Catalogo I Mostra de Letras Artes e Mediação Cultural | UNILA

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Miola, Gabriela Canale (org.) Amarante, Maria Inês; Faria, Fernando; Cota, Débora; Diniz, Alai; Pereira, Diana Araújo. I Mostra de Artes, Letras e Mediação Cultural – Foz do Iguaçu, 2015. 146 p. 1. Mediação Cultural. 2. Letras . 3. Artes CDU - 700

Professores organizadores Debora Cota Fernando Faria Gabriela Canale Miola Maria Inês Amarante Coordenação da Mostra Gabriela Canale Miola Coordenador do curso Letras – Artes e Mediação Cultural Mario Ramão Vice-coordenadora Cristiane Checchia Foto de capa da turma Direção de Arte 2015.1 Modelo: Juliana Zacarías. Projeto editorial e diagramação Eva Bigadein Agradecimentos Docentes, discentes, técnicos e comunidade que tornaram a Mostra e o curso possíveis 2


I Mostra de Letras Artes e Mediação Cultural

Foz do Iguaçu, 1, 2 e 3 de julho de 2015. Universidade Federal da Integração LatinoAmericanaUNILA 3


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O curso de Letras – Artes, Mediação Cultural alia uma formação interdisciplinar das áreas de linguística, literatura e tradução ao campo das artes visuais e da performance, a fim de propor um novo perfil de egresso, que contemple a contemporaneidade dada pelo dinamismo entre diferentes suportes da arte. Da escrita à oralidade e do drama às culturas digitais, o curso oferece ao bacharel em Letras conhecimentos do campo visual para favorecer, além dos campos de pesquisa em literatura, linguística e tradução, o perfil inédito de um mediador cultural. Tem o objetivo de promover a reflexão crítica do pensamento latino-americano, sem deixar de lado tanto as genealogias da arte e da literatura, quanto as políticas linguísticas, a fim de incluir minorias, reduzindo as assimetrias existentes.

Alai Diniz e Diana Aráujo Pereira 5


PROGRAMAÇÃO

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PROGRAMAÇÃO

DIA 2 JULHO de 2015

DIA 1 JULHO de 2015

10h | Pantanais e Macondos no imaginário da América Latina: um absurdo passeio com Manoel García Márquez de Barros | saguão | Marcelo Marinho

20h | Fragmentos de Nosotros ações performática s autobiográficas | saguão | Coord. Fernando Faria, alunos de “Performance”

10h30 | café da manhã 11h | "Da fronteira e das artes: transposição de contos fronteiriços a fotografias | saguão | coord. Débora Cota, estudantes de Cinema, disciplina “Literatura Latinoamericana” 11h20 | abertura Exposição “(auto)Retratos – Ta´ngua” | saguão | coord. Gabriela Canale, alunos de “Curso Monográfico em Artes Visuais” 11h30 | Abertura da exposição “Galeanando” | saguão | coord. Maria Inês Amarante. Homenagem à Eduardo Galeano, pelos alunos do 1º. semestre de LAMC 11h40 | Abertura da Mostra de projetos Intermidiáticos | salão e sala negra | coord. Maria Inês Amarante, alunos de “Intermedialidade” 11h55 abertura da Exposição “Retratos e Descompassos” | sala negra 1 e saguão | coord. Gabriela Canale, alunos de “Direção de Arte"

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FRAGMENTOS DE NOSOTROS ações performáticas autobiográficas | Coordenação de Fernando Faria

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Ñe e rei - Leidy Recalde Déchets - Danilo dos Santos Heridas al aire - Mariela Melgarejo Você tem fome de quê? - Daiane Prado Como fabricar uma gostosa - Tati Bafo Memorias de un mismo encierro - Aracely Rebour Educasssão: voo engaiolado - Elisane Kaiser Festa de São Lattes - Carolina Simionato Espere o pior de tudo - Lívia Moises De quem é a culpa? - Paula Dullius A lei dos outros - Graciela Bazán Femicídio - Josiane Moraes Aliwen - Inés Varela

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“Pantanais e Macondos no imaginário da América Latina: um absurdo passeio com Manoel García Márquez de Barros”, Marcelo Marinho Duração: 20 minutos Projeção de fotografias pessoais e alheias sobre o tema da América Latina, com referências a Márquez e Barros.

