GAZETA VARGAS
Flagra
E chove na capital (2)... Mariana Moreira
No dia 10 de fevereiro cai mais uma รกrvore na Itapeva. Apesar de sรณ os alunos de economia estarem em aulas, o transtorno causado afetou bastante as atividades na FGV. Esperamos que Sรฃo Pedro pare de castigar os gevenianos destruindo as poucas รกrvores que temos.
A G azeta Vargas jรก tem um site!!! Acesse, deleite-se, regozije, refestele-se, repimpe-se no glorioso: www.gazetavargas.org 2
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Editorial
gazetavargas@gvmail.br
Gazeteiros Redação
Alípio Ferreira – Editor chefe - 5º Economia alipiof@hotmail.com
Eduardo Miyamoto - 5º AE efmiyamoto@gmail.com
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Rafael Rossi Silveira - 8º AE ra_rossi@hotmail.com
Impressão
Ecoprintt
Capa
Daniel Fejgelman - 5º Economia daniel.fejgelman@gmail.com
Tiragem
3000 exemplares
Quem tem medo da imprensa?
S
e o leitor acredita que seja compromisso de figuras públicas que justifiquem seus posicionamentos, prestem contas e respondam às críticas com sinceridade intelectual e coragem, aí vai a dica óbvia: não é bem assim que acontece. Após a publicação da última edição da Gazeta Vargas, recheada de críticas às gestões das Escolas, da FGV e do DAGV, a galhardia morreu na praia. Excetuando alguns casos, como o professor Nakano, as outras personalidades alfinetadas na edição #82 desdenharam solenemente as críticas ou se rebelaram com infantil hostilidade. Nakano, sem dúvidas o mais criticado na edição, recebeu os textos com tranquilidade e respeito, e escolheu abster-se de comentá-los. Por outro lado recebemos alertas e ameaças de represálias, vindas de pessoas muitos desavisadas. Ignoram talvez que estamos cientes de nossos riscos e responsabilidades enquanto imprensa crítica e presente. Se não podemos falar de democracia e de ataques acintosos contra ela; se não podemos fazer críticas e registrar os debates que se travam; enfim, se a Gazeta deve ser uma publicação cabisbaixa e submissa, talvez realmente estejamos errando. Por absurdo que isso possa soar, é assim que boa parte da “elite política” da FGV pensa que a Gazeta Vargas deveria ser. E são cabeças antidemocráticas como essas que, vendo publicadas suas más ações e intenções, calam-se ou apelam à truculência: é a Gazetofobia. Se o presidente de um Diretório pseudo-Acadêmico resolve jogar nas costas
da imprensa a responsabilidade por uma crise política em sua gestão; se a diretora de uma Escola de Administração escolhe calar-se quanto a discussões de interesse coletivo; eles é que se entendam com seus representados. Na Gazeta Vargas têm a oportunidade de aceitar o debate e legitimar suas posições pela força do argumento, ao invés da truculência. Entretanto, nem sempre a informação nos cai em mãos por meio de depoimentos. A investigação jornalística é necessária porque alguns tipos de lideranças, com tendências antidemocráticas, querem manter a resolução de conflitos no sigilo de um gabinete, mantendo-os secretos, impedindo-os de existir. O professor José Garcez Ghirardi, do Direito GV, teceu aos membros da Gazeta Vargas sábias palavras sobre a importância da imprensa: “Aquilo que não é publicado, não existiu”. E aquilo que não existiu, não se resolveu. E na falta de soluções, repetem-se os erros... A missão da Gazeta Vargas é ser um fórum legítimo de proposição e registro de debates relevantes à comunidade FGV-SP. Ao registrar os debates, torna-os reais. A crise no DAGV poderia passar despercebida, ser resolvida em silêncio e, em algum tempo, sequer haver existido, e quem sabe um dia ocorrer novamente. Isso sim dá muito medo.¤
Alípio Ferreira
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Carta
do leitor
Prezado Editor, Sou professor da EAESP desde 2004 e leio com interesse e em detalhe as edições da Gazeta Vargas que encontro com certa regularidade em meu escaninho. Escrevo para cumprimentá-los pela qualidade geral da revista e admitir que aprendo mais sobre a FGV e as Escolas de SP através dela do que das fontes de informação internas. Incomoda-me, entretanto, o fato de não saber quem está por trás da publicação e quais seus objetivos. Não encontrei absolutamente nada na edição #82 nesse sentido (capa e primeira página seriam os locais mais óbvios). Antigamente pensava que fosse uma publicação do DA da EAESP, mas agora me parece claro que não é o caso. Apreciaria receber algum esclarecimento. Sugiro que algo nesse sentido seja incluído em futuras edições, bem como maiores informações sobre os autores das matérias e em que capacidade estão relacionados às escolas da FGV (exemplos: aluno do 5º período do CGAE, Graduado do CGAE 2006, professor). Atenciosamente, Prof. Paulo Fraletti Professor da EAESP (CFC)
Gazeta Vargas: Prezado professor Paulo Fraletti, Como o senhor mesmo notou a Gazeta Vargas não é uma entidade vinculada ou submetida ao DAGV. Constituímos uma Associação Cultural independente, com própria personalidade jurídica e independência financeira e editorial. Diferentemente de outras entidades, inclusive, não possuímos sequer repasses da FGV para a cobertura de eventuais custos operacionais (centro de custos). Quem está por trás da publicação são alunos da FGV-SP, que elegem as pautas a serem pesquisadas e discuti-
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Cartas das, assim como estabelecem valores e diretrizes institucionais da entidade. Constituímos uma entidade predominantemente democrática e autogestionária, em que grandes questões - como ética, estilo e temas - são debatidas longamente e decididas coletivamente. ___________________________ A Gazeta Vargas #82 fez menção a diversas personalidades que circulam pela FGV. É de nosso interesse saber como essas pessoas encaram a publicação e o conteúdo publicado a respeito delas. Por isso, perguntamos a todas elas o que acharam da edição, e obtivemos as seguintes respostas: Prezados, Agradeço a vocês pela atenção. Quanto aos textos “Getulios Vargas” (pag. 23) e “O i-Getulismo” (pag. 24), nada tenho a comentar, pois trata-se de uma opinião pessoal, no primeiro caso, e de uma interpretação de fato, no outro. No tocante ao texto “Muito discurso, pouco resultado”, já tive a oportunidade de informar, ao redator da Gazeta, que o Plano de Desligamento Incentivado, ao contrário do noticiado, já foi concluído, com a homologação do Sindicato dos Professores, e a adesão de um número significativo de professores. Cordialmente, Prof. Francisco Mazzucca Diretor da FGV-SP __________________________ Caros editores da Gazeta Vargas, Quanto aos textos “Getulios Vargas” (pag. 23) e “O i-Getulismo” (pag. 24), nada tenho a comentar, pois trata-se de uma opinião pessoal, no primeiro caso, e de uma interpretação de fato, no outro. No tocante ao texto Espaco Aberto , já conversei com Tiago Tadeu a respeito dos projetos e as realizacoes recentes da EAESP. Comentei tambem que o Plano de Desligamento Incentivado, ao contrário do noticiado, já foi concluído, com a homologação do Sindicato dos Professores, e a adesão de um número significativo de professores.
Cordialmente, Maria Tereza Fleury Diretora da EAESP-FGV
Gazeta Vargas Prezada professora Fleury, Nós da Gazeta Vargas ficamos muito contentes em notar a alta sintonia da diretoria da EAESP com a diretoria da FGV-SP. Esperamos que essa “sinergia” se mostre profícua para a execução de outros projetos da escola, como as propostas definidas no SAP. ___________________________ O Prof. Nakano agradece, mas não dará posicionamento sobre os textos onde mencionaram seu nome e suas atividades. Atenciosamente, Deise Esteves Secretária da Diretoria Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas ___________________________ Caros, Em relação à menção que a GzV faz a mim, concordo com o que foi publicado - realmente reflete parte do que eu disse na entrevista. Confesso que tenho certo receio de dar entrevistas porque, ao editar a matéria, o que foi dito na entrevista geralmente acaba sendo abreviado ou truncado e, muitas vezes, descaracteriza o que foi dito ou o coloca fora de contexto. Não foi o caso nessa entrevista - embora vocês tenham reproduzido apenas uma pequena parte de tudo que disse, o que ficou realmente é importante para a matéria e não está descaracterizado. Parabéns pelo trabalho! E, aproveitando: parabéns também pela linguagem usada, pelo estilo de redação, pela apresentação da matéria e pela versão on-line (eu não sabia que existia e me surpreendeu o profissionalismo). Abraços a todos vocês. David Hastings
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Cartas
gazetavargas@gvmail.br Professor da EAESP (CFC) Equipe Gazeta, Primeiramente, parabéns pela iniciativa. Tentar entender a visão do público-alvo a respeito de uma edição é muito bacana, e sugiro que mantenham essa atitude. No geral, achei a # 82 mediana. Quando leio a Gazeta, espero análises, críticas, informações novas. Isso, claro, sobre o universo GVniano. Não espero uma Gazeta 100% "interna" , mas que traga mais conteúdo interno do que externo. E isso há tempos não vejo na Gazeta...De qualquer forma, foi uma edição bacana em termos de diagramação e distribuição de conteúdo. Fiquei chateado que meu texto - teoricamente forte, pesado - tenha ficado tão "escondido", na última lâmina. Mas entendo... De resto, a #82 estava ok. Acho que ela explorou bem a "viralização" - mesmo saindo bem no final do semestre, muitos tiveram acesso online. Sugiro
que explorem mais isso. É uma ótima saída à redução de custos! Contem comigo para o que precisar. E continuem firme nesse desafio tão enriquecedor! Abraços, Tiago Tadeu Aluno do 8º Semestre de AP ___________________________ Primeiramente gostaria de agradecer a oportunidade de me manifestar acerca dos breves comentários discorridos quanto à nossa gestão no Centro Acadêmico da Direito GV. Fico contente em saber que vocês carregam devotos compromissos para manter o discente informado, e colher feedback certamente os trarão mais próximos dessa meta. No tocante ao texto, tenho poucos comentários. Quanto ao método do autor (Ricardo), creio que este tomou todos os devidos cuidados como jorna-
lista: i) participou do debate e o presenciou até o final e ii) realizou uma breve entrevista comigo depois do debate. Parabenizo-o por ter colhido minhas perspectivas antes de publicar a matéria. Quanto ao mérito, a matéria me parece fidedigna. Grande abraço, Fernando Ribeiro Presidente do CA Direito GV ____________________________ Na edição passada, no espaço reservado ao diretório acadêmico (precisamente no balanço do semestre), cometi o equivoco de não mencionar a participação da AAAGV no churrasco dos bixos, evento semestral feito em parceria entre as entidades, onde ambas subsidiam de forma igualitária os custos. Yuri Benelli Diretor Financeiro – DAGV
Seja GAZETA! Procuramos candidatos a: Você é: Criativo, res,-Diagramadoeditores de Curioso, imagens Crítico? Interna - Administração »»
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Curtas
Curtas da Gazeta Mudança de coordenador em economia
A Gazeta Vargas nesta edição precisou encontrar algum outro tema para colocar na seção “Na Mesma” do Altos e Baixos. Não poderemos mais nos referir à “concentração de cargos na EESP” sem causar espanto. Afinal, a partir deste semestre, o professor Yoshiaki Nakano não acumula mais os cargos de Diretor da EESP e Coordenador do Curso de Graduação em Economia (CGE), como o fazia desde agosto de 2008. À semelhança da Escola de Direito da FGV-SP, a coordenação do curso já estava dividida entre Coordenadoria do Projeto Pedagógico - ocupada pelo antigo coordenador do CGE, Marcos Fernandes Gonçalves da Silva - e Coordenadoria Acadêmica – esta até recentemente ocupada pelo professor Nakano. No dia 1º de fevereiro, o professor Nakano destituiu o professor Nakano do cargo de Coordenador, nomeando para o mesmo o professor Nelson Marconi.
Início prematuro de aulas em economia
Na EESP as aulas começaram cedo este ano: dia 1º de fevereiro. Enquanto nossos colegas administradores e advogados ainda curtiam suas férias burguesas, os economistas já ralavam com equações e teorias. Não era para menos: com uma crise aí fora, há muito que aprender. Na verdade, no entanto, não parece que foi devido à crise que os EESPartanos tiveram uma iniciação prematura às aulas. O calendário da Graduação este semestre está particularmente diferente, com uma inédita semana de folga
aos alunos e uma inovação pedagógica de um sadismo ímpar: ausência de semana de provas parciais, que serão aplicadas “sem aviso prévio”. Volta, Nakano!
Gazetas na Biblioteca
Apesar de no semestre passado a Gazeta Vargas ter anunciado que suas edições passadas estariam disponíveis na Biblioteca Karl A. Boedecker, alguns trâmites burocráticos se sucederam até que efetivamente as edições estivessem ao acesso do público. Assim, hoje, é com imenso prazer que as edições antigas da Gazeta já podem ser consultadas e emprestadas, e estão arquivadas na seção de periódicos da Biblioteca, localizada no primeiro subsolo (prédio da Nove de Julho). Agradecemos em especial a colaboração de Deolinda Martins e Marina Vaz, funcionárias da Biblioteca, para levar a cabo esse projeto.
10 anos do projeto da escola de Direito
A revista Getulio de fevereiro – mais uma homenagem póstuma da nossa querida Fundação ao nosso ilustre padroeiro – foi dedicada quase inteiramente à comemoração dos 10 anos do projeto da Escola de Direito da FGV-SP, a Direito GV. Na edição há uma entrevista com o professor Carlos Ivan Simonsen Leal e depoimentos de diversos professores e profissionais da área de Direito, dentre eles o professor de diretor da Escola, Ary Oswaldo Mattos Filho. Foi lançado recentemente também um livro muito fofo que narra a saga da
construção da Escola, A Construção de um Sonho. A Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas, à parte eventuais demonstrações de getulitarismo da parte dos dirigentes, é prova de que trabalho caprichoso e metódico é um fórmula simples e infalível para o sucesso.
Guinevere
E Começou a temporada de festas: A Guinevere “A Trois”, realizada dia 5 de março pelo CA da EDESP, superou expectativas quanto à organização e entretenimento: dentre as atrações principais. A organização do evento teve de mudar de planos quanto ao local da festa, uma vez que o local original havia sido impedido de funcionar pela Prefeitura. Rapidinho, no entanto, os experientes advogados gevenianos encontraram mais uma “casa” para realizar o festim. A Guinevere contou com o tradicional traje sensual completo, pole-dancers, Haägen-Dazs e algumas inovações, como o novo logo do CA. Inovação imperdível foi a nova grafia da palavra “suJestão”, com JOTA! Culpa da gráfica, dizem eles...
Matrículas na EAESP
A história parece se repetir... Início de semestre, e a Secretaria da EAESP/EESP fica lotada de alunos com diversas reclamações: sumiram de uma matéria, reprovaram em outra, desistiram desta, insistem naquela. Neste ano, no entanto, nem as secretárias sabem o que fazer. Com um sofisticado e estúpido software imposto – como sempre – de forma getulitária à Secretaria, vieram diversos problemas com matrículas, e os funcionários tiveram que se dividir para resolver os problemas.
Altos e Baixos Em alta »» Preços do Rockafé »» Mensalidade da FGV »» Problemas com matrículas EAESP
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Na mesma
Em baixa
»» Restrição de acesso ao Lounge Citibank
»» Número de diretores na gestão interação
»» Silêncio da FGV quanto ao desvio de verbas »» Inconstância no funcionamento da rede wireless
»» Credibilidade IPCC »» Índice de Getulitarismo do professor Nakano
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Opinião
gazetavargas@gvmail.br
Impressões Acadêmicas Rafael Rossi
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Ah, não, tudo de novo!?”. Acho que são as primeiras palavras que vêm à mente de muita gente quando aquele sopro de consciência nos invade a mente tranqüila em pleno fim de férias. Ao menos foi o que passou pela minha cabeça, cerca de três dias antes da efetiva retomada do período letivo na EAESP. O mais irônico é que poucas coisas se mantêm as mesmas num novo semestre na rotina de um aluno. Mal começou a primeira semana de aulas e lá estava eu tendo que decorar o esquema do novo semes-
Talvez seja isto que falte: um consenso sobre para que diabos estamos controlando presença.
tre. Bom, primeiro passo: anotar as regras malucas de cada professor. - Aula 1: nesta primeira aula a chamada é realizada pontualmente às 7h05, com falta na primeira aula para quem entrou depois de ter seu nome chamado, prova parcial não terá reposição em hipótese alguma (o professor aproveita para ressaltar o trecho no regimento interno da escola que lhe permite tal liberalidade), avaliação de participação e assim por diante; - Aula 2: Aqui o professor gosta de fazer chamada duas vezes por aula, uma no início de cada aula (advertindo que saídas da sala de
aula podem acarretar em falta na disciplina), com reposição da prova parcial, em caso de perda, com fator de redução de 25% (quem tirar 10, fica com 7,5 e assim por diante) entre outras filigranas. Bom, depois de anotar sete regras de chamada diferentes para sete disciplinas, marcar na agenda quais dias eu não posso ficar doente (nem que esteja morrendo) e quais a cidade não pode parar por qualquer calamidade pública, já estou pronto pra começar meu semestre com meu controle de faltas/ avaliações parciais. A mim, impressiona bastante a criatividade no desenvolvimento de tantas regras para registro de faltas e a incoerência com que se tratam, regimentalmente, as avaliações parciais. Quanto ao registro de faltas, acho que nem preciso explicar muito por que me impressiono. Temos professores que preferem da presença geral e privilegiar o aluno que comparece voluntariamente com uma aula livre de conversas paralelas, enquanto outros preferem manter um firme registro de presença (controlando até as saídas para o banheiro) com base no que cada um acredita ser o objetivo deste controle de faltas. Talvez seja isto que falte: um consenso sobre para que diabos estamos controlando presença. Aumentar a participação? Garantir quórum? Atender a exigências legais? Quanto tempo não é gasto com a administração de faltas e atrasos quando poderia ser utilizado para dedicar-se mais a esta ou aquela matéria? Ah! Tudo parece claro agora. Parece-me ser, na verdade, um reflexo da falta de preocupação desses pro-
fessores com a avaliação do aluno. Afinal de contas, se a preocupação principal da escola fosse com avaliar se determinado conhecimento foi adquirido pelo aluno, pouco importaria sua efetiva presença em aula, relevando a função desse registro a mero cumprimento de exigência legal. Aliás, que sentido faz o regimento determinar um peso máximo (40%) para a prova final e só prever a obrigatoriedade da reposição desta prova e não das demais? Se a preocupação da Escola com avaliações se limita a preocupações formais, parece que nem isso faz direito... Às vezes acho engraçada aquela velha discussão quanto a ter ou não a afamada reavaliação para evitar DP’s. Talvez se houvesse mais preocupação com a forma com que são feitas as avaliações, sequer fosse necessário discutir uma RE-avaliação. Matérias novas, professores novos, rotina nova. Muita coisa muda de semestre pra semestre. Ainda assim, já vislumbro mais um semestre com regras malucas, avaliações sem muito direcionamento, acesso negado à avaliação final antes do pedido de revisão, avaliações sendo usadas mais para punir do que para avaliar, enfim. Acho que aquela vozinha na minha cabeça tinha alguma razão. Parece que tem muita coisa que não muda a cada semestre, que eu vou ter que enfrentar tudo de novo, mais uma vez. ¤
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Gacetada!
