Edição 93

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Editorial

Gazeta VarGas gazetavargas@gvmail.br

Expediente Edição Redação Alípio Ferreira – Editor chefe alipiof@hotmail.com Brauner Cruz – 2º AP

Aline Shizue Oyamada – Revisão Editor Chefe lineoyamada@gmail.com

Yago 4º AE– Revisão KarinaFigueiredo Goulart Gil–Choi kahchoi@gmail.com Diretor de Redação

Redação Daniel Cordeiro – 1º AP Bárbara Sterchele Melina Padoin – 1º AE babi_sterchele@hotmail.com Eduardo Miyamoto Michael Cerqueira – 4º AP efmyiamoto@gmail.com Rafael Herédia Marcode Pepe – 7º AP rafaeldeheredia@gmail.com Priscilla Corrêa – 2º AP Rafael Jabur rafaeljabur@hotmail.com Reginaldo Gonçalves – 2º AP Ricardo Marchiori rick_marchiori@mpc.com.br Vitor Barbosa – 4º Economia Fernando Fagá

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Ricado Lima

Arte ricardo@bess.com.br Marina Simões – 8º AE Colunistas

Diretora Arte Rafael de Kasinski

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Camila Matta – 1º AP Ricardo Lima ricardo@bess.com.br Ester Ji – 4º AP Daniel Fejgelman

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Arte Institucional

Pedro T. R. Beraldo – Diretor de Arte

Eduardo Lockmann – 3º AE pedrotrberaldo@gmail.com Presidente Maíra Storch – Layout e Capa maira.storch@gmail.com Melina Padoin – 1º AE Mariana Moreira – Layout marianam19@gmail.com Roberto Muszkat – 7º AE Institucional Vitor Barbosa – 4º Economia

Rafael Rossi Silveira – Diretor Presidente ra_rossi@hotmail.com

Impressão Henrique Sznirer – Diretor Administrativo sznirer@gmail.com Elanders Brasil

Laurent W. Broering – Diretor Financeiro Leandro Silva laurent_broering@hotmail.com +55 (11) 3195-3417 Impressão leandro.silva@elanders.com

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Tiragem Capa 3000 exemplares A imagem da capa foi originalFotoscarregada da Capano Flickr por mente Agência Senado Isaac Ribeiro em http://www. flickr.com/photos/31746947@ N05/9098683146, sob o título Revolta do Busão - Natal 20.06.2013 . A obra foi alterada, a fim de melhor servir este veículo, sob os termos da licença CC -BY-SA 2.0, aos quais permanece submetida.

Editorial

A

Brauner Cruz

edição 93 da Gazeta VarGas está finalmente lançada. Num ano em que

completamos 15 anos desde a primeira publicação, muitas mudanças em nossa estrutura podem ser percebidas. Membros novos, temas novos, fôlego novo. O ambiente da Fundação vem mudando gradualmente, com a inserção cada vez mais presente de temas sociais na discussão entre os alunos, numa sociedade em que este tipo de debate certamente se ampliou. A grande ocorrência de manifestações e questionamentos no nosso país reflete essa crescente e alimenta o ambiente universitário de grandes propósitos de mudança. Tal adequação ao processo se deu da forma como a Gazeta Vargas sempre procurou fazer: ouvindo as partes e propondo o debate. Textos nessa edição apenas evidenciam tais atos. O texto de Cotas na FGV insere um debate inovador e necessário numa faculdade tão bem considerada. O levantamento da necessidade de novos métodos de ensino é também parte de uma grande vontade de mudança e desejo de ter a Fundação como símbolo dessa inovação. O grande questionamento sobre a representação discente na EESP e a pressão acadêmica também fazem parte da grande discussão sobre mudanças a favor de adequações necessárias em alguns pontos de nossa Fundação. Ao mesmo tempo, procuramos reinserir pontos que foram discutidos em outras edições, mas que são perenes em nosso ambiente, como a discussão lembrada em nosso Espaço Aberto, sobre Governança Corporativa na FGV. Temas não relacionados ao ambiente interno, mas que dizem respeito ao nosso cotidiano universitário também necessitam ser levantados. Por isso a inclusão de discussões sobre política externa e interna brasileira, além de dicas culturais ao geveniano, de forma a agregar valor e conhecimento e assim enriquecer o espaço acadêmico. Contamos nessa edição com duas homenagens a ex-membros da Gazeta que certamente contribuíram de forma decisiva para o futuro da entidade, assim como todos os demais que nela atuaram. Os relatos deles também nos fazem lembrar a importância que a Revista teve em toda a sua existência, que nos relaciona com a sociedade atual e a necessidade de discutir os temas inerentes a ela. Teremos, certamente, uma faculdade mais plural na discussão de ideias e questionamento de posições. E a Gazeta VarGas vem para se somar a esse cenário, procurando situar o leitor e apresentar a ele os pontos de vista distintos colocados. Afinal, no ambiente em que estamos não há nada mais enriquecedor do que o debate.

Tiragem 1500 exemplares DISCLAIMER A Gazeta Vargas não se responsabiliza por dados, informações e opiniões contidas em textos devidamente identificados e assinados por representantes de outras entidades estudantis, bem como nos textos publicados no Espaço Aberto submetidos e devidamente assinados por autor não presente no expediente desta edição. Todos os textos recebidos estão sujeitos a alterações de ordem léxico-gramatical e a sugestões de novos títulos. Por ser limitado o espaço de publicações, compete à Gazeta Vargas a escolha dos textos que melhor se enquadram na sua linha editorial, sendo recusados os textos muito destoantes acompanhados das devidas justificativas e eventuais sugestões de alterações.

DIREITOS RESERVADOS — A Gazeta VarGas não autoriza reprodução de parte ou todo o conteúdo desta publicação.

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Curtas

Gazeta VarGas

Curtas Gazeta

Aniversários pela FGV

Pelo visto esse ano e o próximo parecem estar rondados de aniversários importantes na FGV. Em 2013 foi a vez dos 10 anos de RH, 25 de Empresa Junior, além dos gloriosos 15 de Gazeta. Ano que vem teremos 20 de Junior Pública, sem falar nos 70 anos de Fundação e 60 Cursinho FGV da EAESP, que prometem Outra iniciativa dos alu- grandes eventos comemonos de APN, mas com a rativos. participação de estudantes dos demais cursos, o JAP Cursinho FGV trata-se de um grupo de estudanNos dias 21, 22 e 23 de tes engajados em fornecer outubro, a FGV foi palco aulas preparatórias para da Jornada de Adminiso vestibular da Fundação. tração Pública, tocada peA obrigatoriedade para os los alunos do novo curso interessados é ser oriun- de AP. Com mesas abordo de escola pública, en- dando Segurança Públitrando no objetivo da co- ca, Corrupção, Educação ordenadoria do curso de e Política, o evento teve democratizar o ambiente bastante adesão e foi muie aumentar o número de to elogiado. Os destaques alunos de baixa renda. vão para a Feira, que reuniu diversas instituições nas quais os gestores podem trabalhar e para os generosos coffees servidos durante o evento.

Altos e Baixos Em alta

Na mesma

FGV Livre O ano de 2013 foi bastante agitado em termos políticos na FGV. A partir de uma longa discussão sobre conteúdos machistas em músicas da Jacabanda, foi criado um movimento com o objetivo de discutir machismo, homofobia e racismo na Fundação. Apesar de recente, o grupo já deu o que falar com as polêmicas relacionadas às músicas tocadas no Economíadas e ao FGV Saia de Saia.

Fuja dos Nabos Estava previsto, até o fechamento dessa edição, que no dia 04 de novembro o DAGV realizaria o primeiro “Fuja dos Nabos”: uma aula ministrada por monitores para ajudar os alunos enfrentarem a segunda prova parcial de Cálculo I. A ideia foi apresentada durante a campanha da Chapa Expansão, e o plano é que esse tipo de evento se torne mais frequente, além de passar a abranger mais matérias.

Em baixa

» Multa da Biblioteca

» Wi - fi da GV

» Combos do Getulinho

» Impressora da EESP

» Fila dos elevadores

» Carne ou Frango

» Arruelas do RocKafé

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» Simpatia da Xerox


Tecnologia

GAZETA VARGAS gazetavargas@gvmail.br

Xbox One ou PS4? É essa a questão? Marco Pepe

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Fonte: blog.br.playstation.com

m Junho, logo após a apresentação da Sony na E3, Jack Tretton, CEO da Sony Computer Entertainment of America (SCEA), havia declarado: “Nossa meta é oferecer no Brasil o PlayStation 4 pelo equivalente a 399 dólares”. Desde o anúncio do preço de seu novo console, dia 17 de outubro, a Sony estuda alternativas para acalmar o mercado brasileiro. O console mais caro da história, de R$3.999,99, supera em R$1.700 o preço do console de seu rival, Microsoft, reajustado no dia 25 para R$2.300 em virtude da alta do dólar. A recepção brasileira ao preço de 4mil reais do Playstation 4 foi suficientemente “crítica” para que no dia 21 de outubro Mark Santley, Gerente Geral do Playstation na América Latina, tenha manifestado, em caixa alta, “GAMERS BRASILEIROS, NÓS OUVIMOS VOCÊ”. O texto traz uma “justificativa” ao preço do console no Brasil, acusando os elevados impostos brasileiros que incidem sobre a importação de produtros industrializados supérfluos. Na coletiva de imprensa do dia 24, Mark reforçou seus votos: “Nós não descansaremos enquanto o PS4 não for acessível a todos os jogadores brasileiros”, acusando, novamente, a carga tributária brasileira. Ainda nenhuma estratégia de redução dos preços foi anunciada; seja a abertura de uma montadora ou fábrica no Brasil, seja a abordagem por venda direta on-line, nada é proposto. É de se estranhar que a Sony não tenha sequer desenvolvido um plano alternativo ao anunciar seu console a 4 mil reais no mercado Brasileiro. Atualmente, se comprássemos o

console pela internet, pagando frete e impostos, teriamos um preço similar ao do Xbox One. O Xbox One segue com seu preço de R$2.300, sem subsidiar o produto. A justificativa da vantagem competitiva será visível na parte de trás do console, onde se encontra o selo “Produzido no Polo Industrial de Manaus”. Preço à parte, observemos suas carcaterísticas técnicas:

Sony e da Microsoft, ambos já estarão defasados tecnologicamente. Não se espera que os consoles sejam capazes de renderizar jogos além de 1080p, mantendo 60fps (frames por segundo). Em alguns casos, como Watch Dogs, ambos os consoles terão que reduzir o número de fps para 30 a fim renderizar em 1080p. Computadores, com o mesmo orçamento destes consoles, conseguiram renderizar jogos em até 4k. Além disso, a arquitetura dos dois consoles, x86 CPU, é a mesma usada em PCs. Desenvolvedores agora estarão criando jogos adaptáveis a ambas as plataformas com uma dificuldade adaptativa mínima. A mudança propiciará convergência da indústria dos jogos, aumentando a difusão de títulos em diferentes plataformas.

Há de se considerar, certamente, a preferência de cada jogador quanto aos títulos de jogos associados às marcas, entretanto, há muita semelhança no sistema de ambos os consoles. Embora se observe alguma vantagem no Playstation 4, ainda não apresenta - para muitos - um diferencial suficiente para compensar a diferença do preço. Independente de qual dos dois consoles seja o melhor, ambos são menos impressionantes em relação à geração anterior, quando foi lançada. É a primeira vez na história dos videogames que os consoles da nova geração são piores em desempenho do que computadores atualmente disponíveis. Em novembro, quando forem lançados os consoles da

Para os que preferem o Playstation 4, aparentemente, a solução é esperar, e torcer para que a Sony responda à demanda do público brasileiro. Para muitos, entretanto, a guerra dos consoles se encerra aqui.

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Política Interna

Gazeta VarGas

Gestão Expansão II: O que mudou? Brauner Cruz Yago Figueiredo

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ano acadêmico caminha para o final e, com ele, a primeira metade da gestão da Chapa Expansão no Diretório Acadêmico Getulio Vargas. Esse período já permite a análise de alguns fatores que diferem de gestões anteriores, sejam eles positivos ou negativos. Fato é que, mesmo assumindo publicamente um aspecto de continuidade do que havia sido feito na gestão Expansão passada, algumas diferenças são essenciais pra definirmos o contexto administrativo atual e observarmos uma relativa melhora. O primeiro ponto de análise a ser levantado é a intensificação da área cultural. É visível a melhora dos “cine-debates”, com filmes muito mais contundentes e propositivos à discussão do que eram os anteriores. Na mesma linha, palestras com temas relevantes e convidados que geram boas discussões foram aplicadas, revelando uma preocupação em constituir um centro de debate e análise de forma profunda. A mesa que realizou um debate sobre as manifestações juninas no começo da gestão, no fim do semestre passado, foi um claro exemplo dessa tentativa. Houve ainda a Semana de Arte, realizada em parceria com o GV Cult, que mereceu um destaque à parte pela GAZETA em seu site e recebeu importantes elogios pela organização e proposta, que claramente incentivou o intercâmbio cultural no nosso ambiente universitário. A criação de um perfil no facebook,

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o DA Cultural, que inclui dicas culturais da cidade de São Paulo pra incentivar que o geveniano frequente tais espaços, é também atitude a ser valorizada. Em contrapartida, um projeto interessante, o “Conversa com Políticos”, perdeu sua influência. Isso aconteceu ou devido à ausência de alunos interessados, ou porque não se levantavam temas específicos, o que fazia com que se tornasse uma entrevista sem eixo de discussão e por vezes pouco conclusiva. Como segundo ponto, numa relação com o primeiro e explicando a fraqueza que alguns eventos tomaram com relação à participação, podemos citar a necessidade de melhora da área de comunicação e divulgação. As palestras interessantes e eventos dos mais contundentes são pouco visualizados pelo geveniano, em detrimento das festas cujos cartazes repetitivos cobrem as paredes do primeiro andar. Apostar numa divulgação pelas redes sociais feita de forma rápida e superficial é minimizar a importância dos eventos acadêmicos. Da mesma forma ocorre com o pós-evento, que não tem muitas repercussões. Nesse sentido, impulsionar também o site por meio das redes sociais pode ser uma boa alternativa. E tudo isso ajuda a explicar o fracasso de determinados eventos que, em tese, seriam muito interessantes; mas não recebem quórum considerável. No entanto, embora isso possa ser melhorado, toda a questão passa por um processo maior, de conscientização profunda dos alunos quanto às atribuições de seu órgão representativo. Embora seja importante

por divulgar um evento que agrada grande parte dos associados, a divulgação das festas não pode ser vista como exclusivamente a mais importante. É perfeitamente possível que se divida o espaço que temos no DA com divulgações de todos os aspectos, sem sufocar eventos acadêmicos para divulgar Giocondas e Giovannas. Se analisarmos o perfil no facebook e o próprio site do Diretório, podemos notar o grande potencial que esses canais possuem, podendo ser muito melhor utilizados a favor da pluralização na divulgação de eventos, sejam eles acadêmicos ou festivos. O próprio site possui informações desatualizadas, com nomes dos membros da gestão passada como se fossem da gestão atual. Merecem destaque também os acontecimentos envolvendo a Diretoria de Eventos. Ainda quando chapa, o grupo Expansão apresentou um nome que deveria ficar à frente dessa que atualmente é a maior diretoria do DA. Após a chapa ser eleita, todavia, a diretora original foi jubilada. De acordo com o novo Estatuto, em casos como esse é responsabilidade da Diretoria Executiva do DAGV apresentar um outro nome para a Câmara Discente, e esse último órgão deve aprovar ou não a potencial substituição. Pois bem, e assim aconteceu. Na primeira reunião da CD sobre esse assunto, contudo, algumas dúvidas sobre o nome que o DAGV tinha apresentado foram levantadas, e chegou-se a questionar a capacidade profissional daquela pessoa de comandar a parte de eventos. Essa situação fez com que a Câmara não aprovasse a posse da pessoa indicada, de modo que todo o procedimento deveria acontecer novamente. O Diretório, contudo, indicou o mesmo nome, e da segunda vez a diretora foi aprovada.


