Edição 90

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Os esquerditas da São Francisco A São Francisco, famosa por seu caráter social, se superou no convite do bota-fora do semestre passado. A festa foi realisada na parte baixa da Rua Augusta (após a Avenida Paulista, para o lado do Bixiga). Como o nome já indica, trata-se da àrea mais pobre e menos glamurosa da rua. E como forma de divulgar a festa, a concorrente da nossa querida Edesp divulgou o flyer com um menino de terno, um mendigo e uma prostituta. O problema do flyer é a posição de cada uma dessas figuras. O menino de terno senta-se com ar superior acima dos demais integrantes da foto, o que sugere uma hierarquia entre eles

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Flagra


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Editorial

www.gazetavargas.org

Expediente Edição

Marina Silva – Editora -Chefe - 6˚ Direito marina.arsilva@gmail.com

Redação Gesley Fernandes - 7˚ AP f.gesley@gmail.com

Luiz Lockman –

6˚ AE

luizfernando@gmail.com

Nadia Waked –

5˚ Direito

nadia.waked@gmail.com

Arte

Marina Simões – 3˚ AE

marinaoh@gmail.com

Marina Silva –

6˚ Direito

marina.arsilva@gmail.com

Institucional

Leonardo Vergani - Presidente – 4°AE vergani.leonardo@gmail.com

Daniel Fochi –

6˚ Direito

daniel@gazetavargas.com

Capa

Marina Silva –

4°AE

marina.arsilva@gmail.com

Conteúdo Online

João Maldos - Diretor de Conteúdo Online - 4˚AE joao.maldos@gmail.com

Impressão

Quality Gráfica

Tiragem

3000 exemplares

Ah, as polêmicas que nos cercam

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Gazeta comemora sua edição 90 com uma série de temas polêmicos decorrentes do semestre passado, desde a questão Israel/Palestina, passando pela legalização da maconha e entrando no papel da universidade brasileira. Dentro da FGV abordamos os temas volta da cerveja e a reaval, além de algumas novidades como o GVG. O GVG é uma associação de alunos da FGV que visa “integrar o ambiente geveniano à cultura LGBTTT” e eles se manifestam na Gazeta Vargas a fim de expor seus objetivos e sua visão. Dentro dos assuntos internos da faculdade, apontamos a real situação da reaval e como, apesar de algumas vitórias terem sido conquistadas, esta ainda tem um longo caminho pela frente. Contrapomos as vantagens e desvantagens da liberação da cerveja dentro do ambiente do DAGV. E exploramos as desvantagens do excesso de burocracia. Além de

termos efetuado uma entrevista com a Professora Isabela Curado. E como nem tudo é critica nessa vida, encontramos algumas histórias curiosas sobre a Fundação e as partilhamos com os leitores. Abordamos também a questão Israel/Palestina. Uma vez que no início de outubro houve na Escola de Direito a palestra do embaixador da Palestina no Brasil e polêmicas acerca desse evento impulsionaram a Gazeta a tratar do tema. Para tanto convidamos um professor da FGV e um historiador e professor de história judaica para exporem sua opinião sobre os dois lados. Tratamos também sobre a questão da PM na USP que se passou no fim do ano passado. E para isso convidamos dois professores da Escola de Direito da FGV para tratar sobre o tema. Duas crônicas e quatro textos de humor completam essa edição de aniversário.

Marina A. Silva

DISCLAIMER

A Gazeta Vargas não se responsabiliza por dados, informações e opiniões contidas em textos devidamente identificados e assinados por representantes de outras entidades estudantis, bem como nos textos publicados no Espaço Aberto submetidos e devidamente assinados por autor não presente no expediente desta edição. Todos os textos recebidos estão sujeitos a alterações de ordem léxico-gramatical e a sugestões de novos títulos. Por ser limitado o espaço de publicações, compete à Gazeta Vargas a escolha dos textos que melhor se enquadram na sua linha editorial, sendo recusados os textos muito destoantes acompanhados das devidas justificativas e eventuais sugestões de alterações. DIREITOS RESERVADOS — A Gazeta Vargas não autoriza reprodução de parte ou todo o conteúdo desta publicação.

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Curtas

Curtas da Gazeta #89 Florecer do Vale O Florescer do Vale, versão Edespiana do Getulinho, passou a contar com um restaurante por quilo. Aberto das 11:30 às 14:00, o novo quilo têm tido grande aderência de alunos e professores, que lotam o espaço em seu horário de funcionamento. O ambiente descontraído do restaurante permite maior interação entre os membros da escola, tanto vertical quanto horizontalmente. A facilidade de interação entre alunos e professores é benéfica para a formação acadêmica e o restaurante, além de oferecer comida de qualidade, contribui com esse cenário.

Palestina x Israel No dia 30 de setembro de 2011, o embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, realizou uma palestra na Escola de Direito de São Paulo para tratar sobre questões do Oriente Médio. A palestra levou a polêmicas em relação à data do evento, uma vez que este foi realizado no ano novo judaico, o que afastou a comunidade judaica da palestra. Um e-mail que circulou pelos groups da FGV questionou o even-

to tanto em relação à data escolhida, quanto ao conteúdo da palestra. Nesse espírito, a gazeta resolveu dar direito de re, posta aos dois lados, realizando uma série de matérias sobre a Palestina e Israel (páginas 11, 12 e 13 )

Errata Na ultima edição da Gazeta Vargas 89, no texto referente às entidades foi colocado que a AEISEC figurava como uma entidade de consultoria. Este fato não é correto e a Gazeta Vargas vem a corrigir este equivoco. Segundo o presidente-eleito para a gestão de 2012 da entidade Roberto Ferragi a AIESEC é: “ uma plataforma de desenvolvimento de lideranças e com experiências de intercâmbios”. Corrigido o erro os alunos podem agora localizar com maior propriedade o que as entidades realmente fazem. Existem, portanto, entidades além das consultorias, representações e projetos.

Two Men Down Em menos de seis meses de gestão já tivemos duas baixas de diretorias na Gestão Resgate. Em menos de duas semanas de gestão o Vice

Altos e Baixos Em alta

Na mesma

Presidente Acadêmico de AP saiu do DAGV para seguir outros horizontes na USP, deixando tecnicamente o curso de AP sem representação. Agora após cinco meses de gestão, a secretaria geral, participante de diretoria mínima do DAGV, se ausenta do cargo permanentemente. Duas saídas sem uma realocação ou comunicado aos alunos indicam certos problemas de legitimidade com a Gestão Resgate. O estatuto prevê que não há possibilidade de “tapar os buracos” o que dificulta ainda mais o problema de legitimidade visto a necessidade do cargo de secretaria geral para uma operação legítima como personalidade jurídica. Dois de dez... Quem será o próximo? Façam suas apostas.

Modelo Chinês, Parte II Com a Gioconda 45 o DAGV buscou se “redimir” pelos recentes buracos no orçamento existentes nos primeiros seis meses de gestão. Contudo, a transparência financeira ainda deixa muito a desejar, já que nem o mínimo sobre gastos e lucros foram divulgados aos alunos. O conselho fiscal, órgão cuja função

Em baixa

»» Florecer do Vale

»» Cerveja no DAGV

»» Gioconda 45

»» Gioconda Warm Up

»» Discussâo das mensalidades

»» Caixa do DAGV

»» Reforma do DAGV

»» USP

»» Mensalidades na GV

»» Polícia Militar

»» Fachada da Nove de Julho

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Curtas

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Curtas da Gazeta #89 é fiscalizar o orçamento da entidade continua sem ação, já que nem os próprios membros conseguiram acesso as informações financeiras básicas como um simples DRE. O crescimento da Gestão Resgate é inegável, mas as suas transparências no tocante aos gastos incorridos são inexistentes. A Gazeta Vargas novamente pede encarecidamente para a diretoria financeira liberar o mínimo sobre as suas despesas semestrais não somente pelo fato de ser uma prática de boa governança, mas também pelo direito dos alunos em conhecer onde seu dinheiro de repasse está sendo investido.

Eleições CAGV O Centro Acadêmico de Direito está sob nova direção. As eleições, que ocorreram no final do semestre passado, elegeram a chapa “veste a camisa”, que iniciou seu mandato no dia 10 de dezembro. As eleições tiveram duas chapas, como oposição à chapa vencedora tivemos a “Chapa do amor” que, como o nome já afirma pregava mais amor entre as relações gevenianas, sugerindo

soluções não convencionais para o problema. Na realidade a eleição se deu sob o modelo chapa única, tendo a “Chapa do Amor” sido criada apenas como forma de oposição, sem pretensões políticas, apenas para reduzir os problemas que uma eleição de “Chapa Única” possui. A nova chapa começou suas atividades nas férias, e dentre elas se destaca reforma na Casa do CA. Ademais a Chapa se propões, em carta de boas-vindas enviada aos alunos de direito, a atentar para problemas acadêmicos, como vagas de dupla graduação e baixo número de eletivas, além do aumento das mensalidades.

Aconteceu... Nos dias 03, 04 e 05 ocorreu no Hotel Casagrande Guarujá o Seminário Anual de Planejamento (SAP) da EAESP. Esse evento teve a participação da maioria dos professores do curso de Administração da FGV para, em conjunto, refletirem, pensarem e discutirem tópicos estratégicos para o ano de 2012. Além

dos docentes, estiveram presentes alguns presidentes das entidades estudantis, representando a LIDEN e alguns alunos convidados para participarem das quatro principais comissões de discussão. Foram tratados diversos assuntos como a importância da comunidade estratégica para a FGV, o perfil do aluno de administração e a aprendizagem. Na sexta feira houve a confraternização inicial, presidida pela diretora Maria Tereza Fleury, assim como a exposição dos trabalhos das coordenadorias e cursos feitos no ano de 2012. Também foi anunciado a troca de alguns chefes de departamento, assim como a substituição do coordenador do curso de graduação. Durante o sábado, os professores e alunos se subdividiam nas comissões e procuravam encontrar saídas, pontos fracos ou até mesmo melhorias para os atuais órgãos com objetivo de estrategicamente criar uma linha definida de ação para o próximo ano. As decisões serão divulgadas posteriormente para o conhecimento geral do corpo discente e docente.

Gioconda 45: Opinião O que foi dito sobre a Gioconda 45 no Facebook? Em pesquisa realisada pela Gazeta Vargas pelo Facebook, os alunos manifestaram, em sua maioria, opiniões negativas em realação à Gioconda 45, conform pode-se verificar no Gráfico. Importante ressaltar que o grafico não segue qualquer método de pesquisa, inclusive podendo a mesma pessoa se manifestar em mais de uma categoria. A pesquisa não reflete a opinião de todos que foram ao evento, mas dá indícios que a festa não agradou.

Curtiu

Não curtiu Problema: musica Problema: decoração

Problema: comida Problema: lugar Problemas: bebida Problema: bar Festa não foi uma Gioconda Atendimento ruim bar

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Espaço Aberto

O que nos move? GVG I ask for the movement to continue, for the movement to grow, because last week I got a phone call from Altoona, Pennsylvania, and my election gave somebody else, one more person, hope. And after all, that’s what this is all about. It’s not about personal gain, not about ego, not about power — it’s about giving those young people out there in the Altoona, Pennsylvania, hope. You gotta give them hope.

Harvey Milk (1930 – 1978)

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sperança. Por mais que as pessoas digam que desejam carros, casa, muito dinheiro e, talvez, por isso escolheram a FGV, no fundo, elas querem esperança, mesmo que, porventura, não o reconheçam. Elas querem acreditar que o lugar em que vivem pode ser do jeito que elas gostariam que fosse. Desejam que o mundo se torne mais coerente para viverem e para – quem sabe um dia – criarem os seus filhos. Sem esperança não há porque acreditar no futuro. O que a maioria das pessoas não enxerga é que todos ao seu redor lutam exatamente pela mesma coisa e, por não notarem isso, acabam não tolerando certas diferenças. É porque na essência, são as

diferenças que nos tornam únicos. Por essa razão, queremos abordar abertamente neste artigo, a sigla LGBTTT. Mas não queremos dizer aqui que se deva hastear uma bandeira com as cores do arco íris simplesmente por se erguer. Acreditamos que, se contribuirmos, mesmo que modestamente, para a divulgação de uma cultura de respeito às diferenças, já teremos dado um passo enorme em busca do mundo que todos, mesmo não conscientes disso, buscamos. Garantir que as diferenças sejam ouvidas é respeitar o direito de todos. Foi pensando nisso que criamos o GVG, uma associação de alunos da FGV com o objetivo de integrar o ambiente geveniano à cultura LGBTTT. Embora seja um grupo ainda novo, o GVG propõe reunir alunos, ex-alunos, professores e funcionários de todas

Não existe problema em ser diferente

as escolas da FGV para dar representatividade, prestar apoio, contribuir para a promoção de um ambiente diversificado e respeitoso dentro da Fundação. Além disso, pretendemos estimular o conhecimento dos problemas atuais referentes à intolerância e à discriminação por motivo de orientação e/ou escolha sexual. Queremos ser um centro de receptivida-

de a alunos, divulgando a produção e a proteção da cultura LGBTTT, além de difundir atividades artísticas e apoiar ações e pesquisas relacionados à história social LGBTTT. Parece que quem não se enquadra nesta sigla finge não saber como é ser diferente. Talvez se esqueça de que já foi diferente de alguma outra maneira: ao ser filho de pais separados, ao ser gordo, ao ser jovem e não ser ouvido pelos pais, ao ser introvertido, ao ser o último escolhido na aula de Educação Física, ao ser alto, baixo, estrangeiro, negro e até mesmo ao ser garoto novo no colégio. No fundo, o GVG só quer mostrar que não existe problema em ser diferente. Viver nada mais é do que passar cada obstáculo e aprender com cada um deles. E o GVG quer mostrar que ninguém precisa passar por tudo isso sozinho. Esperança só vem como um empurrãozinho para essa vida nossa cotidiana com seus obstáculos rotineiros. Assim como aprendeu Pandora ao deixar com que a sua curiosidade a impulsionasse a abrir a caixa que continha todos os males, sendo que o restante foi a esperança. Sonhar é preciso e é em torno de um ideal que damos significância ao transcurso do tempo. É disso que tudo se trata. Transmitir aos outros que não existe ninguém igual e que ser diferente é o que torna cada um de nós fantástico. E, enquanto nós conseguirmos continuar dando esperança, o movimento existirá.

Todos os interessados em participar ou contribuir podem entrar em contato por meio do e-mail: <contatogvg@gmail.com> ou visitar a nossa página do Facebook.