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"Da fronteira e das artes: transposição de contos fronteiriços a fotografias” coord. Débora Cota e estudantes de Cinema, disciplina “Literatura Latino-americana”

Ao longo deste semestre a disciplina Literatura Latino-americana ministrada para o curso de Cinema e Audiovisual discutiu, entre outros tópicos, a configuração de uma cultura de fronteira buscando na produção de nossa região elementos que denunciassem aspectos constituintes desta configuração. Douglas Diegues com seu portunhol selvagem, Damián Cabrera com seu xirú, Chongos de Roa Bastos, colocam no centro da discussão língua e homem. Enquanto que o território, um terceiro elemento efervescente na região foi explorado a partir de Terra Vermelha, de Marco Bechis. Nestas obras, língua, identidade e território são elementos do nacionalismo transformados em indeterminações, contaminações, tensões e conflitos, designações mais produtivas para tratar da cultura da fronteira.

Adicionamos a estas produções um conto de Horacio Quiroga e passamos a discutir a transposição. Esta foi tomada como uma operação de transformação não só da literatura ao cinema, mas também à fotografia e que tem como resultado não apenas o teor do texto-fonte – o romance, conto, poema etc. – mas uma leitura que carrega consigo o contexto histórico, cultural e referencial do transformador (no caso, o fotógrafo). Enfim, a partir da fronteira enquanto espaço social, cultural e geográfico e a partir da fronteira das artes produziu-se os ensaios fotográficos aqui expostos. Os textos-fonte destes trabalhos de transposição são os resumidos na sequência e os resultados, as fotos, cabe a você leitor, observador, expectador concluí-los. Boa leitura! Débora Cota

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QUIROGA, Horacio. A la deriva. In: El almohadón de plumas y otros cuentos. Buenos Aires: Aguilar Altea, Taurus, Alfagura, 2008. Paulino foi mordido por uma cobra venenosa oriunda da região da tríplice fronteira. Em seu pé começa a aparecer a gangrena e passa a sentir uma dor insuportável. É quando inicia uma viagem de canoa, de cinco horas, pelo rio Paraná em busca de auxílio. Já caía a tarde. Pára para pedir ajuda a seu compadre em vão. Segue a viagem mas agora já perdido entre delírios e devaneios. A canoa encontra-se à deriva na exuberante mas também agressiva e lúgubre paisagem. Céu e rio refletem as cores douradas do poente. Passa a não sentir mais dor, tem gelado seu corpo. Por fim, "cessa de respirar". Horacio Quiroga (1878-1937) viveu na provincia de Misiones (Argentina) e produziu uma obra na qual a inospitalidade da natureza da região e a morte são temas recorrentes.

CABRERA, Damián. Xiru. In: Los chongos de Roa Bastos. Buenos Aires: Santiago Arcos ed. , 2011. Xiru é uma obra que discorre sobre as tensões sociais do Paraguai atual. A própria palavra 'xiru' traz consigo a indicação de conflitos, se por um lado é utilizada pelos paraguaios com o sentido de amigo, companheiro, os brasileiros e/ou brasiguaios a usam de forma despectiva para se referir aos paraguaios. Sua narração é entrecortada por passagens em guarani que em sua maioria fazem referência aos mitos daquela cultura. São adolescentes que em seu cotidiano exploram a natureza da região (vale dizer, cada vez mais modifica pelas imensas plantações de sojas) e vivem os mitos disseminados em sua comunidade. Ainda que este seu fragmento tenha sido publicado em uma coletânea de narrativa paraguaia contemporânea, em 2011, o livro é lançado em 2012, logo depois do massacre de Curuguaty, episódio relacionado ao golpe ao então presidente Lugo. Damián Cabrera agita a cena cultural paraguaia com publicações de livros, revistas e realização de oficinas de escrita. Atualmente, cursa mestrado na Universidade de São Paulo.