Política Interna

Gazeta VarGas gazetavargas@gvmail.br

Avançando em termos mais globais e conceituais da gestão Expansão, podemos elogiar a tentativa de representação dos alunos, algo fundamental no nosso ambiente e que certamente cresceu muito. Em questões como os problemas que os alunos encontraram com a direção da EESP, o DA se posicionou de forma a criar mecanismos possíveis de atuação para regular essa situação. Caso semelhante aconteceu com os alunos envolvidos no imbróglio de Babson. A intervenção foi importante pra garantir que tais alunos fossem mais ouvidos perante a coordenação e tivessem conquistas com relação ao ocorrido. Ao mesmo tempo, no entanto, a atitude de se reunir com os alunos pra resolver isso demonstrou certa empolgação e vontade de mostrar serviço aliada a uma má organização de contatos dos discentes. Quando precisou contatar os alunos envolvidos, o Diretório se viu em uma situação em que não tinha os contatos da forma que deveria ter e por isso resolveu publicar o comunicado via rede social, pra todos os alunos verem, expondo assim os envolvidos no problema. Se por um lado busca-se representar o aluno perante casos envolvendo a Fundação, por outro os mecanismos de participação e transparência continuam com a necessidade de serem mais difundidos. A Câmara Discente, apesar de apresentar pontos muito relevantes, é divulgada de forma pífia: não é raro que haja menos de 20 alunos presentes nessas reuniões. Mais uma vez, posta-se essa divulgação uma vez pela rede social, uma semana antes, e nada mais é feito. Passa por aí a necessidade de conscientizar os alunos da importância desse evento, indo a divulgações mais profundas, e não somente esperar que os repre-

sentantes de sala e demais alunos entendam a importância de sua participação. É compreensível a tradição que o Diretório tem com relação às festas que organiza, mas isso não pode passar por cima de eventos de alta importância para o ambiente interno, que necessitam, além de divulgação, de conscientização dos discentes quanto ao que será realizado. Ainda pensando em termos de transparência, ao entrar no site, na seção “financeiro”, é possível ver um link que daria acesso ao banco de dados com demonstrativos. O que abre, todavia, é uma pasta vazia do google docs. Vale lembrar que na seção referida do site, é lembrada a importância da transparência financeira, já que os alunos, ao pagarem suas mensalidades, estão repassando uma quantia ao DAGV. Caso as contas tenham sido prestadas e posterioremente retiradas do site, onde se encontra a útima prestação? O local não deveria funcionar como meio consultivo permanente aos alunos interessados em ter acesso às contas de seu Diretório? Uma última crítica, mas não menos relevante e contundente, é a do conceito sustentável do Diretório Acadêmico. É inadmissível que continuem imprimindo milhares de cartazes das festas e colarem, um do lado do outro, nas paredes do 1º andar. A despeito de todas as justificativas financeiras, essa questão ultrapassa motivos econômicos se adotada uma ótica de sustentabilidade e poluição visual. É ilógico continuar fazendo tanta propaganda repetida da festa e suprimir outros eventos. Em pleno século XXI, uma gestão deve passar pelo conceito sustentável e expressar grande preocupação com relação a isso. Por fim, apesar de destacados muitos elementos que precisam

ser melhorados, o primeiro semestre da gestão Expansão foi satisfatório e positivo em termos gerais. Tudo isso porque se ampliou, ainda que seja necessário intensificar o processo, o conceito de atribuições do DA, dando uma carga de representação muito positiva e ao mesmo tempo levantando mais debates ao âmbito acadêmico. As melhoras aqui requisitadas não dizem respeito a algo exclusivo dessa gestão, mas que não deixam de ser responsabilidade dela atentar a esses fatores e procurar potencializá-los. Talvez a maior necessidade seja buscar agora a efetivação da participação nos diferentes mecanismos que o DA possui. E é sempre válido relembrar que uma melhora em um órgão de representação, ainda mais nosso Diretório Acadêmico que é aberto à participação de interessados, também passa pela pró-atividade de alunos que não estão diretamente envolvidos na organização. Nossa participação nas Câmaras Discentes, nossa cobrança por mecanismos de transparência e nossas prioridades enquanto alunos da FGV certamente influenciam no caráter que um Diretório Acadêmico irá assumir. Somos parte dele e não só podemos, como devemos atuar de forma a melhorar os pontos requisitados ou mesmo pressionar para que eles sejam melhorados.

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Política Internacional

Gazeta VarGas

Espionagem e Marco Civil: Usuários brasileiros estarão protegidos? Priscilla Corrêa Reginaldo Gonçalves

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esde a sua criação, a Assembleia Geral das Nações Unidas é aberta anualmente pela nação brasileira (seja pelo presidente ou por algum representante direto). Sendo assim, a presidenta Dilma Rousseff fez o discurso de abertura no dia 24 de setembro, na sede da ONU em Nova York. Apesar de mencionar temas já bastante discutidos anteriormente, como a Palestina e a Reforma da ONU, uma questão recente e polêmica estava presente no discurso de Dilma: a espionagem norte-americana, e as consequências desta no âmbito internacional. “Recentes revelações sobre as atividades de uma rede global de espionagem eletrônica provocaram indignação e repúdio em amplos setores da opinião pública mundial”, disse a presidenta, se posicionando criticamente em relação a essa recente revelação. Em junho deste ano, Edward Snowden, ex-técnico da Agencia Central de Inteligência (CIA), revelou nos jornais The Guardian e Washington Post um esquema de monitoramento de dados organizado pelo próprio governo dos Estados Unidos, a partir da Agência Nacional de Segurança (NSA). O programa PRISM, no qual Snowden teve contato quando era funcionário da Booz Allen Hamilton (e esta prestava serviços a

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NSA), pode interceptar dados eletrônicos de cidadãos, norte-americanos ou não. Documentos apontaram que a espionagem teve como alvos Chefes de Estados e assessores destes, como a Chefe do Estado Brasileiro, Dilma Rousseff. A espionagem internacional sustentada pelo Estado norte-americano é, sem dúvida, uma clara violação do Direito Internacional e do princípio de soberania, estatal e individual. Tal violação à privacidade é mencionada no discurso de nossa presidenta, ao dizer que “sem ele - o direito à privacidade - não há efetiva liberdade de expressão e opinião e, portanto, não há efetiva à democracia. Sem respeito à soberania, não há base para o relacionamento entre as nações”. E, assim, como uma forma de proteger os dados nacionais, de caráter estatal ou civil, Dilma defendeu, em seu discurso, a criação de um marco civil global, multilateral, para a governança e o uso da internet. Este marco teria como prioridade a liberdade de expressão e o direito à privacidade dos usuários de todo o planeta. No plano interno, os casos de espionagem impulsionaram a movimentação pela aprovação de um Marco Civil da Internet, que está sendo discutido na Câmara nos últimos anos e deve ser votado até o dia 28 de outubro. (Posterior ao fechamento desta edição). O Marco Civil tem como pressuposto garantir a segurança jurídica dos brasileiros e seus direitos. Um dos pontos principais é o

da “neutralidade da rede”, que vem dividindo os parlamentares e emperrando o projeto de lei, muito por fruto do lobby das empresas do setor de telecomunicações. Neutralidade é a não discriminação de tráfego na rede, ou seja, todos os dados trafegam em igualdade de condições, independentemente do pacote contratado. Logicamente, estas empresas visam favorecer os dados daqueles que podem pagar mais. Outra proposta que tem a finalidade de proteger os usuários, principalmente após as revelações que grandes empresas contribuem com o sistema de espionagem americano, é a da obrigação que estas empresas teriam de armazenar em território nacional os dados dos brasileiros. Dessa forma, a legislação brasileira poderia ser aplicada em caso de transmissão a terceiros, e de violação da privacidade e da liberdade da expressão. O grande problema é que os custos para a criação destes ‘data centers’ no Brasil podem afugentar as companhias que já estão por aqui, e futuras que poderiam ofertar seus serviços. Em entrevista ao portal UOL, o relator do Marco Civil, o Dep. Federal Alessandro Molon (PT-RJ) se manifestou afirmando que as violações da soberania merecem respostas firmes e impactantes, ainda que pareçam econômico-financeiras. “Infelizmente, muitas vezes a única linguagem que se entende é a linguagem econômico-financeira. Mas a resposta é política, a um problema político”. Para Paulo Bernardo, ministro das Comunicações, o fato de o Brasil ser hoje um grande mercado para as empresas de TI, não dá motivos para que elas saiam do país, mesmo com os custos adicionais dos ‘data centers’. Sem dúvida, o Marco Civil é um importante passo para o resguardo dos direitos fundamentais dos usuários. Porém, ao mesmo tempo em que o projeto deve ser blindado dos interesses empresariais, deve haver muito cuidado para que o prejudicado não seja exatamente aquele que deveria ser protegido: o usuário.


Centros de Estudo

Gazeta VarGas gazetavargas@gvmail.br

CEAPG

Michael Cerqueira Priscilla Corrêa

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odo geveniano sabe que a Fundação Getulio Vargas é uma importante e reconhecida fonte de pesquisas acadêmicas. Porém, será que nós alunos conhecemos de fato os responsáveis pela elaboração desses trabalhos? Será que ao vermos diversos índices no Jornal Nacional, sabemos qual a parte da FGV que é responsável por eles? Como forma de aproximar os alunos de tal estrutura, e fazê-los entender um pouco mais a sua grandiosidade, a Gazeta VarGas abordará, em cada edição e em breves tópicos, cada centro de pesquisa da Fundação. Iniciaremos, nesta edição, com o Centro de Estudos de Administração Pública e Governo (CEAPG).

CEAPG No contexto de abertura democrática e da Assembleia Constituinte, a discussão sobre o panorama político brasileiro e também sobre políticas públicas estava “efervescente” no meio acadêmico e, a partir daí, se intensificou a necessidade de se unir os pesquisadores da FGV envolvidos em questões públicas. Como uma forma de atender essa demanda, o CEAPG é criado no ano de 1989, tendo os Professores Peter Spink e Marta Farah como coordenador e vice-coordenadora, respectivamente.

Gestão Pública e Cidadania Em 1995, junto com a Fundação Ford, o CEAPG cria o Programa Gestão Pública e Cidadania, resultando - no período entre 1996 e 2005 - no Prêmio GPC: prêmio anual dado para órgãos estatais que inovassem na prestação de

serviços públicos. “Os governos locais estavam criando coisas muito novas em termos de gestão, e havia sempre o risco daquilo se perder”, reitera o coordenador do CEAPG, o Professor Ricardo Bresler, que demonstra também a importância dessas inovações serem destacadas no cenário nacional. A relação entre o Programa Gestão Pública e Cidadania e o CEAPG teve como resultado um fortalecimento do Centro e da identidade deste, já que por meio desse Programa, ele teve contato direto com a gestão pública de diversos lugares do território brasileiro. A partir de 2006, o CEAPG criou, baseado na identidade já estabelecida anteriormente, outros focos específicos de ação, como desenvolvimento local e pobreza e desigualdade.

Objetivos O CEAPG tem, portanto, como objetivo central, aprofundar o conhecimento sobre a governança pública, em um Estado “aberto”, com foco no desenvolvimento local e na garantia dos direitos e da cidadania. A pesquisa feita pelo Centro prioriza a pesquisa de campo, produzindo, armazenando, sistematizando e disseminando ideias (dados e informações), com especial atenção à inovação na gestão pública. E, assim, o CEAPG forma pesquisadores e gestores, inserindo-os no contato direto com a gestão pública do país. Segundo o Professor Bresler, “A gente faz a pesquisa escutando e conversando com as pessoas, entendendo seu ponto de vista e contexto. E, assim, é a única forma de permanecer com a diversidade sem injustiça. Em lugares distantes, como o Pará ou o Sertão Nordestino, os insetos, as chuvas ou o semiárido não são problemas, mas sim realidades daquelas regiões, demandando tecnologias e saídas alternativas contextualizadas. Portanto, o CEAPG privilegia a abordagem de campo e o diálogo de saberes”. O Centro de Estudos é reconhecido nacionalmente por seus trabalhos, com

publicações acadêmicas de alto nível. Além disso, encontramos em seu site, livros, vídeos e áudios produzidos por sua equipe.

Como participar? O geveniano interessado em aprofundar seu conhecimento na gestão pública do país e que vê na pesquisa de campo uma forma de ampliar seus horizontes, encontra no Centro de Administração Pública e Governo um excelente meio para tal. Com um corpo acadêmico de excelência, o aluno entra em contato com situações concretas, exercendo em prática a teoria aprendida em aula. Para ingressar no CEAPG, o estudante pode enviar uma ficha de inscrição para o GVPesquisa por meio do site deste, depois de optar qual programa de pesquisa quer fazer (Residência em Pesquisa ou PIBIC). Além disso, há a possibilidade do aluno participar do projeto Conexão Local Interuniversitária (CLIU). Sendo uma variação do projeto Conexão Local - que leva dois estudantes da FGV a alguma experiência de gestão local bem sucedida para a elaboração de um relatório - hoje sob a organização do GV Pesquisa, mas que foi gestado no CEAPG, o projeto reúne um aluno da GV e um aluno de uma universidade parceira (No caso Universidade Federal do Acre, Fundação João Pinheiro e Universidade Estadual Vale do Acaraú). Dessa maneira o aluno é convidado a conhecer uma realidade completamente distinta e aprender sobre os diferentes desafios e soluções do Brasil junto a um estudante de realidade diferentes.

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Economíadas

Gazeta VarGas

Pré-Economíadas: as grandes mudanças para um título inédito Daniel Cordeiro Melina Padoin

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riado em 1991, o Economíadas foi fundado pela FGV, FEA-USP e Mackenzie para substituir o extinto Economíada, competição estadual que reunia as principais faculdades de Economia e Administração. Atualmente participam do campeonato, além da FGV, Unicamp, Insper, Fecap, Mackenzie, PUC-SP, FEA-USP e ESPM. O Mackenzie é o maior vencedor, com 19 títulos, seguido pela FEA-USP, que ganhou duas vezes. A FGV ainda não conseguiu ser a grande campeã, sendo que ficou na quarta posição no ano passado. Porém, com as reestruturações que a Atlética vem promovendo, como a academia especifica para os atletas, há uma perspectiva de esse ano o vencedor não ser mais o time vermelho que ocupa a Consolação. O motivo de o Mackenzie ser vencedor em quase todos os torneios universitários que participa é razoavelmente óbvio: a Bolsa Atleta. A universidade oferece bolsas para alunos que possuem excelência no currículo esportivo e que necessariamente se filiem à Liga Atlética. Assim, o placar final nos torneios universitários não poderia ser diferente. O Mackenzie possui atletas semi profissionais em todos os campeonatos.