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Opinião

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Reformular para conquistar. Por que reformular? Existem limites? Luiz Fernando Lockmann

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nova reformulação prevista para 2012 no curso de graduação impulsiona todos os ingressantes do corpo da FGV a pensarem por que reformulamos. Esta vai ser a quinta reformulação em dez anos e expõe alguns pontos fracos no modelo com que, principalmente a EAESP, conduz a formalização do curso de graduação em administração. O novo curso seria mais enxuto no tocante ao número de matérias e seria conduzido em formato de módulos, impulsionando os alunos a estarem continuamente estudando. É novamente louvável dizer que a Coordenação busca um curso de excelência para todos os alunos e que o nosso sucesso é sucesso deles. No entanto é muito complicado ficar continuamente reformulando um modelo de curso inteiro para sanar alguns defeitos que este pode deter. Se o problema do volume de matérias hoje é visto como prioridade para uma reformulação deve-se culpar os mesmos gestores que reformularam o curso há três anos. Era responsabilidade de uma mesa diretiva entender que o acumulo de muitas matérias poderia gerar o problema que atualmente se enfrenta, e se a reformulação foi feita sem esse cuidado obviamente repercutiria em danos ao curso como um todo. Hoje recriar o curso indica que as reformulações recorrentes não possuem nenhum beneficio nem no curto e nem no longo prazo. Reformular cursos em intervalos maiores dá margem para que o curso assente no ambiente da faculdade, que crie certa cultura de corpo discente e que unifique o modo

de ensino. O que vemos na EAESP é uma reformulação atrás da outra que não unifica regras, afetando o modo de aprendizagem do aluno assim como no modelo de ensino do professor. Espero de verdade que as reformulações não tenham nenhuma conotação de competição entre faculdades, uma vez que essa realidade de mercado do ensino superior só fere as próprias instituições de ensino. A busca por excelência deve ser vista como a forma de criar indivíduos superiores e não como modo de superar o outro. Outro fator interessante que advém com as reformulações são seus custos atrelados. Os custos para reformular, contratar e demitir professores, refazer programas entre diversos outros existem e aumentar o giro das reformulações só fazem com que eles aumentem. Além disso, outro custo intangível com as modificações de grade é a criação de novos perfis de alunos. Dependendo das mudanças é possível “doutrinar” alunos mais ou menos inclinados ao estudo, às atividades extra-classe, ao estágio entre vários outros fatores. Contudo, o corpo discente torna-se um tanto quanto fragmentado no que se refere aos seus anseios. Isso é observável em diferenças gritantes entre alguns semestres e outros. O corpo docente, assim como os alunos, deveria opinar na forma e meios de reformulação do curso já que são eles que receberão tais mudanças. Da mesma forma como se aprende em disciplinas de mercadologia que é preciso, dentro dessa inevitável realidade de mercado no ensino superior, perguntar ao seu cliente o que ele deseja. O quesito qualidade é demasiadamente sub-

jetivo para ser instaurado tão recorrentemente sem o questionamento dos indivíduos que irão recebê-lo. Talvez se esses dois grandes atores fossem mais consultados não teríamos o problema de enxugar o curso na primeira oportunidade. Não proponho ditadura do alunado nem dos docentes, mas prezo pelo bom senso no momento de reformular as bases de ensino. Tudo isso é extremamente custosos para todos os lados e deve ser pensado com calma e não de um modo prussiano como se fosse pílula salvadora. A relação deve ser cooperativa em ambos os lados para criar um sistema tolerável para o ambiente como um todo. As reformulações são sim necessárias, uma vez que o mundo se modifica com uma facilidade tamanha. Entender, analisar e refletir sobre os problemas de um curso também é responsabilidades de todos os atores dentro do sistema de ensino de dada instituição. Por esses fatores é necessário ter cautela na modificação complexa de um sistema de ensino. Existem custos de discussão, financeiros, políticos e principalmente culturais na modificação de qualquer curso em qualquer instituição de ensino. Além de polêmica, a reformulação, assim como a sua contrapartida reengenharia, é extremamente danosa a toda uma rede de relações sociais dentro de dado sistema. Vão existir os favoráveis e a tropa de choque contrária à modificação. Por isso que ela precisa ser clara, objetiva e principalmente que mostre os seus benefícios no longo e no curto prazo já que sempre irá incorrer-se em custos desfavoráveis. Portanto, aumentar o giro das reformulações de maneira intensa e sem um objetivo central claro denota pouca preocupação com o curso em si.

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Opinião

Os nós da burocracia: ACs, faltas e pesquisa Luiz Fernando Lockmann

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uem nunca se pegou questionando o porquê de existir chamadas na faculdade ou qualquer outra burocracia precisa começar a prestar mais atenção ao seu redor. É seguro falar que a maioria dos estudantes, principalmente na Fundação Getúlio Vargas, já se indignaram pelo menos uma vez com alguma burocracia que “fere” o seu modo de conduzir e gerenciar a faculdade. É natural que o aluno queria descontar a frustração em cima da instituição de ensino quanto a essa tutelagem diária. Contudo,

A divulgação e aprovação do cumprimento das ACs é um processo extremamente burocrático algumas das burocracias mais célebres dentro da FGV não são exclusivas da mesma, nem existem devido a sua vontade. Somente irei me atentar a três grandes nós que interverem na grande massa burocrática da FGV - a necessidade de completar um número X de horas de atividades complementares, a necessidade de presença em aula e o controle da pesquisa dentro da instituição de ensino. Todos esses nós tem um denominador comum: são imposições

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do Ministério da Educação (MEC). Já de antemão pode-se gerar a mais dura das conclusões, a qual indica a impossibilidade de modificar a situação vigente mesmo pela vontade da instituição ou de seu corpo discente. Há os que defendam a ingerência do Ministério da Educação no que se refere a como conduzir instituições de ensino superior com objetivos de elevar a qualidade da educação. Há os partidários contra essa intervenção, os quais indicam que tamanho controle torna as instituições já com qualidade inertes a eventuais mudanças. Mesmo com essa imutabilidade da situação é importante criar um ponto crítico frente a esses nós e deter uma opinião formada quer seja para qualquer uma das duas correntes de pensamento mencionadas. Primeiramente, sobre as atividades complementares é importante salientar que a sua concepção é louvável do ponto de vista teórico. Entretanto, as Atividades Complementares dentro da Fundação Getúlio Vargas tornaram-se um dos mais intensos gargalos no tocante a conclusão do curso de graduação em si. Como se não bastasse todo o horário intenso a que os alunos já estão a mercê, ainda é exigido destes mesmos o cumprimento de 300 horas ou dez créditos de ACs até o 7° semestre. O corpo docente já atesta que o horá-

rio é claramente inviável para que os alunos se aprofundem nas matérias como eles gostariam. Ainda colocar mais uma variável de horas complementares dentro de um horário “travado” passa a ser totalmente patético do ponto de vista de aproveitamento do curso em si. Lembrando também que a divulgação e aprovação do cumprimento das Atividades Complementares é um processo extremamente burocrático anual que leva tempo para ser concluído de semestre a semestre. Esse cenário trágico, mas real impulsiona a grande maioria dos estudantes a utilizar da técnica mais sagaz gvniana: a realocação de recursos. Como as ACs figuram no quesito burocracia, elas continuaram a ser tratadas pelos alunos como uma burocracia que deve ser eliminada e não “aproveitada”. A forma mais clássica de cumprimento das ACs é o ingresso em entidades estudantis, as quais de uns anos para cá aprenderam bem a voltar parte de seu marketing por novos membros, focando nessa demanda do corpo


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www.gazetavargas.org estudantil. Contudo, a coordenação do curso e não mais o MEC cria certas limitações para o cumprimento das atividades complementares, o que as faz ficarem cada vez mais custosas e laboriosas para uma simples burocracia. Os créditos por horas executadas em estudo de línguas, entidades estudantis, residência

A chamada e consequentemente as faltas são um problema inegável, pois prendem o aluno não interessado ao ambiente da sala de aula

em pesquisa entre outros são limitados por semestre com o objetivo de impulsionar o aluno a variar suas “atividades”. No final isso só torna o cumprimento das ACs um grande martírio que mesmo em doses homeopáticas ao longo do curso torna-se extremamente difícil e sem sentido. Outro grande nós da burocracia que existe em todas as instituições de ensino no Brasil é a necessidade de presença em sala de aula. A forma como essa imposição é cumprida vai de cada instituição de ensino e na FGV esta é cumprida através da chamada em toda aula. Seria hipócrita de minha parte dizer que essa forma de cumprimento da regra do MEC é seguida por todos os professores igualmente. Mesmo com a regra explicita no regimento da EAESP e das outras duas escolas da Fúndação Getúlio Vargas, existem professores que não veem a necessidade de executar a chamada toda aula. Na visão de alguns, isso dá a

liberdade de o aluno escolher se fica ou sai da sala, dando a eles certa autonomia de escolha. Dentro da perspectiva da estratégica já mencionada de realocação de recursos essa forma de conduzir a chamada auxilia os alunos que priorizam matérias ou provas mais intensas. A chamada e consequentemente as faltas são um problema inegável, pois prendem o aluno não interessado ao ambiente de sala de aula. Este mesmo pode acabar prejudicando outros que detém mais interesse em determinada matéria, uma vez que não podem se ausentar da burocracia estabelecida. Caso haja mais de X número de faltas ao longo do semestre em dada matéria o aluno é reprovado, além de receber média zero nesta mesma. Esse modelo draconiano assim como o cumprimento de Atividades Complementares trava todo o poder de escolha do aluno que buscaria agir da melhor forma possível dentro do tempo estipulado. A autonomia ironicamente é dada ao corpo docente em como conduzir a chamada quer ela seja no começo, no meio ou no final da aula, ou até mesmo não exista. Se a burocracia é imutável então que pelo menos haja uma regra clara para o cumprimento da mesma e que esta seja uniforme a todos. Por fim gostaria de rapidamente discorrer sobre um nó burocrático um pouco além do corpo discente. A pesquisa dentro da instituição de ensino superior a muito tempo já virou base de comparação e hierarquização de excelência de um curso. Tanto que no ultimo ranking de instituições de ensino internacional apresentado em Londres a USP figurou dentro das 200 melhores universidades do mundo. Analistas julgam tal resultado advindo do volume de pesquisa executado pela USP nos últimos anos. A pesquisa dentro da Fundação Getúlio Vargas é feita com todo louvou e cuidado em busca

tanto do grau de think-tank quanto para a visibilidade da instituição em âmbito nacional. Contudo, a burocracia exige que o corpo docente dê um volume de horas aulas indiscrinavelmente. O professor que busca espaço na instituição de ensino superior para a pesquisa acaba por se prender a burocracia da sala de aula em horas delimitadas. Isso reduz

O professor que busca espaço na instituição de ensino superior para a pesquisa acaba por se prender a burocracia da sala de aula

por óbvio o volume de pesquisa executada dentro da FGV e consequentemente a produção de conhecimento como um todo no Brasil. São essas e outras que culminam em certos entraves no curso de graduação. Novamente é importante dizer que isso não é responsabilidade exclusiva da Fundação Getúlio Vargas, já que em quase todas as instituições de ensino superior há os mesmos entraves. Contudo, a forma como esses entraves são lidados dentro de cada uma das universidades vai da cultura organizacional das mesmas. É pouco provável que um curso de qualidade sobreviva dentro de uma perspectiva burocrática severa e rígida. É necessário deter certa maleabilidade no trato com os diversos nós, mas mantendo regras claras para sua formalização. Assim como as rápidas e intensas reformulações do curso de graduação, as burocracias deveriam ser de vez em quando reformuladas na mesma intensidade.

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Gazeteando

Histórias da Fundação A turma bolha e o Palácio do Governo Luiz Fernando Lockmann

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uas histórias das tantas que a Fundação Getúlio Vargas já vivenciou, jazem um tanto esquecidas pelo corpo docente e desconhecidas pelo grande contingente do alunado. São histórias leves e de cunho histórico para entreter, ao mesmo tempo para ilustrar, como foram conduzidas as negociações nos bastidores da EAESP, no passado. Essas duas experiências, demostram também, como foi criada a cultura organizacional da FGV-SP e com ela, ainda existe um “fantasminha” pairando nos dias de hoje .

A Turma Bolha A primeira história envolve a chamada “turma bolha”, e ocorreu no inicio da história da EAESP, nos idos da década de cinquenta. A escola estava intensamente dentro da esfera de influência do Rio de Janeiro (fato esse que se repete ironicamente, nos dias de hoje) e somente conseguiu independência com a primeira eleição direta, para diretor. O professor Gustavo de Sá e Silva detinha uma larga experiência e vínculo com a escola, além de sua característica forma enérgica de atuação. Este foi o mesmo diretor, que teve força durante a sua gestão para retirar um professor da Casa, apreendido no DOI-COD para interrogação, sem o medo de represálias do Governo. Nesse contexto foi criado o curso de Administração Pública, financiado pelo Estado, com objetivo de suplantar uma elite de gestões de órgãos públicos. O curso de Admi-

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nistração de Empresas já criado, posicionou-se fortemente contra essa medida, alegando que o curso poderia perder qualidade com esse contingente de novos alunos. Para exprimir tal indignação o alunado fez algo inimaginável aos gvnianos de hoje: uma greve generalizada. A paralização das aulas foi bem sucedida, também em função da união do corpo discente menor da época. Nas negociações foram oferecidas diversas regalias como muitas vagas para o corpo discente na Congregação da Escola – instância máxima para decidir as questões pertinentes. Contudo, todas as medidas fracassaram e a greve perdurou por dois meses sem que o Centro Acadêmico da época tomasse uma decisão. O diretor, por sua vez, entendeu a imutabilidade da situação e decidiu por finalizar as atividades letivas do semestre, impossibilitando a última turma de formandos de concluir o curso. Foi decidido que devido à intransigência do corpo discente as aulas estariam suspensas de fato, e que todos deveriam retornar no semestre seguinte para concluir o anterior. Tivemos pela única vez na história da EAESP, uma “turma bolha”, onde não houve formatura e um grande hiato na história do corpo discente, como um todo.

