Gazeta do Sul
Quarta-feira, 28 de setembro de 2016
138 anos Uma senhora cidade
Quarta-feira, 28 de setembro de 2016 | Gazeta
do Sul
longa Vida
Inor Assmann
2
Município é referência em qualidade de vida, trabalho, ensino e diversão. Cidade ficou ainda melhor para se viver com recente modernização Santa Cruz do Sul está em festa neste 28 de setembro. Esta senhora cidade, como consta na capa deste suplemento especial, chega firme, forte e olhando para o futuro nas comemorações de seus 138 anos de emancipação. A data marca a instalação da Câmara de Vereadores, no ano de 1878. De lá para cá, o progresso pegou carona no trem que ligou Santa Cruz a Rio Pardo, em 1905, e ficou por aqui em definitivo. Somos, há anos, uma das dez maiores economias do Rio Grande do Sul, referência em qualidade de vida, trabalho, ensino e diversão – para citar apenas alguns exemplos. Para marcar o aniversário, celebrado na mesma semana em que 99,9 mil eleitores irão às urnas escolher os futuros prefeito, vice e vereadores, a Gazeta do Sul reforça como é bom viver aqui. Ano a ano, a cidade se modernizou, ficou ainda melhor. Mérito de sua gente, altamente empreendedora, de suas instituições e também de seus administradores – de diferentes cores partidárias. Que os eleitos neste domingo sigam, então, construindo um futuro cada vez melhor para o município. Não é preciso voltar mais de 20 anos no tempo para perceber o quanto Santa Cruz evoluiu. A indústria e o comércio estão mais diversificados e o setor de serviços – públicos e privados, com destaque à área da saúde – faz com que o cidadão resolva praticamente todas as suas demandas por aqui, sem precisar ir à Capital ou outras cidades-polo. O ensino passou a atrair gente de outros estados com a expansão da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), o que fez crescer também uma invejável rede de restaurantes, bares e festas para todos os gostos. No meio rural, a vida também mudou. A tecnologia está cada vez mais perto do pequeno agricultor, que deixou de viver isolado do mundo. Das tradicionais entidades sociais e recreativas aos disputados campeonatos de futebol, tudo vira festa no interior. Nas próximas páginas veja por que desejamos, hoje e sempre, vida longa a Santa Cruz do Sul.
Expediente EDIÇÃO: Igor Müller e Otto Tesche REVISÃO: Luís Fernando Ferreira TEXTOS: Fernanda Szczecinski, Heloisa Correa, João Caramez, José Augusto Borowsky, Letícia Mendes, Maria Helena Lersch, Natany Borges e Rodrigo Kämpf CAPA: Márcio Machado DIAGRAMAÇÃO: Rodrigo Sperb
■ Referência no Estado: beleza das ruas do Centro e evolução econômica marcam o empreendedorismo da população
tempos A Santa Cruz de outros
do Sul
3
Banco de Imagens/GS
Quarta-feira, 28 de setembro de 2016 | Gazeta
Comércio tinha nos armazéns seu grande esteio no passado. E para o lazer, população procurava basicamente os clubes e as sociedades Quem usufrui das comodidades que Santa Cruz do Sul oferece hoje, não consegue imaginar a realidade vivida no passado. O comércio, por exemplo, tinha nos armazéns o seu grande esteio. Eles ofereciam desde banha e querosene até os tecidos em metro para a confecção do vestuário. O primeiro supermercado da cidade, o Excelsior, só abriu em dezembro de 1961. Até então, as mercadorias eram pesadas e medidas na frente do cliente. O lazer era basicamente oferecido pelos clubes, como União, Ginástica, Aliança Cathólica e Corinthians com bailes, saraus, teatros, audições musicais e até cinema. As sociedades de tiro, de cavalheiros e de damas movimentavam o interior. Elas também ofereciam o apreciado jogo de bolão. Os santa-cruzenses aproveitavam os arroios que cortam a cidade para se refrescar no verão. Pequenos balneários de águas límpidas faziam a alegria das famílias. Chique mesmo era a Praia dos Fol-
gados, às margens do Rio Pardinho, com dezenas de chalés para veraneio. Quem tinha carro, ou se animava a pegar um caminhão com carroceria cheia de bancos de madeira, podia viajar até Sinimbu e desfrutar do Recanto Engelmann, onde havia até hotel. Os piqueniques também faziam parte dos programas de domingo. Áreas aprazíveis, como a antiga Hidráulica (hoje Parque da Gruta), eram muito frequentadas pelas famílias. Mas havia quem preferisse o futebol, as corridas de cavalo no prado da Várzea ou o chope no Quiosque, que ficava onde hoje é o chafariz da Praça Getúlio Vargas. As viagens à praia, que hoje são feitas em pouco mais de três horas, no passado podiam levar um dia inteiro, pois não havia estradas asfaltadas e a travessia dos rios era feita com balsa. Viajava-se menos, mas, em compensação, visitava-se mais os parentes, os amigos e os vizinhos.
