Revista Comtexto

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[ Ano I • Número 4 • Junho / Julho 2010 • R$ 10,00]

Entrevista Diretora de produção da Companhia das Letras há 23 anos, ela fala sobre a polêmica dos e-books

Tecnologia Tudo sobre o celebrado Ipad da Apple

Fique por Dentro Saiba como a Copa do Mundo está interferindo no mercado editorial

Descubra como uma editora tão jovem se tornou uma das líderes do mercado editorial brasileiro Revista Comtexto 1


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Departamento Editorial

Editora de texto

Editora de criação

Editora de arte

Editora de redação

Editor iconográfico

Editor de notícias

Gabriela Rocha Ribeiro

Laura Sengberg Ammann

Karine dos Santos Barbosa

Jeferson Maximo Silva

Aline Inforsato Sena

Renan Wenceslau de Jesus

Colaboradores Adriano Aguina Carlos Messias Rafael Sarto Renato Parada

Editor de publicações

Guilherme Santos Rezende

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Sumรกrio Entrevista

Mundo verde

Vitopel

Elisa Braga 14

8 Mercado editorial Tecnologia

O Ipad 16 Prateleira

Cinema

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Seja bem vindo 18

Tudo Pode Dar Certo 23


FIQUE POR DENTRO Copa do mundo faz crescer número de lançamentos de livros sobre esporte........ 6 O homem por trás do mito: Nelson Mandela........................................................................ 6 Globalização x Protecionismo cultural.................................................................................... 6 Quanto vale uma boa idéia?........................................................................................................ 7 As feiras estão chegando: Frankfurt e Paraty........................................................................ 7 A luta pelo lucro cria a cultura dos Best-Sellers.................................................................... 7

MUNDO VERDE Livro de plástico da Vitopel ......................................................................................................... 8

CAPA Companhia das Letras................................................................................................................... 10 Diversificação do Público-leitor........................................................................................... 12 Parceria nacional....................................................................................................................... 13 Parceria internacional.............................................................................................................. 13

ENTREVISTA Elisa Braga.......................................................................................................................................... 14

TECNOLOGIA O novo filho da Apple ................................................................................................................... 16

MERCADO EDITORIAL Bem vindo a um futuro inevitável............................................................................................. 18

PRATELEIRA Monteiro Lobato ............................................................................................................................. 22 Fátima Ali............................................................................................................................................ 22 Laurinda Grion.................................................................................................................................. 22 Robert Darnton................................................................................................................................ 22

CINEMA Tudo Pode Dar Certo...................................................................................................................... 23

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Fique por dentro

Copa do mundo faz crescer número de lançamentos de livros sobre esporte A proximidade da Copa do Mundo, na África do Sul, já causa reboliço no mercado editorial brasileiro. De olho nos fanáticos pelo esporte bretão, as editoras estão lançando diversos títulos no mercado sobre o tema. Os resultados já são visíveis: a Livraria

Cultura, por exemplo, divulgou que suas vendas de obras relacionadas ao futebol cresceram 460% em relação ao mesmo período do ano passado. É torcer para que os comandados de Dunga vão bem em campo e contribuam para as vendas do setor.

O homem por trás do mito: Nelson Mandela O evento na África do Sul também já produz uma série de lançamentos sobre um herói do nosso tempo: a vida de Nelson Mandela, ex-presidente e líder da luta contra o apartheid. São filmes, livros e documentários que chegam às lojas tendo como pano de fundo sua luta contra o regime

de segregação racial sul-africano. Sobre o líder, é possível rever passagens conhecidas de sua car reira política, como os anos na prisão, as primeiras eleições livres e a Copa do mundo de Rugby de 1995, esporte dos brancos que foi abraçado por todo país.

Globalização x Protecionismo cultural Outra polêmica em vista é a questão dos países que querem defender sua produção cultural, mas, ao mesmo tempo, querem participar do mercado internacional, em especial dos Estados Unidos. Acontece que países como o Canadá, adotaram ou estão em vias

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de discussão de limitar a venda de títulos estrangeiros em seu país. Essa questão promete mais, visto o crescimento econômico da China, que já é o maior mercado em número de títulos do planeta e poderá se tornar também o mais rentável.


Quanto vale uma boa idéia? Basta deixar o livro em algum lugar público. Você pega, lê e depois o passa pra frente. Foi baseado nesta idéia, o Book Crossing, surgida nos Estados Unidos e presente atualmente em mais de cem países, que um grupo cariocas criou o projeto Livro de Rua, que não só

deixa os livros em lugares públicos, mas também cria as “bibliotecas de rua” em áreas carentes. Não precisa se cadastrar, nem devolver o livro. Apenas passe-o adiante. Em dois anos de existência, o projeto já disseminou mais de 2000 exemplares.

As feiras estão chegando: Frankfurt e Paraty Organizada pela Câmara Brasileira do Livro em parceria com a Apex-Brasil, o Projeto Brazilian Publishers, a Fundação Biblioteca Nacional (FBN), a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo e o Sindicato Nacional de Editores de Livros (SNEL); a participação brasileira na feira de Frankfurt já está

recebendo inscrições das editoras interessadas em fazer parte dos 120m2 do estande nacional. Um pouco antes, em Agosto, a FLIP confirmou as presenças do diplomata Alberto da Costa e Silva, a socióloga Angela Alonso e a escritora Isabel Allende.

A luta pelo lucro cria a cultura dos Best-Sellers Cada vez mais competitivo, o mercado editorial tem assistido nos últimos tempos a uma concentração de títulos mais rentáveis nas lojas, enquanto o espaço para novos autores diminui. Em busca de um giro mais rápido de seus produtos, as editoras apostam cada vez

mais nos Best-Sellers em um processo de concentração e globalização do livro. Com a diminuição do catálogo e a aposta nas mesmas figuras de sempre, o mercado discute a questão: Qual o futuro do livro? Aguarde os próximos capítulos.

