quadra aberta gabriela ho 路 tfg fauusp 2015
quadra aberta gabriela de almeida ho orientação: helena ayoub silva trabalho final de graduação fauusp · dezembro 2015
“faça de cada coisa um lugar, faça de cada casa e de cada cidade uma porção de lugares, pois uma casa é uma cidade minúscula e uma cidade é uma casa enorme.” Aldo Van Eyck, 1962
aos meus pais, Neuza e Sérgio, por tudo e mais um pouco; ao meu irmão, Thomas, por todo o incentivo e cuidado neste trabalho e na vida; à Fernanda, por estar sempre presente; à Beatriz e ao Kiyoshi, por compartilharem as angústias do tfg e à Gabriela por ajudar todos nós a chegar até aqui; ao André, presente mesmo longe, pelas consultorias estruturais; à Helena Ayoub, pela atenção nas conversas ao longo deste ano; ao Antonio Carlos Barossi e ao Felipe Noto, por aceitarem fazer parte deste trabalho; à minha família, aos amigos queridos de infância, às faunas e a todos que de alguma maneira contribuíram para este trabalho e para a minha formação,
muito obrigada!
sumário
01 introdução
09
02 centro
11
03 plano diretor estratégico
15
04 a quadra urbana
17
05 a quadra escolhida
21
06 programa
37
07 partido
39
08 projeto
45
09 considerações finais
103
10 bibliografia
105
01 INTRODUÇÃO
imagem isométrica da intervenção realizada.
A justificativa para a escolha de tema para o Trabalho Final de Graduação parte da constatação da existência de espaços vazios em alguns quarteirões no centro de São Paulo em meio a outros muito mais densos. Tais terrenos configuram uma dimensão adormecida da cidade que frequentemente é deixada de lado. O presente trabalho visa estudar a questão dos espaços internos do quarteirão como impulsionadores de revitalização urbana e como espaços e percursos alternativos aos espaços tradicionais da cidade. Em uma simplificação, quando se pensa nos espaços cheios e vazios da cidade, pode se pensar os primeiros como privados, os segundos como públicos e o quarteirão urbano como o elemento explicitador da relação entre o público e o privado. Porém, esta relação resulta em uma polarização, uma individualidade exagerada de um lado e de outro uma coletividade exagerada. Portanto, é importante estudar possibilidades de desenho e distribuição para o quarteirão subutilizado e as maneiras de abri-lo para a cidade, tornando-o um espaço de transição entre a rua pública e o edifício privado. Assim, o objetivo do trabalho é propor um projeto de arquitetura com programa misto como alternativa para estes espaços residuais localizados no centro da cidade, onde há grande oferta de transporte público e diversidade de comércios e serviços, em um cenário que existe atualmente de adensamento e de valorização da região.
09
10
02 centro
mapa do município de São Paulo mostrando o recorte da área de estudo. elaborado pela autora com a base de distritos disponível em http://www.cesadweb.fau. usp.br/
O centro da cidade de São Paulo foi escolhido para o desenvolvimento do estudo por apresentar características únicas de formação. A região tem em seu tecido a sobreposição de várias épocas, com edificações balizadas por diferentes legislações que permitiram a sua configuração morfológica atual. Apesar de ser uma região rica em infraestrutura e com grande variedade de comércios, serviços e equipamentos, o centro de São Paulo sofreu intensa desvalorização. Sofreu esvaziamento por parte da população de alta renda desde meados dos anos de 1950 e só continuou com intervenções desastrosas, como o Minhocão na década de 70. Este cenário só começou a mudar a partir da década de 90, com iniciativas como a Operação Urbana Centro, lei de 6 de junho de 1997, que busca a requalificação urbana através do estímulo de investimentos. Foi só no Censo de 2010 que foi registrado o primeiro aumento da população do centro em relação ao Censo anterior. Assim, a região central, mais especificamente os distritos da Sé e República que estão dentro dos limites da Operação Urbana Centro, foi o recorte escolhido para a intervenção. A partir de uma série de levantamentos feitos sobre estes distritos pôde se ter uma leitura panorâmica da dinâmica do centro.
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mapa de vazios
V
V
V
V
0
LOTES VAZIOS LOTES SUBUTILIZADOS
12
250
750
Para este estudo, foi montado um mapa para localizar os vazios existentes no centro da cidade de São Paulo, nos distritos da Sé e da República, a fim de formar uma base atualizada para estudar as quadras do centro da cidade e as possibilidades de intervenção na área. Este mapa identifica os lotes vazios e os lotes subutilizados. Foram considerados vazios os lotes que não possuem edificações e são, em sua maioria, terrenos que abrigam estacionamentos ou que não apresentam uso. E por lotes subutilizados entende-se terrenos com coeficiente de aproveitamento igual ou menor que 3, já que estão situados em uma área que é rica em infraestrutura. Também foram elaborados mapas da distribuição de equipamentos públicos (culturais, esportivos, educacionais e de saúde) e um mapa de mobilidade urbana contendo as estações de metrô, os terminais de ônibus, os corredores de ônibus e as ciclovias que passam pelo centro. Sobrepondo as informações dos mapas nota-se que é nas regiões mais consolidadas que predominam a oferta de equipamentos públicos. O Centro Velho, é a porção mais densa e consolidada construtivamente, apresentando pouquíssimos terrenos vazios, enquanto algumas regiões, como é o caso da Santa Ifigênia, tem muitos lotes vazios ou com construções baixas. No mapeamento de vazios observa-se que há quadras muito pouco consolidadas, com grande parte de seus terrenos vazios ou subutilizados, o que torna interessante a proposta de um projeto para a quadra inteira e não só para um lote. A partir desta análise foi escolhida uma quadra no bairro de Santa Ifigênia, que já está destacada nos mapas, para realizar a proposta de trabalho que consiste em um projeto de arquitetura para ocupar os vazios da quadra de modo a completar o seu desenho com um projeto que rompe com a limitação dos lotes.
mapa de equipamentos
0
250
mapa de mobilidade
750
0
250
750
EDUCAÇÃO
CULTURA
ESTAÇÃO DE METRÔ
CORREDOR DE ÔNIBUS
SAÚDE
ESPORTE
TERMINAL DE ÔNIBUS
CICLOVIA
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03 plano diretor estratégico
imagem ilustrativa de diretrizes do novo plano diretor estratégico In: http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/. acessado em 20/10/15 tratamento da autora.