■ Visitar a Hidráulica (atual Parque da Gruta) era um típico passeio de família
Quarta-feira, 28 de setembro de 2016 | Gazeta
do Sul
Banco de Imagens/GS
Fotos: Bruno Pedry
4
■ Ledi Freitas afirma que proximidade das lojas facilita a pesquisa de preços
■ Imagem de drone mostra as torres da Catedral São João Batista e, ao lado, o Túnel Verde da Rua Marechal Floriano
■ Elaine Fengler frequenta a Feira Central há 20 anos e destaca a qualidade
Para comprar e
vender
Das marcas internacionais às feiras rurais
Área central da cidade, também conhecida como shopping a céu aberto, oferece coleção de possibilidades de bons negócios, desde os pequenos cafés até as lojas de segmentos bem específicos Do alto, um enorme e belo tapete de árvores, arranjado em meio aos prédios da Rua Marechal Floriano. Do chão, lojas distribuídas ao longo de sete quarteirões. Das livrarias aos restaurantes, das farmácias às sapatarias, o Túnel Verde é uma coleção de possibilidades para comprar e vender. Para alguns, mais do que uma das principais ruas da cidade, trata-se de um shop-
ping a céu aberto, bem no coração de Santa Cruz. Para a maquiadora Ledi Freitas, a proximidade entre uma loja e outra facilita a pesquisa de preços, hábito que ela não dispensa antes de decidir o que vai levar para casa. Acostumada a ir de ônibus até o Centro, conta que não tem dificuldade em chegar aonde precisa e acredita que o atendimento melhorou nos últi-
mos anos. “As lojas estão mais modernas. Agora consigo entrar em uma e me autoatender, que é a forma como eu prefiro.” Santa Cruz conta com 15.961 empresas, das quais 5.169 são estabelecimentos comerciais. Além dos empreendimentos locais, que são maioria, as redes e franquias nacionais e internacionais têm se multiplicado, ampliando as opções de produtos e serviços.
Enquanto ganha ares de cidade grande, com hipermercado, farmácias 24 horas, redes de fast-food e famosas franquias de roupas, calçados e acessórios, Santa Cruz também mantém as opções típicas do interior, a exemplo das feiras rurais, que este mês completam 36 anos de funcionamento. Com sete unidades espalhadas nos bairros Santo Inácio e Esmeralda, passando pelo Centro, Avenida, Senai e Arroio Grande, as feiras oferecem produtos da agroindústria familiar que vão dos hortigranjeiros aos ingredientes do café colonial. Muita coisa é orgânica, desde o tempo que isso ainda não era um estilo de vida. A aposentada Elaine Fengler, de 67 anos, frequenta a Feira Central, situada ao lado do Fórum, desde que foi inaugurada, há mais de duas décadas. Para ela, o espaço traz a possibilidade de comprar produtos frescos e de boa procedência, com menos agrotóxicos. Avaliando a passagem do tempo, Elaine acredita que a feira só melhorou. “Ficou mais profissional e agora encontramos até os produtos mais difíceis de achar, como as verduras híbridas”, comemora. Nossa homenagem a esta região que completa seus 138 anos, através de um povo que cultiva as tradições, valoriza esta terra e tem sempre um olhar para o futuro.
Toda linha de baterias novas para automóveis, ônibus, caminhões e máquinas agrícolas.