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Mundo verde

Livro de plástico da Vitopel Por Guilherme Rezende

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com a vantagem que se aproveita o material que iria para o aterro sanitário ou lixões.” O resultado do teste foi um sucesso, e a partir daí, em parceria com a UFSCar, a Vitopel passou a produzir esse papel em escala comercial com boas vantagens para quem produz e também para quem compra o produto. Entre as vantagens do papel de plástico, destaca-se a total adequação aos equipamentos usados na fabricação do papel convencional, poder ser produzido a partir de qualquer produto feito com plástico convencional, e ainda desencadear uma redução de produtos plásticos encontrados no lixo. Segundo informa o presidente da Vitopel José Ricardo Roriz Coelho, a cada tonelada de Vitopaper produzido são reciclados 850 kg de plástico das ruas, e como atualmente o papel sintético é feito de petróleo, e o novo com plástico, prevê-se uma considerável redução da poluição no meio ambiente. Outro destaque presente no papel é que ele pode ser impresso em várias cores, o que dá um acabamento diferenciado a qualquer projeto ou trabalho, além do fato de ser ilimitadamente reciclável. O Vitopaper é impermeável, podendo ser usado para várias finalidades como mapas e placas, e o fato de ser flexível traz uma tranqüilidade maior para

Divulgação

Fundação Paula Souza, instituição que oferece cursos técnicos no Estado de São Paulo, terá uma grande novidade na confecção dos seus próximos livros: o novo material, que será o papel sintético feito a partir de plásticos reciclados. Em parceria com a maior produtora dessa tecnologia no mundo, a Fundação Paula Souza irá fabricar 261 mil livros já no novo papel, com a vantagem de maior durabilidade e a possibilidade de escrever no livro usando caneta esferográfica de ponta porosa, e até mesmo lápis. Além de todas essas vantagens, o papel pode ser reciclado sem limitações, o que também barateia seu custo. Após três anos de pesquisa, a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) desenvolveu um papel sintético fabricado com plásticos reciclados. A empresa Vitopel, que é líder no seguimento de filmes flexíveis, cedeu os equipamentos necessários para o teste do papel. Lorenzo Giacomazzi, coordenador de tecnologia de processos da Vitopel, conduziu os testes com o Vitopaper. “O grande diferencial desse processo é fabricar um papel sintético com material totalmente reciclado”, diz Giacomazzi. Foram usadas várias composições e misturas de plásticos da classe das poliolefinas. “O aspecto final é o mesmo do produto feito a partir da resina virgem,

Exemplo de um livro de plástico da vitopel

os estudantes. Por ser mais leve que os outros papéis, ele pode ser usado com mais opções. Atualmente o papel de plástico já está sendo comercializado e atingiu a marca de mais de mil toneladas de papel produzido. Pelos bons resultados obtidos já se estuda a possibilidade de triplicar a produção. A Vitopel tem investido por volta de US$ 2 milhões em pesquisa por ano, e tem patente em produtos de diversos setores. Com seus escritórios de representação, a Vitopel está presente nos Estados Unidos, Argentina e Brasil, tendo em outros países importantes parcerias comerciais. No Brasil a Vitopel é líder no setor de filmes flexíveis e faz exportação para muitos países das Américas do Sul, Central, do Norte, Europa e África. O Brasil é responsável por 60% do consumo de embalagens flexíveis na América do Sul, e, no mercado nacional, a Vitopel responde por 52 % da produção desse produto.


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COMPANHIA Luiz Schwarcz, da Companhia das Letras, vem há mais de 20 anos seguindo uma fórmula que permite, com a ajuda de uma equipe de mais de cem pessoas, lançar aproximadamente 30 títulos por mês

Divulgação

O homem por trás da marca

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Por Gabriela Rocha

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sucesso conquistado pela Companhia das Letras é, primeiramente, fruto de uma atenta administração: a do grande editor Luiz Schwarcz. Em entrevista a Hermes Rodrigues Nery, do site UOL, Schwarcz conta como a editora surgiu: “A Companhia das Letras nasceu de uma inquietação minha. Eu trabalhava na Brasiliense, tinha chegado a ser diretor editorial, por vários anos. Eu tive um contato muito bom e aprendi muitas coisas na minha experiência lá. Chegou um determinado momento em que senti que havia um espaço para fazer aquilo de que mais gostava. Eu me sentia inclinado, na minha profissão, e via condições de fazer uma coisa de que gostava mais”. Schwarcz ainda comenta sobre sua formação profissional, antes do nascimento da Companhia das Letras: “Sempre tive interesse por livros, desde pequeno busquei conhecer um pouco de Literatura. Desde a minha adolescência fui encaminhado para seguir uma carreira profissional de administrador, e por uma opção universitária acabei estudando, na GV, – Administração de Empresas –, mas algo me dizia que aquele talvez não fosse o meu caminho, não fosse a opção que mais se amoldava ao meu gosto. No percurso univer-


