femi EDIÇÃO LANÇAMENTO
Revista mensal das questões feministas
A VIOLÊNCIA O número de mulheres que sofrem qualquer tipo de agressão têm aumentado com o passar do tempo, com isso a luta para o fim disso não para!
MARCHA DAS VADIAS Um protesto que vai além do pedido pelo fim da culpabilização das mulheres pelo estupro.
PRIMAVERA FEMINISTA Uma nova onda do feminismo, chamada por muitos estudiosos de primavera feminista
NOV 2016
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Editorial
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As fases
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Grandes personalidades
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Primavera feminista
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Uma nova geração
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A violência
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Formas de assédio
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Marcha das vadias
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Chega de Fiu-Fiu
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Para conhecer
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Plano de aula
EDITORIAL
Esta é a edição de lançamento da Revista FEMI, criada com o intuito de ser apresentada como um dos projetos de um portfólio escolar. A revista tem como temática as questões de lutas feministas. Dessa forma, os textos presentes nessa primeira edição retratam e discutem sobre os diferentes aspectos da temática proposta. Entre eles, pode-se destacar a presença de: análises,descrições, reflexões e relatos de experiências. Assim o leitor irá se deparar com: um pouco da história do movimento feminista, seus ideais, as principais personalidades dessa luta e as conquistas da mesma. Além disso, há resenhas de filmes, como é o caso de "As Sufragistas"; e também manifestações artísticas relacionadas a esse grande campo de estudo feminista e de gênero. Espero que todos os textos, os quais estão contidos nessa revista, possam contribuir para a reflexão a respeito da luta feminista e a importância da igualdade de gêneros. Pois este é objetivo maior da elaboração desta revista, qud durou cerca de um mês de planejamento e finalização. Por fim, este número da FEMI finaliza com uma proposta de plano de aula, incluindo um pouco à respeito da atual fase que o movimento está vivendo, chamada por muitos historiadores de "Primavera Feminista" .
Desejo a todos uma boa leitura! Gabrielli Martins, editora-chefe da Revista FEMI
NOVEMBRO 2016
AS FASES
OS PRIMEIROS INDÍCIOS DA DESIGUALDADE por Gabrielli Martins
Em 1789, a Revolução Francesa, que derrubou as estruturas do Antigo Regime, promulgou os Direitos do Homem e converteu o súdito em um cidadão, "esqueceu-se" de conceder direitos políticos à metade de sua população. Desde o princípio, as mulheres foram excluídas da cidadania e seguiram sob a dependência de pais e maridos:. Neste contexto, Olympe de Gouges publicou na França os "Direitos da Mulher e da Cidadã" e Mary Wollstonecraft, na Inglaterra, a "Uma Defesa dos Direitos da Mulher". Esse era o começo de uma longa construção em busca pela igualdade.
Enquanto isto, a Revolução Industrial assistia ao nascimento da economia capitalista . Já na primeira sociedade industrial, em que a miséria operária aumentava , muitas mulheres humildes eram obrigadas a sair de suas casas para ir ao trabalho nas fábricas. Não foi um caminho fácil. O salário feminino era menor e os homens olhavam-nas com receio, antes de mais nada, como uma ameaça para sua estabilidade no trabalho. Em meados do século XIX, Flora Tristan pregava o socialismo e a igualdade nas fábricas e, pouco depois, Emma Paterson criava uma une de sindicatos de mulheres. Estava nascendo o movimento feminista.
Take a peek into a day in the life of budding artist Stella Young, and how she improves her craft
"O homem mais oprimido pode oprimir um ser, que é a sua mulher. Ela é a proletária do próprio proletário”. (Flora Tristan)
REVISTA FEMI
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AS FASES
“Todas as civilizações históricas são patriarcais. Sua ideologia é a supremacia masculina.”
