REVISTA NO. 1 // VOLUME - EDIÇÃO ESPECIAL // AGOSTO 2017
QUESTÃO ÁRABE ISRAELENSE NA PALESTINA
Entenda os principais motivos que deram início a questão árabeisraelense na Palestina
Índice Editorial — 03 Origens — 04 Israel — 06 Guerra do Canal de Suez— 08 Guerra dos Seis Dias — 10 Guerra do Yom Kippur — 12 Faixa de Gaza — 14
Editorial Agosto 2017
Este folheto é um volume com edição especial para ser apresentado como um dos trabalhos do meu portfólio escolar, sugerido pelo professor Gabriel Maciel. O trabalho tem como objetivo apresentar a conjuntura em que se deu a criação do Estado de Israel em 1948, destacar alguns dos projeto da ONU para a Palestina e também se aprofundar nos conflitos decorrentes da criação de Israel, que envolveram diversos povos e países. Israelenses e palestinos se envolveram num conflito persistente - cada vez mais associado ao fanatismo religioso e nacionalista -, que parece resistir a cada tentativa de pacificação. Com isso, conflitos como Guerra dos Seis Dias (1967), Guerra do Canal de Suez (1956), Guerra do Yom Kippur (1973) e os ataques a Faixa de Gaza serão aprofundados nesse trabalho. Dessa forma, o intuito do mesmo é de apresentar dados e informações para ampliar o conhecimento sobre as longas disputas religiosas e históricas que marcam a delicada relação entre Israel e Palestina. Desejo a todos uma boa leitura! Gabrielli Martins
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ORIGENS A história do povo judeu, esteve sempre marcada pelo desejo de retorno à Palestina, terra de origem desse povo que, em ocasiões diferentes – forçados primeiramente pelos babilônios e depois pelos romanos –, foi obrigado a se dispersar pelo mundo. Nas últimas décadas do século XIX, iniciou-se um movimento que visava ao retorno das famílias judias para a Palestina histórica e à formação de um Estado unificado e independente. Esse movimento ficou mais conhecido como Sionismo, podendo também ser reconhecido como Nacionalismo Judaico. Em 1882, a emigração de famílias judias para a Palestina iniciou-se com o objetivo de retornarem às origens. Em 1897, também visando ao retorno do povo judeu à Palestina, ocorreu o Primeiro Congresso Sionista, na cidade de Basileia, Suíça. Como uma das decisões do congresso, um grupo de rabinos foi enviado à Palestina incumbido de verificar se era possível o retorno de famílias judias para a formação de um lar nacional. No fim do século XIX, a Palestina estava sob o controle do Império Otomano e era ocupada em sua maior parte por árabes. Mesmo com a presença dos árabes, a migração de famílias judias em direção à Palestina cresceu à medida que aumentaram os movimentos antissemitas na Europa.
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As migrações para a criação de um lar nacional para os judeus na Palestina, inicialmente, atraíram um pequeno número de famílias que desejavam fugir da discriminação imposta a elas na Europa. Apesar da diferença numérica entre árabes e judeus, as famílias judias emigradas acreditavam que os investimentos econômicos na região atenuariam as diferenças culturais e históricas entre os dois grupos. Com o fim da Grande Guerra, França e Inglaterra dividiram as terras antes pertencentes ao Império Turco-Otomano, derrotado no conflito. Coube à Inglaterra a administração da Palestina, sob a justificativa de preparar os povos do Oriente Médio para uma posterior emancipação política. Como é possível observar, a influência das potências europeias sobre a região contribuiu para o acirramento das disputas entre os povos do Oriente Médio. Vale ressaltar que a chegada de Hitler ao poder na Alemanha em 1933 e a implantação de medidas antissemitas radicais aumentou o fluxo de judeus em direção à Palestina.
ESTADO DE
ISRAEL Com o aumento da imigração, os conflitos entre os imigrados e os povos árabes, que já habitavam a região, passaram a ser frequentes. Inicialmente, os britânicos, que mantinham o controle militar da região, procuraram resolver as disputas territoriais. Entretanto, não encontrando uma solução efetiva para o problema, os ingleses solicitaram a mediação da recém-criada ONU. Em 14 de maio de 1948, a Assembleia Geral da ONU, votou a aprovação do Plano 181, o qual determinava a criação de um Estado Judeu - o Estado de Israel e de um Estado Palestino. A divisão geográfica da Palestina, de acordo com o plano da ONU, ficou assim estabelecida: Estado Árabe com 42,9% do território; Israel com 56,5%. Jerusalém foi declarada cidade internacional. O Ocidente comemorava a criação de um Estado para o povo que fora vítima da Solução Final perpetrada por Adolf Hitler. Vale ressaltar que para muitos europeus, a criação de um Estado - para aqueles que foram vítimas do nazismo de Hitler -, era a redenção de graves crimes.