DAS LETRAS sitário, me aproximei muito dos livros. Passei a estudar Ciências Sociais por conta própria. Passei a trabalhar com os professores de Ciências Sociais da GV. Formava grupos de estudos, lia muito; durante certo tempo tive esta coisa muito engraçada de só ler coisas de Ciências Sociais, e cheguei até a abandonar um pouco as leituras literárias, lia, antes de dormir, Fernando Henrique Cardoso, esse tipo de coisas; sempre preocupado com Ciências Humanas, acabei me formando, ou fazendo formação na área de Humanidades”. Schwarcz é questionado sobre como se sente investindo na publicação de livros de tão alta qualidade num país onde se lê tão pouco. O editor responde: “A gente sempre pensa que o Brasil é um país de poucos leitores, e esta talvez seja uma verdade com uma sustentação bastante frágil. O número de leitores, no Brasil, embora seja pequeno, devemos levar em conta que estamos falando de um país com uma enorme deficiência no sistema educacional, com uma porcentagem de analfabetismo muito grande – e, apesar disso tudo, nós temos um índice de leitores que é crescente. Se você pensar, muitas vezes as tiragens brasileiras não são muito diferentes das tiragens européias. É que o livro no mundo inteiro, na grande maioria dos casos, não é um produto de massa, e por maior que seja o mer-

cado de best-sellers, das edições de pocket americano, você tem, por exemplo, o mercado francês que é tido como um dos mercados onde mais se lê no mundo (e as tiragens francesas não diferem das brasileiras). O problema é que – e isto não é um demérito para o livro –, ele não é um produto de massa”.

mais você ” Quanto se aproxima da

concepção de livroobjeto, mais você respeita o livro como sujeito

Luiz Schwarcz, criador da Companhia das Letras

Sobre as grandes dificuldades de se editar no Brasil, Schwarcz citou a questão da tradução: “Um dos problemas mais sérios é a qualidade das traduções, que não é somente um problema brasileiro e sim internacional. É claro que, quanto mais desenvolvido for o mercado, melhor a remuneração possível do tradutor e maior é a facilidade que se tem para resolver esses problemas. Tive contato, por exemplo, com editores alemães, e ficamos impressionados com a semelhança das dificuldades que temos nessa área”.

Por fim, questionado sobre qual seria sua maior preocupação como editor, Schwarcz reflete: “Antes de qualquer coisa, ser editor é saber trabalhar em equipe e valorizar a minúcia. Eu me preocupo muito com a escolha dos formatos dos livros, o tipo de corpo, de letra que está sendo impressa no livro. Às vezes, o leitor nem sabe que aquele tipo de letra foi desenhado por um especialista no século XVIII... Cada letra tem uma determinada característica, faz parte de uma política editorial a escolha da tipologia que você vai utilizar em seus livros, o tamanho da letra – esta é uma área que sempre me entusiasma. Quanto mais você pensa no livro como objeto, mais você o está respeitando como sujeito. Quanto mais você se preocupar (também) com as coisas materiais que envolvem a produção de um livro, e procurar adequar aquele tipo de livro a determinada produção gráfica, você estará, sem dúvida, mais próximo nas idéias e essência daquele livro. Quanto mais você se aproxima da concepção de livro-objeto, mais você respeita o livro como sujeito. Esse exercício de minúcia editorial é onde também se exercita a criatividade de um editor. O tratamento gráfico, a escolha do papel, a determinação das capas, a criação das coleções, enfim, tudo isso deve fazer o dia-a-dia do editor”. Revista Comtexto

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Diversificação do Público-leitor

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sucesso da Companhia das Letras, porém, não se encontra somente na figura de Schwarcz; mas também na segmentação da Editora, com a criação de diversos selos com diferentes propostas e preços de mercado. Este foi um fator que contribuiu demasiadamente com a formação de um grande nome no ramo editorial. O site da Companhia das Letras conta a história de seus diferentes selos e justifica suas criações: “A Companhia das Letras foi fundada em 1986. Nos primeiros doze meses de existência, lançou 48 títulos; em 2009, foram mais de 230. “Criado em 1992, o selo Companhia das Letrinhas tem como proposta editar livros afinados com a sensibilidade infantil, capazes de mobilizar nas crianças sua capacidade cognitiva, seus desejos de autoexpressão, sua necessidade de organizar o mundo. Livros que sejam para elas uma experiência cada vez mais perceptível de independência. “O selo Cia. das Letras, que surgiu em 1994, desenvolve duas linhas básicas: de um lado, publica livros de ficção e não ficção voltados para pré-adolescentes e adolescentes; de outro, obras de interesse para diferentes faixas etárias, como O mundo de Sofia, O menino do pijama lis-

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trado e a coleção Desventuras em Série. “Para tornar o livro ainda mais acessível e ampliar sua importância no cotidiano brasileiro, em 2005 foi criado o selo Companhia de Bolso, que relança em edição econômica os grandes sucessos da Companhia das Letras. Em 2009, para atender às expectativas de um mercado cada vez mais exigente, foram criados mais três selos: Quadrinhos na Cia., editora Claro Enigma e Penguin Companhia. “Quadrinhos na Cia. traz uma linha dedicada inteiramente ao gênero, que publica tanto autores clássicos quanto contemporâneos, nacionais e estrangeiros, adultos e juvenis. “A editora Claro Enigma surgiu para suprir uma demanda dos professores e profissionais ligados à educação por material paradidático de qualidade que ajude a aproximar os conteúdos pedagógicos de seu principal alvo, o aluno. A partir do segundo semestre de 2010, o selo Penguin Companhia editará, em português, obras do riquíssimo catálogo da Penguin Classics, com o formato internacionalmente reconhecido da coleção, e uma série de clássicos em língua portuguesa, além de novos projetos idealizados especialmente para a coleção”.


