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Miola, Gabriela Canale. Como Abraรงar o Tempo. 2020, 194 p.
ISBN 9798676525378
1.Ecologia 2.Fotografia. 3.Literatura 4.Tempo
CDU - 700 -------------------------------------------------------------------------------
O tempo somente ĂŠ porque algo acontece, e onde algo acontece o tempo estĂĄ. Milton Santos
Pintei uma folha vermelha separada do galho. Levei horas definindo o pigmento no tecido. Quando terminei a pintura, meu modelo jĂĄ era marrom. O pincel do tempo das plantas ĂŠ banhado em ocre.
Eu quero te contar uma história que ainda está acontecendo. Não sabemos como ela começou. Não sabemos quando ela terminará. Já que vamos ficar juntos algum tempo vou tentar me apresentar a você. Enquanto eu faço isso você provavelmente fará o mesmo comigo. Descobriremos que somos muito diferentes. E, talvez, em alguns raros momentos, muito parecidos. Talvez eu te faça lembrar de alguns amigos. Talvez você os entenderá melhor ou gostará mais, ou menos, deles. De alguma forma abrirei a porta da minha casa para você entrar. Deixarei o vento abraçar todas as coisas da casa. Te direi “sim, pode olhar tudo à vontade”. Farei isso com coragem e medo. É difícil abrir portas e janelas para quem não conhecemos. Mas quem, de fato, conhecemos? Eu tenho pouco mais de 30 anos. Quando era pequena achava muito velhas as pessoas com mais de 20 anos. Não era capaz de imaginar como eu seria com a minha idade atual. Não olhava para alguém e me imaginava projetada como um espelho que viaja no tempo. A idade cronológica, como quase tudo que nos cerca, é uma invenção.
O tempo, aliás, é uma invenção.
Povos sábios, que alguns costumam chamar de “não-civilizados” não usavam aparelhos que muitos chamam de relógios. Nunca pensei nisso quando era pequena. Eu nem sabia o que era um povo indígena ou originário, mesmo vivendo em um de seus territórios. E os relógios estavam por toda parte. Uma criança que não está familiarizada com relógios provavelmente aprende a contar o tempo com as plantas, com o sol, com as luas. Ela entende a vida olhando e reconhecendo seus ciclos. Mas isso não passava pela minha cabeça. O mais próximo que cheguei disso foi plantar dois brotos de feijão para uma experiência de ciências. O tempo das plantas me foi ensinado como uma prática científica.
Lembro de responder questionários sobre as plantas:
“Como deve ser uma semente para que brote?”. Então respondíamos escrevendo no caderno à lápis todas as características que uma semente deveria ter para brotar: “deve estar inteira, deve ser nova, deve ser guardada sem umidade, precisa ser bem conservada”.
Naquela época eu não podia imaginar que algumas plantas teriam sementes que não germinariam, muito menos que as empresas produziriam propositadamente alimentos que não seriam capazes de produzir outros alimentos. Muito provavelmente da mesma forma que você, e que todos os habitantes do mundo depois de 1960, eu aprendi o tempo das plantas seguindo um ponto de vista urbano. Minhas duas mudinhas de semente de feijão foram colocadas dentro de uma caixinha, conforme a professora pediu. A caixa tinha um buraco em um dos lados da tampa. Provavelmente o experimento deveria me mostrar que a energia solar é essencial para o desenvolvimento das plantas. Uma planta, segundo a lógica do enunciado da tarefa, deveria crescer, enquanto outra provavelmente não resistiria à escuridão. Mas não foi isso que aconteceu. A planta sob o buraco morreu. A que ficou no lado escuro da caixa cresceu. A ciência estava errada? Minha mãe sabiamente me disse que provavelmente a semente do lado escuro da caixa recebia a luz quando o sol se inclinava. Guardada sobre o freezer na área de serviço, a luz se espalhava na caixinha de uma maneira que minha professora não previu.
Ela também não imaginou que distribuir entre os alunos um punhado de sementes para que aprendessem a escolher quais provavelmente floresceriam seria mais emocionante e simples do que fazer-nos escrever nos nossos cadernos com letra cursiva quais as características tornariam uma semente uma futura planta. Não, a ciência não estava errada. E disso eu sabia. Mas naquele momento eu perdi a conexão que poderia ter me mostrado que o tempo dos relógios é uma invenção. Levei quase três décadas para entender isso com o corpo. O fato é que os relógios constroem uma conta de tempo. Segundo ela eu sou uma senhora. Mulheres de 34 anos da minha geração são muito diferentes do que eram as mulheres da mesma idade na geração da minha mãe. E infinitamente diferentes das mulheres de 34 anos no tempo da primeira adultescência da minha avó.
