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Weber
AS TRÊS VERTENTES CLÁSSICAS: WEBER
“Exagerar é a minha profissão.”
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Weber sempre se preocupou em conferir o caráter científico à Sociologia. Considerava que o cientista deveria assumir uma posição neutra, não podendo ter preferências políticas e ideológicas a partir de sua profissão. Fazia a distinção entre o cientista e o político - o homem de ação. Na verdade, ele isolou a Sociologia dos movimentos revolucionários: A ciência deve oferecer a compreensão da conduta, das motivações e consequências dos atos do homem. A Sociologia deveria ser um conjunto de técnicas neutras para a compreensão da realidade social.
SEU OBJETO Weber considerava o individuo e a sua ação como ponto chave da investigação. Era preciso compreender as intenções e as motivações dos indivíduos que vivenciam as situações sociais.
SEU MÉTODO Naquele momento surge nas ciências sociais uma tendência que distingue explicação e compreensão da realidade. O modo explicativo seria característico das ciências naturais, que procuram o relacionamento causal entre os fenômenos. A compreensão seria o modo típico de proceder das ciências humanas, que não estudam fatos que possam ser explicados propriamente, mas sim buscam os processos vivos da experiência humana, extraindo deles seu sentido. Os fenômenos sociais só tem significado se conhecermos a motivação e o sentido mais profundo que existem por trás desses fenômenos. Weber analisa o papel das pessoas e as suas ações individuais. A sociedade deve ser entendida a partir das interações sociais. A ação social dá sentido à ação individual. A ação social é orientada pelo comportamento e valores dos indivíduos e dos grupos, sendo fundamental para a organização da sociedade
humana. A conduta adquire o sentido social quando se orienta pelo comportamento de outras pessoas. As teorias sociológicas desenvolvidas ao longo do século XIX privilegiavam os fenômenos sociais coletivos. Para Emile Durkheim o importante era o fenômeno coletivo e não o comportamento individual, pois a sociedade está acima do individuo. Karl Marx, por sua vez, trata da relação dos agrupamentos sociais, e não do indivíduo. Para colocar o homem no centro das preocupações sociológicas, Weber teve que reformular o método científico: a tarefa do sociólogo é captar o sentido das condutas humanas. Weber concebe o objeto da sociologia como, "a captação da relação de sentido" da ação humana, ou seja, conhecer um fenômeno social seria extrair o conteúdo simbólico da ação que o configura. Para Weber não é possível explicar um fenômeno social como resultado da relação entre causas e efeitos, semelhante às ciências naturais, mas compreendê-lo como fato carregado de sentido, isto é, como algo que aponta para outros fatos e somente em função dos quais poderia ser conhecido em toda a sua amplitude. Por exemplo, mais importante do que entender porque de algo aconteceu (causas) é compreender o que levou ao indivíduo, ou conjunto de indivíduos, a se comportar de determinada maneira. O método compreensivo, defendido por Weber, consiste em entender o sentido que as ações de um indivíduo contêm e não apenas o aspecto exterior dessas mesmas ações. Por exemplo, se uma pessoa dá a outra um pedaço de papel, esse fato, em si mesmo, é irrelevante para o cientista social. Somente quando se sabe que a primeira pessoa deu o papel para a outra como forma de saldar uma dívida (o pedaço de papel é um cheque) é que se está diante de um fato propriamente humano, ou seja, de uma ação carregada de sentido. O fato em questão não se esgota em si mesmo e aponta para todo um complexo de significações sociais, na medida em que as duas pessoas envolvidas atribuem ao pedaço de papel a função do servir como meio de troca ou pagamento; além disso, essa função é reconhecida por uma comunidade maior de pessoas.
Conceitos: Para realizar a análise compreensiva, Weber formula o conceito “tipo ideal”, que representa o primeiro nível de generalização de conceitos abstrato. O tipo ideal é um ponto de partida, contendo parâmetros estabelecidos de comportamento, de ação, de dominação. O tipo ideal fornece o recurso essencial para a compreensão dos comportamentos sociais, permitindo analisar as formas de ação social.
1. TIPOS DE AÇÃO SOCIAL
Os tipos de ação social jamais são encontrados na realidade em toda a sua pureza, e, na maior parte dos casos, os quatro tipos de ação encontram-se misturados. Ação é social quando um determinado comportamento implica uma relação de sentido para quem age. Nem todo comportamento humano é social. É preciso que tenha sentido para o individuo que age. A ação social orienta-se pelo comportamento de outros. Os “outros” podem ser indivíduos e conhecidos ou uma multiplicidade de desconhecidos. Weber definiu quatro tipos de ação social:
A. Ação tradicional: tradições, costume. Ex: dar presente de Natal B. Ação afetiva: baseada em sentimentos e afetividade, não racional. Ex: torcer por um time C. Ação racional orientada para valores: racional, a ação é importante e não os fins. Ex: trabalho voluntário ou de um político, onde o retorno não é o dinheiro ou prestígio final, mas a missão. (em crise) D. Ação racional orientada pra fins: racional, o importante é o resultado. Ex: empresa capitalista.
Esses tipos de ação existem de formas diferentes nas sociedades humanas. Nas sociedades antigas e feudais prevaleciam os tipos tradicionais e afetivos, daí a família e a igreja terem papel fundamental nessas sociedades. Na sociedade capitalista predomina ação racional, com planejamento eficiente e com metas, orientada pra fins. A empresa do século XVIII para a atual sofreu várias modificações, mas seus fins e objetivos continuam os mesmos: lucro, acumulação econômica e otimização produtiva. Esse tipo de comportamento social pautado na racionalidade é o que caracteriza a sociedade moderna e a que subordinam a tradição, os afetos e os valores à racionalidade. Isso leva ao “desencantamento do mundo”, pois o homem passa a maior parte do seu tempo realizando atividades buscando os efeitos esperados (racional) e não pautados em seus valores, suas tradições e suas afetividades.