São Paulo tem um novo plano diretor no qual nota-se um esforço no sentido de reequilibrar a cidade, melhorando a relação do ambiente construído com as suas ruas e calçadas. A lei 16.050/2014 foi aprovada no dia 30 de junho de 2014 e sancionada em 31 de julho pelo prefeito Fernando Haddad após um amplo processo de revisão participativa da população. O plano traz uma série de diretrizes para orientar o desenvolvimento e o crescimento da cidade pelos próximos 16 anos Suas principais diretrizes são: socializar os ganhos da produção da cidade, assegurar o direito à moradia digna para quem precisa; melhorar a mobilidade urbana; qualificar a vida urbana dos bairros; orientar o crescimento da cidade nas proximidades do transporte público; reorganizar as dinâmicas metropolitanas; promover o desenvolvimento econômico da sociedade; incorporar a agenda ambiental ao desenvolvimento da cidade; preservar o patrimônio e valorizar as iniciativas culturais e fortalecer a participação popular nas decisões dos rumos da cidade. Para a discussão deste trabalho vale destacar as propostas de organização da cidade por Eixos de Estruturação da Transformação Urbana, que visam otimizar o aproveitamento do solo em áreas com bastante oferta de transportes públicos e, por outro lado, definir gabaritos máximos de altura e adensamento construtivo em miolos de bairro, conformando uma rede de centralidades. Buscando a qualificação desses espaços foram definidos instrumentos como a fachada ativa, a fruição pública, o incentivo ao uso misto e calcadas mais amplas. A fachada ativa ocupada com comércios, serviços ou equipamentos voltados à rua humaniza o passeio público. A fruição pública é a área no térreo aberta à circulação de pedestres para o desenvolvimento de atividades e encontro de pessoas. Estes instrumentos foram considerados na definição do partido do projeto de intervenção.
15
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04 a quadra urbana
Para aprofundar o tema, foi estudado o tecido urbano na escala da organização local, na escala das quadras urbanas. Fazendo uma leitura dos elementos morfológicos do espaço urbano nesta escala mais aproximada, temos o edifício como elemento mínimo e o lote como a parcela fundiária em que ele se insere e que faz a divisão cadastral, separando o domínio público do privado. A quadra não é uma forma arquitetônica por si só, é um agrupamento daqueles edifícios autônomos em lotes delimitados e com leis de construções que condicionam a sua evolução e proporcionam, ou não, uma força de conjunto. A cidade tradicional pode apresentar diversas formas, mas tem como organização um sistema único e bastante simples: a rua. Ou seja, a quadra é o espaço delimitado pelo resultado do traçado das vias e é a coleção de partes independentes, projetadas por arquitetos diferentes, em tempos diferentes, dentro das limitações da forma do lote. O urbanismo moderno aparece com uma mudança de papéis: a unidade de habitação, que antes era consequência da forma do edifício, passa a ser o elemento base, o ponto de partida da arquitetura. Este modelo aparece como uma crítica às condições insalubres das habitações da cidade tradicional inseridas em quadras com espaços livres escassos e fragmentados, um cenário de intenso crescimento urbano. A implantação do edifício é sobre pilotis, tornando o térreo um espaço público contínuo, e é pautada pela melhor orientação em relação ao sol, não pela limitação da orientação da rua.
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tecido urbano tradicional
Le Corbusier
acesso à habitação
na fachada e ao ar livre
no centro e no escuro
comércios
no térreo
instalações
no térreo nos fundos do lote
no pavimento superior em uma galeria
áreas livres
internas e escondidas (pátios)
externas e à vista (sob os pilotis)
a rua
do lado de fora
do lado de dentro
Philippe Panerai, em Urban Forms, faz uma leitura geral da maneira como a edificação interage com a cidade no tecido urbano tradicional e no moderno. Suas maiores críticas aos edifícios autônomos da cidade moderna é que eles não apresentam possibilidades de crescimento ou de mudanças (para além do interior das unidades) e a incapacidade do térreo livre (deixado pelo edifício sob pilotis) de preencher o papel que o térreo tinha, com mais vida.
no terraço ou outro lugar
PANERAI, Philippe; CASTEX, Jean; DEPAULE, Jean Charles; SAMUELS, Ivor. Urban Forms. The Life and Death of The Urban Block, página 118. traduzido pela autora.
croqui mostrando a cidade da primeira era publicado na revista Óculum, n.9, FAU PUC-Campinas, 1992.
Já Christian de Portzamparc defende a quadra aberta como uma solução para os grandes aglomerados urbanos e dá sentido histórico a um fenômeno que vinha acontecendo em diversas cidades. Definindo a cidade tradicional como pertencente à primeira era e a cidade moderna à segunda era da cidade, a quadra aberta surge como uma dupla herança, uma conciliação entre as ruas-corredores e os edifícios autônomos na terceira era da cidade: “A quadra aberta permite reinventar a rua: legível e ao mesmo tempo realçada por aberturas visuais e pela luz do sol. Os objetos continuam sempre autônomos, mas ligados entre eles por regras que impõem vazios e alinhamentos parciais. Formas individuais e formas coletivas coexistem, Uma arquitetura moderna, isto é, uma arquitetura relativamente livre de convenção, de volumetria, de modenatura, pode desabrochar sem ser contida por um exercício de fachada imposto entre duas paredes contíguas.” (PORTZAMPARC, 1997)
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croqui mostrando a cidade da segunda era publicado na revista Óculum, n.9, FAU PUC-Campinas, 1992.
panôramica do miolo da quadra que é cenário do filme Janela Indiscreta. montagem feita por Jeff Desom In: http://www.wired.com/ acessado em 17/11/2015
imagem do filme Janela Indiscreta In: http://www.theredlist.com/ acessado em 17/11/2015
O filme Janela Indiscreta mostra uma relação interessante que se pode ter entre os moradores que tem a vista compartilhada de um mesmo pátio interno. A história toda acontece em uma quadra tradicional de Nova Iorque com ocupação periférica que resulta em um miolo de quadra livre, ocupado pelas unidades residenciais térreas de cada edifício. O filme americano que tem título original Rear Window, dirigido por Alfred Hitchcock e lançado em 1954, conta a história de um fotógrafo que é obrigado a ficar uma temporada confinado em sua casa após quebrar uma perna. O fotógrafo passa a observar seus vizinhos através de sua janela, que se abre para esse miolo de quadra onde há inúmeras outras janelas. A partir disso, começa a desconfiar que um deles, do outro lado da quadra, tenha cometido um assassinato.
