A Guerra dos Fae - vol 4

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el le ca se y

A Gue rr a dos F ae L i v r o q u at r o

N ov a o r de m m u n di a l Tr adu çã o S a ndr a M a rth a D olinsky


Título original: New World Order Copyright © 2012 by Elle Casey All rights reserved. Translated with permission of Elle Casey 1ª edição — Outubro de 2015 Graia atualizada segundo o Acordo Ortográico da Língua Portuguesa de 1990, que entrou em vigor no Brasil em 2009 Editor e Publisher Luiz Fernando Emediato Diretora Editorial Fernanda Emediato Produtora Editorial e Gráica Priscila Hernandez Assistente Editorial Adriana Carvalho Capa Marina Avila Projeto Gráico e Diagramação Ilustrarte Design e Produção Editorial Revisão Juliana Amato Marcia Benjamim

dados internacionais de catalogação na publicação (cip) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Casey, Elle A guerra dos FAE : nova ordem mundial : livro 4 / Elle Casey ; tradução Sandra Martha Dolinsky. -- São Paulo : Geração Editorial, 2015. -(Coleção guerra dos FAE) Título original: War of the Fae : new world order ISBN 978-85-8130-313-0 1. Ficção norte-americana I. Título. II. Série. 15-02128

Índices para catálogo sistemático: 1. Ficção : Literatura norte-americana 813 geração editorial

Rua Gomes Freire, 225 – Lapa CEP: 05075-010 – São Paulo – SP Telefax: (+ 55 11) 3256-4444 E-mail: geracaoeditorial@geracaoeditorial.com.br www.geracaoeditorial.com.br Impresso no Brasil Printed in Brazil

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Este livro é dedicado às minhas avós, Jeanne e Grace, duas senhoras da pá-virada que todo mundo gostaria de conhecer. Elas nunca se encaixaram nos moldes em que suas famílias queriam colocá-las e sempre se rebelaram, mesmo que só um pouco. O espírito delas vive em meus personagens, especialmente em Jayne.



Capítulo 1 O barulho proveniente do fluxo de energia que saía de meu corpo e de minha mão em direção a Ben era quase ensurdecedor. Era como se uma série de bombas explodisse ao longe, no lugar para onde eu estava apontando. Ouvi um grito que só poderia ser a surpresa de Samantha ao receber a seta de Finn. Feliz aniversário, cadela. A seguir, ouviu-se um rugido que parecia um orc ferido e irritado gritando em um megafone magicamente amplificado; foi de arrepiar. Fiquei preocupada, pois, fosse o que fosse, chegaria até mim a qualquer momento. Seria Ben? Ou talvez um dos ogros das trevas tentando matar os elfos da luz alinhados à minha esquerda? Eu já não os podia ver nem ouvir, mas ainda podia sentir sua presença n’O Verde, em algum lugar. Não parei, não desisti. Olhei rapidamente para Finn, em pé ao meu lado, que sofria para suportar o vento feroz. — Volte para dentro! — gritei. Finn se voltou para ir, mas a tempestade que soprava ao nosso redor era forte demais. Ele se inclinou, em uma tentativa de lutar contra ela, mas não adiantou. Foi puxado para longe de mim, em direção a Ben. Senti Scrum esbarrar em mim, conforme também era levado. Gritei de desespero e raiva, incapaz de controlar as emoções selvagens que explodiam em mim e se juntavam às forças da natureza que


