy of Factory/City in Sara’s narrative. The Factory which was started in the city, a place close to its reason for existence: the Cork!; this Factory which sustained the City and made it, during its history, a FactoryCity as an autonomous space... in the end with one always depending on the other. Nowadays, in the “Fragments” of this Factory, “the tone of hope”, the Future, which Sara links to the History of the City of Portalegre, which (at the same time) is the History of the Factory: “Here comes the wind from the south!”, a verse taken from a poem by Régio, A Toada de Portalegre (The tune of Portalegre), which evokes for me the idea of life and respiration in opposition to heat and the drought which destroys. A tone with which I link the history of Portalegre to the closing of the Robinson Factory, but also with the message of hope of the new generation writing a new history for its city.”2
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rança de uma nova geração que escreve uma nova história para a sua cidade.»5. A coordenação da segunda edição da residência artís‑ tica “Conviver na Arte” permitiu-me estar em arte diaria‑ mente. Estar em arte significa tão simplesmente fazer o que realmente se gosta… Termino, agradecendo a todos os que responderam prontamente às várias solicitações que fui fazendo para que pudéssemos receber em Portalegre o Fran, a Priscila, o Pedro e a Sara. O meu especial obrigado ao Her‑ mano, à Odete, à Alexandra, ao Luís Nogueiro, à Magda, à Marta e ao Luís Vintém por terem estado comigo em arte…
Coordinating the second edition of the artistic residency “Living in Art” allowed me to be in art on a daily basis. Being in art simply means doing what you really like... I will end by thanking all those who promptly replied to the various requests I made so that we could receive Fran, Priscila, Pedro and Sara in Portalegre. My special thanks goes to Hermano, Odete, Alexandra, Luís Nogueiro, Magda, Marta and to Luís Vintém for having been with me in art ...
If a man treats his life artistically, his brain is his heart
If a man treats its life artistically, his brain is his heart
Oscar Wilde. The picture of Dorian Gray
Oscar Wilde. The picture of Dorian Gray The key is to integrate our art into our life,
The key is to integrate our art into our life, not the other way around.
not the other way around.
Brooks Jensen. Letting Go of the Camera: Essays
Essays on Photography and the Creative Life
Brooks Jensen. Letting Go of the Camera:
on Photography and the Creative Life
Notas
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18 candidaturas de artistas de nacionalidade espanhola; 11 artistas de nacio‑ nalidade portuguesa; 2 artistas de nacionalidade inglesa; 2 artistas de nacio‑ nalidade brasileira; 2 artistas de nacionalidade francesa e 1 artista de nacio‑ nalidade colombiana. Fran Herbello. Relatório Crítico do Campo de Estudo de Fotografia, Portale‑ gre 2014. Pedro Natalio. Relatório Crítico do Campo de Estudo de Fotografia, Portale‑ gre 2014. Priscila Hereen. Relatório Crítico do Campo de Estudo de Fotografia, Porta‑ legre 2014. Sara de Jesus Bento. Relatório Crítico do Campo de Estudo de Fotografia, Portalegre 2014.
Notes
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18 applications from artists with Spanish nationality; 11 artists with Portuguese nationality; 2 artists with British nationality; 2 artists with Brazilian nationality; 2 artists with French nationality and 1 artist with Colombian nationality.
2
Fran Herbello. Critical Report of the Photography Field Camp, Portalegre 2014.
3
Pedro Natalio. Critical Report of the Photography Field Camp, Portalegre 2014.
4
Priscila Hereen. Critical Report of the Photography Field Camp, Portalegre 2014.
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Sara de Jesus Bento. Critical Report of the Photography Field Camp, Portalegre 2014.
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Olhar de fotógrafo Photographers’ Look
Hermano Noronha COORDENAÇÃO CIENTÍFICO-ARTÍSTICA ACADEMIC COORDINATION
Publicações da Fundação Robinson 29, 2015, p. 12-17, ISSN 1646‑7116
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Dando continuidade ao projeto Campos de Estudos de Fotografia, iniciado em 2012, a Fundação Robinson lançou em 2014 nova convocatória para Residência Artística com o objetivo de continuar a estimular a produção de novos olha‑ res sobre o ESPAÇO ROBINSON: a) A fábrica e a cidade; b) As máquinas; c) O operariado; d) Os Robinson. Responde‑ ram a esta nova chamada trinta e sete artistas com diversas propostas e diferentes currículos, tendo no final sido aceites quatro candidaturas. As suas tutorias foram estruturadas em torno de três importantes momentos do processo criativo. Um momento inicial, a ocorrer logo após os primeiros dias de contacto dos artistas com a realidade do espaço físico e social da fábrica Robinson, tempo suficiente para se delinearem as suas inten‑ ções projetuais. Um segundo momento onde já seria possível entender a natureza das suas propostas artísticas e, por último, um terceiro momento onde a consolidação das suas propos‑ tas permitisse antever o resultado final. Mas não se pense que desta forma, com o produto de mais quatro olhares, se encon‑ tra esgotado o potencial imagético relativo ao Espaço Robin‑ son pois, quantos mais artistas tivessem a oportunidade de o fazer, quantos mais diferentes olhares e diferentes perspetivas se iriam gerar em torno dos mesmos motivos e espaços. São de facto iniciativas destas, como a do Projeto Convi‑ ver na Arte, um importante esforço para se ir materializando o olhar contemporâneo, para se ir constituindo memória. O olhar do artista extravasa a fronteira do registo téc‑ nico, empresta-lhe uma alma prenhe de novos sentidos. Constrói sobre o documento um novo documento, adicio‑ nando novas camadas de leitura, novos significados, devol‑ vendo nova vida ao seu entorno. Nesse sentido o artista age como um investigador que, munindo-se de ferramenta enviesada, liberta a fotografia dos critérios que a pretendem