Rua Prof. Ivo Radtke, 52
Fone 3711.3568
FAZENDO PARTE DESTA HISTÓRIA www.cigha.com.br
Quarta-feira, 28 de setembro de 2016 | Gazeta
do Sul
Bruno Pedry
Banco de Imagens/GS
6
■ Mara Lúcia: 34 anos de trajetória profissional em indústria fumageira, ocupação comum entre os trabalhadores locais
Terra de
trabalho Embora a cidade tenha empresas de setores diversificados, é grande o número de pessoas com relação profissional ligada às empresas de tabaco, principal matriz econômica do município e geradora de empregos A trajetória profissional de Mara Lúcia de Oliveira já dura 34 anos e acontece em um lugar que é comum a muitos trabalhadores de Santa Cruz do Sul: a indústria fumageira. Em 1981, Mara começou a trabalhar como funcionária sazonal de uma empresa do setor e, desde então, volta safra após safra. O primeiro cargo que ocupou foi no controle de produção, sempre de olho na entrada e saída de tabaco. Hoje ela trabalha como auxiliar de operações industriais, dando suporte administrativo para o setor de recursos humanos ou, como gosta de
dizer, “trabalhando com pessoas”. Somente no turno de Mara são 500 pessoas com as quais ela lida direta e indiretamente. Totalizando uma safra, nos quatro turnos, são cerca de 1.200 funcionários. “O ambiente é muito bom, muito agradável. Por isso que volto todos os anos”, ressalta. Quando questionada sobre a melhor parte de trabalhar em uma empresa de grande porte, ela diz que admira a transparência e o reconhecimento dado para cada funcionário, independente do cargo. Depois de tantos anos como funcioná-
■ Empresas locais de diversos segmentos levam o nome da cidade País afora
ria sazonal, ela explica que, desde o princípio, foi uma escolha pessoal. “Eu trabalhava um período do ano e depois tinha tempo para ficar com os meus filhos, cuidar da educação deles”, salienta. Na empresa, além de fazer grandes amigos, Mara encontrou o parceiro Denildo, com quem está até hoje e teve os filhos Carine e Felipe. Denildo é funcionário da mesma indústria que Mara há 38 anos e sempre integrou o quadro de funcionários efetivos. Hoje, ao lado dele, o filho Felipe, de 27 anos, também faz parte da empresa onde os pais
se conheceram. Ao longo dos anos, o casal conta que sempre tomou muito cuidado para separar a vida profissional da pessoal. Juntos conquistaram casa própria, compraram carro e bancaram os estudos dos filhos. Para Mara, as escolhas foram certeiras. “Hoje sou uma pessoa reconhecida lá dentro e amo o meu trabalho.” A exemplo de Mara, um sem-número de pessoas migrou para Santa Cruz nas últimas décadas em busca de vida nova. Gente de cidades vizinhas e de outras regiões do Estado e do País escolheu a cidade para construir suas vidas.
Força de trabalho de mais de 40 mil pessoas em diversos segmentos
7.766
5.169
2.977
Empresas do setor de serviços
Empresas do setor de comércio
Empresas do setor industrial
R$
3,3 bilhões
É o poder de consumo de Santa Cruz do Sul para este ano, segundo a consultoria especializada IPC Target, de São Paulo
família Laços de
do Sul
7
Rodrigo Assmann
Quarta-feira, 28 de setembro de 2016 | Gazeta
Cercadas por uma paisagem de morros verdes, gerações cultivam a propriedade no interior, em rotina marcada pelo chimarrão e na qual o sol é mais importante que a hora formal Em uma tarde ensolarada, a família se apronta para o trabalho no campo. A propriedade, cercada por uma paisagem de morros verdes, fica em Entrada São Martinho. O dia será dedicado ao plantio da cana, usada para alimentar o gado. Para o consumo em casa, cultivam ainda batata, mandioca, feijão e vários outros alimentos. Aos 66 anos, Elio Müller acompanha a filha, Gernice Mueller, e o genro, Celmo Mueller, na lida. A rotina, marcada pelo chimarrão, só se altera por causa do clima, que dita bem mais a vida no campo do que o próprio relógio. Irene Müller, 62 anos, é normalmente quem cuida dos netos, Eduardo, de 7 anos, e Valéria Catarina, de 1 ano e quatro meses, enquanto os outros seguem
para a roça. O menino brinca próximo da casa, enquanto a irmã descansa dentro de casa. “A família está reunida. E o horário é a gente quem faz”, diz Gernice, 41 anos, sobre a vida que leva no campo. As visitas da família à cidade são escassas. E só nesses dias os relógios são ajustados para o horário de verão. Nos outros, o sol é mais importante do que a hora formal. As conversas são quase sempre em alemão. E eles passam longe dos feriados. Folgas só aos domingos ou quando o clima não permite ir para a lavoura. “Este ano está de pouca chuva. O trabalho está adiantado. Mas tem ano que chove uma semana inteira, aí atrasa”, conta seu Elio. Às 6h30, Celmo, 42 anos, é o primeiro a despertar. Pouco tempo depois, já
■ Família moradora de Entrada São Martinho só altera rotina do trabalho na roça devido ao clima
está com o chimarrão pronto. O mate é o combustível para as manhãs. Em seguida, quando todos já estão acordados, vêm o café, o trato dos animais e o trabalho na lavoura. No início da tarde, após o almoço, outra vez a família se reúne para o chimarrão, antes de seguir de volta à roça. O período da safra do tabaco é o de trabalho mais intenso. Ainda assim, consideram bem melhor viver no campo do que se aventurar na cidade. “A gente não tem patrão. Não tem ninguém mandando na gente”, conta Celmo, entre risos.
