MANUAL DO PROFESSOR| AS VIDAS E AS MORTES DE FRANKESNTEIN

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Jeanette Rozsas

As vidas e as mortes de Frankenstein

MATERIAL DIGITAL DO PROFESSOR

Por Cassia Leslie Garcia de Souza

Sumário

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Carta ao Professor 3

Propostas de atividades I 5

Linguagens e suas Tecnologias .................................................................... 5 Antes da leitura 6 Durante a leitura........................................................................................ 7 Depois da leitura 8

Propostas de atividades II 13

Ciências da Natureza e suas Tecnologias ..................................................... 13 Antes da leitura 14 Durante a leitura....................................................................................... 14

Depois da leitura 14 Ciências Humanas e Sociais Aplicadas ........................................................ 15 Antes da leitura 15 Durante a leitura....................................................................................... 15 Depois da leitura 16 Matemática e suas Tecnologias 17 Antes da leitura 17 Durante a leitura 17 Depois da leitura ...................................................................................... 18

Aprofundamento

................................................................................ 19

O romance, o Romantismo e o gótico .......................................................... 19 Leitura e escrita literárias 24

Sugestões de referências complementares 26

Campo da vida pessoal ............................................................................. 26

Campo jornalístico-midiático 28

Campo de atuação na vida pública.............................................................. 28

Campo artístico-literário 29 Campo das práticas de estudo e pesquisa .................................................... 30

Bibliografia comentada 31

As vidas e as mortes de Frankenstein

Carta ao Professor

Caro(a) professor(a),

Para auxiliar o trabalho com o romance As vidas e as mortes de Frankenstein, de Jeanette Rozsas, este Material Digital do Professor foi produzido em consonância com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e as metodologias ativas de ensino de literatura, com o objetivo de subsidiar e orientar a análise do romance, seus ele mentos narrativos e atividades multidisciplinares.

Acompanham este Material dois vídeos tutoriais (videoaulas) para enriquecer e, se necessário, complementar as atividades pensadas e propostas pelo educador. Acreditamos ser a escola a principal fonte de acesso às obras literárias, e, conse quentemente, os professores são aqueles que podem, pelo trabalho em sala com a literatura, fomentar e despertar novos leitores e, quem sabe, escritores. Sabemos que a leitura literária ainda é um desafio na educação brasileira. Nossa insistência ao apresentar um romance para a leitura dos jovens está calcada na esperança em fazer brotar ou se manter o hábito da leitura, importantíssima para o amadurecimento pessoal e coletivo de todos nós.

Assim, tentamos abraçar a diversidade das realidades escolares brasileiras ao propor atividades centradas no romance As vidas e as mortes de Frankenstein, apos tando também no arcabouço literário prévio que os estudantes possam apresentar, valorizando, com isso, outras leituras feitas fora do ambiente escolar.

Sobre a autora do romance, Jeanette Rozsas, é importante apresentar uma breve biografia. Ela é paulistana, contista e romancista, autora de livros premiados como Kafka e a marca do corvo; A autobiografia de um crápula e Morrer em Praga. Seu livro Edgar Allan Poe: o mago do terror foi finalista do prêmio Jabuti em 2003. Além desses, Jeanette Rozsas publicou também Feito em Silêncio (Editora Vertente, 1996), Qual é mesmo o caminho de Swann? (Editora 7Letras, 2005) e As sete sombras do gato, que é o primeiro audiolivro brasileiro inteiramente dramatizado (Audiolivro Editora, 2006). É autora convidada da Off Flip desde 2006, fazendo parte da programação oficial do evento, além de integrar a Rede de Escritoras Brasileiras e da União Brasileira de Escritores (UBE).

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O romance As vidas e as mortes de Frankenstein é uma narrativa intertextual, que entrecruza uma série de temas e personagens já explorados pela literatura de ficção científica, mas que agora ganha contornos contemporâneos ao abordar pesquisas científicas na Alemanha e o intercâmbio de estudantes e pesquisadores brasileiros.