The Robinson Foundation launched a new call for Artistic Residency in 2014 to provide continuity to the Photography Field Studies, started in 2012, and to stimulate the process of new eyes viewing the ROBINSON SPACE: a) the factory and the city; b) the machines; c) the working class; d) the Robinsons. Thirty-seven artists replied to this new call with different proposals and different curricula vitae, and in the end four applicants were accepted. Their tutorials were structured around three important moments during the creative process. An initial moment, occurring soon after the first days of contact which the artist had with the reality of the physical and social space of the Robinson factory, which gave them time enough to trace their first project ideas. A second moment, where it was possible to understand the nature of their artistic proposals and, finally, a third moment where as their proposals consolidated this allowed a perspective on their outcome. However, people should not think that four more pairs of eyes would exhaust the potential imagery relating to the Robinson Space since, the more artists have the opportunity to do so, the more different looks and different perspectives are created around the same themes and spaces. It is indeed initiatives like this, the Project Living in Art which provide an important effort to materialise the contemporary look, to constitute memory. The artist’s look goes beyond the boundary of the technical recording, and lends it a soul pregnant with new meanings. Upon the document a new document is constructed, adding new layers of reading, new meanings, giving new life to its surroundings. In this sense, the artist acts as a researcher who, armed with skewed tools, frees the photograph from the criteria which seek to bind it to mimesis, to phantasmagoria. In this way, the photograph goes
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amarrada à mimese, à fantasmagoria. Desta forma a foto‑ grafia ultrapassa a condição de objeto descritivo e assume-se portadora de significados, não somente testemunha de ter‑ ritório e identidade, mas permitindo a construção e recons‑ trução de narrativas. O olhar do fotógrafo não é isento mas sim dedicado, detêm-se sobre o material para celebrar o ima‑ terial, tem por função recolher ao fluxo do tempo uma fatia da sua expressão e elevá-la à condição de memória. Nessa condição, um conjunto de fotografias de autor reflete uma forma específica de olhar o mundo devolvendo-o com uma nova coerência. Tem a função de resgatar ao mundano o extraordinário e sacralizá-lo, principalmente agora que a prática da fotografia se democratizou ou banalizou, satu‑ rando a perceção, dessensibilizando-a.
beyond the condition of descriptive object and becomes a bearer of meanings, not just a witness to the territory and identity, but also enabling the construction and reconstruction of narratives. The full look of the photographer is not absent but rather dedicated, lingering on the material in order to celebrate the immaterial, having the job of collecting a slice of its expression from the flow of time and raising it to the condition of memory. In this condition a set of authored photos reflects a specific way of looking at the world by imbuing it with a new coherence. It has the function of rescuing the extraordinary from the mundane and sanctifying it, especially now that the practice of photography has become democratic or trivialised, saturating perception, desensitising it.
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Abordei o espaço de memória da Fábrica Robinson com a intenção de recolher indícios da sua operação manual. Desta forma, sob a superfície de cada fotografia tentei imaginar os operários na fábrica, as suas ações e vivências enquanto liga‑ vam e desligavam máquinas, abriam ou fechavam portas ou puxavam alavancas. Imaginei as suas mãos na dança frené‑ tica da produção, a irem e a virem, ciclicamente pousando sobre botões, alças, manípulos, torneiras… Sob o silêncio do agora já só posso tentar imaginar como seria o som de cada ação, já só me é possível tentar imaginar a fábrica como um grande organismo cuja vida era mantida pelo toque das mãos dos seus operários.
I approached the memory space of the Robinson Factory with the aim of collecting evidence of its manual work. In this way, on the surface of every photograph I tried to imagine the workers in the factory, their actions and lives as they switched on and switched off machines, opened up, closed doors or pulled levers. I imagined their hands in a frenetic dance of production, coming and going, cyclically pressing buttons, handles, knobs, taps... Under the silence of the present I can only imagine how each action would have been, given that I can only try and imagine the factory as a large organisation whose life was maintained by the touching hands of its workers.
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Mosaicos Mosaics
Fran Herbello FACULDADE DE BELAS ARTES DA UNIVERSIDADE DE VIGO (2000) FACULTY OF FINE ARTS OF THE UNIVERSITY OF VIGO (2000)
Publicações da Fundação Robinson 29, 2015, p. 18-25, ISSN 1646‑7116
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A explotación da sobreira é un referente de actividade sos‑ tible na que a relación entre home-natureza dase dunha forma amable. A importancia da cortiça en Portoalegre é evidente. Podería entenderse a fábrica dos Robinson como unha indus‑ tria respetuosa co entorno, dependente del e das condicións climáticas do momento. Por esta razón, que a choiva dos días de residencia intervira de forma directa na serie ”Mosaicos” suliña esta situación, permite retomar procesos do pasado nos que a metereoloxía era a que marcaba os acontecementos e un era máis consciente do seu lugar na natureza. A revolución industrial quizais axudou a que este aspecto mudase, a que se instaurase unha tendencia clara hacia a racionalización e control de todo aquilo que deriva da propiá organicidade das cousas. O paso do tempo, que viña marcado pola apreciación de cambios, de acontecementos, precisa dunha unidade de mesura para organizar mellor as labores de produción. O segundo se asenta, os horarios se repiten e parece que todo pode seguir igual día a día. Pero nada é cons‑ tante, nen sequera a rotación da terra sobre o seu eixo. Esta se vai relentizando e obriga a dilatar progresivamente a dura‑ ción dun segundo para adaptalo a realidade do movemento. Actividades máis cotidianas, como o feito de barrer, pode‑ ría entenderse como unha acción afín a esta tendencia, cando un barre, elimina o po e suciedade para manter o lugar como estaba antes. Para que volva a ser o que era. Unha fábrica sen mantemento muda con rapidez. Nas naves dos Robinson, semella mais dramático. A cortiça sem‑ pre foi un elemento capaz de reter os líquidos e a humedade, sem embargo, a chuva se cola polos furados do teito e enche de charcos o chan. Estas formas son orgánicas, complexas, e contrastan cos patróns racionais do departamento de I+D que se usan para realizar os mosaicos dos revestimentos de cortiça que aquí se producían. De forma expontánea collo unha basoira e con rapidez barro a auga tentando representar esos patróns que gardo na memoria e recuperar así, simbólicamente, unha etapa da fábrica que xa pasou e que debo fotografar antes de que se evapore.