O Palãcio do Governo A segunda história diz respeito ao belo prédio do Governo Estadual de São Paulo. No inicio da criação da EAESP o Conde Francisco Matarazzo tinha muito interesse em auxiliar a construção das bases estruturais da Escola. Tanto, que este pressionava os gestores para colocar dentro do corpo docente, mais professores de origem europeia, mais especificadamente, os italianos. O

corpo diretivo não queria parecer ingrato aos norte-americanos, compartilhadores na construção da EAESP, ao fazer acordos paralelos com a Europa que na visão deles não tinha interesse em exportar professores ao Brasil. Preferiu-se uma abordagem mais vinculada aos Estados Unidos, o que não impediu o Conde Matarazzo de oferecer a Mansão Matarazzo, no Morumbi, para que fosse utilizado como centro de estudos da EAESP. Não haveria custos atrelados, mas somente uma condição: que a Fundação modificasse seu nome. A família Matarazzo desejava que a Fundação retirasse o nome do tão amado patrono Getúlio Vargas para se tornar a Fundação Francisco Matarazzo. Contudo, o corpo diretivo da escola recusou tamanha condição imposta e o acordo não restou finalizado. A mansão foi entregue logo mais ao Estado devido a dívidas, tornando-se o que conhecemos como Palácio dos Bandeirantes. As duas histórias têm um denominador comum, que gostaria de ressaltar sem a necessidade de exploração do tema – deixo para reflexão do leitor. Ambos mostram que intransigência no momento de negociação quer seja do corpo docente ou discente, podem render realmente más decisões de longo prazo. O alunado nunca mais conseguiu reconquistar a confiança ou o poder extremado que detivera, e, por outro lado a direção da Escola não conseguiu uma área tão boa a custo tão baixo de transação, quanto o proposto. Fica a dica à futura elite intelectual do Brasil: pensar antes de tomar decisões e aprender com a história. Por mais singelas que sejam elas nos permitem pensar onde estamos e iluminam o caminho para onde vamos.


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Historia

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A questão árabe-israelense Fatos históricos: Nadia Waked

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origem do conflito entre árabes e judeus possui origens longínquas na história. A presença dos judeus na antiga Palestina possui constatações desde o segundo milênio antes de Cristo. Durante a expansão islâmica, no ano de 635, a Palestina foi ocupada pelos árabes e, somente no século VII, ela passaria a serterritório muçulmanos. Posteriormente, passaria para o Império Turco Otomano. No final da década de 1880, Theodor Herzl inicia um movimento sionista, o qual possuía propósito de construir uma nação judaica na região da Palestina. Judeus do mundo inteiro passaram a reunir recursos para a compra de lotes de terras na Palestina, pois essas eram férteis e promissoras. Inicialmente, os judeus foram recebidos com hospitalidade pelos palestinos, porém atritos em torno das questões de exploração de água e terras férteis originaram os primeiros choques entre os árabes nativos e os colonos judeus. Esse foi o ensejo para ataques em outras partes da Palestina e que acabou por suscitar o primeiro protesto palestino contra os esforços judaicos de colonização. Antes da Segunda Guerra Mundial, em 1936, a população judaica na região contabilizava em torno de 34% e, durante a guerra, muitos judeus fugiram para a região aumentando esse número. Após a Segunda Guerra, a ONU assume a administração da região e o então presidente dos EUA, Truman, determina a divisão da Palestina em duas partes.

Um território de 14.500 km² (incluindo Jerusalém) seria concedido aos judeus e 11.500 km² aos palestinos. Em 1948, portanto, é criado o Estado de Israel. Travados diversos conflitos, no final os palestinos ficaram sem território e hoje compõem o maior contingente de refugiados do mundo, contabilizando cerca de 3,5 milhões de pessoas. No fim da década de 60 é criada a OLP (Organização Para a Libertação da Palestina), tendo como líder Yasser Arafat e a qual atribui ao povo palestino o ideal de identidade coletiva. Somente após a Guerra Fria que se iniciam as conversações para o estabelecimento da paz. Yasser Arafat e o primeiro-ministro israelense, Itzhak Rabin, firmam o Acordo de Oslo I (1993), sob patrocínio dos EUA e no qual se estabelecia o reconhecimento do Estado de Israel pela OLP e a aceitação por Israel da OLP como legitima representante do povo palestino. Um ano depois, a Autoridade Nacional Palestina passa a controlar alguns territórios da Faixa de Gaza e na Cisjordânia. As negociações prosseguiam de modo positivo e gradual (segundo Acordo de Oslo – set. 1995), porém o presidente Rabin é assassinado em 1995 e este fato repercute de modo direto no processo de pacificação. Quando Benyamin Netanyahu, do partido de direita Likud,de Israel, é eleito (após o mandato Shimom Peres), o diálogo entre as partes tornou-se extremamente difícil. Após Netanyahu, Ehud Barak é eleito como primeiro-ministro de Israel em 1999. Era membro do Partido Trabalhista, favorável ao processo de paz. Retoma as negociações e cria-se um corredor ligando a Faixa de Gaza à Cisjordânia. e também é postergada a declaração por parte

de Israel do Estado palestino. Desde então, os conflitos continuam e esses não possuem previsão de término. Até que seja reconhecida a tática da política de Estado israelense e haja o término das reivindicações palestinas, é difícil prever que um dia exista uma situação de equilíbrio entre as partes.

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Atualidades

Diálogo só é possível quando dois falam Theo Hotz

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alar sobre o conflito Israel-Palestina não é coisa fácil. O tema levanta polêmicas, cria sentimentos e é difícil não se envolver passionalmente com o assunto. O povoamento judaico naquela região remonta há cerca de 3500 anos, com períodos de maior e de menor densidade demográfica deste grupo, mas sempre presente. Boa parte da narrativa bíblica (judaica ou cristã) se passa nesta terra, a qual teve diversos nomes, dependendo de cada conquistador que por lá passou. Rapidamente esta terra se tornou alvo de reinos e impérios na antiguidade, justamente por sua localização, ponto de ligação entre África, Ásia e Europa. Documentos assírios, babilônicos, persas, macedônicos e romanos atestam a existência do povo judeu lá, em diversas épocas, fossem como grupo independente, ou sob ocupação. Após a dominação romana e as guerras movidas pelo desejo de independência da província da Judeia, os judeus acabaram sendo derrotados e dispersos pelo vasto território romano, o qual compreendia a Europa, norte da África e parte do Oriente Médio. Dividir para governar era prática comum entre os romanos. Desde então, judeus passaram a ser minoria dentro da terra de Israel, proibidos por decreto de entrarem na cidade de Jerusalém (renomeada Aelia Capitolina). Era o século I desta era. No século VII, com o surgimento e expansão do Islã toda a região do Oriente Médio e boa parte da África foram islamizadas. Em 638, os muçulmanos conquistam Jerusalém, tomando-a das mãos

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dos Persas, e permitem pela primeira vez em 500 anos que os judeus retornassem à cidade oficialmente. Contudo, a partir de então, a região geográfica da Palestina passa a contar com uma população majoritariamente muçulmana. E assim continuará, apesar das Cruzadas, até o surgimento do Império Turco-Otomano, o qual somente começou a se desmembrar entre 1908 e 1922. As datas não são colocadas aqui como forma de construir um critério baseado na antiguidade da presença de cada grupo naquela ter-

As várias complexidades se sobrepõe continuamente fazendo com que uma solução unilateral se torne claramente impossível e altamente injusta ra. Ao contrário, coloco estas datas de modo a demonstrar o quanto cada um dos grupos tem pleno direito à autodeterminação naquela terra. E aqui reside a maior questão. Há muito tempo o mundo não é preto-e-branco. As várias complexidades se sobrepõem continuamente fazendo com que uma solução unilateral (que somente os judeus tenham direito à terra, ou que somente os árabes palestinos tenham esse direito) se torne claramente impossível e altamente injusta. A cada momento torna-se mais claro que ambos os grupos têm direito a seus estados nacionais

naquela região. Obviamente, dois estados não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo e, por isso mesmo, a região está fadada a continuar dividida, assim como foi proposto pela ONU, em 1947. De um ponto-de-vista puramente pragmático, conclui-se que nenhum dos grupos terá a totalidade das terras. Visivelmente a única solução é o estabelecimento de dois Estados para os dois povos, coexistindo dentro de fronteiras seguras, com acordos firmados entre ambos os estados de modo a garantir a paz e o equilíbrio político da região como os acordos firmados entre Egito e Israel e entre Jordânia e Israel. Para tanto, é necessário escapar dos discursos totalitários e apaixonados. Defender a existência de Israel não pode significar defender toda e qualquer ação do governo israelense. Do mesmo modo, defender a existência de um Estado Palestino não pode significar defender toda e qualquer ação movida por grupos extremistas como o Hamás ou o Hizbulá (que nem palestino é, diga-se de passagem). Lideranças israelenses e palestinas já cometeram muitos erros, mas também já souberam dar passos significativos em direção a possíveis soluções. Se as negociações estão estagnadas agora, deve-se ao fato de que a intransigência se tornou o discurso da vez. Palestinos e Israelenses alegam ser impossível conversar com quem não quer realmente a paz. E não é que ambos estão certos?

Theo Hotz é historiador pela Universidade de São Paulo e professor de História Judaica no Colégio I. L. Peretz


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Enxergar a Tragédia Salem Hikmat Nasse

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história da questão palestina é a história de uma tragédia; uma tragédia em vários atos cujo desenlace tarda a chegar e se anuncia terrível. Costuma-se insistir em que qualquer discussão sobre a questão palestina se dê na forma de um debate acerca do conflito árabe-israelense. Nesse debate, pensa-se que é necessário levantar e equilibrar, igualmente legitimar, os argumentos de ambos os lados. Esse exercício abriga, no entanto, uma injustiça pois tende a igualar o ocupante e o ocupado, o opressor e o oprimido. Na verdade, muito do debate se dá de modo a obscurecer, a fazer esquecer, o fato de que há opressão e há ocupação, esquecer dos palestinos nos campos de refugiados, esquecer da ocupação israelense na Cisjordânia e do cerco à faixa de Gaza, esquecer que a expropriação de propriedade e a destruição de casas palestinas é um fato cotidiano, esquecer dos milhares de presos, das transferências forçadas e das deportações, esquecer que os palestinos não têm liberdade para construir, para se locomover, para reunir as famílias, para trabalhar, senão sujeitos às restrições impostas pela vontade israelense. A primeira coisa a fazer, portanto, é lembrar. O discurso israelense, secundado pelos Estados Unidos, justifica todos esses males em nome da segurança de Israel. Em certa medida, esse argumento é incorporado ao exercício de equilibrar a balança entre ‘as legítimas esperanças do povo palestino de ter um Estado independente’ e ‘as legítimas preocupações de Israel com sua segu-

rança’. Ora, ainda que não se possa negar a preocupação securitária de Israel, a desproporção entre meios e objetivos declarados é tal que deveria saltar aos olhos a falsidade da tese. Mas antes de lidar com isso, é preciso notar que o argumento tende a naturalizar a idéia de que, por um lado, Israel só age em legítima defesa e, por outro, que toda a violência parte dos palestinos, talvez porque, devem pensar alguns, são mais predispostos a tal coisa. Perfurado o véu dessa naturalização, é preciso enfrentar o fato de que, independentemente do discurso, as ações de Israel mostram uma determinação férrea, sempre suportada pelos Estados Unidos, em não permitir o surgimento de um Estado palestino, especialmente de um que mereça o nome. Dois elementos de prova deveriam bastar ao juiz mais severo para comprovar a tese. O primeiro é o constante e irrefreável movimento de Israel para consumar de modo irreversível a ocupação de território palestino: o traçado do muro de separação é um exemplo disso, mas a expansão e distribuição dos assentamentos é a demonstração mais gritante das intenções da potência ocupante. O segundo pode ser tirado da crônica recente: os episódios do pedido, pela Autoridade Palestina, de acesso à ONU e da aceitação da Palestina como membro da UNESCO ajudaram a revelar, para quem ignorava, a terminante recusa de Israel e dos Estados Unidos a aceitar a existência de qualquer coisa chamada Palestina se esta não responder às condições por eles ditadas, e a disposição desses dois países para punirem o resto do mundo se e quando este ousasse reconhecer

a existência de tal coisa. E ‘coisa’ deve ser palavra apropriada porque certamente não se trata de Estado. O que pede a Autoridade Palestina, composta pelas lideranças que foram cooptadas por israelenses e americanos e que abriram mão das demandas históricas palestinas, é o reconhecimento de uma entidade emasculada, dependente, mas mesmo isso se choca contra uma recusa intransigente. Que não haja dúvida: os palestinos carregam uma parte da responsabilidade por sua tragédia. Mas as suas derrotas são antes de qualquer coisa devidas à impotência diante de adversários tão formidáveis quanto implacáveis.

É lugar comum dizer, naquele descabido espírito de equilíbrio a que me referi, que não há solução justa para a questão israelo-palestina. Verdadeira ou não, a idéia tende a legitimar o status quo, de desequilíbrio de forças e de opressão, como sendo ‘apenas’ um dos estados de injustiça possíveis. Justiça ou não, tudo indica que se caminha para caminha para um domínio israelense sobre toda a Palestina histórica. Com isto, a não ser que se expulse toda a população árabe da região, se instalará definitivamente um estado de apartheid, ainda que se possa querer chamá-lo por outro nome. A história, e é bom que assim seja, não permite longa vida a regimes assim, ainda que lhes permita alguma vida. Mas antes que a história passe seu julgamento definitivo sobre Israel, é possível que, ajudada por este, reserve aos palestinos o destino de tantos povos impotentes: a extinção enquanto povo e enquanto identidade.

