Afro - Ásia

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Agosto 2017 / Volume 1

AFROÁSIA DESCOLONIZAÇÃO NA ÁFRICA E NA ÁSIA


Índice Editorial - 03 Descolonização da África - 04 Argélia - 06 Serra Leoa - 07 Angola- 08 Ruanda - 10 Moçambique - 12 África do Sul - 13 Nelson Mandela - 14 Descolonização na Ásia - 16 Indonésia e Indochina - 18 China e índia - 19 Mahatma Gandhi - 20


Editorial Agosto 2017

Esse folheto faz parte de um compilado de trabalhos, com objetivo de ser apresentado em um portfólio escolar. Assim, o tema principal contido neste está relacionado com o período de descolonização da África e da Ásia. Desde a segunda metade do século XIX, a maior parte do continente africano e asiático estava sendo explorada pelas potências imperialistas europeias. Os países europeus se julgavam superiores aos africanos e asiáticos, do ponto de vista racial e cultural. Isso justificava sua presença nesses continentes, como uma missão "civilizadora". Porém, é evidente essas potências estavam mais preocupadas em obter matériasprimas e mão de obra baratas e novos mercados consumidores. Contudo, a partir da década de 40, muitos povos africanos e asiáticos iniciaram movimentos em prol de sua autonomia. O principal objetivo desse trabalho é justamente abordar o foco desses movimentos e lutas pela liberdade.

Desejo a todos uma boa leitura! Gabrielli Martins


DESCOLONIZAÇÃO DA ÁFRICA O continente africano foi colônia de potências europeias até a segunda metade do século XX. Sua independência se deu pela ocorrência da Segunda Guerra Mundial, que aconteceu na Europa entre 1939 e 1945. Um acontecimento que envolveu muitos países, dentre eles nações europeias que detinham territórios de exploração no continente africano. Após o conflito, a Europa ficou bastante debilitada no âmbito político e econômico. O enfraquecimento das nações fez ressurgir movimentos de luta pela independência em todas as colônias africanas.

No decorrer da década de 1960, os protestos se multiplicaram e muitos países europeus concederam pacificamente independência às colônias. Porém, a independência de alguns territórios se efetivou depois de prolongados confrontos entre nativos e colonizadores. As antigas colônias se transformaram em países autônomos, no entanto, a partilha do território foi realizada pelas nações europeias, que não consideraram as divergências étnicas existentes antes da colonização. Desse modo, os territórios estipulados pelos colonizadores separaram povos de mesma característica histórico-cultural e agruparam etnias rivais. Tal iniciativa produziu instabilidade política, que resultou em diversos conflitos entre grupo étnicos rivais.

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ARGÉLIA Na Argélia a luta pela emancipação política se arrastou de 1954 a 1962. A Frente de Libertação Nacional (FLN), criada em 1954 com a fusão de diversos grupos políticos menores de tendência socialista, foi o partido que comandou as lutas que trouxeram emancipação política à Argélia. O conflito pela emancipação iniciou-se no dia 1º. de novembro de 1954 com a participação de apenas seis líderes argelinos. Durante a guerra pela emancipação política, além da luta contra a França, surgiram conflitos internos entre a FLN e o Movimento Nacional Argelino. Após o desgaste político do presidente Charles de Gaulle por forçar sua permanência em território argelino, a França reconheceu a autonomia argelina pelo Tratado de Evian, assinado em 1962. A independência não trouxe solução para todos os problemas. As questões econômicas e as disputas pelo poder geraram a eclosão da Guerra Civil da Argélia em 1991. O conflito terminou oficialmente em 2002 com a vitória do governo e um número estimado de 200 mil mortos.

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SERRA LEOA Na década de 30 a região de Serra Leoa passou a ser fortemente controlada pelos ingleses, que formaram uma elite colonial, os krios, para garantir a posse e a comercialização das pedras no mercado internacional. O processo de emancipação política de Serra Leoa iniciou em 1961. Entretanto, os ingleses, temendo perder o rico comércio de diamantes, continuaram a manter sua hegemonia sobre o país por meio de seus “representantes nativos”. A independência só ocorreu efetivamente em 1971, quando Siaka Stevens, integrante do partido político Congresso de Todos os Povos, proclamou a independência do país.Durante a década de 1990, o país mergulhou em uma violenta guerra civil entre tropas do governo e a Frente Revolu-cionária Unida (FRU). Lutar pelo poder significava ganhar o controle sobre as minas de diamantes. Foday Sankoh, o principal líder da FRU, espalhou o terrorismo por todo o país, mutilando milhares de pessoas, escravizando outros milhares na extra-ção de diamantes, raptando e treinando meninos para a guerrilha e matando povoados inteiros. O acordo de paz entre o governo e a FRU foi negociado pela ONU em 2001.