Mesmo mergulhados em um ambiente cada vez mais digital, a literatura deve ocupar espaço na vivência, escolar ou não, dos alunos. Ao retomar personagens e nomes da história literária, Jeanette Rozsas promove uma atualização do mito de Prometeu, assim como uma possibilidade de leitura comparativa, uma vez que, enquanto o Frankenstein de Mary Shelley começa com uma carta, As vidas e as mortes… começa com um e-mail. Esse simples recurso evidencia as várias referências no enredo, assim como as escolhas estéticas e de técnicas narrativas.

Desse modo, embora seja um romance contemporâneo, Jeanette Rozsas nos lança em séculos passados ao explorar a intimidade de Percy e Mary Shelley, por exem plo. Logo, a obra transita entre diferentes tempos e espaços, promovendo infinitas possibilidades de análise e interpretação, potencializando a curiosidade dos jovens para a leitura de outras obras referenciadas em As vidas e as mortes de Frankenstein.

O romance possui um enredo que aborda, como a obra de Mary Shelley, o emba te entre ciência e sociedade, a loucura que a sede de conhecimento provoca no ser humano desde Prometeu, o herói que “marca o advento da consciência, o apareci mento do homem” (CHEVALIER; GHEERBRANT, 2017, p. 745). Ao roubar o fogo dos deuses e oferecê-lo por amor aos homens, Prometeu recebeu o castigo eterno de ter o fígado comido por águias. Para Bachelard (apud CHEVALIER; GHEERBRANT, 2017, p. 746), o mito representa “a vontade humana de intelectualidade; mas de uma vida intelectual à semelhança da dos deuses”.

Por fim, sabemos que estamos diante de uma obra que não se encerra em si. Esperamos que a leitura do romance As vidas e as mortes de Frankenstein seja seguida por uma reflexão crítica sobre o tema, além de instigar a leitura de outros autores, clássicos ou contemporâneos, ou mesmo a escrita de narrativas. É isso que nós, da equipe editorial, esperamos: que o trabalho com o romance ao longo do ano letivo seja proveitoso, instigador, crítico e prazeroso; que a literatura em sala de aula não seja obrigação, pelo contrário: que exista interesse, principalmente por parte dos jovens, para que o mundo da ficção se abra e nos ajude a entender, nem que seja um pouquinho mais, da complexidade da natureza humana.

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Equipe editorial

Propostas de atividades I

Linguagens e suas TecnoLogias

A seguir, apresentamos uma proposta de guia de leitura no intuito de possibilitar atividades com o romance As vidas e as mortes de Frankenstein, com o objetivo maior de auxiliar na compreensão, análise, interpretação e problematização do romance, incentivando, a cada passo da leitura, uma leitura autônoma e crítica, conforme dita a BNCC:

Ao engajar-se mais criticamente, os jovens podem atualizar os sen tidos das obras, possibilitando compartilhá-las em redes sociais, na escola e diálogos com colegas e amigos. Trata-se, portanto, além da apropriação para si, de desfrutar também dos modos de execução das obras, que ocorre com a ajuda de procedimentos de análise linguística e semiótica (BRASIL, 2018, p. 523).

Para alcançar esse engajamento, que se dá no dia a dia da sala de aula, propomos um esquema de leitura dividido em três momentos principais, embasados nos estudos de Isabel Solé (1998):

Antes da leitura, em que são apresentadas propostas de atividades que têm como objetivo a verificação de saberes prévios e o levantamento de hipóteses em relação ao horizonte de expectativas do leitor. Por ser um romance intertextual, já nessa pri meira etapa os estudantes se veem diante de um dos princípios basilares da criação poética, isto é, o fato de toda obra literária ser um mosaico de citações e de outras leituras (cf. KRISTEVA, 1974).

No momento Durante a leitura, busca-se acompanhar de perto a leitura da nar rativa, uma vez que ela entrelaça tempos e espaços diferentes em uma única história mais ampla. A intenção não é limitar em nenhum momento a interpretação e signi ficação por parte dos estudantes, mas sondar seus passos neste ou naquele modo de interpretar o enredo. Além disso, as hipóteses levantadas previamente podem ir sendo confirmadas ou refutadas ao longo da leitura, possibilitando o levantamento de novas teorias sobre o futuro da narrativa.