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Reflexões sobre a antropologia dos Sonaipsed Victo Waller Sadalla

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s Sonaipsede, pequena tribo da “rica” etnia Oiluteg Sagrav, que se estende da Evon Ohluj ao alto do monte Avepati, a planície baixa do Agixib, caracteriza-se por uma série de peculiaridades, tais quais rituais, práticas mágicas e estrutura moral idiossincráticas. Conforme reza uma das lendas passadas de geração para geração, a fundação da tribo, exemplar Teocracia de Legagis, na inóspita região da Ahcor ocorreu pelo místico (cujo papel e figura são análogos ao Faraó egípcio) Yra Odlawso, devido a uma iluminação divina soprada ao seu ouvido pelo deus Otierid. Estamentalmente, mesmo não sendo uma sociedade estratificadora, economicamente falando, há três castas, muito próximas às da sociedade Hindu, a dos Sonula, ou os sem luz, que “financiam”, os Serosseforp, ou os que possuem a luz, similares aos sacerdotes, e os Sodagerpme, ou os com quem não se deve conversar, parecidos com os “intocáveis” indianos. Ainda que não haja nada formalmente escrito sobre a mitologia, esta não se finda no breve conto do gênese. Passadas de boca em boca entre os Sonula no Roderroc (cômodo comum para interação breve) por meio de rodas de contos ou então em um grande mural, denominado Koobecaf, de rascunhos quase rupestres, a mitologia se incrusta na imaginação severamente limitada e no senso comum destes humanos. Dentre estes mitos, marcados, entre outros, pelo maniqueísmo vulgar e por uma moralidade pautado em um conceito moderno –e aqui portanto notamos que é uma comuni-

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dade aparentemente desenvolvida–: o “eu”, destacam-se dois elementos que incorporam o mal: Irtimid e Acerac, ambos da classe dos Serosseforp. Sem nos distanciarmos dos símbolos desta cultura, encontramo-nos com o corpo e seus significados. Assim como na cultura Sonacirema, explanada pelo professor Horace Miner na década de 70 – em “O Ritual do Corpo dos Sonacirema” In: A.K. Rooney e P.L. de Vore (orgs) You And The Others, Cambridge University Press – possuem os Sonaipsede, com incrível semelhança, os mesmos processos ritualísticos ao nascer do Sol e em seu crepúsculo; o corpo –principalmente a idéia de sua doença e impotência– é para os Sonaipsede gerador de um horror quase que patológico, e ao mesmo tempo de fascinação; e, logo, basilar para as relações da tribo. As vestimentas surgem, nesta sociedade estamental, como forma de “desigualizar” o corpo quando comparado com outra casta e aproximar os de mesmo patamar. Ambas as três classes possuem características próprias. Todavia, neste estudo endereçado à consciência dos alunos da Edesp, preferi focar no conjunto médio. A sexualidade, por sua vez, ainda em um corte sobre os Sonula, também se encontra neste padrão de poder e censura; considerada algo tão amedrontador e proibido que apenas duas vezes ao ano, uma ao primeiro equinócio do calendário ocidental e outra um mês e meio após o solstício de inverno, é permitida uma interação mais próxima entre ambos os sexos, em um ritual semelhante ao bacanal, regado a destilados de trigo e cevada e

cantigas entonadas por um mestre de cerimônia; envolve não apenas a específica comunidade, mas também a toda a etnia Oiluteg Sagrav. Fora esses eventos, o acasalamento dificilmente ocorre entre membros iguais –aparentemente um Tabu–, os quais buscam seus parceiros no além-Agixib. Por fim, falamos do poder entre os Sonula. Estes marcam seus panos com animais, como o albatroz, o alce, o jacaré, o cavalo e a águia (todos não oriundos da fauna local), em tentativa de criar uma escala de poder. A crença fundamental subjacente a todos os signos compartilhados entre “os sem luz” parece ser a de que um pode ser superior ao outro pelo poder e/ou pela luz. Isto se deve a dois fatores: serem os “financiadores”, o que impede que qualquer um o seja, tanto pelos custos quanto pela seleção para se tornar um Sonula, e o ambiente fomentado por uma eterna disputa para ser “o escolhido”, considerado pelos que tem luz como “o melhor”. Caros leitores, findo aqui meu breve relato sobre essa tribo. Entretanto, inquieto-me com interrogações que despontam ao comparar nossas práticas sociais com a dos Sonaipsede. Edespianos possuímos as mesmas práticas, mas não entendemos a verdade simplesmente pelo nosso preconceito e por despreparo mental em analisar os símbolos sob outros pontos de vista que não o do nosso grande ego. “Olhando de longe e de cima de nossos altos postos de segurança na civilização desenvolvida, é fácil perceber toda a crueza e irrelevância da magia. Mas sem seu poder de orientação, o homem primitivo não poderia ter dominado, como o fêz, suas dificuldades práticas, nem poderia ter avançado aos estágios mais altos da civilização”. Malinowski


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Cronica

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Quanto tempo o tempo tem ? Luiz Fernando Lockmann

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ivemos presos dentro de uma realidade de rápida resposta para tudo, mas um dia certamente tudo acaba.

Em seus últimos meses de vida o rei Henrique VIII conclama o seu melhor amigo, duque de Suffolk, para uma conversa a sós. O rei faz a seguinte pergunta: “Qual é a perda mais irreparável ao homem?”. O duque prontamente responde que é a virtude do homem. O velho rei sagaz rebate dizendo que através de suas ações ele pode redimir a sua virtude. O duque desafia o rei dizendo então que a maior perda de um homem é a sua honra. O rei novamente acaba com o argumento de Suffolk dizendo que da mesma forma que a virtude, as posses, os amores, a honra pode ser recuperada com as ações do individuo. O duque desapontado lamenta ao seu mestre não saber a resposta. Então Henrique responde que a perda mais irreparável ao homem é o tempo, o qual não pode ser redimido, retornado ou recuperado. Após essa breve história não verídica apresentada no seriado “the Tudors”, o qual narra a trajetória de vida de Henrique VIII, gostaria de discorre um pouco sobre o tempo. Meu primeiro ponto envolve o custo do tempo. Quanto vale uma boa noite de sono ou um passeio com a família? Esses e outros questionamentos tem o denominador comum tempo, o qual nos dias de hoje tornou-se fração do que antigamente era. O mais irônico é que o mundo e o tempo não se modificaram em sua estrutura, somente as pessoas que nele habitam. Como dizer então que o tempo encurtou e que não tempos mais tempo hábil para viver? Isso é uma das maiores ironias que a sociedade pós-moderna vive, o senso de não saber para onde caminhar. Aliado a evolução na comunicação e na rapidez da tecnologia esse vácuo de objetivo na vida é sanado muitas vezes pelos afazeres antes não executados. Hoje despendemos tanto tempo em atividades que não nos compete como seres atuantes que ficamos obviamente sem tempo para viver um dado período de vida. O que se mais vê atualmente é o ser humano com o objetivo de focar-se hoje e viver depois. O importante é se esforçar e em certos níveis sofrer no presente

porque no futuro receberíamos algo que nos é caro. Quanto vale efetivamente de tempo fazer o seu milhão antes dos trinta? Na mesma fala do rei da Inglaterra devo desmistificar a ideia de viver para o futuro tão pura e somente. O sofrimento de hoje não é necessariamente curado com os desejos do futuro ou com uma realidade distante. Ele deve ser um ponto de partida e não de chegada. Digo isso porque quanto mais expectativas colocamos no futuro maiores os riscos para decepção e o sofrimento recorrente. O importante é viver e apreciar o tempo que nos é dado para fazer tal ação. Eliminá-lo como uma commodity é no mínimo horrível, partindo da ideia que nunca poderíamos recuperá-lo jamais. Pensar e planejar o futuro é muito importante, mas sem sacrificar as coisas que realmente importam na vida querem elas seja relacionamento, família, hobbys, conhecimento entre tantos outros. O grande denominador comum da realidade atual é esse descaso pelas relações do presente. Não há mais a busca pelo vitruvianismo, chamada também busca pelo ideal e perfeição. Não nos aperfeiçoamos para nos tornarmos seres pensantes melhores auxiliadores da sociedade como um todo; buscamos realizar algum desejo egoísta distante. Um dos fatores mais sacrificados nessa forma de pensamento são as relações de amizade e amorosas, de sabedoria e de proximidade com a realidade. O sacrifício do tempo ocorre mutuamente com esse desprendimento do aqui e agora e do presente. O sofrimento pela perda do processo de viver é sanado pela busca eterna de pequenos prazeres substitutos programados a se tornarem cada vez mais obsoletos. A realidade atual é consumir em grande intensidade e de modo recorrente, a qual precisa em contrapartida dessa obsolescência tanto dos bens físicos como das relações sociais. Tudo isso nos deixaria menos conscientes para entender o quanto estamos sacrificando em prol de ilusões futuras, as quais podem não vir a serem concretizadas. Buscar a perfeição do ser com atividades de real prazer deve ser o foco do ser humano pensante; o equilíbrio entre mentalidade emocional e racional deve existir com objetivo de manter-se consciente às coisas realmente importantes

na vida. Para ilustrar um pouco o pensamento volto na trajetória do recém-falecido Steve Jobs, o qual buscou a sua perfeição através da arte e da qualidade. Ele dentro de uma realidade econômica feroz propunha algo além da simples análise econômico-financeira de qualquer projeto. Jobs propunha a realização do eterno, o qual deteria atributos muito além da nossa tão limitada capacidade racional. O futuro infinitonseria exatamente a criação de um legado para o mundo. Novamente repito: melhor morrer um universalista com legado que um especialista perdido no salpicar do mundo. Essa é a resposta, a meu ver, para a grande busca da imortalidade, a qual não passa de uma vitória sobre o tempo. Portanto, a confecção de um legado nos torna imortal sob os olhos da história. O que mais entristece é exatamente enxergar que a maioria dos indivíduos busca através da obsolescência da vida presente não criar o belo e o perfeito, mas sim sobreviver a realidade. O que se busca é depredar aos poucos a sociedade, construir um castelo com muros e esquecer-se da existência dela. Isso de fato não é vencer o tempo, mais sim tornar o ser humano mais a mercê do sofrimento pela perda deste mesmo. O castelo não compensaria o esforço todo empregado se o individuo deixa se perder no tempo ações prazerosas que nunca mais podem retornar. O ideal é alinhar a busca pela perfeição e pelo legado com o caminhar paralelo no tempo, aproveitando tudo do momento presente. As experiências mais caras não são necessariamente as mais grandiosas ou as mais raras; elas são justamente as mais importantes dentro do que o individuo acha mais caro para si mesmo quer sejam em grandes ou pequenas coisas. Finalmente gostaria de ressaltar sobre a fragilidade da vida. Assim como Jobs e muitos outros a vida, por mais recursos que se tenha, pode se esvair no primeiro momento oportuno. Devido a essa fragilidade é cada vez mais importante analisar e reconhecer as atividades e as sensações mais importantes, uma vez que se pode perdê-las em um piscar de olhos. Quando perguntado, dentro de uma perspectiva metafórica, sobre quanto vale uma boa noite de sono livre de preocupações minha resposta é impagável.

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Contra-Ponto

Ser ou não ser cerveja... João Pedro Azevedo Maldos

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uando se toca no assunto da volta da cerveja para o DA, logo pensamos na questão da integração entre os estudantes. Atualmente os momentos de maior união entre os gevenianos são concretizados de duas maneiras distintas: ou em pequenos grupos de amigos no bar ou em grandes eventos promovidos pelo Diretório. Tais momentos são poucos e isolados, nos quais há uma tendência de excesso de consumo alcoólico por serem aclamados como dias especiais, nos quais estamos reunidos com nossos colegas e podemos festejar esta época única em nossas vidas. Deste modo, a cerveja poderia ajudar a criar um ambiente de integração mais homeopática para o alunado, que está acostumado a um ambiente individualista e altamente competitivo. Porém, para poder discutir esta questão a fundo, é necessário que se compreenda os argumentos da discussão. Somente a partir da construção de um diálogo articulado entre os corpos da fundação poderemos chegar a uma solução que não seja uma proibição unilateral pela direção e uma cara emburrada pelos estudantes.

Os momentos, a época Quando se fala na época da faculdade, qualquer pessoa que já passou pela experiência conta como foram anos épicos: mostram-se cheios de histórias para contar, que enchem os olhos de memórias e as bocas de felicidade. A maior parte destes momentos ocorre quando estamos reunidos como grupo, ligados por uma

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fundação pela qual temos grande carinho. Porém, o local e o meio foram perdidos. O DA já não se mostra mais como um local onde se encontram os gevenianos, mais parece uma sala de recreação e descanso de funcionários de uma empresa. Alguns dormem, outros jogam pebolim. Todos esperam a próxima aula. A cerveja auxilia neste sentido, promovendo momentos de descontração que servem como cola social. Afinal, quando sairmos da faculdade, quais podemos dizer que foram os momentos que nos sentimos ligados à GV, ao ambiente universitário e ao grupo ao qual pertencemos? Durante as aulas de cálculo ou quando tomamos uma cervejinha e alguém fez papel de bobo? Quando, daqui a 10 ou 20 anos, nos perguntarem como foi nossa passagem pela FGV, poderemos dizer não somente o quão importante foi para a nossa formação profissional, mas que foram momentos únicos partilhados com pessoas interessantes, que guardaremos com um sabor de nostalgia.

O consumo responsável e as restrições Porém, há de se pensar: o quanto a cerveja realmente ajuda na criação de uma identidade geveniana entre os alunos? Alguns dizem que não serve como agente de integração, que isto é apenas uma desculpa daqueles que desejam consumi-la livremente na GV. Outros dizem que somente assim haverá real integração, já que o ambiente é altamente competitivo e somente através de um lubrificante social podemos nos livrar das gravatas e dos saltos e vestir nossos shorts e chinelos (metaforicamente, é claro). Acredito que a questão encontra-

-se na moderação – nem que sejam necessárias restrições pesadas. A cerveja não é um líquido mágico que trará bons momentos a todos, transformando todos em amigos. Porém, também não é possível que a cerveja sozinha possa transformar o alunado em bêbados inconseqüentes. O consumo responsável é pregado por todo lugar onde há consumo de álcool, e não poderia ser diferente aqui. Dentro da fundação seriam necessárias restrições, para que não se interfira com o bom funcionamento da GV. Restrições de horários (após as aulas, por exemplo) e punições para aqueles que exagerarem e causarem transtornos poderiam ser colocadas na mesa. Deste modo a direção poderia punir os que não foram apresentados à moderação e permitir o consumo para aqueles que desejam compartilhar momentos tranqüilos com todos seus colegas.

Legal, queria tomar uma breja no DA. E agora, José? É necessário perceber que a volta da cerveja é algo que os estudantes almejam. Por mais que possa trazer problemas internos para a fundação, existem modos de contorná-los. Sabe-se que não é a solução para os problemas de integração do alunado, mas acredito que a possibilidade de tomar uma cerveja no DA aumenta as chances de que as pessoas fiquem na faculdade e aproveitem esta época para além das salas de aula. Porém, não será o corpo docente que irá propor a volta da cerveja. Isto deve ser mais do que uma bandeira para eleições do DA, mas uma proposta séria. Afinal, temos força de voz na fundação e podemos aclamar por um diálogo mais claro sobre a questão.