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Todavia, apesar de enfrentar adversários de grande porte, a Atlética da FGV está inovando nesse semestre para ter um resultado positivo no Economíadas. Uma academia de trabalho funcional foi disponibilizada para todos os atletas da Fundação. Os alunos marcam um horário e realizam uma preparação física durante uma hora. A academia está disponibilizada por um longo período de tempo, abrindo às 16h e oficialmente encerrando às 20h. É comum, entretanto, encontrar a academia em pleno funcionamento às 21h30. E não é apenas a Atlética que está realizando um trabalho intenso. Faltando pouco menos de um mês para o grande torneio universitário, todos os esportes estão mobilizados e realizando treinos mais rígidos. O futsal masculino, vice no ano

passado, já está em ritmo pesado desde cedo, mesmo porque já participa, no momento, de dois campeonatos: o NDU e o InterU. O time está em processo de transição desde que três de seus titulares se formaram esse ano. Já o futsal feminino, terceiro no ano passado, por mais que tenha perdido sua capitã, que se formou no meio desse ano, está passando por uma fase gloriosa. No primeiro semestre desse ano, além de subir para a primeira divisão do NDU, o time foi campeão invicto. Atualmente a grande mudança da equipe, além dos três treinos por semana, é a contratação de um treinador para goleiros. No total são três preparadores para o time: o treinador principal, o auxiliar técnico e agora o treinador de goleiros. Invictas na série A do NDU, as atletas pro-


Economíadas

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curam conquistar o titulo de campeãs do Economíadas, até agora inédito. O basquete masculino, depois de uma participação ruim no Economíadas passado, ficando na quarta posição e perdendo uma semifinal para a ESPM, não alterou sua base, porém a grande mudança e reforço é o novo pivô, Miguel Osterroht, cujos dois metros de altura prometem ajudar o time geveniano. Além disso, os atletas estão aproveitando muito a academia funcional e a prova disso são os desempenhos do time no NDU (faltando um jogo para garantir o primeiro lugar do grupo) e o InterU, em que o time já garantiu as semi finais. O basquete feminino, vice no Economíadas passado, O vôlei masculino, vicetem quatro novas atletas, mas o time não tem participado de -campeão, também particiamistosos. A tática é compro- pa do NDU e InterU. O time metimento e treinos pesados está bem renovado em relação ao último Economíadas. por parte das atletas. O handebol masculino, quar- Dos sete titulares, três joto no torneio passado, realizou gam pela primeira vez. Podois amistosos além de estar rém, apenas um é calouro: os participando de dois campeona- outros dois são antigos jogatos, o InterU e NDU. A perspec- dores que se desenvolveram tiva é boa com a volta de alguns e entraram no time principal. O vôlei feminino foi o jogadores que estavam lesionados e com a entrada de dois que mais sofreu reformulanovos membros. Enquanto isso, ção esse ano. Várias antigas o handebol feminino, terceiro atletas se formaram e no ano passado, prepara-se ri- muitas outras estão fazendo gorosamente para enfrentar o intercâmbio. O resultado é primeiro adversário no Econo- um time com apenas quatro míadas: as campeãs do ano pas- fixas do ano anterior, sete sado do Mackenzie. Com uma calouras e duas intercamboa quantidade de amistosos, bistas. A equipe, que estreinos três vezes por semana teve entre uma das piores e um time razoavelmente novo classificações no Economía(poucas atletas acima do quin- das passado, agora procura to semestre), o time geveniano em amistosos (contra a São já classificado no NDU não se Francisco e o Mackenzie), assombra perante o adversário participação no NDU e em forte que enfrentará logo no um novo time não repetir o que aconteceu da última vez. inicio do campeonato.

As perspectivas para a FGV no Economíadas em geral são boas, todos os times estão se aprimorando e esforçando ao máximo, dentro de suas condições. Tudo isso para quem sabe esse ano mudar a história e trazer uma grande vitória à comunidade geveniana.

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Entrevistas e Debates

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Cotas Raciais na FGV. É possível? Michael Cerqueira Priscilla Corrêa Reginaldo Gonçalves

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ovimentos sociais na FGV vêm questionando a possibilidade da FGV criar mecanismos de reservas de vaga para negros na nossa fundação. Por que não? O debate sobre políticas afirmativas de acesso à universidade no Brasil está posto há algum tempo. Com experiências em universidades pioneiras como a UERJ e a UnB, o assunto foi referendado a partir da decisão do STF de julgar constitucional a política de cotas raciais. No entanto, a discussão ainda reverbera. Diversos grupos questionam a legitimidade dessas ações e lutam para que essa decisão seja revertida. Baseados na ideia de igualdade e de manutenção da excelência das universidades, muitos especialistas se mostram contrários à adoção das reservas de vagas para grupos específicos da população. Não é o que pensam alguns alunos da Fundação Getulio Vargas que vêm se mobilizando para começar a fazer pressão para que a FGV assuma o compromisso de pluralizar seu alunato. O grupo chamado ‘Cotas na FGV’ reúne alunos de graduação e pós e conta com encontros regulares para a discussão sobre a situação nas universidades brasileiras. O que se reivindica é que a FGV, mesmo como instituição privada, assuma esse protagonismo e mostre que quanto maior a pluralidade de uma faculdade, melhor para seus alunos e para a sociedade.

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Uma questão de justiça Os números assustam. Segundo o Censo Demográfico de 2010, 47,7% da população brasileira se declara branca, enquanto a maioria, 50,7%, se declara preta ou parda. Porém, quando se trata da população com ensino superior, o mesmo Censo indica que 3 em cada 4 pessoas são brancas. Quando estendemos o debate a outras áreas novamente, observamos diferentes desigualdades em relação à população negra. A partir de relatórios do IPEA, é possível observar que o rendimento das famílias negras é equivalente a 60% das famílias

Somente 25,6% dos cargos de supervisão, 13,2% dos cargos de gerência e 5,3% dos cargos de diretoria são ocupados por negros. DIEESE, 2009 brancas, que a taxa de analfabetismo é maior entre negros e mesmo que a taxa de homicídios entre jovens incide mais sobre eles. Todas essas estatísticas refletem decisões de nossa sociedade e dizem respeito sobre nosso racismo. A exclusão do negro é clara nos mais diferentes espaços da nossa sociedade. Apesar da existência dos números é só observar a proporção de negros que você encontra

em cargos de gerência e naqueles que você encontra nas profissões menos qualificadas (25,6% dos cargos de supervisão, 13,2% dos cargos de gerência e 5,3% dos cargos de diretoria são ocupados por negros DIEESE, 2009). Isso diz respeito, no Brasil, a um racismo camuflado. Em nossa história excluímos do negro qualquer possibilidade de ascensão pelas chamadas vias meritocráticas. A Lei de Terras de 1850 é um exemplo. Passou a cobrar em dinheiro a aquisição de terras, o que excluía os escravos recém-libertos da possibilidade de ter propriedade e iniciar um pequeno empreendimento. Dessa forma se relegou a esse estrato da população às regiões das encostas dos morros e às atividades que não exigissem formação. Tudo isso resultou numa sociedade bastante dividida. Sem acesso a posições privilegiadas e, com a ideia de superioridade branca, naturalizou-se essas diferenças, formando assim uma elite dominante branca e uma população pobre majoritariamente negra. Com isso, os acessos à educação formal, a melhores salários e o empreendedorismo desse estrato tornaram-se extremamente dificultados. Dessa forma, dizer que as cotas não são meritocráticas, quando os vestibulares também não o são, é falacioso. Os pontos de partida são bastante distintos. Devido à configuração da nossa sociedade, somente os formados em boas escolas tem chances reais no vestibular, e esses espaços são dominados pelos brancos. Os negros que chegam ao ensino médio já são privilegiados e ainda assim estão em situação de desigualdade a dos brancos. O acesso à universidade se torna desigual e, se partimos da ideia de que uma sociedade melhor é uma sociedade mais diversa, plural e que garante oportunidades para todos explorarem suas capacidades, é preciso criar mecanismos para que isso aconteça. Dessa necessidade nasce a questão das cotas.


Entrevistas e Debates

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Cotas Raciais ou Cotas Sociais? As cotas raciais são um mecanismo temporário criado para garantir o acesso de negros á universidade. Utilizada durante anos nos EUA, ela foi resposta ao apartheid que o país viveu durante décadas. O que justifica sua utilização no Brasil são os dados pífios de acesso à universidade por parte dos negros, urgindo do governo uma atitude – somente 8% dos estudantes das universidades brasileiras são negros. Muito se fala que as cotas sociais responderiam a essa necessidade, uma vez que ao abranger os negros, incluiria-os naturalmente e evitaria que negros com recursos acessassem a universidade por cotas. No entanto é importante analisar os dados. Ao se observar o Ensino Médio, alunos negros tem pior rendimento e maior fracasso escolar do que alunos brancos, mesmo com a mesma trajetória escolar. O que pode ser verificado no PNAD, no qual 43% de alunos negros já tiveram algum fracasso escolar, enquanto esse número cai para 27% entre os brancos. Ou mesmo no mercado de trabalho onde brancos e negros com a mesma qualificação não tem o mesmo rendimento, chegando à diferença de 42% no rendimento na Pesquisa de Emprego e Desemprego de 2009. De onde se explicaria essas diferenças? Além do racismo incutido e a inserção incompleta desse grupo no mercado de trabalho, há uma clara ausência de referência. Enquanto uma pessoa branca se vê representada constantemente na mídia em posições dominantes, o negro é sempre retratado em uma posição subalterna. Além de grandes figuras públicas negras serem poucas quando se exclui as áreas relacionadas ao entretenimento. Cria-se um lugar subjetivo do negro para a população, e a cultura se reabastece a partir dessas diferenças. São nesses pequenos símbolos que se reafirmam o preconceito

e se passa a ideia de que vivemos em um país racialmente justo, uma vez que essas imagens são construídas a partir de um ideário e não de normas e leis escritas e normatizadas. No entanto, seus efeitos são perversos e continuam a excluir o negro mesmo em situações precárias. Dessa maneira as cotas sociais são pouco efetivas quanto à inclusão do negro.

E a FGV com isso? A FGV é certamente uma das maiores referências universitárias no Brasil e no mundo. E ela reflete pouco a realidade da nossa população. Entre os alunos, são muito poucos os que são negros e quando encontramos algum

Ela (a FGV) tem um dever moral de inserir os negros na faculdade” diz Henrique Pimentel, um dos criadores do movimento Cotas na FGV é constante questionamento se ele é “gringo”. Que não se caia na falácia que a FGV não tem negros. Tem bastante. Mas eles estão na limpeza. “A questão da Fundação Getulio Vargas ter cotas raciais em seus processos seletivos condiz com a diretiva da faculdade, sobretudo no curso de Administração Pública, de pluralizar a faculdade” diz Henrique Pimentel, um dos criadores do grupo de Cotas da FGV. “Ela tem um dever moral de inserir os negros na faculdade” completa. Sabendo da resistência que há no ambiente geveniano no corpo discente e docente a ideia é criar intervenções, debates e formações

para poder inserir a temática e a partir daí demonstrar a importância de se assumir essa bandeira dentro da Fundação. E os resultados têm se mostrado positivos. Pesquisas recentes de universidade que adotaram cotas mostram que os resultados entre os alunos cotistas e não cotistas são bastante próximos, sendo inclusive maiores e com maior presença no curso no caso da UERJ. Isso serve para demonstrar que o argumento que as faculdades perdem qualidade ao aderirem às cotas é falso. Só se tem a ganhar com a convivência do diferente e a redução da desigualdade oriunda de questões raciais. Conhecemos bem o esforço da FGV em dar todo o suporte para os alunos e o cumprimento da máxima de que condição socioeconômica não será impedimento de um aluno estudar na FGV. No entanto, isso não garante a presença de alunos negros na Fundação. Se queremos uma sociedade mais justa e inclusiva é preciso reparar os erros feitos pela nossa sociedade no passado. Mesmo com suas limitações e dificuldades, as cotas ainda são um meio eficiente de inserção do negro no meio universitário. Sabemos dos desafios e do racismo presente no mercado de trabalho para os que se formam. Mas conforme tivermos mais negros formandos nas nossas universidades, com mais pressão e mais empregadores, pouco a pouco vamos acabando com essa lógica perversa. Que a FGV mostre que ela pode ser vanguarda também nesse assunto.

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Vida na FGV

GAZETA VARGAS

EESP: representação discente e presão acadêmica Brauner Cruz Vitor Barbosa

EESParta, né meu?

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o ano de 2003, a antiga EAESP, com seu maduro curso de Administração de Empresas, ganhava uma irmã no prédio vizinho: a Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (EESP-FGV). Hoje, em seu décimo aniversário, já figura como o melhor curso de Economia do país, segundo os resultados do ENADE recentemente publicados. No caderno de apresentação do curso, o objetivo é claramente definido: “Desenvolver um ambiente de aprendizagem (...) contribuindo para a formação de uma elite intelectual e dirigente do país”. A palavra elite expressa bem a concorrência dos vestibulares e o número de vagas abertas anualmente: apenas 60, sendo que até o ano passado eram 50. Já o número de formandos é bem menor, ficando próximo de 25 pessoas por turma. O número de bixos nos cursos de Administração Pública e Administração de Empresas da vizinha EAESP em um único ano (aproximadamente 500) supera com sobra o total de alunos que a graduação em economia contém em todas as salas. Desde sua criação, “o curso de graduação em Ciências Econômicas da FGV/ EESP adota, como principio básico, a busca da excelência e o reconhecimento do mérito acadêmico”. Na prática, isso resulta numa constante pressão por resultado sobre os alunos e no adensamento de conteúdos para incluir disciplinas que, em diversas outras instituições de ensino, são limitadas à pós-graduação.

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Essa pressão já herdou para a Escola apelidos como EESParta, expressões como #EESPNéMeu e também fez da palavra jubilamento parte ativa do vocabulário dos alunos. Isso provém da rigorosidade tanto das avaliações e do conteúdo do curso, quanto das regras de jubilamento (vide quadro). Apesar de já ter uma estrutura considerada rígida, várias mudanças que intensificaram tal quadro foram aprovadas pelo CEPE (conselho de coordenadores que detêm o poder decisório na escola) durante os últimos anos. Essas mudanças desagradaram ainda mais ao aluno, como a obrigatoriedade da realização da ANPEC - uma prova usada na seleção para Mestrado em Economia - como forma de avaliação do curso, sendo que o ENADE já era

aplicado; e a obrigatoriedade de realizar a DP assim que a matéria for oferecida. Além disso, a implementação do PBL implicou a ausência de REAVAL e o aumento no preço de algumas dependências de matérias consideradas core, que tiveram a quantidade de créditos aumentada e chegam a custar R$ 7.200,00 no semestre. Em meio às inúmeras regras de jubilamento postas, à densa carga horária, às mudanças dos últimos anos e à enorme demanda de estudos exigida pelo curso, os alunos muitas vezes reclamam do excesso de pressão e argumentam que ela é prejudicial para o aprendizado dos conteúdos. Chega-se a um ponto onde mais pressão e mais cobrança de resultados sobre o desempenho acadêmico não resultam em maior esforço dos alunos, pois o tempo é insuficiente. Resultam apenas na priorização de determinadas disciplinas, em mais cópia de listas e na busca por um aprendizado mais prático e menos aprofundado. Em suma, geram o que os próprios economistas gostam de chamar de “incentivos tortos”.