(Kate Millet)
REVISTA FEMI
A primeira onda deste movimento teve sua carta fundacional na declaração estadunidense de Seneca Falls (1848) e centrou-se na consecução dos direitos políticos e o voto feminino. Essa foi uma luta revolucionária, na qual mulheres reclamavam a participação ativa na sociedade de seu tempo. Entre comícios, jornais, manifestações e prisões, a batalha das sufragistas teve seu primeiro sucesso em 1869: no Estado de Wyoming, e pela primeira vez no mundo (salvo alguns precedentes menores), a mulher branca pôde exercer seu direito de voto. Desde então, esse progresso foi lento e aos poucos tornou-se constante, e o voto feminino foi-se estendendo, lentamente, pela Europa e América
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revolucionária: a incorporação em massa da mulher a todos os âmbitos do mundo trabalhista. Foi a necessidade que fez o mundo ver que as mulheres podiam desempenhar, tão bem como os homens, qualquer tipo de trabalho. Surgiram as creches e a moda experimentou a maior mudança de sua história: as saias mais curtas e o corte de cabelo curto, que, se converteriam mais tarde em em moda na mão de Coco Chanel. O fim do conflito trouxe algumas campanhas orientadas a que as mulheres regressassem a suas tarefas domésticas; mas algo tinha mudado. O mundo anterior a 1914 tinha desaparecido e, com ele, toda uma forma de entender as relações trabalhistas. A presença da mulher em todos os âmbitos do trabalho seguiria seu caminho, lento mas seguro, durante a primeira metade do século XX.
A SEGUNDA ONDA A segunda grande onda do feminismo contemporâneo iniciou-se com a publicação do Segundo Sexo, deSimone de Beauvoir, em 1949. Ainda que, em meados do século, os direitos políticos eram já uma realidade na maioria de países ocidentais, a igualdade efetiva estava ainda bem longe de ser estabelecida. No contexto da revolução social dos anos 60, a mulher tomou consciência de que seguia subordinada, de que seus direitos sociais não eram reconhecidos, de que seguia sendo, definitivamente, o segundo sexo. Começava assim um vasto movimento internacional pela libertação da mulher, com toda a força de uma juventude contestária . Na obra "Mística feminina", Betty Friedan denunciava a insatisfação vital, íntima, amarga, de milhões de mulheres confinadas dentro de suas casas. No meio do desprezo e da indiferença, os estudos sobre a mulher entravam na Universidade e Kate Millet pode denunciar a opressão sistemática do sistema patriarcal existente em sua obra "Política sexual", de 1970.
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Não acredito que existam qualidades, valores, modos de vida especificamente femininos: seria admitir a existência de uma natureza feminina, quer dizer, aderir a um mito inventado pelos homens para prender as mulheres na sua condição de oprimidas. Não se trata para a mulher de se afirmar como mulher, mas de tornarem-se seres humanos na sua integridade.” “
As mulheres dos anos 70 lançaram-se à busca de sua própria identidade. Por isso protagonizaram uma autêntica revolução social que subvertia as noções de gênero aceitas até então. Foram elas, que converteram o privado em político, as primeiras em denunciar sua subordinação ao homem no casamento e no trabalho, em criar centros de planejamento familiar e casas de asilo para mulheres maltratadas, em reivindicar a igualdade real em todos os âmbitos da vida. Muitas de suas propostas, que eram inicialmente revolucionárias, foram acolhidas por alguns governos e hoje em dia são uma realidade que vai muito além de qualquer ideologia de gênero. A partir do final dos anos 80, o mundo entrava em uma nova etapa. Com a queda do Muro de Berlim, estava se iniciando a terceira onda do feminismo contemporâneo, caracterizado pelas políticas de igualdade.
Assim, com a Conferência Mundial da Mulher em Pequim, os direitos delas foram finalmente marcados dentro do contexto geral dos Direitos Humanos. A maioria dos governos adotou medidas contra o maltrato e a discriminação; a igualdade converteu-se em uma demanda global. Gradualmente, durante as décadas de 70 e 80, as reivindicações do feminismo foram reconhecidas por organismos nacionais e internacionais como uma assunto de política pública. A partir dessas décadas, também as Ciências Humanas passaram a incorporar essas questões, indagando como se produzem e se justificam as desigualdades entre homens e mulheres. Assim, foi por meio do diálogo e do envolvimento com as feministas da segunda onda que as teorias acadêmicas forjaram a noção de gênero.
