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Ver de perto as plantas do MuN
from Programa Educativa do Museu Nacional da República: Mediação como pesquisa e prática documentária
A ação mediativa Ver de perto: as plantas do acervo do Museu Nacional da República foi pensada como desdobramento da pesquisa do acervo do MuN. Partimos dos eixos do Programa para buscar relações entre a pesquisa do acervo, que identificou diferentes obras “com plantas”, e o cotidiano dos públicos. Com a série de vídeos Ver de perto, mostramos algumas dessas obras, acompanhadas de informações, para propor uma conversa com os públicos a partir de algumas perguntas que nos desafiamos a levantar com base em nossa abordagem de 4 perguntas.
Para participar da ação, bastava comentar as postagens dos vídeos nas redes sociais do Programa Educativa, respondendo, de algum modo, às questões propostas. Foram produzidos 13 vídeos da série Ver de perto, a partir das obras de 20 artistas modernistas e contemporâneos com as quais foi possível trabalhar uma variedade de temas e questões:
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Aldemir Martins Sem título, óleo sobre a tela, 2003.
Anita Malfatti Sem título, óleo sobre a tela, 1955.
Stéphane Couturier Brasília, Melting Point, Fotografia, 2008.
Antônio Cabral Flores, óleo sobre tela, 2004.
Waldomiro Sant’Anna Sem título, óleo sobre eucatex.
Ralph Gehre Jovem Sorridente com Bandeja de Frutas, desenho digital e impressão fine art, 2005/2012.
Laura Lima Nômades, acrílica e óleo sobre tela, 2007 a 2009.
Gisella Motta e Leandro Lima I.E.D (Improvised Explosive Device), vídeo instalação monocanal em looping, 2007.
J.Borges Colheita de Bordeaux, óleo sobre madeira, 1989.
Juarez Machado Pastor de ovelhas, gravura. Xilogravura colorida sobre papel, 2011.
Alex Cerveny A criação — Lugar das delícias. Litogravura, impressão sobre papel.
Amanda Naomi Yuki Correntão. Bricolagem com corrente, galhos, vergalhões, pedaços de concreto, terra e cimento, 2019. Marco identitário vegetal Você conhece algum marco identitário vegetal na sua cidade?
Espaço, vegetação e construção Como você avalia a arborização e as áreas verdes no local onde mora?
Plantas e pandemia Sua relação com as plantas mudou durante a pandemia?
Corpo e paisagem: entre o sensorial e o imaginário Como o seu corpo te permite se relacionar com a paisagem que te rodeia?
Consumo, produção de lixo e destruição da natureza Você identifica ações para diminuir a produção de lixo em sua comunidade?
Trabalho com a terra e partilha de significados Quais significados o seu trabalho cria com a terra?
Da criação ao futuro do mundo e da humanidade Diante da banalização da vida e da morte na pandemia, o que te faz esperançar futuros possíveis?
Paisagem retirada Você identifica soluções restauradoras de áreas degradadas?
Antônio Henrique Amaral Ameaça. Gravura — serigrafia em cores, 1992.
Pedro Mota Estatuto da divisão territorial. Fotografia, 2012.
Pedro Davi Sufocamento. Série Madeira de Lei, Fotografia, 2012.
Luara Learth Moreira Registro da Performance “Flecha 2 talvez um raio”. Fotografia, 2017.
Uýra Sodoma Registro da intervenção urbana “Ponto Final, Ponto Seguido”, 2021. Este trabalho não faz parte do acervo do MuN.
Moraes Rego Sem título. Calcografia. P/A tinta gráfica sobre papel, 2015.
Wagner Hermuche Natureza VII — Estudo com Matrizes. Tinta sobre papel, 1980. Ameaça a diversas formas de vida Você identifica modos de produção de alimento em equilíbrio com a conservação ambiental?
Monocultivo e insegurança alimentar Você vê relações entre a monocultura e a fome?
Devir planta Você imagina a possibilidade de se tornar planta?
Arte, ciência e natureza
Natureza em rede Você já se inspirou nas plantas para resolver problemas?
Quais são as suas redes de conexão com a natureza?