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Por fim, no Depois da leitura, propõem-se atividades que retomam as expecta tivas, hipóteses e impressões primeiras da turma. É um momento riquíssimo para a troca de interpretações, a fim de trocarem percepções quanto à narrativa e verificar o que alguns alunos possam ter percebido e escapado à leitura de outros.

anTes da LeiTura

1. Um ambiente agradável é essencial para que se realize uma boa leitura. Devido à extensão do texto, recomendamos que seja solicitada uma leitura prévia, indivi dual, fora da sala de aula. Se assim for, sugerimos momentos de releitura coletiva em classe. Nos momentos de leitura coletiva em sala, estabeleça a todo momento um diálogo no qual os estudantes possam compartilhar e ouvir experiências e ideias em relação ao romance.

2. É conhecida a enorme diversidade de realidades que o professor encontra em sala de aula. Por isso, é muito importante enriquecer a proposta de um momento de discussão com a turma sobre o que é a literatura e quais os benefícios da leitura literária.

3. Em um primeiro momento, explore os aspectos multissemióticos presentes na capa e na quarta capa, como tipografia empregada, textos inseridos como apoio, imagens que ajudam na composição. Pergunte se eles sabem a quem se refere a figura feminina retratada na capa.

Questione-os sobre quais são as primeiras impressões em relação à capa e o que mais lhes desperta a atenção. Algumas hipóteses em relação à narrativa podem já ser solicitadas, uma vez que os alunos já têm elementos suficientes na capa para prever a estética gótica na obra. Além disso, o próprio título sugere uma obra intertextual com o romance Frankenstein, de Mary Shelley. Pergunte o que eles conhecem desse personagem e o que pensam significar o título.

Na sequência, peça que leiam o texto da quarta capa, verificando quais pontos estruturais fazem parte do gênero resenha.

4. Pergunte, ao final, se conhecem ou já ouviram falar de Jeanette Rozsas. Informe os com os dados biográficos presentes na Carta ao professor e nas páginas finais da obra (com conteúdo paratextual).

5. Encerre este primeiro momento desejando uma leitura bastante proveitosa e interessante do romance.

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duranTe a LeiTura

1. Nesta etapa, o objetivo é fazer crescer o interesse pela leitura literária, acom panhando as interpretações e leituras dos alunos e propondo, quando necessário, caminhos e atenção a determinados elementos da narrativa. Embora a proposta que se acredita mais proveitosa seja a leitura individual e extraclasse do texto, sugere se o acompanhamento dessa leitura em momentos de troca de impressões sobre o romance. Por outro lado, se houver a possibilidade de uma leitura coletiva, o ideal seria uma organização de leitura que permita que todos participem, inclusive você, professor.

A cada capítulo ou trecho lido, pause e indague os alunos sobre os eventos nar rados, os caminhos do enredo e as motivações dos personagens.

2. Oriente os estudantes a anotarem características estruturais, estilísticas e discursivas do romance, além de impressões sobre a leitura e a personalidade dos personagens.

Se necessário, recorra à seção Aprofundamento para recapitular características do gênero romance e elementos da narrativa.

Além disso, sugira aos alunos anotarem vocábulos presentes no texto e que lhes sejam desconhecidos, incluindo também seu significado após consulta ao dicionário. Esses vocábulos também podem ser compartilhados entre os alunos.

3. Após o primeiro capítulo, o e-mail enviado durante o voo por Liz, pause a leitura e comente com a turma os efeitos de leitura da inclusão daquele gêne ro. Relembre os alunos que um e-mail não é, a princípio, um gênero literário, porém, uma das características do romance é justamente sua intergenericidade, isto é, sua tendência de misturar os gêneros textuais, da mesma forma que, no Romantismo, se incorporavam cartas e trechos de diários aos romances, por exemplo.

4. Reserve uma atenção especial às partes da narrativa que transcorrem no sécu lo 19, isto é, Mary e Percy Shelley e Lord Byron. Se necessário, leia para os alunos biografias ou solicite uma pesquisa sobre esses três escritores, essenciais para a Literatura em língua inglesa.