Eu já amei e desamei muita gente. Tive tantos formatos de relações afetivas que nem sei dar o nome a elas. Minha mãe casou-se virgem aos 23 anos. Era órfã desde os 18, por isso, creio, um homem mais velho deva ter sido o mais próximo de uma família e da ideia de segurança que ela poderia encontrar na década de 70, em uma realidade machista. Aos 34 já tinha 3 filhos, tinha parado de trabalhar fora de casa e, muito provavelmente, tinha tido vontade de se separar algumas vezes. Minha mãe não tinha estabilidade financeira nem independência emocional para tomar atitudes de autonomia. O tempo, pra ela, tinha sido rígido. Minha avó, com 34 anos tinha 8 filhos. Um deles havia falecido. Ainda não era viúva. Nunca conheci meu avô, seu marido. Sei poucas coisas sobre ele. Uma delas é que era vendedor. Sei também que tinha uma letra linda e escrevia muito bem pelas cartas de tempos e assuntos variados que restaram de sua existência. Soube de alguns embates dele com o álcool – esses temas sorrateiros sussurrados nas beiradas da sala de jantar. Um dia perguntei para minha avó se ela havia pensado em se separar em algum momento da vida. Ela me disse chocada, com o sotaque de carregado de nona: “má, Gabriela, que pecado! Eu preferia morrer a me separar”.
Incrível como duas gerações depois, o sentimento de dever para com uma coisa chamada família e um papel chamado esposa mudou tanto de sentido.
Ela preferiria a morte à separação. Ou seja, tudo que lhe ensinaram, e ela descobriu sobre ela mesma, estava diretamente ligado aos papeis sociais que uma mulher do início do século XX deveria desempenhar. O tempo, o gênero e seus contextos nos ensinam muito sobre nossa própria história.
Eu sabia que estes papeis eram desejados e planejados para mim. Mas eu sempre escorreguei deles. Eu nunca coube. Nunca quis caber. Ser mulher, ou o que quer que sejamos, é uma construção lenta. Tem a ver tanto com o tempo da planta que cresce recebendo os raios oblíquos do sol quanto com o tempo dos relógios.
Algumas meninas que cresceram comigo seguiram o guia feminino de identidade. Debutaram aos 15 anos. Foram apresentadas à sociedade com festa, bolo, valsa com o pai. Namoraram meninos. Encontraram homens que desejaram ter como maridos. Noivaram. Casaram e, finalmente, deixaram a casa dos pais. Todas crescemos em uma cidade machista. Precisávamos ser belas como as atrizes de cinema. Magras como as modelos. Nos vestirmos bem como mostravam as revistas de moda. Termos cabelos brilhosos como as propagandas de shampoo. Éramos todas descentes de europeus que vieram ao Brasil no século XIX quando a Europa estava em crise. Éramos as netas ou tataranetas de uma imigração branca para uma colônia feita com trabalho escravo, mas que não se falava sobre isso. Não, eu não pude caber na imagem de mulher linda, de roupas e unhas “perfeitos”, de boca calada e silenciosa diante de seus privilégios e desassossegos. Eu quis reinventar meu tempo. É para ele que te convido agora. Bem-vinda, bem-vindo, bem-vinde.
“Depois vem a salvação”, dizem. “Antes era o verbo”, repetem. Eu te pergunto: onde fica o agora?
Cada ser concebe meticulosamente seu prรณprio agora.
Para entrar no agora ĂŠ preciso beber uma boa noite de sono.
Inventamos a palavra ´sincronicidade` para explicar coisas muito mais simples do que a sinuosidade de suas sílabas. Quando dois seres se tocam eles entendem a palavra ´sincronicidade` bem melhor do que quando a dizem.
A paciĂŞncia ensina a respirar.
A memória é um rio em que todas as curvas do tempo se banham. Ela é leito, margem, delta e foz.
Só o agora concebe o gosto d´água.
O pรกssaro negro voou de uma รกrvore a outra. Cada vez que suas asas vermelhas se abriram se moveram para frente todos os relรณgios do mundo.
Tentei fugir do agora. Nunca tive êxitos. Do tempo não há esconderijos.
Para o instante estamos sempre despreparados.
“Tempo é dinheiro” é a equação mais cara que a humanidade e o planeta já pagaram.
Assistiremos a um filme em que um narrador anunciará a morte dos livros. “Os livros são fantasmas de uma velha civilização”, ele dirá. Ele pronunciará estas palavras em uma língua completamente estranha a nós, porque há muito já terá morrido esta em que escrevo – como nos ensinou Fernando Pessoa, um de seus mais hábeis reinventores. Estarão extintos todos humanistas. A palavra “mãe” deixará de existir, e a palavra “medo” somará 19 mil variações. Restarão apenas 14 mil exemplares humanos. O narrador dirá “havia um grande grupo de humanos que se comportavam como cobaias felizes. Mamíferos que leram A Caverna, de Platão, assistiram a Blade Runner e conheceram mais de 50 versões das propagandas da Coca-Cola”. Por pressa, mudaremos de canal e jamais assistiremos ao final do filme.