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Entretanto, a proposta da ONU não foi aceita pelos povos árabes. Líderes dos dois grupos tentaram aproximações para que a implantação das medidas na Palestina ocorresse de forma pacífica. Contudo, mesmo com tais esforços, os conflitos logo se iniciaram na região. O primeiro desses conflitos ocorreu nos anos de 1948 e 1949. Vários países vizinhos, entre eles, Egito, Síria, Jordânia (na época Transjordânia), Líbano e Iraque, além do Exército de Libertação Árabe formado na Palestina, não reconheceram o Estado de Israel e iniciaram o ataque.
Os ataques a diversas regiões e realizados principalmente pela frente egípcia trouxeram grandes dificuldades para as forças de defesa de Israel. Assim em 11 de junho de 1948, foi assinado um cessar-fogo media-do pela ONU. O conflito terminou oficialmente em 20 de julho de 1949, quando os últimos acordos de paz foram assinados entre Israel e Síria. A divisão das terras foi estabelecida: Cisjordânia (margem ocidental do Rio Jordão) ficou para a Transjordânia; o Egito estabeleceu sua soberania sobre a Faixa de Gaza e a cidade de Jerusalém foi dividida entre Israel e Transjordânia.
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G U E R R A C A N A L S U E Z
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A crise política começou em 1956, quando Israel declarou guerra ao Egito. O motivo era a nacionalização do Canal de Suez, importante via de acesso ao Mediterrâneo, agora sob controle árabe (o que impediria a passagem de navios israelenses). A guerra durou pouco, mas teve consequências diplomáticas seríssimas. De um lado, França e Reino Unido se uniram a Israel. De outro, a União Soviética prestava apoio e fornecia armas aos países árabes.
P A R A
E N T E N D E R
M E L H O R
Com a criação do Estado de Israel, Nasser (governante do Egito) e diversos outros líderes árabes se mobilizaram para destruir o novo país e expulsar os judeus da Palestina. Todos os esforços nessa direção foram intensificados. A Jordânia organizou um boicote econômico a Israel com a pretensão de que a falta de gêneros básicos e demais produtos necessários à subsistência da população israelense fizesse muitas famílias abandonarem a região. Nasser, entre outras medidas, anunciou a estatização do Canal de Suez. Esse fato desagradou especialmente aos governos da França e da Inglaterra, mas também despertou a atenção das potências mundiais que estavam vivendo o período de Guerra Fria. Nasser proibiu ainda que embarcações israelenses utilizassem o canal. Inicialmente, França, Inglaterra e Israel combinaram ações conjuntas para retomar o controle do canal. Assim, em 29 de outubro de 1956, iniciou-se mais um conflito, em que Israel conquistou as terras da Península do Sinai e a Faixa de Gaza. Entretanto, os demais países árabes ameaçaram se aliar ao Egito; caso isso ocorresse, o conflito poderia assumir proporções ainda maiores. Assim, Estados Unidos e União Soviética intervieram e solicitaram a participação da ONU com o objetivo de declarar um cessar fogo. Os israelenses anunciaram a retirada de suas tropas da Península do Sinai e da Faixa de Gaza em 9 de novembro do mesmo ano de 1956.
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C A N A L
D E
S U E Z
O Canal de Suez foi construído entre 1859 e 1869 e caracterizou-se por ser o mais longo do mundo. Com seus 163 Km de extensão, o Canal de Suez liga o porto egípcio de Port-Said, localizado no Mar Mediterrâneo, ao porto de Suez, no Mar Vermelho. O Canal de Suez tornou-se então um importante caminho comercial que permite ligar a Europa à Ásia sem precisar fazer o contorno pelo continente africano. O domínio dessa região é um grande favorecimento econômico para os empenhados no comércio marítimo.
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G U E R R A
D O S
S E I S
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Depois da Guerra do Canal de Suez, as tensões no Oriente Médio só aumentaram. Em 1964, durante uma conferência na cidade do Cairo, a Liga Árabe anunciou pela primeira vez o seu objetivo de destruir Israel. Pouco depois, foi criado o Movimento para Libertação da Palestina. Mesmo vencido em sua pretensão de nacionalizar o Canal de Suez, em maio de 1967, o presidente egípcio Nasser deslocou tropas para os territórios fronteiriços a Israel e exigiu a retirada dos representantes da ONU (os quais estavam na região desde 1956 visando evitar novos conflitos). Diante da ameaça de Nasser, Israel mobilizou suas forças armadas e atacou os territórios do Egito, da Síria e da Jordânia.
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A parte antiga da cidade de Jerusalém, que estava em poder da Jordânia, foi tomada pelos israelenses sob o comando do ministro da defesa Moshe Dayan. Além de unificar a cidade de Jerusalém sob o controle israelense, Moshe Dayan ainda comandou a ocupação do Estreito de Tiran e das terras próximas ao Canal de Suez. Em apenas seis dias, daí a denominação do conflito, Israel venceu e conquistou um vasto território: a Faixa de Gaza, a Cisjordânia, as Colinas de Golan e o setor Oriental de Jerusalém. Inicialmente, o plano dos israelenses era apenas liberar o Estreito de Tiran e destruir o poder de fogo egípcio. Entretanto, em decorrência das campanhas internas para proteger os colonos localizados ao norte, próximos às Colinas de Golan e, portanto, correndo risco de ataques sírios, o conflito se estendeu para esse país.