DIEGUES, Douglas. É considerado o principal expoente do “portunhol selvagem”, língua híbrida, mescla de português com espanhol e guarani, com leves pinceladas de inglês. A reivindica como língua de fronteira. Seus textos trazem a tona a diversidade e a complexidade da região: um Paraguai urbano, a presença indígena em uma região fronteiriça, a desfocalização da pureza da língua e do homem. Douglas Diegues é também tradutor, em co-autoria, de uma antologia de poesia guarani. Vive em Ponta Porã (MS), fronteira Brasil / Paraguai. Do autor foram selecionados dois textos: “El arte de olvidar” e “El astronauta paraguaio kanta nel oscuro”.

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"Transposição do conto A la deriva de Horacio Quiroga", Andres Carvajal, Lucas Souza e Darlan Weiss

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"Transposição do conto A la deriva de Horacio Quiroga", de Mauricio Ferreira /Felipe Lovo.

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"Transposição do conto A la deriva de Horacio Quiroga", de Carlos Cezare e João Paulo Pugin

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"Transposição do conto A la deriva de Horacio Quiroga", de Mijail Luis Intriago Valdivieso y Cynthia Quitorán Retamozo.

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"Transposição do conto A la deriva de Horacio Quiroga ",

de Camila Larroca e Lilian Moreira.

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"Transposição do conto Xiru, de Damián Cabrera",

de Adolfo Delvalle /Julie Lemos Bohórquez e Juan Camilo Ortiz Gomez

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"Flutuações", transposição do texto El astronauta paraguio kanta nel oscuro, de Douglas Diegues. Tiago Luis Fratari Lopes e Sheyla Isabella Montoni

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“(auto)Retratos – Ta´ngua” coord. Gabriela Canale, estudantes de “Curso Monográfico em Artes Visuais”

Durante um semestre um grupo formado por estudantes do Brasil, Paraguai e Argentina definiram coletiva e horizontalmente que percursos pelas Artes Visuais desejavam conhecer. Desenho, intervenção urbana, pintura, grafite, performance, Land Art, instalação e cinema foram os motes que nos aproximaram. Começamos nosso caminho existindo no presente – este tempo tão complexo de acessar. Deixamos os dispositivos digitais pra trás e respiramos no agora. Muitas vezes empilhamos carteiras para poder usar o chão como espaço de aprendizagem. Compartilhamos nossos experimentos. Criamos associações entre eles. Suleamos materiais, desejos histórias. Respiramos de novo. Construímos juntos um repertório que incluiu Marina Abramovic, Banksy, Coletivo Foi à Feira, Mark Rothko, grafismos indígenas, Michelangelo, Andy Warhol, Romero Britto (a quase revelia da turma) e nossas produções No processo criamos elos. Nossos afetos nos conectaram. Para celebrá-los criamos retratos uns dos outros e autorretratos. Aprendemos a nos ver no espelho da íris de quem, no nosso primeiro encontro, nos tocou sem nos conhecer. Aos estudantes minha profunda gratidão existencial! Gabriela Canale Miola 58


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Sem Nome. Aveagni 2015. Tinta china em tecido.

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Retrato para Araceli Para retratarte Para convertirte em canción Para agasajarte Para ser eco de tu voz Tengo que endulzarme Con la miel que emana tu nombre Y oir el susurro incesante Del viento a las hojas Del letargo de otoño Que habita en tus ojos ...Aracely, Aracely Poder descubrir Ese pensamiento Que cuelga del borde de tus pestañas Y se arroja al vacío de esos vidrios frios ...Aracely, Aracely Para retratarte Para convertirte en canción Para agasajarte Para ser eco de tu voz Tengo que buscarte En el vaivén de unos acordes de cuerdas prestadas ...Aracely, Aracely Y destruir La barrera que esbozas Cuando muerde tu boca El recuerdo de aquel que te hace suspirar Aracely, Aracely Y así descubrir Tu lucha, tus sueños Y que poses tus alas dentro de mí Aracely

Debora Gier

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Sem Nome. AveAgni 2015. www.aveagni.blogspot.com Tinta china em impresi贸n toner. 62


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Fragmentos gabrielisticos. Paulo RogĂŠrio Junior .2015. Intervencao em caixa de madeira.

