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Gênero: Socialização e Institucionalização
estrutura econômica se constrói toda uma superestrutura (Estado, leis, religião, etc.) para garantir a ordem do sistema capitalista. O capitalista paga o salário ao trabalhador, mas esse salário nunca corresponde ao valor produzido pelo trabalhador. Este produz uma parte de trabalho que é paga pelo salário, a outra parte trabalhada fica com o empresário – é a mais-valia, o que valoriza o capital. A resolução do conflito entre os proprietários dos meios de produção e do proletariado, ou seja, da relação de exploração do capitalismo, só pode ser conseguida com a luta de classes, em que seja superada a causa dos conflitos: a propriedade privada dos meios de produção. Aí está formada a teoria do socialismo científico, que constitui o processo de transição pelo qual a sociedade tem que passar até a etapa final, o comunismo.
O ESTADO Marx expõe uma nova concepção, segundo a qual o Estado surgiu junto com a propriedade privada na história da humanidade. Em suas análises, rompeu com o pensamento liberal que analisava o Estado como um arranjo contratual entre os indivíduos a fim de garantir a ordem, a propriedade e os direitos civis, sendo o representante de todos os setores a sociedade. Segundo Marx, o Estado é um instrumento cujo objetivo fundamental é manter as relações sociais dominantes. Enfim, o Estado é instrumento de manutenção da ordem dominante e representante dos interesses dessa classe. Para que essa dominação seja aceita pacificamente por toda sociedade, o Estado age em nome do “interesse geral” e das “leis”. Assim, a maneira como as classes dominantes justificam sua dominação se impõe também pelas ideias, não apenas dentro do Estado, mas nos códigos de leis, nas igrejas, jornais, educação, meios de comunicação, propagandas – a ideologia. Concluindo, Marx elaborou uma crítica radical ao capitalismo, colocando em evidência os antagonismos e contradições desse sistema. Para Marx, o estudo da sociedade deveria partir de sua base material e estrutura econômica, que é o fundamento da história humana.
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Nos estudos de gênero, o termo gênero é usado para se referir às construções sociais e culturais de masculinidades e feminilidades. Neste contexto, gênero explicitamente exclui referências para as diferenças biológicas e foca nas diferenças culturais. Isto emergiu de diferentes áreas: da sociologia nos anos 50; das teorias do psicanalista Jacques Lacan; e no trabalho de feministas como Olympe de Gouges, Jeanne Deroin, Simone de Beauvoir, Monique Wittig, Daniele Kergoat, Júlia Kristeva, Jane Flax, Carole Pateman, Nancy Fraser, Joan Scott, Gayle Rubin, Christine Delphy e Judith Butler. A distinção entre o componente social do sexo feminino e a sua base biológica é discutida na contemporaneidade. A filósofa Judith Butler analisa, de maneira crítica, a dicotomia entre sexo e gênero: para ela, os corpos sexuados podem ser base para uma variedade de gêneros e que o gênero não se limita apenas às duas possibilidades usuais. Esse desdobramento do conceito de gênero foi dado nos anos 1990, através da teoria queer, que questiona a normatividade heterossexual e ressalta o "aspecto socialmente contingente e transformável dos corpos e da sexualidade". Para Butler o gênero é uma performance que se dá em qualquer corpo, "portanto desconectado da ideia de que a cada corpo corresponderia somente um gênero". Butler percebe o corpo da mesma forma que o gênero, como um construto cultural, ressaltando o aspecto cultural/social da vinculação entre sexo e gênero. "Com a proposição de gênero como performance, Butler também vai solapar o peso metafísico da identidade (de gênero). Para ela, não há identidades que precedam o exercício das normas de gênero, é o exercício mesmo que termina por criar as normas. É a repetição das normas de gênero que promove isto, que no pensamento da desconstrução chamamos de "duplo gesto". A repetição das normas como performance se dá sempre ao mesmo tempo em que se dá a possibilidade de burlá-las, de fazê-las nem verdadeiras, nem falsas".
PAPEL SOCIAL DE GÊNERO E IDENTIDADE DE GÊNERO O livro O segundo sexo, de Simone de Beauvoir, em 1949 abriu, através da Filosofia e Literatura, um debate político mais aprofundado, ao contestar o determinismo biológico e/ou desígnio divino, retomando a perspectiva hegeliana de que ser é tornar-se, resultando na ideia de que não se nasce mulher, mas se torna mulher. Ao distinguir o componente social do sexo feminino do seu aspecto biológico, Lucila Scavone destaca que "essa constatação lançou a primeira semente para os estudos de gênero, já que ela distingue o componente social do sexo feminino de seu aspecto biológico, ainda sem conceituar ‘gênero’". De acordo com Miriam Pillar Grossi, os papéis de gênero podem ser percebidos como a representação de personagens: tudo o que é associado ao sexo biológico, fêmea ou macho, em determinada cultura é considerado papel de gênero. Estes papéis mudam de uma cultura para outra e também sofrem modificações dentro de uma mesma cultura. Assim, os atributos que estabelecem coisas e comportamentos classificados como "típicos" ou "naturais" de mulheres ou de homens constituem os chamados papéis sociais de gênero. Na cultura ocidental, pautada pelo saber masculino, esses papéis são pautados em dicotomias: os homens seriam dotados de uma natureza ativa, menos sentimentais, dotados de racionalidade e de instinto sexual desenvolvido e, portanto, suas atividades estão situadas na esfera pública. Já as mulheres seriam mais bondosas, emotivas e sentimentais, de sexualidade menos desenvolvida, "naturalmente" passivas e submissas, por isso suas tarefas estão situadas na esfera privada: ser dona de casa, esposa e mãe. Já a identidade de gênero, remete à constituição do sentimento individual de identidade, é uma categoria que permite pensar o lugar do indivíduo no interior de uma cultura e que, nem sempre, corresponde ao sexo biológico. Nossa identidade de gênero se constrói ainda no útero, quando há a rotulação do bebê como menina ou menino. A partir desse assinalamento do sexo, socialmente se esperará da criança comportamentos condizentes com ele. A identidade de gênero é composta pelos papéis de gênero, pela sexualidade e pelo significado social da reprodução.