Da teoria para a prática Pedro Veloso
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(...) contribuir para o desenvolvimento sócio-econômico do País, para a melhoria dos padrões éticos nacionais, para uma governança responsável e compartilhada (...).” Eis parte da missão da FGV, imponentemente fixada no sétimo andar do prédio da EAESP. Alguns de nós dedicam parte da vida acadêmica – em pelo menos 1 disciplina – a estudar a importância da Missão como pré-requisito para a excelência de uma organização. A missão é o elemento que define as organizações, o que as torna aptas a buscar sucesso. Dito isso, podemos levantar questionamentos acerca da conduta da FGV frente à condução de determinados assuntos, digamos, um tanto quanto incômodos a determinados interesses. Em 06/12/2009, a Folha Online veiculou a notícia “FGV é acusada de desvio de verba em São Paulo”. A reportagem discorre sobre a denúncia ajuizada pelo Ministério Público contra a Fundação por, juntamente com assessores do alto escalão da gestão da ex-prefeita Marta Suplicy, fraudar em 338% um contrato de R$ 21,8 milhões referente à prestação de consultoria para modernizar o sistema de informática das escolas municipais. Quando procurada pelo veículo de comunicação, a diretoria da Fundação disse que tomaria as medidas cabíveis conforme fosse comunicada sobre a ocorrência dessa ação civil pública. Essa notícia encontra-se no site da Folha Online. Movidos pela curiosidade e pela condição de parte constituinte dessa organização, os membros da Gazeta Vargas tentaram falar com o responsável pela área de contratos da FGV Projetos. Entretanto, o que
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se encontrou foi uma nebulosa rede de atribuições similar a um labirinto onde cada ligação resultava na necessidade de mais telefonemas, esperas e transferências de linha. Passada a aventura inicial, fomos capazes de localizar a assessoria terceirizada de imprensa da FGV Projetos. Após 6 dias de espera, obtivemos como resposta o clássico “Nada a declarar”. Existe um sábio adágio popular que diz “Quem não deve, não teme”. Pergunta-se, pois, até que ponto essa postura da FGV é coerente com sua missão. Em que medida uma organização pública, que se propõe a elevar os padrões éticos nacionais, pode manter-se calada perante uma denúncia de desvio de verba? A sociedade quer esclarecimentos e os membros da Fundação também. A sociedade por ver maculada a imagem de um centro de excelência onde são formadas lideranças nacionais e os alunos por estarem preocupados com a integridade vinculada a um símbolo que irá estampar seus currículos e sua história. Vale ressaltar que o reconhecimento adquirido pela Fundação decorre, entre outros fatores, do desempenho de seus alunos e ex-alunos, tanto no mercado quanto na academia. A discrepância entre missão e ações tomadas pela Fundação é
ainda mais evidente quando é feita análise do currículo de algumas matérias do curso de graduação em administração, tanto de empresas quanto pública. Em Introdução ao Brasil Contemporâneo, disciplina onde se estuda a recente história política e econômica do país, tem-se contato com a obra de Sérgio Buarque de Hollanda onde é exposto o tipo ideal do homem cordial que trata a esfera pública como continuação da esfera privada. Um dos resultados vem a ser a apropriação de recursos públicos para fins privados por dirigentes políticos. Isso sem mencionar o curso de Filosofia e Dilemas Éticos, que tem como um dos objetivos essenciais de aprendizagem “Problematizar os nexos entre Ética, Administração Pública e Administração de Empresas, e entre esfera pública e esfera privada.”. Em ambos os casos, o que se configura é o descolamento entre teoria e prática. Afinal, como mobilizar debates sobre a idoneidade na cena política brasileira sendo que há suspeitas pairando contra você que não são rechaçadas? A necessidade de esclarecimentos é, pois, imperativa. Maior transparência trará maior credibilidade e, consequentemente, maior coerência para com a Missão da FGV. Isso por sua vez diminuirá as incertezas concernentes a diversos agentes envolvidos com a Fundação, como os alunos e a sociedade. E por fim, será resolvido um dos principais problemas educacionais da atualidade a transposição da teoria à prática. ¤
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Crônica
gazetavargas@gvmail.br
Um grande debate dentro dos muros da fundação Fernando Fagá
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magine a cena. Em um auditório, empresários, professores e pesquisadores debatendo sobre o futuro do país. Na platéia, tanta heterogeneidade quanto no púlpito. Jornalistas, executivos e estudantes se misturavam. Um debate provocativo como um debate deve ser. Um tema polêmico, o mercado de cambiais, diferentes interesses e escolas de pensamento representados. Divergências até mesmo sobre qual o problema a ser enfrentado. Mais que isso, como resolvê-los e qual o caminho para o crescimento sustentável. Minutos antes do evento, é possível sentir a expectativa no ar. Tanto os estudantes desleixados como os muitos engravatados aguardavam ansiosamente por esse momento. Todos estão em seus postos. Como a palestra atrasou, é feita apenas uma rápida introdução e o primeiro convidado começa a falar. Com a palavra, o ilustre ministro da fazenda Guido Mantega, que faz calmamente a sua exposição. Deu uma aula sobre câmbio, falou da política monetária que decidiu adotar em seu mandato. Falou sobriamente e pareceu o único a agradar gregos e troianos. Entretanto, como a pessoa pública que é, mostrou neutralidade no discurso. Apesar da qualidade dessa palestra, foi o palestrante seguinte quem botou fogo no circo. O economista da EESP Márcio Holland deslancha a falar e não tem medo de criticar os seus pares. A provocação, no bom sentido da palavra, foi tamanha que o palestrante que o sucedeu, o professor do IBRE Samuel de Abreu Pessoa abriu o seu discurso falando que não mais apresentaria o que tinha preparado. O mo-
tivo: Holland criticou uma passagem da carta do IBRE que tratava da economia brasileira como estando inserida em uma realidade irreversível. O professor decidiu se defender, mostrando convicção do que estava falando. Falou bem, mas se lamentou pela irreversibilidade de alguns dos pilares da sociedade brasileira, principalmente os interesses dos sindicatos e o processo político que dificilmente freará o aumento dos salários. Bresser, do alto da sua experiência, dirigiu a seu antecessor um elogio agridoce. “É muito bom ver um acadêmico de verdade falando”, disse o ex-ministro, dando a entender: “bom trabalho, mas faria bem olhar para fora do escritório”. Então, apresentou a sua pesquisa. Não teve nenhuma dificuldade para expor a sua visão. O câmbio é determinado por ciclos entre crises cambiais, diz o escritor, explicando ao público seu modelo, para o qual, confia Bresser, o Brasil apresenta grande aderência. A exportação de recursos naturais determina a taxa de câmbio abaixo da ideal para exportar industrializados. O resultado último desse processo é a desindustrialização. Isso é a doença holandesa, mal do qual o Brasil sofre. Roberto Giannetti entrou no jogo e mostrou que veio a trabalho. Criticou duramente a política cambial chinesa. O presidente da FIESP está conversando com representantes de diversas instituições de representação de empresários mundo afora para aplicar algum tipo de sanção a esses praticantes do câmbio fixo. Ele parecia conversar com o ministro da fazenda o tempo todo, que apenas ouvia e não esboçava nenhuma expressão. Elogiou a sua forma de conduzir a política econômica. Sugere que o Banco Central atue no mercado de câmbio de forma menos explícita.
Mantega fez um comentário final. Enfatizou que não há desindustrialização e nem doença holandesa, que o présal, o novo “milagre econômico”, criticado por Bresser como possível foco dessa patologia, gerará, na verdade, muitos benefícios colaterais. Investimentos em infra-estrutura, desenvolvimento tecnológico e criação de empregos trarão prosperidade ao setor industrial. O atual ministro se posicionou contra o arrocho salarial defendido por Samuel de Abreu Pessoa como medida para aumentar a poupança. O professor de economia da EAESP, com um quê de sarcasmo, falou que, realmente, quando você mata gente de fome cria poupança, mas isso não ajuda o país a crescer. O presidente Simonsen falou brevemente e defendeu a criação de uma política industrial agressiva. O diretor Nakano fechou a palestra. Ele não pôde falar muito porque o tempo já tinha estourado. Elogiou o seu colega de fundação Guido Mantega pelo excelente trabalho como ministro da Fazenda, apesar de suas divergências políticas. Ao fim do debate fica claro que existe uma grande heterogeneidade de pensamento dentro da FGV. Muitos pontos de vista diferentes foram expostos. Dentre aqueles que falaram, apenas Giannetti não tem nenhum vínculo direto com a FGV. Como bons democratas acreditamos que discussões são bem vindas. Grandes decisões para a nação são feitas, ou pelo menos pensadas, dentro dos muros da fundação. ¤
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Caras: na GV
Entrevista com
Seu Osvaldo Mariana Moreira
S
eu Osvaldo é uma pessoa muito carismática entre os alunos que frequentam a biblioteca. Com uma enorme simpatia, sempre aborda todos na entrada para conversar. É nesse clima que ele respondeu algumas perguntas feitas pela Gazeta Vargas. Seu Osvaldo trabalha na Fundação há 28 anos. Durante todo esse período, sempre esteve no balcão de entrada da Biblioteca Karl A. Boedecker. Teve, portanto, contato com praticamente todos os alunos e pessoas que frequentam a faculdade. Ademais, sempre trabalhou na parte da tarde, sendo que seu expediente tem inicio às 13 horas e termina com o fechar da biblioteca. Ele relembra de todos os anos de trabalho com muito apreço pelos alunos, colegas de trabalho e da faculdade como um todo. Em especial, lembra-se com muita estima de seu já falecido colega de trabalho, o Belezinha. Belezinha era uma pessoa muito popular entre os alunos, chegando a ter sido homenageado diversas vezes, sendo que, quando faleceu, o próprio Seu Osvaldo chegou a prestar-lhe uma homenagem em um evento geveniano. Em um tom de brincadeira, o entrevistado comenta que era “apenas um coadjuvante no show do Belezinha”. O ambiente de trabalho entre eles era de muito alto astral, sempre conversando e brincando com os alunos. Era tão forte a amizade que tinham, que quando o Belezinha faleceu, o Seu Osvaldo chegou a considerar parar de trabalhar na biblioteca. Quando perguntado sobre o seu relacionamento com os alunos, ele afirmou que é o melhor possível. Enfatizou que todos que frequentam a biblioteca são muito simpáticos e carinhosos, e que é
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um grande prazer, para ele, poder estar na biblioteca, conversando com todos. Além disso, ainda ressaltou que durante esses 28 anos de trabalho no balcão nunca enfrentou nenhum tipo de conflito com qualquer aluno e sempre que há algum problema, ele tenta auxiliar da melhor maneira possível. O relacionamento saudável que possui com todos é notado em sua fala quando se refere com orgulho às realizações dos gevenianos, sejam aqueles que voltam a frequentar a biblioteca como professores, ou ainda os que se tornam profissionais de sucesso. Além dos alunos, possui um ótimo relacionamento com os professores, e considera agradável o clima de trabalho que se preserva entre os funcionários no balcão. Durante a entrevista que gentilmente concedeu à Gazeta Vargas, destacou as mudanças que ocorreram no prédio, tanto da biblioteca como no da faculdade. A primeira coisa que lembra é que não havia uma ligação entre esses prédios, sendo que o acesso à biblioteca era feito somente através da Nove de Julho. Assim, comparando com hoje, era muito menor o número de alunos que frequentavam o espaço. Ademais, falou da modernização que ocorreu em todo o edifício. Antigamente, para se entrar na biblioteca os alunos não enfrentavam a catraca, sendo de responsabilidade do funcionário que ficava no balcão permitir ou não a entrada de pessoas. Com a implementação da catraca e a proibição da entrada e saída de alunos pela Nove de Julho, a segurança e a organização aumentaram, tanto para os alunos quanto para os que trabalham no local. Também citou as salas de estudos que foram criadas para atender à crescente demanda dos estudantes: hoje há uma
O simpático funcionário da biblioteca
sala de estudos em grupo no primeiro e no segundo subsolos da Biblioteca Karl A. Boedecker. No prédio principal ocorreram modificações no primeiro andar, como os patrocínios conseguidos pelo DA e as reformas que modernizaram o espaço de convivência dos alunos. Todos os dias de segunda à sexta, e alternando os sábados, Seu Osvaldo vem de sua casa na Penha, onde mora com seu sobrinho, à Fundação Getulio Vargas. Concentrado em seu posto de guardião da Biblioteca, é figura marcante atrás do balcão de entrada. Acomodado em sua cadeira, está sempre cumprimentando os alunos, entregando e recolhendo chaves de armários, conversando sobre a vida, lendo jornal, comendo amendoim ou ouvindo seu aparelho mp3: adora canções antigas, jazz, e especialmente Frank Sinatra. Por enquanto, Seu Osvaldo não tem nenhuma pretensão de sair do balcão da biblioteca, intencionando trabalhar até quando sua saúde permitir. Para ele, trabalhar é uma grande satisfação e motivação, pois os alunos são sua grande alegria, eles fazem parte da sua vida e de sua rotina. ¤
GAZETA VARGAS
Caras: Ex-GV
gazetavargas@gvmail.br
Entrevista com
Marcos Souza Tropa de Elite?
Isabelle Glezer
E
sta matéria está prestes a mudar a concepção de vocês sobre o que é estar “ocupado”, “cansado” ou “estressado” durante os anos de faculdade. É com muito prazer que apresento-lhes a história de Marcos Souza, formando da classe de 2001 da FGV em Administração Pública, cujos tempo na Fundação foi dividido entre o curso de graduação e seu emprego de Policial Civil. Em Santos. Ao ser aprovado no vestibular, Marcos estava determinado a não depender de seus pais para cursar a graduação e sustentar-se. Num ímpeto de vontade e garra, ainda calouro, prestou o primeiro concurso que encontrou, para a Polícia Civil. Sua aprovação no concurso deu início a uma rotina literalmente insana: durante os dois primeiros anos de faculdade, Marcos acordava às 4h30, em Santos, viajava para São Paulo para assistir às aulas na FGV, retornava para trabalhar na delegacia com investigação de crimes na Polícia Civil de Santos, indo dormir por volta das 23h30 – todos os dias. Mediante acordo firmado com a Polícia para a reposição de horas de trabalho em que estaria na faculdade, o aluno-policial relembra dos anos de faculdade aos risos: “Foi uma época muito agitada”, conta Marcos em entrevista à Gazeta Vargas: “eu era muito zoado por um pessoal da classe, que dizia que eu mexia com o pessoal do morro e que iria prender os alunos”. Para Marcos, esta brincadeira ganhou novo fôlego com a estréia de “Tropa de Elite” (2007), de José Padilha, no qual um policial do Bata-
lhão de Operações Policiais Oficiais (BOPE) freqüenta aulas de Direito na PUC do Rio de Janeiro. No entanto, Marcos admite que não foram tempos fáceis: certa vez, sem ter tempo de arrumar suas coisas ao sair do plantão na Polícia, veio às pressas para a faculdade, guardando seu colete na mochila e sua arma no fichário. Uma colega, ao pedir emprestada uma folha, deparou-se com sua arma, começando a gritar assustada. “Para tentar tranquilizar a classe, peguei a arma e levantei para o alto; mas isso só aumentou o alvoroço!”, narra Marcos, incrédulo. Conta ainda que alguns colegas, cientes do desentendimento entre as Polícias Militar e Civil, faziam questão de chamá-lo de “PM”, deixando-o furioso, devido à especificidade de seu cargo. Como bom geveniano recém-formado, Marcos foi trabalhar em um fundo de venture capital, ainda que de olho em programas de trainee. Seu trabalho era comprar empresas mal-administradas ou com potencial de crescimento para vendê-las depois através de aperfeiçoamento da gerência e know-how. Infelizmente, após seis anos de uma rotina enlouquecedora, Marcos foi diagnosticado com Síndrome de Burnout, caracterizada por cansaço físico e mental relacionado à vida profissional. Em vez de administrar uma enxurrada de remédios tarja preta, Marcos optou por abandonar o emprego e tirou férias pela primeira vez em seis anos. Certo dia, folheando o jornal na praia, Marcos deparou-se com um anúncio de concurso para Analista de Comércio Exterior. Intrigado pelas
atribuições do emprego, decidiu realizar o exame, ainda com a matéria da faculdade fresca na memória, e, em algumas semanas, descobriu que havia sido aprovado para trabalhar no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio - MDIC, e poderia mudar-se para Brasília em Setembro de 2003, ano de posse do presidente Lula. Seu cargo permitiu-lhe fazer um curso sobre Políticas de Inovação na Suécia e, ao voltar, foi designado para estruturar uma nova Secretaria no Ministério, formulando políticas públicas para que as empresas invistam mais em tecnologia e inovação. Atualmente, Marcos Souza é Diretor da Secretaria de Inovação, obrigando-o a adiar um desejado e planejado MBA no exterior. ¤ Para maiores informações sobre a carreira de Analista de Comércio Exterior, acesse www.aace.org.br.