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A primeira vez que vi Bruno Eu soube Que olhava para um artista Eu me perguntei: Como pode viver um artista delicado Em uma fronteira tão dura? Bruno, em breve, Aprenderá as mentiras do mundo Artista que é Não sofrerá Não gritará Não fingirá Bruno transformará todo em cor Conhocerá a forza rubra do urumcum Dos indios que guerreavam aqui Saberá, na pele Que um abrazo é, também, obra de arte (Gabriela Canale Miola)

Abrazo. Gabriela Canale Miola. 2015. Acrílico, papel

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Sem Nome. Yuri Gringo. 2015. Tinta em canvas.

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Retrato de uma persona muy amada. Maria Avalos ArĂŠvalos. 2015. videoarte

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M.M.M. Amanda Barrios 2015

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Portrait de Maria Jr. Moa Ferreyra 2015. Cerรกmica, arcilla, papel y tintura..

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Retrato. Bruno Cardoso. 2015. Acrilico sobre papel.

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“Galeanando”, coord. Maria Inês Amarante. Homenagem à Eduardo Galeano, escritor uruguaio falecido em abril deste ano pelos alunos do 1º semestre de Intermidialidade. Produção livre de textos baseada nos 7

Prodígios da obra "Palavras Andantes".

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“Mostra de projetos Intermidiáticos”, coord. Maria Inês Amarante. Exposição de alguns dos projetos finais da disciplina INTERMIDIALIDADE (1 SEMESTRE) contemplando diversas mídias: textos, desenhos, ilustrações, instalações, projeções...

A proposta da disciplina é a introdução aos diálogos e interações entre as linguagens e sistemas artísticos e semióticos estudados e pesquisados no curso de Letras, Artes e Mediação Cultural. Os conteúdos apresentados durante o semestre se consolidam a partir de conceitos e análises de produtos audiovisuais representativos, obras literárias de diferentes universos culturais e contextos midiáticos diversificados, como sites, blogues, intervenções artísticas e textuais contemporâneas. A partir deles se derivam os intercâmbios e as intersecções -, se aplicam textos críticos e históricos, critérios e modelos analíticos específicos a fim de se perceber a natureza de linguagens em convergência, suas potencialidades de significações e a transição nos hábitos de consumo da mídia. Os exercícios de intermidialidade propostos aos alunos durante o semestre letivo tiveram como objetivo sensibilizálos enquanto espectadores/leitores/internautas para os elementos expressivos que surgem no âmago da combinação de sistemas semióticos e estimular a criatividade e a livre expressão. A exposição apresenta alguns dos projetos finais produzidos por eles no âmbito da disciplina contemplando traduções intersemióticas sob forma de textos, desenhos, ilustrações, fotos, vídeos, performances, projeções, instalações... que revelam uma grande riqueza de leituras e talentos. 80


PALAVRAS – David Jun Won Kim/ Carlos Manuel Pinzon/ Moa Ferreira Video-projeção e intervenção urbana

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AMOUREUX. Pierre Ydyns Desenho e poesia

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Instrospeccion.

Introspecção Vou beber da cuia da tua alma Um sabor de infusão já amanhecido, E a borra do café do teu olhar Vai me falar do duende azul que nele habita

Beberé del cuenco de tu alma El sabor de infusión amanecida Y la borra del café de tu mirada Me hablará del duende azul que la habita…

Para poder te descobrir, para conseguir me encontrar, para saber do teu tempo, teu voo tímido, teu andar desajeitado

Para poder descubrirte, Para lograr encontrarme, Para saber de tu tiempo, Tu vuelo tímido, Tu torpe andar…

Para entender os meus porquês e desandar os meus porens e acordar da minha letargia na candura do teu fogo

Para entender mis porqués Y desandarme los peros Y despertar del letargo En el candor de tu fuego.

Vou beber da cuia da tua alma e a borra do café do teu olhar sem palavras, mas fiel como um espelho vai me falar de tantas lutas compartilhadas devolvendo pros meus olhos o teu reflexo...

Beberé del cuenco de tu alma Y la borra del café de tu mirada Me hablará de tantas luchas compartidas, Devolviéndome a los ojos tu reflejo.

