Edição 80

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GAZETA VARGAS

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Coluna de Tecnologia

Netbooks, Blackberrys, Kindle?

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Política na USP

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Economistas no Governo

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História

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com Diretor-Adjunto do Senado

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Entrevista

Senado

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FGV

80 — 28 DE AGOSTO DE 2009

5,4 %

EDIÇÃO

80

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GAZETA VARGAS

Editorial

gazetavargas@gvmail.br

Expediente Edição

Alípio Ferreira – Editor chefe alipiof@hotmail.com

Aline Shizue Oyamada – Revisão lineoyamada@gmail.com

Karina Goulart Gil Choi – Revisão kahchoi@gmail.com

Redação

Bárbara Sterchele

babi_sterchele@hotmail.com

Eduardo Miyamoto

efmyiamoto@gmail.com

Rafael de Herédia

rafaeldeheredia@gmail.com

Rafael Jabur

rafaeljabur@hotmail.com

Ricardo Marchiori

rick_marchiori@mpc.com.br

Fernando Fagá

fefaga40@hotmail.com

Ricado Lima

ricardo@bess.com.br

Colunistas

Rafael Kasinski

rakasin@gmail.com

Ricardo Lima

ricardo@bess.com.br

Daniel Fejgelman

daniel.fejgelman@gmail.com

Arte

Pedro T. R. Beraldo – Diretor de Arte e Capa pedrotrberaldo@gmail.com

Maíra Storch – Layout e Capa maira.storch@gmail.com

Mariana Moreira – Layout marianam19@gmail.com

Institucional

Rafael Rossi Silveira – Diretor Presidente ra_rossi@hotmail.com

Henrique Sznirer – Diretor Administrativo sznirer@gmail.com

Laurent W. Broering – Diretor Financeiro laurent_broering@hotmail.com

Impressão

Ecoprintt

Tiragem

3.000 exemplares

Fotos da Capa

Agência Senado Banco de Imagens FGV

Agradecemos a Maíra Storch pela criação do novo layout da Gazeta Vargas!

O Jornalismo da Gazeta Vargas

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esignada! Esta seria a mais repugnante blasfêmia que um mortal poderia proferir contra a Gazeta Vargas. Sabido isso, imagine, leitor, o que esperar das próximas páginas. Não deve esperar apatia. Tampouco deve esperar tédio. E jamais, leitor ingênuo, JAMAIS, deve esperar resignação. Você está prestes a abrir as páginas da octagésima edição da Gazeta, e faz pouca ideia do que reservamos para seu deleite. Para o início da #80, reservamos ao leitor uma reflexão sobre o nosso nobre ofício: o jornalismo. O trabalho do jornalista é mais do que uma busca burra e simples por informação, ou por polêmica, ou por “Verdade”. Esse árduo ofício a que nos iniciamos a cada edição exige a coragem e a honestidade que falta à mídia brasileira como um todo. Emprestando do redator Rafael de Heredia sua expressão inconformada, escorre pela sarjeta da pseudo-intelectualidade “o jornalismo de aluguel, o jornalismo subserviente, o intelectualmente abjeto ou covarde”, lambuzando a sociedade com sua pretensão de verdade. A redatora Aline Oyamada lembra que “o bom jornalista deve ter um alto nível de qualificação técnica, teórica e principalmente ética”. Mas que não se confunda ética com neutralidade, com apatia, com posicionamentos ambíguos. Como observado pelo jornalista Carlos Alberto DiFranco, em artigo recente (O Estado de S. Paulo, 29/06), “a separação radical entre fatos e interpretações simplesmente não existe”. E arremata: “não se faz bom jornalismo sem emoção. A frieza é anti-humana e, portanto, antijornalística.”

Neutralidade jornalística é um mito, ou uma mentira. O bom jornalismo é aquele que não manipula, mas que valoriza a inteligência do leitor. Entretanto, não mente: não se arroga uma neutralidade que jamais poderia possuir, mas tão-somente deixa claras as orientações e limitações de seu discurso. Não basta boa vontade para ser da Gazeta Vargas. É preciso ter a humildade e a coragem de admitir a nossa pequenez dentro de um universo cujas bordas ousamos tocar com honestidade e dedicação. Esse universo que, no fundo, é o próprio mundo em que vivemos, porém encarado de uma perspectiva crítica e emancipadora. A edição #80, como quaisquer outras, não serve ao leitor passivo. Nela o leitor discutirá conosco a relação promíscua e suspeita entre Academia e Poder Público. Nela o leitor avaliará conosco a atuação da Fundação Getulio Vargas na ambiciosa elaboração de um projeto de reforma do Senado de nossa republiqueta mambembe. Nela o leitor estremecerá conosco ao notar o nome de nossa prezada Fundação ser repetido junto ao nome pérfido de José Sarney. A Gazeta não representa seus leitores: ela os informa, instiga-os, provoca-os. E é por isso que repudia a apatia, o entorpecimento de espírito e a passividade diante do texto. Dessa forma, convidamos o leitor a participar de nosso projeto - o nosso projeto de jornalismo -, do qual deve esperar paixão, diversão e coerência, mas no qual jamais encontrará resignação. ¤

Alípio Ferreira Editor Chefe

DISCLAIMER

A Gazeta Vargas não se responsabiliza por dados, informações e opiniões contidas em textos devidamente identificados e assinados por representantes de outras entidades estudantis, bem como nos textos publicados no Espaço Aberto submetidos e devidamente assinados por autor não presente no expediente desta edição. Todos os textos recebidos estão sujeitos a alterações de ordem léxico-gramatical e a sugestões de novos títulos. Por ser limitado o espaço de publicações, compete à Gazeta Vargas a escolha dos textos que melhor se enquadram na sua linha editorial, sendo recusados os textos muito destoantes acompanhados das devidas justificativas e eventuais sugestões de alterações. DIREITOS RESERVADOS — A Gazeta Vargas não autoriza reprodução de parte ou todo o conteúdo desta publicação.

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GAZETA VARGAS

Gazeta #78 – Selo FGV

Vimos através da presente, comentarmos com perplexidade a abordagem de sua equipe em entrevista com a Sra. Maria Tereza Fleury, diretora da Escola de Administração de Empresas de São Paulo. O Grupo Educacional Ideal, conveniada da FGV em Belém-PA ha 11 anos, possui uma sede, com instalações de alta qualidade, elogiada pelo superintendente da FGV, pelos professores, por seus coordenadores acadêmicos executivos e principalmente por nossos alunos. Causou-nos espanto, a abordagem do jornalista sobre o comentário da utilização de outdoors em ônibus e em cima de padarias. A conveniada Ideal jamais inseriu em seus materiais de veiculação a opção de busdoor (nunca utilizamos esta mídia). Quando da necessidade de veicularmos novas campanhas de marketing, buscamos sempre os melhores profissionais da área, para que nossa mídia e os pontos de outdoor sejam de qualidade que as marcas FGV e Ideal merecem.

Marcos Ramirez Medina Marcos.medina@fgvideal.com.br

Gazeta Vargas - Não nos surpreenderam os pontos pelo Sr. Levantados; é natural que conveniadas como a Ideal defendam seus interesses - afinal, compreendemos que muito do que sustenta a Ideal (e todas as demais conveniadas) é a exploração da marca FGV. Mesmo assim, o intuito jamais foi explicitar de forma direta a Ideal. Ao contrário, a intenção foi saber a opinião da Profa. Maria Tereza a respeito da má-gestão da marca FGV como um todo.

Gazeta #79

Fantástica a matéria que investiga a promiscuidade da relação entre Atlética e CA Direito. As mesmas pessoas que condenam os abusos cometidos pelos parlamentares se refestelam no pequeno poder que a vida entidadística oferece. Reservar meia página para a história do DAGV é quase uma afronta a entidade. Algo sério deveria envolver uma investigação mais profunda. Há de se tomar cuidado para não imaginar que no passado a entidade era uma coisa fantástica que o tempo corrompeu. Os mais velhos se referem ao DA com saudade de sua juventude. Não sei se os alunos eram mais estimulados política e socialmente pelo Diretório. Sempre questiono esse tipo de idealização. Não consegui ler o CA para Dummies em sua integridade. O excesso de ironias me incomoda demais. O texto do Damásio me surpreendeu. Eu era o Presidente do DAGV que ele menciona. Ele simplesmente esqueceu de mencionar que o ENEAP 2007 foi na mesma semana do CONUNE 2007. Con-

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Cartas cordo que é lamentável não ter ninguém da GV nesse tipo de evento. Li o texto do Kasinski até o momento que ele dá a entender que o Irã é um país árabe. De modo geral, a Gazeta evoluiu e muito após ter atingido o fundo do poço nas últimas duas ou três edições. Torço para que vocês imprimam uma periodicidade e clamo para que essa linha investigativa-objetiva acerca das questões internas ocupe mais páginas do que os textos filosóficos sobre política externa.

Cassio Puterman cassioputerman@gmail.com

Gazeta Vargas - Reconhecemos que publicar um texto sobre a história do DAGV com apenas meia página represente uma afronta. Cogitamos aumentar o espaço para 7/8 de página, inserindo fotos ilustrativas de integrações e viagens e planejamento. O redator Rafael Kasinski explicita que, apesar de já saber que iranianos não são árabes, já se submeteu a sessões de autoflagelamento à xiita por não ter sido capaz de fazer-se claro.

Comentários gerais

A matéria de capa foi muito bem desenvolvida. A pesquisa pareceu séria, com metodologia claramente descrita, e resultados apresentados objetivamente, apesar de o melhor mesmo ter sido as regressões comentadas no próprio texto, todas com descobertas muito relevantes. Além disso, o estilo de escrita do Rafael [Heredia] é muito bom: claro, objetivo, sem aquele estilo "rococó" que costuma permear o periódico, cheio de firulas e frases bonitas, que servem somente para regozijo próprio do autor, e não para que o aluno realmente goste da leitura. Por fim, peço que comparem esta pesquisa com a pesquisa realizada no #69, e vejam como a Gazeta evoluiu. As entrevistas com os professores também foram excelentes. Os temas abordados são relevantes, as perguntas seguiram o rumo da entrevista (e não foram simplesmente préelaboradas), e os entrevistadores sabiam do que estavam falando (o que é raro no caso da Gazeta). A matéria do Alípio sobre a relação CA Direito/Atlética mostrou bom cunho investigativo, o que deve ser elogiadíssimo, já que a Gazeta costuma ser muita opinião e pouca investigação, o que acarreta matéria opinativas sobre temas que os redatores não compreendem a fundo. Não foi este o caso, felizmente! Devo dizer que faltou consultar o DAGV, que foi mencionado. Mesmo assim, a matéria está de parabéns. Ainda há textos desnecessariamente rebuscados (destaco os textos do Jabur e do Kasinski). Eu leio estes textos. Eu e mais 5% da GV (deviam ter perguntado isto na

entrevista). Leio, mas não gosto. Não me adiciona. Adiciona somente ao autor, que se auto regozija com seu estilo de escrita. Há uma novata, Bárbara, que escreve num estilo rebuscando, mas com piadas engraçadas no meio, o que acabou tornando o texto de uma leitura boa (apesar de eu achar que faltou um pouco de conteúdo). Mas acho, sem pretender ser muito arrogante, que ela tem futuro.

Fábio Kann - 8º semestre fmkann@gmail.com

Gazeta Vargas - Prezado Fábio, congratulamo-lo por seu empenho e posicionamento observador e arguto. Refestelamo-nos repimpando-nos ao contemplar tal precisão em captar o Zeitgeist de nossa entidade. Realizar-se-á, por parte dos redatores Rafaéis Kasinski e Jabur, uma leitura estrutural deveras aprofundada do manual de redação Maurício de Souza® a fim de tornar os textos mais legíveis ao pupilo geveniano, vulgo "galerinha". A Gazeta agradece pela fé depositada na redatora novata Bárbara. Já estamos especulando sobre sua iminente candidatura à Academia Brasileira de Letras. Contamos com sua carta de recomendação. Ironias à parte, agradecemos as sugestões e os insights, esperando sempre contar com futuras observações. Abraços.

Escreva para a Gazeta Vargas! Envie frases, perspectivas, pérolas que ouviu ou protagonizou, desembuche! Nosso e-mail está em todas as páginas ímpares da revista - até nessa do lado!


GAZETA VARGAS

Cartas

gazetavargas@gvmail.br

Uma mentira conveniente

A Gazeta Vargas, historicamente (ou pelo menos nos poucos semestres em que estamos aqui), sempre desempenhou importante papel em relação ao corpo discente da FGV principalmente por representar a voz dos alunos e informá-los sobre o que de mais importante acontecia em nossas faculdades. Por tudo isso, desperta respeito dentre alunos e entidades sobre o trabalho que realiza. No entanto, sabemos que muitas vezes nos meios da comunicação, a opinião de um de seus integrantes pode não representar a opinião da entidade como um todo e é nisso que queremos acreditar em relação ao texto intitulado "Uma Verdade Inconveniente" publicado na última edição deste periódico em que o diretor de redação da Gazeta, Alípio Ferreira, pontua sem qualquer conhecimento sobre fatos ocorridos, irresponsavelmente. Para os que não se lembram ou não leram o texto acima citado, é relatado o episódio onde ocorreu uma "troca" de ingressos entre as entidades AAAGV e CA Direito GV, a fim de favorecer membros de ambas. Além disso, são feitas insinuações à respeito da má administração do dinheiro vindo de repasse (ou seja, dos alunos) e, portanto, insinuações à respeito do caráter de seus membros, o que é grave. Para esclarecer o que ocorreu antes de tudo, dizemos que a cessão de ingressos para a primeira festa do CA Direito, Guinevere, e de três kits da última "Economíadas" realizada pela AAAGV, realmente aconteceu. No entanto, isto não ocorreu deliberadamente para que seus membros fossem favorecidos. É importante ressaltar que sempre primamos e acreditamos que o bom relacionamento entre entidades é princípio básico para que sempre existam mais e melhores opções para os alunos da fundação. É por este motivo que sempre cedemos o nosso centro de custos para que a Gazeta Vargas possa alugar salas e realizar seus eventos. É por este motivo também que quando o CA Direito solicitou nosso espaço para fazer divulgação e vendas de sua última festa, cedemos sem problemas. Como forma de agradecimento, os membros do CA decidiram nos fornecer convites e, sim, os aceitamos. Posteriormente, pouco tempo antes das Economíadas, o CA providenciou todo o material para que divulgássemos o evento no prédio da EDESP antes mesmo que nós os pedíssemos e por isso também resolvemos agradecer com três kits dos jogos. Porém, não houve qualquer forma de pressão ou condição por parte de qualquer das entidades Ao contrário do que foi dito, não utiliza-

mos o dinheiro do repasse para realizar festas e outros eventos e sim para o pagamento de onze técnicos e sete locais de treinos, uma vez que a EAESP não comporta todas nossas modalidades. As Economíadas e outras festas são realizadas unicamente com dinheiro proveniente da receita das vendas e por meio de patrocínio. Como se sabe, em eventos deste tipo, é comum que haja cessão de entradas para alguns colaboradores, que é como enxergamos o CA Direito, uma entidade que colaborou para a realização dos últimos jogos, considerados por muitos como um dos melhores dos últimos anos. Além disso, no texto da Gazeta, há a informação de que recebemos repasse dos alunos de Direito. Não recebemos. Nós os representamos sim, mas não recebemos qualquer tipo de repasse dos alunos da EDESP e se realmente tivesse havido um grande interesse para que a questão fosse esclarecida por nossa parte, teriam me abordado mais diretamente sobre o que se tratava ou um e-mail seria também uma forma óbvia de comunicar a intenção. Na vez em que estava presente, estava em meio a uma reunião de gestão e por isso pedi para que o Alípio voltasse assim que a mesma terminasse. Não voltou. Finalmente, gostaríamos de lamentar o "jornalismo" irresponsavelmente praticado na última edição da Gazeta por um de seus diretores e frisar nosso desejo de que este pequeno incidente não comprometa a boa relação que sempre existiu entre as duas entidades, apesar da publicação de uma mentira convenientemente contada.

Tomás Soares Presidente da AAAGV tomas.aaagv@gmail.com

Gazeta Vargas - Gostaríamos de enfatizar que o fato de que a se tenha beneficiado do centro de custos da Atlética não tenha blindado a entidade contra eventuais críticas e investigações; que os membros da Gazeta trabalham jamais sozinhos, mas sempre com discussão e o máximo de seriedade; que qualquer centavo gerado na Atlética, vindo de repasses ou não, pertence aos alunos, e não aos membros da diretoria. O texto referido da Gazeta #79, a bem da verdade, não foi tão longe como a carta do senhor Tomás Soares pretende indicar. A Gazeta não insinuou que a Atlética seja gestora incompetente e pouco confiável dos recursos dos alunos. Mas aproveitamos o ensejo: dado que a AAAGV não vê problema em diferenciar alunos, favorecer alguns membros de outras entidades, e socializar os custos de alguns kits Economíadas entre os alunos que de fato pagaram, isso no mí-

nimo indica uma visão bastante limitada de o que seja gerir com transparência e respeito ao dinheiro público. Como publicado na #79, o presidente Tomás Soares foi procurado pela Gazeta, pessoalmente, seis vezes, e foi por má vontade dele, e não do redator referido, que o presidente não foi entrevistado. A Gazeta lembra também ao senhor Tomás Soares que ainda mais importante que o direito que a imprensa tem de se exprimir é o direito que a sociedade tem de ser informada, sendo direito da comunidade geveniana ser informada sobre o que se passa entre as paredes das entidades estudantis que a representam. Assim, não é para a Gazeta, e muito menos para o senhor Alípio Ferreira que cabe a resposta do senhor Tomás. Seus esclarecimentos são devidos a todos aqueles que ele representa, e esperamos que estes tenham se contentado com a carta acima.

Observação: Como foi publicado na edição #79 da Gazeta, o Diretório Acadêmico Getulio Vargas recebeu dois ingressos do CA Direito GV para a festa Guinevere, a Libertina. Entretanto, o DAGV entendeu que qualquer "presente" feito ao Diretório devesse ser contabilizado como propriedade do Diretório, e não de membros individualmente. Os dois ingressos foram utilizados, um deles pelo então presidente Luan Gabellini, mas ambos foram comprados: os dois foliões ressarciram o DAGV com o preço equivalente dos ingressos. Eles pagaram.

Errata: Como informado pelo presidente da AAAGV, Tomás Zillio Soares, a entidade não recebe repasses das mensalidades dos alunos de Direito, diferentemente do que foi publicado na edição #79 da Gazeta Vargas.

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GAZETA VARGAS

DAGV 1

Notas Lei Antifumo

A nova gestão do diretório acadêmico, Interação, já chegou arrebentando. Arrebentou as paredes da xérox, da sala de reuniões e por pouco não causou danos ao aquário/sauna da Gazeta Vargas. Possivelmente a poeira levantada na reforma deverá permanecer em nossos pulmões até nossa morte, e até causá-la. A barulheira causada tornou inabitável o primeiro andar. O bom gosto da Gazeta Vargas, célebre pela fina seleção musical, acabou sendo vencido pela bárbara iconoclastia dos DAgevenianos.