Eles tentam manter nos pequenos o apreço pela vida no campo. Desde que Eduardo passou a frequentar a escola, o garoto começou a deixar o alemão de lado e falar somente português. A mãe, preocupada, insiste para que ele mantenha o contato com a língua. A caçula já é ensinada a balbuciar as primeiras palavras em alemão. “Dizem que se aprender português primeiro fica mais difícil ensinar o alemão. A gente não quer que eles deixem nossa língua de lado. Não quer que ela se perca com o tempo”, espera Gernice.
Nossa safra mais preciosa é de parcerias e prosperidade. Por isso, a homenagem de hoje é para a cidade que é parte dessa colheita. Parabéns, Santa Cruz do Sul.
www.souzacruz.com.br
8
do Sul
Bruno Pedry
Quarta-feira, 28 de setembro de 2016 | Gazeta
Valor do anúncio: R$ 453,60 CNPJ: 25848549/0001-61
■ Ari e Lisane Metz não perdem a oportunidade de encontrar os amigos e dançar durante os tradicionais festejos de integração nas localidades do interior APEDIDO
Saúde e Educação com Voz
Gostamos de
Vereadora
Coligados com o Povo Coligação PTB - DEM - PT do B - PSD - PR
diversão Nos momentos de folga, especialmente nos fins de semana, famílias deixam a lida do campo de lado para encontrar os amigos A sede da Sociedade Esportiva e Cultural Monte Alverne (Secma) se torna pequena para abrigar a polonaise. A fila de casais passa por uma das portas, cruza pela frente do prédio e ingressa novamente no salão, ao som da música tradicional e dos aplausos animados. A IX Breunig’s Fest, realizada no último fim de semana, é o resumo do que se entende por lazer no interior de Santa Cruz do Sul. As horas de folga, especialmente aos domingos, são momentos para deixar a lida no campo de lado e se encontrar com os amigos. Natural de Monte Alverne mesmo, Laurete Breunig Schneiders, de 38 anos, reside no município de Venâncio Aires. Mas não perde a chance de voltar ao distrito onde cresceu. Ela foi uma das organizadoras da nona edição da festa, organizada a cada dois anos em um local diferente. Como forma de relembrar e homenagear a imigração dos antepassados, o evento reúne descendentes de vários lugares. Excursões de Horizontina, Panambi, Condor, Nova Petrópolis, do Paraná e até do Mato Grosso desembarcaram no início da manhã em Santa Cruz do Sul. Após o culto e o canto do hino dos Breunig, deu-se o momento para relembrar a história e a ge-
nealogia da família. O tradicional almoço foi servido para 450 pessoas. Depois teve início a parte mais aguardada da festa. “A polonaise não pode faltar”, divertese Laurete. Entre os casais empolgados com a dança estão Ari Metz, 53 anos, e Lisane Metz, 54 anos. Moradores de Linha Júlio de Castilhos, bem próximo de Monte Alverne, também auxiliaram na organização da festa. Percorreram as casas dos vizinhos, convidando um por um para participar do encontro festivo. O empenho deu resultado. Mas a Breunig’s Fest não é o único evento que mobiliza os agricultores. Quermesses, festas de família e eventos religiosos estão na longa lista de atividades do casal. “A gente praticamente participa em tudo”, conta Ari. Até o fim da festa, os participantes já tinham decidido sobre a próxima edição. Linha Andrade Neves, também em Santa Cruz do Sul, vai sediar em 23 de setembro de 2018 o décimo encontro. Serão comemorados os 150 anos da imigração dos Breunig para o Brasil. Bem antes disso, lembram os Metz, agora em outubro, tem a quermesse de Linha Júlio de Castilhos, com 700 almoços. Trabalho que não assusta o casal. Pelo contrário, eles querem é que chegue logo.