INTROSPECCION – Debora Gier Poema musicado – Cartonera - Ilustração

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IMAGEM-POESIA Marco Marques Gravuras, poemas, colagens

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ARTE ONÍRICA – Diogo Tabanez Textos, desenhos e ilustrações 90


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ARTE-PALAVRA Maria E. Avalos Arévalos Música paraguaya “Noches sin ti” -jogo de palavras em crochê - instalação

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POR LA SENCILLA RAZON. Nicolรกs Alfaro

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TEATRO EM CAIXA. Paulina Etcheberry Schrader Texto, performance e réplica de igreja de Chiloé - del sur de Chile 96


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5 METROS DE POEMA Dalia Espino

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CORPOÉTICO Marco Miranda

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A CRIAÇÃO- Silvia Paloschi –

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"Las bestias de la nena van al ba単o donde deben", Tania Marin En la escena una chica lleva a su mascota a hacer sus necesidades al cantero, donde hay tierra. La mascota es educada para poder convivir con los humanos

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Discentes: Rafael Maier, Marco Roberto*, Guilherme Cardim 'Um Gato entre uns Pombos ou, Eu não sei desenhar', por Eugênio Passos* "El trabajo es un diálogo entre la poesía, la fotografía y la interpretación. El actor Guilherme Cardim, a partir de las ideas generales del poema Um Gato entre os Pombos ou Não, Eu Não Sei Desenhar, interpreta, con libertad, a imágenes y voces del poema. Rafael Maier, que dirige a la interpretación de Cardim, registra fotográficamente a su performance. El poema de Eugênio Passos (heterónimo de Marco Roberto), hecho en el inicio de su carrera, propone una inmersión en los límites entre el ensueño y la realidad, entre el yo y el otro, y hace un homenaje al Clube dos Quadrinheiros de Manaus, grupo de artistas de los cómics, con los cuales Marco Roberto (heterónimo de Eugênio Passos) convivió y actuó entre 1995 y 2000, sin sabe dibujar

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Um Gato entre uns Pombos Ou Não, Eu não Sei Desenhar. Dedicado ao Clube dos Quadrinheiros de Manaus. "O (duplo) sonho do faraó reduz-se a um só (...) o sonho é um só.” (Gn. 41, 25-26.) "Não, eu não sei desenhar", pensa o gato Gordo, ruminando suas perplexidades. Lá fora, estão uns pombos Esdrúxulos, planando condoreiramente. "Estranhos, aqueles pombos", reflexiona o gato, Perplexo, meditando quão insólitos, aqueles pombos, Que não arrulham, mas grasnam; Não voam, mas pairam. "Vulturinos são, e não columbinos!", exclama o gato, Silencioso, de si para si, quando os pombos, Ebâneos, e não ebúrneos, Circulam, infindos, no páramo empíreo, Em vez de esvoaçar, circunscritos, à beira dos telhados. "Não, eu não sei desenhar", boceja o gato, Lasso, refestelado nuns como devaneios, Enquanto, lá fora, uns pombos, aqueles, Entregam-se a orgiásticos volteios. O gato dorme e sonha: ei-lo entre uns pombos, aqueles E, em sonho, indaga-lhes a eles: "Não vos importa que eu não seja um gato, porquanto voe?"; Mas qual resposta melhor ressoe, Senão o desenho que traçam aqueles gatos, Embora voem? Eugênio Passos

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“Retratos e Descompassos” coord. Gabriela Canale, alunos de “Direção de Arte"

A disciplina de “Direção de Arte” permitiu aos alunos do sétimo semestre de LAMC, a um de Cinema e uma antropóloga pensar os limites entre ficção e “realidade”. Iniciamos olhando para Foz do Iguaçu como um cenário em que personagens distintos se cruzam. Passamos então a pensar o que está dentro e fora do que chamamos de Arte. Os alunos questionaram a elaboração teórica eurocêntrica que percorre os cânones da arte dramática sem incluir os ritos latinoamericanos. Assitiram à “Trilogia do Esquecimento”, de Rodrigo Grota – que faz uso de cenografias e figurinos para traçar ficionalmente histórias do interior do Paraná. Descobriram o grupo “Corpo”, seus figurinos, trilhas e movimentos. Conheceram a História do cenário, no plural. Finalizaram o contato com a direção de arte com projetos autorais em que teoria e prática se imiscuíram. Os resultados foram instalações, ensaios fotográficos, uma videoinstalação. E outros, mais subjetivos, que ao longo do percurso de cada um reverberarão destas experiências. 116