Desde o dia 7 de agosto é proibido fumar em ambientes públicos fechados em todo o Estado de São Paulo. A FGV fixou cartazes em diversos pontos com o alerta da Lei 13.541 de 07 de maio de 2009. Espera-se que haja cooperação de todos os cidadãos que frequentam a FGV para que a lei seja cumprida. O fumo dentro da FGV já era proibido, mas especialmente no primeiro andar do prédio da Av. Nove de Julho, a regra muitas vezes não era cumprida, para desespero e revolta de muitos.

DAGV 2

Nakano e Serra

A reforma do DAGV, que felizmente não foi testemunhada pela maioria do alunado, resultou num aumento do espaço do Diretório Acadêmico, com uma alteração no uso de espaço da Xérox. Houve também um rearranjo do espaço interno da caverna do DAGV, com ampliação da sala de reuniões instalação de carpete e de projetor de imagens. A gestão também adquiriu um aparelho de Playstation 3 para uso dos alunos.

Gripe Suína

A FGV acatou sugestão da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo e postergou o início das aulas. Porém, por birra, as Escolas adiaram as aulas para datas diferentes. A EESP e a EDESP adiaram o início das aulas para o dia 17 de agosto, enquanto que a EAESP adiou para o dia 12. O atraso deverá causar alterações significativas no calendário do semestre. Aparentemente os alunos de Economia e Direito são mais suscetíveis ao vírus H1N1, o que explicaria a falta de sincronia no adiamento das aulas.

Saída à francesa?

Uma professora de francês que ia periodicamente à unidade da FGV localizada na Rua Rocha ministrar suas aulas acaba de informar a seus alunos que “se recusa a continuar o curso”. A razão para tal “recusa” é a alta taxa de inadimplência de seus pupilos advogados. Os alunos ameaçaram entrar com recurso, mas se tem aventado a possibilidade de tornarem autodidatas no idioma.

Altos e Baixos Em alta

Em debate realizado pela EESP no semestre passado, o famigerado professor Bresser-Pereira insinuou que é altamente provável que daquela “mesa [de debatedores] saia um Ministro da Fazenda nos próximos anos”. A referência era claramente ao professor Yoshiaki Nakano, que é nosso favorito para a vaga, na hipótese da eleição de José Serra à presidência de nossa república bananeira. Embora não confirmado oficialmente, cogita-se nos corredores (?) da EESP que, caso Nakano assuma o Ministério, venha a deixar o cargo de Diretor da Escola E/OU o de Coordenador do Curso de Graduação.

Matrículas na EAESP

Mudaram o sistema de matrículas da EAESP, e isso só deu confusão. Ainda em período de aulas, o coordenador do curso, Francisco Aranha, se exasperava tentando organizar as filas que se estendiam no 5º andar. Durante as férias, os problemas eram resolvidos na secretaria. A confusão aí era outra: os alunos que fazem estágio aproveitavam seu cômodo horário de almoço para resolver problemas pendentes com sua matrícula, e dirigiam-se diligentemente à secretaria de graduação. Com a única ressalva que seus horários de almoço coincidiam com os horários de almoço de muitas secretárias, com consequências óbvias para a organização do local...

Na mesma

Secretaria

A secretaria é um ambiente muito peculiar. Agora os alunos que têm - por algum motivo desagradável (todos são) - de se dirigir àquela portinha branca do segundo andar devem retirar uma senha e aguardar. A demora é invariável e proposital. O aluno deve retirar sua senha e encaminhar-se educadamente àquele canto, conhecido de todos, onde tem café de graça. Lá o paciente aluno deve esperar e contemplar alienadamente uma telinha. A telinha nos lembra a todo o momento de que estamos na “Fundação Getulio Vargas”, “Fundação Getulio Vargas”, “Fundação Getulio Vargas”, em letras que deslizam sobre o fundo escuro. Ao mesmo tempo, a Secretaria deixa passando um vídeo institucional da EAESP, que só por ser um vídeo institucional da EAESP, já dispensaria comentários. O videozinho é repetido a cada vez que acaba, confiram!

Trotes

Devido ao adiamento das aulas, também foram adiados os trotes: tanto o solidário quanto o seu oposto. O trote-bagunça ocorreu no dia 14 de agosto, após a apresentação das entidades estudantis aos calouros no auditório. As brincadeirinhas conseguiram se superar: os brinquedinhos da vez foram uma lula e um polvo, que ajudaram a “divertir” os calouros em seu trajeto até a quadra da Vai-Vai. O trote solidário, como de costume, era uma surpresa aos calouros. Ocorreu no sábado dia 15, a partir das 9h, e não se esperavam muitos calouros. Os organizadores do trote, em especial o DAGV, o Conexão Social, o Centro de Cooperação GV e representantes do bairro do Bixiga, encaminharam as atividades, que consistiram no “tutoramento” de mudas de árvores na rua Cardeal Leme e na retirada de ervas daninhas do Recanto do Pedrinho, parque localizado na Rua Manoel Dutra.

Responda às notas, escreva para nós! Desembuche!!

Em baixa

»» Tamanho das Férias de Julho

»» Acúmulo de cargos na EESP

»» Sistema de matrículas da EAESP

»» Despesas do DAGV

»» PreçosnoRockafé(mas ainda altos)

»» Cigarro em locais cobertos

»» Preços da Xérox do primeiro andar

»» Alunos de graduação impedidos de frequentar Lounge Citibank

»» Celeridade no atendimento da Secretaria da EESP/EAESP

»» Comunicação do DAGV com o aluno »» Exageros no trote

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Cronópios

GAZETA VARGAS

Cronópios

gazetavargas@gvmail.br

A

convite da “Gazeta Vargas”, que nos deixou bem felizes, começamos aqui a colaborar com uma página produzida pela equipe do site de Literatura e Arte Cronópios. Vamos tentar mostrar o que de melhor está circulando pela web nas áreas de literatura e arte. Há uma efervescência na literatura contemporânea brasileira, só percebível e incentivado hoje, por conta da Internet. Pensando em um nome para o nosso espaço aqui, chegamos a Cronópios Paper, porque nunca publicamos nada em papel. E “paper” em inglês mesmo, só para brincar um pouco com os termos técnicos de Economia, geralmente in english. Eperamos que você visite o site Cronópios, leia sempre aqui o “paper” e encaminhe também os seus textos para os dois espaços. A seguir, um pouco do que é o site Cronópios.

Pipol

Editor-fundador do site Cronópios pipol@cronopios.com.br Endereço eletrônico: www.cronopios.com.br

Literatura Arte em Meio Digital O site Cronópios entrou no ar em março de 2005. O nome foi inspirado no famoso livro do escritor argentino Julio Cortázar, Histórias de Cronópios e de Famas. Os cronópios são seres imaginários criados pelo grande mestre da chamada Literatura Fantástica. São seres criativos, meio anárquicos e de 'atitudes poéticas'. Representam a fantasia e a alegria de viver. Milhares de pessoas passam pelo Cronópios diariamente. O acesso é totalmente gratuito. Hoje o Cronópios é o mais influente site do seu segmento no Brasil (Literatura e artes em geral). É o mais dinâmico, com atualizações diárias e o que mais emprega recursos de tecnologia web e multimídia. É o ponto de encontro online preferido de escritores e leitores.

Modelo colaborativo Os autores cedem seus textos gratuitamente e, em troca, o site oferece visibilidade, possibilidade de interação com os leitores, ferramentas de divulgação, armazenamento e indexação de conteúdo no banco de dados.

Comunidade cronopiana Em torno do Cronópios aconteceu a formação espontânea de uma comunidade de usuários que se autodenominaram “cronopianos”. Isso não foi algo planejado, conscientemente induzido e nem foi uma estratégia de marketing.

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GAZETA VARGAS

Contraponto - Jornalismo

O império dos Medíocres? Rafael de Heredia

U

ma das criações mais fabulosas de Oscar Wilde, este espírito formidável, é a máxima: “(...) nothing that is worth knowing can be taught.”1, algo que pode ser traduzido livremente como “(...) nada daquilo que vale a pena saber pode ser ensinado”. Acredito que estejam nesta classe de virtudes imponderáveis, que tem em si uma beleza insondável, mas que não podemos contar que alguém nos ensine o caminho algumas características tão enigmáticas como a coragem, a criatividade, a motivação e mesmo a sedução. Até imagino que estas virtudes (entre outras) podem ser aperfeiçoadas, perseguidas e, num sentido amplo, "aprendidas. Paradoxalmente, no entanto, são habilidades que não podem ser lecionadas, pois se esses potenciais atéencontramnasuacomposiçãoalgumnível de técnica, existe neles um elemento imponderável e imprevisível que os separa das banalidades cotidianas e, nas forças da história (pessoal ou social, não importa), estabelece a distinção entreaspessoasquedelesdispõemoucarecem. Não pretendo aqui tratar em profundidade este problema, mas gostaria apenas de indicar em que maneira ele se conecta com o tema deste Ponto e Contraponto, que é a obrigatoriedade de diploma específico para o exercício do Jornalismo. Estão nesta classe habilidades que não podem ser ensinadas todos os dotes da ventura que exigem um senso especial de perseverança, boa-fé, desejo e aptidão. Sei que em tempos de politicamente correto pode parecer muito estranho dizê-lo, mas sim, meus caros: existe todo um gênero de virtudes para as quais não existe escola. Nem na FGV nem nas faculdades de jornalismo. E acredito que sejam todas habilidades necessárias para o bom exercício do jornalismo. É sobre este ponto que trataremos aqui hoje.

1  Originalmente, é uma fala no texto “Intentions” deste autor, que pode ser encontrado integralmente em: www.gutenberg.org/dirs/etext97/ntntn10h.htm

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O que um diploma não garante Existe hoje no Brasil e no mundo grande diversidade no que é publicado na imprensa. E este fato não é apenas positivo, há nisto também alguns traços indesejáveis. E por quê? É alvo da nossa preocupação que convivendo como "jornalistas", além dos profissionais dignos do nome, exista o jornalismo de aluguel, o jornalismo subserviente, o intelectualmente abjeto ou covarde, entre tantos outros que convivem com o jornalismo de fato. São os bolinadores, que exercem a profissão segundo a sua própriaagendamuitoparticular. Adespeitodocantoidealista,doceefictício de que o jornalismo deve ser neutro, imparcial, todas as classes de profissionais acima defendem um tipo de interesse, alguns deles inconfessáveis. Por isto mesmo, apenas uma pode estar alinhada com o que é a natureza do seu público mais amplo: os cidadãos leitores. E esta é a classe dos jornalistas de fato. São os verdadeiros porque perseguem a melhor expressão da verdade e não hesitam em informar o que é pertinente, sem medo de ferir sensibilidades ou interesses – inclusive publicando, eventualmente, a sua opinião. Poissim!Obomjornalistapode–eousodizer que deve – ter opinião. E por isto mesmo eles não são nenhuma casta de intocáveis. A guerra dos canudos A exigência de ter diploma em curso de jornalismo para poder trabalhar na imprensa é uma distorção que remete diretamente às intenções mais desprezíveis do Regime Militar brasileira: a obrigatoriedade do diploma pretendia afastar das Redações muitos dos profissionais que combatiam a Ditadura. Eventualmente essas vozes eram de médicos, sociólogos,cantores,jornalistase,enfim,todaa imensa diversidade de pessoas que poderia ser caladaprovidencialmentecomestaexigência. E consta nos autos do processo: embora seja muito interessante que um cozinheiro faça curso de culinária e por isso se aprimore na arte da boa cozinha, é coisa muito diferen-

teéo Estadoexigirquetodocozinheirotenha sido aprovado em curso superior específico para poder cozinhar um bom risoto. Nunca foi preciso carimbopara oficializar um expert. Afinal, o que impede um matemático que seja excelente ao escrever sobre música ou um economistadeprepararumbelovatapá?Basta fazê-lo direito, e isso não se aprende apenas de uma maneira. Então acabemos com algumas mistificações: não existe nada de especialmente esclarecedor ou comprometido com a verdade em ter diploma de jornalismo. Ouso dizer inclusive que, a julgar pela produção recente de uma parte da imprensa, há cursos que não ensinam nem mais a escrever. E isto para nem falarmosdeestilo... Tampouco existe nesta profissão alguma coisa que ponha em risco a vida do respeitável publico(comoéocasodemédicos,engenheiros, pilotos, etc). E no mais, o Jornalismo é uma formação cultural entre tantas outras. Lembrou o Ministro do STF, Ricardo Lewandowski: “o jornalismo prescinde de diploma” e só requer desses profissionais "uma sólida cultura, domínio do idioma, formação ética e fidelidade aos fatos". Não fosse assim, grandes mentes como Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade não teriam podido exercê-lo. Mas e por queháquemdefendaocontrário? Sobre castas e experiência O Brasil não é a Índia, mas há aqui quem ambicione implementar um sistema de castas. Pacatamente estacionados nas suas vidas pouco desafiadoras de senhores feudais, há quem queira que o Brasil não seja um espaço em que prospera a competência e a virtude. Ao contrário, eles pretendem substituí-las pelo carimbo, pelo canudo e por um certo tipo de nepotismo dacorporação. SãoosSarneysdojornalismo. Diferentes formações culturais e trajetórias profissionais podem formar mentes extraordinárias e, portanto, jornalistas corajosos, motivados e habilidosos no seu ofício. É o que temem os coronéis das castas, e é o que a Modernidade, em toda a sua amplitude e contradição, vem desconstruindo há séculos. Na vida, as condições de nascimento ou pertencimento às corporações devem contar menos (e idealmente, não fazer diferença alguma) do que a virtude. Este é o desafio que alguns temem enfrentar. ¤


Contraponto - Jornalismo

GAZETA VARGAS gazetavargas@gvmail.br

Pelo Diploma

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Aline Oyamada

o dia 17 de junho deste ano, os ministros do Supremo Tribunal Federal decidiram, por oito votos a um, que o diploma de jornalismo não é mais obrigatório para se exercer a profissão. Foi exaltado o caráter de censura de uma regulamentação que exigia o diploma, e alegou-se que tal exigência era um "resquício do regime de exceção" – o qual visava controlar a publicação de informações pelos meios de comunicação na época. O bom jornalista deve ter um alto nível de qualificação técnica, teórica e principalmente ética. Cabe a este buscar as informações, apurá-las, contextualizá-las, registrá-las e editá-las. Espera-se desse profissional cuidado na apuração dos fatos, rigor na exatidão, qualidade na produção estética e principalmente o seguimento de preceitos éticos, somados ainda ao cuidado com as consequências da forma de divulgação. Aparentemente, essa nova regulamentação pressupõe que tudo isso pode ser adquirido sem uma formação superior em comunicação social. Em sua formação acadêmica, o jornalista adquire bases em sociologia, antropologia, história, filosofia e teoria política, conhecimentos metodológicos de comunicação, técnicas em reportagem, entrevista e pesquisa, além de preparação em rádio, tele e fotojornalismo. Isso em suma. Esse me parece ser o pacote básico para garantir à sociedade o seu direito de ter acesso a uma imprensa que traz informação com qualidade técnica e ética, mediante uma linguagem apropriada e acessível. É por causa desses pilares que não se enxerga a importância do curso de comunicação essencialmente no assunto abordado em uma matéria, e sim na qualidade daquela abordagem em respeito aos tópicos citados anteriormente, bem como na atenção às consequências

daquela publicação. É claro que danos a terceiros não são inerentes à profissão de jornalista, mas podem sim ser evitados, com maior frequência, com a formação superior na área, justamente porque o jornalista formado possui as bases para a visibilidade pública dos fatos. Perante essa análise, o argumento, muito citado, de que "a profissão

O bom jornalista deve ter um alto nível de qualificação técnica, teórica e principalmente ética. de jornalista não requer qualificações profissionais específicas" me parece um tanto quanto enfraquecido. Alguns defendem ainda que a abolição do diploma seja justificável pelo artigo da Constituição Federal que defende a liberdade de expressão. Contudo, não podemos esquecer que já existe liberdade garantida para quem quiser expor sua opinião na imprensa, como entrevistado ou articulista de determinada área. Além disso, é de interesse do próprio campo jornalístico ouvir o máximo de setores sociais e pensamentos sobre qualquer área do conhecimento, de modo que qualquer pessoa possa expressar-se sobre a área em que é especializada. Em uma abordagem menos técnica da profissão, é essencial lembrar que o fato de existirem pessoas que se dedicam integralmente à carreira jornalística, tendo se preparado academicamente para atuar na área, definitivamente eleva o nível das redações. Essa superioridade é resultado do trabalho de profissionais que buscam constan-

temente aperfeiçoar seus métodos de redação, pois este é o objetivo da pessoa que decide dedicar-se totalmente a esse ofício, este é o principal intuito do jornalista graduado. Gay Talese, escritor americano e fundador do New Journalism, declarou: "Jornalistas têm de escrever tão bem quanto romancistas". O motivo? Jornalistas devem não apenas reportar o fato, mas sim seduzir o leitor. Isso porque diante de tantas fontes de informação, o bom profissional é aquele que consegue se sobressair ao atrair a atenção da maioria dos leitores. Minimamente por esses motivos, considero que essa decisão de abolição da obrigatoriedade do diploma de jornalismo leva a prejuízos à ética profissional, compromete o oferecimento de informação qualificada, técnica e democrática, e abre espaço ao amadorismo no meio. Se considerarmos ainda a relevância da informação jornalística no cenário político e econômico, e o poder que carregam consigo os veículos de comunicação, torna-se fundamental que o jornalista seja mesmo um profissional garantidamente qualificado por uma formação universitária em comunicação social. Caso contrário, Nataniel Jebão provavelmente terá razão ao ter publicado em O Pasquim: “Bons tempos aqueles em que o jogador de futebol era analfabeto e, jornalista, alfabetizado. ” Nataniel Jebão é o pseudônimo de Faustin Von Wolffenbüttel, jornalista e escritor brasileiro. ¤

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Caras: na GV

Dolores lopes Fernando Fagá

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olores é a assistente administrativa da FGV-SP. Qualquer um, aluno ou professor, que quiser reservar uma sala deve falar com ela. Atualmente, ela está com um grande problema nas mãos. Com o adiamento do inicio das aulas, foi sobre ela que recaiu o infortúnio de lidar com a reserva de salas para repor o tempo perdido. Apesar dessa grande preocupação, ela concordou em nos receber por alguns minutos para fazer este artigo. Quando chegamos em sua sala, que fica escondida entre o décimo e o décimo primeiro andar - é o andar 10.5, a exemplo do mostrado no filme Quero Ser John Malcovich - peculiaridade ocorrida graças ao fato do prédio da escola de administração ter se originado da fusão de dois outros prédios. Quando chegamos, Dolores estava no meio de uma conversa sobre o que fazer com relação à incrivelmente alta demanda por salas aos sábados. Ainda mais alta por causa do “estado de exceção” em que se encontrava o país, graças à calamitosa gripe suína. A nossa alegria de férias prolongadas foi a desgraça de Dolores. Ela nos disse para aguardar dois minutos. Dito e feito. Como era de se esperar, ela havia reservado uma sala em que a entrevista pudesse ser realizada. Muito simpática, não demonstrou nenhum sinal de ansiedade por estar com o tempo tão corrido. Pelo contrá-