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GAZETA VARGAS
Reportagem
O que fazem os Diretórios Acadêmicos? Fernando Fagá e João Lazzaro
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ara algumas pessoas os Diretórios Acadêmicos são apenas um espaço físico e tudo que seus membros fazem é organizar festas. Isso, porém está muito longe da realidade. Os diretórios fazem muito mais do que isso. As atividades que eles realizam variam desde organizar palestras até realizar projetos que extrapolam as fronteiras de suas faculdades, passando pela gestão do diálogo entre alunos e diretoria. A preocupação de cada diretório com cada atividade depende do contexto em que se insere. O envolvimento dos membros com os projetos também é variável. Em alguns DA’s todos os membros participam de todos os projetos, normalmente quando tem poucos membros, como é o caso do CA Direito GV. Em outros, maiores, o trabalho é mais segmentado, como o CAVC da FEA-USP. Cuidar do espaço físico é uma grande responsabilidade. No primeiro andar do edifício Kennedy da Fundação Getulio Vargastodos os sofás e pufes, algumas das mesas, os computadores, as TV’s , o pebolim, a mesa de sinuca e um videogame foram adquiridos pelo DA. O Diretório de economia do Mackenzie, o DAEG, tem um espaço fora da faculdade, mas perto. Também conta com mesa de sinuca e pebolim, uma lan-house com 6 computadores e uma sala de TV. O CA do Direito, que também conta com uma mesa de sinuca e de pebolim, vai inaugurar esse ano uma nova sede externa, na rua Itapeva. Essa terá a grande vantagem de poder vender cerveja e de pos-
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sibilitar a realização de festas quando for conveniente, sem necessidade de ter nenhum tipo de autorização da diretoria. Além disso, eles emprestarão um escritório ao ProBono Jr. Uma outra entidade estudantil da EDESP que tem como objetivo fornecer assessoria jurídica a baixos custos, tendo como público alvo as pessoas de baixa renda. O CAVC vende em sua sede cerveja a preço de custo. No
Os diretórios costumam realizar muitas coisas e que, se não realizam, pelo menos tem grande potencial para isso. Cabe aos alunos estarem interessados em saber o que seus representantes fazem e participar dos processos que os elegem. caso deles, eles também são responsáveis pela limpeza e manutenção de suas dependências. A fama dos diretórios de fazer festas não é à toa. Isso é verdade principalmente no caso do DAGV, que organiza cervejadas periódicas, o churrasco dos bixos em parceria com a Atlética, e as duas grandes festas
semestrais Gioconda e Giovanna, velhas conhecidas. O CA de Direito está começando no ramo, organizando a sensual Guinevère, realizada em lugares “inusitados”. O Centro Acadêmico 4 de dezembro, de Comunicação Social e Design da ESPM, realiza também diversas festas, entre elas, a Festa do Lúcio. O CAVC realiza cervejadas e um happy hour. Suas festas mais tradicionais são a FEA Funk e a FEA Fantasia. A frequência de realização, entretanto, é variável. Uma importante função dos Diretórios é promover eventos e cursos que complementem a formação dos alunos. Praticamente todos os eles promovem palestras. Em 2008, ano eleitoral, o DAGV, juntamente com o CA de direito, chamou candidatos à prefeitura de São Paulo para falar no auditório. Organizou também a Semana de Economia e a Semana de Marketing. O CA organiza a Semana Jurídica em que não há aula, apenas palestras aos alunos. O DAEG também promove uma semana de palestras e curso de Excel, HP12C e investimento. Promove também viagens técnicas e já chegou a levar seus alunos ao Canal do Panamá. O CAVC dá 6 bolsas de iniciação científica de R$ 400 mensais a seus alunos. O critério de seleção é via concurso. É uma instituição sustentada pela sua escola de línguas que tem mais de 2000 alunos e está com um projeto de abrir uma unidade fora da universidade. Eles preveem que o número de alunos irá dobrar quando isso acontecer. Há curso de seis línguas e a escola tem cerca de 80 funcionários. O DAGV tem parceria com a escola de línguas Berlitz.
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Reportagem
gazetavargas@gvmail.br Um importante aspecto que diferencia os Diretórios é a forma como ganham dinheiro. O DAGV e o CA do direito ganham dinheiro com o repasse de mensalidades que representam 0,4%. O CA ganha mais 0,6% com repasse que seria da Atlética, mas que esta nunca cobrou da Escola de Direito. Enquanto essa é a fonte de renda exclusiva do CA (que representa entre R$4500 e R$6000), o DA tem outras diversas fontes de renda. A captação de recursos chegou a arrecadar R$300.000 durante a gestão Impacto. O xerox dá um lucro aproximado de R$15.000 e normalmente há lucro com as festas, apesar de que vem acontecendo exatamente o contrário. Todos os diretórios do Mackenzie(são 9 deles) dependem de subsídio da faculdade. Por que isso é diferente de repasse? Todos os projetos realizados pelos Diretórios passam por aprovação da diretoria que pode, ou não, liberar verba. O DAEG depende integralmente desse recurso. Isso pode gerar diversos problemas. A não-liberação ou liberação parcial de verba é comum. Um caso emblemático disso ocorreu ano passado, quando não foi possível consertar a mesa de sinuca por falta de apoio da direção. As universidades públicas podem sofrer um pouco mais pela impossibilidade de conseguir repasse das mensalidades inexistentes dos alunos. A FEA, por exemplo, consegue quase toda sua renda de sua escola de línguas. A receita total dessa atividade não foi divulgada pelo fato de a escola ser uma empresa fechada. O DAGV anda em crise. Se um dia sua gestão contou com mais de 20 membros, hoje esse número não representa nem metade disso, contando com os colaboradores e com a secretária, que, quando contratada, foi perguntada se poderia resolver problemas da gestão sozinha. Isso porque, durante essa gestão, nenhum membro tem dedicação quase integral, como aconteceu nas gestões
mais recentes. Porém, tradicionalmente, todas as gestões tem, além do presidente, diretores de eventos, cultural, acadêmico de administração e de economia e de captação de recursos. Essa estrutura é mais ou menos constante entre as faculdades, algumas incluem secretarias em seus quadros, a FEA tem uma diretoria exclusivamente voltada para a sua escola de línguas e uma para manutenção da infraestrutura. O DAEG tem uma diretoria política que cuida das relações institucionais internas e externas. Se o número de membros de uma gestão deve ser alto ou baixo é um ponto polêmico. Alguns presidentes reclamam de ter muita gente na gestão e outros reclamam o oposto. O processo para eleger os representantes do corpo discente é o mesmo em todas as instituições. Os alunos escolhem entre diferentes chapas e a que tiver mais votos ganha tudo e, aos perdedores, resta apenas preparar a oposição para o próximo ano. Dificilmente os alunos se envolvem muito com a política da instituição de ensino. Raramente mais de um quarto dos alunos vota. Esse problema é agravado quando a comunicação do diretório com os alunos é fraca. Quando é assim, eles não sabem o que realmente faz uma gestão de DA. Dentro da GV, um dos importantes papéis do DA é cuidar da comunicação entre os alunos e a direção. Os VP Acadêmicos devem dar aos diretores das escolas e professores um posicionamento sobre o que os alunos estão achando de seus cursos. Papel este desempenhado em parceria com outros representantes discentes, como representantes de classe e membros do CRD (Conselho de Representação Discentes). Ano passado o DA tentou negociar a volta da liberação da venda de cerveja no primeiro andar. Na USP os diretórios tem direito a votar em assembleias pela realização ou não de greves dos
funcionários. Os estudantes cumprem também uma função social e os diretórios também trabalham nesse aspecto, apesar de normalmente existirem dentro das faculdades diversas entidades que cuidam disso, como o Conexão Social e a ITCP dentro da FGV. Porém, o DAGV tem um projeto de alfabetização de jovens e adultos na rua Rocha. Também realiza, em parceria com outras entidades, o Trote Solidário, em que os bixos vão a alguma instituição e realizam um trabalho de assistência por uma manhã. Outras faculdades também adotam essa iniciativa. Alguns diretórios dentro da USP, entre eles o da POLI e o da FEA, cuidam de um cursinho gratuito focado em alunos de escolas públicas sem recursos financeiros para pagar um cursinho privado. As aulas são ministradas por alunos. O Mackenzie, uma universidade presbiteriana, realiza alguns trabalhos sociais. Para comprar convites de algumas festas os interessados devem dar um quilo de alimento, que os organizadores repassam a faculdade. Percebe-se, com isso, que os diretórios costumam realizar muitas coisas e que, se não realizam, pelo menos tem grande potencial para isso. Cabe aos alunos estarem interessados em saber o que seus representantes fazem e participar dos processos que os elegem. O que precisamos é de pessoas engajadas, esforçadas e comprometidas com a função que exercem. Porém, posições de destaque como essa devem ser ocupadas por pessoas que não estejam interessadas em tirar proveito de sua situação, apenas com fazer o próprio trabalho da melhor forma possível. Portanto, vote, participe e saiba o que é feito dentro dos muros da sua faculdade. ¤
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O novo lar do CA João Lazzaro
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á uma nova movimentação na Itapeva, e não são os novos bixos de economia e administração. Desta vez é o CA Direito GV que resolveu se instalar na rua mais conhecida dos alunos da EESP e EAESP. O projeto de uma nova sede era antigo, vinha desde a segunda gestão do CA, e, só agora, saiu do papel. O Centro Acadêmico dos alunos de Direito da GV alugou uma casa localizada na Rua Itapeva, quase esquina com a Rua Rocha. Trata-se de uma casa com vários ambientes com um grande quintal, onde antes funcionava uma creche. A casa está em reforma, e havia a previsão que ficasse pronta até a semana posterior à do carnaval, mas uma série de imprevistos envolvendo o fornecimento de água com certeza atrasará a inauguração. Segundo o diretor financeiro do CA, Pedro Batista, a sede atual sofre freqüentemente com as enchentes, ela esta localizada no terceiro subsolo da EDESP e toda a água da Rua Cardeal Leme (rua que se situa atrás da Rocha) acaba caindo dentro do CA. Mas o motivo principal é que a sede atual não é grande e confortável o suficiente para os alunos. Apesar disto o CA não pretende abandonar a antiga sede, manterá as duas. O CA pretende oferecer aos alunos mesas de sinuca e pebolim, televisão, cozinha, uma mini quadra de basquete, churrasqueira e um quarto com beliches, para descanso. Também haverá uma sala de reuniões. Um bar será instalado no local e churrascos e cervejadas serão realizados por ali. Há a possibilidade de haver um Xerox, mas ainda não foi decidido. A idéia do CA é que o espaço seja freqüentado
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tanto pelos alunos do Direito quanto pelos de Administração e Economia. O imóvel é alugado e a sua reforma e custará cerca de R$18.000 e será custeada unicamente pelo repasse recebido pelo CA. Além do repasse o CA busca parcerias para patrocinar o projeto, além do que poderá ganhar com as cervejas, para bancar os custos mensais do local. Não ficou claro se os alunos de Economia e Administração freqüentarão o local uma vez que não há sentido nenhum em descer a Itapeva para ter as mesmas coisas que eles podem ter no prédio da EAESP. A não ser que o preço da cerveja seja mais competitivo que o do Showkito’s. Já o público principal, os alunos de Direito, deverá ser mais constante, uma vez que as opções de lazer na EDESP são bem mais escassas. Porém, os alunos deverão freqüentar o local mais com o intuito de lazer, não
O lugar oferecerá: mesas de sinuca e pebolim, televisão, cozinha, uma mini quadra de basquete, churrasqueira e um quarto com beliches, para descanso. só para bater um papo como ocorre DA, o qual este tem a vantagem de estar no mesmo prédio em que os alunos estudam. Cabe ao CA garantir a atratividade do local, não só ocasiões especiais como churrascos e cervejadas. É no
dia-a-dia que o local tem a sua razão de existir, pois, se fosse só para estas ocasiões sairia muito mais barato alugar algum espaço só por um dia. Outro grande problema é que o espaço pode vir a se tornar um “clube”, freqüentado sempre pelas mesmas 20 pessoas dando a falsa impressão de movimento. É necessário que a sede seja freqüentada pela maioria dos alunos de Direito. Os gastos com a manutenção do local também serão altos. Haverá, como em toda casa, despesas com luz, água, energia e aluguel, limpeza e manutenção, as quais também pesarão no orçamento. Manter um local como este só com o repasse significa retirar verba das reais obrigações do CA, dentre as quais realizar palestras e eventos relevantes para o desempenho acadêmico dos alunos, além de representá-los. É necessário que o local se sustente ou que o CA consiga formas alternativas de recursos, como patrocínios. A nova sede é uma idéia ousada e inovadora do CA, trará benefícios à todos os alunos da GV. Para os de Direito, um espaço para lazer e descontração. Para os de Economia e Administração, a saudosa cerveja. Mas o mais importante é uma possível maior integração entre os estudantes da Rocha e da Itapeva. Porém é um projeto custoso, e deve ser muito bem administrado, e seu uso deve ser destinado àquilo a que foi projetado, assim como todos os bens administrados por um órgão representativo. ¤
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Uma nova entidade estudantil: International Network Alípio ferreira
A FGV-SP é certamente ímpar no quesito mobilização estudantil. Claro que se trata de uma manifestação pós-moderna de mobilização: (quase) nada de política nem de ideologia! A mobilização dos estudantes da FGV-SP se manifesta na proliferação de entidades estudantis. Em 2009 eram onze: Empresa Júnior, Consultoria Júnior Pública, Consultoria Júnior de Economia, RH Júnior, DAGV, CA Direito GV, AAAGV, Conexão Social, ITCP, AIESEC e a gloriosa Gazeta Vargas. Em 2010 juntou-se ao grupo a décima segunda guerreira: a International Network, IN. É claro que nessas doze não se esgotam nem de perto todas as formas de mobilização estudantil: grupos de estudos, grupos religiosos (como o célebre MGV) e panelinhas aleatórias abundam na comunidade estudantil. Mas as entidades são as formas mais desenvolvidas: a maioria possui personalidade jurídica própria, estatuto independente da Fundação e decide internamente seus próprios rumos e diretrizes de gestão. Mas se já havia doze, por que mais uma? Parece que a regra na GV é a seguinte: na dúvida, cria-se uma nova entidade. Por mais que se possa olhar com maus olhos e criticar a vinda ao mundo da caçula de doze irmãos, a IN já vinha se formando há anos como um corpo independente. Sua transformação em uma nova entidade era uma questão de tempo, e sua hora finalmente chegou. Até este ano, a IN era o departamento de Projetos Internacionais do Diretório Acadêmico Getulio Vargas. Dentro do DA, Projetos Internacionais constituía uma Diretoria, e era responsável por projetos a serem realizados com intercambistas na FGV e pelo projeto GCT – Global Cultural Transfer, um projeto de “mini-intercâm-
bio” de um mês. No entanto, o próprio GCT ocorria praticamente sem interface com as outras diretorias do DA, e a Diretoria de Projetos Internacionais acabava sendo um pouco isolada.