(Simone de Beauvoir) FEMI
A TERCEIRA ONDA A terceira onda do movimento se apresentou como meio para corrigir as falhas e as lacunas deixadas pela fase do movimento que veio antes. Esse novo momento, marcado a partir do início da década de 1990, serviu também para retaliar as iniciativas da Segunda Onda Feminista. A terceira fase procurou contestar as definições essencialistas da feminilidade que se apoiavam especialmente nas experiências vividas por mulheres brancas que eram integrantes de uma classe média-alta da sociedade.
Então, começou-se a discutir alguns dos paradigmas estabelecidos nas ondas anteriores, colocando em discussão a micropolítica. Além disso, com o próprio questionamento do padrão branco de classe médiaalta das feministas, mulheres negras começaram a se destacar no movimento e negociar seus espaços para revelar as diferenças vividas por mulheres com diferentes condições sociais e étnicas.
O feminismo da terceira onda visa desafiar ou até mesmo evitar aquilo que vê como as definições essencialistas da feminilidade feitas pela segunda onda que colocaria ênfase demais nas experiências das mulheres brancas de classe média-alta. Uma interpretação pós-estruturalista do gênero e da sexualidade é central à maior parte da ideologia da terceira onda.
As feministas dessa onda enfatizam a micropolítica, e desafiam os paradigmas da segunda onda sobre o que é e o que não é bom para as mulheres. Algumas líderes com raízes na segunda onda, como Gloria Anzaldua, Gloria Jean Watkins ( conhecida como bell hooks), Chela Sandoval, Cherrie Moraga, Audre Lorde, Maxine Hong , e diversas outras feministas negras, procuraram negociar um espaço dentro da esfera feminista para a consideração de subjetividades relacionadas à raça.
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MULHERES
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FEMINISMO
BRASIL
POR GABRIELLI MARTINS
No Brasil, as décadas de 1960 e 1970 foram marcadas pela repressão política e pela perda das liberdades civis. Foi no contexto dos governos da Ditadura Militar (1964-1985) que o movimento feminista brasileiro renasceu sob a forma de organização de mulheres. As mulheres feministas se reuniram em pequenos grupos de reflexão espalhados nas maiores cidades brasileiras. Elas eram universitárias ou professoras de classe média e tinham uma forte ligação com os grupos contrários à Ditadura. Com o agravamento da repressão, com o AI - 5, em dezembro de 1968, muitas delas foram exiladas, passando a viver em países como a França e os Estados Unidos.
Até meados da década de 1970, os grupos feministas tinham no Brasil uma composição muito informal e estavam orientados para reuniões de conscientização e discussão de temas íntimos. Esse caráter informal e reservado se devia não apenas ao controle do regime não apenas ao controle do regime militar sobre quaisquer contestações, mas também aos próprios grupos de esquerda, que repudiavam e atacavam o feminismo. À parte dos atores envolvidos nesses movimentos, o objetivo era único e claro: derrubar o regime militar. Assim, o primórdio de um movimento feminista brasileiro vai surgindo como uma forma das mulheres se posicionarem contra o regime em questão
Com o governo do general Ernesto Geisel (1974 - 1979), o regime ditatorial dava os primeiros sinais de que o país poderia voltar a ter uma vida política menos autoritária. Conhecido com "distensão", esse período assinalava para a saída gradual dos militares do poder, revogando aos poucos as restrições impostas à atividade política desde 1968. Foi nesse contexto que, junto a outras organizações, como a União Nacional dos Estudantes e a Organização dos Advogados do Brasil, os grupos feministas lutaram pela anistia, conquistada em 1979 e que permitiu a volta dos exilados políticos. Foi com a declaração, por parte da ONU, do ano de 1975, que o cenário passou a propiciar maior visibilidade ao feminismo. Debates feministas, antes tímidos, passaram a ser mais explícitos – a título de exemplo, nessa época duas revistas feministas de caráter militante foram criadas, Brasil Mulher e Nós Mulheres. Conforme essa década se aproximava do fim, acontecia o processo de abertura política, quando a repressão passou a ser reduzida e, ao mesmo tempo, ocorria uma ampla mobilização social que culminou com a anistia em 1979, na qual as mulheres foram protagonistas.