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rio, nos recebeu muito bem e falou de forma descontraída e sem pressa. É atenciosa e comunicativa, uma pessoa fácil de se entrevistar. Percebe-se imediatamente que não tem nenhuma dificuldade de lidar com as pessoas. Isto é essencial para seu trabalho, já que boa parte dele é tratar com pessoas e resolver conflitos de interesses. Aliás, essa dinâmica interpessoal tão rica é o que faz a felicidade profissional de Dolores. Ela adora lidar com as pessoas e tem especial carinho pelos alunos. Conta que a intimidade às vezes chega a um ponto em que ela é convidada para casamentos, festas de aniversário, formaturas e baladas. Cria laços fortes com as pessoas. Aqueles que precisam do seu serviço são cativados por sua amabilidade. Dolores é formada em pedagogia. Natural de São Paulo, tem uma rica experiência profissional, sempre cuidando da organização dos lugares por onde passou. Trabalhou tanto em um frigorífico como em uma corretora de câmbio, passando por uma empresa de tecelagem britânica, a JPCoats, e lugares dos mais diversos. Trabalha na FGV há nove anos. A funcionária conta que gosta muito das pessoas que estão na instituição, e que se dá bem com os integrantes de entidades. Diz que, no começo, não sabem que a FGV funciona como uma empresa, que tem regras e burocracia e que a organização institucional é necessária. Às vezes, os alunos não fazem idéia de que no mesmo

espaço físico em que ocorrem os cursos de graduação, de noite existem outras atividades completamente separadas da graduação. Quando pretendem reservar uma sala, muitos se mostram surpresos com a grande ocupação no período noturno. Ela, entretanto, trata a todos com paciência, e pode-se perceber facilmente sua felicidade em ensinar aos alunos como proceder dentro das regras. Sua formação como educadora não é em vão, ela ensina que, como futuros administradores, os alunos devem conhecer os procedimentos institucionais e saber organizar espaços físicos. O comentário também se estende para as outras escolas, já que este conhecimento é útil para uma grande quantidade de cargos ocupados por outros profissionais. Ela também sente reciprocidade no aprendizado. Diz que, apesar de sua maior experiência, também tem muito o que aprender com os alunos. Nos nove anos em que Dolores trabalhou na FGV, a escola cresceu, surgiram a EESP e a EDESP, a gama de cursos de MBA e pós-graduação aumentou, mas o seu trabalho continua o mesmo, com a diferença de que o volume é maior agora. Conhece a maioria dos professores e os “alunos estratégicos”, aqueles que lidam com a organização de entidades. Faz seu trabalho com um gosto exemplar. Seu departamento é extremamente cobrado. Os alunos devem entender que seu trabalho está sujeito a limitações e que é impossível atender a todos o tempo inteiro. Mas, graças à sua competência, no fim sempre acaba dando tudo certo, todos os professores conseguem suas reposições, as entidades e a coordenação conseguem organizar palestras e eventos, o mundo geveniano pode continuar a girar. Ela diz que é possível fazer qualquer coisa, desde que haja o planejamento adequado e que os funcionários não sejam pegos de surpresa. É ela que faz tudo acontecer nos bastidores. É inegável que funciona bastante bem. ¤


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Caras: ex-GV

gazetavargas@gvmail.br

Joaquim Thomé Junior Karina Choi

Não passem pela Escola sem se divertir, sem tentar fazer algo além de ir às aulas” – conselho de quem já foi aluno da EAESP-FGV e, atualmente, ocupa o cargo de Diretor de Novos Negócios da Amil ( Assistência Médica Internacional Ltda). Joaquim Thomé Junior, paulistano, 33 anos. Este gentilmente conversou com a Gazeta Vargas para falar sobre sua vida tanto como geveniano quanto como profissional. É um exemplo de ex-aluno que equilibrou a carga de estudos com as atividades extracurriculares durante o seu período acadêmico, o que contribuiu para torná-lo um jovem promissor. Antes de ingressar na FGV, Joaquim estudou no colégio tradicional Bandeirantes, especificamente na turma de humanas. Considerava-se um aluno um tanto diferente, falante, mas sempre bem posicionado e interessado nas questões escolares. Desde o colegial, ansiava por estudar na Fundação. A tarefa foi cumprida em 1995 quando foi aprovado no vestibular para a Escola. O período de 1995 a 1999 , segundo ele, “foi uma das melhores fases da minha vida”. A razão para tanto é que Joaquim fazia parte de um grande grupo de pessoas engajadas com o DA e Atlética. Sua participação se iniciou logo quando bixo, apoiando a Diretoria Social. O interesse foi tanto que, durante a gestão de Augusto Bezana em 1995, assumiu o posto de Diretor Social, juntos realizaram mudanças que duram até os dias de hoje. Foi durante seu período no DA, ainda, que surgiu uma das festas mais fa-

segue manter contato com os antigos amigos gevenianos. Encontram-se às terças-feiras ímpares no bar Original para manter a relação ativa, o que acaba rendendo várias viagens e baladas, mosas da FGV: A GIOVANNA. A deci- além de ser uma forma de manter os são foi de que seria uma festa menor, à amigos próximos mesmo com filhos e fantasia e sem banda, para diferenciar as responsabilidades profissionais. da já existente Gioconda. Joaquim se Hoje, considera a FGV um referendiverte ao lembrar que a primeira Gio- cial por formar muitos alunos bem vanna – que foi em Interlagos – exibiu posicionados no mercado de trabalho, uma coleção de carros antigos no jar- além de ter lhe dado a oportunidade de dim e que, a segunda – que fazer cursos de Business na foi na Barra Funda, em uma HEC de Paris. Porém, sacidade cenográfica -, foi a lienta algumas insatisfações, pioneira em fantasias como como a de que a diretoria da o “coqueiros com rede” e FGV não explora muito o “meninas de Smurfs”. Acontecontato com ex-alunos e, de ceram, também, três edições que é contra a massificação de uma festa que se chamados cursos do FGV manava GIorgia - de grande sucesgement, pois avalia que isso so. Nessa época, revisaram a deteriora a imagem da graO olhar de Joaquim parceria com a Antártica e duação. fecharam a parceria com a Brahma auAo ingressar no mercado de trabamentando a receita do DAGV. lho, Joaquim passou por dois estágios Na chapa seguinte, passando de Di- em empresas de finanças, o que não lhe retor Social para Presidente, conseguiu agradou muito. Logo depois, entrou na aprovar o repasse de 1% da mensalida- Amil e escolheu a área comercial, onde de para o Diretório Acadêmico, fato que, encontrou várias oportunidades: “O com certeza, foi determinante para o acaso foi que meu pai trabalhava em que o DA é hoje. Jo- uma empresa de relocation de execuaquim demonstrou tivos e, quando trouxeram um Diretor ser uma pessoa que da Amil dos EUA, tive a chance de pedir consegue o que quer. uma oportunidade para atuar no coHouve um episódio mercial da Amil”. em que o DA necessiConsidera-se um homem feliz com o tava de uma reforma. que faz, pois está inserido em uma emPorém, faltava-se ver- presa que se preocupa com a formação ba e as pessoas da ges- das pessoas, que confere liberdade de tão não viam urgência atuação e contato com lideranças. nisso. Foi então que Sonhos? “Tenho vários, estou conele decidiu convidar quistando muitos. Mas prefiro manter o “Toninho cabeleireiro” que trabalha- reservado!”. ¤ va dentro do DA e juntos, quebraram grande parte do chão com um martelo, e pronto... A reforma foi inevitável. Assim, ressalta: “minha experiência no DA contribui muito para melhorar o trabalho em equipe, liderança e aguçar minha iniciativa no mundo profissional”. Apesar dos 10 anos de formado, con-

Sonhos? Tenho vários, estou conquistando muitos. Mas prefiro manter reservado!

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Política Externa

A VIDA POLÍTICA NA USP Rafael Heredia

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cenário político da USP, a Universidade de São Paulo, pode parecer bastante obscuro para o observador externo. Quando comparada com as universidades ou faculdades privadas, a USP tem diferenças bastante significativas. A começar pelo seu tamanho: somando os alunos, professores e funcionários dos campi de São Paulo, Bauru, Lorena, Piracicaba, Pirassununga, Ribeirão Preto e São Carlos, a USP conta com mais de cem mil "habitantes". Alunos e professores são, respectivamente, mais de 86 e 5 mil. Em segundo lugar, pela sua importância: metade da produção científica paulistana e 25% da brasileira saem da USP1. Estes indicadores, entre outros, colocaram-na recentemente como a 94ª universidade mais importante do mundo e a 1ª da América Latina. Não deixa de revelar alguma coisa sobre o estado da educação na América Latina que a sua 1ª Universidade seja apenas a 94ª no mundo. Mas sigamos. Talvez inclusive em virtude da sua imensidão, a vida política na Universidade de São Paulo também é extremamente diversificada. Conta com diversos sindicatos, numerosos Centros Acadêmicos e o Diretório Central dos Estudantes (DCE). Além da estrutura formal, existem também os partidos e movimentos sociais que têm na USP um dos seus principais focos de atuação. E aí está o busílis para entender uma parte da vida política na USP hoje. 1

Jornal da USP, 30 de Maio a 5 de Junho de 2005:

http://www.usp.br/jorusp/arquivo/2005/ jusp726/pag03.htm

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PARTIDOS, SINDICATOS E ALUNOS

Na situação destes últimos podemos citar o PC do B (Partido Comunista do Brasil), PT (Partido dos Trabalhadores), PSOL (Partido do Socialismo e Liberdade), PCO (Partido da Causa Operária), PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado), LER-QI (Liga Estratégica Revolucionária 4a Quarta Internacional) e MNN (Movimento Negação da Negação). Como é possível perceber por alguns dos nomes acima, o centro de gravidade do Movimento Estudantil uspiano tende à esquerda. Até aonde nos consta, não existe nas Assembléias de Estudantes e em grande parte dos Centros Acadêmicos uma presença expressiva dos partidos tradicionalmente associados ao outro lado do espectro político. Mas que não se engane o expectador de fora da Universidade: isto não significa dizer que os uspianos em geral se encontram engajados em alguma destas agremiações ou mesmo no Movimento Estudantil. Seja por apatia, por não terem opinião ou por não se sentirem representados/bem-vindos às Assembléias, a maioria das decisões que são encaminhadas nesses fóruns geralmente conta a presença de menos de 200 estudantes. Para que tenhamos uma visão dos fatos: dos mais de 85 mil estudantes, as Assembléias que aconteceram por ocasião da Ocupação da Reitoria em 2007, tidas como ápice da mobilização na história recente do Movimento Estudantil uspiano, contavam provavelmente com cerca de 2 mil presentes nos seus momentos mais populosos. Em situações mais prosaicas, como no restante do ano acadêmico e principalmente quando não existe a perspectiva de greve

(um espectro que anualmente ronda a vida da Universidade), estas reuniões muitas vezes não têm a presença de mais que algumas dezenas de pessoas - geralmente os alunos integrantes dos partidos ou movimentos, que lutam entre si pelo controle e pelas indicações aprovadas nas Assembléias.

ALGUNS ACONTECIMENTOS E PERSONAGENS Mas nem sempre as ações e discussões do debate político na USP seguem o curso esperado por algumas destas organizações. A Ocupação da Reitoria (de 3 de maio a 22 de junho de 2007), inicialmente foi levada a cabo por cerca de 50 a 100 estudantes que não foram recebidos pela Reitora, Suely Vilela, para discutir assuntos relacionados às demandas dos movimentos e aos Decretos emitidos pelo Governador José Serra. Segundo diversos relatos, a partir de então o movimento rapidamente fugiu ao controle dos grupos que, alega-se, encabeçaram a invasão, PSTU e PSOL, e foi encaminhado por forças diversas e contraditórias, conforme era de se esperar de um conjunto de estudantes que, ao contrário do que parte da imprensa à época insistia em afirmar, desde muito logo não tinha liderança partidária bem definida. Tanto foi assim que em vários momentos as diretrizes de diversas agremiações foram atropeladas pelas decisões das Assembléias: desde as tentativas iniciais de desocupação (encabeçadas, curiosamente, pelo DCE e depois mesmo pelo PSTU e PSOL, que tinham perdido o "controle" da Ocupação) até as posteriores indicações de permanência indefinida na Reitoria. O movimento terminou a partir de uma decisão tomada ao longo de mais de 5 horas na noite de 21 de maio de 2007, tomando efeito no dia seguinte. Os funcionários, que também participavam da Ocupação, ratificaram a decisão dos estudantes e saíram no mesmo dia.


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Política Externa

gazetavargas@gvmail.br As demandas da Ocupação que foram aceitas estavam estabelecidas pelos fóruns deliberativos da mesma, pelos alunos e funcionários que dela decidiram participar, e incluíam principalmente: 1. Revisão e/ou revogação de uma série de decretos publicados naquele ano, e que davam margem à diminuição de uma série de prerrogativas da Universidade relativas à decisão dos temas de pesquisa, contratação, utilização do Orçamento, etc. Foram revogados no essencial. 2. Reconhecimento do 5º Congresso da USP, que reuniu estudantes, professores e funcionários em 2008 para discutir a reforma do Estatuto da USP. 3. Construção de mais moradias estudantis, aumento no número de refeições, criação de transporte interno também durante os fins de semana, contratação de professores e reformas em alguns prédios. 4. Não punição dos estudantes e funcionários por participarem da Ocupação e realizarem as atividades de greve.

WHO IS WHO Alguns personagens que integram o cenário da vida política na USP hoje podem dar uma boa idéia do que se passa dentro da maior universidade do país nos últimos tempos. A começar pela Reitora. »» SUELY VILELA: Doutora em Farmácia e Bioquímica pela USP, é a primeira reitora da história da instituição, tendo sido eleita em novembro de 2005. Os opositores à sua candidatura afirmam que foi eleita pelo "baixo clero da USP", isto é, sem o apoio de "grandes faculdades" como a São Francisco, Faculdade de Economia e Administração, entre outras, acabando favorecida pela dinâmica do segundo turno da eleição, em que todas as faculdades contam com um mesmo número de votos, independentemente do tamanho do seu corpo docente. Intrigas eleitorais à parte, a Reitora talvez fique marcada na história da

USP pelo seu pouco talento para a boa comunicação e transparência. Especula-se que não explicitou apoio de fato à reitegração no caso da Ocupação de 2007 porque de alguma forma também desejava a revisão dos Decretos (que tinham o potencial de diminuir a autonomia da Universidade, e, portanto, seu poder), sendo criticada à direita pela negligência e à esquerda pela falta de coragem em questionar o Governador diretamente. Um outro caso mais gritante de incapacidade comunicativa aconteceu já neste ano de 2009, quando frente à greve de alguns setores da USP (pois, como aconteceu desta vez, quando uma greve é declarada, não significa que todas as faculdades irão aderir), motivada em parte por demandas que a reitora não poderia acatar nem se quisesse, como a reintegração do dirigente sindical Claudionor Brandão (que teve a sua demissão decidida pela Justiça em função de uma alegada invasão à Biblioteca da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo). Foi provavelmente por falta de diálogo e capacidade de transmitir mais amplamente à sociedade os argumentos que a levavam a não (poder) acatar a pauta dos grevistas, que a questão chegar ao paroxismo, com a entrada da Tropa de Choque no Campus do Butantã para conter os piquetes e a possibilidade de nova ocupação da Reitoria. A "visita" nada amigável da Tropa de Choque não ocorria desde a Ditadura Militar. »» Movimento Negação da Negação (MNN): É uma organização trotskista, fundada essencialmente por estudantes da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) e professores de Filosofia da Unicamp. Tem atuação acentuada no campus Butantã, onde promove festas, reuniões e intervenções artístico-políticas. Mantém posição independente das outras correntes políticas mais antigas da USP, como PT, PSOL, PSTU e LER-QI, frequentemente opondo-se a estas com veemência. Curiosamente, ao contrário da teoria revolucionária tradicional, que em ge-

ral rejeita a via partidária e parlamentar para a resolução de conflitos, o MNN agora ambiciona constituir-se partido político, e para tanto procura reunir 500 mil assinaturas, conforme exige a Lei Eleitoral no Brasil. Além da USP, a sua estética muito característica pode ocasionalmente ser vista em intervenções na Praça da Sé, Praça Ramos, manifestações na av. Paulista, no sítio do movimento (www.mnn.org.br) ou na revista Mais-Valia, editada por parte dos seus integrantes. »» CLAUDIONOR BRANDÃO, SINTUSP2: Estava no centro da greve desencadeada no 1º semestre deste ano, pois a sua readmissão era um dos pontos principais da Pauta. A demissão do diretor do SINTUSP (Sindicato dos Funcionários da USP) foi determinada pelo Poder Judiciário, em função de os juízes terem acatado a acusação de "ter invadido uma biblioteca, ameaçado as pessoas e colocado em risco o acervo". Na ocasião, alega-se que entrou na biblioteca da faculdade para levar os servidores do local para um piquete. »» Segundo a Folha, Brandão, 52, além de ter sido funcionário da USP no ramo de conserto de ar-condicionado, é um dos cabeças do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP) e membro de um grupo denominado "Liga Estratégia Revolucionária", uma dissidência do PSTU. Ao processo que ocasionou a sua demissão, juntam-se outros sete boletins de ocorrência (por ameaça, invasão, dano ao patrimônio e atentado violento ao pudor, entre outros), outro termo circunstanciado e três inquéritos policiais. Claudionor defende-se: "Qualquer diretor sindical ativo tem um monte de processos. Todos foram arquivados por falta de provas. Nunca fui preso." ¤

2. Brandão e outros líderes sindicais ficaram "célebres" no Youtube em razão de um vídeo (atualmente indisponível) chamado "SINTUSP WARS", em que aparecia em confronto com alunos da POLI, que discutiam pela reitrada de um carro de som da Faculdade.