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Angola viveu uma violenta guerra civil para obter sua emancipação política. No território angolano, surgiram três grupos cujo objetivo era lutar pela libertação política de Portugal – o Movimento Popular para Libertação de Angola (MPLA), a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e a União Nacional para Independência To-tal de Angola (Unita). Cada um desses grupos era apoiado pelos Estados Unidos, pela União Soviética e pela China, respectivamente. Durante a década de 1960, Portugal colocou em prática medidas que visavam evitar a independência de sua colônia. Concederam cidadania a todos os angolanos, garantia de acesso à educação, possibilidade de a população negra exercer cargos públicos.

ANGO LA Todas essas medidas, entretanto, não impediram que os grupos de oposição iniciassem uma guerra civil. Em 1974, m o fim da ditadura salazarista em Portugal, o novo governo anunciou a intenção de conceder independência a todas as colônias portuguesas. A decisão portuguesa de aprovar a independência de Angola, firmada em 11 de novembro de 1975, não trouxe paz para o país, pois os três grupos passaram a lutar pelo poder.


OBRA LITERÁRIA MAYOMBE Autor Pepetela

Publicado originalmente em 1980, Mayombe foi escrito durante a participação do escritor angolano Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos (Pepetela) na guerra de libertação de Angola na década de 70. Essa recompõe o cotidiano dos guerrilheiros do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) em luta contra as tropas portuguesas. Além disso, aborda as ações, os sentimentos e as reflexões do grupo, e as contradições e os conflitos que permeavam as relações daqueles que buscavam construir uma nova Angola, uma Angola livre da colonização. É importante ressaltar que os guerrilheiros confrontam-se não só com as tropas colonizadoras portuguesas, mas também com as diferenças culturais e sociais que procuram superar em direção a uma Angola unificada e livre. Dessa forma, dentro da floresta do Mayombe, os guerrilheiros angolanos planejam uma série de ataques aos colonos portugueses ainda instalados no país africano. Ainda, é possível perceber que há a tentativa de criar um ideal nacionalista que une os povos distintos e a MPLA em oposição ao colonialismo. Ao ser retratado a luta de tribos em busca da libertação de seu país, pode-se estabelecer uma comparação entre Mayombe e o romance indianista Iracema, de José de Alencar. Ambos enredos apresentam conflitos entre tribos e a tentativa de se isolar do colonialismo português.


RUAN DA Em 1890, Ruanda passou a ser colonizada pela Alemanha e, por não possuir saída para o mar, não foi uma região tão cobiçada quanto as regiões litorâneas do continente africano. Após 1919, a região ficou sob o controle da Bélgica, que estabeleceu um governo muito mais rígido e explorou as rivalidades já existentes entre os tutsis e os hutus, as duas principais etnias da colônia. Os belgas criaram uma aliança com os tutsis, grupo que detinha exclusividade sobre a posse das terras e dos rebanhos de gado bovino, além de ter acesso aos postos administrativos. Quando ocorreu a independência do país, em 1962, os hutus já haviam organizado um partido político de grande expressão política.Após a emancipação política e a instalação da república, as disputas políticas entre tutsis e hutus permaneceram presentes. Em 1994, entre 6 de abril e 4 de julho, ocorreu o Grande Genocídio de Ruanda. Durante esse período, os hutus mataram cerca de 800 mil tutsis e hutus moderados. O massacre foi financiado com o dinheiro desviado de campanhas humanitárias que atuavam no país. Uma corte internacional de justiça foi instaurada para o julgamento dos líderes do genocídio.Na última década, entretanto, Ruanda se tornou um exemplo de superação dos índices de pobreza no continente africano.