"Recusar à mulher a igualdade de direitos em virtude do sexo é denegar justiça a metade da população." (Bertha Lutz) Ainda, a volta de mulheres exiladas no exterior permitiu que suas experiências com os feminismos norte-americanos e europeus pudessem se somar ao desenvolvimento de uma consciência feminista que já encontrava espaço no Brasil. Essa confluência de fatores fez com que o movimento feminista, na década de 1980, passasse a ser uma força política e social consolidada. Com o fim do regime militar, em 1985, a sociedade brasileira se encontrou em um intenso processo de ebulição que girava em torno da promulgação de uma nova Constituição Federal e da criação de espaços institucionais que fizessem valer a democracia recém conquistada. No mesmo ano, foram dados dois importantes passos: a fundação das Delegacias de Defesa da Mulher, política adotada no combate a violência, e também a constituição do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, uma instituição a finalidade de pôr em prática políticas orientadas à militância feminista.
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NINGUÉM N A SCE MULHER ; TORN A - SE MULHER . ” “
Simone de Beauvoir (1980, p. 9) em seu livro "O Segundo sexo"
GRANDES PERSONALIDADES
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MARY WOLLSTONECRAFT
OLYMPE DE GOUGES
NÍSIA FLORESTA
Mary Wollstonecraft é consideradas por muitos como a fundadora do feminismo. Seu pensamento marca a primeira elaboração sistemática de um entendimento das raízes da opressão sofrida pelas mulheres. Sua obra mais importante, Reivindicação dos direitos das mulheres, foi publicada em 1792 e sofreu, também, o influxo da Revolução Francesa. A autora havia publicado, dois anos antes, Reivindicação dos direitos do homem, como resposta às "Considerações sobre a revolução em França", obra antirrevolucionária de Edmund Burke.
Olympe foi uma revolucionária feminista escritora e autora de peças de teatro. Ela era uma mulher com filosofias muito a frente de seu tempo. Sua luta era incessante contra a escravidão e pela igualdade de direitos entre homens e mulheres, mesmo antes da eclosão da Revolução Francesa em 1789, na qual se transformou numa das personagens mais importantes. Em 1791, ela escreveu a Declaração dos Direitos da Mulher Cidadã, que exige a completa assimilação jurídica, política e social das mulheres.
Nísia Floresta lutou, em especial, pela educação para as mulheres. Não se contentou com a tradução livre, aos 22 anos, do livro “Direitos das mulheres e injustiça dos homens“. Insatisfeita com a falta de acesso, a má qualidade e a perspectiva patriarcal do ensino para as meninas, criou em 1838 uma escola para elas. Nísia ensinava línguas, ciências naturais e sociais, matemática e artes, além de desenvolver métodos pedagógicos inovadores. Uma afronta à ideologia dominante de que esses saberes caberiam somente aos homens.
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Querer-se livre é também querer livres os outros."
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SIMONE DE BEAUVOIR Simone de Beauvoir foi uma escritora e feminista francesa. Uma das principais teóricas do feminismo e personagem importante no núcleo de pensadores do existencialismo francês, por seus ensaios filosóficos e pelo estilo de vida independente. É conhecida também como companheira do filósofo Jean-Paul Sartre desde a época de estudante até a morte dele. Nasce em Paris e estuda em escolas particulares e na Sorbonne, onde se forma em filosofia e conhece Sartre. Vive de dar aulas em várias escolas e edita, com Sartre, a revista mensal Les Temps Modernes. Suas ideias tratavam de questões ligadas à independência feminina e o papel da mulher na sociedade. Sua obra refletia também a luta feminina e as mudanças de papéis estabelecidos, assim como a participação nos movimentos sociais. O livro que melhor condensa suas experiências é “O Segundo Sexo” (1949).
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(Simone de Beauvoir)
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BERTHA LUTZ
BETTY FRIEDAM
KATE MILLET
Betty Friedan foi líder feminista mais conhecida por seu livro ‘The Feminine Mystique’, um dos mais importantes livros do século XX. A tese central de Friedan era de que as mulheres ,como uma classe, sofrem uma variedade de mais ou menos sutis formas de discriminação, mas eram em particular as vítimas de um sistema generalizado de delírios e falsos valores em que eram encorajadas a encontrar a realização pessoal, mesmo a identidade, através de maridos e filhos a quem deveriam dedicar alegremente suas vidas.