nome De amador, só o
do Sul
9
Bruno Pedry
Quarta-feira, 28 de setembro de 2016 | Gazeta
Grande número de pessoas sai de casa todos os fins de semana para acompanhar as partidas de futebol das ligas, com disputas que empolgam o público
Quando o fim de semana chega no interior de Santa Cruz do Sul, milhares de pessoas saem de casa para acompanhar peleias emocionantes. E essa paixão não causa surpresa. As partidas de futebol das ligas amadoras estão cada vez mais disputadas, empolgando o público, atraindo investimentos e, acima de tudo, valorizando o esporte. Boa Vista, Linha Santa Cruz, São José, São Martinho, Guarani, João Alves, União, Avante, Linha Nova, Pinheiral, Rio Pardinho, Flor de Maio e Araçá, entre outros, dividem-se nos principais campeonatos do interior do
município: Lifasc, Monte Alverne e Vale do Castelhano. A maioria dos jogadores, dirigentes e técnicos trabalha durante a semana e, nos sábados e domingos, vive o futebol. Esse é o caso do eletricista Max Goettems, um dos emergentes treinadores da cidade. “Trabalho no Centro todos os dias. Mas, nos fins de semana, é tudo futebol. Se por acaso não tem jogo, sinto falta. É um vício.” Com orgulho, o homem de 44 anos vê a prateleira cheia de troféus e medalhas em sua casa. “Jogo bola desde que me conheço por gente. Estive em vários times, mas a consagração veio
■ Max Goettems (à beira do gramado) treinou a seleção de Monte Alverne no começo do ano, além de vários outros times
como técnico. Já tenho mais de dez títulos”, celebra. Há 12 anos ele começou a treinar o Flor de Maio, passou por diversos times e agora está no São Martinho. Max chegou a treinar em Venâncio Aires, mas gosta mesmo do
futebol de Santa Cruz, pois conhece quase todos os jogadores e tem mais facilidade de formar times competitivos. “É diversão, sempre a comunidade se envolve com a diretoria e todos trabalham juntos pelo esporte.” Para
ele, o futebol no interior vem melhorando bastante, com apoio do município e investimentos das diretorias. “É muito trabalho e planejamento, mas tudo compensa quando vejo o amador cada vez mais forte.”
Quarta-feira, 28 de setembro de 2016 | Gazeta
Bem-vindo ao
clube
Entidades tradicionais no município oferecem esporte e lazer, seja para fugir do calor, seja para jogar golfe em um dos melhores campos do Sul
do Sul Quando chega o verão, Marilu Martins, de 59 anos, já tem um lugar garantido para se refugiar do calor. A poucos quilômetros do Centro, na sede campestre do Clube Aliança, encontra uma estrutura com piscinas perfeita para se refrescar. “Nos dias de folga e aos fins de semana, pego meus óculos de sol, meu chapéu e nem preciso companhia”, conta ela, que também curte o programa com a filha, genro e os dois netos quando conseguem conciliar a agenda. “É tudo muito bo-
nito, arborizado, funciona muito bem”, acrescenta. Sócia da entidade há 30 anos, a professora aposentada ainda costuma frequentar a academia e as tradicionais boates anos 80 promovidas pelo clube, no salão do Centro. O empresário Claudio Spengler, de 51 anos, é outro santacruzense que encontra em um clube o espaço ideal para desopilar. Fundado há 57 anos, o Santa Cruz Country Club (SCCC) fica a dez minutos do Centro e tem como diferencial uma área para golfe. Geralmente às terças, no intervalo do almoço, e aos sábados, Spengler vai ao local para praticar o esporte e depois se reunir com amigos. “Independente de o jogo estar bom, a beleza ímpar do lugar compensa”, elogia. Foi no Country também que ele teve a grata surpresa de descobrir o talento de uma das filhas – Bruna, de 26, já foi campeã brasileira de golfe juvenil. Para Claudio Spengler, não só de bons clubes vivem os santa-cruzenses. “Viver em Santa Cruz é ótimo. Mesmo com todos os problemas que o País e o Estado enfrentam, Santa Cruz é uma cidade bem cuidada, bonita e com bons restaurantes, que são o nosso ponto alto”, ressalta.