HOTEL RUANDA Género: Drama/Histórico Tempo de Duração: 121 minutos Ano de Lançamento: 2004 Direcção: Terry George Produção: Terry George e A. Kitman Ho Fotografia: Vincent G. Cox e Robert Fraisse Edição: Naomi Geraghty

Em 1994 um conflito político inicia-se em Ruanda, a causa é o conflito étnico entre os tutsis e os hutus. Tutsis são considerados os representantes belgas após o fim da colonização, os quais ficaram no poder, e foram os próprios belgas que separam o povo nas duas etnias. Já os hutus são a maioria em Ruanda esses se consideravam injustiçados com o poder tutsi, e começam a tentar lutar pelo poder. Considerando os tutsis como inimigos e que deveriam ser todos eliminados. Esse conflito causou a morte de centenas de ruandenses, dessa forma a população local teve que buscar saídas em seu próprio cotidiano para sobreviver. Uma delas foi oferecida por Paul Rusesabagina (Don Cheadle), que era gerente do hotel Milles Collines, localizado na capital do país. Enfrentando autoridades e contando apenas com sua coragem, Paul abrigou no hotel mais de 1200 pessoas durante o conflito, salvando-as da morte.


MOÇAMBIQUE Moçambique, também colônia portuguesa, conseguiu sua independência em 1974, após dez anos de guerra civil. A luta pela independência de Moçambique, também chamada de Luta Armada de Libertação Nacional, foi travada entre a Frente de Libertação Moçambicana (Frelimo) e as Forças Armadas de Portugal. A Frelimo, criada em 1962, surgiu da união de três grupos já existentes: União Democrática Nacional de Moçam-bique (Udenamo); União Nacional de Moçambique Independente (Unami); e Mozambique African Nation Union (Manu).Assim como em Angola, Portugal mantinha a população negra afastada dos cargos políticos e do acesso à educação. Com o nacionalismo crescente no continente africano após a Segunda Guerra Mundial, grande parte da população moçambicana passou a aderir às propostas nacionalistas de independência. A elite moçambicana, que, aliada aos portugueses, tinha acesso ao poder, não desejava a separação política de Portugal, o que gerou novas disputas internas após a independência.

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ÁFRICA DO SUL As terras onde na atualidade se localiza a República da África do Sul foram ocupadas por holandeses e ingleses. Em 1961 foi proclamada a República, e o país pôde ser considerado independente do domínio imperialista. Entretanto, os períodos de colonização deixaram fortes marcas que ainda permanecem.O regime do apartheid pode ser considerado uma das mais pesadas heranças do Imperialismo europeu. A sociedade sul-africana baseada em três categorias raciais (brancos, mestiços e negros) foi mantida mesmo após a independência. O início do regime de segregação racial ocorreu em 1948. Ao se transformar em regime de Estado, a negação de direitos sociais, políticos e econômicos aos negros se tornou oficial na África do Sul. O intuito era realizar uma segregação total entre brancos e negros, seja em relação à ocupação dos espaços geográficos urbanos, seja no acesso às terras cultiváveis ou às áreas de riquezas naturais. Nelson Mandela, líder do Congresso Nacional Africano, foi a grande voz a clamar pelo fim do apartheid.

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NELSON MANDELA A luta inicial de Mandela e seus companheiros contra o apartheid baseou-se na atuação pacífica através da desobediência civil. Filiado ao Congresso Nacional Africano (CNA), Mandela se formou em Direito e rapidamente começou a se destacar como um dos mais importantes quadros do CNA. Embora preferisse a negociação política, Mandela não se furtou a ações mais radicais e firmes quando o regime fechou todas as outras possibilidades, assumindo riscos e responsabilidades que mais tarde o levariam à prisão.

No início dos anos 1960, quando o regime racista ampliou a repressão contra os negros e vetou qualquer tipo de negociação política, Mandela pregou a luta armada como uma forma legítima de combater as injustiças sociais – e raciais – no seu país. Assim, por conta do seu engajamento político foi preso e condenado a prisão perpétua. Durante 27 anos permaneceu detido . Mas mesmo todo o sofrimento da prisão não enfraqueceu a sua convicção inquebrantável de que uma África do Sul diferente era possível, uma nação totalmente sem discriminação.

Mandela estava vivo quando o regime do apartheid desmoronava perante uma oposição vigorosa e violenta que tomava as ruas das principais cidades sulafricanas no final da década de 1980. Dessa formas, é possível afirmar que o seu carisma e sua autoridade moral que possibilitaram uma saída política para a crise sulafricana. Sem ele, talvez não fosse possível a realização de uma transição política relativamente pacífica num país profundamente marcado pela desigualdade e pelo ódio racial.