parceria nacional Uma grande parceria foi fechada entre a Companhia das Letras e a Livraria Cultura, que é referência em canal de distribuição. A loja da Livraria Cultura, localizada no Conjunto Nacional, abriga hoje todo o catálogo da Companhia das Letras, em uma loja exclusiva, que recebe o nome de “Companhia das Letras por Livraria Cultura”. A editora concordou em pagar uma taxa mensal pelo espaço exclusivo. Nenhuma das duas empresas revela os valores do acordo ou do investimento na nova loja. Pedro Herz, dono da Livraria Cultura, afirmou à Folha de S. Paulo que “a iniciativa é única no mundo”. E esclareceu: “Tivemos a idéia de ter não uma ‘store in store’, um quiosque da Companhia dentro da loja, como acontece em outros tipos de negócio,

mas sim de dedicar uma loja inteira a uma marca que tem a nossa cara e com a qual já fizemos ótimas parcerias”. Por seu lado, a Companhia das Letras afirma que o espaço possibilita uma “interferência maior” na forma de exposição dos livros à venda. Em visita à Livraria Cultura do Conjunto Nacional, visitamos também a loja da Companhia das Letras. De acordo com os funcionários, o gênero mais procurado é Literatura Estrangeira (principalmente norte-americana), com foco em literatura fictícia, uma das especialidades da Companhia das Letras. Esta demanda de livros, ainda de acordo com os funcionários, gera grande lucro no período de dezembro a fevereiro, quando escolas e

universidades estimulam os jovens a lerem mais, selecionando livros da Companhia das Letras. Além deste período, existe também uma demanda considerável durante os meses de junho e julho. É importante destacar que fora destes períodos a livraria mantém uma venda favorável, graças ao lançamento de livros premiados. Um livro a ser destacado para essa temporada é “Riso e Melancolia” de Sergio Paulo Rouanet; além dos livros que viraram filmes, como o livro “Ilha do medo” de Dennis Lehane, que deu origem ao filme vencedor do Oscar 2010.

parceria internacional O Estado de S. Paulo noticiou em setembro de 2009 o fechamento da parceria entre a Companhia das Letras e a Penguin Books. O acordo entre as editoras consiste no lançamento dos clássicos da Penguin em um selo que terá o nome Penguin Companhia Clássicos. Luiz Schwarcz, presidente da Companhia das Letras, explica por quê escolheu a Penguin como parceira: “Alguns dos diferenciais da coleção da Penguin em relação aos clássicos publicados pelas outras editoras no Brasil são os textos de introdução e as notas do editor”. Sobre as edições brasileiras, Schwarcz atenta: “Fernando Henrique Cardoso escreverá o prefácio de O

Príncipe, de Nicolau Maquiavel. Mas as apresentações da edição britânica serão mantidas”. Por fim, Chacra analisa a criação e o desenvolvimento de ambas as editoras e o que elas possuem em comum: “As duas editoras consolidaram seu nome de uma forma diferente, mas acabaram, segundo seus presidentes, adotando perfis similares. Fundada em 1935, de acordo com o histórico divulgado pela editora, a Penguin foi criada por Allen Lane para oferecer livros de qualidade a um preço acessível. A idéia surgiu depois de perceber a falta de boas obras à venda em estações de trem. A coleção dos clássicos surgiria 11 anos mais tarde e a marca Penguin

conseguiu tornar-se um ícone da literatura em inglês. Já a Companhia das Letras foi fundada por Luiz Schwarcz em 1986, 40 anos depois do lançamento dos clássicos. Ao avaliar sua trajetória, o editor acrescenta que o objetivo sempre foi ‘primar por uma linha editorial de qualidade’. Recentemente, buscando oferecer livros a preços mais baixos, a editora relançou antigos títulos com o selo Companhia de Bolso”. Revista Comtexto

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ElisaBraga Renato Parada

Entrevista

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mbora o e-book seja uma grandiosa novidade, o hábito de possuir e-readers ainda não está consolidado no Brasil ou no exterior. Por enquanto, os clássicos da Penguin lideram a posição de mais vendidos para o Kindle. Em entrevista a Marília Neustein, do blog Direto da Fonte, em abril de 2009, Luís Schwarcz se mostrou otimista em relação ao futuro do livro: “As teorias apocalípticas têm sempre seus arautos de plantão. Mas a leitura não vai acabar. Se acabar, espero não estar aqui para presenciar seu féretro. Não acho também que o livro de papel vá ser substituído, por enquanto. Porque ainda é o melhor formato para o desfrute literário. O livro é algo pessoal, que você cria ao ler, em que o tato é importante. As relações que possuem um grau de subjetividade ainda necessitam de algo material. São como as relações pessoais, não dá para imaginar ter uma relação afetiva com alguém sem poder ver , tocar, encostar na pele”. Segundo o site PublishNews. com.br, o presidente executivo da Penguin Books afirma que o desafio é manter o romantismo 14

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Diretora de Produção da Companhia das Letras há 23 anos, Elisa Braga conta à equipe da Revista Comtexto sobre as projeções de futuro da editora

do livro impresso: “precisamos manter o foco na relação emocional do leitor com o livro, pois ainda é importante produzir um livro impresso bonito, com um bom design, que fique bonito numa prateleira, e que se possa dar de presente a um amigo”. Porém, uma editora que pensa no mercado e reconhece novas oportunidades não pode simplesmente ficar de fora de um período inovador, e, por isso, no dia 5 de Abril de 2010, a Companhia das Letras anunciou o lançamento dos primeiros e-books da editora, mostrando que tem tudo para adaptar-se à era digital e lucrar com ela. Os dois primeiros representantes digitais são os títulos Antes do Baile Verde, de Lygia Fagundes Telles e A Cidade Ilhada, de Miltom Hatoum. Em breve outros exemplares estarão disponíveis e, entre eles, Leite Derramado, de Chico Buarque e Caim, de José Saramago. A venda será realizada mediante o site da Livraria Cultura, que é a única a comercializá-los atualmente. A editora deverá priorizar as literaturas em língua portuguesa inicialmente. Os arquivos estão em formato ePub, que pode ser lido