A décima segunda Os projetos internacionais desenvolvidos, em especial as recepções aos calouros e o projeto buddy – em que um aluno da FGV “apadrinha” um intercambista -, demandavam colaboradores alocados exclusivamente na diretoria de Projetos Internacionais. Aos poucos foise constituindo uma estrutura própria da Diretoria, que ganhava dinâmica e dimensões cada vez maiores. Para Aline Nasser, presidente da entidade, “a área de Projetos Internacionais tinha uma estrutura interna que não condizia com o estatuto do DAGV. Assim, sendo um corpo externo conseguiríamos ampliar nossas atividades”. E acrescenta: “Vejo a separação como positiva: temos conseguido trabalhar em conjunto com o Diretório Acadêmico, como no Trote Solidário, em que os intercambistas trabalharam junto com os calouros em atividades sócioambientais.” Está na missão da nova entidade, segundo Aline, “aumentar a percepção do aluno em relação às oportunidades internacionais, isto é, à facilidade de acesso ao
mundo propiciada na EAESP”. A IN conta com amplo apoio da CRI, a Coordenadoria de Relações Internacionais da EAESP, que lhe repassa recursos financeiros. A International Network, seguindo a linha de outras entidades essencialmente eaespianas como a Júnior Pública e a Empresa Júnior, também deverá estabelecer em seu estatuto que somente alunos da EAESP poderão assumir cargos de diretoria. Os projetos da IN para este semestre já estão em andamento: o projeto buddy deste semestre reuniu 120 gevenianos a 110 “gringos”, ou seja, há dez gringos com dois buddies. O projeto está em sua quarta edição, com número crescente de interessados em participar. Já o GCT parte para sua quinta edição, levando e trazendo estudantes da cidade de Mainz, na Alemanha. Outra atividade já realizada foi a semana de recepção dos “gringos”, a Reception Week, que teve diversas saídas a baladas e bares como DiQuinta, Geni e D-Edge, além do churrasco de recepção que ocorreu no dia 22 de fevereiro. Mas desafios aguardam a recém-criada IN. Para Aline um do maiores é “não ser vista como uma organização para os intercambistas, pois muitos pensam que lidamos apenas com eles, mas, na verdade, temos programas para alunos e, inclusive, nossa meta principal é aumentar esse número de projetos para alunos GV”. A entidade planeja participar de programas de pesquisa internacionais e participar da rede internacional IWCO (International Week Coordinating Organization). Com um total de 15 alunos participando da entidade, sua existência já faz parte da comunidade estudantil. A IN participa das reuniões entre entidades, e já marcou sua presença na comunidade FGV. ¤
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Promenade
A perspectiva carioca Michelle Rizón
intercambista boliviana estudante de Língua Portuguesa e no 6° semestre da DireitoGV. osto 9, nove e meio, sábado de manhã o conteúdo estético do Rio é nítido. Não bastasse os contornos dos morros, as vistas do arpoador; do Forte, o cuidado com o corpo parece um regulamento com muita adesão. E garotos, homens, garotos, garotos e mais garotos, a praia, o mar propício. Na volta você tem a Lagoa e Burlemarx nas calçadas porque as praias não são suficientes é preciso mais beleza. Drummond estava certo ao sentar em Copacabana e escrever isto: “no mar estava escrito uma cidade” Esta percepção “praiana” do Rio é turística e historicamente nova. A literatura fala de um Rio cidade. Lima Barreto se arrastando bêbado e devendo na Rua do Ouvidor à espera do Camburão que o levaria para o que ele chamou de “Cemitério de Vivos”; Machado descrevendo as idas e vindas das vaporosas à Cartomante; e Nelson Rodrigues, mais tarde, todo “Cinelândia” e estética “glamour decadente”. Nada de Tijuca, Globais, Ipanema, Posto 9, Leblon (lugar comum de novelas da Globo) ou qualquer coisa assim. Dizem que o carioca não frequentava a praia e uma corte europeia desembarcou aqui já muito perplexa com Copacabana deserta, veio e tomou conta. Aí o pessoal daqui apenas aderiu e fez-se a praia com horário e roupas adequadas. Hoje ainda restam alguns “choques de ordem” mais por bom senso do que pela moralidade. Proibiram o “altinho”, um esporte um pouco idiota de homens batendo bola para não deixá-la cair, mas nessa acabavam arrebentando alguém num passeio. Proibiram o Queijo Coalho por questões de higiene sendo
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impossível ter só uma qualidade de queijo na praia. Mas o Rio facilmente incorporou a proibição e nas praias você encontra berros de vendedores dizendo: “-Olha o proibidão, proibidão, proibidão, R$1,50 o proibidão.” Dos bairros Santa Teresa se destaca como circuito “alternativo-cult-hippie-samba-marchinha” porque lá as marchinhas e as festas pré-carnaval acontecem e carregam o glamour das ladeiras, do bonde e da arquitetura. Dizem que alguns artistas europeus ao visitarem o Rio se desesperaram com a beleza do lugar e se mudaram pra cá. Hoje você encontra casas em Santa Teresa abertas com ateliês dessas pessoas frustradas com a Europa. O próximo bairro, Botafogo, ao contrário, já traz ares paulistanos. Homens de terno, pressa, blackberries nos ouvidos, trânsito e constante barulho de cidade. A FGV em suas salas mostra a vista da praia enquanto nós suportamos a Nove de Julho, a Rua Rocha ou uma propaganda da Natura. O bairro distribui botecos, bons cinemas e teatros e os habitantes tem um perfil universitário. A Barra da Tijuca não me interessa e as favelas não visitei. Não visitei porque concordo com um escritor quando disse que todos os lugares do mundo que visitamos servem principalmente para realizarmos uma vontade íntima de voltar pra casa. A vida noturna do Rio é muito divertida. Tem uma festa estranha chamada MOO e acontece uma ou duas vezes por mês e as pessoas geralmente não sabem onde. A Casa da Matriz é uma espécie de FunHouse melhorada pela quantidade de ambientes, o espaço, mas não tanto pela música que às vezes extrapola para um rock infantil (nu metal, emocore e essas bobagens
de garotos românticos). A Baronetti é uma Royal que alterna um house de academia com mixagens de hip hop e hits, hits e mais hits com eventuais blackouts. O público é incrivelmente bem arrumado, as garotas se encharcam de perfumes doces (a versão mais comum são aqueles de Baunilha), vestidos curtos e salto alto. Os homens são típicos espartanos contemporâneos que associam a balada a uma espécie de guerra. Por fim, e talvez a melhor balada, a Casa Rosa é um lugar que resume todas as impressões da cidade. Num ambiente tem descontração e capoeira com aqueles negões que algumas de minhas amigas guardam uma curiosidade permissiva; no outro, forró arrastapé. Lá fora shows de samba ao vivo além de mesinhas e um público geralmente mais disposto a sociabilizar que qualquer paulistano. A reputação do Rio destoa do que contei da cidade porque frequentei a Zona Sul. O Rio não é só Zona Sul. Saindo muito satisfeita da Farm, em Ipanema, olhei pro lado e vi um ser humano gritar de joelhos numa súplica brutal, levantando as mãos pro alto e dizendo “por favor, alguém me ajude!” enquanto seus olhos pediam alguma coisa para o céu. Logo depois, à tarde, saindo sozinha até o Jardim Botânico me assaltou um medo muito estranho. Parecia que todas as notícias de jornais desabavam na minha percepção da cidade e todas as pessoas soavam potencialmente criminosas pra mim. Mas não aconteceu nada. ¤
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Coluna do RK
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EUA, Brasil e os “homens de Harvard” Rafael Kasinski
O
comentarista político David Brooks ocasionalmente aponta a desconfiança que uma substancial parte do eleitorado americano tem para com um certo tipo de político e tecnocrata que estudou em lugares como Harvard para depois trabalhar no governo (ou em transnacionais, ou em ambos). Tal disconfiança tem boas razões de ser: foram estes best and brightest que ajudaram a enfiar os EUA no Vietnã e que não entendem a ojeriza que os filhos de George Washington têm ao Governo. Para a segunda razão - dada por Brooks - faltam alguns méritos, mas a primeira é certeira: estes tipos viscosos conseguiram a proeza de tentar manter uma guerra que, segundo eles mesmos, não podia ser vencida, enquanto diziam querer construir uma Great Society com comida, roupa, moradia, segurança e educação para todos. Os americanos resolveram então trocar de governantes lá por meados de 1980, dando poder a gente que achava que o Estado só era bom para servir aos ricos, para ser sucateado e roubado por estes . De lá para cá, só farra; as presidências de Reagan e Bush, Jr., foram tão avassaladoramente corruptas para padrões americanos, e a última tão incompetente de modo geral, que os filhos de Washington elegeram para presidente alguém que claramente não é branco. As atitudes arrogantes e desumanas dos homens de Harvard custaram caro aos EUA: deixaram a população tão desiludida com as possibilidades de uma sólida formação e um treinamento sério que o cidadão comum de lá tomou uma ação autodes-
trutiva: ofereceu governo e setor privado a pessoas por cujas cabeças jamais passou o desejo de respeitar as vontades de seus constituintes. Há muito tempo na história deste País, mas especialmente de Reagan em diante, as ações do Governo têm deixado o cidadão americano mais pobre e ignorante e a sociedade mais dividida, estratificada e desonesta. Mas os americanos já conheceram uma época mais honesta e rica, um pouco (mas não muito) mais humana. E Daniel Dantas: “Homem nós? Nossos de Harvard” “homens de Harvard” são pessoas como Daniel Dantas; nossos governantes, gente como Getulio, FHC e Lula, podres até a medula. Talvez esta seja a nossa vantagem. Não podemos ficar pior do que já fomos, mas os exemplos lá fora a seguir pouco adiantarão se nossos homens de forte formação coninuarem a trilhar o caminho de Dantas, olhando para o Público e enxergando apenas o próprio umbigo, a visão sempre ditada por rumos do interesse próprio. Logo mais, para EAESP e EESP, haverá uma eleição para o Diretório Acadêmico (DAGV); para o Brasil, eleições gerais. Haverá inteligência e tato para mudar a história? Quanto às Escolas acima citadas, é difícil dizer: por mais fácil que seja criticar a geração Lady Gaga por sua futilidade e seu desejo incontrolável de ter tudo agora, era também
extremamente difícil, em meados de ’67, ver que a geração paz e amor conseguiria tornar muito mais civilizada as culturas de países como França e EUA. Para usar um exemplo hoje bastante citado (em especial por figuras como Noam Chomsky), era impensável, em 1965 , observar vastos protestos –ainda mais pelo mundo inteiro- ocorrendo antes de uma guerra como a do Iraque começar. Isso tudo para dizer que as mesmas pessoas que veem importância nos rumos da vida de Angelina Jolie podem muito bem mudar de ideia e passar a importar-se com assuntos de real urgência. Pouco (ou nada) impede alunos da EAESP/EESP de, na próxima eleição, tomarem para si a responsabilidade pelas pessoas a quem entregam cargos do DAGV e verificarem que estes 1) cumprem com as responsabilidades que dizem almejar e 2) não confundem Público e Privado. A urgência disso deveria ser óbvia: transgressões do tipo Dantas começam em lugares como a faculdade, quando o aluno se vê embuido do desejo e da oportunidade de transgredir. A vantagem de eleições para o DAGV é que tais transgressões podem não ocorrer porque os eleitos desejam ser éticos e, principalmente, porque os eleitores podem tomar as devidas providências quando seus representantes falham neste quesito. Talvez uma das razões pelas quais eleitores brasileiros em geral não consigam cumprir com seu dever democrático seja porque, na faculdade (por exemplo), já deixaram de fazê-lo e desde então perderam o pouco interesse que ainda tinham. Parte deste desinteresse vem das ações de nossos homens de Harvard; talvez agora, 2010, eles (e elas) resolvam mudar de rumo e botem seu preparo para ajudar a conduzir o País a algo além da mediocridade. A ver. ¤
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Entrevista
“A gestão caminha com o SAP” Alípio Ferreira e Rafael Heredia
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arde de sexta-feira. Alguns gevenianos preparamse para voltar a seus lares no interior. Outros se programam para a aguardada Cervejada. O alívio de mais um início de fim de semana. Mas não ainda para a Gazeta Vargas. Às 16h do dia 26 de fevereiro, representantes da Gazeta Vargas esperavam para ser recebidos pela diretora Maria Tereza Leme Fleury e a vicediretora Maria José Tonelli. A entrevista com a diretora da EAESP havia sido concertada na quarta-feira anterior (24), e a pauta da entrevista fora apresentada: Seminário Anual de Planejamento 2010 e temas de política interna. Durante a uma hora em que gravamos nossa conversa com as diretoras, houve de tudo: respostas evasivas (“novas propostas estão sendo encaminhadas”), recusas (“isso já foi matéria de discussão em novembro”), discordâncias frontais (“creio que vocês estão enviesando a questão”), esclarecimentos pertinentes (“o mercado brasileiro usa a sigla MBA de maneira equivocada”) e estabelecimento de metas (“[a publicação] vai ser ao longo do primeiro semestre”). O carro-chefe da entrevista foi, no entanto, o SAP. A professora se mostrou bastante interessada em discutir e divulgar o SAP e suas propostas, inclusive relutando em discutir temas que não concernissem diretamente ao Seminário. Diante de certa indefinição sobre se o SAP é uma instância de planejamento
efetivo do ano ou um brainstorming para a direção da EAESP, a professora esclareceu de forma muito sucinta: “Qual é o objetivo do SAP? É subsidiar com propostas o planejamento estratégico.” A entrevista que segue, de forma análoga, tem o objetivo de subsidiar os membros da comunidade FGV com as informações sobre o planejamento e a gestão da EAESP. Gazeta Vargas – Como a senhora, enquanto diretora da EAESP, encara o SAP? Trata-se de uma ocasião de apresentação e criação de boas propostas a ser avaliadas ou é uma circunstância em que se define de fato o planejamento do ano? Maria Tereza – Há um misto das duas coisas: um momento em que pessoas tomam conhecimento de vários temas importantes para a gestão da Escola, e podem opinar sobre elas; e depois há um segundo momento, em que as sugestões e propostas são levadas para a direção da Escola. Elas são então analisadas, principalmente quanto a sua possível implantação. Algumas são passíveis de serem implantadas de imediato, enquanto que outras são mais de médio e longo prazo. GV – No último SAP, além de certo entusiasmo da parte dos presentes para discutir questões interessantes, havia certo descontentamento com relação a uma eventual falta de objetividade e ausência de conclusões concretas. Adicionalmente se percebe também na apresentação das propostas, ocorrida no último dia, que alguns relatórios eram abrangentes e vagos. A diretoria encara a falta de direcionamento práti-
Maria Tereza Fleury, diretora-em- chefe
co das discussões como um problema do SAP? MT – Eu não concordo nem com as suposições nem com as conclusões. Creio que vocês estão enviesando a questão. A opinião dos professores que vocês estão mencionando não foi o feedback que tive do SAP. Os professores mencionaram que houve avanços em questões extremamente relevantes para a Escola. Todos os temas foram devidamente debatidos, apresentados e a partir de dezembro têm sido intensamente trabalhados. Hoje temos uma série de novas propostas que estão sendo encaminhadas justamente a partir da realização do SAP. GV – Apesar desse grande contentamento e de mesas de discussões extremamente ricas, das quais resultaram conclusões contundentes e propostas inovadoras, em geral as propostas permanecem um mistério àqueles que não participaram do Seminário. Em conversa com representantes da Gazeta Vargas no SAP, a senhora falou que havia a intenção de reunir as melhores propostas e torná-las públicas à comunidade EAESP. Quando a senhora pretende publicar as propostas do SAP? MT – No ano passado foi feito Foto: Erudito FEA-USP
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GAZETA VARGAS
Entrevista
gazetavargas@gvmail.br logo em janeiro. Este ano, justamente porque os temas ainda estão sendo elaborados, somente podemos publicar o material que foi usado nas mesas de discussão. O material produzido está sendo continuamente retrabalhado para ser implementado, e está sendo justamente disponibilizado ao conjunto dos professores em diferentes instâncias, como seminários de planejamento. GV – Quando a senhora pretende publicar as propostas do SAP? MT – Da maneira como está, está disponível, mas os documentos finais não estão prontos. GV - A senhora receia que a publicação das propostas do SAP possa engessar sua gestão durante o ano? MT – Eu acho que você está colocando a questão num prisma que não parece o prisma que acontece no SAP. Qual é o objetivo do SAP? É subsidiar com propostas o planejamento estratégico. Por que eu acharia que uma proposta que vem de alunos e professores engessaria um trabalho da gestão? Ao contrário, a gestão caminha com o SAP. “Engessar” é um termo que me soa curioso. GV - É sabido que a Fundação Getulio Vargas passou por uma reformulação de sua governança há alguns anos. Esse processo, encabeçado pelo presidente Carlos Ivan Simonsen Leal, foi chamado de “Repensando a Governança”, e é geralmente entendido como uma redução da democracia na instituição em prol de maior eficiência na sua gestão. Nesse processo se estabeleceu uma nova maneira de escolha do diretor da EAESP, através de um search comittee, resultando na escolha da senhora para o cargo. Apesar desse movimento que restringiu a democracia na FGV como um todo, permanece existindo um Seminário Anual de Planejamento, do qual participam representantes de professores, funcionários, representantes discentes e membros de entidades estudantis. O SAP é um resquício de democracia na EAESP ou é uma tradição compatível
com a reformulação da governança? MT – Eu não qualificaria nem de uma coisa, nem de outra. O SAP é uma atividade fundamental em que se faz um balanço anual das atividades e se planeja o próximo ano. Planejar é envolver os vários atores que participam do processo, e que conhecem as propostas e discussões, opinam, trabalham e sugerem. Depois há outro processo de gestão e encaminhamento a partir de diretrizes e propostas, trabalhando inclusive dentro de uma proposta orçamentária. Além disso, há dentro da EAESP-FGV diferentes instâncias de governança: há uma diretoria e vicediretoria, coordenadores de áreas de apoio; chefes de departamentos; e ainda o CGA e a Congregação. Há por parte dos alunos uma representação discente frente à coordenação da graduação, o Comitê de Graduação e também no CEAG, na Pós e no próprio CGA. O SAP é, sim, uma tradição, mas é parte integrante da gestão e do planejamento da EAESP como a instituição de excelência que é, e da instituição internacional que é. Portanto há uma consistência entre como é feito o planejamento e como é feita a gestão e o processo de posicionamento estratégico. GV – Professora, a senhora julga que o SAP seja um resquício de democracia na EAESP? MT – Não, eu acho que ele é consistente com todo o projeto da EAESP, inclusive compatível com uma gestão que é competente e democrática da EAESP. GV – No SAP, tratou-se das definições de o que seria um professor qualificado academicamente (AQ, academically qualified) e o que seria o qualificado profissionalmente (PQ, professionally qualified). Também se discutiram as regras de premiação e regras para os professores de carreira e extra-carreira. Quais serão as diretrizes adotadas? MT – As duas comissões saíram com propostas. No SAP, aprofun-
damo-nos nos conceitos e nas propostas. Hoje já há documentos preliminares que foram elaborados por diferentes comissões de professores. Esse documento deve ser submetido a apreciação ainda em março. O trabalho também contemplou acesso a experiências internacionais. Por exemplo: o conceito de o que é o PQ foi aprofundado. Viu-se como outras escolas o têm implementado. No nosso caso o conceito de AQ, foi trabalhado em que medida a demanda do AQ para pós-graduação difere do Mestrado Profissional, da Graduação e do CEAG: quais são elementos comuns, quais são diferentes. GV - Com relação a essa discussão das carreiras de professores dentro da EAESP, alguns professores manifestaram preocupação sobre a questão interna da definição da carreira. Há uma comissão interna da EAESP, e que não é colocada no SAP para discussão, que deve determinar os critérios de carreira. Como a senhora vê essa questão? Maria José – Temos uma comissão, formada em setembro, que tem deve elaborar uma proposta atendendo a condições regimentais, a objetivos estratégicos da Escola, e dadas restrições que se têm em termos orçamentários. Essa comissão deve consultar documentos produzidos no SAP, olhar propostas de outras instituições no exterior, trabalhar em projetos para ver o que se pode propor. Isso está caminhando paralelamente à definição de AQ e PQ. A ideia é que durante este ano também esta questão da carreira avance e esteja clara para os professores. Estamos ainda trabalhando, e dentro do prazo regimental. Mas um dos pontos fundamentais é que se optou por preservar a carreira tal como existe hoje – há ingresso na carreira como professor assistente, adjunto e titular. Ao mesmo tempo, vamos trabalhar outras categorias em termos “extra-carreira” e também a questão de acesso e promoção.