Vida na FGV

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Coordenação Numa intenção de ouvir o que é posto pela coordenação frente a tais reivindicações, através de uma conversa da GAZETA com a própria coordenação foi lembrado que o curso já está com a carga horária no limite inferior ditado pelo MEC - de 240 créditos (3600 horas) - e que essa exigência de carga horária é muito superior à de diversas outras faculdades de economia na Europa e nos EUA, e inclusive de outras universidades brasileiras como a USP. Argumenta também que existe um trade-off entre a pressão durante os três primeiros anos na faculdade e a liberdade para fazer um estágio no último ano: de fato, o penúltimo semestre da grade curricular dos ingressantes em 2012 prevê 28 créditos, sendo 8 à distância, 8 de monografia e 12 de eletivas - uma carga muito mais suavizada do que qualquer outro ano (vide quadro). Já o último semestre tem apenas 8 créditos, todos de eletiva. Dessa forma, permite-se que o aluno estagie, o que é facilitado pelo fato da EESP receber diversas ofertas de vagas de estágio por aluno. Além disso, a coordenação ressaltou que o curso seguiria um perfil determinado e seria direcionado aos alunos que se encaixariam neste perfil - exatamente aqueles que gostam de estudar e buscam o mesmo rigor acadêmico que os diretores. Não é uma intenção do curso atrair todos os tipos de aluno, e não deveria ser uma intenção do aluno adaptar-se forçosamente ao curso. Existe também a possibilidade de o aluno trancar matérias de maneira individual, aumentando a duração do curso. Isso não é feito sem custos acadêmicos, como a maneira com que as disciplinas serão oferecidas no futuro, mas serve como último recurso para o estudante que não está dando conta da pressão. Dessa forma, a coordenação compreende que a pressão acadêmica existe, mas que ela é saudável e necessária para a busca da excelência que sempre foi o

objetivo da Escola. É um dos fatores que a tornam diferenciada das outras, mesmo que isso implique um número reduzido de formandos todos os anos.

Representação Discente Esse confronto de opiniões sobre a pressão acadêmica que a faculdade exerce sobre os alunos por diversas vezes gera conflitos entre a coordenação/ direção e os estudantes. O principal órgão de representação discente da EESP é o Conselho de Representação Discente (CRD), que reúne cinco representantes de cada classe de todos os anos, além de representantes da coordenação e da direção. Nas pesquisas realizadas ao final dos semestres pelo Conselho, a avaliação quanto à direção da escola é sempre predominantemente negativa. O CRD é, contudo, um órgão meramente consultivo. No CEPE, não há qualquer poder ou representação direta dos docentes, discentes ou funcionários. Não quer dizer que suas ideias não estejam presentes através de algum coordenador, mas a decisão final não tem diretamente esses votos, cabendo apenas aos coordenadores indicados diretamente pelo diretor Yoshiaki Nakano. Dessa forma, é comum entre os alunos a crítica de que eles estão completamente excluídos do processo decisório. Esta percepção é ampliada por algumas medidas impostas de cima para baixo na faculdade, como citado anteriormente. Todas essas recentes decisões polêmicas por parte do CEPE dos últimos anos entraram em vigor com pouca ou nenhuma alteração, mesmo as questões sendo sempre levadas às reuniões do CRD e extensamente deba No entanto, a Escola busca argumentos e exemplos de que a voz dos alunos é, sim, muitas vezes escutada. Seja pelo CRD ou por outros meios de representação indireta, importantes mudanças já foram feitas: o trancamento individual de disciplinas, a redução na nota exigida no exame da ANPEC, a inclusão

da disciplina de finanças e a valorização do tempo de estudo fora das salas de aula por parte do PBL são exemplos destas mudanças. Inclusive, a partir dos ingressantes de 2013, é possível optar por realizar o curso em 5 anos, o que suavizaria muito a pressão. Ainda assim, resulta dentre os alunos, não de maneira generalizada mas de maneira recorrente, a impressão de que a direção da escola age sempre de modo vertical e dificultando cada vez mais o aprendizado e o desempenho acadêmico. Parece ignorar a pressão já existente e intensificá-la, sem perceber como ela afeta de maneira negativa o ambiente EESPiano. Os alunos são obrigados a se adaptar a tudo aquilo que os coordenadores acreditam ser melhor para a escola, enquanto a opinião deles é dificilmente levada em conta. Surge, dessa forma, uma descrença dos estudantes com o CRD e o seu poder de realizar mudanças concretas. A impressão é que, por ser um órgão meramente consultivo, levar as questões para serem debatidas nele não adianta nada, já que apenas um ou dois coordenadores (ou diretor) com poder de voto no CEPE estão presentes nas reuniões do CRD para avaliar as demandas. A descrença enfraquece ainda mais o conselho. Em diversas classes, há grande dificuldade para preencher as 5 vagas disponíveis por falta de candidatos. Em uma das tarefas mais importantes do CRD no ano - a avaliação feita junto aos alunos dos professores de maneira individual - o número de respostas é bem inferior ao de alunos, o que acaba não constituindo uma representação fiel. Acontece, também, de representantes não comparecerem às reuniões ou não cumprirem seus outros deveres enquanto membros. Além disso, os canais de comunicação entre o CRD e os alunos se estreitam, resumindo-se a posts ocasionais dentro de grupos no facebook com levantamento de pautas para as próximas reuniões ou divulgação de atas. Para a coordenação, o esvaziamento

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Vida na FGV

Gazeta VarGas

do CRD prejudica muito a comunicação entre os coordenadores e os alunos, e deveria ser melhor aproveitado. Trata-se de um espaço essencial onde as opiniões dos estudantes são ouvidas e, posteriormente, repassadas para o CEPE por meio da coordenadora do curso. O reduzido número de alunos da escola deveria facilitar essa comunicação. Ao esvaziar o CRD, os alunos acabam se prejudicando, pois perdem o espaço de representação que é oferecido pela própria escola, e que tem o potencial de influenciar decisões.

Conclusão A EESP é uma faculdade privada. Enquanto tal, tem liberdade para ter os próprios valores e princípios. Se a constante pressão é um caminho escolhido por ela para levar à tão objetivada excelência acadêmica, ninguém pode obrigá-la a mudar esse cenário. Até certo nível, cabe o argumento da coordenação: a faculdade é feita para um perfil específico de aluno disposto ao esforço constante em busca do desempenho acadêmico. Até então os argumentos parecem lógicos e consistentes: acredita-se em determinados valores e se estrutura o curso para atrair os estudantes que se aproximam dos princípios exigidos. Entretanto, é necessário compreender que a crítica dos alunos não é necessária ou exclusivamente sobre esses

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argumentos. Até porque é comum que a grande parte dos ingressantes com um perfil diferente do exigido pela escola desistam do curso ainda no primeiro semestre. A classe dos ingressantes 2012 começou com cerca de 42 alunos, muitos saíram ainda nas primeira semanas e hoje em dia restam apenas 19. A classe dos ingressantes 2013 começou com cerca de 60, e já se aproxima dos 40 alunos, com alguma expectativa que esse número possa diminuir com os vestibulares para o próximo ano. Se admitirmos que a grande maioria dos alunos que continua no curso segue o perfil desejado pela faculdade, podemos perceber que o problema não está na incompatibilidade de pensamentos entre a direção e os estudantes. O que talvez falte aos integrantes do CEPE perceberem é que muitas vezes os alunos não contestam o objetivo da Escola, e sim os caminhos e os meios pelos quais busca-se tal objetivo. O problema não está na vontade de a EESP ser uma escola de excelência - desejo que é compartilhado por vários estudantes. O questionamento mais correto talvez seja outro: até que ponto os incentivos punitivos e a falta de segundas chances servem para selecionar os alunos com perfil desejado e obrigá-los a dedicar-se até o limite? Talvez por ter falhas nos canais de diálogo e não ter representação direta dos alunos e professores, os coordenadores não consigam perceber o que os alunos

percebem no cotidiano: existe um limite para a pressão e a demanda acadêmica que, uma vez ultrapassado, traz mais distorções do que resultados. Em outras palavras, a demanda do curso por carga horária é tão grande que a ideia de seguir à risca todas as obrigações torna-se irreal. O aluno, para seguir rigorosamente cada uma das disciplinas, como prevêem os docentes em seus programas, não poderia exercer qualquer outra atividade durante a semana. Dessa forma, a pressão deixa de alcançar resultado nos alunos e de aumentar o esforço empregado - que já é alto - e passa a incentivá-los a encontrar outras maneiras de conseguir a nota mínima para passar: seja copiando listas de exercício, estudando o conteúdo de forma mecânica e mais propícia para a prova, abandonando matérias em que já se tem uma nota razoável, sacrificando o estudo de matérias consideradas mais fáceis e coisas do gênero. Talvez com cargas horárias menos densas, os alunos passassem, por exemplo, a ler as bibliografias básicas de cada aula, a copiar menos listas, a aprofundarem-se e compreender cada vez mais cada um dos conteúdos de cada uma das disciplinas. Manter a rigorosidade de avaliação e diminuir a pressão poderia reduzir as distorções e os incentivos tortos recebidos pelos alunos, melhorando a aprendizagem. Existem mudanças pontuais feitas pela direção e proveniente das vontades dos alunos que de fato representam uma melhora - os exemplos citados pela coordenação ilustram isto. Contudo, os canais de representação ainda são insuficientes e a escola continua se baseando no princípio de que a pressão acadêmica exagerada traz somente benefícios, sem enxergar que também causa distorções. Enquanto a Escola continuar a demandar dedicação de 14 horas diárias para estudos, como faz com as turmas que ingressaram até 2012, continuará difícil para os alunos acreditar que é possível realizar o curso da maneira desejada.


Gazeta 15 Anos

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Desafios e Recompensas Rafael Rossi

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empre que tive contato com as gestões da Gazeta que se seguiram à minha, perguntava aos recém-eleitos qual o maior desafio que eles achavam que enfrentariam. As respostas mais comuns se referiam a cumprir prazos, aumentar a periodicidade da publicação, aprimorar o conteúdo online, expandir a base de patrocinadores, entre outras, que expressavam preocupação com a manutenção das conquistas alcançadas e com o aprimoramento operacional da entidade. Em resposta, eu sempre prometia: “Nada disso. O maior desafio será o de gerir pessoas”. Tiro e queda: ao fim do mandato, vinham me reafirmar essa conclusão a que eu mesmo só cheguei após passar por todas as áreas da entidade, tendo começado na arte, contribuído na redação, participado do institucional e cumprido mandatos como Editor-Chefe e Presidente. Entrei na entidade com um objetivo bem restrito: queria elaborar as capas da revista e só. Contudo, uma vez que você passa a se inteirar dos debates, nas reuniões de pauta, e saber detalhes dos bastidores, começa a ficar difícil permanecer inerte. E assim começou minha imersão nessa entidade que é realmente uma empresa gerida pelos alunos, produzindo periódicos, eventos e informação em vez de consultoria, e onde temos concretas oportunidades de colocar em prática o que estudamos em sala de aula. Neste percurso, a EAESP, principalmente, passou por momentos conturbados, a começar pelas polêmicas demissões de professores, por motivos administrativos que iam da baixa apro-

vação dos alunos à autoria de manifestações desfavoráveis à gestão da fundação (vide edições 61 e seguintes, bem recapituladas nas edições 72 e 73), passando pela alteração ilegal do regimento da escola (edição 66) e até a proibição do consumo de cerveja no DA (edição 78) enquanto o espaço dos professores continuava a oferecer a mercadoria, inclusive se chamando Espaço Bohemia. Não faltou pauta para edição e com certeza essas edições trazem matérias que são leitura obrigatória para quem quer conhecer a história da FGV. De fato, as equipes de Redação e Arte tiveram um prato cheio para não só apresentar os fatos que ocorriam, mas também dar voz aos leitores nos debates que se sucediam. Ao mesmo tempo, a entidade lutava para se estabelecer de forma independente e, sobretudo, se profissionalizar. Neste esforço de garantir a profissionalização da Gazeta, a equipe Institucional também teve grandes desafios com a elaboração de treinamentos, manuais, diretrizes para processos seletivos, além de batalhar pela viabilidade econômica do periódico, por vezes em momentos de crise econômica, e alcançar seu registro formal como associação para obtenção de sua personalidade jurídica. Ainda assim, frente a tantos desafios, quer à frente da redação, como Editor-chefe, quer à frente do Institucional, como Presidente, lidar com pessoas e considerar o fator humano nas atividades desempenhadas foram os maiores desafios que encontrei. Não entenda aqui o leitor que, por ser desafiadora, a experiência não deixou de ser extremamente prazerosa! Ao final, tive a felicidade de trabalhar com

pessoas incríveis, que me ensinaram muito e muitas das quais ainda mantenho grande amizade. Contudo, lidar com disponibilidades distintas, prioridades distintas, personalidades excêntricas e gente muito inteligente dá bem mais trabalho do que havia antecipado. Aliás, a minha grande surpresa com essa conclusão foi constatar como damos pouca ênfase ao aspecto humano da organização em nossa grade acadêmica. Infelizmente, parte dos alunos só entenderá este aspecto quando ingressarem nos estágios e empregos, já longe do ambiente seguro da Universidade. Quando se passa tanto tempo colaborando com uma entidade como eu o fiz, é fácil colecionar uma infinidade de histórias e casos curiosos, mas igualmente por conta deste tempo todo, fica difícil fazer alusão rápida sem que o relato se torne uma lista enfadonha de conquistas e “tragédias” que não teriam a mesma significação para o leitor, mas que conto com todo prazer se algum dia o caro leitor quiser me perguntar (de preferência tomando um cafezinho). Então, deixo aqui apenas registrada a promessa que sempre fiz às futuras gestões para reflexão e um convite para que os alunos, professores e funcionários que ainda não passaram por essa experiência incrível, que é a contribuir com a Gazeta VarGas, usem e abusem do espaço que lhes é ofertado, mesmo que de forma pontual ou por curto período, para que deixem sua voz marcada na história da comunidade geveniana. Rafael Rossi foi membro das três áreas da Gazeta VarGas entre os anos de 2006 e 2009, além de Editor-Chefe e Presidente nesse período.

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O que é um Geveniano?

GAZETA VARGAS

O que é um Geveniano? Marco Pepe Melina Padoin Michael Cerqueira

Semestres para terminar o curso Sem intercâmbio ou trancamento

Vitor Barbosa

Em que área trabalha?

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urante as manifestações de junho, houve muita discussão no Brasil inteiro, inclusive dentro da FGV. A voz, antes silenciosa, de muitos gevenianos foi ouvida nos corredores, nas ruas e no facebook. As opiniões emitidas, entretanto, assim como nas ruas, eram pouco homogêneas. Para melhor entender esse quadro, a Gazeta questiona: afinal, o que é um geveniano? Inaugurando esse novo quadro, fizemos algumas perguntas aos mais recémformados da EAESP. A pesquisa foi enviada a 89 dos 185 alunos que se formaram este semestre na EAESP, selecionados aleatoriamente.

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Posicionamento político Com qual ideologia melhor se identifica

Pretende mudar ou seguir carreira?


O que é um Geveniano?

GAZETA VARGAS gazetavargas@gvmail.br

Em qual setor da sociedade

É a favor de cotas sociais em

prefereria trabalhar?

universidades públicas?

É a favor da descriminalização do

É a favor de cotas racias na

aborto?

FGV?

É a favor da descriminalização da

É a favor de cotas sociais na

maconha?

FGV?

É a favor de cotas raciais em

É a favor do casamento de

universidades públicas?

pessoas do mesmo sexo?

a?