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av. rio branco
av. ipiranga rua guaianases av. são joão rua aurora
rua conselheiro nébias
rua vitória
20
praça da república
05 a quadra escolhida
fotografia aérea mostrando principais pontos de referência no entorno da quadra. fonte: Google Earth tratamento da autora.
A escolha da quadra foi feita tendo em vista a sua localização e as suas características morfológicas. A quadra está localizada no bairro de Santa Ifigênia, entre os corredores de ônibus da Avenida São João e da Avenida Rio Branco. Está a aproximadamente 800m da estação da Luz, por onde cruzam as linhas 1-Azul e 4-Amarela do metrô de São Paulo e as linhas 7-Rubi e 11-Coral da CPTM e a aproximadamente 500m da estação República, por onde passam as linhas 3-Vermelha e 4-Amarela do metrô. Na região é bastante forte a presença de imigrantes africanos e latino americanos que buscam o centro de São Paulo por questões históricas e práticas também. Nas ruas do entorno da quadra há diversos restaurantes de culinária peruana, nigeriana, camaronesa – só na quadra escolhida há dois restaurantes peruanos e um restaurante nigeriano. As ruas que conformam o desenho da quadra são Rua Conselheiro Nébias, Rua Vitória, Rua Guaianases e Rua Aurora e possui, ao todo, a área de 9277,7m² loteados. A quadra é composta por sete edifícios habitacionais altos (entre 8 e 15 pavimentos) e que têm usos comerciais no pavimento térreo, sendo que um deles abriga um cinema, por mais quatro construções baixas que também abrigam usos comerciais e dois estacionamentos. A quadra chama a atenção pela disposição destes edifícios habitacionais e a sua relação com o centro da quadra que é um vazio usado como estacionamento. Centenas de janelas se abrem para esta grande clareira estéril, que tem um uso que não estimula a vivência na cidade.
21
22
foto panor창mica realizada a partir do miolo da quadra.
23
uso do solo e zoneamento
24
Pelo levantamento do uso do solo da quadra e de seu entorno imediato notamos que na quadra predominam os edifícios de habitação com comércio e serviços nos primeiros pavimentos. No entorno, também há muitos edifícios de habitação com comércio e serviços nos primeiros pavimentos balanceados com estabelecimentos comerciais em construções baixas. No zoneamento de 2004, a quadra está em Zona de Centralidade Polar B e no zoneamento lançado para discussão neste ano está em Zona de Centralidade, sendo que seus dois grandes estacionamentos estão, curiosamente, identificados como Zona Especial de Preservação Cultural (ZEPEC), que é definido pela prefeitura como: “porções do território destinadas à preservação, valorização e salvaguarda desses bens de reconhecida importância histórica, artística, arquitetônica, arqueológica e paisagística, tombados ou protegidos por outros instrumentos em âmbito federal, estadual ou municipal”. Tem como objetivos: “1. Promover e incentivar a preservação, a conservação, o restauro e a valorização do patrimônio cultural no âmbito do Município; 2. Preservar a identidade dos bairros e das áreas de interesse histórico-cultural, valorizando as características históricas, sociais e culturais; 3. Estimular a fruição e o uso público do patrimônio cultural; 4. Possibilitar o desenvolvimento ordenado e sustentável das áreas de interesse histórico e cultural, tendo como premissa a preservação do patrimônio cultural.”
MAPA DE zoneamento zona de centralidade zona especial de interesse social zona especial de preservação cultural
informações e mapa de zoneamento disponíveis em http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/
Comparando os dois mapas, os edifícios abandonados identificados com verde claro na imagem de usos do solo são definidos como Zona Especial de Interesse Social no zoneamento. MAPA DE USO DO SOLO comercial habitacional com comércios no térreo abandonado 25
mapas de evolução da quadra
planta de São Paulo ano 1841 fonte: Coleção IV Centenário
planta de São Paulo ano 1881 Coleção IV Centenário
“Ao contrário de cidades onde podemos fazer a “leitura” de sua história nos edifícios, o crescimento de São Paulo se deu com o sacrifício de seu passado. Perdulariamente, ao invés de construir “ao lado” construiu-se “em cima”.” (TOLEDO, 1981)
É nesta sequência de mapas históricos que podemos observar a evolução da quadra e de seu entorno imediato desde 1841 até os dias de hoje. No mapa de 1841 observa-se o traçado das ruas e as quadras da região já delimitadas, mas com baixíssima densidade construtiva, e apenas uma construção na quadra escolhida na esquina das ruas Conselheiro Nébias e Aurora. Já em 1881, os primeiros loteamentos da região começam a ser ocupados de forma mais intensa. Surgem construções recuadas nos meios dos lotes e na quadra em estudo, além da construção de esquina, a planta do prédio que abrigava o antigo Hotel Albion.
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planta de São Paulo ano 1930 SARA Brasil
planta de São Paulo ano 1954 VASP
planta de São Paulo ano 1973 GEGRAN
planta de São Paulo ano 2005 MDC
No levantamento de 1930, feito pelo SARA Brasil, nota-se o tecido urbano já bastante consolidado mas ainda com construções isoladas no meio dos lotes. Aqui chamamos atenção para a construção do casarão nos fundos do lote do Hotel Albion, de frente para a Rua Vitória. No mapa de 1954, realizado pela VASP Aerofotogrametria, a quadra já aparece mais próxima da sua configuração atual, com os cinco edifícios habitacionais da Rua Guaianases já construídos. O antigo Hotel Albion já fora demolido e seu lote aparece vazio, enquanto o casarão da Rua Vitória ainda está no seu lugar. Em 1973, no mapa do GEGRAN, já nota-se o edifício que abrigava o Cine Áurea
construído no lugar do Hotel Albion e as construções baixas que existentes atualmente na quadra também. No mapa mais atual, observamos que o casarão da Rua Vitória foi demolido junto com duas construções com frente para a Rua Conselheiro Nébias e dão lugar a um grande estacionamento. As construções mais marcantes da quadra são a sequência de prédios de habitação voltados à Rua Guaianases e o edifício do antigo Cine Áurea. A seguir veremos um levantamento mais detalhado, lote a lote, da configuração atual da quadra em questão.
todos os mapas estão disponíveis em http://cesadweb. fau.usp.br/ e receberam tratamento da autora.