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Reportagem

ECONOMISTAS NO GOVERNO

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Rafael Jabur

o Brasil, os economistas gozam de um enorme poder decisório das diretrizes a serem adotadas para a condução da economia nacional. E como economistas no governo, quero dizer realmente pessoas que fizeram graduação ou pósgraduação em economia e que atuam em setores decisivos da esfera pública. Presentes em cargos importantes e burocráticos, desfrutam de um relativo “isolamento político”. Esse isolamento diz respeito à imunidade que os economistas que trabalham em órgãos públicos possuem contra pressões de setores representativos da sociedade, ou seja, ao tomar algum posicionamento, o economista deve discutir e prestar conta unicamente de forma interna à instituição da qual participa. Ajudam a aumentar esse isolamento as características tecnicistas que permeiam as questões que são abordadas em seu campo de atuação, e que, assim, inviabilizam uma discussão envolvendo um número maior de agentes. Se esse isolamento é bom ou ruim é uma discussão que não cabe aqui, e que faz parte de outra maior: se democracia e eficiência econômica podem conviver conjuntamente em uma nação. O fato é que ele existe, e existe desde que os diplomas de direito e engenharia começaram a ser trocados pelos de economia na direção econômica do Brasil. Os economistas começam a entrar em cena na década de 1930, durante o governo de Getulio Vargas. Isso se dá pelo advento da forte intervenção estatal na economia ocorrida no período. A partir daí e já se estendendo para o período democrático antes do golpe de 1964 vê-se a consolidação de economistas como parte do governo. A criação

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de órgãos como o Dasp (Departamento Administrativo do Serviço Público), em 1938, a Sumoc (Superintendência da Moeda e do Crédito), em 1945, o BNDE (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico), em 1952, são uma prova disso. Esses órgãos funcionavam como verdadeiras “escolas práticas”, onde diplomados em outras áreas aprendiam economia no dia-a-dia. Muitos economistas acabam indo estudar fora, e cada vez mais, vê-se a necessidade da modernização do ensino de economia no Brasil, satisfeita com o empenho de Eugênio Gudin e Octávio Gouvêa de Bulhões, que foram dois dos principais articuladores dessa modernização (que pode ser também entendida como “americanização” do ensino de economia). Durante os anos de repressão, a independência política dos economistas se acentuou, primeiro pelas próprias características isolantes do autoritarismo, e, também, pela busca do crescimento econômico a ser usado como legitimador do regime. E isso se segue após a Constituição de 1988, de forma menos expressiva. Mas até hoje os economistas do governo estão de certa forma descolados das pressões políticas. Porém, esse isolamento não significa que não há e houve discrepância entre os economistas do governo. Sempre houve divergências, modos diferentes de pensar que levariam o governo a adotar medidas diferentes. Uma dessas divergências que entrou para a história do pensamento econômico brasileiro foi a estabelecida entre Eugênio Gudin e Roberto Simonsen no início dos anos de 1940. Simonsen, membro do CNPIC (Conselho Nacional da Política Industrial e Comercial), defendia uma maior participação estatal na economia

e o uso de medidas protecionistas para fomentar a indústria nacional. Gudin, relator da Comissão de Planejamento Econômico e adepto do liberalismo econômico, defendia uma diminuição da atuação do Estado na economia e reformas na área monetária e fiscal. Essa contenda, pela visibilidade que tomou, ajudou no “reconhecimento da competência do economista como interlocutor público” (Maria Rita Loureiro, Os Economistas no Governo). No Brasil, os economistas que entram para governo em cargos de destaque tendem a vir diretamente do meio acadêmico. São angariados das principais faculdades aqueles que possuem um forte histórico intelectual na academia e, não menos importantes, contatos já estabelecidos com pessoas que estão no poder, dirigentes nacionais. Eles seguem, na maioria das vezes, da academia para o governo, e daí para o setor privado, atuando como consultores. Um que não seguiu esse caminho e voltou para o meio acadêmico após atuar no governo (mesmo atuando também na iniciativa privada) foi Mario Henrique Simonsen. Após seu mandato no Ministério da Fazenda, durante o governo de Ernesto Geisel, onde suas ações estiveram em consonância com as orientações ortodoxas da FGV do Rio de Janeiro, ele voltou para o ambiente acadêmico, exercendo ativamente suas atividades na própria fundação. Há também importantes figuras da casa que exerceram cargos, e como exemplo maior citarei Luiz Carlos Bresser Gonçalves Pereira. Bresser passou por ministérios durante o governo de José Sarney e Fernando Henrique Cardoso e é mais um que foi angariado dos meios acadêmicos para ter seu lugar no governo. Durante seu mandato no governo de Sarney foi um dos responsáveis pelo lançamento de um plano de estabilização que levou o seu nome: “Plano Bresser”. O plano contava com o congelamento de preços e salários, além de medidas para a contenção do déficit público. Esse plano, assim como


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Reportagem

gazetavargas@gvmail.br outros anteriores a ele, foi importante na medida em que serviu como um aprendizado para a adoção de políticas mais eficientes já no Plano Real, que acabou estabilizando a moeda. Plano este em que se vê claramente a interseção entre a academia e o governo, tão comum nos cargos econômicos de expressão do Estado brasileiro. O plano começou a ser idealizado em 1993, e observando os nomes de economistas que constituíam inicialmente a equipe técnica - Edmar Bacha, Gustavo Franco, Winston Fritsch – nota-se essa característica em relação à PUC-Rio. Portanto, em se tratando de economia, academia e governo, desde a década de 40, sempre estiveram de mãos dadas. E a FGV, que figura entre as grandes instituições no ensino e pesquisa de economia desse país, esteve constantemente presente nessa história toda. Mas antes de enchermos o peito de orgulho, deveríamos nos informar sobre quais foram as contribuições que a instituição deu e dá ao desenvolvimento do país - e a partir daí formar nosso julgamento. ¤

Luiz Carlos Bresser Gonçalves Pereira (São Paulo, 30 de junho de 1934): formado pela Faculdade de Direito da USP, mestre em administração de empresas pela Michigan State University, doutor e livre docente em economia pela USP. Professor emérito da Fundação Getúlio Vargas, presidente do Centro de Economia Política e editor da Revista de Economia Política. Foi Ministro da Fazenda no governo de José Sarney, durante o qual foi engendrado o plano de estabilização que recebeu seu nome.

Minibiografias

Roberto Cochrane Simonsen (Rio de Janeiro, 18 de fevereiro de 1889 – Rio de Janeiro, 25 de maio de 1948): Formou-se em engenharia pela Escola Politécnica de São Paulo, trabalhou na companhia ferroviária Southern Brazil Railway e como diretor-geral de obras na Prefeitura de Santos, além de fundar sua própria companhia de construção. Teve passagem pela diplomacia integrando missões comerciais e foi figura importante para a fundação da atual Escola de Sociologia e Política de São Paulo, onde dava aulas de história econômica do Brasil. Após a II Guerra Mundial, elegeu-se senador, cargo que ocupava ao falecer.

Mário Henrique Simonsen (Rio de Janeiro, 19 de fevereiro de 1935 — Rio de Janeiro, 9 de fevereiro de 1997): Engenheiro civil pela Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil, foi Ministro da Fazenda durante o governo de Ernesto Geisel e Ministro do Planejamento no governo de João Batista Figueiredo. Em 1966 torna-se diretor da recém criada Escola de Pós-Graduação em Economia (EPGE) da FGV-Rio, onde permanece lecionando. Participa também de cargos no IBRE e na própria direção da instituição.

Eugênio Gudin Filho (Rio de Janeiro, 12 de julho de 1886 - Rio de Janeiro, 24 de outubro 1986) : Formado em engenharia pela Escola Politécnica de São Paulo, foi o redator do projeto de lei que institucionalizou o curso de superior de economia no Brasil, delegado brasileiro na Conferência Monetária Mundial, em Bretton Woods, ministro da economia durante o governo de Café Filho e, entre 1960 e 1976, vicepresidente da Fundação Getúlio Vargas.

Octávio Gouvêa de Bulhões (Rio de Janeiro, 7 de janeiro de 1906 — Rio de Janeiro, 13 de outubro de 1990): Bacharel em ciências jurídicas e sociais pela Faculdade do Rio de Janeiro e curso de especialização em economia na American University, em Washington. Foi chefe da Divisão de Estudos Econômicos do Ministério da Fazendo, delegado brasileiro em Bretton Woods, participante no projeto dos cursos de economia no Brasil (1944-45) e doutor honoris causa na EPGE-FGV.

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GAZETA VARGAS

Matéria Central

FGV E O SENADO

Alípio Ferreira, Eduardo Miyamoto, Barbara Sterchele

“Acender velas na escuridão”

Corruptos”, “canalhas”, “semvergonhas”, “calhordas”, “crápulas”. Estes são adjetivos comumente endereçados aos políticos que dirigem o Estado brasileiro. Não que julguemos que essas escolhas lexicais sejam infundadas. No entanto, a Gazeta Vargas se propõe a destrinchar um evento que a princípio pareceu ser mais uma falcatrua: o projeto encomendado pelo Senado Federal à Fundação Getulio Vargas. Não que sejamos dotados de poderes psíquicos ou bola de cristal que nos permita um conhecimento onisciente do que ocorre na realidade nua e crua das relações Brasília-RJ. No entanto, coube o esforço da equipe da Gazeta em colher o maior número de informações possível para elaborar uma matéria que elucida preconceitos e inverdades a respeito dessa polêmica. Não que tenhamos todas as respostas aos inúmeros questionamentos que surgem quando esse tema delicado vem à tona, ou que sejamos detentores inexoráveis da Verdade. No entanto, a Gazeta Vargas apenas não se abstém de emitir sua contribuição ao debate. Para introduzir a discussão, urge contar uma história. Numa terra não muito distante chamada Maranhão,havia uma família cristã: os Sarney. Essa família aceitou humildemente a missão de liderar o atraso do que viria a ser um Estado da República bananeira do Brasil. Com o desenvolvimento do Brasil (mas não do Maranhão), a família Sarney conseguiu feitos extraordinários que conferiram a seus membros biografias bastante incomuns. O sumopatriarca do clã, José Sarney, teve a honra de ser o primeiro presidente da República após a transição democrá-

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tica. A isso se deve o célebre aforismo do presidente Lula: "O Sarney tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum". José Sarney hoje é senador da República pelo Estado do Amapá, eleito pela legenda PMDB. Em uma belíssima segunda-feira de verão, sob a égide de um lábaro estrelado, Zé Sarney (assim Agaciel o chamava) foi eleito pela terceira vez em sua meteórica carreira política para presidir a Câmara Alta. Neste mesmo dia, dois de fevereiro de 2009, foi eleito também, para presidir a Câmara dos Deputados, seu correligionário, o deputado Michel Temer. Esse dia ilustra, pois, a influência perpétua, no governo, do PMDB – o partido mais vendido do Brasil. Mas os Sarney têm lá seus méritos: também usam o dinheiro público para financiar projetos culturais na Fundação Sarney, em São Luis; são uma das poucas famí-

lias que dominam as telecomunicações maranhenses; e por último, mas não menos importante, não deixam o irmão aflito passar necessidade. Quando da recente eleição deste distinto literato à presidência do Senado também eleito em 1980 para a cadeira de número 38 da Academia Brasileira de Letras- a revista The Economist (“Where dinosaurs still roam”, 5/02) não deixou a desejar, classificando o resultado como “uma vitória do semifeudalismo”. Como lembra a renomada revista britânica, “José Sarney candidatou-se pela primeira vez a um cargo político há mais de meio século. (...) Representou o Estado como deputado federal (duas vezes), governador, e senador (duas vezes). Em 1985 tornou-se o acidental e indistinto presidente do Brasil quando o homem eleito para o cargo morreu antes que pudesse assumir. Mais recentemente se tornou senador pelo vizinho e recém-criado(sic) Estado do Amapá (duas vezes). Hora de se aposentar, alguém poderia pensar.” Apesar da brilhante carreira política, a popularidade do cacique do Maranhão não se encontra em bons lençóis.

Foto: Agência Senado, por Jane de Araújo.


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gazetavargas@gvmail.br Seus métodos não inspiraram na opinião pública a confiança digna de um líder benevolente.Em seu terceiro mandato como presidente do Senado, Sarney conseguiu macular sua já abalada reputação. Com o intuito de moralizar a sua gestão e a Casa, deu um toque no presidente Carlos Ivan, o Terrível, e encomendou da FGV um extenso projeto de reforma do Senado. O projeto foi protocolado no dia 18 de março em Brasília, com muitos sorrisos e fotos celebrando a união estável. Em 12 meses a FGV deverá entregar ao Senado um montão de coisas: “auditoria administrativa, planejamento e avaliação de recursos humanos, avaliação e monitoramento de processos e resultados e economia nos diversos serviços do Senado” (Agência Senado, 18/03). O histórico de parceria entre a FGV e o Estado é longo e denso. Com o Senado Federal, a FGV já realizou projetos similares de reforma, como o encomendado em 1996 pelo então presidente da Casa, o Excelentíssimo Riquíssimo Imortal José Sarney. Não é de hoje que o nome da FGV ronda nos corredores das altas cúpulas de “Brasilha”. Em nossa ilhada capital, os operadores da máquina pública requisitaram desta vez da Fundação uma reforma que se limite ao âmbito administrativo. A própria FGV não se posiciona como incumbida da tarefa de “moralizar” o Estado brasileiro, no sentido de apontar a corrupção e as irregularidades em geral. O plano a ser entregue visa tornar mais eficiente o funcionamento desse órgão do Legislativo. O Senado, com o intuito de contratar um serviço específico limitado à esfera administrativa, utilizou-se do recurso legal da “notória especialização” (lei 8.666/93), que dispensa realização de processo de licitação pública., possível graças ao histórico de atuação da FGV. Emprestando do presidente Sarney sua poética conclusão, espera-se ver esse projeto “acender velas na escuridão”.

Toda minúcia O primeiro relatório foi entregue pela FGV ao Senado no dia 6 de maio de 2009. Nesse relatório, a nossa querida Fundação sugere uma reorganização na hierarquia do Senado, o que em “tucanês” se diz: “consubstancia os resultados das primeiras análises e as propostas emergenciais de mudanças no arranjo organizacional e na estrutura de cargos de direção da Câmara Alta”. No primeiro relatório, as mudanças técnicas sugeridas causaram frisson por não implicarem uma redução substancial nos gastos da Casa. Porém, a FGV se justifica: “o trabalho não consiste em uma auditoria, de qualquer natureza, das atividades do Senado Federal, como equivocadamente tem sido noticiado.” O projeto meramente consistia em uma repaginada nos crachás dos empregados. Deram-se novos nomes aos bois: quem era diretor virou coordenador, quem era secretário virou assessor, quem era recepcionista virou “técnico de concierge” e assim sucessivamente. O mal-entendido entre o que foi proposto nessa primeira etapa e o que era esperado pela mídia tupiniquim foi provavelmente causado pela própria Agência Senado, que noticiou no dia 18 de março que “o protocolo [assinado com a FGV] anuncia auditoria administrativa, planejamento e avaliação de recursos humanos, avaliação e monitoramento de processos e resultados e economia nos diversos serviços do Senado.” A imprensa , acabou publicando meias verdades e ocasionando a chacota contra a Fundação por não haver proposto radical corte de gastos. Entendeu-se erroneamente que todo o projeto encomendado já havia sido completado nessa primeira fase, a qual contemplava somente a reorganização dos cargos. Portanto, a intenção primária do relatório não era fornecer números expressivos, mas sim dar o "primeiro passo na direção de um amplo processo de reestruturação" da Casa, nas palavras

de Sua Excelência o coronel José Sarney. No final de junho, o Senado divulgou a segunda etapa do projeto elaborado pela equipe do professor Bianor Cavalcanti, encarregado da supervisão. Era exatamente a dose concentrada de Maracujina® que a mídia necessitava: a FGV propunha cortes substanciais nos gastos da Casa! Em entrevista publicada no dia oito de julho na Folha de São Paulo, o professor Bianor fez um apanhado geral das mudanças encaminhadas: corte de 2.400 funcionários, redução do número de diretorias, entre outros. Trabalham atualmente no Senado 3.000 funcionários comissionados (indicados), 3.500 concursados e 3.500 terceirizados.O senado Heráclito Fortes (DEM-PI) tem afirmado levianamente que a implementação do projeto implicará em uma economia estimada em 40% para o orçamento da Câmara Alta. Entretanto este número não foi divulgado pela Fundação, e refere-se apenas à economia a ser gerada na gráfica do Senado, que é o próprio antro de desperdício e cabide de apadrinhamentos, e onde o desembargador Dácio Vieira (que baixou a censura contra o Estado de São Paulo) tirou uns trocados e fez algumas amizades. Os funcionários do Senado Federal sentem-se diretamente envolvidos no projeto, e encaminharam à Fundação uma brochura de 1.300 páginas com 500 sugestões a serem contempladas pelos profissionais. Como era de se esperar, esse manifesto propõe mudanças muito mais modestas do que os gevenianos intencionaram. Segundo a Folha de São Paulo (08/07), onde a Fundação sugere redução no número de servidores em 31,6%, os funcionários sugerem 26,4%, e assim sucessivamente. Tem-se comparado muito essa empreitada com o projeto similar encomendado em 1996, pelo onipresente presidente José Sarney. À época, a Fundação sugeriu um fortalecimento da Diretoria-Geral da Casa, o que foi com muito sucesso implementado. O Senador que coordenou o projeto foi o

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alagoano Renan Calheiros, vejam só. a garantia de que a indecência seria esO diretor-geral indicado, Agaciel Maia, camoteada do conhecimento público”. recentemente se encontrava no ponto (O Estado, 9/07). mais alto de sua carreira, com aparições A FGV deve receber pelo projeto frequentes nos noticiários e tabloides R$250.000,00. O relatório final foi ennacionais. Sua gestão produziu núme- tregue ao Senado no dia 18 de agosto. ros espetaculares: só em atos secretos, Além das mudanças na organização foram mais de 1.000! Agora, passados hierárquica dos funcionários do Senado, muitos anos e algumas pedras no ca- com a eliminação de alguns cargos e o minho, a Fundação propõe justamen- esclarecimento das funções de outros, te a descentralização das atividades a FGV fez propostas para enxugar a inde cunho administrativo, passando a chada estrutura do Senado. A intenção Diretoria-Geral a ser composta por sete é reduzir em 20% o número de funciodepartamentos. Isso desmente de ma- nários efetivos. Alguns deles têm saláneira deslavada as acusações de alguns rios próximos a R$20.000,00 mensais, e setores da mídia de que o atual projeto deveriam se submeter a um PDV (Proé uma xérox envernizada daquele apre- grama de Demissão Voluntária), segunsentado em 1996. do propôs a equipe do professor Bianor. A FGV deixa claro que considera No relatório final constam as diversas sua atuação no Senado como uma con- recomendações, algumas das quais já sultoria administrativa convencional. em fase de implementação, como por Não se propõe a embrenhar-se nas exemplo a criação do “Portal de Transmaracutaias políticas que envolvam parência do Senado Federal”, onde partidos, familiares e confrades. Entre- serão públicas as informações quanto tanto, como publicado no dia 16 de ju- a despesas de gabinetes, gastos com nho n’O Estado de São Paulo, o senador passagens aéreas e futuramente festiPapaléo Paes (PSDB-AP), a descoberta nhas em mansões do Lago Sul. A FGV de atos secretos foi fruto de auditoria espertamente inseriu ainda uma última realizada pela Fundação, o que não recomendação em seu relatório final: é verdade. Mas no dia 13 de junho, o “Implementação imediata dos resultados do mesmo periódico publicou que “a téc- estudo de reestruturação apresentado pela nica utilizada na elaboração dos atos FGV.” (O Estado, 9/07). secretos surpreendeu até os auditores “Pagando bem, da FGV: enquanto as decisões públicas eram reunidas num mesmo documento, que mal tem?” diariamente, a maioria dos atos ‘secretos’ recebeu tratamento isolado, não se “O sistema econômico no capitalismisturando com as outras medidas. Era mo administrado é controlado de fora,