Para abraçar o agora Ê preciso se desculpar pela pressa.
Quanto maiores os sonhos mais ansiosas as horas
Espaço é o tempo se expandindo.
O mais preciso relĂłgio ĂŠ a fome.
Tinha um lagartinho ligeiro e curioso na casa do morro. Ele não media mais que um palmo. Desconfiado, correu assim que me enxergou. Eu dormi curiosa e feliz por ter um companheiro por perto. Na manhã seguinte ele voltou. Veio beirando a porta. Lento, desconfiado. Tinha crescido uns 10 centímetros. No dia seguinte o lagarto estava ligeiro e faceiro. Eu mal podia acompanhar com os olhos sua velocidade. Era tão rápido que mal percebi que ele estava menor do que no primeiro dia que o vi.
Pois veio a tarde, caiu a noite e voltou o lagarto com sua roupa noturna. Veio se chegando, chegando. Me olhou nos olhos, o danado. Conversamos longamente de silêncios. Pro meu estarrecimento, ele tinha duplicado de tamanho. Desentendi. Na manhã seguinte, antes mesmo do meu café descer pelo coador, ele já estava me esperando no beiral da casa.
Me espiou devagarito e me cumprimentou com os olhos. Deitou-se bem pertinho de mim. Ficamos falando de moscas, aranhas, mosquitos e outras de suas preferências culinárias. Fingi que não percebi que ele era de novo pequeninho. Chegou a tarde. Fez a noite luminosa de lua. Dormi concentrada nas minhas maquinações sobre crescimento e encolhimento. Conclui coisa nenhuma.
Antes do sol amarelar o horizonte fui andar pelas beiradas. Desta vez, o lagarto veio falar comigo com menos desconfiamentos. Para meu completo desgosto racional, ele era, de novo, maior. Esticou-se inteirinho deixando o sol da manhã abraçar seu agora verde. Em seguida veio pra perto de nós mais um lagarto, menorzinho, daquele primeiro tamanho – aquele do dia do nosso nascimento de encontro. Atrás desse veio mais outro, maior que todos.
Ficamos, nós quatro, olhando o sol com a pele. Descobri que uma semana Ê o tempo de desencantamento da timidez dos lagartos. Foi quando me dei conta de que passara todos aqueles dias morando junto com eles, protegendo-os dos predadores maiores. Às vezes a gente trabalha para a paz dos outros, ignorantemente.
Os jovens têm mais ânsia da preciosidade do tempo do que os velhos. É por isso que falam todos juntos.
A rĂŠgua do tempo ĂŠ transparente.
Chegou nas férias às 14 horas, com 55 anos. Às 18 horas, sua idade era 17.
Os acordes flutuam nos instantes a procura dos seus pares. As notas preparam a próxima relendo a anterior. Toda pausa é a sala de espera do próximo timbre. Os mais antigos alquimistas do tempo são os músicos.
Sabedoria Conceber a crenรงa cega da borboleta na sua breve eternidade.
Paz interior ĂŠ quando o tempo existe mais bonito.
Os mestres cuidam dos instantes muito responsavelmente.
O amor ĂŠ quando dois agoras quase
se encontram.
O DNA é o guardião mudo do tempo. O sexo, a esfinge que o liberta.
Âż Me invita a tu vida, cuando quedarnos en paz?
Quem sabe pedir desculpas sinceras conhece o tempo por dentro.
A erosão das montanhas, cavando na terra sulcos. A persistência da água, marcando na terra leitos. A impetuosidade da paixão, cravando na carne a sorte. A impetuosidade de Romeu, fincando no ar disputa.
A serenidade de Yoko, ensinando que o amor ĂŠ uma espĂŠcie de brilho.
o sol soberano segue seu passeio espiralar pela via láctea ignorando nossos calendários rodopia, avança dançando suas piruetas de gravidade ignora sabidamente seu status de rei o sol sabe que toda monarquia é vazia segue ele, solene, as únicas leis que imperam sem repressão: as da física
Quando inventaram o inferno, era inverno; tudo derreteu. Os anjos rebeldes acharam lindo o espetáculo do derretimento. Desistiram das batalhas e foram se banhar. Na água encontraram outros deuses. Brincaram com Shiva. Guerrearam nado sincronizado com Oxum. Seduziram-se por Vênus e Iemanjá. Riram e gargalharam com Tupã.
Cansados, os anjos rebeldes foram meditar com Budha às margens do universo descongelado. Juntou-se a eles Jesus. Quando abriram os olhos Zeus os esperava sorridente. Sentou-se com eles e, com paciência, lhes pediu perdão pela própria intolerância. Toda água que a todos banhou gotejou sobre a Terra. Era primavera.