Fotos: Lula Helfer
10
■ Além de jogar golfe, Spengler também admira beleza do Country
■ Marilu: sede campestre do Aliança é um bom refúgio no verão
12
Quarta-feira, 28 de setembro de 2016 | Gazeta
do Sul
Combo de natureza e
De parques a cafés coloniais, cidade oferece um conjunto de atrações para curtir o fim de semana e ainda agradar ao paladar cal são as irmãs Vitória, 18, e Katherina Goulart, 16. Depois de cumprir uma hora de pedalada, elas têm como atividade preferida sentar em um dos bancos localizados em frente ao lago e curtir a vista. Do outro lado da cidade, há também aqueles ambientes propícios para quem gosta de observar o movimento da cidade e, ao mesmo tempo, relaxar. Localizada no privilegiado e central Túnel Verde, o Monumento ao Imigrante e a Praça da Bandeira são cenários de rodas de chimarrão, conversas entre amigos, piquenique em família e até brincadeiras entre pais e filhos pequenos. Com o mate-amargo em mãos, o casal Laura, 59, e Samuel Cortez, 58, não abre mão de curtir o clima da praça aos fins de semana. “Sempre que possível, e às vezes fazemos isso até nas segundas-feiras quando eu folgo, nós viemos até aqui para tomar um chimarrão e conversar. É o nosso momento de lazer”, diz a cabeleireira Laura. E o companheiro Cortez assina embaixo.
■ Casal Cortez não abre mão da Praça da Bandeira para o mate-amargo e bater um papo durante os momentos de lazer Banco de Imagens/GS
Além da vocação empreendedora, Santa Cruz chama atenção pelas opções de lazer que oferece a quem busca curtir os fins de semana ou feriados. São praças, parques e espaços que proporcionam aos seus habitantes contato mais próximo com a natureza. É na sutileza desses detalhes que locais como o Lago Dourado, os parques da Gruta e da Cruz e até mesmo as praças da Bandeira, Getúlio Vargas e do Monumento ao Imigrante configuram os “points” dos santa-cruzenses e até de quem reside em municípios vizinhos. A família Kaiper, por exemplo, costuma frequentar o Lago Dourado sempre que sobra um tempo livre. Segundo a professora Joceli, 42, é um privilégio poder desfrutar da tranquilidade oferecida. “Aqui bate uma brisa maravilhosa à tardinha. É uma ótima terapia para mandar embora o estresse e ainda colocar a saúde em dia com pedaladas ou caminhadas”, diz. Outras santa-cruzenses que gostam de aproveitar o fim de tarde no lo-
Bruno Pedry
tranquilidade
Gastronomia que marca vidas
9HUHDGRUD
&ROLJDGRV FRP R 3RYR
37% &ROLJDomR 37% 36' '(0 37 GR % 35
E se de um lado Santa Cruz oferece espaços que aliam tranquilidade, movimento e natureza, de outro, a aposta é mesmo na gastronomia típica. Nesse embalo de sabor, quem vibra são amantes dos cafés coloniais. A porto-alegrense radicada em Santa Cruz, Margarete Rauber, 60, é fã de um estabelecimento que serve um dos banquetes mais famosos da região.
Tanto é verdade que já escreveu parte de sua história no local, onde as cucas e tortas atraem pessoas de diferentes cantos do Estado. “Comemorei a minha formatura, celebrei a crisma e comunhão dos meus filhos e, em novembro do ano passado, escolhi o café para marcar a chegada dos meus 60 anos.” Segundo Margarete, é difícil definir qual guloseima é a mais saborosa. Não nega, porém, a preferência pela torta alemã e pelo pão integral com nata, schmier e linguiça. “Acho que esses espaços marcam Santa Cruz. São ambientes acolhedores e ao mesmo tempo refinados que oferecem, acima de tudo, qualidade nos produtos.” Não é à toa que Margarete, sempre que vai à Capital, indica o tal café para amigos e conhecidos.
■ Delícias dos cafés coloniais transformam os lugares em pontos de encontro
Uma
delícia
do Sul
13
Giovana Berti Previdi/Divulgação
Quarta-feira, 28 de setembro de 2016 | Gazeta
Variedade gastronômica disponível nos restaurantes da cidade pode ser comparada à de grandes centros, mas com um custo-benefício muito melhor rantes de massas, tanto recheadas quanto clássicas, e pizzas de um estabelecimento que foge de sabores comuns e oferece combinações requintadas. Mesmo com o gosto inclinado à cozinha italiana, ela também reconhece a qualidade das demais empresas, com propostas diferentes. “Quem vem passar uma semana na cidade e quer ir uma vez por dia em cada restaurante, sai falando muito bem. Se passar cinco dias em Santa Cruz, com cinco locais para almoço, cinco cafés e cinco jantares, vai sair satisfeito. O que tem é bem servido, é muito bom.”