Kate Millett é uma escritora feminista estadunidense. Sua tese de doutorado, defendida na Universidade de Columbia, é seu livro mais famoso, intitulado Política Sexual (1968). Esse livro critica o patriarcado, um poder que, segundo a autora, se expressa tanto dentro como fora de casa, pois outras instituições sociais também compartilham o papel de reproduzir o domínio sobre as mulheres.
Bertha Lutz entrou para a história por sua atuação pelo direito ao voto para as mulheres. Elaconheceu os movimentos feministas da Europa e dos Estados Unidos nas primeiras décadas do século e foi responsável pela organização do movimento sufragista no Brasil. Com sua militância científica e política, lançou as bases do feminismo no país. Criou, em 1919, a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher, que foi o embrião da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, criada em 1922.
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Se as mulheres fossem livres, nenhuma delas se oporia às leis.”
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(Emmeline Pankhurst)
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EMMELINE PANKHURST Emmeline Pankhurst foi uma das fundadoras do movimento britânico do sufragismo. O nome da "Sra. Pankhurst", mais do que qualquer outro, está associado com a luta pelo direito de voto para mulheres no período imediatamente antes da primeira guerra mundial. Apoiada pelo marido, Emmeline mergulhou de cabeça na causa e fundou a “Women’s Franchise League”, a “Liga para a Libertação da Mulher”, em 1889. Catorze anos depois, em 1903, cinco após a morte de Richard, fundou a “Women’s Social and Political Union” – WSPU, “União Política e Social das Mulheres” – e intensificou a luta pelos direitos femininos. Sob o lema Deeds not Words (Ações, não Palavras), o movimento ganhou visibilidade e ganhou adeptas entre mulheres da classe média britânica. Emmeline liderou protestos, manifestações, petições e interrupções de encontros de políticos, uma das ações mais fortes da organização.
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Primavera Feminista
Companheira me ajuda Que eu não posso andar só, Eu sozinha ando bem Mas com você ando melhor
Pode-se dizer que há uma primavera feminista em intenso processo no Brasil. Nos últimos anos, milhares de mulheres se reuniram, organizando e protagonizando atos por todo o país. Essa grande explosão, deu-se principalmente após uma série de ocorridos, entre eles está uma série de comentários machistas e pedófilos dirigidos a competidora Valentina Schulz, do Masterchef Júnior, em 2015. Além disso, outro acontecimento importante para esse contexto é o Projeto de Lei 5069/2013. e o seu autor, Eduardo Cunha. Foi uma primeira onda expressiva de mais de 30 manifestações em vários cantos do país que abriu espaço para as mobilizações do movimento feminista. Ainda, outros fatores fizeram aumentar a visibilidade relacionada aos direitos das mulheres, com o tema da redação do ENEM "violência contra a mulher" e uma explosão de relatos no Facebook com a hashtag #MeuPrimeiroAssédio, onde muitas meninas se sentiram encorajadas para publicizar sua primeira experiência de assédio.
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Uma nova geração Essa nova onda feminista está relacionada a uma nova geração de ativistas. A geração das redes sociais, da informação, das identidades, dos novos comportamentos, com novas concepções de família; a geração de jovens que despertou seu potencial transformador nas ruas em Junho de 2013 no Brasil. Isso mostra como o feminismo, junto a outros movimentos que lutam por direitos democráticos e libertários, são fundamentais para construirmos uma sociedade mais igualitária. Possuem um caráter extremamente progressista que tem conexão com o perfil das lutas anticapitalistas, uma luta contra as formas de desigualdade, opressão e discriminação. Além de tudo, pelo direito de poder ir à rua (num ônibus ou no metrô) sem que ninguém as assedie ou insulte ou lhes falte com o respeito.