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GV – Existe uma previsão para a comissão publicar as diretrizes sobre a carreira? Maria José – Existe, vai ser ao longo do primeiro semestre. GV – O Plano de Desligamento Incentivado, anunciado no SAP, e colocado como vitória e fruto de minucioso trabalho do professor Francisco Mazzucca, permite que professores com muitos anos de casa se aposentem e desonerem a Escola para contratação de novos profissionais. Quais são as opções de um professor da EAESP próximo da idade de se aposentar?
Qual é o objetivo do SAP? É subsidiar com propostas o planejamento estratégico. MT – O PDI encaminhado contemplou professores com mais de trinta anos de casa, não por faixa etária. É um programa voluntário. Os professores que aderiram poderiam ficar mais três anos ou sair imediatamente. Tem como objetivo propiciar ao professor uma inserção diferenciada na Fundação e na EAESP, que não seja somente na carreira docente stricto sensu em graduação e pós: ele pode continuar a ter uma série de outras atividades aqui dentro. Ao mesmo tempo, o PDI visa propiciar uma renovação dos quadros docentes. Existe um lado que ainda é muito difícil, que é um lado melancólico: é difícil alguém sentir que está chegando o momento de se afastar. É uma situação extremamente delicada. O professor Mazzucca conduziu com muito tato, muita delicadeza, muito respeito e valo-
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Entrevista rização aos professores. Por isso falamos que é um sucesso. GV - O professor Nakano há anos veio tentando aproximar a CRI e a CECOP da EESP, mas não teve sucesso. A integração entre as escolas parece barrar em obstáculos intransponíveis. Essa situação é bem diversa daquela que a senhora enfrentou na FEA-USP, em que três cursos existem sob a mesma direção. Por que na FGV é mais difícil? MT – Essa interpretação de obstáculos é uma interpretação sua. Quanto a partilhar órgãos administrativos, como o de estágios [CECOP] e CRI, sim, eles estão - professor Nakano, os alunos de economia - usufruindo também de convênios assinados pela EAESP. Acharia inclusive muito interessante que houvesse um professor [da EESP] à testa dessas questões. Não é uma questão de partilhar ou não recursos de funcionários. Trata-se muito mais de se ter quem capitaneia o processo. Nós temos dois professores que capitaneiam esses dois processos na EAESP: a professora Ligia [Maura Costa] na CRI e a professora Cristina Leite na CECOP. Deve haver algum professor na EESP capitaneando esse processo, e trabalhando questões interessantes ao aluno de economia: o estágio do aluno, a inserção do aluno no mercado. É diversa a situação do aluno de administração. Na FEA havia determinados órgãos centralizados na diretoria, mas também uma série de órgãos que eram de cada um dos cursos e cada um dos cursos e departamentos: há especificidades na carreira do administrador, do contador e do economista. O que temos que almejar é uma sinergia ao mesmo tempo obedecendo e respeitado às especificidades de cada um. GV - A FGV-SP, dentre outras coisas, se destaca por uma proliferação de entidades estudantis. São mais de
10 organizações que foram criadas por iniciativa de alunos, com ou sem respaldo e apoio da Escola. De qualquer maneira, é difícil negar a importância e destaque que conquistaram as entidades estudantis na FGV. Há um ano, no entanto, a Diretoria manifestou certa preocupação com o crescimento das entidades estudantis na Escola, preocupação que resultou em reuniões e discussões a respeito de uma possível forma de regulação e definição de “o que é e o que faz uma entidade”. De que decorria essa preocupação? Ela ainda persiste? MT – Quando se tem um corpo de alunos de primeira linha como é o da EAESP – e nós realmente temos alunos empreendedores, inovadores, criativos, pensando projetos novos e antenados no mundo – a necessidade de criar alguma coisa é compreensível. Ao criar alguma coisa o grupo quer sempre pôr seu nome próprio naquilo: “quero criar algo novo que de alguma maneira reflita meu projeto”. Às vezes é difícil criar algo novo e refletir: “como é que esse meu projeto novo consegue alimentar e gerar sinergia positiva com um projeto que já existe?”. A tentativa primeira é: “vamos tentar algo novo”. Acho que a proliferação de entidades reflete um pouco isso: reflete a criatividade, empreendedorismo e inovação e também reflete a postura: “quero que esse projeto tenha a minha cara, e não a dessa entidade que já existe”. Estamos numa escola de gestão. Assim, temos que utilizar nossos recursos escassos – espaço, recursos financeiros e de pessoas – e pensar como nós nos colocamos frente à sociedade. É preciso ter organicidade a ser trabalhada internamente e a ser colocada internamente. Essa foi uma preocupação. Agora, reunir entidades estudantis não tem esse objetivo. É que nelas há uma riqueza de projetos, propostas e ideias que valem
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Entrevista
gazetavargas@gvmail.br a pena ser partilhadas entre vocês e conosco, e serem divulgadas. GV - O Diretório Acadêmico Getulio Vargas representa os alunos de Economia e Administração da FGV-SP. Dentre suas atribuições, consta a de participar de reuniões e negociações com as Diretorias da EAESP e EESP com o intuito de manter informados os alunos e interceder em favor deles. Essas atribuições, no entanto, exigem certa habilidade e capital político por parte dos alunos. Como a senhora julga a atuação recente do Diretório Acadêmico na representação do alunado frente à Diretoria da EAESP? MT – Existe sempre um processo de aprendizagem. Houve algumas reuniões para diversos assuntos específicos. A última reunião foi sobre a questão de reforma do primeiro andar. Houve uma apresentação de proposta, um encaminhamento de fundraising, e estamos agora aguardando novos contatos. A reunião foi no final do ano passado. Sei que janeiro é um período em que o pessoal viaja, tem compromissos, e é mais difícil a agenda. Com as demais entidades participei de algumas reuniões em dezembro. Agora que estão retomando aulas as coisas começam a esquentar. GV - No ano de 2010 houve reajuste da mensalidade no valor de 5%. O IPCA acumulado em 2009 foi de 4,3%. O IGP acumulado de 2009, calculado pela Fundação Getulio Vargas, foi negativo. Quais são os índices e ponderações que a EAESP utiliza para reajustar as mensalidades? MT – Isso já foi matéria de negociação em novembro, com o DAGV. GV – A senhora não tem nada a dizer? MT – Não, isso já foi matéria de discussão em novembro. GV – Passaremos à próxima pergunta, mas gostaríamos de deixar claro que não é porque vocês conversaram com o DA que a Gazeta foi
informada ou que os alunos estejam a par. A Gazeta é o instrumento para veicular informações a respeito dessas negociações, inclusive. Mas se é do desejo de vocês, partiremos para a última pergunta. A respeito da última Ata da Comissão de Graduação, há um pequeno expediente em que as agências acreditadoras levantam pontos positivos e negativos. Um dos pontos negativos nos chamou atenção: necessidade de distinção das marcas FGV. Não havia, no entanto, detalhes maiores sobre esse ponto. A senhora poderia nos aprofundar sobre isso? MT – O que foi recomendado pelas agências foi que todos os cursos oferecidos na educação executiva tenham critérios internacionais. O ponto todo que está levantado é o seguinte: se você tem
O SAP é compatível com uma gestão que é competente e democrática da EAESP. um aluno que entra num curso de educação executiva, como o CEAG, ele entra com critérios específicos: ele tem uma prova, e tem que ter alguns anos de experiência profissional. Então nós temos que estar atentos ao oferecer qualquer curso, de que estamos obedecendo a todos os critérios de credenciamento internacional. A mesma coisa existe para os cursos chamados MBA’s, num padrão internacional. Por outro lado, os cursos brasileiros de MBA seguem uma regulação do MEC referente a “cursos de especialização”. Assim, não têm a mesma exigência quanto a tempo de
experiência profissional , duração do curso e o trabalho de conclusão de curso. Sabemos que é uma característica do mercado brasileiro, que usa a sigla MBA de maneira equivocada. Uso que não é padrão internacional. Mesmo que o CEAG não se chame MBA, se quiser ter acreditação, tem que ter todos os padrões internacionais. Inclusive algo que nos foi colocado foi que os alunos que entram no CEAG não têm ainda três anos comprovados de experiência profissional, e já instituímos essa regra no último processo seletivo do CEAG. Essas questões todas não eram colocadas no passado dessa maneira: a régua das acreditações internacionais está subindo. GV – A senhora teria alguma última consideração a fazer? MT - Eu acho que é muito importante constar que o SAP faz parte do planejamento estratégico da EAESP. Há um ciclo de planejamento estratégico da Escola, e nesse ciclo o SAP é parte integrante. Portanto as questões são levadas ao SAP porque a Escola quer ouvir seus professores, funcionários e alunos com o fim de obter subsídios para a tomada de decisões ao longo do próximo ano. É importante que a instituição tenha um processo de planejamento estratégico que gere diretrizes, indicadores, métricas e metas bem definidas. Isso é fundamental para se conseguir ter uma instituição com o padrão de excelência da nossa. O SAP é parte desse processo. Quanto às acreditações, a propósito, um dos pontos elogiados foi que o planejamento estratégico da Escola é muito bem feito, e existem objetivos estratégicos, diretrizes e indicadores do conhecimento de todos: funcionário, professores e alunos. ¤
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Contas do DAGV Desnudas e ruborizadas Alípio Ferreira e Rafael Jabur
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DAGV tem responsabilidades. Uma delas, alicerce da accountability dessa entidade, é a publicação de seus demonstrativos contábeis. Mensalmente, o Diretor Financeiro do DAGV elabora a Demonstração do Resultado do Exercício, vulgo DRE (para os não versados na arte da Contabilidade, vale lembrar que a DRE registra as receitas e gastos da entidade ao longo de um período). O DAGV, no entanto, não divulga essas contas de forma eficiente, fazendo com que a maioria dos alunos continue delas ignorante. Diante disto, a Gazeta Vargas toma para si o papel de pôr os alunos a par de certos aspectos reveladores da saúde financeira da entidade durante a gestão da chapa Interação. O caminho das contas até a publica-
ção é simples. Após o fechamento das contas, elas são enviadas ao Conselho Fiscal da entidade, que deve emitir um parecer e denunciar eventuais irregularidades. Fica a cargo da Diretoria do DAGV que os alunos travem contato
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com esses temidos números. É obrigação do DAGV e direito dos alunos de Administração e Economia que esses valores sejam conhecidos. O Conselho Fiscal é composto por três membros eleitos em Câmara Discente – reunião em que somente representantes discentes eleitos têm direito a voto, e em que se decidem questões maiores do DAGV. Atualmente, entretanto, somente conta com dois membros, pois um deles – o ex-presidente do DAGV, Luan Gabellini – renunciou ao cargo: o próprio Luan reconheceu que poderia haver conflito de interesse em auditar as contas de uma entidade para a qual ele é prestador de serviços de informática. Após sua renúncia, que deixou muitos observadores atônitos ou admirados, o Conselho tem trabalhado com menos membros do que seria correto. Olhando os demonstrativos referentes ao primeiro semestre da atual gestão, alguns vermelhos chamam a
atenção. Em Julho, o DAGV desembolsou R$1.725,71 para a aquisição de um Playstation 3. Uma compra curiosa num mês em que o resultado do exercício (o total das receitas menos os gastos) fechou em R$ - 9.879,23.