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loteamento atual da quadra
RUA VITÓRIA
01 12
RUA CONSELHEIRO NÉBIAS
RUA GUAIANASES
11
02
03 10
04 05
09 06 07
08
RUA aurora
edificações lotes
28
0
10
30
LOTE
USO
ÁREA
GABARITO
ÁREA OCUPADA
ÁREA CONSTRUÍDA
To
CA
01
COMÉRCIO & SERVIÇOS
385,8
T+1
379,5
759,0
0,98
1,9
02
ESTACIONAMENTO
2316,9
T
84,5
84,5
0,03
0
03
HOTEL
192,6
T+3
160,8
643,3
0,83
3,3
04
COMÉRCIO & SERVIÇOS
167,0
T+2
154,5
463,4
0,92
2,7
05
COMÉRCIO NO TÉRREO + HABITAÇÃO
185,2
T+10
131,7
1449,4
0,71
7,8
06
COMÉRCIO & SERVIÇOS
375,7
T+1
375,7
751,5
1
2
07
COMÉRCIO & SERVIÇOS
374,2
T+1
374,2
748,5
1
2
08
CINEMA, ACADEMIA E SERVIÇOS + HABITAÇÃO
1436,6
T+15
1393,2
12477,6
0,97
8,7
09
COMÉRCIOS NO TÉRREO + HABITAÇÃO
526,6
T+9
440,7
4407,4
0,84
8,4
10
COMÉRCIOS NO TÉRREO + HABITAÇÃO
980,5
T+7
546,6
4373,1
0,56
4,5
11
COMÉRCIOS NO TÉRREO + HABITAÇÃO
819,2
T+7
419,7
3357,8
0,51
4,2
12
COMÉRCIOS NO TÉRREO + HABITAÇÃO
980,3
T+7
526,2
4209,9
0,54
4,3
13
COMÉRCIOS NO TÉRREO + HABITAÇÃO
536,9
T+9
451,5
4515,1
0,84
8,4
29
o casarão da rua vitória
foto publicada pelo jornal Folha de São Paulo em 10/07/1982. Foto de Cícero de Oliveira Neto In: http://acervo.folha. com.br/ acessado em 12/07/2015
informações publicadas pelo jornal Folha de São Paulo em 10/07/1982. In: http://acervo.folha. com.br/ acessado em 12/07/2015
30
Como mencionado anteriormente no histórico da quadra, o atual estacionamento do lote 02 já foi local de um casarão, um palacete art nouveau construído no começo do século XIX. O imóvel era a residência de Silvio Sampaio Moreira e fazia parte da Z-8-200, uma zona de preservação especial, criada por lei municipal 8.328 em 2 de dezembro de 1975, que determinava certos imóveis como importantes para a memória da cidade, tendo suas reformas ou demolições controladas pela Coordenadoria Geral do Planejamento(Cogep) da Prefeitura. Na data da demolição os fundos do casarão já funcionava como estacionamento e o o casarão teria sido demolido para a expansão do negócio. Não há muitas informações disponíveis sobre o casarão, pois este foi demolido às pressas e escondido no dia 9 de julho de 1982, data que era, na época, um feriado facultativo. Hoje resta apenas o portão do antigo casarão com diversas árvores no alinhamento da calçada no acesso pela Rua Vitória, 595.
o cine áurea
cartaz de divulgação da inauguração do cinema em abril de 1957. In: http://saopaulo-40s-50s-60s.blogspot.com.br/ acessado em 12/06/2015
placa fixada na entrada da academia no térreo do edifício do Cine Áurea. foto da autora em 23/05/2015
informações do texto retiradas de: MUGNAINI, Ayrton. Adoniran: dá licença de contar. São Paulo: Grupo Pão de Açúcar, 2002.
O lote 07 possui bastante história. O prédio tem no térreo um cinema e uma academia e para cima um alto edifício residencial. Hoje funciona como um cinema pornô, o Cine Kratos, mas foi inaugurado como o cine Áurea em 22 de abril de 1957, especializado em filmes franceses e com capacidade de 1026 lugares. Antes ainda, esse lugar já foi tema de samba de Adoniran Barbosa. No lote havia um casarão onde antigamente funcionava o Hotel Albion. Na época em que este foi demolido já não tinha a função de hotel, estava abandonado a tempos e fora ocupado por moradores de rua, dentre eles, “Mato Grosso”, conhecido de Adoniran, que também morava na Rua Aurora. Quando Adoniran ficou sabendo que seu colega “Mato Grosso” seria despejado, pois o casarão seria demolido para a construção de um edifício, escreveu o samba “Saudosa Maloca” – lançado em 1951 - em sentimento à má sorte de seu colega. “Se o senhor não tá lembrado Dá licença de contá Que acá onde agora está Esse adifício arto Era uma casa véia Um palacete assobradado Foi aqui seu moço Que eu, Mato Grosso e o Joca Construímos nossa maloca Mas um dia, nós nem pode se alembrá Veio os homis cas ferramentas O dono mandô derrubá” (BARBOSA, Adoniran 1951) Durante os levantamentos realizados não foi possível ter acesso às plantas do cinema original e nem do atual. 31
fotos do entorno
32
33
intervenção
RUA aurora
edificações existentes
edificações existentes 0
34
RUA GUAIANASES
RUA GUAIANASES RUA aurora
RUA CONSELHEIRO NÉBIAS
RUA VITÓRIA
RUA CONSELHEIRO NÉBIAS
RUA VITÓRIA
10
30
edificações a demolir
0
10
30
RUA GUAIANASES
RUA CONSELHEIRO NÉBIAS
RUA VITÓRIA
RUA aurora
edificações existentes área de intervenção
0
10
Dos 9277,7m² loteados da quadra, 3358,6m² são ocupados por estacionamento, ou seja, 36,2% da área da quadra não é construída e abriga um uso que não interage com o espaço à sua volta. Esta grande área é dividida em dois estacionamentos em lotes diferentes. Um deles(1040,6m²) é um estacionamento coberto e comprido, que ocupa a porção de trás dos lotes dos edifícios de habitação da Rua Guaianases e tem acesso pelo térreo dos dois edifícios de esquina, tanto pela Rua Aurora, quanto pela Rua Vitória. O outro(2318,1m²) está em um lote que tem acesso pela Rua Conselheiro Nébias e pela Rua Vitória. Hoje, a entrada do estacionamento funciona na Rua Conselheiro Nébias e o acesso pela Rua Vitória se encontra bloqueado por muros baixos junto ao portão do antigo casarão que ficava ali. Para a intervenção na quadra é proposta e demolição destes estacionamentos e das cinco construções mais baixas da quadra, (correspondentes aos lotes 01, 02, 03, 04, 06), resultando em uma área de intervenção igual a 4841,1m² ou 52% da área loteada da quadra.