Aos turistas que esperam pelo prato típico alemão, ela recomenda um que faz parte da Rota Germânica, em Rio Pardinho. “Lá têm um bufê especializado em comida típica alemã, com chucrute, linguiça e até a sobremesa é da cozinha alemã.” Giovana destacou ainda a quantidade de empreendimentos do ramo no último ano, todos com alto padrão. Ao todo, Santa Cruz já tem 111 restaurantes registrados, conforme dados da Secretaria Municipal da Fazenda. Entre as opções no Centro, há estabelecimentos de comida tailandesa, italiana, chinesa e japonesa.
■ Estabelecimento no Centro oferece combinações requintadas para pizzas Lula Helfer
Um dos pontos fortes de Santa Cruz do Sul é a gastronomia diferenciada. Por isso, pelo menos uma vez por semana, a empresária e publicitária Giovana Berti Previdi, de 30 anos, dedica algumas horas a desfrutar das delícias disponíveis na cidade. Para ela, a variedade gastronômica pode ser comparada à de grandes centros, mas com um custo-benefício muito melhor. “Os restaurantes mais refinados não devem nada aos de Porto Alegre e são mais em conta”, avalia, sobre o nível de qualidade dos pratos. De origem italiana, Giovana tem preferência por restau-
■ Giovana: várias opções de restaurantes e excelente qualidade dos pratos
14
Quarta-feira, 28 de setembro de 2016 | Gazeta
do Sul
jovem
Lula Helfer
Cidade
Polo de ensino, todos os anos Santa Cruz do Sul atrai estudantes de diversas regiões, que movimentam a economia local A juventude aproveita o que Santa Cruz do Sul oferece de diversas formas e movimenta a economia do município. A estudante de Relações Públicas da Unisc, Letícia Santos, de 21 anos, nasceu em Porto Alegre, mas tornou-se santa-cruzense de coração. Ela vive na cidade desde os 3 anos. E o que mais gosta é o sentimento de aconchego, proporcionado principalmente pela arborização da região central. “Adoro passear, caminhar pelas ruas. A cidade é aconchegante. Tem muitas coisas, bares legais, festas boas”, ressalta. Já o rio-pardense Ben-Hur Figueiredo, de 21 anos, aluno de Educação Física da Unisc, está radicado em Santa Cruz do Sul para estudar. E aprecia as praças e pontos turísticos. “Sou mais caseiro, não saio tanto à noite. Mas sou adepto dos exercícios físicos e por isso utilizo as academias ao ar livre. Tem vários espaços
■ Ricardo Richter frequenta lugares como o Espaço Camarim desde a criação do local, há 23 anos
cultura Vida longa à
Ele está no coração da cidade. Pertinho de um café charmoso. Em frente à Praça da Bandeira e com seus imponentes janelões abertos para as arborizadas Marechal Floriano e Borges de Medeiros. É no Espaço Camarim que a música, a expressão, a cultura e a arte vibram há 23 anos. O publicitário Ricardo Richter, 66, frequenta o local desde o ano de sua criação. De lá para cá, assistiu a um bocado de peças, curtiu o clima do bar e da simpática biblioteca e também acompanhou a caminhada dos idealizadores. “Com a luta quixotesca da Simone Bencke, Duca Spall e Pilly Calvin, junto com seus asseclas, a programação cultural fica menos árida. É um espaço aconchegante, eternamente em mutação, como convém às almas artísticas”, declara. Ele ainda frequenta a Casa das Artes Regina Simonis, o Teatro Mauá e as apresentações
que acontecem no auditório da Unisc. “Onde tiver algo que valha a pena ver e ouvir, eu vou.” Citado pelo publicitário, o Teatro do Colégio Mauá é outra opção que fomenta a vida cultural. Prova disso são os artistas que por lá já marcaram presença. Frejat, José de Abreu e espetáculos como o Ballet Nacional da Rússia, bandas cover dos Bee Gees e Abba são alguns dos exemplos. Inaugurado em 2001, o teatro oferece 720 lugares e tem uma frequência média de quatro apresentações por mês. O município conta com quatro salas de cinema: duas no Max Shopping Center e duas no Shopping Santa Cruz. São 16 sessões diárias e 18 aos fins de semana. Já o cinema alternativo é proporcionado pela Associação Amigos do Cinema, com exibições todas as terças-feiras no auditório do Sindibancários.