Desejamos morrer bem velhos e humildes, como o artista japonĂŞs que pintou a mais equilibrada onda da histĂłria da arte.
Foi-se aos 89 anos, afirmando que precisava de pelo menos mais dez anos para começar a criar bons quadros.
Não gosto de desenhar árvores em folhas de papel. Me sinto como uma assassina cruel que ameaça a vítima exibindo o resultado de um massacre.
O irreversĂvel ĂŠ destemido de eternidades.
Nos sonhos o corpo calcula seus entendimentos. É nele que o tempo roda sobre si mesmo.
Estiquei as horas com elรกstico. Descobri que a pressa nos leva, muito rapidamente,
a lugar nenhum.
Sonhei com dentes que caiam, roupas que sumiam e pessoas que morriam. Sonhei com o ar escorrendo pelo corpo e o corpo sobrevoando as paisagens. Sonhei com assassinatos. Como cúmplice, culpada, vítima. Sonhei Dinheiro.
com
escadarias.
Pernas
firmes.
Sonhei com o lado mais fino das coisas, com estratégias para sair ilesa das ingratidões.
Sonhei com uma ou outra utopia. Quem nos ensina a sonhar? Aprendi, no sonho, a gritar alto o suficiente para que meu corpo deitado na cama despertasse dos pesadelos. Pra onde eles vĂŁo, os pesadelos? Sonhei com eventos que aconteceram. Exatamente quando aconteciam: mortes, renascimentos, fascismos, descobrimentos, sortes.
Sonhei com prĂŠdios inteligentes. Com cidades que respiravam com os beija-flores.
Sonhei com a curva em que tombava o carro. E nele a família toda morria. Sonhei que eu existia depois da morte. É impossível sonhar com a própria morte, me disse um espírita, “porque se você sonha com ela seu cordão da vida que une o corpo físico ao astral se rompe”.
Sonhei com escadarias que levavam a nenhum andar. Sonhei com elevadores. Com ascensoristas mudos. Com mundos sem palavra. Já sonhei com o começo dos tempos, com os confins do espaço. Sonhei com clarices, marias, beatrizes, anas, carmélias, bromélias e girassóis.
O mundo resiste às vontades vãs – por pura sabedoria do tempo.
Quando encontramos a morte dos outros entendemos o limite do nosso prรณprio t(e)mp(g)(o).
Buraco de Minhoca Em um piano imaginário, na beira de uma praia no Brasil, duas meninas gêmeas tocam a trilha sonora de Amélie Poulain em um piano imaginário Elas cantam sobre uma deusa feminista que se abre. Dizem que Amélie é uma das chaves para um multiverso paralelo. As meninas têm o segredo da passagem secreta para um tempo em que as mulheres chegam primeiro.
Algumas coisas precisam nascer antes do tempo. Serem prematuras ĂŠ o seu ensinamento.
Otimismo Aquilo que não sabemos, nos espera em um futuro de braços abertos.
Achei uma pedra oca, bem lisinha por dentro. Me escondia lรก dentro quando o tempo engarrafava.
De tudo que existe ficarão intactas as samambaias aquelas que estavam aqui milênios antes que todos nós existíssemos.
Junto com as baratas, elas repovoarão o planeta. Samambaias e baratas – o destino de tudo que nos cerca.
E, no fim da história, seremos contados como uma parcela ínfima; assim como serão contados todos os répteis, fungos, vulcões e transações comerciais.
Nenhuma teoria sobreviverá. Bandeiras, logomarcas e grandes redes de negócio provarão o que já sabemos – são absolutamente descartáveis. Tudo, à parte as baratas e as samambaias, é feito para acabar.
O ângulo reto O círculo concêntrico A linha exatamente vertical As precisões geométricas são pura ficção A vida tende ao disforme os contornos, aos redondos
Troquei o despertador por uma bússola. Achei mais sabido acordar pro Leste do que às 6 da manhã.
Chronos
Nas tuas mãos, Talvez eu goze. Talvez eu cresça. Talvez escorregue. Das tuas mãos, um dia me desprenderei.
Zumbi voltarรก, confessou a lua cheia. Serรก no tempo dos girassรณis, ela disse. Comecei imediatamente a plantรก-los.
Que nossos dias na Terra sejam pra sorver as entranhas nuas do tempo. Que nossas noites sirvam para espalhar crioulas,
sementes
libertar beija-flores e desconstruir as casas de vidro que os enganam.
Retrato: Margareth Miola
Sobre a autora Gabriela Canale Miola é artista, pesquisadora e educadora. Doutora em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo (USP). Tem experimentado processos de pesquisa, criação e ensino em Artes, passando pela cibernética, fotoperformance, fotoliteratura, videoinstalação e videodança. Segue desinventando o tempo.