Vem pro embate! / Novos métodos de ensino

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Gazeta Vargas

Gazeta 15 Anos

VEM PRO EMBATE! Alípio Ferreira Rafael Heredia

N

o geral, uma característica dos alunos que se aproximam da Gazeta Vargas é a inclinação ao debate de idéias, valores e temas “quentes” (de fora ou de dentro da FGV, não importa). Acreditamos que esta inclinação ao debate seja um elemento central na formação profissional e cidadã. Enquanto nos EUA existem os famosos “debate clubs” em escolas e universidades, no sistema educacional e na sociedade brasileira continuamos presos à tradição de cordialidades e fidalguias. É uma pena, mas tivemos a oportunidade de não nos filiar a esta tradição. Em diversas ocasiões, foi necessário bater de frente com a direção das Escolas (Edição #80 e #85), do DAGV (#83) e, (por que não?), até com o Senado Federal (#80). E justamente um dos elementos que nos motivavam e davam coragem, era o fato de que os resultados e reações ao nosso trabalho sempre surgiam muito rapidamente (o que, infelizmente, nem toda entidade estudantil ou atuação profissional é capaz de propiciar). De um cotidiano repleto de embates, em que muito criticamos e muito fomos criticados, hoje é possível perceber o quanto enriquecemos nossa formação, deixando marcas indeléveis na nossa atuação profissional e no nosso espírito público. O trabalho jornalístico, que no universo geveniano é próprio e único à Gazeta Vargas, exige o desenvolvimento de habilidades, desde as mais elementares, como a disciplina e a superação dos frequentes bloqueios criativos, até

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o espírito de cooperação e motivação necessário para preencher plena e satisfatoriamente 32 páginas de edições interessantes, provocativas e surpreendentes. Além do seu caráter jornalístico, a entidade Gazeta Vargas é única, pois o trabalho de seus membros resulta em um produto concreto (a Revista), que passa pelas mãos de milhares de pessoas. Também é única a capacidade da Gazeta, inclusive com relação às outras entidades estudantis, de suscitar reações (apaixonadas ou furiosas, críticas ou lisonjeiras) ao seu trabalho, sendo a medida do sucesso o tamanho e qualidade da repercussão gerada. O desafio criativo de preencher páginas, inicialmente brancas, verdadeiras tábulas rasas, de conteúdo pertinente e instigante, foi interpretado de maneiras muito diversas nestes 15 anos de existência. Inicialmente criada como uma revista do DA, era quase que exclusivamente voltada às questões internas da faculdade e dos alunos. Uma vez estabelecida a independência financeira (na gestão Lichand/João Bezerra), passou a ter mais autonomia, criticar o próprio Diretório e abrir suas páginas a temas mais diversos. Em especial na gestão do editor Felipe Salto, a Gazeta procurou deliberamente imprimir maior atenção aos temas pertinentes à vida pública brasileira, especialmente economia e política. Essa trajetória comprova a imensa versatilidade destas páginas, sempre acolhedoras às mais diversas correntes editoriais e de opinião. Cada momento da vida pública (geveniana ou não) tem seus temas mais pungentes, e a página em branco se insinua constantemente aos que tenham coragem, disciplina e espírito público para registrá-los. Como diziam os romanos, “Verba volant, scripta manent” [“as palavras voam, a escrita permanece”]. A experiência da atuação na Gazeta certamente é capaz de proporcionar aos alunos que dela façam parte, a valiosa vivência de escapar à auto-referência, à introspecção das opiniões e ao comodis-

mo de fugir do embate de idéias. Muito ao contrário, escrever implica expor-se. Implica a reflexão grave e profunda de como expor opiniões, fatos, apurações. Não queremos aqui, no entanto, ludibriar: por vezes hesitamos frente ao combate, à crítica e ao desafio enorme que consiste em reunir todas as características de uma boa publicação. Foram o engajamento, a motivação e a cooperação da equipe (fenômenos sempre tão caros à análise de administradores e economistas) que sustentaram este projeto e permitiram consolidar um período de trabalho para nós bastante prazeroso e produtivo. No nosso entender, portanto, é a existência ou ausência de membros engajados (para muito além de editores e presidentes), motivados e cooperativos, que determinarão a exuberância e relevância da Gazeta Vargas. O potencial existe e é enorme. Cabe aos gevenianos, atuais e vindouros, a tarefa instigante e prazerosa de aproveitar esta vaga de oportunidade e continuar este projeto. Como ex-alunos da FGV e ex-membros, já empenhados em outros projetos profissionais e de vida, podemos garantir-lhes: não se arrependerão. ¤

Alípio Ferreira foi Editor-chefe da Gazeta entre 2009 e 2010 .

Rafael Heredia foi presidente da Gazeta entre 2009 e 2010

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