em PC, Mac e e-readers compatíveis. Já aqueles que não são compatíveis a esse formato são o iPad e iPod Touch. A Revista Comtexto está interessada em descobrir em que proporções o e-book fará parte do futuro da Companhia das Letras e qual é sua perspectiva a curto, médio e longo prazo. Quais são as forças, fraquezas, ameaças e oportunidades que atingem a editora? Para conseguirmos informações a respeito de sua postura no mundo digitalizado, os editores Guilherme Rezende, Jeferson Máximo e Laura Ammann, da Revista Comtexto, foram até a editora Companhia das Letras, em São Paulo, recebidos por Elisa Braga, diretora de produção há 23 anos. Revista Comtexto – Como funciona o departamento editorial? E como são escolhidas as publicações, determinando quais temas são mais relevantes? Elisa Braga – Nós temos algumas agentes literárias no exterior e um scouter em Nova York contratada para verificar os autores e livros que estão em voga para passar-nos em primeira mão; isso com relação aos livros estrangei-


ros. Temos também um departamento grande que recebe os jornais do exterior e os livros para nós vermos qual o interesse. Depois de uma pré seleção o material vai para o departamento editorial. Com relação aos livros nacionais recebemos muita coisa pelo correio - no nosso site tem explicação de como fazer isso – ou os próprios autores, consagrados ou não, nos procuram. No caso do Jorge Amado, sua família abriu uma concorrência para as editoras, e então pudemos apresentar um projeto bastante completo, com todo o conteúdo editorial, de marketing e de capacitação de professores para trabalhar em sala de aula. RC – Qual a visão de vocês em relação ao livro digital? Há espaço para esse tipo de publicação? EB – Nós já temos três livros que estão na Livraria Cultura para download pois achamos que não podemos ficar de fora, mas por enquanto ainda é uma coisa muito incipiente que vai crescer de forma vagarosa. O aparelho é muito caro no Brasil e este mercado ainda não está consolidado; os direitos autorais ainda estão em discussão e nem todos os autores no momento estão de acordo, tanto aqui quanto lá fora. Devemos entrar com 50 títulos até o final do ano, mas trabalhando com muita calma, pois queremos ter o mesmo cuidado na produção de livros digitais que temos com os impressos. Por isso lançamos somente três títulos até o momento; é um processo muito mais demorado do que pensávamos. RC – Vocês acreditam que no futuro este pode ser um meio consolidado como os impressos? EB – É difícil dizer, no mundo inteiro há uma discussão for-

te sobre o assunto. Na feira de Frankfurt, em outubro do ano passado, o assunto foi o livro digital, e, por coincidência, eu estava em uma palestra na Câmara Brasileira do Livro sobre o e-book. Quando voltei, a Amazon queria publicar nossos livros no Kindle e recebemos muitas ligações de quem estava na Feira de Frankfurt, também a respeito do livro digital. Particularmente, acho que quando o e-book estiver nas escolas à disposição dos alunos, a disseminação será mais rápida e maior. Mesmo nos EUA, o mercado de livros digitais ainda gira em torno dos 3 a 4%. RC – Existe algum projeto para o futuro que possa ser comentado? EB – Tem um que é secreto (risos)... Temos a biografia do Barack Obama na obra ‘A ponte’ de David Remnick, prevista para novembro. Temos publicado uma média de 25 livros por mês (...) temos muitas novidades, mas nada que eu possa falar já. RC – Qual o tempo médio para um livro ser confeccionado desde o manuscrito ate o seu lançamento? EB – Esse tempo está ficando cada vez menor. Quando entrei na editora demorava-se muito mais; atualmente, por conta até da tecnologia, a média são três meses de produção além do tempo de tradução. O tempo recorde foi o da produção de ‘A Questão dos Livros’, efetuada em um mês. RC – Qual foi a importância da parceria da Companhia das Letras com a Penguin Books? EB – Ela vai ser muito importante para nós; é a primeira vez que a Penguin deixa seu nome ser

vinculado ao de outra editora. A editora fez a mesma parceria na Índia e na Coréia, mas manteve o nome Penguin. Estamos muito contentes; o Luiz Schwarcz já fez um estágio de um mês na Penguin de NY. A questão dos clássicos acessíveis é muito importante para nós. Começamos com a Companhia de Bolso aqui no Brasil e acreditamos que dará certo com a Penguin Companhia das Letras. RC – Vocês praticamente não têm livros com páginas brancas. Por quê a decisão do papel Off White? EB – No começo da editora o Off White ainda não existia no Brasil, então pedimos para a Companhia Suzano de Papel e Celulose desenvolver esse papel creme que possibilita maior tempo de leitura e agora muitas outras editoras usam esse tipo de papel também. RC – Para encerrar, em sua opinião o que faz a Companhia das Letras ser esta editora consolidada e bem respeitada? O que no passado influenciou para que se chegasse até aqui? EB – Acho que a Companhia das Letras foi um marco na editoração no Brasil por trazer o cuidado editorial com a capa, layout, papel e miolo bem escrito. O que foi um detalhe fundamental no passado, é que dávamos para os jornalistas uma prova xerocada do livro antes dele chegar às livrarias, e isso dava tempo ao jornalista de lê-lo e escrever a resenha um dia antes do lançamento do livro. Acho que temos que ver o livro como um produto, onde temos que trabalhar o gosto pela leitura e, para isso, incentivamos fazendo capacitações, cartilhas e apostilas para professores e concursos para alunos do ensino médio. Revista Comtexto

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Tecnologia

O novo filho da Apple O iPad, mais recente aparelho lançado pela empresa norte americana Apple, vem trazendo grande alvoroço ao mercado editorial desde o seu anúncio Por Jeferson Maximo