A use of the cork tree provides a reference to the sustainable activity in which the relationship between homenature occurs in a friendly manner. The importance of cork in Portalegre is clear. The Robinson Factory can be understood as an industry respecting its surroundings and depending on the weather of that moment. For this reason, the rain during the residency days interfered directly in the “Mosaics” series and underlines this situation, to enable a return to past processes in which the weather marked events and a period more aware of its place in nature. The industrial revolution might have helped change this situation, to establish a clear tendency towards the rationalisation and control of everything resulting from the very organicity of things. The pace in time marked by the consideration of changes, of events, needs a unit of measurement to better organise the labours of production. The second sets in, the hours repeating and it appears that everything is the same day after day. But nothing is constant, not even the rotation of the earth on its axis. Then it starts slowing down and requires the progressive extension of a second to adapt to the reality of the movement. Activities of a more daily nature, such as sweeping the floor, may be understood as a similar action to this trend; when sweeping we clean the dust and dirt so as to keep the place as it was before. So that it can return to what it was. A factory which is not looked after changes quickly. In the Robinson facilities, this seems more dramatic. Cork has always been a material capable of retaining liquids and humidity; nevertheless, the rain gets in through the holes in the ceiling and floods the floor. These forms are organic, complex, and contrast with the rational patterns of the R&D departments that are used to make the mosaics with cork coverings which were produced here. In a spontaneous manner I get a broom and quickly sweep the water away, trying to represent those I keep in my memory and so symbolically recover a time of the factory which has passed and that I should photograph before it evaporates.
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À Memória da Luz To the Memory of Light
Pedro Natalio SOCIÓLOGO E FOTÓGRAFO SOCIOLOGIST AND PHOTOGRAPHER
Publicações da Fundação Robinson 29, 2015, p. 26-33, ISSN 1646‑7116
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Silencio y oscuridad. Espero a la luz. Un momento en la memoria. Así, comienza todo, como en una obra de teatro. Sube el telón y se encienden las luces del escenario. La representación ha comenzado. Los actores entran: Luz y Sombra. A su lado en modo omni‑ presente, el actor principal, Evocación a un Operario de cor‑ tiça Robinson, que un día se marchó y dejó todas las cosas para regresar en algún momento. Y que ahora años después de su partida, la historia se hace presente a través de la fotografía. Comienza la representación: Luces y Sombras de un tiempo que forma parte del movimiento del sol a su paso. Esa Luz enfoca la esencia de lo que fue y esa oscuridad nos recuerda el engaño de la memoria y no nos permite visionar aquello que en su día existió. “A Memória Da Luz” es un proyecto que pone su base en las senaciones del autor con la fábrica, haciendo de estas un latido en el olvido de un lugar que guarda la ensencia de lo que allí ocurrió. La representación es el resultado de un juego y una bús‑ queda del tiempo con el espacio y a la vez, un descubrimiento de la propia fábrica con el tiempo. Un viaje introspectivo hacia la memoria de la Fábrica Robinson. Un viaje de ida y vuelta en la historia de un lugar. Una memoria que perdura en el tiempo y que como cual‑ quier obra de teatro baja el telón para poner punto y final para dejar marcada de nuevo una reminiscencia de aquello que fue y que es la Fábrica Robinson.
Silence and darkness. I hope for the light. A moment in the memory. So, it all begins, as in a play. The curtain rises and the stage lights come on. The performance has begun. The actors enter: Light and Shade. At the side in an omnipresent manner, the main actor, an Evocation of a Robinson cork worker, who one day left leaving everything to return at some point. And now years after his departure, the story is now present through photography. The performance starts: Lights and Shadows from a time forming part of the movement of the sun and its path. That Light focuses on the essence of what was and that darkness reminds us of the deception of memory and does not allow us to see that which once existed. “The Memory of the Light” is a project based on the author’s feelings towards the factory, making this a beating within the oblivion of a place that maintains the essence of what happened there. The representation is the result of a game and a search within time and space, a discovery of the actual factory over time. An introspective journey into the memory of the Robinson Factory. A round trip in the history of a place. A memory that lingers in time and like any play the curtain falls and it comes to an end, to leave a reminder of what the Robinson factory was before and is now.
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a. Paisagem; b. Resistência c. Arterial Venoso; d. Intervenção a. Landscape; b. Resistance c. Venous Arterial; d. Intervention
Priscila Heeren FOTÓGRAFA E PINTORA PHOTOGRAPHER AND PAINTER
Publicações da Fundação Robinson 29, 2015, p. 34-41, ISSN 1646‑7116
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Residências artísticas são instrumentos poderosos na formação contínua de todo artista, pois proporcionam a oportunidade de deslocamento literal de suas rotinas diárias, ambientes de origem, para experiências imersivas de cria‑ ção em outros/novos contextos. A residência ofertada pela Fundação Robinson não apenas proporcionou essa experi‑ ência, bem como, o seu próprio objeto de estudo, a Fábrica, nos convidou e conduziu ao aprofundamento dessa vivên‑ cia. A fábrica de cortiça desativada, instalada em meados do século XIX, e que já foi o grande impulsionador da econo‑ mia local, espalha-se hoje quase deserta do contato humano, por seus sete hectares de área. A diversidade e riqueza de seus pátios, edificações e maquinário provocam raros des‑ locamentos espaço-temporais, enquanto penetramos a inti‑ midade de sua arquitetura, por entre todos os objetos de seu grande corpo marcado, que ainda resiste ao tempo. Devido mesmo ao grande porte da Fábrica Robinson, tanto em suas dimensões físicas, quanto históricas e sócio‑ -culturais, são muitas – e diria mesmo inesgotáveis – , as pos‑ sibilidades de projetos artísticos que possam ser desenvolvi‑ dos, desde os de gênero documental aos mais experimentais. A partir do encontro com a Fábrica, além de toda a sorte de temas possíveis, ainda serão esses variáveis de acordo com a subjetividade, o olhar e o tratamento de cada artista (e nisto não me restrinjo apenas à fotografia, mas pensando em toda e qualquer forma de arte na atualidade). Desta forma, como desenvolvo trabalhos em vários meios expressivos (fotogra‑ fia, pintura, instalação, literatura e outros), e, muitas vezes transdisciplinares, foi tarefa particularmente difícil definir um único projeto, dentre tantos possíveis, para um espaço tão potencialmente rico. Entretanto, é também nesse exer‑ cício seletivo que reside boa parte da beleza da residência, do processo de crescimento artístico e de desenvolvimento da obra. Ao final, como detalhado em meu portfólio, desen‑ volvi, fotograficamente, quatro projetos paralelos, que se entrecruzam e dialogam sob um mesmo mote.