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lutavam em torno a nós. Ninguém ia levar meus amigos para longe, e menos ainda Ben. Mantive o luxo, mas, simultaneamente, construí uma bola de poder concentrado em minhas mãos. Ela fervia e rolava; era minha última tentativa de fazer Ben explodir em pedacinhos. Se eu pudesse lançar a bola nele, sabia que algo grande aconteceria. Eu sentia a superfície perfeitamente lisa da bola pulsando de energia. Reuni-a em meu peito, e então, sem hesitar ou me preocupar com as consequências, joguei-a para que explodisse no lugar onde eu achava que Ben estava. O som que atingiu meus ouvidos uma fração de segundo depois não foi o que eu imaginava. Eu não sabia bem o que esperar, mas não era aquilo. Foi como se de repente eu houvesse perdido a maior parte de minha audição. A repercussão de uma explosão distante sacudiu a terra debaixo dos meus pés, mas tudo chegou abafado aos meus ouvidos. Senti um lash de fogo e imediatamente perdi a noção de espaço e tempo. Momentos antes havia fae ao meu redor, das luzes a das trevas, e eu tinha consciência do chão sob meus pés, dos meus amigos por perto e das fontes de energia que alimentavam o raio de destruição que saía de minhas mãos. Devia haver alguma precipitação de energia da seta que Finn havia acabado de lançar contra Samantha com o objetivo de matar, mas eu não conseguia sentir. Nada. Eu estava perdida em um caleidoscópio de tons verdes e azuis que compunham a força bruta dos elementos Terra e Água combinados. Eu tinha medo de soltar O Verde. E ainda mais medo de deter a combinação Terra e Água para subjugar meus adversários. E se Ben ainda estivesse lá, esperando que eu baixasse a guarda? E se Samantha estivesse prestes a lançar outro relâmpago branco em Finn ou Scrum? Os fae das trevas conseguiriam entrar no complexo dos fae da luz, minha casa. Destruiriam minha família ou entregariam todos ao lado das trevas, selando nossos destinos.

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Imagens e fragmentos de memórias piscavam em minha mente enquanto eu estava ali, assustada e confusa — meu pai me dizendo que minha personalidade ia me causar problemas um dia; Tony me abraçando e dizendo que tudo ia melhorar, depois de eu ter ido mal em uma estúpida prova de história; o olhar de Dardennes e Céline quando lhes expliquei por que eu havia escolhido a Mãe Natureza como meu super-herói, durante minha entrevista. Eu havia escolhido errado. Eu não era um super-herói material, e ali estava a prova. No momento de necessidade eu o havia perdido; estragado. Fechei os olhos, tentando bloquear as visões, mas tudo permanecia igual. Eu não sabia mais o que era real e o que era imaginário. Meu problema auditivo me fez querer esfregar as orelhas, mas eu tinha medo de mover as mãos. O que me faltava era piorar ainda mais as coisas e lançar um foguete de poder na direção errada, fritando os elfos guerreiros da luz que estavam ali para proteger nossa casa, lutando lado a lado comigo. No rastro do ruído da explosão de minha bola de energia ouvi o zumbido constante do ruído branco — alto, distorcido, que não ia embora. Eu ainda não conseguia ver nada além das luzes girando em torno umas das outras, e também não conseguia sentir a presença dos meus amigos. Eu me sentia perdida. Sozinha. Foi uma merda. — Jayne! Ouvi a voz de Tony à distância. — Tony? — perguntei, hesitante. Por que ele está aqui? Aqui onde? Ainda estou do lado de fora da porta da gárgula, perto do limite da loresta que indica a casa da Anciã? Ou fomos os dois mandados para um dos Outros Mundos? — Jayne! Pare agora! — Não posso! Estou com medo — respondi em direção às cores que giravam loucamente ao meu redor.