Os cinco primeiros meses No mês seguinte, o resultado do exercício também corou, - R$12.613,67. Em parte pelo churrasco dos bixos, que a tradição manda manter totalmente free para os gevenianos. Além disso, houve a compra de tripé, câmera e equipamento de iluminação para a TvDA, que totalizou R$3.760,22, o que indica que a gestão está cada vez mais se preocupando em cumprir uma de suas propostas, melhorar a comunicação com os seus representados, ou não, já que a gestão decidiu rescindir o contrato com esta revista, uma forma barata de prestar contas aos alunos. Mas aguardem. Um novo prospecto já está a caminho. Os rubros resultados do exercício nesses dois meses, entretanto, resultam de um esforço por um upgrade estético do pitoresco primeiro andar. Numa onerosa e suada reforma a Interação trocou alguns daqueles sebentos sofás por outros ainda não tão combalidos (R$ 3.500,00). Também consertou o disputado “pebolas” (R$220,00), mudou a disposição da
Gioconda Venuta, em sua 41ª edição, deu prejuízo de mais de R$27.000,00
xérox e deu um trato na sala de reuniões do Diretório. As conferências do DAGV são agora realizadas em uma ampla sala, com carpete novo gris (R$3.160,00 parcelados), onde também foi instalado um aparato de multimídia (R$1.850,00). Isso tudo com o intuito de tornar a “salinha” um ambiente sério em que se firmam parcerias e se tomam decisões importantes. Estará o DAGV saindo de sua eterna puberdade, para arrostar a dura e crua realidade dos negócios? Já em Setembro, dois resultados merecem atenção. A Chopada com seu prejuízo de R$7.469,26 e a Giovanna
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28 com um surpreendente superávit de R$3.917,16 – acontecimento raro para a primeira Giovanna de uma gestão. Quanto à primeira, a explicação para o empreendimento deficitário foi falta de experiência neste tipo de evento (já que foi neste que a Interação perdeu a virgindade com chope). Uma das manifestações desse amadorismo reside nas custosas canecas de alumínio que eram distribuídas aos participantes da festa, gasto que corresponde a cerca de 40% do déficit total. Foi, porém, por ter vendido 400 ingressos a menos do que o esperado que o resultado da festa maculou a DRE de Setembro. Mas, falando assim, parece que o DAGV só fica no vermelho. E isso não é verdade. Em Outubro, o resultado foi de R$6.600,76... > 0! Ou seja, fechou no verde. O verde que, no entanto, foi responsável por uma despesa considerável. Há um item na conta “Despesas e Custos” rotulado “Todescan” (R$4.531,00). Ele denomina uma prestigiosa empresa de arquitetura cujo core-business é fazer projetos que primam pela inovação e sustentabilidade - outra proposta da chapa. Além de projetar a reforma sustentável do primeiro andar, a empresa ministrou a membros do DAGV palestras para melhorar o approach dos mesmos em negociações de parcerias para a reforma, uma vez que terão que angariar recursos de terceiros para prosseguir com ela. O contrato com a Todescan foi firmado no valor de aproximadamente R$18.000,00, mas para levar a cabo essa reforma sui generis, os DAgevenianos terão de contar com apoio de entidades estudantis, da diretoria da escola, e de parceiros comerciais. Para tanto, precisarão de capital político e comprometimento full time de membros na presepada. Capital político que, vale lembrar, parece estar minguando neste semestre de crise organizacional. É Novembro, porém, o mês do escarlate que mais dói à vista. R$17.729,75 negativos, dos quais o principal gargalo foi a tradicional festa geveniana Gioconda Venuta, a anti-heroína do semestre. Em sua quadragésima primeira edição, deu um prejuízo de R$27.216,33. Indagados
sobre os motivos dessa vergonhosa cifra, o presidente do DAGV e o Diretor Financeiro, respectivamente Arthur Veloso e Yuri Benelli, esclareceram que o principal deles foi uma escolha malfadada da data do evento.Na verdade, segundo Arthur, a direção do DA se encontrava numa encruzilhada: ou a festa ocorreria às vésperas do ENADE, da semana de provas finais, ou do feriado da Consciência Negra. Optou-se por este último, e a festa ocorreu no dia 19 de novembro, uma quinta-feira, em São Bernardo do Campo. Mesmo com a opção de translado de ônibus com openbar, faltaram 400 pessoas para que a festa zerasse as despesas (break-even): foram vendidos 2430 ingressos para a Gioconda Venuta 41. O estrago causou rebuliço, e durante as férias, membros da diretoria do DAGV sugeriram até mesmo romper a parceria com a empresa organizadora do evento, a B2. Na esteira de uma crise no Diretório e sob críticas constantes, a ideia foi abandonada. No lugar, surgiu a proposta de uma
Explicação: Déficits do semestre são decorrentes de eventos e um processo judicial modificação na parceria com a empresa. Esta poderá ter participação nos lucros das festas do Diretório. Essa participação, segundo explicou à Gazeta Vargas o presidente Arthur Veloso, servirá de incentivo para que a empresa trabalhe melhor. Mas surgiu uma pedra no caminho: a proposta foi entendida pelo Conselho Fiscal do DAGV inicialmente como alienação dos bens “Gioconda” e “Giovanna”, o que levou à convocação de uma Câmara Discente Extraordinária. A Câmara, realizada no dia 24 de fevereiro, serviu para que os representantes do Diretório esclarecessem que simplesmente pretendem bonificar a B2 caso metas de lucro para as festas
sejam atingidas, o que não constitui a suposta “alienação” dos bens. Entretanto, nenhuma alteração no contrato com a B2 foi realizada ainda. E as receitas? Mas não é só de gastos que vive o DAGV. As receitas do Diretório se originam principalmente dos repasses que recebem das mensalidades das graduações, equivalente a 0,4%. Dos alunos da EESP recebem mensalmente R$1.168,93 e daqueles da EAESP recebem R$14.152,94. Outra fonte de receita importante é o restaurante Getulio, o Getulinho, que repassa um percentual de suas receitas ao Diretório: a média do semestre foi R$5.454,00 por mês. A xérox, depois de recente reforma em que se trocaram os equipamentos – que são alugados – também passou a ser potencial fornecedora de recursos: a média do semestre foi de R$2.825,18 por mês, sendo que o melhor mês, novembro, rendeu R$7.801,53. O Diretório também possui – ou possuía – uma quantidade formidável de ativos em renda fixa: investimentos nos bancos Itaú, Bradesco e Real. No entanto, o rombo do semestre teve de ser retirado de algum lugar... Arthur e Yuri foram também inquiridos sobre o desastroso resultado do semestre. Explicaram que os sucessivos déficits acumulados ao longo desse semestre (que somam algo próximo de R$30.000,00) foram resultado de desempenho ruim em eventos e de um processo judicial que impôs um passivo pesado à gestão (R$42.000 reais a serem pagos ao longo de seis meses): o caso de Alcides, ex-funcionário da xérox. Com esse passivo quitado e o comprometimento de não mais incorrer em déficits nos eventos do DAGV, a gestão Interação tem esperanças de entregar o Diretório num equilíbrio de gastos e receitas, ou seja: zerado ou superavitário. ¤
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O racha no DAGV Alípio Ferreira, Eduardo Miyamoto e Isabelle Glezer
to dos membros do DAGV, que se reuniram com os dois envolvidos para pedir esclarecimentos: nenhum deles sabia de nada. Nesse o final do semestre passa- dia, foi marcada para o dia 10 de do, nossa faculdade foi palco dezembro uma reunião aberta aos de uma série de eventos par- alunos da FGV, com o intuito de esticularmente desgastantes. A história clarecer os fatos. inicia-se aos 30 de novembro com o A reunião do dia 10 iniciou de recebimento, pela Gazeta Vargas, de forma protocolar, com a elucidação um envelope contendo e-mails im- dos acontecimentos por Arthur e pressos, trocados entre o presidente e Lucas, principalmente no que tano vice-presidente do DAGV. O conteú- gia à natureza privada do assunto do da correspondência revelava uma e focando-se na suposta ausência negociação em andamento com a dis- de dano de qualquer espécie ao Ditribuidora de bebidas Pernod Ricard retório Acadêmico. Caminhou, não para um evento por eles organizado, obstante, para duras críticas à conalém da busca de patrocinadores e duta do presidente e do vice-preparceiros para o mesmo evento. A Per- sidente por parte de alunos e exnod Ricard é também a fornecedora membros do Diretório Acadêmico, de bebidas para as festas Giovanna e recheadas de veementes pedidos Gioconda, organizadas pelo Diretório de renúncia. Acadêmico. Antes de continuar este Havia, já havia algum tempo, intexto, notamos que felizmente o res- satisfação dos membros do DA com paldo de provas colhidas ilicitamente as lideranças da chapa, a qual consé prescindível ao relato fiel da sucessão titui fator decisivo para a compreende fatos ocorrida. são da atual crise no Diretório. Um caso emblemático foi a decisão ad Cronologia referendum de Arthur Veloso pela No dia 2 de dezembro, a retirada dos cartazes de Giovannas Gazeta Vargas se reuniu com Lucas e Giocondas de gestões anteriores e Arthur para buscar compreender fixados na sala de reunião do DAGV, melhor a história, revelada de uma sob a alegação de que os cartazes maneira extremamente obscura e tornavam o ambiente pouco profisinusitada. Parecia haver um confli- sional. Ou seja: primeiro foram retito de interesse na situação em que rados os cartazes, e depois a decisão um membro da “alta cúpula” do foi ratificada em reunião de gestão. DAGV negocia parcerias para uma E, como não raramente observado empreitada privada juntamente no circo legislativo brasileiro, essa a um parceiro do DAGV. As expli- “medida provisória” presidencial cações que se tornariam “oficiais” também carecia de relevância e urposteriormente: segundo eles, o gência. contato da Pernod já era um conCom o recém-conhecimento da tato pessoal dos dois, de forma que preparação para o evento particunão haveria conflito de interesse lar dos dois diretores, críticas de no seu uso. ex-membros e o descontentamento Em 3 de dezembro, a história de alguns membros com a gestão, o também foi levada ao conhecimen- racha do DA era uma tragédia anun-
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ciada. Após a reunião aberta acima relatada, estabeleceu-se uma cisão dentro do Diretório: 8 dos 11 diretores do DAGV ameaçaram renunciar a seus cargos caso o presidente e o vice não o fizessem antes. Para eles, seus dirigentes agiram com conduta desprovida de transparência e responsabilidade. Nesse contexto cada vez mais quente, a Gazeta Vargas #82 foi lançada, com o texto “Há algo de podre no reino do DAGV”. Cientes de que haveria um texto sobre o assunto, Arthur e Lucas exigiram um espaço para se defender, e diante de uma edição já fechada e sem espaço, tiveram que se utilizar do “Espaço DAGV” para publicar suas explicações ( duas páginas por edição da Gazeta Vargas compradas pelo DAGV para a publicação de suas atividades aos alunos). No dia seguinte, 11 de dezembro, já se observava o primeiro sinal de que as atividades do Diretório estavam sendo afetadas pela crise. O Bota-Fora, tradicionalmente organizado pelo DA e pela Atlética em parceria, acabou sendo conduzido praticamente apenas por esta, uma vez que o evento, na noite de sua realização, contava com a colaboração de apenas três representantes do Diretório, dentre os quais não se incluía seu presidente. A ausência de Arthur foi mais sentida, entretanto, no 53º SAP (Seminário Anual de Planejamento da EAESP), realizado entre 11 e 13 de dezembro na cidade de São Roque, SP. Representando o DAGV estavam Aline Varnovitzky, secretária-geral, e Leonardo Natalli, vice-presidente acadêmico de Administração. O desapontamento pela ausência do presidente derivava não só da importância do seminário – um dos poucos eventos em que é permitido aos alunos participar ativamente nas diretrizes da
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gestão da EAESP – mas também da falta de comprometimento com suas atribuições, com destaque para a defesa do interesse dos alunos no SAP. O ultimato a que foram submetidos Arthur e Lucas, com oito de seus diretores ameaçando desligar-se do DA caso ambos não renunciassem a seus cargos, chegou a uma resolução no dia 22 de dezembro. Em reunião com a diretoria executiva do DA, o presidente e o vice afirmaram que, tendo agido idoneamente, não tinham pretensões em abandonar seus cargos. Imediatamente seis dos diretores anunciaram que iam romper com suas atividades junto ao Diretório, renúncia que só foi oficializada na primeira reunião de gestão de 2010, em 3 de março. Saíram do DAGV nesse momento: João Saad, diretor de
DAGV às traças Captação de Recursos, Aline Nasser, diretora de projetos internacionais, Letícia Ohara, diretora de Responsabilidade Social, Alline Martins, diretora cultural, João Gabriel Ferreira, diretor de eventos e Heliton Scheidt, vice-presidente acadêmico de economia. Aline Varnovitzky e Yuri Benelli, secretáriageral e diretor financeiro, mudaram de ideia e decidiram permanecer apesar de não concordarem com a atitude de seus líderes eleitos.
Feliz ano novo? O uso do Espaço DAGV na Gazeta Vargas #82 para realizar sua autodefesa ainda renderia dor de cabeça a Arthur e Lucas. No início de fevereiro foi convocada pelo Conselho Fiscal do DAGV uma Câmara Discente Extraor-
dinária – reunião em que poucos têm direito a voto, e em que se delibera sobre grandes questões da entidade. Uma das pautas exigia justamente explicações quanto ao que o Conselho Fiscal julgava um mau uso dos recursos do DAGV. O Diretório Acadêmico firmou parceria com a Gazeta Vargas em que, desde a edição #80, o valor de mil reais era pago em troca de duas páginas. O espaço existia com a finalidade de publicar conteúdo do próprio ao DA. Com o recebimento da denúncia pela Gazeta Vargas, e a subsequente investigação, foi decidida a publicação de seu conteúdo na edição #82, com o prévio conhecimento dos envolvidos. Ante isso, foi requisitado, por Arthur, espaço para apresentação de resposta. Em vista do fechamento da edição, foi sugerida a utilização das páginas disponibilizadas ao DA, ou que aguardassem a edição #83. Arthur consultou, então, os membros do DA, os quais consentiram Arthur e Lucas a utilizarem o espaço para a apresentação de sua resposta à reportagem (sem a ter lido...). No entanto, o espaço é exclusivo aos assuntos concernentes ao DA, de forma que, tendo sido utilizado para a defesa pessoal de dois indivíduos, deveriam os autores ressarcir o Diretório em quantia proporcional ao espaço utilizado. E assim foi feito: um dia após a publicação do edital de convocação da Câmara Discente, Arthur e Lucas depositaram nos cofres do DAGV R$250,00. Com a pauta resolvida, a Câmara Discente transcorreu com tranquilidade. Em 3 de Março, ocorreu a primeira reunião de gestão do ano de 2010. Nessa aguardada reunião, foi apresentada formalmente a renúncia dos seis membros acima mencionados.
Num to intendendu nada! Afinal, o que aconteceu? Por que tanto barulho? Em poucas palavras, o que ocorreu foi o seguinte: Arthur e Lucas, paralelamente a suas atividades como representan-
tes dos alunos da EAESP e EESP, planejavam um empreendimento pessoal que consistia num evento – que de fato ocorreu. Para a realização desse evento, buscaram parcerias com diversas empresas, enviando imagens de festas realizadas no Diretório Acadêmico como indício de suas expertise na realização de eventos. Fecharam também um contrato de distribuição de bebidas com a empresa Pernod Ricard, que é distribuidora de bebidas para festas do DAGV. A revolta armada, ou melhor, arquitetada no primeiro andar foi motivada primeiramente pelo fato de nenhum dos outros membros do DAGV estarem inteirados das negociações particulares de Arthur e Lucas. Somado a isso, foi disseminada a interpretação de que 1) poderia haver conflito de interesse no fato de o presidente do DAGV firmar contratos particulares com uma empresa parceira do Diretório; 2) poderia haver tráfico de influência em o presidente do DAGV firmar contratos particulares com uma empresa parceira do Diretório. Em outras palavras, a possibilidade de confusão entre público e privado era suficiente para que o ato fosse condenado. Naturalmente, estes fatos são vistos de forma diferente por Arthur e Lucas. O DA vem sido tocado como conseguem, apesar das bordoadas que levam e do esvaziamento evidente. Convictos de que agiram de maneira correta, não demonstram dúvida ou medo diante das acusações, e têm respondido impassivelmente aos inúmeros emails que lhes são enviados, alguns com cobranças agressivas e julgamentos desastrosos. No meio do maremoto, vão remando o barco. E não há nada melhor do que uma dose cavalar de convicção. ¤
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Contraponto
"Foi correto o presidente SIM Arthur Velloso presidente do DAGV
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enho utilizar esse espaço como forma de direito de resposta para a matéria publicada na edição anterior da Gazeta Vargas, onde eu e o Lucas Tavolaro fomos alvos de interpretações distorcidas , principalmente em respeito a todos os alunos que tenho a responsabilidade de representar da melhor maneira possível, assim como vejo todos os membros do Diretório Acadêmico se esforçarem para fazê-lo diariamente. Após a publicação da matéria passada, a Pernod Ricard Brasil – multinacional detentora de marcas como Absolut, Wyborowa, Ballantines e Chivas – tomou conhecimento do conteúdo publicado e nos procurou para apresentar um esclarecimento oficial da empresa, que segue abaixo: “Viemos através desta carta esclarecer alguns pontos levantados na revista Gazeta Vargas #82 a cerca de negociações envolvendo a Pernod Ricard Brasil. Primeiramente, gostaríamos de deixar claro que em momento algum os senhores Lucas Tavolaro e Arthur Veloso se utilizaram dos respectivos cargos no DAGV a fim de colher benefícios para sua festa particular. As negociações para o evento dos senhores Lucas Tavolaro e Arthur Veloso somente se iniciaram após o término das negociações dos eventos universitários realizados pelo DAGV, terem sido encerradas. Não é de praxe da Pernod Ricard Brasil a negociação de “pacotes”, envolvendo entidades universitárias , dessa forma reafirmamos que não ouve qualquer tipo
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de negociação que envolvesse festas do DAGV e eventos pessoais. Além disso, é importante ressaltar que a Pernod Ricard Brasil firmou uma parceria com o Diretório Acadêmico e não com nenhum de seus membros em específico. Precisamos ressaltar, que o senhor Lucas Tavolaro já possuia um contato com a Pernod Ricard Brasil, e o mesmo foi o responsável por apresentá-la ao DAGV. Além disso, a matéria também levanta dúvidas sobre o fato de ambas as negociações terem sido efetuadas diretamente com o mesmo contato. É de responsabilidade do Sr. Guido Ferracini qualquer atendimento envolvendo eventos pontuais na região da Grande São Paulo e Litoral Sul de SP, além de festas e formaturas universitárias. Isso explica a questão. Entendemos que o papel da Gazeta Vargas é denunciar eventuais abusos e defender a transparência e ética dos representantes de sua instituição, reconhecemos e apoiamos a legitimidade dessa causa, porém também é de responsabilidade da instituição e de seu representante a busca de uma noção mais ampla dos fatos antes de publicá-los. Em nenhum momento fomos procurados por qualquer membro da Gazeta Vargas para que pudéssemos prestar esclarecimentos sobre o fato, talvez tal atitude poderia ter evitado uma série de indagações fantasiosas quanto ao teor das negociações e a conduta dos citados. Resolvemos espontaneamente nos manifestar simplesmente pelo fato de sermos, além dos dois citados na matéria, os únicos que estávamos presentes em todas as negociações, sendo assim, podemos falar com mais propriedade sobre o assunto do que qualquer pessoa que goste de “bisbilhotar” (eufemismo utilizado na matéria em questão para o termo invasão de privacidade) e-mails alheios.