Artistic residencies are powerful instruments for the ongoing training of every artist, since they provide the opportunity to literally relocate from one’s daily routines, original backgrounds, to immersive experiences in order to create other/new contexts. The residency offered by the Robinson Foundation not only provided this experience, but also its own object of study, the Factory, which invited and led us to deepen this experience. The dis-activated cork factory, set up during the 19th century, and which was a major driver for the local economy, spreads out nowadays almost devoid of human contact, throughout its seven hectares in area. The diversity and wealth of its patios, buildings and machinery provide rare spatio-temporal displacements, as we penetrate into the intimacy of its architecture, between the objects of its large marked body, which is still resisting time. Given the large size of the Robinson Factory, both in terms of its physical size and also its sociocultural and historical dimension, there are many – and one could say almost inexhaustible – possibilities for artistic projects which can be developed, from the documentary to the more experimental genres. Upon encountering the Factory, in addition to the whole range of possible themes, there are also variables related to subjectivity, the look and the processing of each artist (and in this regard, I did not restrict myself only to photography but thought about every form of contemporary art). In this way, as I have developed works in various expressive media (photography, painting, installation, literature and others), and, very often in a transdisciplinary manner, it was a particularly difficult task to define a single project, among so many possible ones, for such a potentially rich space. However, it was also through that selective exercise that a large part of the beauty of the residency has lain, in the process of artistic growth and development of the work. Finally, as detailed in my portfolio, I have photographically developed four parallel projects, which interrelate and provide a dialogue on the same theme.
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a. Lá vem o Vento Suão b. Fragmento a. Here comes the Wind from the South b. Fragment
Sara de Jesus Bento ESCOLA SUPERIOR DAS ARTES DECORATIVAS DE PARIS – FACULDADE PARIS 8 – ESCOLA SUPERIOR DAS BELAS ARTES (2003-2007) SCHOOL OF DECORATIVE ARTS OF PARIS – FACULTY PARIS 8 – SCHOOL OF FINE ARTS (2003-2007)
Publicações da Fundação Robinson 29, 2015, p. 42-49, ISSN 1646‑7116
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a. Lá vem o vento suão! é um projeto fotográfico que dá continuidade a uma reflexão sobre o retrato, o tempo e o espaço. Localizada na região do Alto Alentejo, a cidade de Por‑ talegre foi por mais de um século um importante centro industrial graças à produção de cortiça da Fábrica Robin‑ son. Em 2009, a fábrica encerrou deixando para trás uma valiosa herança cultural e social, histórica e arquitetónica. Durante a minha estadia em Portalegre, interessei-me pela cidade e seus arredores. Guiada pelas minhas impres‑ sões, explorei a paisagem em fragmentos, fotografei os passos da história, do presente e do inacabado... Parale‑ lamente interessei-me pelos jovens, a nova geração, a que está em oposição a essas relíquias do passado. Fazendo um ponto de comparação: essas personagens e paisagens representam a passagem de um lugar para o outro, de um sentimento para outro, um estado para outro na criação de uma atmosfera e história ainda em construção. Olho para longe, vejo os vales e o horizonte. O céu está azul, o vento sopra e as nuvens formam-se, Lá vem o vento suão! O título Lá vem o vento suão! é um verso original reti‑ rado do poema A toada de Portalegre do poeta português José Régio, escrito em homenagem à cidade onde viveu durante mais de trinta anos. b. Fragmento 1. Parte de um objecto que foi partido ou desfeito. 2. Porção incompleta ou isolado. 3. O que resta de uma obra antiga. 4. Elemento de um conjunto.
a. Here comes the wind from the south! is a photographic project which provides continuity to my reflection on the picture, time and space. Located in the Alto Alentejo region, the town of Portalegre was for more than a century an important industrial centre thanks to the production of cork at the Robinson Factory. In 2009, the factory closed leaving behind a valuable cultural and social, historical and architectural heritage. During my stay in Portalegre, I became interested in the city and its surroundings. Guided by my impressions, I explored the landscape in fragments; I photographed footsteps of history, of the present and of the unfinished... At the same time I took an interest in the young people, the new generation, who stand in opposition to these relics of the past. Making a point of comparison, these individuals and landscapes represent the passage of one place to another, from one feeling to another, one state to another in creating an atmosphere and history still under construction. Looking afar, I see the valleys and the horizon. The sky is blue, the wind blows and clouds are formed, There comes the wind from the south! The title There comes the wind from the south! is an original verse taken from the poem A toada de Portalegre (The tune of Portalegre) by the Portuguese poet José Régio, written in homage to the city where he lived for more than 30 years.
b. Fragment 1. Part of an object that has been broken or undone. 2. Incomplete or isolated portion. 3. What remains of an old work. 4. Element of a set.