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Matéria Central politicamente, e, no entanto, esse controle político não é exercido de maneira transparente. Esse controle é exercido burocraticamente, segundo a racionalidade própria da burocracia. Essa racionalidade chama-se, na linguagem de Horkheimer, ‘instrumental’: trata-se de uma racionalidade que pondera, calcula e ajusta os melhores meios a fins dados exteriormente ao agente.” (NOBRE, 2008) Existe na FGV uma orientação no sentido de geração de receita para financiar suas atividades, como pesquisa e ensino. Algumas atividades de extensão como, por exemplo, as consultorias prestadas e cursos de MBA, têm sido estimuladas e expandidas na gestão de Carlos Ivan Simonsen Leal. Graças à separação explícita que o presidente realizou entre as atividades de pesquisa e ensino, e as atividades de “sustentação”, a FGV parece ter conseguido colocar suas contas em dia. Quando o presidente Sarney incumbiu a Fundação da tarefa de reformar a administração do Senado, celebrou-se um contrato típico de prestação de serviços. Para o professor Ronaldo Porto Macedo Jr., da Direito GV, “fazer uma consultoria ao Senado é importante para a GV: dá uma imensa visibilidade, respeitabilidade”. O fato de a GV ter sido escolhida por “notória especialização” decorre naturalmente de sua reputação e de seu histórico de atuação junto ao governo. Para a imagem do Senado, a parceria firmada denota um esforço por credibilidade. O professor Ronaldo acrescenta que “os administradores [do Senado] precisam dessa autoridade institucional, que é o que dá força à própria mudança”. Quem não gostaria de ser fotografado ao lado de uma “celeb” como José Sarney? Carlos Ivan, o Terrível, não pôde resistir ao charme dessa proposta, colocando o projeto sob supervisão de Bianor Cavalcanti, que concentrou as atividades na FGV-RJ. O senhor professor Bianor fez o favor de compor com louvor a equipe que dissecaria o cadáver


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gazetavargas@gvmail.br que se tornou essa instituição chamada Senado Federal. Mas dado o interesse dos senadores em reavivá-lo, não se espera que a Fundação se negue a prestarse a esse ambicioso serviço. Além do mais, como ela negaria um chamado do governo brasileiro, dada sua missão de estimular o desenvolvimento nacional e dada sua proximidade estratégica com o poder público? Em português claro, pode-se considerar que a GV possivelmente estava entre a cruz e a caldeirinha. Os custos do envolvimento no projeto são óbvios: mobilização (“em curtíssimo prazo”) de uma equipe de profissionais qualificados (que poderiam estar alocados em outros projetos), e o risco de se contaminar com o lixo tóxico da politicagem nas altas cúpulas. Talvez precipitadamente, a FGV julgou que R$250.000,00 cobririam tudo isso. Além disso, são notórios na FGV eventuais favorecimentos ao Estado, potencial fonte de receitas e indicações. Um exemplo de iniciativa da Fundação para favorecer o governo foi instituir o ENEM como porta de entrada para seus cursos de graduação, claramente de acordo com o que o governo vislumbrara para finalidade da prova. A atitude da FGV deu suporte ao processo de consolidação do ENEM como exame de entrada a escolas de ensino superior, embora tenha autonomia para decidir e elaborar seu próprio processo seletivo. Já o diretor-adjunto do Senado disse à Gazeta Vargas que chega a considerar a Fundação “corajosa”, uma vez que deu início aos trabalhos antes que o contrato fosse firmado. Para a imagem do Senado, o envolvimento com a FGV funciona como um símbolo de esforço em prol da “moralização”. Fica claro que o próprio presidente Sarney tenta se beneficiar da segurança transmitida por um think-tank como a Fundação Getulio Vargas. No último discurso proferido da tribuna antes do recesso parlamentar, o senador maranhense proferiu o nome da Fundação oito vezes. Não que a Gazeta Vargas se

responsabilize por aqueles que tomam “o santo nome em vão”, e gostaríamos de deixar registrado que não recebemos nenhum tipo de bonificação por essa patrulha. Porém, salta aos olhos que o senador se utilize tanto desse artifício retórico para respaldar seu discurso. Inclusive, se a Fundação fizesse um relatório sugerindo um corte irrisório de gastos, “o Senado ficaria muito agradecido, e com certeza o acataria, mostrando para todo país que uma instituição séria como a FGV mostrou que eles não abusavam do bolso dos contribuintes”, como avaliou o aluno do 8º semestre de AP e colaborador do DAGV, Alan Broner. Trocando em miúdos, de uma perspectiva pragmática, o que faz um intelectual sair da Cidade Maravilhosa para desempenhar um papel no meio do Cerrado deve transcender um incentivo exclusivamente financeiro. Consideramos que o fim aspirado nesse processo é a perpetuação da estima e influência de que goza a Fundação. Para atingilo, buscam-se os meios mais eficazes e eficientes de que se dispõe: fazendo a manutenção de sua reputação com projetos de alta visibilidade e retorno material. Em discurso proferido da tribuna no dia 12 de maio, o Senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) lembrou alguns números: “O contrato º 55, de 1995, segundo informação oficial do Senado, foi pago em quatro parcelas de 220 mil e 500 reais, totalizando 882 mil reais. (...) A Fundação já faturou em contratos com o Senado nos últimos 5 anos, pelo menos 3.3 milhões de reais [A Fundação foi responsável, no ano passado, por um concurso público para a Polícia Legislativa do Senado, por exemplo]. A Fundação Getúlio Vargas não se eximiu de apontar falhas e indicar soluções. Só que o Senado permaneceu estático, nada fez, nada mudou, nada modernizou, nada reformou.” O projeto de 1996, como se pode constatar, foi bem mais caro do que o atual (R$250.000,00).

Onde há fumaça..

“Assim, a racionalidade como um todo se reduz a uma função de adaptação à realidade, à produção do conformismo diante da dominação vigente. Essa sujeição ao mundo tal qual parece já não é, portanto, uma ilusão real que pode ser superada pelo comportamento crítico e pela ação transformadora. (...) A dominação total e completa da racionalidade instrumental sobre o conjunto da sociedade capitalista resulta, então, no mencionado bloqueio estrutural da prática.” (NOBRE, 2008) O leitor certamente já ouviu dizer sentenças do tipo: “Quem entra na política só quer se beneficiar”, “Não confie em ninguém”, “No mercado de trabalho não existe amizade”. Longe de refletir a natureza humana, essa lógica apenas traduz uma realidade histórica. Esse é o famoso “mundo real”, para o qual somos preparados e o qual aprendemos a temer. Quando a FGV entrou no Senado, não o fez com ingenuidade. Um olhar rápido basta para perceber que o Senado opera por meio de “uma estrutura arcaica, que propicia a corrupção”, como descreveu o professor da EAESP, Paulo Barsotti. Para o professor, a consultoria que a GV se propôs a prestar “não é uma reforma administrativa qualquer: é uma reestruturação dentro da esfera pública”. Ao adentrar nesse universo da “coisa pública”, o professor Barsotti avalia que não se possa pensar uma reestruturação administrativa sem levar em conta aspectos políticos. O diretoradjunto do Senado, Luciano Gomes, concorda com o professor, e diz estar seguro de que, levando em consideração esses aspectos políticos, a Fundação jamais proporia uma reforma inexequível. O jogo político, a troca de favores, são só alguns exemplos de artifícios com frequência empregados para que contratos como o celebrado entre a FGV e o Senado possam ocorrer, e são legítimos na medida em que são reproduzidos e aceitos amplamente. Ninguém condena ninguém por ma-

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ximizar o próprio auto-interesse. Se a FGV se enojasse completamente dessas forças ocultas que tendem a atravancar o desenvolvimento e a impedir a transparência, deveria aprender a identificálas e contê-las dentro dos departamentos e Escolas que levam o seu nome, e onde a briga por um “carguinho” e por um “favor” entre docentes e funcionários reflete também essa lógica do auto-interesse e do mínimo esforço. “Acredito que a ética e a Justiça são, sim, conceitos que a Fundação tem de defender”, diz o ex-presidente do DAGV, Tiago Tadeu Bezerra, “mas creio que, para que ela levante essa bandeira em âmbito nacional, é necessário primeiro que ela seja exemplo”. É necessário reconhecer que a FGV não se propôs a salvar o Senado Federal da mixórdia que se tornou essa crise política centrada na própria figura de Sarney. Tampouco foi requisitado que o fizesse. Cumpriu com seu papel de maneira clara e eficaz, não indo além daquilo a que tinha sido contratada. Por mais que cause arrepios o envolvimento de tão gloriosa Fundação com tão desmoralizada Casa, não se poderia discordar do professor Ronaldo Porto Macedo Jr, quando afirma que “o fato de haver uma consultoria para reformar [a burocracia do Senado] dá uma plataforma em torno da qual os senadores puderam se organizar, o que em si mesmo é bom”. Mas houve participação em algum jogo político? Isso seria pragmático. Mas até onde isso seria ético? Não há dúvida de que a sociedade e a economia operem por meio de procedimentos fortemente consolidados. Porém, o “bloqueio da prática” contra esses procedimentos não significa um “bloqueio da crítica” contra eles. Admitir e conhecer o mundo não significa resignar-se a ele. A reflexão sobre o conteúdo moral das ações e decisões não é anacrônica ou ultrapassada. O Senado Federal passa por uma crise muito séria. A crise dói mais porque é no Senado, porque é naquela Casa de senhores, “uma Casa que sempre foi

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Matéria Central imaculada, a Casa dos ‘pais do povo’”, como observou o professor Paulo Barsotti. Porém, os senadores não fazem por merecer o título nostálgico de guardiães da República. Renan Calheiros, Jader Barbalho, Fernando Collor de Melo, José Sarney são nomes que dispensam comentários, ouvidos do Oiapoque ao Chuí como palavras que lembram coisas tristes. Não há “falta de ética”, mas sim uso indevido dela. Segundo o professor Ronaldo, é preciso lembrar a distinção entre a “ética de responsabilidade”, que é aquela orientada por metas claras e objetivas, e a “ética de convicção”, orientada pela busca de ideais, ou a busca pela “Verdade”. É antiético que um político, que deveria se pautar na ética de responsabilidade, condicionada a resultados, use de seu poder para perseguir sua ética de convicção, defendendo suas próprias posições, interesses e ideais. Assim como seria antiético a Fundação Getulio Vargas, que na condição de “Academia” supostamente persegue a “Verdade” honestamente, fazer um projeto de reforma do Senado de forma compactuada, para emprestar seu nome e deixar tudo como está. Para o professor Ronaldo, “se houvesse esse tipo de participação no jogo político, [a Fundação] estaria fazendo política, e isso foge do que a Fundação deve fazer. Seria antiético e antiprofissional”. Porém, se agiu de forma isenta e responsável, o aluno e colaborador do DAGV Alan Broner (8º AP) afirma: “Vou ser o primeiro a bater palmas para a Fundação, vou ficar extremamente orgulhoso de pertencer a essa instituição, pois isso sim será um ‘tapa na cara’ do Senado e de sua estrutura”. O discurso do Senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) do dia 12 de maio não inspira otimismo: para ele, o projeto da FGV será provavelmente inócuo, não será aplicado. Tanto essa perspectiva sombria quanto a diferença entre os preços do projeto de 1996 (R$882.000,00) e o atual (R$250.000,00), a valores correntes nesses anos, levanta suspeitas sobre os

porquês e “comos” do projeto. Na qualidade de entidade jornalística dentro da FGV-SP, a Gazeta e seus membros se veem como parte da Fundação. Portanto, não poderíamos nos furtar de um posicionamento quanto a esse assunto delicado que tem projetado o nome da Fundação com tanta repercussão. É natural que, diante disso, questionamentos sejam feitos por todos aqueles que têm algum envolvimento com a Fundação e alguma preocupação com a política nacional. A Gazeta se propôs a desempenhar seu papel de informar seus leitores com as melhores ferramentas que estavam às mãos. Não estamos habilitados a condenar nenhum lado dessa relação. Peneirando os fatos, o que sobra é: Sarney beneficia-se pessoalmente do projeto, o que é conhecimento de todos, inclusive da Fundação. E não imaginamos quem na Fundação Getulio Vargas tem interesse em ajudar um político como José Sarney. Ao mesmo tempo, a FGV tem um compromisso explícito com o desenvolvimento das instituições públicas brasileiras, e oferece publicamente seus serviços de consultoria a quem queira contratá-los. A FGV agiu corretamente ao aceitar a tarefa do Senado, se somente se, houver trabalhado com impessoalidade e em compromisso com eficiência e transparência. Estranhezas abundam nesse projeto, como o preço - uma fração do preço cobrado em 1996-, a sincronia com a crise política, a agilidade, as evidências do uso político que Sarney tem feito para se arvorar o status de “presidente moralizador”, o histórico de contratações sucessivas da FGV junto ao Legislativo, e a sombria perspectiva de que pode ser que tudo não venha a ser mais do que um belo projeto acadêmico. ¤ Referências: NOBRE, Marcos, extraído de “Max Horkheimer: A Teoria Crítica entre o Nazismo e o Capitalismo Tardio” in NOBRE, Marcos. Curso Livre de Teoria Crítica, pp48-50, Papirus Editora, 2008.


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Entidades

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Espaço das Entidades

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Fundação Getulio Vargas São Paulo é certamente uma instituição ímpar no que diz respeito ao alto número de entidades estudantis. Oficialmente, são onze: Associação Atlética Acadêmica Getulio Vargas (AAAGV), Diretório Acadêmico Getulio Vargas (DAGV), Centro Acadêmico Direito GV, Empresa Júnior (EJ), Consultoria Júnior Pública (JP), Consultoria Júnior de Economia (CJE), Consultoria RH Júnior, Conexão Social, Incubadora Tecnológica de Cooperativa Populares (ITCP-FGV), AIESEC-FGV e a Gazeta Vargas. As entidades estudantis oferecem aos alunos da FGV uma experiência acadêmica intensa e estimulante. É certamente um dos diferenciais da FGV-SP em relação à grande maioria das instituições de ensino superior no Brasil. A vivência nas entidades é uma possibilidade que está à mão de todos os estudantes, uma vez que participam delas membros de diversos perfis. A presença das entidades é marcante: são inúmeras palestras, festas e outros eventos, como o “Trilhas” (Conexão Social), jogos Economíadas (AAAGV), Semana de Economia (CJE), Global Cultural Transfer e Alfabetização Solidária (DAGV), festas (DAGV e CA Direito GV) entre muitos outros. Aproveitamos este espaço da Gazeta Vargas para se apresentar as entidades à comunidade geveniana:

A RH é uma empresa júnior de consultoria com foco em recursos humanos. Nosso grupo é formado por alunos das Escolas de Administração, Economia e Direito da FGV, e também, por alunos de Psicologia do Mackenzie, tornandonos a única empresa interdisciplinar da América Latina, e a primeira independente. www.rhjunior.com.br

A Consultoria Júnior Pública – FGV é uma associação sem fins lucrativos, formada e dirigida por alunos de graduação da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo. Desde 1994 realiza projetos de consultoria em gestão exclusivamente para a área pública e para o terceiro setor. Realiza também eventos, como o Boação, realizado semestralmente na FGV. www.jpfgv.com.br

A CJE surgiu de uma iniciativa de alunos ao final de 2007. Dentro dela, o aluno tem a oportunidade de utilizar grande parte do ferramental econômico, matemático e estratégico aprendido em aula, contando com o apoio e auxílio do corpo docente. A proposta da CJE é desenvolver ao máximo seus consultores, tornando-os aptos a entrar para o mercado de trabalho. www.eesp.fgv.br/cje

A Empresa Júnior FGV é uma consultoria empresarial formada por alunos dos cursos de graduação em administração, economia e direito da FGV-SP. Criada em 1988, é a primeira Empresa Júnior da América Latina. Foi uma das primeiras empresas juniores do Brasil a ampliar suas atividades em um âmbito internacional, realizando projetos internacionais e recebendo intercambistas de escolas estrangeiras. Tendo como parceiros McKinsey & Company, MBA Empresarial e DoMore!, atua com foco em empreendedorismo e estratégia, tendo realizado mais de 500 projetos de consultoria desde a sua fundação. www.ejfgv.com.br

A entidade faz parte de uma rede de incubadoras espalhadas pelo Brasil. O trabalho de incubação consiste no estímulo e assessoramento de microempreendimentos. As atividades da incubadora são embasadas na perspectiva teórica da Economia Solidária, na qual os membros devem se instruir à medida que participam da entidade. www.itcpfgv.org.br

AIESEC é a maior organização de jovens do mundo, presente em mais de 1700 universidades, e oferece ao membro uma experiência integrada para desenvolvimento de liderança e intercâmbios profissionais. www.aiesec.org.br/site/escritorio/fgv

O Conexão Social - FGV é uma entidade estudantil formada por alunos das três Escolas - Administração, Economia e Direito - da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo. Nosso propósito é complementar a formação do aluno para que ele se torne um líder socialmente responsável, consciente do papel que exerce na sociedade e de seu potencial em realizar transformações positivas. www.conexaosocialfgv.ning.br

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Entrevista: Luciano Gomes

ENTREVISTA COM LUCIANO GOMES, diretor-adjunto do Senado Federal

Alípio Ferreira e Eduardo Miyamoto

E

m sua investigação sobre a relação entre FGV e Senado, a Gazeta Vargas entrevistou o diretor-adjunto da Casa, Luciano Gomes. O nome foi recomendado pela assessoria de imprensa do Senador Heráclito Fortes (DEM-PI), primeiro-secretário do Senado, que se recusou a ceder entrevista por considerar-se inapto a responder questões técnicas. Luciano participou das negociações com a Fundação, mas não foi capaz de fornecer detalhes sobre as diferenças entre o projeto de 1996 e o de 2009. Tampouco soube informar sobre a possível relação entre o Senador José Sarney e a FGV, em especial os presidentes Carlos Ivan Simonsen Leal e Jorge Flôres (presidente da FGV em 1996). Quando questionado sobre por que a FGV, e não outra entidade, foi contratada para o projeto, também afirmou desconhecer as razões. A assessoria de imprensa do Senador José Sarney (PMDB-AP) também não conseguiu nos dar detalhes sobre por que foi a FGV a entidade contratada em 1996. A assessoria de Sarney lembrou que o coordenador do projeto era o Senador Renan Calheiros (PMDBAL). Ressaltou também que a escolha da Fundação Getulio Vargas não tem nada a ver com a relação entre José Sarney e Carlos Ivan, derivando unicamente do prestígio de que goza a Fundação na sociedade e da qualidade de seus serviços. Na entrevista a seguir, o diretor-adjunto Luciano Gomes fala sobre o surgimento da ideia de reformar o Senado, e sobre as dificuldades em implementá-lo. Cedeu a entrevista por telefone, de seu escritório em Brasília, no dia 13 de agosto.