Bruno Pedry
Diversos espaços fomentam a área no município, com espetáculos que valorizam a alma artística, além das opções de cinema
para a prática de atividades”, salienta. Entre os adolescentes, os locais a céu aberto fazem sucesso, como exemplifica a estudante do 3ª ano do ensino médio, Helena Manzke, de 17 anos. “Gosto de ir ao shopping, ao cinema, mas também frequento as praças do Centro e adoro o convívio com a natureza proporcionado pelo Parque da Gruta”, diz. Para se locomover, uma porção dos estudantes prefere utilizar o transporte coletivo urbano. O movimento cresce nas linhas de ônibus durante o período letivo. Segundo levantamento da TC Catedral, uma das empresas de transporte do município, o número de passageiros com cartão escolar teve média de 37 mil em dezembro, janeiro, fevereiro e julho deste ano. Entre agosto e novembro do ano passado e entre março e junho deste ano, a média subiu para 67 mil.
■ Estudante de Educação Física, Ben-Hur Figueiredo, 21 anos, aprecia as praças e pontos turísticos
138 anos de crescimento através de uma gente que acredita no futuro, trabalhando sempre para o desenvolvimento da região. Nossa homenagem a Santa Cruz do Sul. /SantaCruzServicos
Rua 28 de Setembro, 1031, sala 202 - Santa Cruz do Sul, RS
(51) 3056-3004
Banco de Imagens/GS
Quarta-feira, 28 de setembro de 2016 | Gazeta
do Sul
15
tradições Santas
■ Festas de todos os estilos atraem público inclusive regional para Santa Cruz
noite
No cair da
Fora dos bares e boates, Santa Cruz também é movimentada nas distribuidoras de bebidas, nos postos de gasolina e nas suas praças Quando o sol começa a se aproximar do Morro Botucaraí, uma nova Santa Cruz nasce. Com o encerramento do expediente, o movimento no Centro passa a ser nos bares e pubs. Logo, com o avançar da noite e o fim das aulas, o público se dirige às boates, casas de shows, bailes ou mesmo à rua. A vida noturna por aqui é assim, começa cedo e não tem hora para acabar. Opção é o que não falta na noite santa-cruzense. Entre as boates e casas de shows, somam-se nomes consagrados e potenciais novidades. Spirit, Level, Legend, Sunset, Casa Velha, Hory/Nyx, Dublin, Yves, Cyclone, Mannsão e Inside, entre outros, oferecem música e diversão para todos os gostos. O mesmo serve para aqueles que preferem uma noite mais tranquila, com boa cerveja e gastronomia. É variedade desde as cervejarias locais, Heilige e Proeza, até os bares com opções tradicionais, como Amsterdam, Provisório, Rota Floriano, Brahma e Frei Caneca. Também tem muita alegria nos bai-
les. LaBarca, Giganthe, Fortaleza e Salão Goerck são alguns exemplos. E fora dos estabelecimentos, Santa Cruz também é movimentada nas distribuidoras de bebidas, nos postos de gasolina e nas suas praças. O músico e DJ Guinther Bender, que frequenta a vida noturna de Santa Cruz desde os anos 80, considera a noite da cidade uma das melhores do Estado pela sua variedade em praticamente todos os dias da semana. “Comecei a viver a noite com minha banda aos 14 anos de idade. Abri e fui sócio de alguns bares e vi começar essa cultura das festas durante a semana por aqui”, conta Bender. Hoje, ele vê locais com potencial para se tornarem ótimos pontos de shows, festas e eventos culturais na cidade. “Para mim, as festas mais marcantes e que não existem mais foram o Van Gogh e o Café Floriano, que começaram a oferecer opções culturais enquadrando Santa Cruz em um nível comparável a Porto Alegre, Santa Maria e Caxias do Sul”, relembra.
No mesmo município, uma mistura de costumes indígenas, alemães, negros, gaudérios, italianos e de quem mais por aqui passou. Desde o início do povoado, hábitos de vários povos influenciaram o estilo de vida e definiram as tradições cultuadas pelos santa-cruzenses de hoje. A cada geração, as contribuições de outros países criaram uma Santa Cruz multicultural com instituições que agregam pessoas com um único objetivo: valorizar o passado, mantendo a chama da cultura viva para o futuro. Que Santa Cruz é uma cidade de ares predominantemente alemães, não se pode negar. Assim
como deixaram lições sobre trabalho e força de vontade, o lazer e a diversão também eram importantes aos imigrantes. É por isso que o Centro Cultural 25 de Julho se preocupa em pesquisar e transformar a história em dança, canto e outras manifestações. A coordenadora cultural do 25 de Julho, Maria Luiza Rauber Schuster, diz que foi no centro que se encontrou como pesquisadora. Para ela, ao realizar um resgate histórico, é como se conhecesse um pouco mais sobre sua vida. “Eu entendi o que os meus avós diziam e por que faziam determinadas coisas”, observa.