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Violência POR GABRIELLI MARTINS
A violência contra a mulher é um tema imprescindível quando se discute a situação atual das mulheres no Brasil. Entre outros, porque os indicadores sobre essa temática são assustadores: a cada cinco minutos, uma mulher é agredida no país. Femicídio ou feminicídio, é um termo usado para designar toda violência contra a mulher. Vai desde o assédio verbal e outras formas de abuso emocional, até o abuso físico ou sexual. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o feminicídio geralmente envolve o assassinato intencional de mulheres apenas por serem mulheres. O femicídio normalmente é cometido por homens, mas, algumas vezes, também envolve membros da família da vítima – inclusive do sexo feminino. Ele difere do homicídio masculino, pois a maioria dos casos de feminicídio é cometida por parceiros ou ex-parceiros e pode envolver o abuso contínuo em casa, com ameaças ou intimidação, violência sexual ou situações onde as mulheres têm menos poder ou recursos do que o homem. A violência de gênero, seja na forma lesão corporal ou de assédio sexual, está relacionada à manutenção de uma relação desigual de poder, que autoriza (mesmo com a ilegalidade do ato em si) aos homens a violação do corpo e dos direitos das mulheres, em virtude da reafirmação de uma masculinidade que se coloca, em âmbito público ou privado, superior às mulheres. É o que acontece com o estupro ou com os assobios e provocações que muitos homens disparam direto às mulheres nas ruas. Para enfrentar esse problema, a lei Maria da Penha ou o aumento da segurança podem até contribuir, mas de longe não resolvem. É preciso mais do que prestar assistência às vítimas ou punir os agressores, embora esses dois aspectos sejam essenciais. É necessário, portanto, desconstruir essa maneira de agir e questionar esse “modo de ser homem” que reproduz e legitima uma opressão sexista, entendida como a violência de gênero.
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A VIOLÊNCIA
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50%
DISSERAM QUE JÁ FORAM SEGUIDAS NAS RUAS.
8%
JÁ FORAM ESTRUPADAS EM ESPAÇOS PÚBLICOS
FORMAS DE ASSÉDIO Uma pesquisa feita pelo Instituto YouGov no Brasil, na Índia, na Tailândia e no Reino Unido e ouviu 2.500 mulheres com idade acima de 16 anos nas principais cidades destes quatro países. Em relação às formas de assédio sofridas em público pelas brasileiras, o assobio é o mais comum (77%), seguido por olhares insistentes (74%), comentários de cunho sexual (57%) e xingamentos (39%). Metade das mulheres entrevistadas no Brasil disse que já foi seguida nas ruas, 44% tiveram seus corpos tocados, 37% disseram que homens se exibiram para elas e 8% foram estupradas em espaços públicos.
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"Vivemos num mundo onde nos escondemos para fazer amor, enquanto a violĂŞncia ĂŠ praticada em plena luz do dia." (John Lennon)
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Marcha das Vadias O movimento Marcha das Vadias surgiu no Canadá, batizado de Slutwalk. O movimento surgiu porque, em janeiro de 2011 na Universidade de York, um policial, falando sobre segurança e prevenção ao crime, afirmou que “as mulheres deveriam evitar se vestir como vadias, para não serem vítimas de ataque”. A reação de indignação foi imediata, pois esse pensamento transfere a culpa da agressão sexual para a vítima, insinuando que, de alguma forma, é a vítima que provoca o ataque.
WE HELP YOU GET WHAT YOU NEED IN LIFE.
No dia 03 de abril de 2011, na cidade de Toronto, aconteceu a primeira Slutwalk, uma passeata pelo fim da culpabilização da vítima em casos de agressão sexual. Aqui no Brasil organizouse, no mês seguinte, a “Marcha das Vadias”, movimento de enfrentamento à violência doméstica. Ao longo de 2011 diversas cidades brasileiras realizaram suas marchas e, em 2012, mais de 20 cidades organizaram a primeira “Marcha Nacional das Vadias”. Apesar da polêmica do nome, o movimento ganhou força, pois as mulheres refletiram sobre os usos e o poder da palavra “vadia”. Há muito tempo os homens têm usado a palavra “vadia” para justificar diferentes tipos de agressão.
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No Brasil, a primeira marcha aconteceu na cidade de São Paulo, no dia 4 de junho de 2011, organizada pela iniciativa de uma mulher que descobriu o evento de Toronto lendo as notícias de um síte na internet. Com a ajuda de alguns amigos, ela criou o evento no Facebook, da mesma maneira que as organizadoras originais do Canadá, e rapidamente mais de 6000 pessoas confirmaram sua presença .