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»»Gazeta Vargas - O Senado Federal recentemente contratou a Fundação Getulio Vargas para um projeto de reforma administrativa. O contrato foi protocolado no dia 18 de março, e o primeiro relatório parcial foi entregue no dia 6 de maio. O que levou o Senado a contratar a entidade? »»Luciano Gomes - O que levou o Senado a contratá-la foi provavelmente o fato de ela já ter sido contratada anteriormente para fazer um trabalho para o Senado, na gestão do Senador José Sarney [o Senador foi presidente do Senado em 1996]. Então ele entendeu que seria melhor contratá-la novamente por já ter tratado de assuntos do Senado anteriormente. Foi por notória especialização, e por já ter feito um trabalho semelhante a esse para o Senado Federal. A proposta da fundação, assinada pelo Carlos Ivan [Simonsen Leal, presidente da FGV], consiste na “revisão da estrutura organizacional administrativa e sistemática de classificação e remuneração de cargos de provimento em comissão e pessoas comissionadas, manter modificações técnicas acordadas em reunião técnica realizada”. Dessa reunião técnica, não tenho nem sei se foi feita uma ata. Foi uma

Inclusive a Fundação corria o risco de começar a fazer isso sem estar respaldada por um contrato

reunião basicamente entre o presidente Sarney e os representantes da fundação. »»GV - A proposta de reformar a administração do Senado partiu pessoalmente do presidente José Sarney ou era uma ideia que já estava há tempos em gestação no Senado? »»LG - Foi um chamado do presidente José Sarney. Tudo começou com aquela confusão das 180 diretorias do Senado. Na verdade, eram 180 cargos com remuneração de diretor, mas não eram diretores efetivos. Constatamos que eram 38 diretorias e o presidente Sarney achou por bem contratar a Fundação Getulio Vargas para rever esse estrutura administrativa do Senado. Julgou-se muito inchada essa estrutura, e se contratou a Fundação para estudar isso e propor uma racionalização da história toda. Eventualmente, como se vai mexer na estrutura, deve-se mexer também na estrutura de cargos. Se se mexe de um lado, deve-se mexer também no outro. Seria um plano de carreiras: pensar nas funções comissionadas [as indicações] e cargos de provimento [os concursados]. »»GV - Na sua visão, independentemente do momento que passasse o Senado, o presidente Sarney tomaria essa atitude de reformar a Casa? O senhor acha que o presidente José Sarney fez essa contratação nesse momento conturbado do Senado com o intuito de moralizar o Senado, inclusive de salvar sua própria reputação que está sendo abalada com a crise que tem assolado o Senado Federal? »»LG -Acredito que sim [independentemente do momento]. É um pouco difícil afirmar que ele está tentando salvar a própria pele. Acho que não, acho que ele fez isso movido pelo melhor dos ideais, quais sejam: reformular, racionalizar a estrutura administrativa do Senado. Acho que a intenção dele foi essa, inclusive de dar uma satisfação à sociedade e aos demais senadores. »»GV - O senhor acredita que a FGV se beneficia politicamente, publicamente de realizar um projeto junto ao Senado Federal? »»LG - Claro que se beneficia. Acho


Entrevista: Luciano Gomes

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que é uma honra para a Fundação Getulio Vargas contribuir com a questão do Senado Federal. É uma honra para qualquer empresa poder contribuir. »»GV - De que variáveis depende a implementação de um projeto tamanho de reforma administrativa no Senado Federal? »»LG - Há variáveis políticas e técnicas. Isso parte necessariamente para um projeto de resolução [um projeto destinado a regular, “com eficácia de lei ordinária, matérias de competência privativa [do Senado Federal], de caráter político, processual, legislativo ou administrativo” (fonte: Câmara dos Deputados)]. A estrutura administrativa do Senado só pode ser modificada pela aprovação de seu plenário por meio de resolução. Isso é um ditame constitucional. Tem que haver um consenso entre os demais senadores de que este é o melhor projeto para o Senado. Esse processo de resolução sofre todo o trâmite de um processo legislativo: pode sofrer emendas, pode ser encaminhado para comissões temáticas e a comissão que a mesa diretora julgar mais adequada. Sofre toda a preparação de um processo legislativo comum, normal. Além disso, também, mesmo ele sendo aprovado posteriormente, há a necessidade de um convencimento do corpo técnico do senado de que aquela é a melhor solução. Tem de haver um engajamento de

todos nesse projeto. É por isso que contamos com a FGV que não virá um produto inexequível, já que a GV, com sua experiência, conhece todas as variáveis políticas e administrativas e as levaria em consideração na constituição de seu projeto. »»GV - Quanto à auditoria da FGV, o Senador Papaléo Paes uma vez afirmou que a descoberta dos atos secretos decorre de uma auditoria da FGV. Isso procede? »»LG - Não, na verdade, não. Isso foi uma comissão feita pelo Senador Heráclito Fortes para estudar a melhoria da publicação dos atos administrativos que resultou na descoberta desses atos. Os quais, na verdade, não foram secretos, só não foram publicados na época correta. Foram publicados bem depois. Há muitas coisas aí que é difícil saber se foi má-fé ou não, pois há tantos atos que são tão corriqueiros que não haveria nenhum intuito em transformar isso em secreto. Nomeação de funcionário poderia ser outra função da comissão, funcionário efetivo, deve ser uma outra função do Senado. Mesmo no cargo que ele está assumindo, quando ele assina qualquer documento, memorando, isso já diz que ele está naquele cargo, quer dizer, não tem muito sentido essa coisa não ser publicada dessa forma. Foi só uma confusão administrativa mesmo. »»GV -Na época da contratação, quais

foram as limitações impostas à FGV? Onde eles não podiam mexer? »»LG -Nessa parte técnica, queríamos que fosse o mais abrangente possível. Nós nos reunimos com o corpo técnico da FGV e queríamos que essa abrangência da Fundação fosse total. Inclusive, que ela passasse pela parte administrativa dos gabinetes, mas a Fundação relatou que a solicitação feita pelo presidente Sarney foi que inicialmente se ativesse apenas à parte administrativa do Senado. E num segundo momento entraria nos gabinetes, nos cargos comissionados, nos funcionários de nomeação por parte dos Senadores. Ela entrará ou entraria nessa área num segundo momento. Foi chamada para reestruturar a parte administrativa do Senado. Foi essa a limitação, mas não por má-fé, mas por questão de tempo. É o que deve ser feito inicialmente. Se pedíssemos um projeto muito abrangente possivelmente demandaria muito tempo, e precisamos dar uma resposta mais rápida à sociedade. »»GV -O primeiro relatório foi entregue a “curtíssimo prazo”, como consta no próprio relatório, a pedido do próprio Senado Federal. Por que o “curtíssimo prazo”? »»LG -Na verdade nós fomos até surpreendidos pelo relatório. Nossa expectativa era a de contratar a empresa - a Fundação Getulio Vargas -, de elaborar o contrato, firmar o contrato e a partir daí começar a correr os prazos do contrato. E essa parte foi feita de uma maneira que até nos surpreendeu. Imagino que isso tenha sido um contato prévio dos dirigentes da FGV com a mesa diretora do Senado ou com o próprio senador José Sarney que acordaram essa entrega prévia do relatório. Não foi nada de irregular. Inclusive a Fundação corria o risco de [começar a] fazer isso sem estar respaldada por um contrato. Foi até corajoso, da Fundação Getulio Vargas, fazê-lo. ¤

Foto: Agência Senado, por Geraldo Magela.

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Coluna

FGV e o Brasil Rafael Kasinski

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harles de Gaulle certa vez mencionou, em citação atribuida a Carlos Alves de Souza Filho, então embaixador do Brasil na França (1963), que o nosso não era um país sério. Tal declaração deve ter causado arrepios e muita indignação nos milhões de patriotas-fanfarrões que há no País (os mesmos que, em 1997, ficaram ofendidos quando o governo estadunidense disse, após um estudo sobre corrupção brasileira, que aqui a corrupção era “endêmica”). Esses patriotas-fanfarrões são os mesmos que fazem o Brasil carregar em seu passado décadas e décadas de ser o País do futuro. Torna-se, através destes, possível dizer que se corrupção não é endêmica, a ingenuidade certamente é. Ou será cinismo? Visto a nova “crise” do Senado (aspas porque, convenhamos, por aqueles lados não acontecerá nada com ninguém), parece haver aqui uma curiosidade Orwelliana: somos ingênuos porque somos cínicos. Quem sabe o oposto. Isto porque, quando se observa o Todo, as Partes apenas viram motivo de piada. Afinal, que solução há para o Brasil? Nosso histórico só traz depressão. Nosso presente é apenas repetição do passado. Nosso futuro é certo: o presente. Seriedade pode ser medida como o esforço que alguém (digamos, o Brasil) faz para alcançar seu objetivo. Para ser caridoso, digamos que o objetivo do Brasil seja o de ser um País que dá certo para a vasta maioria de seus cidadãos (todos têm educação de qualidade, segurança, saúde, etc.) O Brasil não seria mais o país do futuro, mas sim um país entre muitos que já estaria lá, ao invés de localizar-se no começo do século XX, como é o caso hoje. Para isso, é necessário que os três poderes, a imprensa, as instituições de ensino (IE) e a sociedade civil (incluindo nossa incompetente

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elite) cumpram seus papéis de maneira honesta e séria. Quanto a nossa elite, é difícil não dar risada, visto que a única perspectiva que esta tem é dinheiro rápido. O resto da sociedade civil até que se esforça, mas há sempre as outras três barreiras: os três poderes, a imprensa e nossas IE. Quanto aos três poderes, os fatos mais recentes dão uma visão tenebrosa do Brasil: o PMDB continua mandando no país, como o faz desde 1988, sendo que ele não é um partido, mas sim um aglomerado de interesses privados; o Executivo faz o que pode para tornar o PMDB feliz; e o Judiciário tem como presidente um Marquês de Pombal mal disfarçado. A imprensa, como de sempre, evita criar problemas, contentando-se apenas com o denuncismo e tomando cuidado para servir os interesses das famílias que mandam em nossos jornais, revistas e redes televisivas. E daí temos as nossas IE. Uma parte delas, provenientes em parte da “reforma” educacional de Paulo Renato de Sousa (ministro da Educação do governo FHC), contenta-se em vender diplomas. A outra é formada por instituições como a FGV. Estas, nominalmente, deveriam ajudar o País, especialmente através da educação de nossas elites, a ser algo além de motivo internacional de chacota. Às vezes, há progresso, a verificar pela novidade que é a EESP. Às vezes, como se pode ver pelos relatórios de cortes de custos entregues ao nosso Senado pela Fundação, o caso parece ser o da manutenção do status quo, que, convenhamos, é motivo internacional de chacota. Foi, aliás, clássico: num primeiro momento, José Sarney nos contou que, com a inestimável ajuda da FGV, conseguiu, em DOIS MESESAPENAS!!!, descobrir que o Senado poderia reduzir seus gastos em 0,39%. Alegria em mas-

sa, fotos com Carlos Ivan (o Terrivel), risos por todos os lados. Após a “descoberta” de que Vossa Excelência sabia sim dos atos secretos, o Senado, como que num passe de mágica (e com a inestimável ajuda da FGV), descobre que pode reduzir seus custos em até 40%. Aqui, então, vê-se um questão interessante: para que que a FGV se dispõe a entregar um relatório para um predador como VE Sarney, que obviamente fará um uso puramente político, e de curto prazo? Qual o propósito da Fundação deixar-se ser usada por alguém tão medonho, tão absurdamente corrupto, como VE Sarney? Não quer perder o pedido para o INSPER? Não quer perder a confiança do governo para este sempre requisitar dados feitos pela fundação? Porque se uma das mais prestigiadas IE do Brasil se prontifica a servir de trouxa para alguém como Sarney tentar livrar a cara de mais um escândalo, tal IE é tão culpada pelo atraso que é o País quanto alguém como o já diversas vezes citado Presidente do Senado. Não é possível que a FGV tenha que ajudá-lo, ou que não possa ao menos desenvolver em paralelo algum outro projeto, de longo prazo e que vise o bem-estar do povo, e que tenho como objetivo tornar o Congresso mais democrático e eficiente. Se a FGV foi fundada para melhorar a Administração no Brasil, seria então interessante a Fundação prestar seus prestigiados e necessários serviços àqueles que realmente têm o interesse do País e sua população como prioridade. Ingenuidade? Talvez, mas soa demasiado cínico que a Fundação afirme apenas prestar serviços ao Senado, quando obviamente está meramente a ser usada pelo Rei do Maranhão para que este, amparado pela expertise da FGV, possa livrar sua cara mais uma vez. ¤


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Eventos

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ENECO 2009 e Suas Impressões Rafael Jabur

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á dois tipos de estudantes que procuram ir ao ENECO (Encontro Nacional de Estudantes de Economia). Um é aquele que está procurando o debate, conhecer novas realidades e se engajar politicamente. O outro é o que está lá para diversão, como se fosse um carnaval. Nesse ENECO, ambos encontraram muito do que fazer durante a semana, ninguém tem do que reclamar. Os mais engajados tiveram discussões e palestras de sobra para exporem seus pontos de vista e receberem os alheios. Já os que procuravam a diversão, tiveram sua sede saciada com festas noturnas diárias e constantes viagens etílicas, além da própria animação no “alojas”. Eram também promovidos, no período vespertino, festas e passeios que não constavam na programação do encontro. Devido a isso, as palestras e debates acabavam, por vezes, se esvaziando. Mas o importante é que ninguém atrapalhou ninguém. Cada um que foi contribuiu da sua forma para fazer o evento. Uma das coisas que mais me marcaram foi o poder de organização que nós, jovens, temos e que muitas vezes ignoramos. Esse poder se manteve vivo desde a concepção – pois os organizadores enfrentaram a oposição da reitoria, que era contra a realização deste tipo de encontro na UFSC, e, por causa disso, tiveram que promover um abaixo-assinado – até o encerramento. É com esse poder ignorado que se deram as discussões sobre o tema, Integração na América Latina – este que, por sua natureza, fugia do escopo exclusivamente econômico e descambava para a política. E, descambando para a política, vinham os aspectos ideológicos do interlocutor.

Pela maioria dos palestrantes, viu-se que o evento era vermelho. Maioria que, aproveitando o ensejo da crise, não tardava a atacar o neoclassicismo ou, melhor dizendo, achincalhá-lo. Era ele o inimigo número um da vez. Culparamno pela crise, que é inerente ao sistema. Chegou-se a dar-lhe o epíteto de “cachorro morto”. Isso tudo sem encontrar nenhuma resistência aparente do público. Pelo contrário, encontravam ovações, como quem carrega uma teoria que irá salvar o mundo. Em discussões sobre cursos de economia, notamos que ocorre uma homogeneização dos cursos. Cada vez mais os cursos estão sendo voltados para a ANPEC, que não é uma prova que valoriza o pensamento crítico. Ou seja, dada uma faculdade, quanto maior a fração de alunos, que prestaram a prova, que conseguiram uma boa colocação, melhor é a faculdade. Outra coisa que está ajudando a deixar as coisas cada vez mais iguais, e parece ser consequência da ANPEC, é a “manualização” dos cursos (afirmo isso pela similaridade do conteúdo da avaliação e dos manuais, parecida com a semelhança que há entre o vestibular e as apostilas dos cursinhos). Quem nunca teve a oportunidade de se deleitar lendo os dez pretensos “princípios de economia” de Gregory Mankiw? Ninguém aprende a criticar lendo manuais, e criticar é: “examinar, atentando para os acertos ou as falhas de; apreciar, analisar”. Percebendo isso, estudantes de economia da UFSC uma iniciativa que parece apenas estar começando (se Deus quiser!) no nosso curso, qual seja o engendramento de grupos de estudo. Em

se tratando da UFSC, mais notadamente um grupo de estudos para pensar e tentar entender, sem nenhum viés (é uma pretensão), a realidade latinoamericana. Isso é importante por duas razões – a primeira delas, e a mais óbvia, é a agregação de novos conhecimentos que não estão presentes na grade do curso à formação de cada um como economista pensante; a outra, que é efeito da primeira, é abrir os olhos daqueles que participam para novas realidades, para, assim, terem um posicionamento político mais coerente, ou seja, saber justificar racionalmente o porquê de estar a favor ou contra certa corrente, certo pensamento, certa atitude – já que os cursos não parecem oferecer visões alternativas sobre esse universo latino-americano tão diferente dos manuais, ou seja, Europa e Estados Unidos. Enfim, se você, leitor, estiver a fim de ir a um evento de grande porte (lembrando que o total de inscritos atingiu o máximo, mil e quinhentos), onde você possa encontrar discussões e palestrantes também de grande porte. Se estiver a fim de respirar ares para os quais a fundação parece ter um exaustor muito eficiente. A fim de conhecer pessoas do Brasil inteiro (nesse ENECO tinha gente até do Acre). De começar a se engajar, ver e ouvir opiniões de outros estudantes. De abrir um pouco mais a cabeça. Vá ao ENECO! Se você, ao invés disso, estiver a fim de ir lá apenas por diversão, vá também. Mas não se esqueça de que estará perdendo o principal do evento, e a maior riqueza que ele oferece ao estudante. Afinal, se fossem apenas pessoas para a parte pensante do encontro, o número de inscritos não teria chegado à cifra que chegou. Então, de uma forma ou de outra, tentem não perder o próximo ENECO, que será em João Pessoa. Façam com que a participação da nossa amada faculdade nesse tipo de evento deixe de ser inexpressiva! ¤

Ninguém aprende a criticar lendo manuais...