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GUERRA DO YOM KIPPUR (1973)
Israel conquistou vários territórios com a Guerra dos Seis Dias. Entretanto, os conflitos diplomáticos na região apenas aumentaram. Os países árabes vizinhos passaram a realizar alianças visando forçar Israel a devolver os territórios ocupados durante a guerra de 1967. O Egito, sem condições de arcar com um novo conflito aberto contra Israel, passou a promover ataques de artilharia e bombardeios constantes às possessões israelenses próximas ao Canal de Suez. O intuito era manter os israelenses sob constante tensão.
RUPPIK MOY OD ARREUG
O panorama da Guerra Fria complicou ainda mais as questões no Oriente Médio. A União Soviética passou a apoiar os países árabes, e os Estados Unidos, para equilibrar as disputas, posicionaram-se ao lado de Israel. Egito e Síria atacaram Israel no dia 6 de outubro de 1973, dia do Yom Kippur (Dia do Perdão), o feriado religioso mais importante do calendário judaico. Pegando os israelenses de surpresa, a Síria recuperou parte do território das Colinas de Golan, e os egípcios recuperaram a Península do Sinai. A intervenção dos Estados Unidos e da União Soviética impediu que o conflito continuasse e envolvesse mais países do Oriente Médio. A primeira crise mundial do petróleo havia ampliado a importância do Oriente Médio no cenário internacional. A região, portanto, passou a ser alvo dos interesses estadunidenses e soviéticos. Em 1978, o presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, reunido com os representantes de Israel e do Egito, intermediou as negociações que definiram a assinatura do Acordo de Camp David, por meio do qual os dois países se comprometiam com o fim das hostilidades. PÁGINA 13
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F A I X A
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A região conhecida como Faixa de Gaza corresponde a um fragmento do território destinado à população árabe residente na Palestina, de acordo com a divisão proposta pela ONU na intitulada Partilha da Palestina no ano de 1947. Localizada em um estreito pedaço de terra na costa oeste de Israel, na fronteira com o Egito.
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A Faixa de Gaza acabou sendo um palco para a demonstração de força do Estado de Israel frente às forças palestinas que buscavam a independência, o que também levou à formação de grupos extremistas que utilizaram o fundamentalismo religioso como forma de obter apoio das massas, como por exemplo, o Hamas - considerado a maior organização islâmica nos territórios palestinos -, que desde a sua fundação em 1987 tem utilizado Gaza como um de seus principais centros de organização, aproveitando para perpetuar seus ideais. No ano de 1993 ocorreram os Acordos de Oslo, quando o presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, intermediou um diálogo entre o líder palestino Yasser Arafat e o primeiro ministro de Israel, Yitzhak Rabin. Entre as determinações principais, Israel se prontificou a encerrar a ocupação civil e militar sobre a Faixa de Gaza e na Cisjordânia, reconhecendo a autonomia palestina. Os palestinos, por sua vez, se organizariam em torno de uma forma de governo democrática conhecida como ANP – Autoridade Nacional Palestina, abandonando a luta armada e adotando a diplomacia como mecanismo principal para garantir seus interesses.
AZAG ED AXIAF
É válido lembrar que a população da Faixa de Gaza ainda sofre inúmeros ataques do exército israelense, sendo que normalmente mais de 80% dos afetados são civis. O argumento daqueles que defendem os ataques de Israel está baseado na tese do "direito à defesa", uma contradição em termos tendo em vista o cerco terrestre, aéreo e naval mantido por Israel à Faixa de Gaza nos últimos anos. Há inúmeras tentativas de explicar, do lado israelense, a quantidade de vítimas civis. Dentre elas é possível citar algumas, particularmente perturbantes: como o caso dos que defendem que os palestinos merecem morrer porque o Hamas foi eleito em 2006. No jornal The Washington Post, o colunista Charles Krauthammer direcionou suas críticas não ao Hamas, mas a todos os "palestinos de Gaza": "Eles elegeram o Hamas. Então, em vez de construir um Estado com suas instituições políticas e econômicas de atendimento, passaram a maior parte de uma década transformando Gaza em uma base militar em massa, repleto de armas terroristas, para fazer a guerra incessante em Israel". PÁGINA 16
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" Q U A N D O
P R O C E S S O
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C O N S T R U I R
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O R G A N I Z A Ç Ã O
P R O C L A M A
S E U
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V O C Ê
V Í T I M A
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É
C I V I L . "
Comentário de David-Seth Kirshner, presidente do Conselho de Rabinos de
Nova York, que procurou justificar os ataques das Forças Armadas de
Israel contra civis palestinos na Faixa de Gaza - em 2014.