30
35
36
06 programa
COMÉRCIO & SERVIÇOS habitação teatro pré-escola creche biblioteca áreas livres
37
38
DEMOLIÇõES
PERMEABILIDADES
ocupação do solo
disposiçáo espacial inicial
recortes & adição de volumes
disposição espacial final
07 partido
diagramas de disposição espacial
Para realizar o projeto da maneira mais interessante possível, é proposto o remembramento de lotes, somando a área dos fundos dos lotes dos edifícios habitacionais existentes com o lote vazio do estacionamento descoberto e com a dos lotes a serem demolidos. Tem-se como diretrizes flexibilizar o uso do térreo, torná-lo permeável e disponibilizar áreas privadas ao uso público. E assim, eliminar as limitações impostas pelo desenho atual dos lotes e pelas edificações individualizadas, com térreos fechados e voltados a usos de serviço de cada edifício. Desta maneira é possível que os comércios no térreo dos edifícios residenciais substituam sua parede cega de fundo por uma nova frente, criando novas fachadas. Para começar a pensar a disposição espacial do programa, foi decidido manter a massa arbórea existente dentro da quadra, junto à Rua Vitória, já que a região é muito pouco arborizada. Esta premissa resultou em uma distribuição que permite a leitura dos volumes edificados fazendo o contorno da quadra e que proporciona uma entrada generosa ao conjunto através da criação de um volume elevado. É proposto padronizar e normatizar as calçadas do quarteirão, que hoje mudam não só de lote para lote, como também de um módulo para outro dentro do mesmo terreno, tornando o passeio público mais amigável ao pedestre. Também são propostos recuos frontais no pavimento térreo das construções novas, de modo a aumentar a largura da faixa de uso do pedestre.
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conceito: verticalização do espaço público
rua
verticalização
elevador & escada
rua
40
proposta: multiplicação do chão da cidade
edifício praça
edifício equipamento
multiplicação do chão da cidade: criação de espaços de transição
41
fotos da maquete de estudo
42
fotos de maquete de estudo volumétrico do entorno realizada em mdf, com intervenção em acrílico branco. escala 1:1000 43
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08 projeto
imagem da esquina das ruas Vitória e Conselheiro Nébias. volume da escadaria na esquina que distribui os acessos para o volume suspenso e para o edifício de equipamentos principal.
O projeto está separado em dois terrenos diferentes. Um de área de 3040,16m² e outro de 749,40m². O terreno maior é onde há o vazio dos estacionamentos e tem frente para as ruas Vitória e Conselheiro Nébias. O menor fica mais isolado e tem frente para as ruas Conselheiro Nébias e Aurora. Para o terreno maior foram reservadas as áreas mais públicas do programa, áreas livres e equipamentos, enquanto o menor recebeu um edifício de habitação. Os primeiros pavimentos dos dois edifícios são destinados a comércios e serviços. Estes pavimentos ajudam a conferir uma unidade ao conjunto. O edifício-equipamento é dividido em três volumes principais. No volume da esquina fica a circulação vertical de acesso do público, com uma escadaria e elevadores. A escadaria aqui funciona como uma sobreposição de praças, é a multiplicação do chão da cidade. As praças dão acesso aos diferentes equipamentos e criando espaços de estar, primeiro aos pavimentos de comércio e serviços, seguidos da pré-escola, da creche, do teatro e da biblioteca. Portanto, a localização da circulação na esquina é estratégica para distribuir o fluxo tanto para o edifício de equipamentos quanto para o volume suspenso, onde fica o teatro. Já nas outras extremidades dos volumes de equipamentos ficam as circulações de serviços, com escadas de emergência.
45
ão
ão jo
av. s
RUA CONSELHEIRO NÉBIAS
al. barão de limeira
RUA VITÓRIA
RUA aurora
av. rio branco
RUA GUAIANASES
planta de situação
0
5
10
20
plantas de arquitetura
pavimento térreo nível 745,8 O miolo da quadra foi aberto, virado do avesso, para que pudesse ser apropriado pela população. Grande parte do vazio central que existia foi mantido, mas com novas características que configuram um espaço essencialmente urbano. A massa arbórea que ocupa um trecho da fachada da Rua Vitória foi mantida e é o principal acesso a este novo espaço. Além disso, foi criada uma arquibancada voltada para a área livre central que oferece possibilidades de diferentes eventos no local. Para melhor integrar o espaço do térreo é proposto que os comércios nos térreos dos edifícios existentes troquem suas paredes cegas de fundo por uma nova frente, possibilitanto a permeabilidade quando possível. Assim, onde antes havia um estacionamento, se cria uma nova travessia paralela à rua com espaço para bicicletário e para extensão dos comércios e restaurantes . Como não foi possível ter acesso às plantas do Cine Áurea, o trabalho sugere apenas a sua revitalização, sem conexões diretas entre seu perímetro e o miolo da quadra.