Nesse sentido, vale ressaltar como a realização das marchas alavancou a criação de coletivos feministas, que se estabeleceram para além dos protestos, passaram a se encontrar e realizar outros eventos. Muitas integrantes desses coletivos não estavam engajadas em nenhum tipo de luta feminista anteriormente, ou mesmo em nenhuma atividade de contestação social.
A marcha agregou cerca de 300 pessoas que desfilaram nas principais vias da cidade. As manifestantes fizeram um ato de encerramento em frente ao teatro, colando os cartazes que carregavam na fachada do local. Esta ação se repetiu em outras marchas que aconteceram no Brasil, escolhendo locais ícones para o ato final dos protestos, espaços que se relacionam com a manutenção da violência/domínio sobre o corpo feminino, como delegacias de polícia e igrejas.
Quanto à organização interna desses coletivos, em geral caracterizam-se por serem horizontais e descentralizados: não existem funções específicas definidas e a internet é uma ferramenta essencial para o debate e organização interna. Em geral, a divulgação das marchas se inicia pelo Facebook, seguida da criação de materiais específicos para divulgação: blogs, cartazes digitais, banners, vídeos, entre outros exemplos.
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“Se ser livre é ser vadia, então somos todas vadias.” Tornou-se o lema do movimento.
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CHEGA DE FIU-FIU
CHEGA DE FIU-FIU Infelizmente, tem se tornado tão comum uma mulher ouvir cantadas ou passar por situações que beiram ao assédio nas ruas, ônibus, trens entre outros; porém esse assunto é pouquíssimo discutido na nossa sociedade, abrindo espaço para mais desses atos que invadem o espaço de uma mulher.
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"Linda", "Delícia!", "Gostosa", "Princesa", "Ô, lá em casa!", "Fiu-Fiu". Essas são as principais "cantadas" que muitas mulheres escutam diariamente.Todas essas violam a intimidade feminina. O assediador parte de um princípio: o corpo da mulher é visto como público, algo sobre o qual se pode opinar e, por que não, do qual pode se servir à vontade. Como essa percepção é generalizada, a mulher que decide se manifestar contra o assédio corre o risco de ser ofendida. Vira metida, baranga e outros insultos horríveis. Para muitas, é incômodo falar sobre o assunto. Seja por vergonha ou até mesmo por pensar que tiveram alguma culpa, que provocaram de certa maneira o comportamento dos homens. Ao ser relatada esse tipo de agressão logo vem a mente de muitos: “Mas o que ela estava vestindo?”. Como se isso fosse uma justificativa que importasse diante do ocorrido. Esse raciocínio já é uma forma de violência. É a velha cultura do estupro, absorvida, muitas vezes, pelas próprias mulheres: “Com essa roupa? Tava pedindo..."
INDICAÇÃO - FILME "AS SUFRAGISTAS"
O filme se passa na Londres do início do século XX e retrata o crescimento das aparições em público das sufragistas, mulheres que resistiam à opressão de forma passiva, mas, a partir do momento em que começam a encarar uma crescente agressão da polícia, decidem se rebelar publicamente. Baseado em fatos reais, As Sufragistas conta com Helena Bonham Carter no papel de Edith Ellyn, uma ex-professora que passou a ajudar nas campanhas da organização "Women's Social and Political Union", quando rodou a Inglaterra para mobilizar mulheres a lutar por seus direitos, incluindo, principalmente, o direito ao voto. Meryl Streep interpreta Emmeline Pankhurst, líder do movimento pelo sufrágio feminino, fundadora da WSPU.
“Nós não queremos quebrar as leis. Nós queremos fazer as leis.” (Emmeline Pankhurst) PÁGINA
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para conhecer
AS BAHIAS
E A COZINHA MINEIRA Criada pelo trio de então estudantes, Assussena Assussena, Rafael Acerbi e Raquel Virgínia em 2008, a banda As bahias e a cozinha mineira começou a se apresentar em festas universitárias da Universidade de São Paulo, em 2011. O grupo aborda em suas canções temas que giram em torno da militância contra o machismo e a homofobia. As duas vocalistas são mulheres transexuais e também tratam em suas próprias composições temas relacionados a política,. Em entrevista Assucena afirma: 'A ideia nunca foi lançar um disco político, mas uma obra artística'. O álbum da banda, intitulado 'Mulher' foi lançado no final de 2015, em sintonia com as discussões feministas que estavam em alta naquela época, em hashtags como #MeuPrimeiroAssédio e #MeuAmigoSecreto. As músicas tem apelo político que falam sobre diversos tipos de mulheres, dos preconceitos e dificuldades de cada tipo enfrenta.