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Coluna

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Coluna de tecnologia “Porque todo aspirante a executivo precisa saber comprar seu BlackBerry” –Marcio Holland professor da EESP Daniel Barbosa Fejgelman

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em vindo(a) aluno(a) Geveniano(a), a Gazeta Vargas futuristicamente apresenta a sua mais nova coluna, a qual pretende ajudá-lo com este pequeno detalhe da sua vida que pode fazer uma enorme diferença, a tecnologia. Não aquela disciplina chatérrima, mas os artigos de consumo e entretenimento que são objetos de desejo de muitos, e uma verdadeira mão na roda para outros. Nessa edição falaremos sobre o que está mais em voga hoje quanto à mobilidade e a conectividade. O principal ator da cena mundial da tecnologia doméstica tem sido o emergente “netbook”, tendo surgido como um gadget de tela minúscula e teclado menor ainda. Evoluiu drasticamente após duas reformulações que incluíram mudança de sistema operacional (Linux, Windows Vista e atualmente o Windows XP), aumento da resolução e do tamanho das telas, além do aumento dos teclados. Mas será que vale a pena investir em um netbook? A resposta virá de acordo com o seu uso. O primeiro passo é saber se você realmente precisa de um drive de CD/DVD (ausente nos netbooks), e, depois, para que ele será usado? Ler arquivos PDF, editar arquivos do Word e Excel e navegar na internet são tarefas perfeitamente executadas pelos netbooks, mas se você não dispensa jogar The Sims 3 depois da aula no DA, o seu perfil não será bem atendido por estes aparelhinhos. A maioria dos programas usados na GV roda perfeitamente nos netbooks, inclusive o MATLAB,

além de alguns bons programas como o Adobe Photoshop e afins. No mercado ainda é possível encontrar modelos com modem 3G embutido,os quais garantem a conectividade em qualquer lugar sem uma pendenga USB conectada ao PCzinho. Agora, se um netbook se adequa tão bem ao seu perfil é melhor dar uma olhada nos Smartphones, pois ambos têm concorrido cada vez mais em certos nichos de mercado. Às vezes um celular que se conecte ao WI-FI da GV, pegue internet 3G, leia PDF e edite arquivos do pacote Office além de ser uma agenda pessoal, máquina fotográfica e ter uma linda telinha, ainda pode lhe poupar 1 kg na mochila ou bolsa. Os mais famosos smartphones são o iPhone da Apple e os BlackBerrys da RIM. Suas agendas costumam ser fantásticas e práticas, fazendo o dono raramente esquecer algum compromisso, além de possibilitarem a continuidade do trabalho fora dos escritórios de estágio. Apesar desses aparelhinhos poderem lhe manter conectado na rua, não substituem um computador (ao menos em casa). O que mais tem impulsionado o consumo de tais produtos (Smartphones e netbooks) além do design e de suas mais avançadas funcionalidades, é o preço. Pois é, a crise mudou nossos hábitos de consumo tecnológicos para melhor. Os aparelhos podem custar menos (no bolso e ao meio ambiente) e realizar cada vez mais funções. A faixa de preço dos smartphones vai de 200 reais por um tijolinho no “Xing-ling” da Pamplona com a Paulista, a mais de 2000 reais nos novos modelos em lojas de operadoras de telefonia móvel. Já os netbooks

variam de 1000 à 2500 a depender do modelo e da loja que, inclusive, pode ser de uma operadora que vende o netbook com o chip 3G e a assinatura de um pacote de dados. Fique de olho! Recentemente a Amazon (Amazon.com) lançou a nova edição do seu e-book. O Kindle DX, como foi nomeado, é um leitor eletrônico de livros que conta com uma tela de 10” de alta resolução que usa e-ink, ou seja, uma tinta eletrônica que cansa bem menos a vista que uma tela convencional de LCD, permitindo uma excelente leitura. E ele praticamente não consome energia. Teoricamente essa versão do leitor é voltada para o público universitário, apesar de o catálogo de livros didáticos em formato eletrônico ser bastante reduzido. Isso acontece pela insegurança das editoras de livros acadêmicos que ainda não concordaram plenamente com a ideia. Mas, querendo ou não, muitos dos alunos já possuem arquivos PDFs de vários dos livros requisitados. O Produto porém, não é vendido para fora dos Estados Unidos como consta no site da Amazon.com entretanto já aparecem no site MercadoLivre.com.br pessoas interessadas em vendê-lo por preços salgados que vão de R$ 2150,00 a R$ 2600,00. Para aqueles que se aventurarem com o aparelho há dicas em vários sites de como comprar os livros oficiais usando gift cards do site. A transferência dos livros nos EUA é wireles e automática, no Brasil ela deve ser feita via cabo. A concorrência já segue de perto a Amazon e dispõe de leitores eletrônicos há certo tempo, porém o que mais chama a atenção no modelo é o tamanho da tela que dá mais conforto à leitura e a duração da bateria que pode chegar facilmente a 2 semanas. O preço ainda é salgado, de 489 dólares, mas pode se mostrar bastante útil para tirar grandes pesos da mochila e gastar menos com livros. ¤

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Coluna

Networking Ricardo Lima

Modelos de Empresas em Rede Assisti recentemente uma palestra sobre negócios digitais no espaço Gafanhoto, do Cazé Peçanha, e uma delas, chamada “Conteúdo Gratuito na Internet” com Dan Turkieniez , me chamou a atenção pelo modelo de negócios baseado em redes sociais e o crescimento empresas que atuam nesse modelo, vou mostrar alguns exemplos para inspirar os alunos da GV.

Indica (http://www.indica.com.br) Eles escolheram atuar no mercado de trabalho e seu principal produto é facilitar o encontro de profissionais qualificados pelas empresas que disponibilizem alguma vaga, uma espécie de head hunter em formato web 2.0. As empresas cadastram gratuitamente suas oportunidades na ferramenta e automaticamente os usuários que estiverem dentro daquele segmento recebem uma notificação. Essas pessoas podem ou não se candidatar à vaga ou repassar para algum conhecido que também te-

[...] não deixem de pensar em negócios onde desde o processo até o produto final gerado e comercializado foi criado por uma rede social... 28

nha o perfil desejado. É aí que começa a ficar interessante, pois se o candidato for aprovado, quem o indicou também é remunerado por isso. Esse modelo mobiliza uma rede de pessoas que participam efetivamente do processo e possibilita um retorno financeiro a quem participa e é vantajoso para as empresas que tem maior chance de encontrar quem procuram.

MovieMobz (www.moviemobz.com.br) A cada mês, vários filmes são lançados nas salas de cinema, afim de recuperar – em uma média de 3 a 4 semanas – o dinheiro exorbitante gasto na produção e comercialização dos filmes. O MovieMobz surgiu para balançar o mercado cinematográfico trazendo de volta para telona filmes que já foram lançados no passado e foram sucesso de bilheteria. Os fãs se mobilizam pelo site e conseguem escolher data e horário que poderão assistir novamente, o que é vantagem inclusive para as salas de cinema que garantem a lotação de um filme, com custos baixos de exibição.

Camiseteria (www.camiseteria.com.br) O site que vem de um modelo americano (procedimento de clonagem tradicional de todos os mercados) trabalha com uma rede de artistas que divulgam suas artes através de uma rede, passam por um período de votação e, ao final, os melhores trabalhos elegidos pelos próprios membros são comprados pelo projeto e vendidos em estampas de camisetas. Somente os vencedores ganham, os demais participantes se contentam em tentar outros meios, ou seja, existe uma fatia de mercado não atendida.

Já que as redes sociais na internet já são uma realidade e efetivamente conseguem reunir e mobilizar um grande número de pessoas por uma causa e podem fortalecer ou destruir empresa, produtos e serviços, como os alunos da GV estão sendo preparados a pensar nesse modelo? Irei participar com um projeto pensando nesse modelo de redes sociais como base do negócio também para o Prêmio Santander de Empreendedorismo, as inscrições irão até o dia 23 de Agosto e convido a todos que tiverem um projeto na gaveta a participarem também, esse período na faculdade deve ser uma grande oportunidade de aprendizado, portanto, não a deixe passar em branco. Nas próximas edições aqui da Gazeta Vargas irei contar um pouco dessa experiência no concurso, se passar é claro. Deixo aqui um recado para todos os alunos que estão em véspera de prepararem seus TCC’s, não deixem de pensar em negócios onde desde o processo até o produto final gerado e comercializado foi criado por uma rede social, as chance de sucesso são muito maiores. Até a próxima. ¤


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Coluna do RH

As Farsas Chinesas Rafael de Heredia

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China e outros emergentes são a grande expectativa do mainstream econômico para que ocorra no mundo uma recuperação dos mercados em formato de V, isto é, aquela em que após uma queda acentuada, a valorização retorna rapidamente a taxas suficientemente positivas e o mercado não permanece recessivo por um período estendido (que seria o formato L). Mas no que depender da China e seu governo autoritário, é bom que o mainstream repense rapidamente o seu otimismo profissional. Gregg Easterbrook, grande articulista americano de periódicos como o The Atlantic Monthly, The New York Times, entre tantos outos, estava no auge da sagacidade quando comentou: “Torture the numbers and they will confess you anything”, ou, dito de outra forma, “torture os números e eles lhe confessarão qualquer coisa”. Pois acredito que seja o caso do governo Chinês atualmente. O milagre econômico começa a feder. Além do custo social e humanitário incalculável (que grandes setores da imprensa e da diplomacia, inclusive no Brasil, insistem em negligenciar), agora é o único trunfo chinês que está cheque: a "surpreendente" recuperação chinesa da Crise de 2008 pode não passar de tortura. Dessa vez apenas, uma tortura executada sobre os números. E por quê? Vamos aos fatos. O Governo da China alega que a economia cresce atualmente à taxa anualizada de 7,8%. Entretanto, utilizando números calculados pela Investment Management Associates, de Denver, o setor não exportador deveria crescer à taxa de 11% para compensar a queda na parte exportadora e permitir os alegados 7,8% de crescimento. Então perguntamos: "qual é a chance de isto acontecer em uma economia em que até taxa de consumo de energia elétrica está em queda?" Não nos esqueçamos que o forte da produção chinesa é a manufatura, e não o setor de serviços ou

bens intelectuais (que teriam menor correlação com a utilização de energia). Mas esta farsa também não é a grande novidade: os ditadores da China mentiam descaradamente sobre os índices de inflação no período pré-crise. A novidade é que agora os novíssimos entusiastas da economia chinesa não são apenas os que ignoram o absurdo da censura e dos direitos humanos. A insanidade chegou até aos analistas econômicos. As bolsas (especialmente a de lá) sobem ruidosamente em razão desta expectativa descabida e da emissão de moeda. O que crece sem parar (como no resto do mundo, aliás) é a base monetária (M2), à taxa de quase 30%. Mais uma bolha?

A bolha moral Há quem acuse, à direita do espectro político, os governos desprezíveis e censores da Coréia do Norte, Líbia, Cuba e outros que, em variados graus cinismo, se travestem de caminhos para o comunismo com o objetivo de melhor disfarçar a sua índole totalitária e assassina. Há também quem, à esquerda, denuncie governos como o da Itália, que é capaz de pensar e aprovar medidas como a recente Lei de Segurança Nacional. Esta medida legalizou as chamadas “patrulhas de cidadãos”, um eufemismo que pretende disfarçar que o Estado italiano está entregando às mãos de pessoas comuns parte do seu monopólio: vigiar e punir. Voluntários “sem antecedentes criminais, psicologicamente aptos [???] que declarem não consumir álcool ou drogas” vão vigiar as cidades, as pessoas e principalmente os imigrantes. Mas volto ao principal. O que assistimos, apesar dos acertos pontuais em ambos os lados, é o silêncio seletivo da quase totalidade dos articulistas brasileiros e internacionais; condenam governos e medidas contrários à ideologia que melhor lhes convém, mas ignoram solenemente a China intocável, em razão das suas supostas virtudes econômicas. Revela-se a subserviência coletiva ao Império do Dinheiro.

gazetavargas@gvmail.br

Swapped for an iPod A consciência de boa parte das pessoas que se curva ao “milagre chinês”, no entanto, cedeu por motivos até menos nobres do que a resistência renhida por uma ideologia política. E cederam em razão do único processo que pretendo deixar claro neste espaço exíguo: à direita e à esquerda, O MUNDO ESTÁ VENDENDO SEUS PRINCÍPIOS POR UM IPOD. Da mesma maneira que "Brüno", o formidável e politicamente incorreto personagem criado por Sasha Baron Cohen (também autor de Borat), diz ter ido à África e trocado um bebê por um MP3 Player estilizado (com a infame intenção de obter a celebridade de uma Madonna, de uma Angelina Jolie), boa parte do Ocidente vendeu a sua consciência a um regime tirano que produz quinquilharias por meio da semi-escravidão. Esses fatos são grande evidência do potencial autoritário da crise geral (política, econômica, moral) que assola a pósmodernidade. Diante da perda dos grandes horizontes utópicos e do ceticismo em planejar conscientemente qualquer aspecto da vida em sociedade (principalmente a nossa vaca sagrada, “O Mercado”), o mundo rebaixa, por pragmatismo econômico, a parte decente da sua herança política e humanitária: tolera os governos indignos de administração de crise na China, Arábia Saudita, Líbia, Venezuela, Itália. O mundo no circuito de déficit do Pacífico (R. Kurz) precisa de pessoas que se coloquem além da relação insana de viciado e traficante - situação encenada por EUA e China, na qual de um lado existe a subserviência de quem é dependente de produzir dívida e exportá-la e, de outro, a arrogância de quem procura a modernização a qualquer custo: ambiental, moral, humano. Nada sensibiliza o pragmatismo autoritário da economia. Mas com seus iPods no bolso, quem se importa? ¤

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jijijo ijioio


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Espaço DAGV

Diretório Acadêmico Carta do Presidente

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credito que nesse passado recente tenha ficado um pouco obscura a real atuação do Diretório Acadêmico, sendo esse o principal fator de distanciamento entre seus representantes e seus representados. A fim de elucidar essa questão, inicia-se esse novo meio de comunicação e aproximação com os alunos. O DAGV visa, como produto final dos seus projetos, agregar aos alunos nas diversas esferas que circundam a vida na faculdade, seja trazendo grandes personalidades para palestras, lutando por melhorias no curso ou proporcionando momentos de descontração. No Diretório Acadêmico carregamos a responsabilidade de representar os interesses dos nossos pares, sendo a busca pela excelência e o profissionalismo pilares essenciais para a realização do nosso propósito. Dessa maneira, nos colocamos a disposição de todos os alunos e entidades, qualquer que seja o auxílio necessário, crítica ou sugestão. Sintam-se a vontade, interajam!

Arthur Veloso Presidente presidente@dagv.org.br

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Responsabilidade Social O primeiro projeto da área foi realizado no sábado, dia 15 de agosto. O trote solidário desse semestre foi uma atividade que ocorreu nas ruas do bairro e no espaço “Recanto do Pedrinho”. Em parceria com o Conexão Social, a EAESP e o Centro de Cooperação, a atividade foi desenvolvida com o objetivo de transmitir noções de educação ambiental para os alunos e mostrar como ela pode ser aplicada de forma simples e eficiente. O trote foi concluído, mas queremos dar continuidade no projeto, realizando eventos e atividades em que os alunos possam repassar o conhecimento que obtiveram, além de colocálos em prática. A meta é ter mais 3 ações até o final do ano, e já estamos nos preparando para isso. Assim como esse projeto, vamos desenvolver atividades dinâmicas que visem a participação dos alunos e que proporcionem aos envolvidos uma experiência diferenciada, que dificilmente teriam em seu dia-a-dia. A diretoria de Responsabilidade Social é nova no DAGV e foi criada para que a área ganhe uma atenção especial no período de gestão. O objetivo é incorporar a filosofia de responsabilidade social na rotina do Diretório, fazendo com que cada projeto tenha em suas diretrizes os princípios da sustentabilidade e da responsabilidade social. Isso já está ocorrendo e toda a gestão está incorporando a filosofia em seu cotidiano. Sustentabilidade é muito mais do que o “ecologicamente correto”. Para nós, sustentável significa pensar sempre no futuro dos alunos e da entidade, optando por tudo que proporcionará mais benefícios a longo prazo. Queremos que os alunos tenham mais contato com as pesquisas e trabalhos acadêmicos. Para isso, divulgaremos, nos meios de comunicação do DAGV, notícias, dicas e curiosidades

sobre ecologia, meio ambiente, sustentabilidade e tudo presente na área de Responsabilidade Social. Acreditamos que informar o aluno e alertá-lo sobre sua atuação em nossa faculdade deve ser feito pelo DAGV. Os que tiverem maior interesse podem procurar o DAGV para entender melhor como está a área e quais são os projetos que estamos realizando. Além disso, todos estão convidados a participar de nossos eventos e atividades. A ajuda será muito bem vinda.

Letícia Ohara

Diretora de Responsabilidade Social responsabilidadesocial@dagv.org.br

Acadêmico de economia Final de julho, todos os alunos da FGV se preparando para a volta às aulas ( alguns, cuja família não é de São Paulo, já até tinham voltado à capital com antecedência para se preparar para o início do 2° semestre de 2009). E o que acontece de ultima hora? 2 semanas de férias adicionais É isso mesmo. Os alunos do curso de Economia da Fundação Getúlio Vargas foram surpreendidos com um e-mail enviado pela secretaria da EESP indicando um adiamento de 2 semanas ( e não de apenas 1 semana, como na EAESP ) para o reinício das aulas da graduação. No aviso constava que devido ao virús Influenza A H1N1, a instituição decidiu, por precaução, prorrogar as férias por mais 14 dias. Em um primeiro momento, muitos alunos ficaram bastante contentes com a novidade, mas depois de perceberem que terão atividades até o dia 17 de dezembro a perspectiva começou a mudar...Muitos alunos, durante as férias, tinham programado viagens ao exterior bem como cursos de férias, acreditando que as aulas terminariam no dia 8 de dezembro ( calendário antigo ). Quanto a isso, cabe ao Conselho de Representação Discente da EESP, constituído por representantes legítimos dos alunos de Economia , e à Vice Pre-


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Espaço DAGV

gazetavargas@gvmail.br sidência acadêmica encontrar possíveis alternativas para mudar o calendário do 2° semestre de 2009 se assim for do desejo dos alunos. Mas isso é apenas uma das questões que a atual gestão do DAGV está preocupada.Atualmente, estamos trabalhando na mudança do critério de alocação dos alunos que almejam o intercâmbio e na criação de uma nova Sala de Estudos ( maior e com mais computadores ) aos alunos de Economia. É importante salientar o apoio do corpo docente da EESP frente aos projetos que a gestão está defendendo. Isso é de extrema importância, já que algumas decisões não competem só à EESP, mas também à EAESP, isto é, os alunos de economia estão sujeitos à algumas decisões que fogem ao poder da EESP, mas tendo o apoio de seu corpo docente fica mais fácil conseguir o apoio da EAESP. "

Heliton Scheidt

Vice-Presidente Acadêmico de Economia academicoeco@dagv.org.br

Acadêmico de Administração Nada mais propício para um começo de semestre tão tumultuado do que já estar discutindo o calendário de 2010, que poderá surgir com mudanças significativas ao nosso tradicionalíssimo Curso de Administração. Grande parte das mudanças é saudável e logo cairia nas graças do aluno EAESP, mas como de praxe sempre pode surgir um porém carregado de alguma polêmica. Por hora, o melhor é esperar pelo que vem sendo debatido. No mais, segue o velho lamento do solitário acadêmico em busca de um maior interesse e participação dos alunos pelos rumos da graduação. Não exitem em procurar ao D.A.G.V. para se manifestar!