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Contra-Ponto

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E aquela cervejinha... Luiz Fernando Lockmann

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ão poderiam faltar, obviamente, questionamentos sobre o retorno da cerveja no ambiente do Diretório Acadêmico, visto que já caminhamos ao encerramento de meia gestão e não há qualquer sinalização de acordo quanto a volta da “menina dos olhos” dos gvnianos dinossauricos. Parece irônico depois de tantas idas e vindas de campanha para apoio da massa votante que esse assunto caia no esquecimento dos alunos mais empolgados. A volta da cerveja, além de polemica é um assunto espinhoso dentro do corpo discente. Ele efetivamente separa o aluno em dois grupos: os que vivenciaram a época “áurea” e aqueles que não vivenciaram. O que mais chocou na ultima eleição, foi que esse tema voltasse com uma força inacreditável e trazida, às vezes, por pessoas que nem mesmo vivenciaram tal período histórico. Muito semelhante com a realidade brasileira, das passeatas jovens pela abertura dos arquivos da ditadura, onde a molecada que não vivenciou a história clama por justiça. Tudo na sua devida proporção, parece extremamente alarmante que se tente, ainda , discutir esse assunto pertinente ao ambiente acadêmico. Quantos problemas acadêmicos que temos e que já foram mencionados na Gazeta Vargas, mas existe ainda o grupo seleto dos gvnianos que só clamam pelo sucesso da cerveja... Pobre Reaval. Digo isso não em tom de deboche, mas torço para que a discussão se arraste mais um tempo, e que, finalmente, o ultimo aluno que vivenciou a cerveja tenha se formado. Um pensamento parecido foi expresso por um ministro alemão, no inicio

da Reunificação Alemã, onde se dizia que as reclamações sobre os velhos dias só acabariam com a morte do último ser vivo daquela época. Basicamente essa discussão vaga e perdida, vai perdurar como aludida, até o último aluno que bebeu cerveja no DA, se formar. Acredito que possuímos problemas de caráter muito mais urgente para lidar, do que a aprovação da volta de cerveja para o ambiente “acadêmico”. Não é

A presença da cerveja dentro do ambiente do DA não resolveria a falta de integração dos alunos, como amplamente aludido nas campanhas eleitorais o caso de nos mantermos como sacrossantos alunos intocáveis, mas a presença da cerveja dentro do ambiente do Diretório Acadêmico, não resolveria a falta de integração dos alunos, como amplamente aludido nas campanhas eleitorais. Há mais de dois anos a cerveja foi retirada de circulação do ambiente do DAGV pelos então diretores Maria Tereza Fleury, Yoshiaki Nakano e Ary Oswaldo Mattos Filho – medida essa extremamente impopular, até hoje. Mas cabe questionar se o Corpo Diretivo da faculdade deveria ser popular ou correto, na sua visão? Atualmente houve sinalizações de convencimento para a volta da cerveja, porém, em seu último semestre de estada na direção da

EAESP acho pouco provável que a professora Fleury volte atrás, conjuntamente com seus colegas. O que não quer dizer para aqueles ainda esperançosos, já que vimos muitas decisões inesperadas acontecerem nesta mesma faculdade. Reconquistar o direito perdido no DA, deveria ser analisado com mais cautela pelos poderosos acadêmicos do corpo discente, uma vez que esse assunto não possui tantos argumentos prós para o corpo docente aprovar. O engavetamento desse assunto por parcela do DA só vem a demonstrar o caráter de marketing eleitoral, que hoje a volta da cerveja tomou. Não há talvez real anseio para o seu retorno, porque efetivamente é um problema demasiadamente complexo para ser recolocado de volta na vida de um corpo discente que, em sua maioria, não vivenciou a época antiga. Cerveja não irá curar o mal da competitividade extrema que se criou dentro do ambiente acadêmico, e nas relações entre colegas de faculdade. A bebida é um instrumento de celebração e possui locais apropriados para ser consumido fora do ambiente de ensino superior. Sem pretensão de ter mente fechada, mas existe a real possibilidade que com a volta da cerveja haja excesso de consumo o que acarretaria situações embaraçosas no futuro. E isso nem o tão sólido Diretório Acadêmico poderia controlar. O aluno gostaria da volta da cerveja – mesmo aqueles que nunca provaram dela no DA – mas certamente tal fato não irá melhorar a nossa falta de integração. Para isso é necessário um esforço conjunto das entidades em se alinharem por um fim comum: a força do corpo discente e não interesses de grupos.

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Politica Interna

Entrevista Prof. Isabela Curado Os bastidores de uma estrutra da apoio

A Gazeta Vargas sempre teve curiosidades quanto aos acontecimentos fora dos palcos Gvnianos normais. O problema é que essas informações nem sempre são repassadas aos alunos, ora por falta de tempo, ora por falta de interesse. O que poucos conhecem é o tamanho da rede existente no ambiente da FGV e esse organograma todo é amparado por diversos elos. Um dos elos mais importantes para o desenvolvimento do ensino e aprendizagem da organização Eaespiana é o Centro de Desenvolvimento do Ensino e da Aprendizagem (CEDEA). Para conhecer um pouco mais dos bastidores, dos processos de decisão e das histórias da faculdade, a Gazeta Vargas entrevista a coordenadora do CEDEA, professora Isabela Baleeiro Curado do departamento ADM. »» Gazeta: Primeiramente gostaríamos de agradecer a presença da senhora e começar perguntando um pouco do seu background acadêmico »» Prof. Curado: Bom, como background acadêmico, formei-me em Ciências Sociais na USP e comecei meu mestrado na escola (EAESP). Contudo acabei “pulando” e seguindo direto para o doutorado. No que se refere à formação complementar para realizar as atividades do CEDEA, cursei o International Teachers Program na Universidade Commerciale Luigi Bocconi o Global Colloquium on Participant-Centered Learning (GCPCL), em Harvard . Fiz uma carreira pouco ortodoxa – logo depois de me formar, fui para os EUA e abri um restaurante de comida brasileira em Miami. Por força de problemas familiares voltei ao Brasil, agora para seguir com o

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mestrado. Dei aulas no SENAC – CEATEL (hotelaria) e na ESPM nas disciplinas de gestão e organizações. Ingressei na EAESP como professora, em 1994 e já fiz um pouco de tudo – consultoria, treinamento gerencial, com foco em programas de trainees, tutoria, coordenação do programa de intercambio na Universidade do Texas são alguns exemplos. Ingressei no CEDEA como assessora em 2006, tornando coordenadora do mesmo em 2007. »» Gazeta: Houve algum choque em sua carreira com a cultura organizacional da FGV? »» Prof. Curado: Com certeza houveram vários choques. Vim de uma tradição de professora de Unicamp, onde a cultura informal impera. Pode-se dizer que o estilo hippie de jeans, camiseta e tênis chocou num primeiro momento. Quando entrei eu era confundida como aluna, uma vez que a idade média dos professores da casa era de 55 anos. Acho que os choques existiam por eu ser meio fora do padrão, ainda mais em cursos como CEAG, onde haviam vários alunos mais velhos que eu. »» Gazeta: Quais são os principais desafios em gerenciar um elo tão importante para a EAESP? »» Prof. Curado: Lidar com o saber, sem dúvida! Lidar com um contingente de docentes que já detém um saber e com uma escola que também o possui é um grande desafio e isso acaba perpassando a lógica de como transmitir esse saber. Essa lógica mudou muito rápido; é muito diferente o ambiente de hoje se comparado dez anos atrás. Um exemplo característico é lidar com o saber tradicional; pegue a aula expositiva como exemplo... Ela tem o seu papel, mas existem outras formas de ensino e aprendizagem. O

Sou a favor da Reaval para bons alunos... Essa escola presa por mérito e sucesso. O aluno que não se esforça ao longo do semestre não deve ter essa chance essencial é saber trabalhar com o equilíbrio entre as inúmeras metodologias, as características de cada disciplina e o perfil dos professores. Sem esse equilibro os professores acabam se tornando barreiras às mudanças. »» GV: Quais são os problemas mais recorrentes que o CEDEA enfrenta atualmente? »» Prof. Curado: Bom, problemas recorrentes são algo complicado a se dizer, uma vez que o CEDEA é uma estrutura de apoio. Acabam existindo mais desafios do que problemas. É possível dizer que mapear as necessidades dos professores, assim como as dos alunos, já que os processos são longos e mutáveis. Traduzir a pesquisa em conhecimento prático, assim como adequar os processos e conteúdos às diversas formas utilizadas pelos docentes, são desafios rotineiros. É importante dizer que todas as formas de ensino e aprendizagem têm a sua relevância, mas os professores tem a possibilidade de escolha, sendo o nosso objetivo apoia-los e prepara-los para utilizar esses conhecimentos. Outros desafios mais recorrentes são, por exemplo, trabalhar com as demandas dos vários níveis na mesma escola como MPGI, CEAG,


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www.gazetavargas.org CG, etc. Ou apoiar a implantação dos novos cursos, como o MBM e o CGAP. Ou até mesmo capacitar professores para ministrar aulas em inglês. Cada caso é um caso. »» Gazeta: Muitas vezes alunos são confrontados com informações ao longo do curso que desconhecem, principalmente quanto a história da EAESP. Esse contingente cresce cada vez mais dentro da faculdade. A senhora não acha que isso pode se tornar um problema? »» Prof. Curado: A escola tem algo interessante... Essa balança entre inovação e tradição; A estrutura muda muita e com essas mudanças vem a história. As histórias mais pitorescas, por assim dizer, podem apresentar várias visões, mas acabam demonstrando quem nós somos. A história faz a GV ser GV. Por exemplo, num momento de crise os professores se uniram e negociaram com a Fundação corte de salários para poder manter os cursos. Contudo, a perda da história pode gerar obviamente uma perda de identidade. A escola valoriza a meritocracia, o trabalho bem feito... A história desconhecida pelos alunos não é problema tão grande, porque eles passam, apesar de lembrarem a vivência dentro da escola. Entre os professores e funcionários o desconhecimento da nossa a nossa história pode gerar uma perda de identidade. »» Gazeta: Qual a maneira mais eficaz de fazer um indivíduo se sentir motivado, dentro de um ambiente de cultura organizacional gvniana? »» Prof. Curado: É preciso resgatar o sentimento de pertencer. A melhor forma é relembrar os quatro fatores de motivação de uma escolha de carreira – a marca, as oportunidades, os propósitos e a cultura. As oportunidades, por exemplo, são atividades que podem motivar tanto os alunos quanto os professores, como a pesquisa, o desenvol-

vimento pessoal, participação em vários processos, entre outros. Vale lembrar que os propósitos, os objetivos maiores da escola, também são importantes, já que as missões e valores criam esse diferencial. »» Gazeta: Em muitas ocasiões a senhora mencionou a importância de estarmos sempre aprendendo. Como é o seu processo de aprendizagem mais clássico? »» Prof. Curado: Bom, meu processo de aprendizagem é por assim dizer multi-facetado... Eu aprendo dando aula e é muito interessante porque pegar os conceitos e trazer para uma realidade construindo interesse no aluno acaba sendo um momento de troca e todo momento é um desafio. Aprendo observando, olhando o mundo e buscando os por quês; aprendo lendo – uma leitura reflexiva de todo tipo. Em suma aprendo refletindo. »» Gazeta: Qual a sua opinião frente às recentes reformulações dos cursos e projetos polêmicos que voltam a ser discutidos como o Reaval? A senhora acha que o corpo discente deveria participar dessas discussões? »» Prof. Curado: Sou a favor da Reaval para bons alunos... Essa escola preza por mérito e sucesso. O aluno que não se esforça ao longo do semestre não deve ter essa chance. Quanto às reformulações são necessárias e os processos foram pautados pela realocação e pelas negociações para gerenciar um curso. Tínhamos a necessidade de diminuir o número de disciplinas e aguardamos o final de um ciclo do CG-R para programar essa mudança. Mudanças são importantes e necessárias, mas elas levam um tempo. Como já dito, a escola trabalha nesse equilíbrio entre inovações e tradição e a reformulação faz parte disso. O curso tem fatores com alto grau de inovações como as atividades monitoradas, empreendedorismo... Nesse novo curso de

AE reformulado para 2012 algumas disciplinas terão 4 horas outras 2 horas; algumas disciplinas deverão ter novas logicas para se adequar ao novo curso por óbvio. »» Gazeta: Rapidamente para sanar a curiosidade: como é o seu trabalho no dia-dia? E como é a sua atuação na Comissão de Graduação (CG)? Eles se diferem? »» Prof. Curado: No dia-dia o CEDEA é uma estrutura de apoio interno. A nossa atuação se dá por meio de várias atividades de aprendizagem, desenvolvimento de professores, competições de casos, apoio à POL e PON, , ao MPGI, ao CEAG e etc. Meus dias nunca são iguais... Não tenho rotina... É sempre tem coisas acontecendo simultaneamente. Desenvolvimento do novo ambiente de aprendizagem, o APRENDER, e processo de preparação na implementação do novo curso de AP são exemplos de novidades. Na Comissão do CG e do CEAG, como representante do CEDEA, meu foco é no ensino e aprendizagem. Além disso, tenho o papel na discussão de explicar as diretrizes da escola em relação às garantias de aprendizagem e buscar sinergias entre os diferentes s projetos, nos diferentes cursos. »» Gazeta: Para finalizar gostaria que a senhora fizesse alguma previsão quanto às mudanças que a EAESP vai sofrer nos próximos anos? »» Prof. Curado: A escola está em uma fase de bons ventos, em minha opinião. Nós estamos recrutando professores novos, inovadores e motivados. Vários cursos novos fazem com que a gente se mexa; a internacionalização aumentou muito e todos esses fatores criam desafios para todos. Mas eu acho que estamos bem direcionados... Temos bons indicadores como o aumento de pesquisa, de internacionalização, desenvolvimento de pessoas e liderança, entre outros. O mercado obviamente enxerga isso.

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Reanalisar e Reavaliar O polêmico projeto de aprovação da Reavaliação na EAESP vai para frente enfim? Luiz Fernando Lockmann

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xistem diversas semelhanças que unem as três escolas da FGV em São Paulo. Nas questões de sua configuração espacial, cultura organizacional e politica de ensino a EESP, EDESP e EAESP estão em perfeita sintonia e alinhamento. Contudo, uma diferença pequena nos meandros acadêmicos faz com que exista uma distinção grande entre as escolas mencionadas. A inexistência de uma eventual Reavaliação dentro do regimento

Outro senso comum para os anti-partidários da proposta é que a Reaval criaria uma burocracia que facilita a aprovação do aluno desleixado

da EAESP faz com que alunos e até mesmo membros do corpo docente questionam o porquê de tamanho preciosismo com esse determinado projeto. O projeto de implementação da Reaval é antigo e não seria ideal eu fazer alusões históricas sobre momentos em que não vivenciei. Contudo, é importante ressaltar que por várias razões em momentos históricos diversos a implementação da Reaval foi barrada. Os órgãos responsáveis pela aprovação do projeto

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são a Comissão de Graduação (CG), o Conselho de Gestão Acadêmica (CGA) e a Congregação, devendo qualquer projeto de natureza acadêmica passar por essas instancias nessa ordem especificadamente. O que a história ensinou aos mais velhos foi que devido à polêmica que a Reaval traz não basta que haja consenso em uma única instancia, uma vez que ela é composta por diversos professores e coordenadores com posturas igualmente diversas. Só para efeitos de ilustração já houve projetos de Reaval derrotados muito próximo de sua real aprovação por motivos a serem explorados a seguir. Então por que negar a um aluno da graduação a possibilidade de uma segunda chance? Segundo as mais diversas opiniões, a Reaval, por sua conotação, iria fraquejar o nível do curso. No atual momento o aluno com média inferior a seis acaba por cair direto na chamada dependência (DP) de determinada matéria e a Reaval viria para dar uma última chance para o eventual repetente na matéria a se empenhar em mais uma prova para evitar a reprovação. Sem que haja esse sistema, para alguns, rígido demais, o curso não teria o reconhecimento e a força que ele tem. Outro senso comum para os anti-partidários da proposta é que a Reaval criaria uma burocracia que facilita a aprovação do aluno desleixado. A única forma seria manter o sistema de média seis sem a possibilidade de nova prova e consequentemente novo calculo de média. Agora iremos a alguns fatos que ocorrem dentro da EAESP que provam que algumas posições sobre a Reaval são puramente hipócritas.