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o dia 27 de Janeiro deste ano, em uma conferência para imprensa no Yerba Buena Center for the Arts (YBCA) em São Francisco (apresentação do produto pode ser conferida no site da Apple Inc.). Anteriormente, é verdade, já existiam outros tablet de empresas concorrentes como a Sony e a Amazon; apresentando, inclusive, tablet próprios. Porém, a repercussão do iPad está se mostrando um intenso marco no mercado editorial. A Apple, ao lançar o iPad, trouxe inovações que mudaram a idéia que se tinha perante os tablets. O aparelho possui uma tela Multi-Touch widescreen de alta resolução re-

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troiluminada por LEDs de 9,7 polegadas (diagonal) com tecnologia IPS em resolução de 1024 por 768 pixels, 132 pixels por polegada (ppp). Possui um chip Apple A4 de 1GHz de alto desempenho e baixo consumo de energia desenvolvido especialmente para o iPad. Sua bateria tem resistência de até 10 horas para navegar pela web em Wi-Fi, assistir vídeos ou escutar música. Assim, o iPad está equipado com uma tecnologia semelhante a encontrada no iPhone e iPod touch, permitindo que o leitor não só leia livros, mas também ouça suas musicas e assista a vídeos em uma estrutura fina e leve (versão Wi-Fi pesa 680g, enquanto a 3G pesa 730g).

Vantagens O aparelho é Wi-Fi e 3G (dependendo do modelo), leve e portátil, Além do tablet, o aparelho apresenta várias outras interações coexistentes a de ler um livro. Incrível Sensor de luz ambiente não prejudicando tanto a legibilidade do leitor.

Desvantagens Não possui câmera, (porém possui um kit opcional que permite conectar o aparelho a uma câmera digital, via cabo USB, para descarregar as suas fotos na memória do iPad). Apesar de ser um aparelho revolucionário, o iPad deixa a desejar, pois não executa dois aplicativos de uma vez só.


O que mais encontramos no iPad

Safari

Navegador de internet próprio da Apple

Aplicativo desenvolvido especialmente para o iPad YouTube

Exclusivo e diferente no iPad

Mail

iPod

Player de música exclusivo da Apple

Suíte de aplicativos desenvolvido pela Apple

Loja virtual da Apple

App Store

Vídeos

Calendário

Notas

Mapas

Contatos

Fotos

Acessórios Dock com teclado

Kit de conexão de câmera

Case para iPad

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Mercado editorial

Bem vindo a um futuro inevitável É tempo de pensar em como o mercado editorial pode reagir sobre as novas tendências Por Karine Barbosa

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bservando o mercado editorial em sua amplitude percebemos que é preciso obter formas elevadas de lidar com o nosso público alvo, que pensa e reage às novas tendências editoriais e agora se coloca em categorias diferentes: aqueles que gostariam de ler ou já leram um livro digital e os que nunca deixariam de ler um livro impresso. Tendo isso em mente, surgem algumas dúvidas: como, onde, em que e quando investir o dinheiro para buscar o melhor lucro da empresa. Essas questões vêm sendo discutidas em encontros editorias. Na Bienal do Livro em Minas Gerais, por exemplo, livreiros e editores debateram sobre o uso do livro digital e sua comercialização. Para Galeno Amorim, diretor do Observatório do Livro e da Leitura, em meio a esses debates “não podemos ficar deitados em berço esplêndido esperando sermos surpreendidos por eles”. Acompanhar o rendimento e as negociações de empresas que já aderem às novas tecnologias, principalmente em outros países, pode contribuir para uma decisão mais concreta. É impor18

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tante também adotar um ponto de vista controlado e, desde já, ver a existência do lucro de vendas para livros digitais.

O que é um E-book? Um e-book é um livro digital que pode ser lido em equipamentos eletrônicos, em computadores, PDAs (Personal Digital Assistants, em português, Assistente Pessoal Digital) ou até mesmo em celulares que aceitem os recursos. Os formatos mais comuns do e-book são o PDF e HTML.

O que é um E-reader? O E-reader é um leitor de livros digitas com a função de mostrar ao leitor o conteúdo dos ebooks. O mais famoso entre eles é o Kindle, criado pela Amazon em 2007 e lançado em novembro de 2009. É importante lembrar que este foi o primeiro e-reader, com uma tela de 9,7 polegadas. O aparelho sem fio ainda inclui leitor de documentos em formatos de PDF’s, com uma memória de 3G e capacidade para quase 3,5 mil livros. Vendido pela Amazon.com, o Kindle e-reader e também o Kindle for PC, vêm sendo adquiri-

do por diversos internautas. Há cerca de 280 mil títulos para a sua compra, a maioria best-sellers e as outras obras são de clássicos da literatura. A desvantagem do aparelho é a não aceitação de PDF’s e do programa Adobe Digital Editions como formato de textos, diga-se de passagem, os mais comuns no Brasil. Assim como o Kindle, existe também o Sony Reader, que foi lançado em 2009. Ambos são bem semelhantes, mas a versão da Sony é um pouco mais flexível, uma vez que aceita outros formatos de e-books. O Ipad, como o maior smartphone e menor laptop já lançado, navega na internet, troca e-mails, compartilha imagens, toca músicas e tem um leito eletrônico. É o maior lançamento da Apple desde o Iphone.