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Gazeta 15 Anos

Gazeta VarGas

VEM PRO EMBATE! Alípio Ferreira Rafael Heredia

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o geral, uma característica dos alunos que se aproximam da Gazeta VarGas é a inclinação ao debate de idéias, valores e temas “quentes” (de fora ou de dentro da FGV, não importa). Acreditamos que esta inclinação ao debate seja um elemento central na formação profissional e cidadã. Enquanto nos EUA existem os famosos “debate clubs” em escolas e universidades, no sistema educacional e na sociedade brasileira continuamos presos à tradição de cordialidades e fidalguias. É uma pena, mas tivemos a oportunidade de não nos filiar a esta tradição. Em diversas ocasiões, foi necessário bater de frente com a direção das Escolas (Edição #80 e #85), do DAGV (#83) e, (por que não?), até com o Senado Federal (#80). E justamente um dos elementos que nos motivavam e davam coragem, era o fato de que os resultados e reações ao nosso trabalho sempre surgiam muito rapidamente (o que, infelizmente, nem toda entidade estudantil ou atuação profissional é capaz de propiciar). De um cotidiano repleto de embates, em que muito criticamos e muito fomos criticados, hoje é possível perceber o quanto enriquecemos nossa formação, deixando marcas indeléveis na nossa atuação profissional e no nosso espírito público. O trabalho jornalístico, que no universo geveniano é próprio e único à Gazeta VarGas, exige o desenvolvimento de habilidades, desde as mais elementares, como a disciplina e a superação dos frequentes bloqueios criativos, até

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o espírito de cooperação e motivação necessário para preencher plena e satisfatoriamente 32 páginas de edições interessantes, provocativas e surpreendentes. Além do seu caráter jornalístico, a entidade Gazeta VarGas é única, pois o trabalho de seus membros resulta em um produto concreto (a Revista), que passa pelas mãos de milhares de pessoas. Também é única a capacidade da Gazeta, inclusive com relação às outras entidades estudantis, de suscitar reações (apaixonadas ou furiosas, críticas ou lisonjeiras) ao seu trabalho, sendo a medida do sucesso o tamanho e qualidade da repercussão gerada. O desafio criativo de preencher páginas, inicialmente brancas, verdadeiras tábulas rasas, de conteúdo pertinente e instigante, foi interpretado de maneiras muito diversas nestes 15 anos de existência. Inicialmente criada como uma revista do DA, era quase que exclusivamente voltada às questões internas da faculdade e dos alunos. Uma vez estabelecida a independência financeira (na gestão Lichand/João Bezerra), passou a ter mais autonomia, criticar o próprio Diretório e abrir suas páginas a temas mais diversos. Em especial na gestão do editor Felipe Salto, a Gazeta procurou deliberamente imprimir maior atenção aos temas pertinentes à vida pública brasileira, especialmente economia e política. Essa trajetória comprova a imensa versatilidade destas páginas, sempre acolhedoras às mais diversas correntes editoriais e de opinião. Cada momento da vida pública (geveniana ou não) tem seus temas mais pungentes, e a página em branco se insinua constantemente aos que tenham coragem, disciplina e espírito público para registrá-los. Como diziam os romanos, “Verba volant, scripta manent” [“as palavras voam, a escrita permanece”]. A experiência da atuação na Gazeta certamente é capaz de proporcionar aos alunos que dela façam parte, a valiosa vivência de escapar à auto-referência, à introspecção das opiniões e ao comodis-

mo de fugir do embate de idéias. Muito ao contrário, escrever implica expor-se. Implica a reflexão grave e profunda de como expor opiniões, fatos, apurações. Não queremos aqui, no entanto, ludibriar: por vezes hesitamos frente ao combate, à crítica e ao desafio enorme que consiste em reunir todas as características de uma boa publicação. Foram o engajamento, a motivação e a cooperação da equipe (fenômenos sempre tão caros à análise de administradores e economistas) que sustentaram este projeto e permitiram consolidar um período de trabalho para nós bastante prazeroso e produtivo. No nosso entender, portanto, é a existência ou ausência de membros engajados (para muito além de editores e presidentes), motivados e cooperativos, que determinarão a exuberância e relevância da Gazeta VarGas. O potencial existe e é enorme. Cabe aos gevenianos, atuais e vindouros, a tarefa instigante e prazerosa de aproveitar esta vaga de oportunidade e continuar este projeto. Como ex-alunos da FGV e ex-membros, já empenhados em outros projetos profissionais e de vida, podemos garantir-lhes: não se arrependerão.

Alípio Ferreira foi Editor-chefe da Gazeta entre 2009 e 2010 .

Rafael Heredia foi presidente da Gazeta entre 2009 e 2010

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Vida na FGV

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Novos métodos de ensino Michael Cerqueira Vitor Barbosa Yago Figueiredo

A

ulas expositivas, professores como centro das atenções e lousas cheias de matéria. Slides verborrágicos, documentários tediosos e conteúdos esquecidos minutos após a realização das provas. Se depender da EESP e da EDESP, essas realidades lastimáveis estão próximas do fim. A Escola de Economia de São Paulo vem, desde 2012, adotando um método de ensino que declara o fim das aulas tradicionais: o Problem Based Learning, conhecido como PBL. Inspirado em faculdades do exterior, como a Universidade de Maastricht (Holanda), a proposta do novo modelo é mudar o papel do aluno no aprendizado. Até pouco tempo atrás, a EESP fazia uso do padrão de aula tradicional: o professor abarrota a lousa com demonstrações, modelos, citações e exemplos e parte do principio de que tudo que foi dito em sala foi assimilado pelos ouvintes e poderá ser cobrado na prova. Entretanto, de acordo com a coordenadoria, sempre existiu a vontade de a Escola se diferenciar das concorrentes não somente pelo conteúdo abordado e pelo rigor acadêmico, mas também pelo próprio método de ensino. No PBL, tutoriais submetem os grupos de aproximadamente treze alunos a problemas específicos do conteúdo que estão estudando. Ao invés de receber a resposta de um professor, eles discutem entre si como acham que devem abordar a questão. Depois, vão para casa com o dever de elaborar respostas

e mostrar que dominam o conteúdo no próximo encontro. Para adaptar-se à nova realidade, o curso passou por uma enorme reestruturação. Na tentativa de valorizar mais as horas de estudo fora do ambiente escolar, considera-se um tempo de estudo em grupo como crédito nas disciplinas, diminuindo consideravelmente a carga horária presencial nas salas de aula. Os professores podem escolher dar, no máximo, uma aula por semana, mas a tendência é que cada vez mais as exposições sejam abandonadas, dando lugar somente aos tutoriais. As disciplinas oferecidas também mudaram: matérias desapareceram, foram criadas, tornaram-se trimestrais ou passaram a ser oferecidas em semestres diferentes. O próprio prédio da EESP passou por reformas físicas, sendo que as antes amplas salas de um dos andares foram dividas em outras menores. Para a coordenadora do curso de economia, Mayra Ivanoff Lora, o método traz muitos benefícios. Como é avaliado pelo tutor em todos os encontros, o aluno é obrigado a manter-se em dia com todas as matérias. Além disso, valoriza-se muito mais o tempo de dedicação dos estudantes fora da sala de aula, uma antiga demanda dos alunos. Outra consequência positiva é a preparação para situações da vida real e do mercado de trabalho, em que se enfrentam desafios, questionamentos e dúvidas, e as respostas têm que ser buscadas por conta própria. A recepção da novidade por parte dos alunos não foi homogênea. Para muitos, o método é benéfico: “Gosto do PBL porque ele me faz fixar a matéria melhor, me ensina a correr atrás, trabalhar com prazos, perder timidez e me permite maior flexibilidade para estudar outras

coisas, como mercado financeiro” diz Victor Hugo, aluno do segundo semestre que tem o curso integralmente em PBL. Para outros, entretanto, a novidade não é tão positiva. Sobretudo com conteúdos mais difíceis e cujos materiais didáticos são complexos, aprender sozinho ou com grupos de amigos pode ser uma tarefa muito mais complicada do que parece. Até hoje, disciplinas como econometria ainda não foram ensinadas em PBL, e pode ser um grande desafio aprender baseado somente no livro e discussões em grupo. Muitas vezes é mais proveitoso ter um educador que vá à lousa, comande de maneira inteligente e fluente o raciocínio e esteja presente na hora do aprendizado para perceber e esclarecer as dúvidas e dificuldades dos alunos. De qualquer maneira, há de se reconhecer que a crítica que o PBL faz ao método de ensino tradicional é válida. Acreditar que a aula em que o professor joga o conteúdo na lousa o papel do aluno se resume a copiar e absorver as informações disponíveis é a melhor maneira de aprendizagem é um grande erro, e diversos estudos apontam nessa direção. Questionar e transformar as posturas dos estudantes e seus docentes é uma mudança que já deveria ter sido feita há muito tempo. Talvez o perigo do PBL seja apostar todas as suas fichas no extremo oposto. Se antes o aluno era completamente passivo e tinha a clara função de engolir um conteúdo já pronto, agora se termina de vez com qualquer resquício desse papel e admite-se que todo o conhecimento deve ser buscado por conta própria, com estudos em grupo e individual, guiados pelos problemas e pelos tutores. Para isso, assume-se que o aprendizado individual - ou coletivo, dado o importante papel de grupos nesse processo -, ainda que guiado pela escola, é um método sem erros e sem gargalos, o que dificilmente mostra-se verdade.

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Vida na FGV

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Nos ares da Rua Rocha, por outro lado, a Direito GV também percebeu as falhas do ensino tradicional e tem implementado com relativo sucesso o método participativo de ensino. Dentre as técnicas utilizadas, merece destaque a conhecida como “diálogo socrático”. O nome faz referência ao filósofo Sócrates, do século V a.C., cuja metodologia pedagógica ficou famosa por responder às perguntas dos estudantes com mais perguntas. Para o século XXI, algumas alterações foram feitas, mas a essência prevalece: ceder aos alunos o papel de protagonista das aulas. Diferentemente do PBL da EESP, ainda existem bastante aulas, mas com suas dinâmicas radicalmente destoantes do sistema meramente expositivo. Um ponto em comum, todavia, é que o conhecimento é visto e construído como um processo. O professor José Garcez Ghirardi, coordenador da metodologia socrática na EDESP, explica a estratégia em seu livro O instante do encontro: questões fundamentais para o ensino jurídico: “Ela difere dos métodos tradicionais de apresentação porque não estabelece o conceito como um ponto de partida, mas como um ponto de chegada e porque conduz o diálogo com os alunos de modo a propiciar uma construção coletiva (e não individual) e crítica (não-passiva) dos conceitos.” Segundo Garcez, os professores abraçaram muito bem a ideia e animam-se na medida em que percebem que o potencial dos alunos é mais explorado que anteriormente. Além disso, a metodologia pode ser vista como uma resposta da FGV à quantidade cada vez mais impressionante de cursos de direito abertos no Brasil. Nesse contexto, é fundamental se diferenciar, e o método de ensino tem papel central nessa questão. Garcez alerta: “Infelizmente, boa parte do ensino

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superior no Brasil arrisca se tornar meramente certificatório, mas não genuinamente formativo”. Entre os alunos a aceitação também é boa, apesar de o método exigir mais dedicação. O empenho deve ser constante e os desafios são recorrentes, mas os ganhos são facilmente reconhecíveis. O papel mais central dos estudantes garante maior desenvoltura e aperfeiçoamento das habilidades de comunicação, características fundamentais para o profissional do direito. Além disso, construir o aprendizado e entender com mais esfericidade os conceitos acadêmicos qualifica o pensar em detrimento do decorar, o que é sem dúvida um ganho com relação aos processos tradicionais. Ainda outro método participativo adotado pela Direito GV é o role play. Como o nome indica, nesse molde os estudantes interpretam papéis a fim de defender pontos de vista específicos. A argumentação em favor de posicionamentos que não necessariamente coincidem com os dos alunos enriquece enormemente o aprendizado; afinal, passa-se a compreender melhor dois ou mais lados de uma mesma questão. Balizados por estas ideias, os professores simulam júris e travam verdadeiros duelos de argumentos baseados em acontecimentos reais, o que aproxima os alunos do que é encontrado na prática das profissões que englobam o direito. Na EAESP, somente o curso de Administração Pública se interessou pela alteração nos tipos de aula. A coordenadoria implementou o PBL para a disciplina de microeconomia para os alunos do quarto semestre, e as premissas são as mesmas da EESP. Por parte dos alunos, há a ressalva de que os horários das outras matérias - ministradas pela metodologia tradicional - não são compatíveis com o modelo que

exige mais tempo de estudo fora de sala de aula. Por fim, é curioso notar o gritante contraste entre as Escolas da FGV. Enquanto a EESP e a EDESP percebem as falhas do método tradicional e tentam corrigi-las, grande parte da EAESP insiste no modelo expositivo e muitas vezes maçante, exemplificado iconicamente nas aulas de quatro horas. Os professores não gostam, os alunos se cansam e não faltam estudos para comprovar a ineficiência desse processo. Não obstante a esses fatores, os departamentos que defendem as longas e retrógradas exposições mostram-se extremamente inflexíveis e fechados ao diálogo. Colocam, dessa maneira, o aprendizado e o interesse do aluno em segundo plano; em favor de outras prioridades obscuras e altamente questionáveis.


Política

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O Cenário Político Brasileiro de 2013 Brauner Cruz Michael Cerqueira Reginaldo Gonçalves Yago Figueiredo

O

ano de 2013 foi bastante agitado em termos políticos no Brasil. Apesar de não ser ano eleitoral, as manifestações de junho, a discussão sobre a sucessão presidencial, as implicações dos escândalos de corrupção e as políticas públicas como o “Mais Médicos” vêm agitando os mais diferentes espectros da política brasileira. Para tentar compreender esse turbilhão de acontecimentos, a GAZETA convidou o Professor Doutor Fernando Abrucio, coordenador do curso de Administração Pública da FGV, para falar sobre as direções e alguns dos significados dos diferentes acontecimentos Brasil afora.

Manifestações e seus legados As Jornadas de Junho sem dúvida foram um dos eventos que mais chamou a atenção do brasileiro em 2013. Com protestos gigantescos em todas as regiões do Brasil, pouco ainda se sabe explicar sobre as origens e as consequências desses eventos para o cenário político nacional. No mínimo, as manifestações serviram para trazer à tona a insatisfação da população que vê uma classe política completamente distante da sociedade, quase como se Brasília levasse uma

vida à parte. Abrucio destaca que o político que mais sofreu com a pressão da sociedade foi o Governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. Apesar de ter desenvolvido uma gestão marcada por avanços e mudanças importantes nas áreas de Segurança Pública, Educação e Saúde, Cabral tem tido uma postura pública desastrosa. O Governador encontrou dificuldades para dialogar com os manifestantes em junho e nas demais manifestações que se desdobram até hoje, além de ter acumulado episódios como o das fotos do “jantar dos guardanapos” e o do uso do helicóptero do Governo pelos seus familiares.

Copa do Mundo é diferente. As pessoas vão estar envolvidas emocionalmente de modo diferente. Outro ponto evidenciado pelas manifestações é que a vida do brasileiro melhorou, mas ele quer mais, e esse “mais” está relacionado à demanda pela melhoria dos serviços públicos. Apesar do aumento na renda média e de muitos brasileiros estarem entrando no mundo do consumo, a eficiência e a qualidade desse mundo do consumo definem o padrão que o cidadão espera para os serviços públicos. Ainda assim, mesmo com o aparente apoio da sociedade às manifestações, deve-se levar em conta que o povo que estava nas ruas não traça necessariamente uma imagem exata da sociedade

brasileira e suas demandas. O grupo que participou dos protestos era composto majoritariamente por jovens universitários e secundaristas. “Essas pessoas estão estudando cada vez mais e vão ter um grau de expectativa sobre mercado de trabalho, sobre o mundo produtivo, maior do que as gerações anteriores”, diz o professor. Sendo assim, a demanda desses jovens só tende a crescer, o que exigirá uma melhor comunicação dos políticos com esse grupo e políticas públicas mais eficientes.