Tabela 2: Artistas, obras, temas e questões da ação Ver de perto. Fonte: Educativa
Reproduzimos a seguir três exemplos dentre os 13 roteiros que foram elaborados, trazendo informações sobre as obras do acervo, seus temas e as questões que serviram de conteúdo para o desenvolvimento da série de vídeos. Eles podem ser acessados no canal de YouTube Educativa Museu Nacional. 10
10. Disponível no endereço: https://www.youtube.com/ educativamuseunacional
EXEMPLO 1 — TEMA: ESPAÇO, VEGETAÇÃO E CONSTRUÇÃO
Imagem 17: Anita Malfatti, Sem título, óleo sobre tela, 1955. Foto: Taís Castro
A imagem reproduz uma pintura da artista Anita Malfatti. Nela vemos um lago, pessoas embaixo das árvores, algumas casas, montanhas. Nessa paisagem, a urbanização e a vegetação parecem ocupar o espaço de forma proporcional, em contraste com o que ocorre nas grandes cidades.
Imagem 18: Stéphane Couturier, Brasília – Melting Point, Fotografia – c.print, 2008
A fotografia de Stéphane Couturier mostra uma das quadras residenciais do Plano Piloto, em Brasília. Nela, apesar de ocuparem planos distintos, o jardim e a edificação parecem integrados.
Como toda cidade, Brasília possui contradições. Entre seus aspectos positivos, está a proximidade com a natureza que ela proporciona a seus habitantes. Fruto do projeto modernista, a previsão de espaços abertos e áreas verdes na trama da cidade configura a ideia de uma cidade-parque. Entre os aspectos negativos, está a exclusão dos trabalhadores que construíram a cidade e da população economicamente desfavorecida para regiões periféricas, com pouca infraestrutura e arborização.
Educativa pergunta: Como você avalia a arborização e as áreas verdes no local onde mora?
EXEMPLO 2 — TEMA: PLANTAS E PANDEMIA
Imagem 19: Antônio Cabral, Flores, óleo sobre tela, 2004. Foto: Taís Castro
A imagem reproduz uma pintura de Antônio Cabral. Nela vemos flores vermelhas e amarelas, marcadas por pinceladas fortes.
O artista apresenta uma impressão pessoal das flores, em cores muito vivas e sem uma definição completa.
Imagem 20: Waldomiro Sant’anna, Sem título, óleo sobre eucatex. Foto: Taís Castro
Esta outra imagem reproduz a pintura de Waldomiro Sant’Anna. Nela vemos um vaso de flores e uma carta. Há também uma janela por onde se observa, ao fundo, uma paisagem urbana.
As duas obras apresentam percepções individuais sobre flores e sua presença em nosso cotidiano.
Nossas vidas e dinâmicas sociais foram diretamente afetadas pela pandemia de Covid-19. Nesse contexto, cresceram os relatos de pessoas que passaram a cultivar e a se relacionar mais com plantas dentro de casa e no seu entorno.
Seja como forma de terapia, seja como forma de saúde física, mental e espiritual, a humanidade precisa da natureza não só por questões vitais, como respiração e alimentação, mas também por sua medicina, sua potência e pulso de vida.
Educativa pergunta: Sua relação com as plantas mudou com a pandemia?
EXEMPLO 3 — TEMA: MONOCULTIVO E INSEGURANÇA ALIMENTAR
Imagem 21: Pedro Motta, Estatuto da divisão territorial, Fotografia, 2012. Foto: Taís Castro
Na fotografia de Pedro Motta, vemos um largo campo de gramíneas com um cupinzeiro transpassado por tubos brancos de PVC que vão até o chão. Ao fundo, vemos morros com algumas árvores. A paisagem parece uma área de pastagem.
Imagem 22: Pedro David, Sufocamento. Série Madeira de Lei. 2012. Fotografia. Foto: Taís Castro
Na fotografia de Pedro Davi, vemos uma árvore, provavelmente nativa do Cerrado, cercada por uma monocultura de árvores exóticas que parecem eucalipto.
As imagens fazem pensar sobre a exploração da terra pela monocultura animal e vegetal, no caso, a criação de gado e a produção de madeira. Em ambas, percebemos a resistência da natureza às alterações humanas da paisagem.
Diversos estudos apontam a expansão das fronteiras agrícolas no país, principalmente para produção de soja e milho, usados na alimentação de animais.
Em meio à pandemia de Covid-19, ao mesmo tempo que vemos o agronegócio bater recordes de exportação, a fome no Brasil aumenta, levando milhões de pessoas à situação de insegurança alimentar.
Educativa pergunta: Você vê relação entre a monocultura e a fome?
O texto Contatos com um acervo recortado traz outras reflexões sobre esta ação e seus públicos.