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“S/ título”, videoinstalação de Talita Augusta A vídeo-instalação “Movimento Panorâmico”, de Talita Augusta, consiste na observação da reação das pessoas ao se depararem com algo nãoconvencional, ou com o desconhecido gerando surpresa, espanto, risos, curiosidade, estranhamento e questionamento. O movimento está fortemente presente - olhos criam movimentos no teto do corredor da universidade - eles abrem, fecham, olham para a esquerda, para a direita, lacrimejam, e permanece se movimentando o tempo todo. E estes mesmos olhos vêem a movimentação das pessoas que passam no corredor e sua reação. E vice-versa. A movimentação do olhar e a movimentação das pessoas estariam relacionadas, porque as pessoas caminham, param, olham para cima e olham para trás. Mostrando que fazem à mesma movimentação da vídeoinstalação. E outro aspecto importante na vídeoinstalação: “Movimento Panorâmico” é quando o espectador se coloca no centro da instalação e vê a oscilação dos olhos, onde tem a percepção de estarem dialogando com os olhos.

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“Apropriação – a própria ação”,

Pedro Vazquez

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“Desfiguração”, Daniela Martello e Nicole Pozzo A obra foi inteiramente produzida em papel higiênico, o qual sugere diversas interpretações ao interlocutor, uma delas é a crítica à moda e sua atualização constante que a torna descartável.

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"Colagem nº 1 e Colagem º 3", Felipe Espinola. A presente obra apresenta uma pequena inserção de elementos estranhos e que fazem parte de um outro universo artístico, ligado à indústria cultural, na Colagem nº 1, que tem como "pano de fundo" a tela do pintor surrealista Salvador Dalí, A Tentação de Santo Antônio, quadro pintado durante sua estadia nos EUA com a intenção de participar de um concurso em que os pintores deveriam retratar a tentação de Santo Antônio, concurso do qual Max Ernst sagra-se vencedor com sua obra. Na imagem nº 3 há uma fusão por meio da criação em que o elemento da indústria cultural se funde com um elemento do universo das artes plásticas, uma obra do pintor belga René Magritte. 126


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"A quina da esquina", Bruno E Melo Martins A força dessa imagem, em certa medida, nos condena ao desconsolo. Quem seria a personagem que vemos na quina da esquina num cruzamento de Foz do Iguaçu? A silheta coberta, talvez, protegendo-se do frio outonal, a postura curva, seria ele ou ela? A história dessa imagem tem uma relação íntima com os contornos da convivência em Foz. Os estudantes da UNILACENTRO, ao saírem para o intervalo, muitas vezes, se deparam com cenas desse tipo, às vezes ainda mais crueís. Nesse caso, o olhar treinado com empatia, tornou-se um frágil elo entre o sujeito que tenta se esconder e a sua humana figura.

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“Onde Dorme o Alquimista?”, Lucas Brunini A arte imita a vida ou a vida imita a arte? Este ensaio tenta mergulhar na ideia do indivíduo vivendo sua arte. Vemos diariamente a construção de cenários em prateleiras, vitrines e barracas, percebemos que dirigimos (querendo ou não) a arte dentro de nosso dia-a-dia, desde o nosso quarto até nosso escritório ou sala de aula. Nessas fotografias vemos o lar de um alquimista, ele ganha esse peculiar título por acreditar que a arte é um elemento dele e ele um elemento dela. 130


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“Contrastes latinoamericanos”, de Andrea Ruiz, Camila Arbeláez, Juliana Zacarias, Katherine Patiño y Sergio Bautista. La serie fotográfica Contrastes latinoamericanos tiene como objetivo repensar el status de las obras clásicas europeas, así como los sujetos que la historia del arte ha representado históricamente, dentro del canon eurocéntrico. Pensar el trabajo artístico desde nuestra realidad latinoamericana y los sujetos que la conforman es la propuesta de la mencionada serie. Técnica: Fotografías intervenidas.