Existem trilhas de matérias que são, para alguns professores e alunos, mais trabalhosas que outras, o que impulsiona o aluno a realocar seus recursos disponíveis para esses problemas. Acontece muito com matérias de exatas ou algumas que demandam raciocínio com números. Não são surpresas que as mesmas matérias mais “trabalhosas” são as que geram índices de reprovação dentro da faculdade, fato esse que já chegou ao conhecimento de alguns professores. Tanto que já são dadas em matérias com alta possibilidade de reprovação espécies de provas que auxiliam notas muito ruins em provas parciais, uma vez que as pro-

Ser ou não ser tolerante com a possibilidade de reavaliação nada indica na real exigência que um determinado professor possui frente a sua matéria

vas de meio de semestre já norteiam como a média vai mais ou menos rumar. Outros professores ainda são partidários da não intervenção na nota do aluno – o que está feito, está feito. Contudo, é importante lembrar que ser ou não ser tolerante com a possibilidade de reavaliação nada indica na real exigência que um determinado professor possui frente a sua matéria ministrada. Atualmente se tramita mais uma proposta de aprovação ao projeto de Reavaliação liderada pelos esforços


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www.gazetavargas.org exaustivos do grupo acadêmico do DAGV. O projeto da Reaval já é bem vista pela Coordenação e trabalhos

É muito provavél que a aprovação venha no modo prussiano (de baico para cima), uma vez que propostas do curpo discente fogem muito da realidade que os professores desejam

conjuntos já estão sendo feitos para que se chegue a um acordo proveitoso para os dois lados. É importante mencionar que na proposta do Diretório Acadêmico os alunos legitimados a executar a Reaval seriam os com média inferior a seis e superior a cinco. A forma de cálculo da média conseguinte e o número de reavaliações ainda está sendo amplamente discutido entre membros do corpo discente e docente. Nesse cenário armado é muito provável que a aprovação venha no modo prussiano (de cima para baixo), uma vez que propostas do corpo discente fogem muito da realidade que os professores desejam. Como forma de “pressionar” uma decisão por parte da CG, a Gestão Resgate fez uma mobilização digna de Primavera Árabe no Facebook para conseguir que alunos apoiassem um tipo de “Ocuppy EAESP”. Por mais bonito e louvável que fossem as mensagens do corpo discente em apoio ao projeto de Reaval, pouco foi feito para mobilizar efetivamente uma ocupação. Tanto que o

evento foi logo remarcado para uma sexta feira e finalmente cancelado. O motivo para desistência diz respeito à pressão institucional que o corpo docente dirigente fez ao DAGV para que não levasse a ideia de “ocupação” adiante sob pena da Reaval ser tratada com olhos diferentes numa possível votação, o que obviamente assustou os mobilizadores. As últimas informações até o fechamento dessa edição foram da aprovação do conceito da Reaval em primeira instância na CG. Isso é um passo importante mais não quer dizer que a luta foi vencida como a Gestão Resgate tem comunicado. Essa aprovação indica a formação de um comitê para discussão dos pormenores da Reaval, assim como seus pontos mais polêmicos a exemplo de qual tipo de aluno deveria ter esse direito de ser reavaliado. A polêmica sempre envolve as médias dos alunos na matéria em questão, a qual pode ou não denotar uma atitude frente ao curso como um todo. A uma parcela do corpo docente é clara a ideia que a Reaval não deverá ser inferior ao valor de média 5,5 e muitos alunos compartilham desse pensamento. Contudo, a área acadêmica da Gestão Resgate irá lutar nas discussões internas pela elegibilidade do aluno com médias inferiores a 5,5 podendo chegar ao valor de 4,0. Muito estranha essa luta, uma vez que a decisão de Câmara Discente, órgão acima da Gestão Resgate, definida no final do mês de setembro pregou a luta pela média 5.0 como parâmetro de definição para o aluno apto a fazer a prova da Reaval e não 4.0.

A Gazeta Vargas novamente faz um apelo para que o projeto seja discutido com cautela e que se chegue

Na proposta do DAGV os alunos legitimados a executar a Reaval seriam os com média inferior a seis e superior a cinco

a um campo comum para a aprovação. A possibilidade de Reavaliação de forma alguma enfraqueceria o curso, esta traria outras aprovações marginais benéficas como o auto trancamento do semestre para casos de muitas DPs acumuladas. É importante que haja um senso de pragmatismo e de lobby politico para conduzir esse projeto até a aprovação final em Congregação. Sem os pés no chão, sem o senso de real e justo, mais do que o simples ideal, o projeto da Reaval pode voltar novamente à gaveta e esperar mais alguns anos. Torcemos pelo contrário...

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Opinião

A mitológica leveza da oposição Luiz Fernando Lockmann e Souza e Nádia Waked “A unanimidade, por excelência, é burra”- lembro a frase de Nelson Rodrigues, com o simples objetivo de aludir à velha polêmica histórica sobre as divergências de opiniões. Chamada por vários

A responsabilidade pela crítica é algo tão importante quanto a responsabilidade pelos atos do governo nomes ao longo dos séculos, a oposição sempre foi considerada um instrumento controverso e complexo para ser definido como simplesmente positivo ou negativo. Seu significado dúbio vai de encontro com diversas teses pós-modernas de liberdade civil, ao mesmo tempo em que remete à necessidade de um balanço entre governo e governados. Mas por que considerá-la algo ruim ou bom? O próprio ser humano é tragado por respostas, para questões como essa de maneira ingênua e principalmente maniqueísta. Dirão os simplistas sobre a dificuldade trazida por opiniões e críticas diversas, ou da falta de união causada em momentos históricos inoportunos.

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Isso ocorreu tanto no período da 2° Grande Guerra, como também, mais atualmente, no lançamento da Guerra ao Terror. O simplismo do pensamento, nesses dois momentos similares, contestará a validade da liberdade devido ao momento histórico tenso, onde uma nação deveria se unir ao invés de divergir (lembrando que isso vem do mesmo país que fundamentou a necessidade da liberdade de expressão no século XX e XXI). Além de controverso, o tema traz ainda uma discussão mais profunda: seu papel para com a sociedade, como um todo. O silêncio de uma população para com o seu governo, é interpretado erroneamente como aprovação das decisões tomadas. Ironicamente, este mesmo silêncio, baseado em exemplos históricos nos diversos cenários em macro e microambientes, significa na realidade, por parte da sociedade, um descaso para com o bem público. Em outras palavras, o famoso silêncio das ditaduras aludido pela atual presidente do Brasil (utilizando o modelo Madame Le President para evitar polêmicas) significaria tanto o medo da população para com o seu regime, como uma passividade sobre as decisões tomadas por este mesmo regime. Em muitos casos, infelizmente, ainda se influencia o descaso dentro de um ambiente de pseudodemocracia. As reduções

das vozes divergentes se avolumam pela falta de abertura à discussão, implicando em uma versão desastrosa de uma liberdade de expressão. Atualmente, existem temas permitidos para se divergir, mas como no caso da Guerra ao Terror, é necessário se calar pelo “bem comum”. A ética utilitarista é utilizada para reduzir o acesso a informações, criar passividade ou, no limite. medo em uma esfera falsa de discussão legitima. Embora todo o processo seja benéfico para uma “oligarquia”, ele é fadado a um limite. O momento final da falta de uma oposição não é algo fácil de ocorrer, todavia na mesma proporção não é algo raro. Existem exemplos históricos de diversas sociedades que chegaram ao limite da passividade e do medo; e hoje, vemos o mesmo momento ocorrendo no mundo árabe. Populações outrora presas sob a égide da opressão e da falta de liberdade reivindicam direitos civis na esfera pública e privada. Por mais que o exemplo seja a quebra da falta de oposição pelo medo, o próprio descaso pode ser sanado, uma vez que parcelas da


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Opinião

www.gazetavargas.org população cheguem ao famoso “fundo do poço” da falta de ética e princípios. A oposição deve ser antes de tudo, responsável como disse o senador Aécio Neves e este termo carrega o significado da sempre utilizada arte de reclamação sem argumentos. A responsabilidade pela critica é tão importante quanto a responsabilidade pelos atos de governo. A união deve coexistir com a liberdade de expressão, apesar de muitas vezes parecerem extremamente autodestrutivas.

Oposições nos dias de hoje Neste ano, diversos movimentos surgiram como forma de representar o descontentamento sobre uma variedade de temas. Nos Estados Unidos o Occupy Wall Street foi a forma de protesto de um determinado grupo de pessoas contra a impunidade dos responsáveis pela crise mundial e o sistema capitalista. Teve como estratégia a ocupação constante de Wall Street onde as pessoas organizavam-se através de assembléias gerais e discutiam as questões colocadas em pauta. No site da organização defende-se que a única conexão em comum com todos os que reivindicam é a seguinte: “somos os 99% que não irão mais tolerar a ganância e a corrupção do 1%”. O movimento inspira-se nas reivindicações da primavera árabe (diversos movimentos no Oriente Médio nesse ano e que possuíam mais uniformidade em relação à pauta de reivindicações). Aqui no Brasil, inspirado pela oposição de Wall Street, surge o

“Ocupa Sampa”. O movimento, que já completou um mês no dia 15 de novembro, tem como palco de atuação o Vale do Anhangabaú e possui como principais causas da reivindicação a luta pelo apartidarismo, a não violência e a busca pelo consenso onde todos possam participar das tomadas de decisão. Aqui também vemos a diversificação de ideias como pauta para os debates. Como último exemplo, porém não menos importante, pode-se falar da ocupação feita por uma minoria dissidente de 70 alunos na Reitoria da Universidade de São Paulo no mês de novembro. A invasão do prédio da Reitoria pelo Movimento Estudantil não teve aprovação legítima da Assembléia e, no fim, apresentou uma

A pluralidade de ped i d o s muitas vezes sujeita o movimento a uma falta de objetividade

polarização de opiniões quanto à sua aprovação. Importante ressaltar como a mídia distorceu a finalidade do movimento das mais diversas formas. Não entro no mérito da aprovação do mesmo, o que não podemos negar é que por mais que os meios não tenham sido legítimos, a finalidade do movimento atendia à demanda da grande maioria dos alunos da Cidade Universitária - necessidade de elaboração de um projeto de segurança mais eficiente para o campus e a questão do polêmico Reitor João Grandino Rodas. A relação com

os outros movimentos citados encontra-se na questão da outra lista de reivindicações usada pelo grupo. Além de defenderem o que foi exposto acima, os dissidentes apresentaram propostas de esquerda como a estatização das universidades privadas e o fim do vestibular. O leitor pode questionar a relação entre os movimentos expostos. A primeira encontra-se no fato das reivindicações não possuírem uniformidade quanto à pauta de reclamações, o que pode ser positivo em determinados aspectos, quanto negativo em outros. A pluralidade de pedidos muitas vezes sujeita o movimento a uma falta de objetividade ou até mesmo à sua decadência. Quando muitas causas são pleiteadas, é necessário que se tenha consistência na condução do debate, de modo que sejam atingidas as finalidades almejadas. Podemos perceber que muitas vezes a oposição é feita pela mera necessidade de se protestar, como reflexo do descontentamento geral mas sem um foco claro, o que é extremamente negativo. A população precisa refletir antes de reivindicar, sob pena de ter suas demandas banalizadas. É necessário que se proteste por causas substanciais, sem cair na famosa reclamação sem fundamento. Ao finalizar, podemos destacar a célebre frase do filósofo francês François-Marie Arouet, conhecido pelo pseudônimo Voltaire, dito a um dos seus maiores opositores Jean Jacques Rousseau: “Não concordo com uma palavra que me disse, mas lutarei até o fim dos meus dias para que continues a dizer exatamente o que pensas.”

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Quem tem saudade do Coronel Erasmo Dias? Yuri Carajelescov

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uando fui diretor do “C.A. XI de Agosto”, estudantes, funcionários e parte expressiva do corpo docente pediam maior participação nas decisões sobre os rumos da Universidade de São Paulo. Em suma, postulávamos – e essa era uma reivindicação que já vinha de décadas passadas – a democratização das instâncias decisórias, perpassando pela escolha do reitor que, a nosso ver, deveria ser precedida de ampla consulta à comunidade acadêmica. Passados mais de 15 anos, as instâncias de decisão da USP pouco avançaram em termos de engajar a comunidade nas políticas da universidade, o que implicaria em abrir mão de parte do poder, mas também em dividir as responsabilidades por acertos e erros. Essa estrutura pouco democrática, propícia a manobras de bastidores, permitiu a ascensão do atual reitor, o professor João Grandino Rodas, com passagem anterior pela direção da Faculdade de Direito da USP marcada pela falta de diálogo. Não deixa de ser curioso que o professor Rodas também se valeu da PM para expulsar estudantes e militantes em vigília pela reforma agrária no prédio da FADUSP, no Largo São Francisco, ocasião em que a PM chegou a invadir até o “porão”, sede “XI”, fato não registrado nem durante o AI-5. Pano rápido. O professor Rodas foi membro indicado pelo Ministério das Relações Exteriores da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) entre 1995 e 2002, tendo sistematicamente votado contra o reconhecimento da responsabili-

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dade do Estado e concessão de indenizações às vítimas e familiares de vítimas da ditadura, inclusive no famoso caso da estilista Zuzu Angel, conforme o livro-relatório Direito à Memória e à Verdade: Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, lançado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República em 2007, o que revela muito da personalidade e dos alinhamentos do atual reitor da USP. Uma instituição fragilizada pelo déficit democrático, dirigida por uma pessoa indisposta ao diálogo, gerou o caldo de cultura propício aos arroubos de radicalização vistos recentemente. A mídia em geral propagandeou que os estudantes da USP estavam a lutar pelo direito de fumar o seu baseado no campus livre de incômodos. Tomar esse reclamo por verdade é supô-los néscios, mas os estudantes da USP são pessoas inteligentes. Nessa crise, há, de fato, uma sofisticada pauta em debate, por vezes impermeável à grande imprensa, que transcende a questão da segurança e da PM no campus, transita pela (re) abertura do espaço físico da Universidade à cidade de São Paulo e avança no velho tema da democratização de suas instâncias decisórias. Também para obliterar essa pauta, a doutrina do pensamento único, com o seu reducionismo característico, ditou que a PM tem de estar presente na USP, como se isto fosse sinônimo de segurança e como se esta fosse um valor absoluto. Esquece-se que as estatísticas mostram que de cada 5 homicídios cometidos e registrados na capital de São Paulo, 1 é de autoria

da PM. De verdade, alguém se sente seguro nesta cidade, mesmos nos espaços em que a PM deveria atuar? Infelizmente, ano a ano, a prática e os relatórios demonstram que essa polícia ainda não foi institucionalmente treinada para a democracia. Não se desconhece haver na sociedade certo fetiche em relação à segurança pública, muito bem sintetizado no mantra eleitoreiro da “ROTA na rua”, que visa a interditar o debate e impedir, senão ridicularizar, que se discuta a sério, como se propõe a comunidade acadêmica da USP, se o melhor caminho é a PM fazer rondas na cidade universitária, abordando e revistando estudantes suspeitos, vale dizer, os com jeitão de “bicho-grilo”, ou dotar a guarda universitária de melhor estrutura e iluminar mais as ruas. Ou mesmo a decidir pela PM fora do campus, uma vez que é sabido que a relação entre os agentes do livre pensar e os agentes do aparelho de segurança do Estado nunca foi harmoniosa. Porque não se impuseram a camisa de força prescrita pelo senso comum, os estudantes revoltosos já merecem, no mínimo, um olhar mais complacente. Não serei eu a condená-los pela invasão da reitoria, ainda que considere essa uma péssima estratégia, nem apedrejá-los sem direito de defesa como fez a mídia, a patrocinar verdadeiro massacre em rede nacional, também porque, de uma maneira geral, simpatizo com a rebeldia dos jovens. Sem a sua força contestadora não teria havido a centelha do maio de 68 em Paris a se espalhar pelo mundo, revolucionando os usos e os costumes, a guerra do Vietnã não teria acabado, provavelmente o AI-5 ainda estivesse em vigor e, mais recentemente, a primavera árabe não aconteceria.