"NINGUÉM NASCE ODIANDO OUTRA PESSOA PELA COR DE SUA PELE, POR SUA ORIGEM OU AINDA POR SUA RELIGIÃO.PARA ODIAR, AS PESSOAS PRECISAM APRENDER, E SE PODEM APRENDER A ODIAR, PODEM SER ENSINADAS A AMAR. " - NELSON MANDELA


DESCOLONIZAÇÃO NA ÁSIA A Ásia também viveu a interferência das potências europeias no decorrer dos séculos XIX e XX. Algumas regiões, como a Índia, passaram a sofrer a exploração europeia desde o século XVI com a descoberta do périplo africano. A exploração da Ásia, entretanto, não foi facilitada pela proximidade, como ocorreu entre Europa e África. Além da distância, a Ásia tinha impérios estabelecidos, com exércitos organizados, características que, de certa forma, dificultaram as ações imperialistas. O processo de descolonização asiático contou com o apoio norte-americano e soviético. Desse modo, ambos desejavam expandir suas áreas de influência do capitalismo e do socialismo, respectivamente, isso nos países que iriam emergir com a independência.



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indonésia No século XVI, os portugueses chegaram ao arquipélago que forma a Indonésia em busca de especiarias. Um século depois, os holandeses ocuparam as regiões litorâneas e nelas estabeleceram um escritório da Companhia das Índias Orientais com o objetivo de manter o comércio de produtos orientais. Entretanto, as tentativas holandesas de ocupação do território fracassaram e resultaram em combate às frequentes revoltas dos povos da região.Com a invasão nazista ao território holandês durante a Segunda Guerra Mundial, a manutenção da colônia pelos holandeses ficou impossível. A Indonésia foi então ocupada pelos japoneses. Com o fim do conflito, iniciou-se a Revolução Nacional da Indonésia, movimento pela emancipação política liderado por Sukarno. Após quatro anos de lutas, em 1949, foi reconhecida a independência da Indonésia. Sukarno foi o primeiro presidente do país

indochina A Indochina foi uma colônia francesa formada pelos atuais países Laos, Camboja e Vietnã.Laos conquistou sua emancipação política em 1949, Camboja, em 1953, e o Vietnã, para conquistar sua emancipação, viveu o conflito mais longo do século XX, de 1945 a 1976, quando Vietnã do Norte e do Sul unificaram seus territórios e adotaram o sistema socialista.


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índia No início do século XX, surgiram vários movimentos que lutavam pela emancipação política indiana e pela expulsão dos ingleses. Entretanto, após a Segunda Guerra Mundial, esses movimentos passaram a ter mais força sob o comando de Mohandas Gandhi. Segundo Gandhi, a população deveria resistir aos governos ilegítimos sem violência e manter-se fiel à sua consciência, recusando-se a pagar os impostos e não consumindo produtos de origem inglesa. Em 1920, o líder pacifista conseguiu da Inglaterra a anulação dos tributos e de outras medidas governamentais, resultando disso uma reforma administrativa. Em 1935, a Índia elaborou sua Constituição, porém os indianos desejavam a separação total da Inglaterra. Os Estados Unidos lideraram um boicote internacional aos produtos ingleses até que a independência fosse concedida à Índia. Essa emancipação política ocorreu em 15 de agosto de 1947.

china O Império do Centro – designação dada à China em decorrência de sua localização geográfica entre o Império Indiano e o Império do Sol Nascente – foi explorado por diversas potências imperialistas durante os séculos XVI a XX. Como fruto da exploração imperialista, os chineses vivenciaram a Guerra do Ópio e a atuação dos Boxers, jovens nacionalistas que desejavam a expulsão de todos os estrangeiros do território chinês. A China conseguiu o fim da exploração estrangeira com a Revolução Comunista iniciada em 1949 e liderada por Mao Tsé-tung.


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GANDHI Maohandas Karamchand Gandhi ou, como ficou conhecido, Mahatma Gandhi, foi o líder pacifista da emancipação política da Índia. Formado em direito, foi um político e líder no movimento de independência da Índia, que era governada pelos ingleses. Foi assassinado por um muçulmano que não desejava a união de todos os povos, etnias e religiões em prol de uma Índia forte e com justiça social.


"A LEI DE OURO DO COMPORTAMENTO É A TOLERÂNCIA MÚTUA, JÁ QUE NUNCA PENSAREMOS TODOS DA MESMA MANEIRA, JÁ QUE NUNCA VEREMOS SENÃO UMA PARTE DA VERDADE E SOB ÂNGULOS DIVERSOS."

- MAHATMA GANDHI



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