Não pudemos deixar de notar uma certa exaltação da democracia conquistada através da transparência e idoneidade das gestões anteriores do DAGV. Tais idéias são louváveis porém contrastantes com invasão de privacidade e utilização de informações obtidas através de tal atitude. Por fim parabenizamos os senhores Lucas Tavolaro e Arthur Veloso, bem como toda a gestão atual do DAGV pela conduta ética e transparente das negociações envolvendo a parceria entre o Diretório Acadêmico e a Pernod Ricard Brasil. Pedro Henrique Moretti - Marketing Premium Pernod Ricard Brasil” Prefiro não entrar no mérito da questão da matéria, por julgar que minha posição seja clara com relação ao assunto, mas sim utilizar esse espaço para proporcionar uma nova reflexão para os alunos e leitores. Até quando as pessoas serão vítimas do pseudo-jornalismo (salvo algumas exceções), encrustrado por uma ética maquiavélica – “os fins justificam os meios” -, valendo-se de informações ilícitas e embasado em interpretações equivocadas, não preocupando-se em escutar todos os envolvidos (característica do jornalismo investigativo sério), antes de denegrir a imagem de uma pessoa ou instituição? A motivação de publicar algo, está menos relacionada com os fatos, e sim com o que realmente “vende”, com o que dará ibope, com “sangue”. Hoje sou eu, amanhã poderá ser você! ¤
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do DAGV ficar no cargo?" NÃO Luan Gabellini
ex-presidente do DAGV (2008-2009)
Felipe Cataldi
ex-diretor de captação do DAGV (2008-2009)
“Todo poder tende a corromper.” Pois é, essa frase faz parte do cotidiano dos membros mais ativos do Diretório Acadêmico Getulio Vargas. Podemos falar pelas três gestões que vivenciamos como colaboradores, diretores ou presidente. Foram diversas reuniões com diretores de empresas importantes, muitas contagens de dinheiro de Gioconda e várias noitadas trabalhando em portas de eventos da entidade. São situações tentadoras, mas que devem ter seus impulsos sufocados pelo compromisso público assumido no dia em que ganhamos a disputada eleição para dirigir a entidade ou, em última instância, pela consciência. Antes de prosseguirmos com esse debate, queremos deixar bem claro que esse texto não traz nenhuma acusação aos atuais dirigentes da entidade, mas sim fatos que foram publicamente divulgados na última edição dessa revista e em reuniões de esclarecimento realizadas pelo próprio DAGV. O fato resumido é que o atual presidente e seu vice-administrativo abriram uma empresa de eventos e trocaram e-mails com uma distribuidora de bebidas tratando conjuntamente de eventos pessoais e do DA.Tudo isso sem avisar qualquer membro da entidade. A justificativa, segundo eles, é que esse acontecimento é de cunho pessoal e irrelevante para o DAGV. Vale ressaltar que esse episódio foi somente a ponta do iceberg da omissão de fatos
e desleixo na comunicação da entidade. Por que somos contra a permanência dos membros envolvidos em escândalo na gestão da entidade? É fato pú blico que certas decisões desses membros foram tomadas sem o conhecimento e consentimento de sua gestão. Não precisaremos, dessa maneira, julgar o mérito da decisão, pois o fato isolado da falta de transparência é motivo suficiente para justificar o desligamento desses indivíduos. Ora, há seis requisitos necessários para um casamento feliz: o primeiro chama-se Paciência, e os outros cinco, Confiança. Esses membros traíram sua gestão e agravaram ainda mais esse pecado ao desprezarem as ameaças e posteriores renúncias de todos aqueles que faziam parte do seu grupo. Tal atitude, para nós ver, é um sintoma da “síndrome do pequeno poder” acrescida do arrogante pensamento “Os incomodados que se mudem”. Nesse caso, o melhor para a entidade é uma renovação! Os membros envolvidos nesse incidente deveriam deixar a entidade livre para eleger novos líderes. É preciso dar continuidade aos projetos planejados e descritos na carta programa da gestão que, lembro-lhes, é responsabilidade da diretoria executiva da entidade. Do contrário, só enxergamos dois tristes cenários: de um lado, a gestão sucumbirá em brigas entre esses membros e os poucos revoltados que decidiram ficar e, de outro, o poder absoluto corromperá absolutamente, fazendo com que os membros remanescentes envolvidos no escândalo ou coniventes com tais práticas não mais representem o interesse dos alunos. A parte mais crítica desse texto fica a cargo da consciência de cada um: seria correto abrir uma empresa de eventos ao mesmo tempo em que se tem um cargo importante em um DA que faz festas homéricas? Essa atitude seria reflexo
de premeditação ou ingenuidade? Essa gestão continua sendo democrática após esse incidente? Se fosse um ministro das comunicações construindo uma empresa de publicidade aproveitandose de seu posicionamento privilegiado no governo.Qual seria a percepção da opinião pública? Pedimos desculpas às damas e aos membros do corpo docente, mas a educação interiorana de um dos autores que vos escreve faz lembrar uma frase pronta que sua avó lhe contou após um episódio trágico: “Confiança é como a virgindade, só se perde uma vez!”. Pois é, chegamos ao fundo do poço! Se antes o espaço da gazeta Vargas era destinado aos questionamentos sobre os rumos políticos da escola, hoje questionamos a representatividade do DAGV. Esperamos que pare por aí, pois não queremos questionar seus balanços ou sua credibilidade. Quem conhece a entidade mais a fundo sabe que a experiência de presidir ou ocupar uma posição importante no DA é simplesmente impagável. É certamente uma grande lição de responsabilidade, superação, empreendedorismo, trabalho em grupo, paciência, negociação e muitas outras habilidades indispensáveis para qualquer carreira! Essas vantagens todo mundo pode e deve levar! Contudo, não cremos que esse texto irá tocar a consciência dos nossos representantes e, por isso, deixamos um apelo a todos que tem vontade de participar do diretório acadêmico. Faça mais que ler essa revista, questione a entidade, participe das reuniões, converse com ex-membros e conheça melhor a história do 1º andar. Gostaria de ver muitas chapas participando das próximas eleições - o DA merece isso. ¤
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Coluna de Tecnologia
Ipad, Wave e Redes Sociais Daniel Fejgelman
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ertamente essas férias foram bem agitadas no munto do progresso tecnológico. Pudemos observar o lançamento do iPad, muitos produtos novos no mercado e um briga voraz pelos canais de midias sociais. O tão aguardado iPad foi lançado, oficialmente, no dia 27 de janeiro pelo CEO da Apple, Steve Jobs. O lançamento teve muita repercusão, principalmente em cima dos pontos que a Apple não incluiu no tablet, como uma câme-
Falando de Apple e universidade, aproveitamos para indicar um bom jeito de aprender paralelamente às aulas, o iTunes U (iTunes University), por meio do qual é possivel baixar milhares de aulas ministradas por professores de universidades americanas. Tudo isso está disponivel, de graça, dentro do programa iTunes da Apple (apple.com/ itunes) tanto para aqueles que têm iPods ou iPhones, quanto para quem não tem nada da Apple, não havendo nem a necessidade de se cadastrar na iTunes Store. E a promessa do Wave?
ra interna, conexão USB e a impossibilidade de rodar mais de um programa por vez( ouvir música e navagar ao mesmo tempo, por exemplo). O bafafá similar ao do lançamento do iPhone sugere que este gadget será um sucesso de vendas, inclusive por invadir um mercado ainda não explorado pela empresa, o de livros. O catálogo promete ser maior que o de livros para o Kindle, pela maior liberdade de preços que a Apple irá proporcionar às editoras, implicando custos maiores aos leitores Não iremos mais a fundo em especular sobre o iPad pois aguardamos que a Apple mande um aparelho para a Gazeta testar, em primeira mão, ou o lançamento oficial no Brasil, após a lenta homologação da ANATEL. Por hora, falaremos do Kindle DX, que foi oficialmente lançado mundialmente e cuja tela de 10 polegadas será alvo dos universitários de todo o mundo para os PDFs e livros didáticos(amazon.com/ kindledx).
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Logo antes do fim das aulas, os alunos da FGV sofreram uma onda de convites para participar do Google Wave ainda em versão Preview. E para saber mais, a Gazeta perguntou a opinião do mais antigo usuário do Google Wave na GV, Fábio Krauss, que ja foi coordenador de TI do DAGV e hoje atua no IN (International Network) a mais nova entidade da FGV. Segue o depoimento: “Ganhei o convite para o Wave, logo que lançaram. No começo, parecia ser uma ferramenta que ia, de cara, revolucionar as comunicações. O programa tinha tudo para dar certo, open source, uma marca forte e confiável por trás, novidades e o interesse das pessoas. Só faltou, por parte do Google, analisar melhor o comportamento da galera quando usa esses meios de comunicação. Separar é bom, pois organiza melhor as coisas, já juntar, pode desorganizar e deixar mais complicado... Acho que o grande erro foi tentar juntar tudo à força, deixando tudo de forma complicada. O Gmail é o maior exemplo de que a simplicidade é o que funciona. Não parece que eles pensaram nisso na hora de fazer o Wave. Aquele lançe de respostas em qualquer lugar da onda é extremamente confuso,
e o playback quase sempre trava. Para o Wave funcionar, a meu ver, deveriam diminuir os recursos, aumentando a simplicidade e favorecer a criação de novos gadgets(a novidade que mais tem potencial no Google Wave).” Apesar de tudo, a ferramenta é incrivel na hora de fazer documentos simultaneamente, como por exemplo, os trabalhos da faculdade, graças aos recursos de edição e controle de alterações, bem como pela simultaneidade de escrita e leitura por vários usuários. Resta apenas saber se a ferramenta será um sucesso ou um fracasso até o lançamento da versão final. Redes Sociais Após anos vendo as redes sociais ganharem espaço na internet e no tempo de conexão dos internautas, o Google decidiu reagir e lançou seu novo produto, o Google Buzz, para concorrer diretamente com a maior rede social do mundo, o Facebook. O Google se aproveitou do grande número de usuários do Gmail e embutiu essa função na página principal do serviço de emails. O Buzz já nasceu grande com 37 milhões de usuários (do Gmail) contra, 18 milhões do Twitter mas, ainda longe dos 400 milhões do Facebook. Nele, voce pode intregrar com outros sites como o YouTube, Picassa, Flicker e inclusive o Twitter. Mas, a versão inicial apresentada não oferece intregração com o Facebook, por razões óbvias. Faltam ainda alguns recursos e tem uma intereface confusa, lembrando a do Google Wave. Se o Google consseguirá se infiltrar em meio às redes sociais, somente o tempo poderá nos dizer, mas certamente o caminho será longo. ¤
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O Inchaço da Máquina Diogo Bardal 8º semestre de AP
Arqueólogos recentemente tiveram acesso a um velho pergaminho empoeirado. Nele, dois sábios, um chamado “economista” e outro “administrador” chateam longamente sobre o significado das coisas. Num dos trechos discutem sobre o chamado “Inchaço da Máquina”: Administrador: Já faz muito tempo que voltaste de Brasília? Economista: Sim, meu caro, esses dias te procurava mas não te encontrava. A: Não estava no bar. E: E onde estavas? A: Em casa. E: Vivo ou morto? A: Mais morto que vivo, estive em graves condições. Não só pelo stress do trabalho, mas pela doença que me afligiu. E: Estais bem? A: Sim, felizmente estou curado. Mas conte-me lá de Brasília. E: Fui convidado para um programa em um canal a cabo para dar uma opinião. A: Boa! E sobre o que era o programa? E: Sobre o Inchaço da Máquina Pública. A: Muito eu tenho ouvido sobre este Inchaço, mas não entendo. E: No que nçao entende? A: Talvez seja ignorância minha. Você, é certamente mais sábio do que eu. Eu não tenho tempo de ler o Valor. Poderias clarificar um pouco as idéias, talvez? E: Bem, é muito simples. Nos últimos anos, o Estado tem aumentado muito seus gastos. Isto tem preocupado um pouco a todos, pois o Estado gasta mal: aumenta a despesa com pessoal em detrimento dos investimentos. A: Parece-me algo ruim. E logo então vêm as consequências na inflação, os
tributos que aumentam para cobrir um eventual déficit. E: Exatamente. A: Mas espere, disseste que o Estado gasta com folha de pagamento e por isso gasta mal? E: É. A: Sentes-te bem? E: Sim, perfeitamente. A: Pois veja, que eu cá comigo, penso: gastar mal, se bem entendi, é administrar mal uma organização, certo? E: Claro. A: Bem, para saber se estão administrando mal uma organização, sem poder saber porém, de quê ela se ocupa, eu prudentemente pediria imediatamente um balanço patrimonial, umas DREs, e fluxos de caixa. Tu também, prudente que és, pedirias o mesmo, certo? E: Sim. A: E ainda assim, digo que mesmo com todos esses documentos, seria impossível dizer com certeza se esta organização é bem gerida. E: É? A: Sim. Porque eu não sei o que ela faz. E portanto não tenho como dizer se ela faz bem, o que se propõe a fazer. E: Mas se observas grandes despesas com pessoal na demonstração de resultado, e uma má posição financeira, a organização não pode ser bem administrada. A: Veja, é por isso que consegues imaginar gerir o Gabão de um escritório em Genebra. Um hospital não se importaria de ter grande parte de suas despesas com pessoal. Afinal, ele precisa de médicos, enfermeiros, pessoal de limpeza. Também o dono de uma livraria não se espantaria se observasse um estoque muito maior do que outros negócios. E um dono de uma fábrica de alfinetes, se contratasse operários sem experiência não estaria cometendo um grande erro. Então, concordas que antes de olhar um dado, precisamos saber de que se trata
esta organização? E: Sim, concordo. A: Bem, agora, se eu lhe dissesse que esta organização é um Estado. Esta organização está mais para uma fábrica de alfinetes, para uma livraria ou um hospital? E: Pela quantidade de serviços que o Estado oferece, eu diria que é um hospital. A: Sim, nos últimos anos, e depois desta nossa constituição, o Estado tem se transformado muito. E tem se transformado em Hospital. Não é de se admirar que as despesas com pessoas tenham aumentado na última década não é mesmo? E: É, de fato. A: Agora, se a proporção da despesa com folha de pagamento na despesa geral não é critério para dizer de o Estado gasta mal, o que é? E: Não sei. A: Pensemos então no hospital. Deveríamos, antes de tudo olhar para os resultados deste hospital, não só financeiros, mas de recuperação de pacientes, por exemplo. Da mesma maneira, podemos avaliar se os investimentos foram bem feitos, analisando os resultados deste investimento e se foram bem planejados. Parece claro tudo isso, não? E: Sim, mas e a inflação, os tributos? A: A inflação, os tributos são um problema. Mas eles existem também como restrição no Estado-Fábrica-dealfinetes. E: Mas os investimentos em infraestrutura aumentam o produto potencial da economia, e assim viabilizam o crescimento do produto no longo prazo. Os investimentos na burocracia, saúde, educação e assistência social... A: Contribuem também para o crescimento do produto potencial da economia. Ou dirais que homens mais educados, sãos e iguais são menos produtivos? E: Deixe estar. A: Há um abismo que nos separa. E: O Sócrates não estava para chegar? A: Talvez na próxima encarnação. ¤
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Interação (!): A pior gestão do século Alan Broner
Ex-Conselheiro Fiscal DAGV Ex-Colaborador DAGV alan_broner@yahoo.com.br
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ois é.....!!! Sempre imaginei como seria a vida depois de formado. Novos desafios pessoais e profissionais – e portanto desapego quase total ao passado EAESPiano. Pouca saudade dos elevadores cheios e do LEPI lotado. Sem falar dos tradicionais sofás mal conservados do DAGV. Pouca saudade....Certo? Errado. Mesmo há alguns meses sem freqüentar a Escola, o carinho e o respeito pelo DAGV ainda falam mais alto. E é por isso que escrevo a esta Gazeta. Afinal membros da atual gestão do Diretório Acadêmico – incluindo aí o Presidente (Arthur Veloso) e o Vice-Administrativo (Lucas Tavolaro) - vem omitindo fatos, confundindo o dever público – afinal, esquecem-se, foram eleitos – com interesses privados, e dando sinais de arrogância e presunção dignas de invejar o Presidente da FGV. Mas não pretendo aqui refletir ou questionar exclusiva e exaustivamente a pouca ética de alguns. Até porque, como sei, esta Gazeta se encarregará de levantar esse debate – com a qualidade e democracia que ele merece. Tenho como intuito, pois, questionar outros pontos: quais os rumos do DAGV após esta gestão? Qual o legado, em termos de princípio e valores, que a atual gestão deixará – além da vaidade, do egoísmo e da falta de transparência? Será que teremos novamente Diretores omissos, que se calam diante de condutas duvidosas de um ou dois? E quais serão as prioridades da(s) chapa(s) para o Dire-
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tório Acadêmico? E, ainda, haverá de fato um debate, com confrontos reais de idéias e opiniões? Ou a atual morosidade e paralisia do DAGV não motivará um número razoável de pessoas a se dedicar por mais um ano à Entidade? São questões mais do que relevantes, principalmente em semestre eleitoral. E esse é o ponto-chave: a próxima eleição para o Diretório Acadêmico será mais do que crucial para determinar qual será o novo ciclo da Entidade – que pode durar uma, duas, ou dez gestões. Vejo, hoje, dois cenários possíveis: um primeiro em que o DAGV se afunda em sua atual pequenez, relegando-se a um promotor de festas, alienando-se ainda mais de discussões relevantes na seara político-acadêmica; ou, então, um DAGV mais interessado em estar junto do aluno, discutindo demandas reais tanto de cunho acadêmico como político – temas que são da essência e da natureza do DAGV. Neste último cenário, vestir-se de camisa social para uma reunião na Pernod para discutir bonificação de bebidas para uma(s) festa(s) é menos importante do que se debruçar sobre Estatutos e Regimentos. Mas pelo o que percebo do mapa eleitoral do DAGV para este semestre é que o primeiro cenário, que reina atualmente, será o que predominará. Isso porque não houve uma preocupação da atual gestão em construir pessoas bem informadas sobre o passado político-acadêmico da Escola (até porque nem os próprios membros da gestão sabem do passado da Entidade e da EAESP), e portanto são remotas as chances de surgirem candidatos que tenham reais intenções – e não só discurso – em focar nesses temas e aprofundar a discussão. Mas...O que de