Impacto dos casos de corrupção Questionado sobre o impacto dos casos e escândalos de corrupção que estiveram em foco na mídia esse ano, como a questão dos embargos infringentes do mensalão e o caso do propinoduto tucano nas obras do metrô paulista, Abrucio reconhece que até exista algum impacto, mas ele é pequeno porque a sociedade acaba generalizando a corrupção com a revelação de tantos casos com partidos diferentes. “As pessoas dizem que no fundo todo mundo faz a corrupção. Se você pega qualitativa que fala do mensalão do PT, aí chega alguém e fala ‘ah, mas tem o mensalão tucano’, outro ‘ah, tem o mensalão do DEM’.” Se o caso de corrupção for recente em relação às eleições e envolver um grande prejuízo aos serviços de saúde, por exemplo, aí sim tem chances de mudar bastante o quadro eleitoral e haver migração de votos. Fora isso, os escândalos não tendem a ter muito efeito, porque a população generaliza a corrupção à classe política como um todo. Acaba-se prestando atenção, então, nos candidatos que melhor atendem às respectivas demandas dos eleitores. Além disso, para o professor, a redução das eleições a “um ficar apontando o dedo pro outro” empobrece o debate eleitoral. “É preciso discutir o que leva à corrupção, quais são os tipos de corrupção, instrumentos de combate à corrupção [...] Se o

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Política

Gazeta VarGas

Brasil fosse uma cleptocracia, não tinha reduzido a desigualdade. Se o Brasil fosse uma cleptocracia, não teria recebido, nos últimos vinte anos, o aporte de capital estrangeiro que se tem. Acho que tem que ter um equilíbrio maior nesse debate, que está muito desvirtuado.”

Eleições Estaduais de 2014 Após as manifestações, muitos governadores viram os índices de aprovação de seus governos caírem, assim como a intenção de votos para 2014. Entretanto, Abrucio não vê grandes mudanças nos quadros estaduais ou alterações na quantidade de reeleições se comparadas à média dos últimos anos. No máximo, haverá mais disputas sendo levadas ao segundo turno. “Nenhum dos governadores no Sudeste e no Sul, por exemplo, pode ser considerado ‘carta fora do baralho’ no ponto de vista eleitoral.” Isso vale, inclusive, para o mal avaliado Sérgio Cabral, que tenta emplacar a candidatura de seu vice, Luiz Fernando Pezão. No Rio de Janeiro, o fato de nenhum dos prováveis candidatos passarem da casa dos 18% das intenções e alguns terem ocupados cargos públicos com baixa aprovação, como o ex-governador Anthony Garotinho (PR) e o ex-prefeito da capital, Cesar Maia (DEM), pode permitir que Pezão vença as eleições. Devem concorrer também o senador e ex-prefeito de Nova Iguaçu, Lindbergh Farias (PT), que é o primeiro nas intenções de voto, e o deputado federal Romário (PSB). Os 5 pré-candidatos estão muito próximos nas pesquisas. Pensando na disputa para a cadeira do Palácio dos Bandeirantes, a ideia de que Geraldo Alckmin do PSDB seja favorito é clara. Com amplo apoio no interior da cidade e com uma forte estrutura partidária, outros candidatos terão dificuldade para enfrentá-lo. O esforço do governo federal em promover a imagem de Alexandre Padilha,

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ministro da Saúde, é visível. O programa Mais Médicos será certamente um dos carros-chefes da campanha de 2014 e mesmo com um cabo eleitoral poderoso como Lula será preciso bastante esforço para convencer o eleitor médio paulista a votar no Partido dos Trabalhadores. Além disso, Paulo Skaf deve voltar para a disputa fortalecido com o último pleito e com um discurso de meritocracia e eficiência que agrada ao eleitor paulista, sobretudo após as diversas denúncias de corrupção por parte do governo do PSDB nas licitações do metrô.

Eleições Federais de 2014 Por fim, a sucessão presidencial não deixa de ser um dos assuntos mais importantes do ano. Pesquisas indicam que se as eleições fossem esse ano, Dilma ganharia já no primeiro turno. Todavia, segundo Abrucio, o mais provável é que as eleições se estendam até um segundo turno, com Dilma ainda favorita ao pleito. O trabalho de Aécio Neves à frente do PSDB está apenas começando e tende a aumentar a aceitação do partido até às eleições, principalmente se continuar insistindo na ideia de que a inflação está alta e a economia está descontrolada. Ainda, a chapa do PSB Eduardo Campos-Marina Silva tem os ingredientes necessários para atrapalhar bastante a vida do PT e seus simpatizantes. Fatores como a Copa do Mundo FIFA e potenciais manifestações podem parecer influenciar nas urnas de 2014, mas Abrucio diz que essa possibilidade não é tão provável: “Copa do Mundo é diferente. As pessoas vão estar envolvidas emocionalmente de modo diferente. Próximo à Copa do Mundo, vai ter uma aprovação maior com relação ao evento.” Além disso, Abrucio acredita que as manifestações não têm poder de deslocar votos em massa para candidatos específicos. Isso porque, quando analisadas com mais especificidade, as demandas dos manifestantes são

muito heterogêneas: “na hora das eleições, aqueles que estavam um ao lado do outro vão estar em lados diferentes. Alguns vão estar com a situação, outros com a oposição.” A despeito disso, Dilma vem de um período com crescimento tímido da economia e alguns momentos de índices moderadamente desfavoráveis, como a inflação e o preço do dólar. Mesmo assim, mantém a aprovação relativamente alta, perto dos 38%. Esse número contrasta com os dados anteriores às Jornadas de Junho, época em que a aprovação do governo chegava em 55%. Um mês depois, esse número caiu para 31% mas vem subindo lentamente desde então. Do lado da oposição, Aécio pode esperar o voto do tradicional eleitor PSDBista, mas isso não será suficiente sequer para assustar Dilma. Se quiserem chances reais de vitória, os tucanos terão que desenvolver uma campanha que atraia eleitores do PT e da Marina, o que é um trabalho difícil. Quando se pensa no PSB, ainda há indefinições quanto aos cargos. Apesar de o partido parecer decidido sobre Eduardo Campos sair para presidente, as pesquisas indicam que Marina teria quase o dobro de votos nessa mesma posição, com cerca de 21% das intenções. Por hora, em qualquer cenário Dilma parece ainda levar vantagem. Contudo, as campanhas não começaram oficialmente e muito pode acontecer. A história nos ensinou a não confiar cegamente em pesquisas, e previsões mais exatas só poderão ser feitas mais perto da eleição.


Espaço Aberto: Cartas

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História Relembrada Brauner Cruz

O

texto que será exposto foi escrito pelo ex-professor e ex-diretor da EAESP, Michael Paul Zeitlin, e faz referência a um artigo de outra edição da Gazeta VarGas, conforme ele mesmo explicita. Na época em que tal artigo foi publicado (escrito pelos redatores Alípio Ferreira, Erica Miyamura e Flavio Lima), a intenção da edição 85 era resgatar um momento histórico da FGV-SP, que foi a demissão de 18 professores de forma pouco esclarecida – e, pra muitos, pouco democrática - no ano de 2006. Assim, procurava-se debater se tal caso repercutia na época (agosto de 2010), e com isso inserir o aluno no processo político da FGV, ressaltando a importância que tem rememorar os fatos para incentivar a saída de uma resignação e indiferença por parte dos alunos, segundo os termos que o próprio artigo coloca. Todo esse episódio das demissões foi narrado no fervor dos acontecimentos em outra edição, a 62 da Gazeta VarGas, que inclusive contou com outro artigo do Professor Zeitlin sendo contrário ao modo como as demissões foram conduzidas. Posteriormente o próprio professor foi também dispensado, após uma declaração na Folha de S. Paulo questionando o ocorrido. Em 2008, foi reintegrado à EAESP e, em 2013, concordou em se aposentar. Só agora também venceu o processo judicial, em todas as instâncias, que havia dado entrada quando foi demitido sobre as circunstâncias postas. O que será exposto abaixo, e a própria reinclusão do tema em outra edição, evidencia o quão importante é que se debatam tais acontecimentos, conforme o texto da edição 85

coloca. É importante, pois suscita debates sobre a governança corporativa entre os docentes e funcionários e ao mesmo tempo inclui os discentes no processo político da FGV, para ir além dos 4 anos que ficarão pela FGV, revivendo momentos históricos de fundamental relevância para a transformação do ambiente em que estuda.

GOVERNANÇA CORPORATIVA NA FGV Michael Paul Zeitlin

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efiro-me ao artigo “Getulitarismo e Crítica”, publicado em sua edição N. 85 de Agosto de 2010. A primeira versão deste comentário foi redigida na ocasião; considerações familiares me alertaram para o fato de que havia Ação Trabalhista em curso na Justiça do Trabalho e que eu não deveria dar oportunidade aos advogados da FGV para procrastinarem ainda mais o curso da ação. A versão final beneficia-se de poder mencionar fatos posteriores a seu artigo. Acredito que a iniciativa de voltar a debater o assunto (demissão de professores de carreira) é louvável e merece contribuição. Assim, procuro trazer algumas considerações para estimular o debate na comunidade da GV. Esclareço que minha participação, e meu conhecimento, referem-se exclusivamente às demissões ocorridas na EAESP. O artigo da edição referida cita um possível “trade off” entre democracia e eficiência na gestão de organizações, quando menciona a carta

do Prof. Luís Carlos Bresser Pereira para a professora Maria Rita Loureiro. Acredito que qualquer pessoa razoável endossaria a finalidade do processo de reformulação da governança, qual seja conseguir maior eficiência na gestão da Escola. Há, no entanto, várias maneiras para se conseguir realizar este passo; pela truculência ou pela competência na negociação com parceiros. Uma consideração importante refere-se ao uso errôneo da palavra democracia ao descrever nosso antigo sistema de Governança. Não havia democracia, no sentido que damos ao termo, o que havia era o respeito a um conjunto de regras e normas, aprovadas pela Mantenedora e pelo MEC, que permitiram a construção de uma instituição respeitada internacionalmente, para não dizer líder no país. A um conjunto de normas e regras que regulam o funcionamento de uma organização dá-se o nome de Governança Corporativa. Sabemos hoje, pelos documentos enviados ao MEC e apresentados em vários processos trabalhistas, que o argumento central da defesa da alta direção da FGV para alterar regras estabelecidas na EAESP é o de que estas regras foram estabelecidas por procuração outorgada pela alta direção. Quem outorga procuração pode revogá-la e criar novos mecanismos administrativos. Concordo com a primeira parte do argumento, mas faço a ressalva de que para alterar regras existentes é preciso respeitar os contratos assinados em nome da FGV por quem detinha procuração válida. Não se rasgam contratos por que há uma nova conveniência, não é isto que ensinamos aos nossos alunos! Entre os contratos assinados com procuração da FGV estão os contratos trabalhistas que mencionam explicitamente a obediência das partes ao Regimento Interno

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Gazeta VarGas

da EAESP, que, portanto passa a fazer parte do Contrato de Trabalho. Há também 50 anos de usos e costumes no tratamento desta questão, com todas suas consequências. Deve ter sido por esta razão que membro do Conselho Diretor da FGV alertou o Presidente que ao fazer as mudanças que pretendia deveria apoiar-se em excelentes advogados. Não foi o que ocorreu. De fato, no Processo N. 01452006120075020018 a FGV não só perdeu, por unanimidade, em todas as instâncias - 18ª. Vara do Trabalho de São Paulo, TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO, na turma designada do TST, na Câmara de Dissídios Individuais, e no plenário do TST – como foi multada duas (2) vezes: em 20% sobre o valor da causa no TRT quando foi considerada “litigante de má fé” e em 5% no TST que considerou seu recurso mera medida procrastinadora. A FGV não merecia tal sorte. Quem será responsabilizado por este desastre? Quem pagará pelos custos incorridos? Afinal de contas os recursos da FGV são finitos. Para dar uma ideia, mesmo que aproximada, do montante total, informo que a FGV teve que depositar ao final da ação quantia de R$ 1,25 milhões de reais – dividida entre a Receita Federal, meus advogados e eu próprio, quantia 5 vezes maior do que o pagamento que fez em acordo amigável comigo quando concordei em me aposentar, e que seguiu os parâmetros de outros professores idosos. Ora, o relato é referente a um processo, o meu, há que se considerar que há um número razoável de outros processos que tramitam mais lentamente, pois os professores que figuram no polo ativo destas causas não contam com o beneficio a mim conferido por ser mais idoso do que 65 anos por ocasião do inicio da ação. Alguma explicação transparente deverá ser ofereci-

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Espaço Aberto: Cartas da a toda comunidade interessada na FGV. Por qual razão é mantido como prestador de serviço o escritório de advocacia que perpetrou estes horrores? Como não há explicação, abundam os boatos! Isto, no entanto, são águas passadas. Convém olhar para frente. Acidentes de percurso ocorrem e depois de efetuar os consertos necessários há que se aproveitar o ocorrido para melhorar o comportamento. A FGV sempre se orgulhou dos ensinamentos que oferecia e ostentava um comportamento ético em sua administração que servia de modelo às empresas e executivos do país. É preciso resgatar esta tradição. Comecemos pela convocação da Assembleia Geral da instituição. Esta organização cai no caso que os estudiosos de Governança Corporativa chamam de “poder difuso”; não tem dono, no sentido de que não há membro da Assembleia Geral que controle mais de 50% dos votos. Muitas empresas de capital aberto no exterior se enquadram nesta categoria. Nestas há sempre o risco da Administração no exercício de suas atribuições usurpar o poder que cabe à Assembleia Geral. Quando se deseja evitar tal fato, criam-se mecanismos específicos para garantir total transparência. Assembleias que são transmitidas por vídeo conferência, votação eletrônica acessível a todos os membros da Assembleia Geral, prazo definido para candidatos aos cargos de Conselheiro poderem se inscrever, busca incessante em se conseguir diversidade no Conselho Superior, qualificações mínimas para poder ser candidato e assim por diante. Não sou especialista no assunto, mas viajei em Jornadas Técnicas do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, para Estocolmo, Helsinque, e Sydney, e pude observar os mecanismos ado-

tados por algumas empresas que prezam estes valores. O IBGC adota algumas destas práticas e pode ser fonte de inspiração para uma instituição atrasada neste quesito. Há outras questões além das demissões e da forma de escolher seus dirigentes que também merecem vir à luz do dia. Comenta-se que entre diretores das instituições autorizadas a funcionar com a marca FGV há diretores da própria FGV. Há dispositivo interno que expressamente proíba este conflito de interesses? No próximo ano, 2014, a EAESP completará 60 anos. Durante as festividades, conferências, seminários que certamente serão organizados, seria interessante programar um debate entre representantes de várias correntes de pensamento para debater a Governança da FGV. Um aumento significativo na Transparência e na Responsabilização (“accountability”) só poderá fazer bem a todos envolvidos. O sol é o melhor inseticida contra práticas duvidosas.

Michael Paul Zeitlin é exprofessor da EAESP/FGV (1970 a 2013); foi Diretor da EAESP/ FGV (1991 a 1995); ex-aluno emérito da EAESP-FGV; membro da Assembleia Geral da FGV; foi Secretário de Transportes do Governo de São Paulo – gestão Mário Covas (1997 a 2002). Atualmente é empresário.


Contas do DA

Gazeta VarGas gazetavargas@gvmail.br

Contas do DA Marco Pepe Yago Figueiredo

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m uma tentativa de aproximar o aluno do DAGV e mantendo em vista ideais como transparência e accountability, a GAZETA traz as prestações de contas feitas pelo Diretório ao último Conselho Fiscal.