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A residência na comunidade The residency in the community
Luís Vintém ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA E GESTÃO DO INSTITUTO POLITÉCNICO DE PORTALEGRE, DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIAS E DESIGN SCHOOL OF TECHNOLOGY AND MANAGEMENT OF THE POLYTECHNIC INSTITUTE OF PORTALEGRE, DEPARTMENT OF TECHNOLOGIES AND DESIGN
Magda Cordas ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA E GESTÃO DO INSTITUTO POLITÉCNICO DE PORTALEGRE, DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIAS E DESIGN SCHOOL OF TECHNOLOGY AND MANAGEMENT OF THE POLYTECHNIC INSTITUTE OF PORTALEGRE, DEPARTMENT OF TECHNOLOGIES AND DESIGN
Marta Nunes ARQUITETA E ILUSTRADORA ARCHITECT AND ILLUSTRATOR
Publicações da Fundação Robinson 29, 2015, p. 50-53, ISSN 1646‑7116
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O encerramento oficial da residência, a 26 de Setembro, reuniu os quatro artistas residentes a três artistas convida‑ dos que, respondendo ao repto da Fundação, comentaram em sessão pública a apresentação das propostas artísticas de cada um dos autores residentes. Essa palestra de apresenta‑ ção teve também como objetivo ser um espaço de troca de ideias e experiências, e também de promoção do debate em torno da importância de espaços abertos à criação artística e a sua relação com as comunidades das regiões onde são promovidas. Luís Vintém Dizia Edward Weston, que “a tarefa mais importante e mais difícil para um fotógrafo não é aprender como funciona a sua câmara, dominar a revelação (hoje diríamos pós-produ‑ ção digital) ou saber imprimir fotografias, mas sim aprender a ver fotograficamente”. Esta reflexão feita há mais de meio século parece fazer cada vez mais sentido quando observa‑ mos o caminho que a fotografia tem percorrido nos últimos anos. As câmaras fotográficas estão em todo o lado e é difícil encontrar alguém que não tenha interesse neste assunto de fazer desenhos com a luz. Mas basta dar uma vista de olhos em algum fórum online sobre fotografia e para os temas que aí se discutem — quase sempre as novidades da indús‑ tria e comparações entre modelos de câmaras e objetivas em busca das mais indicadas para fotografar o umbigo (que difí‑ cil ler isto como uma metáfora em pleno apogeu da “selfie”…) — para perceber que a fotografia deve estar noutro lado qualquer. Muitos dirão que esta arte vive um momento de crise. Que neste mundo há excesso de informação e excesso de imagens. Talvez seja verdade. Mas também é verdade que a democra‑ tização da fotografia veio aumentar o número de fotógrafos interessantes que podemos encontrar. O que se torna cada vez mais difícil é conhecer o trabalho deles todos. Historiado‑ res, escrevam os vossos dicionários de fotografia agora! Ama‑ nhã será impossível fazer uma lista dos fotógrafos incontor‑
The official closing of the residency, on 26 September, brought together the four resident artists and the three invited artists together who, responding to the challenge of the Foundation, made comments at a public session on the presentation of the artistic proposals of each of the resident authors. This presentation talk also had the aim of being a space to exchange ideas and experiences, and also promote a debate around the importance of open spaces for artistic creation and their relationship with the communities and the regions where they are promoted. Luís Vintém Edward Weston said that “the most important and most difficult task for a photographer is not learning how the camera works, mastering developing (today we would say digital post-production) or knowing how to print photos, but rather learning how to see photographically”. This reflection made more than half a century ago seems to make even more sense when we observe the path that photography has taken in recent years. Cameras are everywhere and it is difficult to find someone not interested in this matter of making designs with light. Just take a look at any on-line forum on photography and the subjects which they talk about – almost always industry news and comparisons between cameras and lenses in search of the perfect one to photograph the navel (which is difficult to read as a metaphor at the height of the “selfie”…) – to understand that photography should be somewhere else. Many would say that this art is experiencing a period of crisis. That in this world there is an excess of information and excess of images. That may be true. However, it is also true that the democratisation of photography has also increased the number of interesting photographers that we can find. Which makes it increasingly difficult to know of the work of all of these. Historians, write your photography dictionaries now! Tomorrow it will be impossible to make a list of the compelling photographers of our time. A short time ago I heard somebody say that the crisis is no more than a situation preg-
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náveis do nosso tempo. Ouvi há pouco tempo alguém dizer que uma crise não é mais do que uma situação que está grávida de mudança. Olho para as “crises da fotografia” do passado e vejo que todas se resolveram aprofundando a relação do fotógrafo com o mundo e, nesse processo, revelando novos mundos. As chaves da equação: O encontro e a partilha. Faz mais ou menos um ano que conheci em Portalegre cinco fotógrafos excecionais. Tinham sido convidados pela Funda‑ ção Robinson para olhar para a cidade de Portalegre e para a Fábrica centenária que é um dos seus ícones, e para partilhar esse encontro com a comunidade. A meio caminho entre o seu e o nosso olhar redescobrimos a nossa própria realidade. Aqui estavam cinco pessoas interessadas em “ver fotograficamente”, isto é, “aprender a ver o objeto que têm diante de si em termos das capacidades das suas ferramentas de trabalho mas sobre‑ tudo dos seus processos. Transformar os elementos e os valo‑ res do que está diante de si na imagem que procuram fazer” — Edward Weston outra vez… Esta residência artística ofereceu-nos algo fundamental, a essência do que mais importa na fotografia. O encontro atra‑ vés do “gesto inútil” que é a arte: aos fotógrafos ofereceu um novo mundo para descobrir e interpretar, só olhando para fora nos podemos encontrar. Aos portalegrenses ofereceu um novo olhar sobre si mesmos, como se fossemos colocados diante de um espelho mágico que nos permitisse conhecer um pouco mais do que somos. A todos, ofereceu o encontro e a partilha. Que as coisas mais importantes nesta arte sejam a luz e a (sua) reflexão é muito mais que uma metáfora.