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Atualidades

www.gazetavargas.org A essa lógica renovadora e revolucionária que move a roda da História quase sempre se opõe a lógica simplificadora da lei & ordem. Como se não soubéssemos dos limites intrínsecos ao sistema puro de regras inerentes a esse discurso, incapaz por si só de dar conta da complexidade da vida contemporânea, e desconhecêssemos a importância e a força vinculante dos princípios. E mais: como se tantas atrocidades já não tivessem sido cometidas em nome e ao abrigo da lei, que está longe de ser um mandamento divino que não possa ser aperfeiçoado ou mesmo superado. Qual o argumento de defesa dos nazistas julgados em Nuremberg, senão o cumprimento da lei e da ordem? Essa retórica, de fácil assimilação e, por isso, politicamente vantajosa, serviu, no caso da desocupação da reitoria da USP, de biombo para ocultar excessos e truculências. Ora bem, quando o Estado extrapola, deslegitima-se o uso da força que institucionalmente monopoliza. No episódio, chama a atenção, além da falta de diálogo, a desproporcional ação do Estado, a mobilizar 400 policiais da tropa de choque, 5 veículos de terra e um helicóptero para desalojar 70 estudantes desarmados. É uma média considerável: mais de 5,7 parrudos policiais da tropa de choque para cada estudante. A magnitude da operação, contrastada com seu objetivo pífio, levou o juiz aposentado Wálter Fanganiello Maierovitch, que não é um incendiário, em tom de pilhéria, a pontuar em seu blog: “Enquanto o Rio prende o megatraficante Nem, a polícia de Alckimin persegue universitários que [sic] usam maconha”. Presos e conduzidos ao distrito, os estudantes foram severamente enquadrados na lei penal pelas

autoridades policiais. O jornalista Paulo Moreira Leite, da revista “Época”, que acompanhou essa movimentação, relatou que os delegados receberam da secretaria de segurança pública de São Paulo a determinação para agir com o máximo rigor contra os estudantes, segundo ele “os policiais foram instruídos a aplicar punições mais duras como parte de um esforço de imagem do governador Geraldo Alckmin. Como a maioria da população não enxerga o movimento dos estudantes com simpatia, uma reação considerada enérgica seria uma forma de associar Alckmin com uma preocupação em defesa da ordem. “Até segunda ordem a ordem é dar o exemplo,” me disse, irônico, um dos policiais que recebera os jornalistas pela manhã.”. Vejam a contradição: se a informação é verdadeira, trata-se de vergonhoso uso político da polícia, o que é, por óbvio, contra a lei e muito mais grave do que montar acampamento em prédio público! A cinematográfica ação policial contou ainda com o expressivo apoio da grande mídia, que, quase sempre sem ouvir a sério o outro lado, se incumbiu de tachar os manifestantes de “maconheiros” e “desocupados”, o que retroalimentava o sentimento de parte da sociedade expressado de forma virulenta e verborrágica nas redes sociais. Alguns que aplaudiam a ação da polícia contra os “maconheiros” eram os mesmos que, meses atrás, contraditoriamente, acharam no mínimo necessário o filme-propaganda estrelado pelo ex-presidente FHC a favor da descriminalização da maconha. Difícil não suspeitar que nutrissem saudades pelo Coronel Erasmo Dias, o “gorila” que invadiu a PUC/SP em 1977 a fim de prender os estudantes ali reunidos para o encontro de refundação da UNE, entidade colo-

cada na ilegalidade desde 1964. O governador, certamente amparado em enquetes de opinião a lhe indicarem apoio à ação policial, no tom grave dos vitoriosos altaneiros, concedeu entrevistas às redes de televisão para reafirmar a imagem de homem da lei & ordem, demonstrando que agora São Paulo tinha o seu Rudy Giuliani. O reforço nos números do IBOPE não era algo com que se pudesse espantar, ainda que lamentável e perigoso já que estimula os políticos em postos de decisão a praticarem excessos em troca de votos. Nenhuma novidade no front ocidental, basta recorrer-se ao caso do ex-governador Fleury, muito popular porque a mesma PM, sob seu comando último, trucidou 111 homens sob a custódia do Estado no presídio do Carandiru. O episódio da desocupação da reitoria pela polícia, além da intolerância, da falta de diálogo e do desarrazoado uso da força pública, carrega um aspecto simbólico que não pode ser desconsiderado. É que a FFLCH-USP talvez seja um dos poucos espaços institucionais em São Paulo em que a lógica pró-mercado não é hegemônica. Por isso, era preciso uma vitória incontestável, razão da ação desproporcional das forças de segurança do Estado a contar com o uníssono apoio da mídia. A maconha, a ocupação, alguns estudantes mais exaltados e entrincheirados serviram de pretexto para se mostrar quem manda nas terras de Piratininga. No entanto, dadas as últimas mobilizações dos estudantes e o engajamento de outros setores da USP no processo de questionamento dessas ações violentas e da própria conveniência da presença da PM no campus, ainda não é possível decretar peremptoriamente vencedores e vencidos.

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Espaco Aberto

A Universidade como espaço e como movimento Dimitri Dimoulis A profusão de notícias e debates sobre os conflitos na “Cidade” Universitária da USP em São Paulo (explicarei mais adiante as aspas) permaneceu no nível do sensacionalismo. Quem se interessa por três jovens que fumam maconha? As estatísticas oficiais dizem que milhões de brasileiros adotam essa prática que quase nunca comove os órgãos de repressão, satisfeitos com a produção de alguns bodes expiatórios. Tampouco interessam reportagens sobre uma dúzia de pessoas acusadas de danificar prédios públicos ou de gostar de serem fotografadas de capuz e camiseta de grife. Os responsáveis pela gestão do campus podem tomar as providências que acharem adequadas, consertando, pintando e até processando os responsáveis. Com um cuidado: a imagem de policiais que invadem Universidades e machucam estudantes faz lembrar páginas negras das ditaduras e não a gestão civilizada de conflitos por representantes escolhidos pela própria comunidade universitária. Ao mesmo tempo os acontecimentos da USP levantam duas questões cruciais que foram ofuscadas pelos “crimes”, as prisões e as “grifes” dos estudantes. Primeira questão. O mundo universitário deve se perguntar em que tipo de espaço se realiza a pesquisa e o ensino superior. Hoje a pergunta é respondida com a falsa naturalidade de um binômio jurídico. Os espaços de instituições privadas pertencem aos seus proprietários que costumam mobiliar prédios fechados e vigiados, com muros, catracas, câmeras e agentes de segurança. Por serem proprietários, decidem quem pode entrar e o que é permitido fazer, da mesma forma como o dono de uma academia de ginástica decide quem e sob quais condições tem acesso ao estabelecimento comercial. Já as Universidades públicas costumam ser abertas a todos e fiscalizadas pelas forças de segurança estatais, tal como qualquer rua, parque ou repartição pública. Recentemente tendem a imitar as Universidades particulares, contratando empresas de segurança privadas e “fechando” seus espaços.

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Pergunta o observador. Se o ensino universitário tem a mesma função independentemente do regime jurídico de sua propriedade, como explicar situações tão díspares? Se a Universidade pública é (pelo menos foi feita para ser) um espaço de encontro público, de liberdade e intercâmbio de idéias, como aceitar que as Universidades privadas funcionem como espécies de clubes particulares, destinados aos seus membros pagantes? Há mais. Na locução “Cidade Universitária” o decisivo é a primeira ou a segunda palavra? Se for visto como cidade, o campus da USP necessita de policiamento intensivo, ostensivo e corrosivo e a atual reitoria está certa em suas propostas reacionárias. Mas nesse caso deveríamos também instalar câmeras de vigilância na sala de aula, e ter um policial de plantão em cada corredor. Quem sabe algum aluno decide acender um cigarro de maconha, aguardando o professor da USP que costuma se atrasar, ou algum professor faz críticas políticas que são consideradas crimes pela ainda vigente Lei de segurança nacional da ditadura. Estamos apontando paradoxos e impasses para indicar um problema. Se a palavra Universidade tem um sentido forte, este não se limita na qualidade do ensino e da pesquisa. A Universidade não pode ter padrões de funcionamento de shopping nem de parque público. Deve ser algo diferente. Um espaço situado entre o público e o privado. Órgãos internos devem ter a exclusiva responsabilidade pela qualidade de vida no espaço universitário (e não somente pela “segurança”) e as forças de segurança só poderão intervir a pedido e nos limites do pedido da auto-administração universitária. Trata-se do conceito do “asilo universitário” que situa as dependências universitárias além do controle estatal em uma situação de inviolabilidade. Para garantir a liberdade de pesquisa e das trocas de projetos e experiências em um espaço no qual não se tem medo da arma do policial nem do olhar de reprovação de padres, reitores e seguranças. Temos aqui a transposição da ideia clássica da privacidade como condição de desenvolvimento e felicidade pessoal. A inviolabilidade do espaço universi-

tário não é privilégio da elite. Expressa a exigência de autonomia e liberdade de uma coletividade unida pela incomum decisão de dedicar-se ao estudo e à pesquisa no mais exigente nível que a sociedade pode imaginar. Que tal começar a pensar no tipo de espaço que a Universidade precisa? Segunda questão. A Universidade só pode existir em movimento. Os estudantes são força majoritariamente progressista e exemplarmente radical. Cabe a eles organizar um duplo movimento. Movimento de reflexão, de protesto e de iniciativas concretas para criticar e modificar os métodos e os conteúdos do ensino. Sob pena de se tornar copiadores e admiradores dos professores. Ao mesmo tempo, cabe aos estudantes organizar um movimento de crítica às causas e aos agentes da extrema desigualdade social. Não sou profundo conhecedor do atual movimento estudantil. Mas não me parece injusto afirmar que os processos internos de discussão não têm a menor repercussão social. Suas propostas sobre o ensino não são conhecidas e discutidas publicamente e muito menos adotadas. E suas ações políticas, além de cumprir alguns rituais como os Congressos da UNE, não ensinam nada e não influenciam o nosso mundo. A esmagadora maioria dos estudantes só quer se movimentar na direção da saída da Universidade, formando-se o mais rápido possível. Certamente, os estudantes da USP sentem e expressam algo da indignação que atualmente movimenta massas na Europa, nas Américas e em partes da África e da Ásia. Mas não tiveram a capacidade de articular um protesto nem formularam um projeto para reivindicar o “seu” espaço universitário. Sem espaço de autonomia e liberdade e sem movimento que deseja incomodar e mudar o mundo e os próprios estudantes, a Universidade está morta. Poderá ser uma escola de luxo, um laboratório de alta performance ou um popular parque de diversões públicas. Mas não merece o nome de instituição de ensino superior. Enquanto isso, os alunos podem correr atrás de notas e diplomas e se divertir em “Giovannas” e “Giocondas”.


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A Assembléia dos esfumantes da USP Gevênio Padrão vai à USP e relata suas experiências Flavio Lima

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mais uma vez senti que não deveria ter acompanhado meu amigo João a um daqueles eventos que ele considera extremamente interessantes, mas que eu não consigo senão repudiar veementemente: a assembleia dos estudantes da USP, que fora convocada para discutir a presença da polícia militar no campus. Para que o leitor consiga ter alguma noção do que está ocorrendo, eu explico: os “estudantes da USP”, como eles se auto-intitulam (embora eu só tenha visto, na assembleia, aqueles pseudo-revolucionários sem causa da FFLCH), estão reivindicando que seja revogado o convênio entre a polícia militar e a USP, alegando que os policiais não permitem a “livre manifestação dos movimentos sociais”, sendo que este fora firmado por conta de um assassinato que ocorreu dentro do campus! Acredito ser meu dever, como leitor dos grandes escritos de Reinaldo Azevedo, traduzir a você o que estes “estudantes” (que mais protestam do que estudam) querem dizer com “livre manifestação dos movimentos sociais”. O que eles realmente querem, caro leitor, é ter um território livre da lei, para que possam ficar fumando maconha à vontade! E, para defender a retirada da PM, lançam mão dos mais falaciosos argumentos, os quais me proponho a desconstruir a seguir. Primeiramente, alegam estudar em cursos que enfocam questões como governabilidade e democracia, e que, por isso, têm o dever de discutir questões supostamente controversas. No entanto, como já foi dito, o fato de eles passarem tanto tempo debatendo significa que eles não

estão na aula, e que, portanto, não podem se chamar de estudantes (até porque, mesmo quando vão à aula, estudam coisas que não servem a nenhuma utilidade prática, como história, filosofia e sociologia). Outro argumento que ouvi durante a assembleia era o de que a polícia era antidemocrática, já que é uma instituição que surgiu durante os tempos da ditadura militar, e que até hoje segue os mesmos princípios. Isso é um absurdo. A polícia não age a não ser que alguém man-

O que eles realmente querem é ter um território livre da lei para que possam ficar fumando maconha à vontade de. E sempre age de acordo com a lei, que é o que há de mais democrático, sempre. Me chamou a atenção uma conversa entre dois estudantes que estavam a meu lado, durante a assembleia: um deles, pelo que entendi, fazia Letras, o outro, Ciências Sociais. Ambos pareciam não saber da existência do incrível aparelho de higiene pessoal chamado de gilete: tinham barbas enormes, o que significava, é claro, que eles não trabalhavam (afinal, que tipo de emprego aceitaria alguém tão mal arrumado), e que, portanto, não sabiam o que significa viver no mundo real. Ao que o de Letras perguntou ao outro se ele era contra a PM no campus, este respondeu: — Na verdade, não. Eu não acho

que o campus da USP deve ter regras diferentes do restante da sociedade. Eu sou contra a existência da PM, isso sim. Em lugar nenhum do mundo existe polícia militar; só no Brasil, justamente um país onde tivemos uma ditadura também militar. Não basta tirarmos a PM daqui do campus, embora isso deva ser feito primeiro. Temos que lutar para acabar com a existência dessa instituição que serve aos interesses de alguns poucos porcos. A ditadura só mudou de formato; antes, o inimigo era claro: a ditadura militar. Agora, não é mais. Temos a ditadura do capital. Acredito ser desnecessário mostrar o quão ridículos são esses argumentos: esse é um discurso de quem estuda algo abstrato e fica preso ao que os professores falam, tornando-se incapaz de observar o que acontece na prática. Outra coisa que eles alegam é que no dia do assassinato, a polícia estava fazendo uma ronda pelo campus, e não conseguiu impedir o crime. Eles dizem que a polícia não garante a segurança, que só está ali para reprimir os movimentos estudantis. Outra falácia, uma vez que o fato de policiais estarem no campus não necessariamente garante que não ocorrerão assassinatos, uma vez que eles podem estar ocupados prendendo os próprios maconheiros da FFLCH, que, se não fumassem, teriam-lhes deixado livres para impedir o crime. Espero ter deixado bastante claro que o verdadeiro motivo por trás desse movimento é a maconha, esse câncer na sociedade atual, e que esses vagabundos da USP se utilizarão de qualquer tipo de argumento, como os que mostrei acima, para conseguir de volta o seu nirvana dos drogados.