relevante o DAGV de fato faz? O DAGV é, por exemplo, o responsável por negociar a mensalidade da Graduação de Administração com a Diretoria da EAESP. A atual gestão em apenas uma reunião, sem estudo prévio e sem consultar a opinião dos alunos, sacramentou um aumento de 5% na mensalidade, ao mesmo tempo em que o IGPM fechou o acumulado de 12 meses em -0,65% (Jan/09-Jan/10). Além disso, a Interação pouco fez este semestre para o aluno, e acabou focando as energias da gestão quase que exclusivamente para a realização das tradicionais festas. Por outro lado, gestões anteriores trabalharam de forma mais madura e democrática a questão da mensalidade, além de investir tempo em demandas político-acadêmicas reais – a Reaval, o processo de contratação de professores e a pulverização acelerada da marca FGV Brasil afora foram bandeiras da instituição em um passado não muito distante. Exemplos claros de um DAGV mutante, em que o único prejudicado por tamanha mudança é, ironicamente, o principal interessado: o aluno. Mas e você, aluno geveniano? Sabe quais são os papéis do DAGV? Qual a história dessa Entidade? Quais os reais valores e princípios que construíram essas mais de cinco décadas de história? Pesquisem! Informem-se! Procurem ex-colaboradores! Leiam os arquivos do DAGV! É um bom primeiro passo para ter um contato imparcial com as raízes da Entidade! Como ex-aluno só peço uma coisa neste próximo processo eleitoral: não tomem como bom exemplo a atual gestão (Interação). Afinal esta é certamente a pior gestão do século. ¤ Texto Enviado em 20/02/2010
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A cultura Pop e o show dele, Iggy Pop Juliano Fatio
8º semestre de AP or um lado, deliciou o mundo com maravilhas como The Who e Andy Warhol, lesados de carteirinha, enaltecedores da simplicidade, crua, nua, sem frescuras, nos livrando daquela pompa chatérrima dos retrógrados, que acreditavam nas artes para a minoria instruída e letrada. Por outro, trouxe até nossas míseras vidas porcarias como Blitz!, boys bands da vida e mais “trocentas” bandas de um só hit... mas pop é isso! Tudo é vendável, então tudo tem seu espaço... do luxo ao lixo, por isso é tão “foda”. E na real, se é bom, dura além dos 15 minutos de fama a que todos nós temos direito. O surgimento deste conceito efêmero, da arte voltada quase que completamente ao comportamento, e menos para sua complexidade, deu a oportunidade para seres bisonhos (no bom sentido da palavra) aparecerem. O espaço escancarado pelos desdentados, sujos, bêbados e/ou drogados no imaginário do inquieto jovem contemporâneo foi o que de mais interessante aconteceu na humanidade desde que a gente se entende por gente. Artistas como Bukowski, Kerouac, Patti Smith e Dee Dee Ramone chegaram quebrando tudo na segunda metade do século XX, e não por acaso tiveram seu grito escutado por milhares que se identificaram com o beatnik e com o punk. A maior prova do crescimento do submundo, da escória, os excluídos do American way of life, uma babaquice hipócrita que parte do pressuposto tosco de que o homem é um animal controlável: nasce, cresce, se casa, vai morar no subúrbio, trabalha 8 horas por dia pra comprar o cadillac
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rabo-de-peixe e fritar hambúrguer pros filhos e vizinhos no final de semana. Nãããããoooo! De vez em quando precisamos de um pouco de descontrole, afinal, somos humanos, e isso já é uma puta desculpa para errarmos, sempre e quantas vezes quisermos. Agora, o que esperar de um cara que sintetiza e ilustra o beatnik, inventou o punk e ainda carrega “pop” no nome. No mínimo o melhor show da sua vida. O descobridor das galáxias, o tocador das trombetas celestiais para a entrada dos desprezíveis na outra vida, o Salvador dos fracos, oprimidos, viciados e inúteis... Iggy Pop! Se você achou que eu estivesse falando de Jesus (aliás, o maior artista pop de todos os tempos), fala sério, até acho ele gente boa coisa e tal, mas qual o último CD espetacular que Ele lançou? O do Iggy saiu faz seis meses... Então, se é assim, se eu tenho que escolher um messias, um local sagrado, definir um culto religioso e uma oração, vai ser o Iggy Pop, em um palco, fazendo um rock despretensioso, cantando alguma mais ou menos assim: Outta my mind on a saturday night ,1970 rollin’ in sight , radio burnin’ up above, beautiful baby… Be my love! Bom, já feitas as devidas apresentações, vamos ao show. O cara se apresentou com seus colegas de Stooges, com quem produziu pérolas do pré-punk no final da década de 60 e início dos anos 70. O Festival Planeta Terra, que já vem se tornando unanimidade entre os seguidores da boa música, realizou a proeza de abrigar o concerto. A novidade em relação ao último show de Iggy & Stooges em solo tupiniquim, que ocorreu em 2005, ficou por conta da volta do guitarrista James Wiliamson no
lugar do falecido Ron Asheton. James esteve com a banda somente no curto período de produção do fantástico Raw Power, de 1973. Portanto, a expectativa era grande, já que essa formação não tocava junto há mais de 35 anos. À meia noite em ponto, The Iguana apareceu. Trajado como de costume, jeans apertado, à la funkeira de calça da Gang, sem camisa, com as veias saltadas de quem não encontra mais lugar pra se picar. Quando a música começou a rolar teve de tudo: o careta botou sua bunda sexagenária de fora, convidou metade da plateia pro palco, que muito cordialmente, aceitou... Sem brincadeira devia ter uns 100 carinhas lá em cima. Foi a visão do caos, era gente brigando com segurança, tentando invadir camarim, tocando a bateria do outro, dando peixinho em cima da turma que não arriscou subir, um circo. Um circo que teve seu respeitável público, de fato, muito respeitado. Impecável, a organização e o show. Algumas boas surpresas da carreira solo do cantor como “lust for life” (ou no português bem falado, tesão pela vida) e “the passenger” foram muito bem no repertório dominado, obviamente, por músicas dos Stooges. Nem alguns errinhos do guitarrista Wiliamson, que voltava a se apresentar ao vivo depois de tanto tempo, foram capazes de estragar a festa. Aliás, o que mais gosto nestes festivais é a possibilidade de fazer o que passar pela minha cabeça e ninguém estar nem aí. É tanto maluco junto que uma esquisitice a mais ou a menos não faz a diferença, se começar a caçar avião com minha bazuca imaginária, nem olham! Voltei pra casa satisfeito, certo de que poucas coisas valem mais que o hedonismo presente na cultura pop e em seus maiores expoentes. E tranquilo também, por que agora sei se nada der certo na minha vida, a escória estará lá de braços para me receber, com Iggy Pop no talo. Lust for life! ¤
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Verdade X Felicidade para o administrador Luis Gustavo Velani 4º Semestre AE
“I'll hit the bottom. Hit the bottom and escape” Radiohead, Weird Fishes
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odo mundo quer ser feliz. Presente desde músicas de axé até trabalhos filosóficos, isso parece ser uma verdade irrefutável, quase um sine qua non da condição humana. O empresário Abílio Diniz, em sua última palestra na FGV (em 2009) nos deu diversos conselhos não somente para ir bem nos negócios, mas para ser felizes, em dicas que iam de praticar esportes a manter a espiritualidade equilibrada. André Compte-Sponville, um filósofo materialista francês nascido em 1952, discute essa questão numa conferência de 1999, que mais tarde foi transcrita para a obra 'A Felicidade, Desesperadamente'. Ele coloca a sabedoria como “felicidade na verdade”, expressão também utilizada por Santo Agostinho para definir a felicidade verdadeira, “oposição ás nossas pequenas felicidades, sempre mais ou menos factícias ou ilusórias”. Mas o que é ser feliz? É, de acordo com Epicuro, reduzir ao máximo os desejos, para que se esteja sempre plenamente satisfeito com o mínimo? Isso já não parece ser muito condizente com nossa realidade, de “quero sempre mais”. Seria felicidade a verdade? No filme Matrix (1999), os irmãos Wachowski nos apresentam um mundo onde os seres humanos são escravos, meros fornecedores de calor, com plugues ligando seus cérebros a uma realidade virtual. A libertação, ou seja, o
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despertar para a "verdadeira realidade" é tido como o único caminho para a felicidade. Cypher prefere viver dentro da Matrix, e poder aproveitar os prazeres e facilidades desse simulacro. "Ignorance is bliss", diz ele ao saborear um bife suculento. Já um administrador não pode se dar ao luxo de não conhecer os fatos. Tomar uma decisão baseada em dados inconsistentes ou avaliações superficiais podem trazer sérios prejuízos. É preciso ir a fundo e conhecer o problema sob vários pontos de vista, utilizando várias áreas do conhecimento. Cavar muito fundo, no entanto, pode ser perigoso. E se o administrador começa a aplicar esse método de busca pela verdade em sua própria vida? E se essa pessoa descobrisse que, em toda a sua valiosa ‘network’, não tem nenhum amigo? E se um dia acordasse pela manhã e descobrisse que, por trás de sua motivação, existe apenas um emprego chato? E se as luzes da balada acendessem, e a música parasse, revelando pessoas nem tão bonitas e nem tão divertidas? Em 2008, US$ 21,3 bi foram gastos em games só nos EUA, segundo a consultoria NPD. O consumo de bebidas alcólicas cresce a ritmos galopantes (para ficar somente nas drogas lícitas). Uma pesquisa da OMS mostrou que os brasileiros bebem 70% mais do que há 35 anos. O governo tem discutido tomar medidas urgentes, porque isso já se tornou um caso de saúde pública. Não se trata aqui de uma observação moralista, mas um convite à reflexão. Se estamos buscando tantas fugas, em
realidades paralelas ou no entorpecimento da mente, é porque deve haver algum problema com nossa própria realidade. Essa ideia de que “algo está errado” tem sido muito discutida em livros e filmes. Em Revolutionary Road (Foi Apenas um Sonho, 2008), por exemplo, Sam Mendes nos apresenta uma desconstrução traumática do ‘american way of life’. Descobrimos que por trás da aparente máscara de estabilidade e felicidade existem pessoas emocionalmente comprometidas e famílias extremamente frágeis. E como fica pra nós, administradores? O que fazer se, ao ir a fundo, percebermos que há algo de errado em nossas próprias vidas? Deve haver algo errado nessa coisa de buscar a verdade. Afinal, a todo momento estão nos dizendo que a mentira não leva à felicidade, mas a verdade, aparentemente, também não leva! Para citar mais um filme, o personagem interpretado por Tom Cruise em Vanilla Sky (2001) prefere a realidade, mesmo que no mundo real ele perdera o rosto e os amigos. Para ele, a realidade parecia triste. Mas ainda assim adotoua. Como resolver esse impasse? Embora a verdade possa parecer um tanto assustadora, a princípio, a longo prazo ela pode ser uma solução que é, de fato, feliz. Não seria muito melhor ter amigos verdadeiros ao invés de estar sempre fingindo, sempre querendo agradar pessoas que talvez sequer nos conheçam? Não seria melhor cultivar relacionamentos amorosos emocionalmente construtivos, ao invés de atender ao apelo do sexo fácil? A verdade assusta, mas se analisarmos bem, veremos que ela é o caminho que, embora mais estreito, é o mais próximo da felicidade. Só precisamos administrá-la bem. ¤ * texto postado também no blog consciência-21.blogspot.com
GAZETA VARGAS
Gazeta Várzea
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Fantasias para a Giovanna
Frases:
A
“Meus alunos me disseram que bacon é bem pior que maconha. Aí eu pensei: ‘será que esses moleques estão fumando bacon?!’”
Eduardo Miyamoto
Giovanna está chegando e sempre há aqueles que não sabem o que vestir, vão aí algumas dicas para não passar despercebido: Chinelo: vista qualquer coisa que possa parecer-se com um chinelo, só não se esqueça do mais importante: peça para um amigo ficar gritando “Cadê o chinelo?” Preço do rockafé: Se você tem dois metros ou mais, não vai ter muitas dificuldades. Caso contrário, tente ficar com dois metros ou mais e estampe um cifrão no peito. Sofá do DA: qualquer roupa preta
rasgada serve, não esqueça o cheiro característico. Nadador do 12º andar: vá à piscina do 12º andar e veja você mesmo como se vestir. Associado da Bancoop: pague pelo ingresso, não vá à festa. Agente Secreto: vá com uma roupa normal, caso alguém pergunte de que você está fantasiado, responda: “shhh estou em uma missão secreta”.
“Minha mãe comprou oito livros meus: ela usa de calço para as mesas que estão bambas...”
Professor da FGV-SP, em aula
Teste GV points Responda às perguntas e descubra onde você está na escala geveniana. 1- Para você, o Santo Grão é? a. Um café ao qual sempre vou. (+20 GV points) b. Um café ao qual já fui. (+10 GV points) c. Não sei. (0 GV points) d. Um santo. (-20 GV points) 2- Fazer compras na Daslu é? a. Programa de final de semana (+20 GV points) b. Bem legal, mas não vale a pena. (+5 GV points) c. Algo que nunca fiz. (0 GV points) d. Tentei fazer, mas não tinha dinheiro para o estacionamento. (-10 GV points) 3- Na cidade, a melhor balada é: a. Vegas ou Milo’s (-10 GV points)
b. Royal (+20 GV points) c. Café de la musique (+20 GV points) d. Pancadão aricanduva (-20 GV points) 4- O que é Cidade Jardim? a. Um shopping (+10 GV points) b. Uma avenida (0 GV points) a. Um bairro (0 GV points) b. Um ponto de ônibus (-20 GV points) 5- Qual desses cinemas mais tem a ver com você? a. Cinemark VIP Cidade Jardim (+20 GV points) b. Cinemark Shopping Paulista (0 GV points) c. Cinema Bombril (-10 GV points) d. Cinemas do centro de São Paulo (Sério? Procure ajuda!)
6- Qual curso você faz na GV? a. Administração de empresas (+20 GV points) b. Economia (+20 GV points) c. Direito (+20 GV points) d. Administração pública (-150 GV points!) Resultados Mais de 50 GV points: Você é o geveniano estereotipado. Mas não se preocupe, ao menos não irão confundi-lo com Feanos. De 1 a 50 GV points: Você tem o espírito geveniano, mas não consegue acompanhar os gastos dos que fizeram mais de 50 pontos. De -40 a zero GV points: Você é o aluno que se pergunta: „Afinal, porque faço GV?“ Menos de -50 GV points: Você faz AP.
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Coluna da Michelle
A carteira na minha bolsa O que eu mais gosto em garotos é, por definição, a carteira deles na minha bolsa. Claro que eu não carrego 14 carteiras de brotos, não sou nenhuma bandida da EAESP, umazinha me basta. Mas a carteira dele já significa que ele vai voltar pra mim e nesse mundo que os relacionamentos são raros ou ruins eu prefiro assistir meu broto voltando. Meu broto sai, causa, incorpora as lógicas coletivas dos amigos quando conversa, finge que não me vê, é estúpido pra algumas coisas, mas eu vejo algo nele que parece um reflexo do que mais gosto em mim. É uma harmonia de dar inveja a músicos. Esses dias atrás ele me disse: "você acha que essas garotas todas não querem dar? É tudo assim". Eu engasguei com a minha risada e contagiei a dele. Apesar de ver uma porcentagem de machismo nessa frase (garotas não podem querer dar agora? Qual o problema em garota ter desejo?), parecia que eu compreendia algo a mais, talvez a visão de mundo dele. Foi só nesse momento que percebi que havia espaço para mudanças na cabeça do menino. Às vezes minhas grosserias o afastavam de mim, e pior, até faziam ele repetir infinitamente as bobagens que ele dizia por teimosia. Outra coisa que eu gosto muito nele é quando ele sente que errou comigo. Uma vez, acho que na última Guinevere, ele tascou a mão na minha bunda com toda a felicidade do mundo e eu gritei: "Ricardo, para, agora!". Pronto; com a cara dele de arrependimento já percebi que à noite ele ia ficar revoltado por ter achado que tratou a namorada dele como uma vagabunda na frente dos outros. Mas meu Deus, é só uma bunda. O que há de mais em bundas? Só garotos vêem também, eu acho a mi-
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nha um tédio na verdade. Ontem ele saiu pra balada com os amigos e eu cutuquei ele com o pé: "tá baladeiro agora, é?" E eu pensei, por que disse isso? Seria uma ironiazinha? Uma aceitação de que a garanhice faz parte do mundo dele? Ou um charme sem motivo? Eu não sei, às vezes me sinto confusa. E até prefiro ficar na dúvida porque tenho medo de por as pessoas num catálogo, como vejo todo mundo automaticamente fazendo. O que me fascina nisso tudo deve funcionar pra outras pessoas de uma forma ou de outra. Gostar de alguém é saber que aquela pessoa é realmente a única no mundo, e devia ser assim com todos. Os tipos que você geralmente enquadra as pessoas somem. O Ricardo não é o garoto de AE com aquelas golas pólo Abercrombies cansadas tentando aparecer pra mim, o Ricardo é muito mais complexo que isso, e eu compreendo essa complexidade. Pra falar a verdade eu vivo descobrindo ele, enquanto, bem, ele não tá nem aí. Mas o desleixo dele é charmoso e me encanta porque a naturalidade com que ele é ele mesmo confirma todo o dia o quanto eu gosto dele. Eu não sei como funciona nossa cabeça, mas tenho a impressão que compreender e amar não difere muito. Sofre, portanto, quem não entende. Há convicções que são arraigadas demais no nosso mundo e num namoro elas geralmente se esbarram - pode ser até mesmo um copo d'água apoiado num piano - e aí a coisa se destrói. Sobra cinismo, indiferença; e cultivar isso com quem já gostei é no mínimo muito estranho.¤ Michelle Rizón.
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Flagra
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Trote solidário Alípio Ferreira
N
o dia 19 de fevereiro, entidades estudantis e alunos da FGV-SP se reuniram em torno de uma atividade inusitada: ser garis por um dia. Na última edição do “trote solidário” da FGV-SP, apoiado pelas três Escolas da Fundação, os calouros foram divididos em grupos que varreram algumas ruas do bairro, coletaram óleo de residências e plantaram (com certa dificuldade) uma muda de árvore na rua Itapeva. Os calouros – e os organizadores do evento – andaram muito, e ao final tiveram direito a um lanche oferecido pela Fundação no Recanto do Pedrinho, parque localizado na Rua Manoel Dutra. À tarde seriam submetidos a outro trote, o “não-solidário”, em que se despejaram diversas substâncias odoríficas e coloridas sobre os calouros. O churrasco dos “bixos” realizou-se pertinho do Recanto do Pedrinho, atravessando a Nove de Julho, no espaço KiBexiga. ¤
Os bixos e toda sua disposição em ajudar.
Fotos: Professor Ademar Bueno
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