O leitor Pesquisa realizada em quatro capitais (São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre), produzida pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, divulgou dados e valores de oito grupos, sendo que dois já tiveram


algum contato com o livro digital pelo computador. De acordo com os resultados, os entrevistados afirmaram que não têm interesse imediato em aderir ao e-reader, principalmente porque pensam que logo uma tecnologia será novamente superada por outra. Segundo Galeno Amorim, existe hoje 95 milhões leitores no Brasil e cerca de 77 milhões não lêem livros. Em 2008, 4,6 milhões de brasileiros disseram ler livros digitais (aqui como leituras feitas pelo computador) e 7 milhões realizaram o download dos livros gratuitamente. Dos entrevistados, apenas um disse que não compraria um livro digital, já que a princípio, ele representa uma forma de saber, um conhecimento. Por isso, “ao deixar sua forma original, o livro perde essa função e passa a ser um meio comunicativo”. Para os demais participantes, o e-reader é considerado um produto mais simples, com maior luminosidade, melhor capacidade de armazenamento, prático e leve. Sendo assim, o leitor espera do e-book um formato mais interativo e dinâmico e não apenas mais um mero PDF em seu computador ou e-reader.

Galeno sugeriu para os editores que “escutassem constantemente o seu consumidor, refletissem sempre sobre os novos modelos de negócios, ampliassem a interação e a comunicação com seus consumidores e interpretassem as pistas dadas pelas pesquisas aqui citadas”. Como o mercado vem lucrando com isso? De acordo com Patricia Arancibia, uma das palestrantes do I Congresso do Livro Digital, nos Estados Unidos a venda de livros digitais subiu 261% em 2009, principalmente com livros de ficção científica. Nos EUA, as vendas de Ipads chegaram a 1,5 milhões de dólares. Cerca de 12 milhões de aplicativos já foram baixados pelos usuários e mais de 1,5 milhões de e-books já passaram por download. Isso nos leva a pensar de que forma os brasileiros irão reagir a essa nova tecnologia quando tiverem maior acesso a ela. O livro em papel irá acabar? Essa é uma das questões mais polêmicas discutidas pelas editoras. Porém, segundo pesquisa realizada pela CBL isso não irá acontecer tão cedo. Os leitores apegados aos livros impres-

sos continuarão tendo a preferência por eles. Há quem acredite que levará tempo, décadas ou até anos, mas que a tendência é o mundo deixar de lado as “formas ultrapassadas” e acabar aderindo por completo a novas tecnologias.

Onde investir? A conclusão a ser tirada desse debate, pelo menos à curto prazo, é que as editoras devem sim investir nas publicações digitais, mas sem abandonar as impressões. Os dois suportes deverão coexistir por um longo período.

Depois de tudo isso Não há dúvidas de que o e-book é uma tendência irreversível, e o surgimento de um mercado adequado com equipamentos de ereaders cativará uma boa parte dos consumidores. Mas isso não representa a extinção do livro impresso, pois sua tradição, praticidade e encanto continuarão sendo a preferência de bilhões de pessoas em todo o mundo. Para Rosely Boschini, presidente da Câmara Brasileira do Livro, “mais do que uma preocupação, o e-book deve ser visto como oportunidade de ampliar Revista Comtexto

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o universo do público leitor e desenvolver uma nova vertente de negócios”. Em coexistência com os diferentes conceitos, existe uma realidade na qual todos os setores da atividade deveriam pensar: Como explorar o grande potencial aberto confluindo com a multiplicação de possibilidades mercadológicas, para criar novas tendências e atender de maneira mais eficaz à demanda. Em relação ao livro impresso, a mescla de tecnologias já significou um avanço importante. A impressão digital, por exemplo, viabilizou tiragens pequenas, com qualidade quase idêntica à do offset e possibilitou lançar e testar um maior número de títulos, sem custar demais às editoras. Cabe ao setor livreiro avaliar as novas possibilidades de venda, desenvolvendo uma tendência de mercado capaz de contribuir para o aumento do número de leitores. A partir deste momento, as editoras serão fornecedoras de conteúdos dispo20

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nibilizados para o público consumidor em diversas mídias. As livrarias que já vendem com sucesso CD’s e DVD’s terão espaço para os equipamentos de livros digitais. A reprodução ilegal de conteúdos digitais é uma preocupação atual de todos os setores do mercado editorial. Caso ocorra a legalização da cópia digital ela incentivará a reprodução não legal e a falsificação, além das máquinas copiadoras. Será preciso conviver com as transformações e adaptar-se a elas, para que seja possível converter oportunidades reais de investimento. Para isso, é fundamental o trabalho das entidades de classe como tem feito a Câmara Brasileira do Livro (CBL), por meio de seu Grupo Digital. A abordagem ampla do tema no 1º Congresso Internacional do Livro Digital, que foi promovido pela CBL nos dias 29 a 31 de março, situou livreiros e editores no contexto atual de mercado. O relatório produzido pela Comissão do Livro Digital apre-

senta o levantamento das questões importantes, sugerindo medidas e considerações. Ele será dividido em três categorias: mapeamento de mercado, modelos de negócios e aspectos legais. O intercâmbio de informações com os mercados mais avançados, promoção de estudos, debates, análise de experiências bem-sucedidas, palestras e a defesa intransigente dos direitos de todos, contribuirão para que o livro digital seja mais um meio para converter o Brasil num país de leitores.

Dica Comtexto A chave é projetar e repensar o seu mercado editorial partindo dos conceitos, estatísticas e pesquisas. As informações contidas nessa matéria podem ajudar em suas decisões.