nant with change. I look at the “photography crises” of the past and I see that all were resolved by deepening the photographer’s relationship with the world and, in this process revealing new worlds. The keys to the equation: meeting and sharing. About a year ago I met five exceptional photographers in Portalegre. They had been invited by the Robinson Foundation to look at the city of Portalegre and the century-old Factory that is one of its icons, and to share this meeting with the community. Halfway between their look and ours we discovered our own reality. Here there were five individuals interested in “seeing photographically”, that is, “learning to see the object you are faced with in terms of the capacities of your working tools but above all your own processes. Transforming the elements and values of what is before you in the image that you seek to make” – Edward Weston again... This artistic residency offers something fundamental, the essence of what matters most in photography. Meeting through the “futile gesture” which is art: photographers were offered a new world to discover and interpret, which we can find only by looking out. To the people of Portalegre a new look on themselves was offered, as if a magic mirror was placed in front of us to get to know a little more of who we are. Everyone was offered this meeting and sharing. That the most important things in this art are light and (its) reflection is much more than a metaphor. Magda Cordas
Magda Cordas Diante de um projeto, de incentivo cultural e artístico, que propõe tecer novos discursos visuais (resultantes de novos olhares), através de uma exploração imagética e espa‑ cial, tudo ao redor que se conecta com esse desígnio passa a ser um excelente lugar de reflexão, experiência e contempla‑ ção para estes jovens criadores e novos habitantes. A vivên‑ cia em diferentes cenários – onde a Fábrica Robinson como
Faced with a project with its cultural and artistic incentive, which proposes to weave new visual discourses (resulting from new looks), through a spatial and energetic exploration, all around everything connected to this design so as to become an excellent place for reflection, experience and contemplation for these young creators and new inhabitants. Living in different scenarios – with the Robinson Factory as a space of inspiration for creation becoming an atmosphere
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espaço de inspiração para a criação passa a ser um ambiente com possibilidades múltiplas – abre o caminho para a inter‑ pretação e experimentação de diferentes soluções estéticas. Onde a interação entre o gesto, a luz e a matéria – e as demais poéticas do espaço –, que causam impacto visual e estético, deram suporte às produções criativas destes artistas que pro‑ curam, cada vez mais, formas originais e alternativas de se expressar. Num ambiente de total liberdade criativa onde se tornou possível gerar novas relações e formas de expres‑ são, decorrentes de diferentes olhares, culturas e trajetórias. As perceções estéticas presentes nas diferentes manifestações artísticas dos participantes no programa de residência – capa‑ zes de estabelecer uma diversidade de conexões que perpassam do mais simples até ao seu mais alto grau de complexidade – revelaram ser uma excelente ilustração da admirável vitalidade e singularidade deste lugar. . Marta Nunes Muitas vezes, a beleza não reside no método, mas no resultado. As metodologias são tão importantes como as listas que fazemos – há um propósito, um objetivo, uma série de passos, mas temos sempre ingredientes extra. É importante construir uma base operacional para o objetivo que queremos atingir. Nessa base, coloca-se o método que se poderá adotar, uma charneira de orientação para que se possa começar, usar como referência ou como ponto de fuga. Depois o objeto, a fábrica e a cidade, as pessoas que nos rodeiam e os utensílios que con‑ tam histórias quando os olhamos pela lente. Há apenas um silêncio aparente nas imagens que se condensam. Se lhes der‑ mos tempo, elas falam em sombras e luz, cheiros, sons, sensa‑ ções e todas juntas narram vidas e momentos. A vivência da cidade e de tudo que a constrói vai determinar o conteúdo, o que se quer contar. O resultado é o que se mostra depois da decantação pessoal, o filtro da sequência e aí reside a beleza, o lugar onde vai operar a subjetividade e a nossa relação parti‑ cular com os espaços que habitamos.
with multiple possibilities – opening the door to interpreting and experimenting with different aesthetic solutions. Where the interaction between gesture, light and material – and the other poetics of the space -, which cause visual and aesthetic impact, provided support for the creative productions of these artists who increasingly sought original and alternative ways of expressing themselves. In an atmosphere of total creative freedom where it became possible to generate new reflections and forms of expression, resulting from different looks, cultures and trajectories. The aesthetic perceptions in the different artistic manifestations of the participants in the residency programme – able to establish a diversity of connections ranging from the most simple to the highest level of complexity – showed themselves to be an excellent illustration of the admirable vitality and singularity of this place.
Marta Nunes Often beauty lies not in the method but in the result. Methods are as important as the list that we make – there is a purpose, a goal, a series of steps, but we always have extra ingredients. It is important to construct an operational basis for the objective we wish to attain. In this basis, the method to be adopted is placed there, a guiding pivot so that one can start, and use as a reference or as a vanishing point. Then there is the object, the factory and the city, the surrounding individuals and the utensils which tell stories when we look at them through a lens. There is only one apparent silence in the images which are condensed. If we give them time, they talk in shadows and light, smells, sounds, sensations and all this together narrates lives and moments. The life of the city and everything it constructs will determine the content, what will be told. The result is what is shown after a personal decanting, the filter of the sequence and therein resides the beauty, the place where subjectivity will function and a particular relationship with the spaces in which we dwell.