Leonardo Mello Natali

V.P. Acadêmico de Administração academicoadm@dagv.org.br

Projetos Internacionais A área de Projetos Internacionais do DAGV tem como função principal integrar os intercambistas com a FGV, com os alunos e também com a cultura brasileira. Conjuntamente, visa extrair aprendizado cultural para os alunos brasileiros. A escola recebe em média 100 intercambistas de diversos países por semestre, o que representa uma diversidade cultural muito rica para ser explorada. Além disso, esses alunos estrangeiros podem aumentar o reconhecimento da FGV no exterior. Alguns dos projetos realizados por essa área são: »» Buddy: aluno brasileiro "adota" um intercambista »» Reception Week: semana de recepção com diversas atividades »» GCT: mini intercâmbio de 20 dias com faculdades no exterior Se você tem perfil interativo, comprometido e dinâmico, ou se interessou pela área, entre para o nosso grupo. Envie e-mail para projetos.internacionais@dagv.org.br com os seus dados.

Aline Nasser

Diretora de Projetos Internacionais alinenassersp@gmail.com

Comunicação Comunicar de maneira eficiente o aluno sobre os principais acontecimentos políticos e acadêmicos da FGV e ao mesmo tempo transmitir com transparência as discussões e projetos internos da entidade sempre foi um grande desafio do DAGV. Muitas gestões já fizeram esforços no sentido de aprimorar essa comunicação, no entanto,ainda existem muitas falhas. O DAGV possui algumas importantes ferramentas de comunicação que não são suficientemente exploradas. A atual gestão tem como meta principal aprimorar essas ferramentas já existentes,aumentando a periodicida-

de com que são utilizadas e, paralelamente, desenvolver formas alternativas de divulgação.Entre as principais metas está a ampliação das funções da TVDA,que será utilizada para entretenimento e transmissão de informações sobre as diversas áreas do DAGV.Além disso,outro forte objetivo é reativar o site, que conterá o calendário do semestre, divulgação de eventos (e das suas fotos), andamento dos principais projetos da entidade,entre outros. Também visando aumentar a transparência, o DAGV realizou uma parceria com a Gazeta Vargas, de maneira que em toda edição da revista haverá um espaço de duas páginas reservado para a exposição em maior profundiade dos principais acontecimentos do período. O newsletter, por sua vez, que é falho por não atingir todos os alunos, passará a ter uma versão impressa que será colocada em cavalete no primeiro andar. Uma maior aproximação com os representantes de sala e o aperfeiçoamento do sistema de padrinhos são outras importantes metas para esse ano. O DAGV representa todos os alunos e,portanto, é fundamental que estes não sejam apenas comunicados, mas que sejam de fato ouvidos. Assim, é um forte objetivo realizar algumas pesquisas de opinião formais e informais e além disso colocar uma caixinha de sugestões no primeiro andar. Por fim, não se pode esquecer das tradicionais passagens em sala, que é um método simples, eficiente e sustentável de comunicação. Para conseguir colocar em prática todas as metas citadas e ao mesmo tempo estar sempre inovando, foi criado um grupo de comunicação, com todos os interessados na área e com o objetivo comum de comunicar e aproximar os alunos. Se você gosta dessa área, procure o DAGV e não deixe de participar das reuniões!

Aline Varnovitzky Secretária-Geral secretariageral@dagv.org.br

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GAZETA VARGAS

Crônica

Coluna Tabefe Michelzinho

O

i pessoal, tudo bom? Espero que não. A coluna Tabefe era pra ser um escrutínio da cultura pop. Porque para o Michel que nunca vai ser homem das letras escrutínio soa como algo próximo de enforcamento. Mas restringir uma coluna a qualquer tema é uma grande perda de tempo, visto que é possível tirar conclusões sobre qualquer coisa, contanto que fundamentadamente. Só não esqueçam que aqui a escrita é revólver. Bom texto.

Foda-se a natureza. E foda-se o Brasil. Dizem que Voltaire, em 1755, armou um escândalo sem fronteiras contra um terremoto que se passava em Lisboa. Resolveu rebelar-se contra o absurdo “último dia do mundo” que as pessoas aceitavam pacificamente como atitude da Providência divina. Afora essa discussão toda de “desgraças particulares que constituem o bem geral”, idéia pra lá de cristã e já falida, a revolta de Voltaire era, antes de tudo, de muita inteligência. Isso tudo por ter se posicionado publicamente contra a natureza. A crítica de Voltaire, embora esculachasse a natureza em sua acepção materna (furacão, tornado, terremoto ou coisa que o valha), também continha uma idéia fisiológica do que é natural. Sim, aquela idéia de se depender de nada você passa a vida improdutivo, fazendo macaquices. Se dependêssemos da nossa natureza morreríamos hippies como pessoas que acreditam numa doutrina de vida do Bob Marley (No woman, no cry; Don't worry about a thing, every little thing is gonna be alright; etc). A natureza fisiológica gera uma servilidade descomunal porque age por instintos e não por virtudes (ou valores,

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princípios, regras etc etc.). O instinto da preguiça, por exemplo, é uma conservação do bem estar momentâneo, e portanto, malhar ou praticar qualquer coisa que envolva esforço é afrontar sua natureza constantemente. Resumindo, a prostração é uma atitude muito mais animal do que humana. As nossas características animais são vexatórias e a usança das gentes vive combatendo isso, pelo menos nas aparências. Embora mais eficaz ainda que os costumes, a razão, ferramenta da inteligência, é a que faz maior frente à natureza. John Erskine (também não sei quem é) num artigo intitulado “The moral obligation to be intelligent” (título mais pretensioso que o futuro inteiro dessa coluna) reclama à inteligência essa certeza grega de que a ignorância é fundamento da miséria. E aí que entra a aquisição da virtude (pros íntimos careté) como fruto de uma sofisticação das faculdades humanas. Basicamente, tudo que é próximo ao natural e elementar do ser humano – amor, ciúme, piti, escândalo, medo, fome – pode ser disciplinado pela inteligência, na medida do possível. Só que essa medida é exatamente o quão virtuoso o senhor leitor aqui é. Não digo que desenvolver sua inteligência vá te levar a total anulação do sofrimento ou da sua natureza. Se você não sente ciúmes você não é humano. E se não toma água, morre. Mas é um direcionamento para encarar sua alma e suas necessidades da maneira mais humana possível. Por isso que ser humano é difícil, dá trabalho pra cacete. É claro que somente se na idéia de humano houver o mínimo de excelência em ser um. Estranho

que a profilaxia com a natureza - a procura pelo conhecimento -, começa de uma maneira dolorosa, desagradável, muitas das vezes nublada por dúvidas cruéis e desassossegos mil, mas isso só reafirma a tese de que uma das funções da razão é condicionar nossa natureza imbecil e animal. Esse embate entre razão e natureza acontece no indivíduo, e o indivíduo reside na sociedade. E no nosso caso, é brasileira a sociedade além de tudo. Aqui há dificuldades em se ser gente, porque a busca pelo conhecimento (contra a natureza e pela virtude) é tribalizada na forma de pessoas cults (sim, sim com aquela entonação horrorosa). Pior ainda, a acepção do termo, veja só, o entendimento do termo (!) é pejorativo. Gebildet, eduquee ou istruiti não possuem aquele verbete brasileiro – gente metida à intelectualzinha. Isso acontece porque o brasileiro encara o conhecimento do outro como uma ofensa a si próprio, pois o associa a um possível sucesso, e no Brasil sucesso é ofensa pessoal (essa é do Tom Jobim). E também porque ter conhecimento aqui é motivo de isolamento, perda de sociabilidade. No limite, a pessoa que se esforça para ser melhor que outra aqui é rechaçada com humildade estilo “somos todos iguais, feladaputa, para de aparecer”. Não ler, não tentar ser o melhor e não prezar pela cultura é tendência e pagar de vazio é conduta que traz pontos sociais. Aqui estranhamente a humildade vem de um desconforto, o esforço para ser culto é fator de desprezo social e geralmente tem “viadagem” envolvida e ler não serve pra nada. Então, fica o conselho, o melhor para o Brasil é o brasileiro tentar ser humano..

mas isso só reafirma a tese de que uma das funções da razão é condicionar nossa natureza imbecil e animal.

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GAZETA VARGAS

Espaço Aberto

gazetavargas@gvmail.br

A Última Revoada Antônio Braghin

Monitor de Suporte Acadêmico FGV-SP

Representantes de todas as espécies de pássaros se reuniram naquele dia, em frondosas árvores em algum lugar do continente. Avaliar a situação de vida atual e tomar decisões em beneficio das próximas gerações era o objetivo. Por tratar-se de assunto muito importante, outros animais se encontrariam também para tal finalidade, pelas margens de rios, vales e encostas. Neste dia haveria uma trégua entre eles; em nome da fauna e da flora a necessidade do ciclo natural e de subsistência seria respeitada. Os galhos de uma mangueira estavam em alvoroço, muitos pássaros que ainda chegavam disputavam espaço, um lugar para pousar. A arara, aos gritos, interrompe a algazarra que se fazia, pedindo silêncio, para ficarem de bicos fechados, que o papagaio iria iniciar a reunião e relatar os principais problemas que vinham afetando-os já hà algum tempo. Oportunamente poderiam dar sugestões, fazer observações, e qualquer decisão que tomassem em prol do seu bando seria merecedora de aplausos. Ao lado da arara o papagaio limpa o bico, faz um giro completo no galho observando os presentes e agradece a presença de todos: “Decidimos nos reunir aqui a esta hora de alvorada, para não sermos incomodados; por ser um momento em que a natureza se manifesta alegre, absoluta e a névoa da maldade ainda adormece pelos fundos vales da consciência humana. “Quantas matas devastadas pelos homens, por interesses comerciais, pelas queimadas para plantio, árvores frutíferas que eles não conhecem ou ignoram que alimentavam muitos de nós! Quantos animais e pássaros perderam suas vidas, tomados pela surpresa das

chamas ardentes, não conseguiram escapar de seus ninhos. Nascentes que saciavam a nossa sede foram arrancadas das entranhas do solo com ferramentas agrícolas para dar lugar às lavouras.” Entre os galhos o silêncio reinava, parecia não haver ali tantos pássaros acompanhando o relato. Dizia o papagaio: “A nossa situação hoje é calamitosa, se compararmos às nossas gerações passadas; antigamente nos assustavam com tiros de pólvora, batiam em latas, ou colocavam espantalhos espalhados nas lavouras. Hoje os homens idolatram seus bens materiais, falam tanto em ajudar o próximo, mas este está sempre distante, falam em solidariedade, humanismo, preservação da natureza, enquanto destroem tudo; envenenam a terra, o ar, as sementes e as águas.” O extenso bater de asas pelas palavras bem colocadas do papagaio proporcionou um pequeno intervalo, suficiente para o relator coçar seu bico no galho. Após alguns instantes o silêncio se fez a pedido, que todos olhassem para os galhos mais altos. “Vejam! Lá está o gavião representando sua classe de aves de rapina, claro que ele é nosso inimigo natural, mas aqui, hoje, não precisamos temê-lo, porque é um dia especial para todos e como nós ele também é vítima de caçadores e predadores.” Os pássaros que estavam nos galhos mais próximos, podiam ver de perto aquele olhar focal de raptor, bico e pés aduncados, enormes, que provocava arrepios só de pensar em seu vôo rasante para apanhar a sua presa. A franzina, mas esperta, andorinha comentava baixinho para o arrepiado João-de-barro: “Ele parece um galinhão carijó não é?” Já um pouco rouco o papagaio fala dos muitos que emigraram para as cidades, vivendo em pequenas árvores de ruas e praças, sobre fios elétricos, nos telhados de casas e prédios à espreita das sobras

de alimentos, isto, quando as famintas pombas não chegam primeiro. Uma coruja em um dos galhos abaixo interrompe para dizer: “Essas pombas piolhentas! Odeio-as.” A coruja pede desculpas pela intromissão, mas continua; conta que uma amiga da cidade já presenciou várias vezes as pombas quando estão empanturradas de comida, pousam no alto das estruturas e escolhem divertidas, qual pessoa vão alvejar. Os galhos chegaram a tremer em risos, pelo fato e o peculiar jeito da coruja contar. O papagaio disfarça, limpando novamente o seu bico. “Saibam”, continua o papagaio, “que no momento as pombas e os pardais nas cidades, levam muita vantagem sobre nós; já adaptados, conquistaram seus espaços, as simpatias ou as indiferenças, desviam dos apressados passos dos homens pelas calçadas. Mas não se iludam vocês, eles também sofrem por lá; existem muitos gatos preguiçosos, que vez ou outra exercitam seus instintos de caçadores; muitas pombas são atropeladas pelas ruas, por serem gulosas e distraídas.” “Agora quero pedir a todos que avaliem a situação: Seguir o já antigo exemplo das pombas e dos pardais emigrando para as cidades? Enfrentar uma longa jornada para matas distantes, em regiões ainda pouco habitadas pelo homem ? Ou permanecer aqui mesmo e conviver com a situação, esperando que alguma coisa aconteça em nosso favor? Discutam, confabulem, manifestem suas opiniões e decisões a tomar; agora é o momento de escolhermos o nosso destino a garantia para as nossas futuras gerações.” Após algum tempo de muito ruído e agito por entre os galhos a juriti foi a primeira a manifestar-se, logo a retomada da reunião dizendo já ter tomado sua decisão. “Tenho medo de ser mensageira da morte do meu próprio filhote ao levar-lhe uma semente ou um inseto envenenado, portanto acredito que a maior parte do meu bando não mais ficará aqui e deixaremos de cantar aos

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GAZETA VARGAS

entardecer por entre os galhos das laranjeiras.” O inhambu reforça a atitude da amiga juriti acrescentando: “os homens estão perdendo a sensibilidade pela natureza, já não se lembram ou se importam mais com os nossos cantos. Era comum ouvirmos uma seriema nos descampados em dias de sol quente; o canário-da-terra, o vinhado, o azulão, o pintassilgo e muitos que não puderam aqui comparecer. Somos de espécie rasteira e pelo nosso porte e canto sofremos as consequências de extinção mais rapidamente.”

Humor

Eduardo Miyamoto

- [...] todo mundo fode com a gente - Deve ser nosso sex appeal. (levantando as causas para o atual estado da Gazeta) - “Vou largar meu cargo no mês que vem...” - Desculpa, mas qual é o seu cargo? - Editor chefe. -Ah, então, você é meu chefe? -É, ainda sou.”

-Professor, posso colocar algo que não está na questão e só eu sei? -Pode, mas eu vou conferir. -Ah tá. Deixa então.” (Aluno em prova de Comportamento Estratégico das Empresas)

Gazeta explica: Afinal, o que é “Ad hoc”? Por exemplo, se VOCÊ diz: "se eu estivesse bêbado, aprisionado em um covil solitário há seis meses e tivesse acordado de um pesadelo com vampiros, I'd fuck a dog" isso é uma ação ad hoc, porque não é algo que, em uma situação normal, seria o comportamento padrão.

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Espaço Aberto (cont.) e Humor Todos os presentes pausaram os seus argumentos para ouvir e aplaudir o inhambu. Várias espécies, as mais dizimadas, aderiram à decisão da juriti e do inhambu, algumas emigrariam para as cidades, onde já alguns dos seus estavam, outras voariam para longe; muitos decidiram ficar na região por mais algum tempo. Todos os pássaros que ali estavam, decidiram deixar um apelo no ar, uma mensagem para os homens, principalmente para aqueles que habitam o campo e as margens das matas. Para que

eles não sejam gananciosos em demasia em suas necessidades de sobrevivência e aos seus muitos filhotes a missão de proteger a fauna e a flora, serem ativos guardiões da natureza. Porque as desmedidas atitudes são hipnose de quem só pensa em valores para o bem próprio e imediato. E saber que atrás de cada arbusto, em cada galho, tronco ou barranca, pode haver um pequeno ninho, um animalzinho, e este ser o último da sua espécie. ¤

Como manter a insanidade nos elevadores da GV

E no Senado... Um homem passa pela porta do plenário e escuta uma gritaria que saia de dentro: “Ladrão, salafrário, assassino, traficante, mentiroso, cangaceiro, vagabundo, sem vergonha, preguiçoso, vendido, assaltante...” Assustado, ele pergunta ao segurança parado na porta: - O que está acontecendo aí dentro? Estão brigando? - Não - responde o segurança - para mim, estão fazendo a chamada.

Quando houver uma só pessoa no elevador, dê um tapinha no ombro e finja que não foi você. Aperte os botões do elevador e finja que eles dão choque, sorria e faça de novo. Se ofereça para apertar os botões para os outros, mas aperte os botões errados. Deixe cair sua caneta e espere até que alguém se abaixe para pegá-la, então grite: “ei, é minha.” Quando a porta se fechar, fale: “Tudo bem. Não entrem em pânico. Ela se abrirá novamente.” Mate moscas que não existem. Faça caretas dolorosamente enquanto bate em sua testa e murmure: “calem a boca todos vocês, calem a boca”. Abra sua pasta ou bolsa e, enquanto olha para dentro, pergunte: “tem ar suficiente aí dentro?” Encare um passageiro do elevador por um tempo e grite com horror: “Você é um deles!”. Em seguida, recue lentamente. Faça barulhos de explosão quando alguém apertar um botão. Encare outro passageiro por um tempo e diga: “estou usando meias novas”.

Outra do Senado* A tragicomédia da política brasileira... Tasso Jereissati: "Não aponte esse dedo sujo para cima de mim". Renan Calheiros: "Dedo sujo é o do senhor, que paga jatinho com dinheiro do Senado". Tasso: "O dinheiro é meu, o jatinho é meu. Não é igual ao que você anda com seus empreiteiros. Coronel, cangaceiro de terceira categoria!" Renan, fora do microfone, fala uma frase, que, segundo alguns senadores, foi: "Coronel de merda!" (O Estado de São Paulo) *Pedimos desculpas pela falta de decoro desta seção de humor. ¤


Flagra

GAZETA VARGAS gazetavargas@gvmail.br

Ato Institucional da Breja O triste desfecho Fica então documentado o efetivo desfecho da novela que tanto chocou muitos estudantes da FGV. A retirada dos freezers e os derradeiros momentos do que é a lembrança de uma época em que o DA era um espaço mais... boêmio. ¤ Fotógrafo: Rodrigo Gouvêa Data: 29/06/2009

Tem um flagra que só você viu e conseguiu documentar?

Mande para nós! Não se esqueça de incluir no e-mail: »» Descrição do que ocorre »» Nome do fotógrafo »» Data em que a fotografia foi tirada

gazetavargas@gvmail.br

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