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Trabalhos de Conclusão de Curso em desenvolvimento no Curso de Letras – Artes e Mediação Cultural Bouki et Malice : tradução de um conto de tradição oral haitiano para o português brasileiro - CARLA DE SOUSA GOMES Uma leitura de Paradiso, o prazer da metáfora, da tradução e da cultura - BRUNO ELIEZER MELO MARTINS Heteronormatividade nos manuais de português e espanhol LE na fronteira Brasil-Argentina: um estudo contrastivo - FRANCISCO LEANDRO DE OLIVEIRA Portunhol: códigos linguísticos mesclados na publicidade da fronteira Brasil-Paraguai NICOLE DAL POZZO ZANOLLA Arte urbana: o grafite como ocupação do espaço urbano na fronteira de Foz do Iguaçu. PEDRO F. VAZQUEZ MACIEL Apontamentos sobre a Localização de games no Brasil - RAFAEL MAIER Historieta y cine: traducción intersemiótica e intermedialidad en “V de vendetta/V de venganza” SERGIO ARLEY CÁCERES BAUTISTA Machado de Assis em HQ: Uma proposta de tradução intersemiótica de “A Cartomante” - TALITA AUGUSTA VAZQUEZ CABRERA Corpos que falam: criação de uma narrativa cênica através do movimento - TANIA MARIN PEREZ

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Cuerpos y subjetividades: aproximaciones ontológicas al arte contemporáneo, la propuesta performática de Ricardo Marinelli MARÍA CAMILA ARBELÁEZ CRUZ O tendencioso imaginário sobre a tríplice fronteira: o discurso da publicidade turística de Foz do Iguaçu - DANIELA MARTELLO Políticas culturales en América Latina: las relaciones entre Brasil e Hispanoamérica en el interior de las Ferias del Libro NAYDA KATHERINE PATIÑO WANDURRAGA Uma performace da lenda das cataratas - KELEN CRISTINA BENJAMIM SANTOS Implicações éticas e morais das ações do Centro de Direitos Humanos e Memória Popular de Foz do Iguaçu como mediador cultural FELIPE ESPINOLA BAPTISTA DA SILVA

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Estudantes-criadores Leidy Recalde

Rafael Moair

David Jun Won Kim

Danilo dos Santos

Marco Roberto

Carlos Manuel Pinzón

Talita Augusta

Guilleume Cardin

Andrea Ruiz

Marco Marques

Camila Arbeláez

Nicolás Alfaro

Juliana Zacarias

Pierre Ygyns

Aracely Rebour

Katherine Patiño

Paulina Andrea

Elisane Kaiser

Sergio Bautista

Dalia Mercedes

Carolina Simionato

Andres Carvajal

Diogo Tabanez

Lívia Moises

Lucas Souza

Marco Miranda

Paula Dullius

Darlan Weiss

Douglas Dieguez

Graciela Bazán

Mauricio Ferreyra

Josiane Moraes

Mijail Luis Intriago Valdivieso

Inés Varela

Cynthia Quitorán Retamozo.

Lucas Brunini

Camila Larroca

Felipe Espínola

Lilian Moreira

Mariela Melgarejo Daiane Prado Tati Bafo

Paulo Rogélio Jr. Debora Giorgi Yuri Gringo Ma. Avalos Arévalos

Carlos Cezare João Paulo Pugin Nicole Pozzo

Amanda Barros

Pedro Vazquez

Moa Ferreyra

Tania Marin

Bruno Cardoso

Adolfo Delvalle

Daniela Martello 144

Tiago Luis Fratari Lopes Sheyla Isabella Montoni Felipe Lovo Julie Lemos Bohórquez Juan Camilo Ortiz Gomez Ave Agni


Registro fotogr谩fico p. 9 a 35 - Gabriela Canale Miola; p 8,11, 14,16,26, 28,32 - Fernando Faria; demais fotos produzidas pelos alunos-criadores. Editora: Gabriela Canale Miola Arte y Maquetaci贸n: Eva Bidegain Universidad Federal de Integraci贸n Latinoamericana. Foz de Iguazu. Brasil Julio 2015.

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