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Minha voz saiu fraca, o que só serviu para me deixar irritada comigo mesma. — Jayne, acabou! Volte para mim! Não podemos chegar perto de você com sua energia acionada desse jeito! Sua voz era implorante, e ele parecia assustado. O pânico na voz do meu melhor amigo funcionou como um feitiço, tirando-me do estranho lugar onde estava presa. Tony precisava de mim; eu tinha de voltar. E se ele dizia que havia acabado, devia ser seguro soltar a corrente de energia que continuava luindo de mim para a loresta, onde Ben aparecera antes. Tony nunca mentiria para mim. No início o poder não quis me abandonar. Eu podia sentir sua resistência, sua luta contra a retirada forçada. Tive de recordar a técnica que Valentine havia me ensinado, focando o poder e controlando-o. Eu sabia que pelo menos uma das entidades que se elevaram com meu elemento Terra, a Anciã, estava ali, deleitando-se com o uso de sua essência acima do solo. Empurrei-a de volta mentalmente, forçando-a a lembrar quem tomava as decisões ali: eu. Eu era a chefe em toda aquela confusão. Eu podia ser perturbada, mas decidira havia muito tempo que, se era para ser maluca, o melhor era assumir. Essa sou eu, Jayne, a garota que simplesmente não conseguia fazer as coisas direito. — Isso, Jayne, muito bem. Continue — pressionava Tony, parecendo um pouco menos desesperado. — Você está conseguindo, Jayne, bom trabalho! — urgia Scrum, um pouco animado demais diante de tanto horror. — Leve-me lá! Coloque-me em seu ombro! — gritou a vozinha de Tim. Eu devia saber que não conseguiria manter meu teimoso amigo pixie afastado por muito tempo. E, se ele estava ali, Spike também estava, já que ele era responsável por Tim quando tão recentemente jogamos a merda no ventilador.

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Pestanejei algumas vezes tentando me livrar dos verdes e azuis, mas meus olhos não voltavam ao normal. Foquei a atenção de novo no luxo de energia e senti O Verde totalmente sob controle, esperando minha ordem inal para voltar para a terra. — Tony? — Sim, Jayne? — Posso deixar O Verde ir agora? É seguro? Ouvi um suspiro pesado. — Sim. É seguro. — Não se preocupe, Jayne, estou aqui — assegurou Scrum. Eu não sabia o que signiicava o suspiro de Tony. Seus suspiros geralmente tinham muitos signiicados, mas, sem ver seu rosto, eu não podia adivinhar qual era. Ele era mestre em comunicação com suspiros e movimentos de olhos. Eu estava perdendo pelo menos metade da equação sem a visão. Eu disse a’O Verde que ele podia liberar a Água e voltar para a Terra. Agradeci, e tentei não me sentir terrível por ter usado sua pura luz essencial e a rejuvenescedora combinação das forças vitais para ferir outro fae. Estávamos em guerra, e foram os fae das trevas que a levaram até nossa porta. Eu me recusei a me sentir culpada pelas consequências que eles haviam atraído para si mesmos. O elemento Água, que eu por im havia aprendido a atrair para o mix, era diferente d’O Verde. Era brilhante, enérgico, saltitante. Isso me fez lembrar Becky, e de imediato trouxe tristeza a meu coração. Por favor, por favor, não permita que ela esteja morta. Da última vez que a vira, ela havia acabado de sofrer uma descarga de energia da bruxa Samantha, bem no peito, e acabara caída na grama com um olhar mortal nos olhos abertos, mas cegos. Porém, de alguma maneira, Becky havia conseguido se teletransportar de lá, então eu me agarrei a um io de esperança de que ela ainda estivesse viva; tanto quanto a realidade me permitia.