comércio & serviços 1 acesso escadaria 2 acesso ao conjunto 3 acesso de serviço 4 circulação vertical 5 praça 6 arquibancada 7 unidade comercial 8 unidade comercial existente 9 acesso à habitação 10 acesso à habitação existente 11 bicicletário 12 cine áurea
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2,5
5
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a a ri
tó vi
a ri
tó vi
fachada ativa
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e
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ns
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ru
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ru
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ru
circulações e acessos
RUA VITÓRIA
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4
2
3 8
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8
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7
7
7
7
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8
6
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RUA GUAIANASES
RUA CONSELHEIRO NÉBIAS
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5
2 10 3
7
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7
7
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7 4 7
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9 2
2
RUA aurora
8
8
8
1° pavimento nível 749,8
1
3
2
3
3
3
3
3
3
3
3
3 2
comércio & serviços 1 praça de chegada 2 circulação 3 unidade comerciaL
2
2 3
3
3
3
3 comércio & serviços 3
2 circulação 3 unidade comerciaL
3
3
3 2
0
2,5
5
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2° pavimento nível 753,2
1
3
2
4
3
3
3
3
3
3
3
3
3 2
comércio & serviços 1 praça de chegada 2 circulação 3 unidade comerciaL 4 passarela/estar 2
2 3
3
3
3
3 comércio & serviços 3
2 circulação 3 unidade comerciaL
3
3
3 2
0
2,5
5
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3° pavimento nível 756,6
1
2
pré-escola 3
4
5 6 7
10
8
11
9
9
1 praça de chegada 2 passarela/estar 3 administração copa depósito de material pedagógico reunião sanitários sala do diretor sala do coordenador secretaria 4 pátio interno 5 sala de informática 6 cozinha 7 despensa 8 refeitório 9 vestiários 10 sala de atividades 11 pátio externo
2 habitação 3
1 circulação 2 unidade 68m² 3 unidade 53m² 4 unidade 75m²
1 3 3
4 4
0
2,5
5
10
4° pavimento nível 760,0
1
1 pré-escola
1
1 sala de aula 2 sala aberta 3 almoxarifado 4 dml
1
2
1
1
1
1
3
4
2 habitação 1 circulação 2 unidade 68m² 3 unidade 53m² 4 unidade 75m²
3 1 3 3
4 4
0
2,5
5
10
5° pavimento nível 763,4
1
2
creche 3
4
5 6 7
10
8 11 9
9
1 praça de chegada 2 passarela/estar 3 administração copa depósito de material pedagógico reunião sanitários sala do diretor sala do coordenador secretaria 4 pátio interno 5 sala de informática 6 cozinha 7 despensa 8 refeitório 9 vestiários 10 sala de atividades 11 almoxarifado & dml
2 habitação 3
1 circulação 2 unidade 68m² 3 unidade 53m² 4 unidade 75m²
1 3 3
4 4
0
2,5
5
10
6° pavimento nível 766,8
5
1
6
1 creche
1
1 sala de aula 2 sala aberta 3 lavanderia 4 lactário
1
2 teatro 1
1
1
1
3
5 área de ensaios 6 área de camarins
4
2 habitação 3
1 circulação 2 unidade 68m² 3 unidade 53m² 4 unidade 75m²
1 3 3
4 4
0
2,5
5
10
7° pavimento nível 770,2
4
7
5 biblioteca 1 área de leitura 2 acervo 3 depósito
6 6 1
teatro 4 praça de chegada 5 foyer & café 6 sanitários 7 palco/platéia
2
3
3
2 habitação 3
1 circulação 2 unidade 68m² 3 unidade 53m² 4 unidade 75m²
1 3 3
4 4
0
2,5
5
10
8° pavimento nível 773,6 6
1 6
2 biblioteca
3
1 praça de chegada 2 recepção 3 varanda 4 acervo 5 sanitários
teatro 6 platéia 4
5
5
2 habitação 1 circulação 2 unidade 68m² 3 unidade 53m² 4 unidade 75m²
3 1 3 3
4 4
0
2,5
5
10
9° pavimento nível 777,0 4
4
1
biblioteca 1 ácervo 2 área de estudo 3 sala de reunião
2
2
teatro 4 passarela técnica
2
3
3
3
3
2
2 habitação 3
1 circulação 2 unidade 68m² 3 unidade 53m² 4 unidade 75m²
1 3 3
4 4
0
2,5
5
10
10° pavimento nível 780,4 1
cobertura 1 praça de chegada 2 cobertura
2
2 habitação 1 circulação 2 unidade 68m² 3 unidade 53m² 4 unidade 75m²
3 1 3 3
4 4
0
2,5
5
10
elevação rua conselheiro nébias
rua vitória
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rua aurora
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5
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elevação rua guaianases
rua aurora
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rua vit贸ria
0
2,5
5
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elevação rua vitória
rua guaianases
rua conselheiro nébias
0
64
2,5
5
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elevação rua aurora
rua conselheiro nébias
rua guaianases
0
2,5
5
10
65
corte aa
rua vit贸ria
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rua aurora
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corte bb
rua vit贸ria
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rua aurora
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corte cc
b
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rua guaianases
rua conselheiro nĂŠbias
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corte dd
b
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rua guaianases
rua conselheiro nĂŠbias
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diagrama de programas
escadaRIA comércio & serviços pré-escola creche biblioteca teatro habitação
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térreo
passeio alternativo interno Ă quadra.
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miolo da quadra sendo usado como espaço de apresentações.