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Notas biográficas e palavras‑chave Biographical notes and keywords Notas biográficas y palabras clave
Publicações da Fundação Robinson 29, 2015, p. 54-57, ISSN 1646‑7116
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PORTUGUÊS
Fran Herbello Licenciado em Belas Artes pela Universidade de Vigo em 2000, com a especialidade de escultura. Nesse mesmo ano, publica o seu primeiro trabalho, “A Imaxe e Semellanza” («À imagem e semelhança»), com presença em diversas exposições colectivas e feiras de arte como ARCO 2000 e PhotoEspaña 2001, e foi publicado em diferentes revistas e livros especializados, como “BLINK. 100 Photographers, 010 Curators, 010 Writers” da editora Phaidon. Em 2005 apresenta o seu segundo trabalho, “Mal de Corpo”, e recebe a Bolsa de Artes Plásticas Casa de Velázquez de Madrid. Em 2007 ganha a Bolsa da Real Academia de Espanha en Roma. Em 2009 começa a série “Panos de Alivio” que apresenta um ano depois, e em 2012 começa a trabalhar na série “Mil Rios” , publicada em 2014. PALAVRAS-CHAVE Natureza; Organicidade; Home; Racionalização; Controlo; Destino Pedro Natalio Nasceu em Don Benito a 28 de outubro de 1984. Com 14 anos foi para Toledo concluir o ensino obrigatório. Lá, iniciou os estudos de Filosofia e Teologia. Apesar de ainda faltarem dois anos para a conclusão deste curso, partiu para Salamanca, onde estudou Sociologia, vindo a especializar-se nos meios rural e urbano, e concluindo o curso em 2009. Desde então, utiliza a máquina fotográfica para realizar os seus projetos. Já ganhou diversos prémios artísticos e culturais e bolsas de investigação cultural. Expôs a sua obra, individual e coletivamente, dentro e fora de Espanha, procurando, sempre, exprimir o quotidiano e as preocupações sociais. PALAVRAS-CHAVE Portalegre; Fábrica Robinson; Fotografía; Arte; Arqueología Industrial; Memória; Luzes e Sombras; Reminiscência; Espaço/Tempo
Priscila Heeren Formada em Letras, com ênfase em Literatura Brasileira e Estudos Interartes, pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) no Brasil, com pós-graduação em Gestão Cultural pela Universi‑ dade UNA (MG). Frequenta o 6º. Período do curso de graduação (bacharelado) em Artes Plásticas da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG – Escola Guignard), com habilitações em Fotografia e Pintura.Tem grande interesse pelo estudo e pesqui‑ sa de processos transversais, interdisciplinares e, na sua prática fotográfica, assim como na pintura, tem especial atenção a aspetos relacionados com a passagem e ação do tempo sobre indivíduos e sobre o espaço, à memória e às pequenas arqueologias quotidianas que buscam e observam os vestígios da presença humana em meio à sua urbanidade ou na natureza.
Conviver na Arte Projeto 0354-ARTE-6-E O Campo de Estudo de Fotografia – Portalegre 2014 decorreu entre os dias 8 e 27 de Setembro de 2014, integrado no projeto Conviver na Arte do Programa de Cooperação Transfronteiriça Portugal-Espanha. Este projeto resulta de uma parceria entre a a Fun‑ dación Antonio Gala para Jóvenes Creadores, a Universidade de Salamanca, o Centro de Estudos Ibéricos, a Fundação Eugénio de Almeida e a Musi‑ béria – Centro Internacional de Músicas e Danças do Mundo Ibérico.
PALAVRAS-CHAVE Paisagem; Resistência; Arterial; Venoso; Intervenção; Frágil Sara de Jesus Bento Luso-francesa, licenciada pela Escola de Belas Artes em Le Mans e na Faculdade de Paris 8, em França, Sara integra a Escola das Artes Decorativas de Pa‑ ris (ENSAD) em fotografia e vídeo. Continuou a sua pesquisa fotográfica através do programa Erasmus na Universidade Aalto em Helsínquia, na Finlândia em 2010 e em 2012 obteve seu mestrado da ENSAD. Desenvolve o seu trabalho na área da imagem com base nos encontros, relações humanas, espaço e ter‑ ritório. Tem participado em diversas exposições e festivais em França, Finlândia e Bolívia. PALAVRAS-CHAVE a. Cidade; Industrial; Paisagem; Portalegre; Retrato; Arquitetura; Tempo b. Fábrica; Robinson; Fragmento; Cortiça; Marcas; Tempo
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ENGLISH
Fran Herbello Graduate in Fine Arts from the University of Vigo in 2000, speciality sculpture. In that same year he published his first work “The Image and Similarity” which was exhibited at different festivals and art fairs such as Arco 2000 and PhotoEspaña 2002, and published in different magazines and books such as “BLINK. 100 Photographers, 010 Curators, 010 Writers” from the publisher Phaidon. In 2005, he presented his second work “Mal de Corpo” and was granted a Plastic Arts Scholarship from the Casa de Velázquez in Madrid. In 2007, Fran Herbello obtained a scholarship from the Royal Academy of Spain in Rome. In 2009, he started the series “Panos de Alivio” (Relief Cloths) which he presented a year later and in 2012, he embarked on work for the series “Mil Rios” (A Thousand Rivers) which was published in 2014.
Priscila Heeren Degree in Letters, with an emphasis on Brazilian Literature and Interarts Studies, from the Federal University of Minas Gerais (UFMG) in Brazil, with postgraduate training in Cultural Management from the UNA University (MG). She is attending the 6th Period of the undergraduate course (baccalaureate) in Plastic Arts at the State University of Minas Gerais (UEMG – Guignard School), and has obtained qualifications in Photography and Painting. She is greatly interested in the study and research of transversal, interdisciplinary processes and in the practice of photography, as well as in painting, with particular attention to aspects related with the passage and action of time on individuals and space, memory and small daily archaeologies which search and observe the traces of the human presence in the midst of their urbanity or in nature.
KEYWORDS Nature; Organic nature; Home; Rationalization; Control; Destiny
KEYWORDS Landscape; Resistance; Arterial; Venous; Intervention; Fragile
Pedro Natalio Born in Don Benito on 28 October 1984. At the age of 14, he went to Toledo to finish compulsory education and there he began to study Philosophy and Theology. He took 2 years to finish these studies, then he went to Salamanca to study Sociology, specializing in rural and urban areas and graduated in 2009. Since then Pedro has used the camera to carry out his projects. He has received several cultural artistic awards and scholarships to carry out cultural research. He has exhibited individually and collectively, both nationally and internationally, apparently always trying to show everyday life and social commitment.