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A Água foi mais difícil de controlar e mandar de volta de onde eu a havia tirado. Parte do problema era que ela provinha de vários lugares. Eu a sentia muito menos concentrada e organizada do que O Verde. Usá-la e tentar controlá-la mais parecia tentar controlar bolhas de champanhe. Eu bebi champanhe uma vez na recepção de casamento de um primo; ele me fez espirrar, e as borbulhas voltaram todas de minha boca e garganta. Eu havia pensado que, quando tivesse os dois elementos sob controle, tudo voltaria ao normal; mas quando a Água por im me deixou, a única coisa diferente foi que eu podia ouvir melhor e conseguia abaixar os braços. Mas ainda não conseguia ver nada, exceto as luzes estranhas. — Jayne — chamou Tony. — Sim — respondi, preocupada, fora de meu estado normal. — Olhe para mim. Ouvi sussurros atrás de mim, mas não sabia quem era ou o que dizia. Voltei-me em direção à voz de Tony; tentei não estremecer ao ouvi-lo engolir em seco. — Que diabos está acontecendo, Tony? Por que não estou vendo você? — Jayne, seus... seus olhos. O que você está vendo? — Estou vendo azuis e verdes se mexendo para todos os lados. O que você está vendo? — perguntei com voz fraca, com medo de estar cega e de que minha cagada colossal houvesse causado isso. — Seus olhos estão turquesa, brilhando, meio como você acabou de descrever. Não estão da cor normal, cor de avelã. Você não está me vendo? — Não. Nada além dos remoinhos. Fechei os olhos, mas deu na mesma. Imaginei quanto tempo eu aguentaria ver aquilo sem icar enjoada. Quiçá aquilo deixasse de ser um problema muito em breve. Senti sua mão em meu braço. — Venha. Vou levá-la para a clínica.

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Eu resisti: — Espere aí. Diga-me o que aconteceu. Senti o peso de Tim em meu ombro quando ele se juntou a mim. — Eu vou lhe dizer o que aconteceu. — Vá em frente, Tim. Diga. — Tim — começou Tony com irmeza —, acho que não é uma boa ideia agora... Mas Tim o ignorou, em seu estilo típico. — O que aconteceu foi que você explodiu você-sabe-o-quê daqueles fae das trevas. Ui! E os que já estavam mortos no chão sumiram. Puf! Desapareceram. E Samantha sumiu, mas não sem antes levar uma boa lechada de Finn, se é que eu entendi direito a história. Eu não consegui ver nada disso diretamente, já que alguém achou por bem me deixar trancado com um íncubo faminto durante toda a parte boa. — E os elfos verdes? E Ben? — perguntei, ansiosa pela resposta. — Finn — disse Scrum rapidamente. — Ela quer saber sobre Ben e os outros elfos verdes. Ouvi passos a minha direita. Finn tocou minha mão com seus dedos quentes e secos. — Os elfos estão bem. Partiram para nossos acampamentos na loresta. — Ele limpou a garganta. — Levaram o corpo de Falco. Quanto a Ben, não sei direito. Havia muito vento, ele pode sido carregado. — Droga! — gritei. Falco, o mais doce duende verde que eu conhecia, havia tombado em batalha, e o idiota responsável havia escapado. — Eu queria Ben morto! A vida era tão injusta, às vezes. — Jayne, acalme-se — disse Tony, puxando-me pelo cotovelo de novo. — Não sei se você ia querer isso em sua consciência. Vamos até a clínica para ver o que podemos fazer em relação a seus olhos.

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Puxei meu braço de novo, gritando: — Scrum! — Sim, aqui. Senti seu braço roçar o meu. — Leve-me para a clínica. Segurei seu cotovelo, recusando-me a deixar Tony me ajudar. Eu estava irritada por ele tentar me fazer sentir culpada por querer proteger meus amigos. — Jayne, não ique com raiva de mim — disse Tony, parecendo muito cansado. Caminhamos em direção ao que me pareceu ser a porta de gárgula, que dava para o complexo dos fae da luz. — Não estou com raiva. Só não estou a im de ouvir seu discursinho “Ben é um cara legal”. — Não era o que eu ia dizer. Só me preocupo porque... — Tony. Depois, cara — ouvi a voz de Spike a minha frente. — Vamos fazê-la enxergar de novo e depois podemos nos preocupar com essas coisas. Eu ouvia o sussurro de vários pés caminhando pelo prado. Ninguém disse uma palavra enquanto passamos pela porta da gárgula e seguimos pelo corredor até a clínica. Eu não podia deixar de imaginar o que teria acontecido com Ben, Samantha, Becky... e minha visão.

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