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escadaria: edifício praça
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A escadaria vai além de cumprir seu papel de circulação. Ela é o elemento que dá sentido à verticalização do espaço público, um percurso interativo com espaços de permanência e de transição. Cada equipamento possui uma praça de chegada com um estar que dá as boas vindas aos usuários. Na pré-escola e na creche, por exemplo, a pracinha se torna um lugar onde pais podem esperar pela saída dos alunos ou onde as crianças podem brincar antes ou depois das aulas. O acesso no pavimento térreo é feito por um lance de escadas de concreto na diagonal, de modo que torne a esquina o mais
convidativa possível. Do primeiro pavimento para cima, os lances de escadas são de perfis metálicos, assim como a estrutura toda da “gaiola” que envolve este volume da esquina. Aqui foi adotada uma tela metálica bastante leve, para proteger o espaço sem obstruir a visão ou a entrada de luz nos ambientes internos.
praça de chegada da creche
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80
esquina das ruas Vit贸ria e Conselheiro N茅bias
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comÊrcios & serviços
salas comerciais
salas comerciais
salas comerciais
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salas comerciais
salas comerciais
As unidades comerciais foram projetadas para serem flexíveis e com a possibilidade de abrigar diferentes tipos de comércios e serviços, sem restrição de tipologias, funcionando como uma grande galeria de três pavimentos. No pavimento térreo, as unidades são recuadas do limite da calçada justamente para aumentar a faixa do passeio público, e nos primeiro e segundo pavimentos, esse recuo também acontece para dar lugar à circulação avarandada. Foi mantida a mesma linguagem nas unidades comerciais dos dois edifícios, com o objetivo de dar maior unidade visual ao conjunto.
salas comerciais
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esquina das ruas Conselheiro NĂŠbias e Aurora
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equipamento de educação infantil
creche salas
creche áreas comuns e administração
acesso creche
pré-escola salas
pré-escola: áreas comuns e administração
acesso biblioteca 86
módulo salas da creche 0
1
2
4
módulo salas da pré-escola 0
O equipamento de educação infantil possui as etapas de ensino da Pré-Escola e da Creche. Cada uma é dividida em dois pavimentos. O pavimento de chegada destes equipamentos abriga as áreas administrativas e as áreas coletivas como cozinha e refeitório, pátio coberto e sala de atividades em conjunto, divididos em quatro núcleos. No pavimento superior ficam as salas de aula, 8 no total, que também são divididas em 4 módulos duplos, em torno de um núcleo de área molhada. Esta setorização das plantas foi pensada de modo a alinhar as prumadas hidráulicas entre estes pavimentos e entre os banheiros das
1
2
4
unidades comerciais que ficam nos primeiros pavimentos do edifício. As salas aqui possuem sanitários internos para que cada criança sinta-se responsável pelo seu espaço e também as esquadrias com portas de acesso às salas possuem vitrines para a exposição de trabalhos realizados pelos alunos para assim, fortalecer a afinidade emocional da criança com o espaço à sua volta (HERTZBERGER, 1999). Os dois módulos de salas possuem vasos sanitários e lavatórios infantis. Na creche há também uma banheira, enquanto na escola há um chuveiro.
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circulação entre as salas mostrando a varanda e uma sala de aula.
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pĂĄtio interno da prĂŠ-escola.
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biblioteca e cobertura cobertura
áreas de estudo & acervo
administração & acervo
acesso biblioteca
área de estar & acervo
foyer do teatro
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A biblioteca é composta por três pavimentos. O acesso é feito pelo seu segundo, já que a porção da frente do primeiro dá lugar ao foyer do teatro. A chegada é no intermediário, que tem recepção, uma varanda, área de acervo e sanitários. Este pavimento dá acesso aos demais, com uma escada simples para subir ao terceiro e uma escada mais ampla, com arquibancada, para descer ao primeiro. Esta disposição permite a criação de um ambiente de pé direito triplo, com estar e áreas de leituras mais descontraídas. O primeiro pavimento tem esta área de estar central e uma área para o acervo. O terceiro também têm uma pequena área de acervo,
mas é voltado principalmente às áreas de estudos e pequenas salas de encontros e reuniões. Como a biblioteca está localizada nas cotas superiores do edifício, foi adotada uma tela metálica como proteção do sol, já que estão mais expostos à incidência de raios solares, sem sombras de edifícios vizinhos.
vazio central da biblioteca: espaço descontraído para leitura.
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teatro
passarela técnica platéia platéia
palco platéia acesso público
apoio camarins ensaios
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corte transversal do teatro 0
O teatro consiste em um volume suspenso que é apoiado lateralmente por duas caixas de circulação vertical de concreto. O vão de 26 metros é vencido por uma treliça metálica em formato “V”, que junto com as malhas de vigas formadas a partir dos banzos superior e inferior formam a estrutura principal. O piso intermediário que separa a área de apoio da área destinada ao público do teatro é sustentado por uma malha de vigas que apoia tanto na estrutura de concreto quanto nos montantes verticais e nas diagonais da treliça. O banzo superior tem altura estrutural maior pois é mais solicitado, carregando diretamente as estruturas secundárias das passarelas
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2
4
internas de plateias. O primeiro pavimento do teatro é de apoio e só possui acesso direto pela circulação de serviços. O segundo pavimento é o principal, é onde fica o espaço de apresentações e o acesso do público. Além destes dois pavimentos há mais três níveis de passarelas, sendo duas destinadas a plateias e a última a um piso de área técnica, que também só é acessado pela circulação de serviços.
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habitação
unidade 75m²
unidade 75m²
unidade 53m² unidade 53m² unidade 53m²
unidade 68m²
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unidade 68m²
unidade 53m²
unidade 75m² 0
As unidades habitacionais de 53m², 68m² e 75m² têm a mesma lógica de disposição espacial, concentrando as prumadas hidráulicas em uma parede, fixando as áreas molhadas em núcleos e permitindo que o restante da área da unidade possa ser organizada da maneira mais interessante possível ao morador. As áreas de serviço se abrem para a circulação horizontal na fachada de trás do edifício,. Esta circulação horizontal é aberta e olha para um vazio bastante amplo, que garante a iluminação e a ventilação cruzada dentro das unidades de habitação. A disposição das unidades no pavimento tipo também permite novas visuais com o
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2
4
rasgo que apresenta na fachada da Rua Aurora. Na fachada voltada à rua ficam as varandas de cada unidade, que funcionam como uma extensão da área interna e tem caixilhos de piso a teto, que permitem a maior abertura possível. Nas varandas também foram pensados painéis móveis para eventuais sombreamentos ou necessidade de privacidade. No total são 8 pavimentos de uso residencial, todos com a mesma planta, resultando em 8 unidades de 68m², 24 unidades de 53m² e 16 unidades de 75m².