Referências bibliográficas http://www.cbl.org.br http://www.publishnews.com.br


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Prateleira

MonteiroLobato Livro a livro

Fátima Ali

A arte de editar revistas

Laurinda Grion

Erros que um executivocometeao redigir – mas não deveria cometer

Robert Darnton A Questão dos Livros

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Premiado como melhor livro do ano no Prêmio Jabuti 2009, foi escrito por Marisa Lajolo, professora da Unicamp e Universidade Mackenzie, e João Luís Ceccantini, professor de Literatura Brasileira na UNESP. Participaram de sua produção, professores e alunos de diversas instituições de ensino nacionais e a publicação ficou nas mãos da Editora Unesp. Cada capítulo do livro é dedicado a uma das obras infantis de Monteiro Lobato. A obra pode ser comprada por R$ 62,00, contém 512 páginas com dimensões de 23x16cm.

A autora é Fátima Ali, fundadora e editora da Revista Nova. Fátima Ali participou da implantação da MTV no Brasil e da Vice-presidência do Grupo Abril. A Arte de Editar Revistas é um guia prático para ajudar a desenvolver conceitos e designs de revistas. Segundo a própria autora, o público alvo vai de estudantes a diretores de redação e “deve-se pensar que as linguagens e o público são diferentes, mas os princípios de clareza, formas de chamar a atenção de leitores e a ética são os mesmos”. A obra pode ser adquirida por R$ 72,00 e, contendo 400 páginas, é publicação da Ibep- Companhia Editora Nacional.

Esta é uma publicação da Editora Saraiva que tem como objetivo tirar dúvidas ortográficas de forma rápida e objetiva, uma vez que, atualmente, é reconhecida a importância de uma boa escrita e correta comunicação. Questões mais freqüentes na elaboração de um texto são esclarecidas pela autora Laurinda Grion. A autora é consultora empresarial e costuma palestrar sobre Redação Empresarial e Administração do tempo. A obra contém 328 páginas, com dimensões de 16,5x13,8cm e é vendida por R$ 29,90.

De Robert Darnton, fundador do Projeto Gutenberg - que consiste em promover a digitalização de obras literárias para sua preservação, a obra foi inspirada pela última década, na qual o autor foi convidado diversas vezes para palestrar sobre o suposto fim do livro. A nova publicação da Companhia das Letras é uma análise inteligente que discute assuntos polêmicos como a digitalização de bibliotecas, os novos dinâmica e interesses de livreiros, autores e editores. A abertura da obra é objetivamente anunciadora: “Este é um livro sobre livros, uma apologia descarada em favor da palavra impressa e seu passado, presente e futuro”. O livro de Darnton está à venda por R$ 42,50, contendo 232 páginas e 21x14cm.


Cinema

Tudo Pode Dar Certo Em “Tudo Pode Dar Certo”, o ator Larry David interpreta um neurótico novaiorquino com uma intensidade de fazer inveja ao diretor do filme Por Carlos Messias

Divulgação

E

m Tudo Pode Dar Certo, Woody Allen volta a filmar em Nova York após cinco anos. O diretor é novaiorquino por excelência, e fez questão de protagonizar os seus filmes mais famosos rodados na cidade americana - Noivo Neurótico, Noiva Nervosa ou Manhattan, por exemplo. Por isso causa estranheza, num primeiro momento, ver alguém que não ele no papel principal. Para interpretar Boris, um físico aposentado com QI elevadíssimo, Woody escolheu o humorista Larry David - co-criador e principal roteirista de um dos melhores seriados já criados pela TV americana, Seinfeld. A estranheza desaparece logo nas primeiras cenas. David logo se revela o melhor entre os vários atores que Woody Allen já colocou em cena para desempenhar personagens inspirados nele próprio (entre esses alter-egos, destaca-se John Cusack como o dramaturgo fracassado que se envolve com a máfia numa das melhores comédias de Woody, Tiros na Broadway). Apesar de sua inteligência acima da média, Boris é tão neurótico e frustrado quanto os protagonistas habituais do diretor. Ele ganha a vida ensinando xadrez para crianças, com as quais não tem o menor tato. Passa o resto do tempo isolado em casa, ouvindo mú-

Larry David, o Boris de Tudo Pode Dar Certo. Pessimista e irônico como os protagonistas de Manhattan e Noivo Neurótico, Noiva Nervosa

sica clássica, ou reclamando do mundo para seus amigos. Seu coração revoltado ameaça dar uma amansada quando conhece a personagem vivida por Evan Rachel Wood, uma interiorana de 17 anos com semblante angelical. A diferença de idade é algo que já rendeu controvérsia na vida de Woody, desde que o diretor largou a atriz Mia Farrow, para se casar com a enteada Soon-Yi Previn, décadas mais jovem. Em Tudo Pode Dar Certo, ele não apenas satiriza a situação, como fornece respostas bem convincentes para esse tipo de atração. Afinal, que tipo de parceira seria mais adequada para um sujeito autocentrado e prepotente do que uma garota deslumbrada e fácil de manobrar? Conforme esse casal enfrenta o desafio da convivência, a narrativa sofre várias reviravoltas. Como o próprio se descreve no começo do filme, Boris é um sujeito que desistiu do mundo e se tornou insensível perante a

aleatoriedade da vida. Sua fala mais emblemática é: “No final das contas, as aspirações românticas da nossa juventude se reduzem a o que for que funcione” (daí vem Whatever Works, o título original). Ele é tão egocêntrico, neurótico e pessimista quanto os principais personagens que Woody interpretou ao longo da carreira, só que ligado em 220 volts. Suas falas são bem articuladas e ele demonstra um vigor que Woody Allen jamais exibiu. É como uma versão caricata, impulsiva e catártica de seu criador. Woody usa David para expressar uma intensidade que, mesmo tendo sido indicado ao Oscar por melhor atuação em 1977, jamais conseguiria manifestar.

Referências bibliográficas ht t p : / / b ravo n l i n e. a b r i l. co m . b r / conteudo/cinema/tudo-podedar-certo-critica-554054.shtml Revista Comtexto

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