“Esse é o movimento [ de resistência] que a gente tem que trazer. E entender quem está resistindo. A gente tem que se encontrar, principalmente nos espaços culturais. A nossa resistência tem que viver nos lugares” (Raquel Virgínia, em entrevista ao Curitiba Cult)
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Apologia às Virgens Mães"
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As Bahias e a Cozinha Mineira “Quantos tempos teceram teus vestidos de lã? Quantas tranças os tempos fizeram traçar teus cabelos? Quantos beiços beberam do teu peito o afã? E dos seios sugaram o sulco sem dor, dos teus zelos Senhora de saia, de ventre predestino, Quantos tempos cruzaram num ponto de cruz teu destino? Oh mães de Jesus, oh virgens, todas virgens Já choraram teu choro, prantos correm na História Feito rio que erode do espaço às margens: trajetória E de um traje contido, de branco e grinalda na média, Abusaram o desejo do corpo e teu sonho trajou de tragédia Menina de saia de gozo pré-extinto Quantos tempos bordaram o calado bordel de teu instinto? Oh mães de Jesus, oh virgens, todas virgens Na sacola da feira, tem de besteira feijão Tem também muitas eras de carga alçada em tua mão Pudera ter tempo, senhora, tanto tempo pudera e tem Do fruto da feira, vambora, tempos colheitas de tempo têm Deles, tantos puseram, oh dona, de peso no saco da feira Se de Madalena o filho, Madona Pesa mais: não tem eira nem beira Não tem eira nem beira, nem eira nem beira.”
“É CLARO QUE HOMENS E MULHERES NÃO TÊM DIREITOS IGUAIS. PODEMOS MEDIR O MACHISMO NAS NOSSAS RELAÇÕES MAIS COTIDIANAS, MARCADAS PELA VIGÊNCIA DESSA DIFERENÇA ENTRE HOMENS E MULHERES, QUE NÃO É UMA DIFERENÇA NATURAL, MAS CULTURAL”. MARCIA TIBURI
em entrevista ao programa Entre o Céu e a Terra, da TV Brasil, a filósofa Marcia Tiburi tratou sobre a relação entre homem e mulher ao longo da História e a construção cultural em torno do feminino. FEMI | PÁGINA 28
PLANO DE AULA O ESPAÇO DA MULHER NA SOCIEDADE Objetivo: apresentar para os alunos os motivos da luta feminista, abordando a importância da igualdade de gêneros, além de discutir como a mulher foi conquistando seu espaço na sociedade.
Por Bruna Mayumi Gabrielli Martins Laura Evangelista Michele Rufino
Aula 1: uma breve apresentação sobre o que é o movimento feminista, abordando as diferentes fases do mesmo. Aula 2: nessa aula serão abordados os principais protestos e manifestações realizadas pelo movimento, como por exemplo o episódio que ficou conhecido como Bra-Burning ou "queima de sutiãs". Nas próximas duas aulas, algumas das principais personalidades serão apresentadas. Aula 3: o primeiro nome será o de Simone de Beauvoir, responsável por uma influência significante nos ideais e teorias feministas. Aula 4: Bertha Lutz e Nisia Floresta, principais representantes da primeira onda feminista no Brasil, responsáveis pela luta dos direitos das mulheres no país. Aula 5 e 6: exibição do filme "As sufragistas", inspirado no movimento sufragista do final do século XIX e início do XX, na Inglaterra. A obra retrata perfeitamente a luta e reivindicação das mulheres pelos seus direitos e dignidade. Aula 7: essa aula será reservada para levantar e analisar os principais pontos tratados no filme, relacionando-o com o tema principal. Aula 8: para finalizar o assunto, tratar de como o movimento feminista está nos dias atuais, relatando algumas conquistas que essa luta alcançou, em termos de: trabalho, remuneração salarial, vida familiar, participação na vida política, vestimentas, entre outros.
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