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vista do conjunto
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proposta de uso da praรงa do miolo
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102
09 considerações finais
O tecido urbano do centro de São Paulo é resultado da acumulação, agregação e coexistência de diversas épocas, pautadas por leis diferentes e que, ainda assim, apresenta muitos vazios. O exercício realizado consistiu em modelar uma quadra parcialmente consolidada com a premissa de romper a limitação dos lotes e da divisão polarizada entre espaços públicos e privados. O resultado foi bastante enriquecedor e permitiu pensar questões de acessos, de escala e de como tornar uma área privada degradada em um lugar público que promove a ocupação e a vivência diária do centro e estimula encontros e a relação entre as pessoas. Os moradores dos prédios da quadra não se interessam pelo espaço à sua volta. Em uma das visitas à quadra, ouvi de um funcionário de um dos estacionamentos que os moradores jogavam muito lixo pela janela para dentro do estacionamento. Este tipo de relação é pouco saudável e retrata muito bem os problemas de um espaço impessoal como o que existe ali hoje. Portanto, uma das maiores preocupações deste trabalho foi pensar em maneiras para que o usuário possa intervir no local e possa sentir que pertence àquele lugar e portanto cuidar dele. “ao selecionar os meios arquitetônicos adequados, o domínio privado pode se tornar menos parecido com uma fortaleza e ficar mais acessível, ao passo que, por sua vez, o domínio público, desde que se torne mais sensível às responsabilidades individuais e à proteção pessoal daqueles que estão diretamente envolvidos, pode se tornar mais intensamente usado e portanto mais rico.” (HERTZBERGER, 1999, pag 86).
103
104
10 bibliografia
BOGÉA, Marta. Cidade Errante: arquitetura em movimento. São Paulo, SENAC, 2009. BUCCI, Ângelo. São Paulo, razões de arquitetura. Da dissolução dos edifícios e de como atravessar paredes. São Paulo, Romano Guerra Editora, 2010. CULLEN, Gordon. Paisagem Urbana. Lisboa, Edições 70, 1993. FIGUEROA, Mario. Habitação Coletiva e A Evolução da Quadra. Arquitextos, São Paulo, n069.11, Vitruvius, fev. 2006 <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.069/385 >. GUERRA, Abílio. Quadra aberta: uma tipologia urbana rara em São Paulo. Projetos, São Paulo, n.124.01, Vitruvius, abr. 2011 < http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/11.124/3819 > HERTZBERGER, Herman. Lições de Arquitetura. São Paulo, Editora Martins Fontes, 1999. PANERAI, Philippe; CASTEX, Jean; DEPAULE, Jean Charles; SAMUELS, Ivor. Urban Forms: the death and life of the urban block. Traduzido por Olga Vitale Samuels. Grã Bretanha, Architectural Press, 2004. PORTZAMPARC, Christian de. A terceira era da cidade. Óculum, São Paulo, n.9, FAU PUC-Campinas, 1997. TOLEDO, Benedito Lima de. SÃO PAULO três cidades em um século. 4° Edição. São Paulo, Cosacnaify e Duas Cidades, 2007.
105
referências de projetos Teatro Oficina, Lina Bo Bardi e Edson Elito, São Paulo, 1984. foto de Nelson Kon In: http://www.archdaily. com.br/ acessado em 17/11/2015.
Isabella Stewart Gardner Museum, Renzo Piano Building Workshop, Boston, EUA, 2012. foto de Nic Lehoux In: http://www.archdaily. com.br/ acessado em 17/11/2015.
Biblioteca Brasiliana, Rodrigo Mindlin Loeb + Eduardo de Almeida, São Paulo, 2013. foto de Ricardo Amado In: http://www.archdaily. com.br/ acessado em 17/11/2015.
Loja Forma, Paulo Mendes da Rocha, São Paulo, 1987. foto de Nelson Kon In: Paulo Mendes da Rocha Projetos 1957 - 1999 - Vol. 1, Cosac Naify, 2006.
Galeria Metrópole, Salvador Candia e Gian Carlo Gasperini, São Paulo, 1964. foto de Bruno Kim
Shibaura House Office Building, Kazuyo Sejima & Associates , Tóquio, Japão, 2011. foto de Iwan Baan In: http://www.iwan.com/ acessado em 17/11/2015.
106
referências de espaços Dubai Design District, Foster + Partners, Dubai, Emirados Árabes Unidos, 2015. imagem de divulgação. In: http://www.archdaily.com / acessado em 17/11/2015
Centro Aberto, Metro Arquitetos, Largo São Francisco, São Paulo, 2014. foto de Sylvia Masini In: http://www.metroo. com.br/ acessado em 17/11/2015
Summer Cinema, Wowhaus Architecture Bureau, Moscou, Rússia, 2013. foto de Ilya Ivanov In: http://www.archdaily.com / acessado em 17/11/2015
Muy Güemes, Agostina Gennaro e María José Péndola, Córdoba, Argentina, 2015. foto de Gonzalo Viramonte In: http://www.archdaily.com / acessado em 17/11/2015
MuseumsQuartier, Viena, Áustria. foto de Lisi Specht In: http://www.mqw.at/ acessado em 17/11/2015
Praça das Artes, Brasil Arquitetura, São Paulo, 2012. foto de Diego Silveira
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anexo: tabela de áreas
edifício equipamento área do terreno: 3040,16m² área ocupada: 2296,50m² área construída: 12122,24m²
COMÉRCIO & SERVIÇOS 4 unidades de 38m² 2 unidade de 42m² 6 unidades de 50m² 4 unidade de 55m² 12 unidades de 65m² 2 unidade de 70 m²
PRÉ-ESCOLA 2055,52m²
BIBLIOTECA 1979,93m²
CRECHE 1602,92m²
TEATRO 862,38m²
edifício habitação área do terreno: 749,40m² área ocupada: 529,24m² área construída: 4944,52m²
COMÉRCIO & SERVIÇOS 11 unidades de 53m² 1 unidade de 75m²
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HABITAÇÃO 8 unidades de 68m² 24 unidades de 53m² 16 unidades de 75m²