As movimentações são relativas a Julho e Agosto de 2013, e é importante mencionar que os respectivos comprovantes das transações também foram devidamente apresentados e verificados pela nossa equipe.

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Entrevista: Ex-alunos

GAZETA VARGAS

Netshow.me: um projeto inovador Brauner Cruz

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s ex-alunos de Administração de Empresas Rafael Belmonte e Daniel Arcoverde mal se formaram e já deram início a um projeto de start-up que promete inovar a divulgação da música nacional, além de abrir um meio de comunicação entre os fãs e seus artistas. Trata-se da plataforma de shows online NetShow.me, exemplo a ser seguido pelos alunos que têm aspirações empreendedoras.

O NetShow.me é um site que oferece a experiência de vivenciar um show de forma interativa - os artistas criam apresentações de 15 a 40 minutos no site sem gastar nada, e os internautas interessados pagam um preço estipulado pelos próprios músicos para assistir. Durante a apresentação, os fãs podem também dar “gorjetas” aos artistas, que retribuem com CDs autografados, menções ao vivo ou até músicas dedicadas. Hoje a forma de pagamento das moedas é através de cartão de crédito; mas, em breve, boleto bancário, cartão de débito e até pagamento via SMS poderão ser aceitos. Apesar de o projeto estar pronto e funcionando, muitas dificuldades foram superadas e muito conhecimento foi acumulado pelos dois empreendedores, que eram de turmas diferentes e só se conheceram quando foram trabalhar num mesmo fundo de investimentos. Ambos mexiam com private, mas sentiam vontade de se envolver com public equity: “A gente queria fugir um pouco do padrão GV, de mercado

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financeiro, mesmo estando dentro do próprio mercado financeiro.” Os primeiros esboços do projeto do Netshow.me surgiram quando Daniel leu que Sean Parker, co-fundador do Napster e um dos primeiros investidores do Facebook, havia montado uma empresa de música que fazia transmissão de shows ao vivo. A partir disso, a dupla percebeu a viabilidade de algo parecido no Brasil, tamanhas são a pluralidade e a quantidade de bandas e artistas independentes no cenário nacional. Montaram então um plano de negócios, um modelo de plataforma e discutiram possíveis aprimoramentos - o mais significante foi o modelo interativo de base pay per view. Apresentaram o produto final como trabalho da disciplina de Administração da Tecnologia da Informação, e a nota dez que conquistaram os motivou a buscar a concretização da ideia. Procuraram um desenvolvedor que cuidasse da parte de TI, montaram a sociedade e então cometeram aquilo que consideram um primeiro erro: dividiram a empresa igualmente em três partes. Para os futuros investidores, aquilo poderia diluir a gestão e causar problemas na administração do negócio. Mesmo assim, continuaram a parceria, apresentaram o projeto como TCC e se formaram. Saíram do fundo de investimentos, montaram um escritório da empresa no Tatuapé e finalmente puderam focar no empreendimento. A estratégia, segundo Rafael, era “dar dois passos pra trás para dar dez pra frente”. Compraram a participação do terceiro sócio e montaram um time de alta qualidade, mas de modo a manter o controle da empresa. Enfrentaram alguns problemas com o desenvolvimento técnico da plataforma, mas três

meses e meio depois o projeto estava concluído. Todas as etapas envolveram consultas a bandas, músicos, fãs e gente com experiência em start-ups que fornecesse uma base boa dos elementos que a plataforma deveria ter. Segundo Daniel, “muitas vezes, querem colocar no mercado um software que faz até café. Mas aí você percebe que aquilo tá muito robusto, tem muitas ferramentas, e o problema que o produto resolve talvez tenha coisas a mais do que o usuário necessita. Por isso a importância de haver um feedback dos usuários.” Atualmente, a dupla segue otimista: “a cultura do Brasil está mudando, as pessoas estão mais colaborativas, inspirando-se no modelo de crowdfunding. O próprio catar.se foi um projeto que surgiu na FGV e foi modelo de inspiração pra criar os modelos de recompensa colaborativos do Netshow.me”. Foi na crença de que esse projeto inovador um dia funcionaria que Rafael e Daniel o levaram até o fim, mesmo com os erros e percalços que uma start-up naturalmente enfrenta. Hoje, com tudo concretizado, eles estudam novas formas de aprimorar a plataforma, de modo a acumular mais elementos positivos de acordo com o feedback que têm dos usuários. Como a dupla sintetizou, “empreender é um carrinho de montanha russa: “sucessos e decepções acontecem a todo o momento. Mas, se você tem uma imagem clara daquilo que você quer alcançar, por que fazer outra coisa que não te faça ir por aquele caminho?”


Crônica

Gazeta VarGas gazetavargas@gvmail.br

Que caos é esse? Tô em Sampa, uai Daniel Cordeiro

Q

uando coloquei meu pé pela primeira vez em São Paulo, sabia que estava começando uma nova história e que, de forma estranha, já me sentia em casa. Descer do ônibus que vinha do lindo interior de Minas Gerais e avistar o pequeno caos que é o movimento incessante de pessoas na Rodoviária do Tietê foi como um alarme que disparou na minha cabeça: “Acorde! Você está em Sampa!”. Me senti desorientado, como já era de se esperar, na hora de procurar o metrô. E pasme quem nunca foi à Rodoviária do Tietê: as placas de direção são mal posicionadas e você vai se perder se tentar se guiar apenas por elas. Nessa hora, a melhor solução é pedir informação pra alguma pessoa que esteja com uma expressão facial mais ou menos amigável e que conheça mais do local que você. Ou faça como eu fiz e ligue pra sua mãe quase chorando e dizendo que não sabe o que fazer e quer voltar pra casa, afinal você tem que se mostrar uma pessoa independente. Depois da grande busca pelo tal “rosto amigável”, consegui as informações e fui a caminho do metrô. Essa talvez tenha sido uma das experiências mais humilhantes da minha vida; pois, como nunca tinha usado essa modernidade das capitais, acabei fazendo sinal para que o trem parasse e chamei a atenção de alguns usuários que, como bons paulistanos, acostumaram-se a não demonstrar emoções e sempre estarem com pressa, mas que não se aguentaram e começaram a rir de mim. Entrei no trem desconcertado e imaginei o carinha do trem rindo e dizendo: “Próxima estação: Daniel volte pra Minas

e pras suas carroças”. Um pouco antes da minha estação, fiz questão de completar o meu ritual pessoal de iniciação e questionei uma senhora asiática, aparentemente simpática, sobre uma dúvida minha: - Com licença, moça (tudo é uma questão de bajular), onde aperto para o trem parar? – A velha não se aguentou, riu asiaticamente na minha cara e disse: - Olha quelidinho, não plecisa apertar nada não! O tlem pala sozinho, né?

E, se pensarmos bem, Sampa foi feita pra transpirar, mais do que para respirar. Após a demonstração de bondade da idosa, pensava por que diabos eu fiz tal questionamento. Talvez por minha insegurança natural, que me levou a pensar que existia um lugar escondido, onde as pessoas pressionavam um botão e faziam o trem parar nas estações passadas, ao invés de parar sozinho. Quando cheguei à minha estação, senti-me muito aliviado por ter percorrido aquele trajeto sem ter sido assaltado ou sofrido um latrocínio, como nos programas de notícia extremamente conceituados que minha vó assiste. A estação Anhangabaú me presenteou com uma imagem que avistei diversas outras vezes no meu cotidiano em Sampa: um amontoado de lixo con-

siderável do lado da saída do metrô. Em São Paulo, aprendi a banalizar coisas que um dia foram um absurdo pra mim. Hoje passo do lado de um mendigo sabendo que ele está ali e não me preocupo com a situação deplorável em que ele está, mas sim em prender a minha respiração para não sentir o seu odor e não chamar sua atenção com medo de que ele arranque o celular da minha mão. Em São Paulo também aprendi coisas interessantes, e a mais importante delas pra mim foi a capacidade de perceber a loucura e complexidade da sociedade em que vivemos. Com apenas dois meses vivendo aqui, internalizei aquela pressa coletiva e também absorvi aquela expressão de indiferença. Pra mim Sampa sempre vai ser uma “confusão”, mas ainda quero entender se ela foi uma cidade que deu errado como todos dizem, ou se ela deu certo segundo as perspectivas de algumas pessoas que só queriam construir um lugar que respirasse e transpirasse produção. E, se pensarmos bem, Sampa foi feita pra transpirar, mais do que pra respirar. O maior questionamento acerca da minha nova cidade sempre será: por que, apesar de toda essa bagunça, eu continuo maravilhado, como na primeira vez em que vi aquele cartão postal da Avenida Paulista com todos aqueles carros, pessoas apressadas e com o MASP imponente ao fundo? Espero um dia encontrar a resposta.

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Mundo Cultural

Gazeta VarGas

Crítica: Le Capital Daniel Cordeiro Marco Pepe

O

longa “Le Capital” (O Capital), dirigido pelo cineasta grego Costa-Gavras, também diretor dos filmes “O Quarto Poder”, “Z” e “O Corte”, é uma obra que impressiona por conseguir atrelar, de alguma maneira, conteúdo crítico com uma trama cheia de suspense. O filme conta a história de Marc Tourneil (Gad Elmaleh) e sua repentina chegada à presidência do Banco Phenix, um dos maiores da Europa, devido ao adoecimento do antigo presidente. Marc desconfia que o cargo lhe tenha sido entregue apenas como parte de um plano maior dos outros executivos, com o intuito de manipulá-lo. Diante da oportunidade em suas mãos, Marc se mobiliza para tentar aumentar tanto seu tempo de permanência na presidência quanto a eficiência da empresa. Motivado por uma demanda intransigente dos acionistas e tendo em vista também seu bonus pessoal, uma das primeiras decisões tomadas por Marc é instituir um plano de demissões no banco. A decisão atingiria milhares de pessoas, a fim de elevar o valor das ações do Phenix e assim “fortalecer o banco garantindo a permanência de muito mais empregos”. As relações pessoais de Marc sempre se mostram em conflito com seu trabalho, seja com seus familiares, com quem sempre discute em virtude de suas ambições mas raramente vê; seja com Nassim (Liya Kebede), uma modelo belíssima por quem se torna possesivo. A estrutura conflituosa cerca o protagonista de escolhas e contradições, mostrando o lado humano de uma perso-

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nagem que alegoriza diferentes tipos de pessoas. O diretor faz o máximo para retratar tudo de maneira fria e sem se posicionar como delator, mas sempre mostrando como as coisas realmente são e como a ambição pode influenciar a vida de tantas pessoas. O filme distancia-se da visão de que o sistema seria uma entidade perversa e manipuladora, partindo do mesmo pressuposto que filmes como Tropa de Elite 2 trazem como desfecho. Isto é, os indivíduos, e não o sistema, são os verdadeiros agentes de mundaça social e economica. “Le Capital” tece uma narrativa onde o protagonista detém total livre-arbítrio em suas decisões, e são estas decisões que constroem sua estória. Sobre este fundamento, Costa-Gravas cria um protagonista dinâmico, mas livre, capaz e consciente, expondo suas escolhas ao espectador. Os dilemas de Marc, projetados aos espectadores, não se limitam a um maniqueísmo moral, embora o pareça. Ele depara-se sempre com mais de duas escolhas, não se limitando a “certo” e “errado”. A questão ética, entretanto, é notória, e o diretor a utiliza para provocar os espectadores; motivando-nos, eventualmente, a desejar que Marc opte por algo anti-ético. Em muitas de suas escolhas, Marc deve decidir entre o próprio egoísmo, o egoísmo dos outros (o mercado), e o altruísmo. A trama

demonstra como esse ambiente é ordenado pelo individualismo extremado, em que é necessário tomar proveito da fraqueza de tudo e todos ao seu redor para se beneficiar e sobreviver crescer. Fatalmente, as escolhas feitas pelo protagonista, expostas a nós, espectadores, definem o mundo em que ele vive. Diferentemente do que se possa esperar, a ética nas escolhas não é acompanhada por um karma recompensante ou moralizante, o que elimina certo romantismo da obra. À medida em que o protagonista opta por seguir sua ambição não ocorre um deterioramento de sua situação, pelo contrário. É justamente este sentido de continuidade que motiva o estopim da obra, em seu último momento, provocando o espectador e trazendo-o de volta à realidade com uma tela preta súbita seguida dos créditos.


Crônica

Gazeta VarGas gazetavargas@gvmail.br

A maldita barrinha piscante do word Vitor Barbosa

A

escrita de um texto jornalístico é, quase sempre, um grande desafio. Desde que entrei para a Gazeta (e mesmo antes, quando escrevia em um blog) todas as vezes que me vi diante de uma folha de papel me deparei com a grande questão: como abordar um assunto? Como sair do óbvio? Como fazer um texto capaz de convidar alguém a refletir sobre algo? Seja racional ou não, parece natural do ser humano simplificar as coisas. Sempre que nos vemos diante de uma questão social – seja ela o Bolsa Família, as cotas, o casamento gay, a tarifa do ônibus, as manifestações pacíficas ou violentas, nosso sistema político, o Lula, o STF e por aí vai – sinto que quase todos sofremos de uma tendência imediata em nos posicionar sem pensar muito, seja segundo alguns princípios que aplicamos automaticamente ou seja na tentativa de seguir a opinião de pessoas que consideramos (ou, até mesmo, embora muitos irão dizer que não, adotar as opiniões que os outros julguem mais normais). Na falta de conhecimento sobre o assunto, muitas vezes aplicamos valores de forma insensata, ou replicamos opiniões sem pararmos para pensar nelas – o que numa democracia é extremamente prejudicial. Isto, claro, a parte de uma tendência de uma parcela considerável de nossa juventude em simplesmente tratar questões sociais e políticas com certo distanciamento. Tenho certeza que em muitas rodas de amigos, mesmo da FGV, as pautas citadas acima passam longe dos assuntos comuns. Eu mesmo tenho inúmeros amigos com quem

jamais pensaria em discutir assuntos como o casamento gay, porque só causaria estranheza. Tomando o cuidado de não generalizar, nasce outro desafio: como, dentro de um texto, convidar este leitor mais distanciado destes importantes questionamentos da nossa sociedade à reflexão? E talvez o terceiro grande desafio esteja na fronteira entre a exposição do debate e a exposição do seu próprio argumento enquanto escritor. Não acredito no jornalismo imparcial, e nem objetivo a busca dele. Então torna-se necessário o equilíbrio do texto entre a exposição de diferentes argumentos com o convite a reflexão e, ao mesmo tempo, a defesa daquilo que você acredita estar certo. Este equilíbrio nem sempre é facilmente alcançado. Juntos, estes três desafios por muitas vezes já fizeram com que eu perdesse valiosas horas de maneira improdutiva, observando o piscar irritante e desesperador da maldita barrinha do word em uma folha que continha incríveis 12 caracteres(o meu nome) – a única coisa que eu tenho certeza que estará no texto de início. Enquanto estudantes, não somos preparados para isto. As perguntas de nossas provas tem respostas concretas e caminhos certos para chegar nelas; um texto tem infinitas possibilidades, todas imperfeitas. Como escrever linhas capazes de serem convidativas à reflexão mesmo para pessoas mais distantes do assunto? Que consigam expor meu argumento e não tentem ficar em cima do muro, sem, contudo, que isto prejudique a própria proposição do debate e abordagem ao tema? E que sejam capazes de sair do senso comum e mostrar aos lei-

tores a complexidade que está por trás dos assuntos, escondida muitas vezes por um discurso superficial repetido de maneira incessante na sociedade? E como fazer tudo isto ao mesmo tempo (em 4500 caracteres para caber mais ou menos certinho na página da revista)? Falando aqui por mim, e não pela Gazeta, é isto que busco em meus textos. Sinto uma carência desta tentativa mesmo nos diversos meios de imprensa: ou insistem tanto no seu argumento que se tornam chatos e desinteressantes, ou se propõem imparcial de uma maneira duvidosa e igualmente desinteressante. Mas, afinal de contas, quem sou eu para dizer isto? Não sou jornalista, nem estudante de letras, nem tenho experiência suficiente para assumir que entendo do assunto. Nem entrevistei ninguém que entenda. Como saber se eu ultrapassei a barreira que eu mesmo me impus, de não ser superficial em minhas discussões? Como saber se as pessoas vão se interessar em um assunto tão x quanto os desafios de escrever? Como saber se não há outros pontos de vista que eu ignorei tentando impor o meu? Como saber que eu falei coisas que não são besteiras? Bem, isto é intrigante. A gente nunca sabe. E, pelo menos quando se tem 19 anos, alguns meses é tempo suficiente para olhar para um texto que você achou genial na época em que o escreveu e não gostar mais dele.