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Morte a essa pouca vergonha ACAD – Associação dos Cidadãos Anti-Drogas

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m defesa dos valores da família, dos bons costumes, da esperança nas crianças e da garantia da tradição escrevo representando uma parcela da sociedade preocupada com esse negócio aí da legalização das drogas. Onde já se viu isso? Uma pouca vergonha deslavada totalmente na cara do pai de família contribuinte e honesto! Essa palhaçada aí de legalização é imperar totalmente a vagabundagem dessa parcela autointitulada juventude. Para nós isso tudo é um bando de jovens revoltados e vagabundos sem nenhuma perspectiva ou valor de certo ou errado. Já digo de antemão que legalizar é cuspir na cara da família brasileira. Primeiro é importante lembrar que drogas destroem vidas, matam as nossas crianças, emburrecem nossos jovens e dão impotência aos nossos adultos. Sim! Digo a você leitor que acha que drogas não afetam o seu desempenho sexual. Oras, já viu maconheiro com filhos bem criados? Isso tudo dá problemas veja bem. Por essas e outras que a ACAD luta dia após dia para retirar do mundo dos entorpecentes os nossos filhos, os quais são constantemente colocados em associação aos maus elementos. Nós da ACAD sabemos que nunca são nossos filhos os envolvidos com esse tipo de coisa, e que eles são influenciados pelas más companhias. Agora para falar especificamente da maconha, maior combustível de escolinhas da esquerda brasileira. Maconheiro é tudo comunista oras! Já viu um que não é?! Pois bem fumar além de emburrecer a juventude a faz virar comunista e disposta a invadir prédios públicos entre

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outras barbaridades. Nós da ACAD apoiamos muito a força policial em cima desse contingente de vagabundos que não querem nada da vida. O ocorrido na cidade Universitária é um exemplo de como a maconha destrói esse mundo. Apoiamos a força policial em cima desses “estudantes” comunas. A PM deveria dar uma sova para que nunca mais eles fumem na vida! Bons tempos quando a Ditadura eliminou esse problema tão difícil da sociedade brasileira... Saudades do general Geisel. Ainda mais o importante é prender todos os influenciadores e traficantes; os que resistirem ao esforço da

Essa palhaçada aí de legalização é imperar a vagabundagem

lei e da ordem devem resolver na bala com os policiais. Após a prisão dos sobreviventes, a pena deverá ser condizente com o tipo de crime baixo e pesado que seja o consumo dessas porcarias verdes. Nós da ACAD não entendemos a graça em ficar cheirando maconha por aí. Gostaríamos de propor ao poder estadual e consequentemente à União que crie uma policia especial para revistar e recolher toda e qualquer droga existente, assim como colocar na cadeia do consumidor das mesmas. Maconheiros são párias da sociedade e devem ser tratados exatamente assim. Especulamos que talvez a entrada no mundo das drogas seja talvez a falta de educação e influência dos valores da família brasileira. Caso haja um afrouxamento na lei veremos essa sagrada instituição desmoronar por

completo. Consumidor é tão culpado quanto traficante, já que se não tivesse um não ia ter o outro, e ambos devem sofrer penas pesadas, podendo chegar até a morte! Outro ponto importante a ressaltar é a necessidade de resgatar esses jovens dessa vida de boemia com valores da família, da tradição e da propriedade. Você pai de família que enfrenta esse problema tão sério e já pegou seu filho injetando essa erva do demônio, leve seu filho no culto da ACAD mais próximo. Lá os encarregados irão auxiliá-lo a resgatar o seu menino ou menina dessa vida de perdição. Com o poder do divino e das rodas de oração, poderemos expulsar os demônios presentes na vida desses jovens perdidos. Não deixe que os entorpecentes levem os filhos para longe da família e dos valores tão caros para o brasileiro sensato. Por fim gostaríamos de fazer um apelo a todos os leitores para largarem mão do vício. Cheirem flores, fumem cachimbo, injetem vitamina D entre muitos outros. Saibam que a Associação estará sempre aqui para livrar os que querem ser salvos dessa maldição e para eliminar as más influências pérfidas. Já de antemão avisamos que entramos com pedido de impeachment contra o ex-presidente FHC que estimula discussão sobre legalização e pedido de prisão a esses cantores de rock estimuladores da violência e do consumo de drogas. É preciso que a parcela conservadora da sociedade brasileira lute em prol da família e dos valores tão queridos. Não deixaremos vagabundos maconheiros dominarem a política e a cultura do nosso país para promover pouca vergonha e insanidade. Unam-se a nossa causa antidrogas de qualquer tipo. Por que corpo saudável é corpo lúcido!


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420: o que seríamos sem você?

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direita raivosa deste nosso país grita a plenos pulmões, mas não consegue silenciar nossa revolução. Dizem eles que nunca usaram drogas, mas o que é a aspirina senão uma droga? A legalização da maconha faria todo mundo ficar mais relax, saca? Não entendo esse estresse todo com crise econômica, guerras na Arábia, e essas invenções inúteis do mundo moderno. É coisa de gente que não sabe fumar um e ficar jogadinho num canto, em paz! Nossa, até eu fiquei meio nervoso... peraí que vou fazer uma parada aqui... Cara, já imaginou se todo o ar do mundo virasse madeira? Acho que o mundo ficaria que nem naquele filme do Robert Deniro... era Pulp Fiction o nome? Não, é outro. Acho que tinha alguma coisa a ver com a Austrália. Não é Procurando Nemo, que é desenho animado. Nem Avatar, porque esse se passa no futuro. Qual era o nome do ator mesmo? Aquele cara, que fez o Morpheus em Matrix! Puts, esqueci mesmo. Ah, vamos voltar ao nosso ponto. Esse pessoalzinho que manda PM e tropa de choque atrás de usuário tem que aprender a viver a vida, se livrar da neurose. Como mestre Bob Marley diz, “uma erva natural não pode te prejudicar”. Muitos dos problemas da sociedade brasileira poderiam ser resolvidos se o Estado resolvesse legalizar. Aliás, não só legalizasse, mas providenciasse uma quantidade generosa de cannabis na cesta básica. Todo mundo ia trabalhar feliz, de boa com a vida. Seria o fim da violência, porque ninguém ia querer levantar pra fazer algo tão difícil quanto matar ou roubar. Vejam, por exemplo, que o final dos anos 60 e começo dos 70 foi uma época muito boa para as artes

e o país cresceu economicamente a taxas nunca antes vistas. É fácil ver a relação entre a juventude hippie, pesada usuária de drogas, e o desenvolvimento do Brasil. Não dá para negar os dados estatísticos! Se quisermos que o país cresça de maneira significativa devemos permitir que a juventude pense com a mente mais aberta. Somente assim alcançaremos um futuro mais justo e igualitário. Interessante observar que sempre chamam usuário de vagabundo, não é? Quem diz essas coisas não sabe o quanto o usuário trabalha no

Esse pessoalzinho que manda a PM atrás dos usuários tem que aprender a viver a vida, se livrar da neurose

dia a dia pra conseguir viver tranquilamente. Até mais do que o cidadão comum! Já viu como é difícil conseguir um baseado hoje em dia? Tem que subir morro, se esconder da PM, comprar seda, dichavar... é muito trabalho! E é um esforço extra que não seria necessário se vendesse na farmácia. Imagina quantos postos de trabalho seriam criados! Todos ganham com a legalização, até o traficante, que viraria farmacêutico. Nós temos o direito de fazer o que quisermos com nossas mentes. O único lugar onde era permitido fumar agora tá cheio de PM. Por isso a gente ocupou aquele prédio da reitoria. Antes que aquilo virasse uma ditadura militar, como a direita e a

centro-esquerda querem. E a sociedade reclama, mas estamos lutando pelos nossos direitos! Pura manipulação da mídia, que enche a cabeça das pessoas de novela e propaganda, sem mostrar o que a gente sofre por fazer algo que é ilegal, mas tão enriquecedor para o espírito. É interessante observar como existem temas intocados pela mídia brasileira, que só se preocupa com o superficial. São temas filosóficos que trazem desenvolvimento pessoal para quem consegue acessá-los. E somente através da legalização da maconha podemos chegar a realizações tão inspiradoras. Por exemplo, outro dia fiquei observando os movimentos de uma mosca na minha sala durante horas e aprendi que não devo me preocupar tanto com meu futuro profissional. Percebi que a mosca consegue viver sem ler livros ou estudar para provas. Por que eu sou obrigado a fazer isso? Afinal, não faz sentido ler sobre algo que já foi entendido por outros. É preciso deixar o brasileiro sonhar sobre coisas novas e não repetir o velho! A maior esperança que se pode ter pelo futuro deste país é a marcha da maconha. Neste lugar estão reunidas as mentes mais profundas da sociedade brasileira, que pensam o futuro do país de maneira revolucionária. Precisamos lutar por um futuro onde as pessoas não sejam obrigadas a trabalhar seis ou até OITO horas por dia pra conseguir viver decentemente. E o único modo de pensar o desenvolvimento do país é se estivermos aptos, com a mente aberta para o futuro. Por isso a legalização é tão importante. Enquanto o combustível da direita é o ódio e a violência, o nosso é a paz e o amor. Lutamos por ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, nunca antes vistos na história.

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E se...

A PM invadisse a EAESP Marina Simões

Neste último mês, a Universidade de São Paulo (USP) foi palco de uma série de protestos que culminou na invasão da reitoria da universidade e na polêmica ação da PM para a retirada dos estudantes. Os protestos, a invasão e a retomada de posse serviram de mote para uma série de debates acalorados e para a divisão da opinião pública entre favoráveis e contra a presença da PM. No dia seguinte ao ocorrido, várias outras faculdades colocaram em pauta a adesão à greve geral em um gesto de solidariedade. Após uma série de debates, no começo desta semana os alunos da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (EAESP – FGV) resolveram aderir à greve, a derradeira ocupação do prédio da Avenida Itapeva teve início quando os alunos voltavam do Economíadas. A ocupação de apenas um dia ganhou força quando o estoque de cerveja de um dos ônibus que voltava de Americana para a FGV se esgotou, servindo de estopim para a revolta dos alunos, os quais alegaram que a ocupação na verdade era uma forma de protesto pelo desmantelamento do movimento Occupy Wall Street e a decepção com a Gioconda Venuta deste semestre. Segundo fontes internas, durante a manhã os alunos organizaram um brunch no sétimo andar, há relatos de que um chá da tarde, repleto de canapés de salmâo, foi ofe-

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recido ao corpo discente e também à imprensa que cobria o acontecimento. “Eu não acreditava quando vi, mas finalmente os alunos estão se mostrando politizados” disse um manifestante. Dentre asreivindicações dos alunos estavam a volta da cerveja no DA e a realização de coffee breaks nas aulas do período da manhã. “Assim não dá pra assistir aula. A gente tem que acordar muito cedo pra vir pra cá e não dá pra tomar café da manhã direito.” Contou um estudante à imprensa. Os alunos também exigiam como condição para desocupar o local o fim das matérias de finanças e a redução da carga horária pela metade. A mídia, já experiente pelos acontecidos da USP decidiu apoiar os alunos nesse movimento. Os jornais retratavam os alunos como concientizados e em luta de seus direitos, dando ênfase à uniformidade de suas reinvindicações. Um relatório passa-a-passo da organização do movimento foi divulgada pela revista “ Olhe”, sendo a única parte não mencionada, o café da tarde, que na opinião de muitos alunos foi o melhor momento da ocupação.

As 23h30 do mesmo dia, enquanto os alunos se preparavam para a balada de abertura do protesto, que seria organizada dentro da sala da atual diretora, a PM, já embalada com a experiência da USP, foi enviada para expulsar os manifestantes do prédio. “Que deselegante!” afirmou uma estudante. “Esses brutos não tem o direito de nos tirar daqui à força, vê o que ele fez com a manga da minha blusa. Já era!” disse, mostrando a manga da batinha branca manchada. Alunos sendo escortados para fora da faculdade foi uma cena que ocupou toda a madrugada. Mas nem assim os manifestantes desanimaram, podia-se ouvir por toda avenida nove de julho os gritos apaixonados: “você sabe não quem eu sou”, “ meu pai ficará sabendo disso” e principalmente “ eu não tenho nada a ver com isso”. Até agora os representantes dos alunos invasores não haviam se manifestado oficialmente, mas uma comitiva estudantil que falou à imprensa classificou a ação da PM como “uma puta falta de sacanagem” e “que não era justo a PM agir de forma tão truculenta enquanto a gente tava se preparando pro esquenta”. Os alunos foram encaminhados para a delegacia para a elaboração de um Boletim de Ocorrência e uma conversa com os respectivos pais. Agora a diretoria da faculdade investiga o sumiço de vários sachês de café Nespresso do restaurante dos professores, mas mais detalhes não foram divulgados.


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