Sara de Jesus Bento With Portuguese and French nationality, a graduate of the School of Fine Arts in Le Mans and at the Faculty of Paris 8, France, Sara is part of the School of Decorative Arts in Paris (ENSAD) in the area of photography and video. She continued her photographic research through the Erasmus programme in the Aalto University in Helsinki, Finland in 2010 and in 2012; she obtained a Master’s degree from ENSAD. She has developed her work in the area of image based on meetings, human relations, space and territory. Sara has taken part in various exhibitions and festivals in France, Finland and Bolivia.
KEYWORDS Portalegre; Robinson factory; Photography; Art; Industrial Archaeology; Memory; Lights and Shadows; Reminiscence; Space/Time
KEYWORDS a. City; Industrial; Landscape; Portalegre; Picture; Architecture; Time b. Factory; Robinson; Fragment; Cork; Brands; Time
Living in Art Projeto 0354-ARTE-6-E The Photography Field Camp – Portalegre 2014 took place between the 8 and 27 September 2014, as part of the Living in Art project Portugal-Spain Cross-Border Cooperation Programme. This project resulted from a partnership between the Antonio Gala Foundation for Young Creatives, the University of Salamanca, the Centre for Iberian Studies, the Eugénio de Almeida Foundation and Musibéria – the International Centre for Music and Dances from the Iberian World.
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E S PA Ñ O L
Fran Herbello Licenciado en Belas Artes pola Universidade de Vigo no 2000, especialidade de escultura. Ese mes‑ mo ano, publica o seu primeiro traballo “ A Imaxe e Semellanza” que se expón en diferentes festivais e ferias de arte como Arco 2000 e PhotoEspaña 2002, e se publica en diferentes revistas e libros especia‑ lizados como “BLINK. 100 Photographers, 010 Cu‑ rators, 010 Writers” da editorial Phaidon. No 2005 presenta o seu segundo traballo “Mal de Corpo” e se lle concede a Bolsa de Artes Plásticas Casa de Veláz‑ quez de Madrid. No 2007 obtén a Bolsa da Real Aca‑ demia de España en Roma. No 2009 comenza a serie “Panos de Alivio” que presenta una ano máis tarde e no 2012 empeza a traballar na serie “Mil Rios” que foi publicada no 2014. PALABRAS CLAVE Natureza; Organicidade; Home; Racionalización; Control; Destino Pedro Natalio Pedro Natalio Rodríguez Martín nació en Don Beni‑ to el 28 de Octubre de 1984. A los 14 años marchó a Toledo a terminar los Estudios obligatorios y allí comenzó a estudiar Filosofía y Teología. A expensas de 2 años por terminar estos estudios, marchó a Sa‑ lamanca a estudiar Sociología, especializándose en medio rural y urbano y licenciándose en 2009. Desde entonces utiliza la cámara fotográfica para realizar sus proyectos. Ha recibido varios premios artísticos culturales y becas de investigación culturales. Ha realizado Exposiciones a nivel individual y colectivo, tanto a nivel nacional como internacional intentan‑ do poner siempre de manifiesto la cotidianidad y el compromiso social. palaBras cLave Portalegre; Fábrica Robinson; Fotografía; Arte; Arqueología Industrial; Memoria; Luces y Sombras; Reminiscencia; Espacio/Tiempo
Priscila Heeren Con formación en letras, destacándose la literatura brasileña y los estudios interartísticos, por la Universidad Federal de Minas Gerais (UFMG), en Brasil, y con el posgrado en Gestión cultural por la universidad UNA (MG). Cursa el 6º semestre del curso de grado en Artes Plásticas de la Universidad Estatal de Minas Gerais (UEMG – Escola Guinard), con estudios de fotografía y pintura. Le interesan especialmente el estudio y la investigación de procesos transversales, interdisciplinarios y, en su praxis fotográfica, así como en su pintura, le atraen sobre todo los aspectos relacionados con el paso y la acción del tiempo sobre los individuos y sobre el espacio, la memoria y las pequeñas arqueologías cotidianas que siguen y observan los vestigios de la presencia humana en medios urbanos o en entornos naturales.
Convivir en el Arte Proyecto 0354-ARTE-6-E El Campo de Estudio de Fotografía - Portalegre 2014 transcurrió entre los días 8 y 27 de septiembre de 2014, integrado en el proyecto Convivir en el Arte del Programa de Cooperación Transfronteriza Portugal-España. Este proyecto es el resultado de una colaboración entre la Fundación Antonio Gala para Jóvenes Creadores, la Universidad de Salamanca, el Centro de Estudios Ibéricos, la Fundação Eugénio de Almeida y Musibéria - Centro Internacional de Músicas e Danças do Mundo Ibérico.
PALABRAS CLAVE Paisaje; Resistencia; Arterial; Venoso; Intervención; Frágil Sara de Jesus Bento Lusofrancesa, licenciada por la Escuela de Bellas Artes de Le Mans y en la Facultad de París 8, en Francia, Sara integra la Escuela de Artes Decorativas de París (ENSAD) con la fotografia y el vídeo. Sigue su investigación fotográfica a través del programa Erasmus en la Universidad Aalto, en Helsinki (Finlandia), en 2010. En 2012, completó su master en ENSAD. Para desarrollar sus imágenes, se basa en los encuentros, las relaciones humanas, el espacio y el territorio. Ha participado en varias exposiciones y en certámenes artísticos en Francia, Finlandia y Bolivia. PALABRAS CLAVE a. Ciudad; Industrial; Paisaje; Portalegre; Retrato; Arquitectura; Tiempo b. Fábrica; Robinson; Fragmento; Corcho; Marcas; Tiempo
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