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Séries

Gazeta VarGas

E

m 2013 chegou ao fim um dos maiores sucessos televisivos dos últimos tempos. Breaking Bad prendeu a atenção dos Estados Unidos e do mundo com sua temporada final surpreendente, e vale a pena rever cada um dos episódios das cinco temporadas que compõem essa obra prima das séries dramáticas. Com maestria inigualável, Vince Gilligan e seu time de escritores conseguiram dar à história de um professor de química que se envolve com tráfico de drogas o suspense e a emoção em medida exata para que se perca horas a fio assistindo o seriado. O protagonista Walter White descobre no início da série que tem câncer nos pulmões.

E

ssa não é mais uma série sobre serial killers, é uma série sobre o serial killer. Dexter Morgan trabalha para a perícia forense da polícia metropolitana de Miami, e nas horas vagas mata outros assassinos que escaparam das punições legais. Seu pai adotivo, Harrison Morgan, era também da polícia e percebeu logo cedo que Dexter tinha traços psicopatas. Ele ajudou o filho a lidar com o desvio, elaborando o que é chamado na série de “Harry’s Code”. Dentre outras regras que ajudam Dexter a nunca ser pego, está a de que somente assassinos convictos poderiam ser mortos - foi também uma maneira que Harry encontrou de não sentir

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Aliada sua condição de professor de Ensino Médio aos preços exorbitantes do tratamento para a doença, Walter não vê outra alternativa senão começar a fabricar metanfetamina em um trailer e vender para os viciados locais do Novo México. Como não conhece o mercado, o professor recorre a um de seus ex-alunos, Jesse Pinkman, para ajudar com a distribuição. A trama começa a ficar mais emocionante quando Skyler, mulher de Walter, fica grávida e as complicações da sua gravidez começam a complicar a rotina de drug dealer do seu marido. Além disso, o cunhado de Skyler trabalha para o DEA (Drug Enforcement Administration) - o que faz com que Walter precise redobrar sua atenção ao praticar suas atividades ilegais. Ainda, Walter Junior é o filho do casal protagonista e tem paralisia cerebral. Ele estuda na escola em que o pai dá aula, e sofre nas mãos dos colegas por ser filho de um professor. O trabalho dos atores é feno-

menal. Bryan Cranston, que interpreta Walter White, já faturou três Emmys consecutivos de melhor ator em série dramática, com apostas de faturar também o próximo. Já Jesse é interpretado por Aaron Paul, jovem com habilidades de atuação suficientemente impressionantes para lhe render dois Emmys como melhor ator coadjuvante em série dramática. Paul é também a estrela do filme Need for Speed, a ser lançado em 2014. O que chama atenção em Breaking Bad, além dos roteiros irretocáveis e das atuações estonteantes, é a qualidade da produção. Pela primeira vez na história dos seriados de TV, o nível de Hollywood é empregado na execução do projeto e isso garante fotografia e direção inigualáveis no universo televisivo. Em suma, a série é imune a críticas de qualquer tipo. Capaz de agradar ao mais difícil espectador, a sucessão de fatos que compõe a trama principal é simplesmente viciante.

muito peso na consciência ao ensinar o filho a matar sem deixar traços. Além de possibilitar um debate ético bastante extenso sobre as leis, sobre os direitos dos criminosos e sobre a justiça feita pelas próprias mãos; Dexter mostra o cotidiano de um matador em série que busca conciliar a rotina dos assassinatos com uma vida social e, eventualmente, com uma família. Ao longo das temporadas, Morgan se depara inúmeras vezes com outros psicopatas e esses duelos costumam ser os pontos altos da narrativa. Por exemplo, o Trinity Killer da quarta temporada marcou um dos ápices da série, com cada episódio mais surpreendente que o outro. Além disso, a irmã de Dexter, Deborah Morgan, também trabalha para a polícia, o que faz com que assassino tenha um trabalho a mais ao tentar esconder seu “passageiro negro” (como ele se

refere ao seu lado psicopata). Dexter teve o series finale exibido em 2013 nos Estados Unidos, e o desfecho da história dividiu opiniões. Ao longo da última temporada, a psiquiatra Evelyn Vogel entrou na mente de Dexter e tentou entender como funcionam os pensamentos de um psicopata tão sui generis. Ele tinha uma família, amava o filho e outras pessoas. Como seria possível alguém como ele amar? Essa e outras dúvidas definiram o tom dos últimos episódios, o que agradou a muitos e irritou outros tantos.

Yago Figueiredo


Séries

Gazeta VarGas gazetavargas@gvmail.br

A

jornada por vingança de Emily Thorne pela morte de seu pai volta com uma terceira temporada que promete conclusões e novidades. A série é exibida pela emissora ABC nos EUA, pela Sony na TV fechada brasileira e pela Rede Globo num horário pouco atrativo - domingo perto das 23 horas. Revenge retorna trazendo uma Victoria Grayson (Madeleine Stowe) mais serena e alheia aos eventos sociais do Hamptons e preocupada com o seu filho, interpretado por Justin Hartley, que estava perdido pelo mundo e voltou para conhecer a mãe. Por alguns infortúnios, o filho vai embora já no primeiro episódio e Victoria volta a ser a mesma de sempre até segunda ordem. Ela se vê obrigada a participar dos eventos

C

omo todo começo de última temporada, cada episódio que é lançado faz parte de uma contagem regressiva. A 9ª temporada de How I Met Your Mother animou os fãs, que estavam na expectativa. Na verdade, a série como um todo é uma a que devemos tirar o chapéu. A despeito de críticas ao fato de se basear em Friends e de haver temporadas demais pro narrador contar como conheceu a mãe de seus filhos, as outras 8 temporadas correram em relativa alta, formando uma série que conquistou a adesão do público progressivamente. A temporada conta finalmente

políticos de seu marido e governador de Nova York, Conrad Grayson (Henry Czerny). Esse seria o único jeito de evitar a falência da família. Como nada é simples em tramas tão intensas, a volta de Damien (Barry Sloane) pode atrapalhar a vida de Emily, pois ele clama por uma aliança junto à Victoria que atenda interesses de ambos. Charlotte (Christa B. Allen) chega ao Hamptons depois de um retiro em Paris para tentar superar a morte de seu amado Declan (Connor Paolo), além de todos os infortúnios que atingiram a vida dessa imprevisível jovem. O grande desafio dos produtores e roteiristas da série é reconquistar a audiência que já superou a de produções há muito tempo no ar como CSI e Law & Order: SVU. Revenge é uma trama que merece muitos cuidados, pois pode facilmente entrar no campo da repetição. A vingança, por si só, não é suficiente para man-

ter o telespectador, que quer sempre mais, interessado. O ‘’mais’’, nesse caso, significa resolver conflitos e conseguir, de alguma forma, mudar o rumo da vida de Emily e oferecer a quem assiste à série motivos para acreditar que a heroína será capaz de ter uma vida depois de completar sua tão almejada vingança. Se os roteiristas tiverem êxito nessa transição, serão capazes de terminar a história com maestria, quem sabe iniciar uma nova temporada com uma base narrativa diferente e com uma trama nova na trajetória da vingativa e destemida Amanda Clarke, vulgo Emily Thorne.

como Ted Mosby conheceu a mãe de seus filhos, e pretende concentrar os 24 episódios em 56 horas na realidade da série: Algo raro no universo das sitcoms, mas que possibilita maiores detalhes e intensidade na aproximação do público com a namorada de Ted, já que se passaram 8 temporadas sem sua aparição. Até o fechamento desta edição, 6 episódios foram lançados nos EUA. Os primeiros foram bem aceitos, mas agora, por conta dos episódios não avançarem muito temporalmente, críticas quanto ao desenvolvimento da temporada surgem, argumentando que os demais episódios podem passar ser maçantes e pouco significativos. Fato é que a série promete tudo: choro dos fãs, comemorações dos trolls, risadas de todos, além de cenas emotivas. Mas, apesar dos lamentos, os criadores acertaram em cheio ao colocar um fim na série.

Exemplos como os de House, Chuck e praticamente todas as séries dos EUA em que mais temporadas são feitas do que o ideal para o enredo, são lições de que produzir algo a mais por puras razões de mercado, pode gerar o efeito inverso e perder público. Muitos afirmam inclusive que HIMYM também começou a cair nesse erro: a sétima e a oitava temporadas são relativamente vazias em termos de desenvolvimento. Aguardaremos, embora sabendo do desfecho principal, como será o final da série, que merece toda a dedicação dos roteiristas pra homenagear um trabalho tão bem elaborado. Claro que, mesmo sabendo que a série deve acabar, os fãs se lamentarão eternamente.

Daniel Cordeiro

Brauner Cruz

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Herald

Gazeta VarGas

FGV anuncia shopping exclusivo para alunos

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imbróglio judicial referente ao Hospital Matarazzo finalmente teve fim. A FGV conseguiu a posse sobre o grande terreno que fica em frente à sede na Rua Itapeva. Devido ao grande espaço adquirido, a FGV anunciou a construção de mais laboratórios, salas de aula e um novo auditório. No entanto, o que tem deixado os estudantes mais animados é a decisão de construção de um shopping exclusivo para alunos com filiais de lojas como Burberry, Chanel, Louboutins e a exclusivíssima GV Caps. A má notícia fica com a praça de alimentação, que continuará sendo de exclusividade do Rockafé.

Nova matéria “Introdução à Cannabis” no curso de AP causa controvérsia

E

m comunicado recém-realizado, a Coordenação do Curso de Administração Pública anunciou uma nova matéria na sua grade curricular: Introdução à Cannabis. O curso, segundo nota oficial, nasceu da demanda dos alunos que encontravam dificuldade dentro da Fundação para encontrar apoio às suas atividades diárias. Os representantes dos cursos de AE e Economia reagiram comentando sobre a inutilidade da disciplina, uma vez que a discussão não passava do campo das ideias. “Não se discute uma forma de transformar isso em bem econômico e rentabilizá-lo, infelizmente o curso de APN vem somente formando PTralhas sem muita formação técnica” disse um professor de Economia que não quis se identificar.

Nova Vargas anuncia parceria com PSB

E

m uma reviravolta política e impressionando analistas do Brasil inteiro, a chapa Nova Vargas anunciou que vai se aliar ao PSB de Eduardo Campos e Marina Silva para concorrer às eleições de 2014. A parceria seria fruto de uma vontade mútua de ser sempre oposição, a todo custo, mesmo quando não faz muito sentido. Ainda não se sabe quem vai concorrer a que cargo, mas há sinais de que a Nova Vargas indique um vice: os membros já estão acostumados com essa posição. “A ideia é implicar bastante e contrariar tudo, é pra isso que nos juntamos e é isso que sabemos fazer”, teria explicado um integrante da Nova Vargas.

Pesquisa do IBOPE mostra que fim do Getulinho levaria a inflação brasileira de volta ao centro da meta

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o mês de outubro, o Centro de Pesquisas Econômicas do IBOPE divulgou um estudo encomendado por alguns alunos da FGV. Os resultados mostraram que a rescisão do contrato com o Rockafé por parte do DAGV teria impacto significativo na inflação brasileira: a deflação chegaria a 2% no mês, trazendo o acumulado brasileiro para perto do centro da meta. Especialistas estão curiosos quanto à reação dos gevenianos quando descobrirem que estavam pagando preços tão caros. De acordo com o economista chefe do IBOPE, “a existência e a perpetuação no tempo de um monopólio dentro da melhor faculdade de economia do país permanece um mistério à teoria de racionalidade dos agentes consumidores”.

Decreto regulamenta hipoteca de Playstation 4

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ancionado hoje, pela presidente Dilma Rousseff, o Decreto-Lei 4.000/13 regulamenta o uso do Playstation 4 como garantia real extrajudicial na obtenção de crédito. Ele altera a redação da lei 9.514//97 e passa a valer a partir do dia 29 de novembro. O texto estabelece o console, criando sua própria categoria, válido a título de hipoteca e alienação fiduciária. Frente a isso, o CEO do BNI já adiantou: “criaremos uma linha de crédito para futuros compradores de PS4. Todo mundo precisa de diversão”.

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Humor

GAZETA VARGAS gazetavargas@gvmail.br

Tirinhas

Sol em Saturno. Surpresas à vista! Compre no Rockafé. Os lanches podem conter muitos brindes, como arruelas, por exemplo.

Sol em Netuno. Pare de achar que sua sub com o Dall’Acqua vai realmente ser a solução para o semestre.

Quadrante solar em Mercúrio. Tome cuidado caso vá à Gioconda.

Não confie em suas novas amizades de AE. Elas podem causar grandes decepções.

Menos prepotência e mais humildade. Evite andar de elevador: suba escadas e seja feliz.

O Economíadas pode ser sua melhor oportunidade para mudar de signo.

Seus relacionamentos estão como o poço de libra: vendido barato e sem retorno algum.

Não, seu plano de se vingar do seu colega que foi promovido no seu lugar não dará certo. Mais trabalho e menos inveja, por favor.

Procure ser mais solidário, responda ao menos a um Survey no grupo da GV.

Lua em Vênus. Vá pra praia. Aquele seu projeto na Asset não vai rolar. Vender sua arte e viver das coisas que a natureza dá pra gente pode ser mais rentável.

Atenção! Cirrose à vista: tome cuidado nas cervejadas da vida.

Não se esqueça de fazer sua visita semanal ao ‘Achados e Perdidos’ da FGV. E cuidado para não esquecer nada enquanto estiver por lá.

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PHOTO: NASA

SEU PARCEIRO GLOBAL DE IMPRESSÕES As unidades industriais da Elanders encontram-se no Brasil (Diadema, SP), Itália (Treviso), China (Pequim), Noruega (Oslo), Polônia (Płońsk), Grã-Bretanha ( Newcastle), Suécia (Falköping, Gothemburg, Malmö e Estocolmo), Alemanha (Stuttgart), Hungria (Zalalövő e Jászberény) e também nos Estados Unidos (Atlanta e Davenport).

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A Elanders é uma empresa global de impressões com unidades em dez países, espalhados por quatro continentes. Atuamos no segmento de livros e revistas, produtos fotográficos, embalagens, material promocional e manuais. Além disso, oferecemos soluções “Web-toprint” (W2P), EDI, prepress avançado, fulfillment e logística. A Elanders possui aproximadamente 1,600 colaboradores e vendas líquidas que totalizam mais de 1,8 bilhões de Coroas Suecas (SEK). As ações da Elanders estão listadas na NASDAQ OMX Stockholm, small cap.


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