Se julgar conveniente, reforce para os alunos que um personagem é sempre um ser ficcional, criado por meio de palavras e só existente nelas, não sendo possível,

As vidas e as mortes de Frankenstein

nunca, tomar um relato ficcional como verdade. Trata-se de uma verdade artística, estética, existente apenas discursivamente, pois:

Ao discutir a questão da personagem-pessoa, os autores procuram salientar dois aspectos fundamentais: o problema da personagem é, antes de tudo, um problema linguístico, pois a personagem não existe fora das palavras; as personagens representam pessoas, segundo modalidades próprias da ficção (BRAIT, 1985, p. 11).

No caso de As vidas e as mortes de Frankenstein, a autora emprega, representados ficcionalmente, indivíduos históricos e certos eventos que realmente aconteceram. Porém, a forma como ela narra é a partir de um ponto de vista particular, que pertence à autora enquanto criadora da ficção e de mais ninguém. Por isso, em nenhum momento podemos nos esquecer que Mary Shelley e seu marido, Percy, assim como Lord Byron, são personagens históricos emprestados para a ficção escrita por Jeanette Rozsas.

Outro ponto que pode resultar em interessante discussão são as posições dos narradores e seus focos narrativos. Pode-se questionar aos alunos o que a escrita dos e-mails em primeira pessoa provoca como efeito que a narração em terceira pessoa não provoca, e vice-versa. Assim, sutilmente os alunos vão percebendo as nuances do foco narrativo e compreendendo o conceito de ponto de vista do narrador.

1. Após a conclusão da leitura, peça aos alunos que retomem suas anotações pré vias e faça algumas perguntas objetivando confirmar ou refutar hipóteses levantadas antes da leitura. As perguntas podem ser, por exemplo:

a) O que vocês acharam do título do romance? Respostas pessoais.

b) Que outro título seria possível na opinião de cada um? Resposta pessoal.

c) O que vocês acharam do fato de As vidas e as mortes de Frankenstein entrecruzar três tempos narrativos diferentes? Resposta pessoal. Estabeleça um breve debate sobre as opiniões da turma.

d) O que a história conta? Explique de maneira bem resumida. Resposta pessoal. Permita que os alunos complementem respostas uns dos outros.

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e) Apesar de ser uma história fantasiosa, que flerta com a ambientação do suspense e com a estética gótica, ela apresenta temas relevantes para alguma discussão contemporânea? Compartilhe suas ideias com a turma. Resposta pessoal.

2. Relembre com os estudantes que, em narrativas mais longas, como o romance e a novela, os personagens costumam ser muitos, e se classificam como principais e coadjuvantes . Os personagens principais se dividem em protagonistas ou heróis e os antagonistas : os primeiros são aqueles que agem e executam a parte principal da história; e os últimos são aqueles que tentam impedir as realizações dos desejos do protagonista. Os personagens coadju vantes, por sua vez, são aqueles que participam de forma discreta na sequência dos acontecimentos, colaborando para que o conflito dramático se desenvolva. São os amigos, os mensageiros, os vizinhos, os empregados, enfim, pessoas que estão próximas da ação central.

Comente com eles que existem diferentes maneiras de caracterizar esses personagens:

• características físicas: como o personagem é, sua descrição de corpo, rosto, olhos, gestos, roupas e gostos pessoais são algumas das informações que o narrador pode oferecer ao leitor para que ele conheça e interprete o personagem;

• características psicológicas: o que o personagem sente, aspectos da sua persona lidade que devem ser levados em consideração, como humores, sentimentos e emoções que ele sente;

• características ideológicas: em que o personagem pensa e acredita, suas crenças, tradições etc.;

• características sociais: como o personagem se relaciona com os outros, isto é, como ele interage com outros personagens;

• características morais: como o personagem age, lembrando que suas ações podem mostrar que é desonesto, por exemplo.

Proponha que escrevam uma breve análise de alguns dos personagens protagonistas do romance, como Max ou Liz. Peça que justifiquem cada descrição por um trecho do texto em que fica evidenciada a característica atribuída ao personagem.

As vidas e as mortes de Frankenstein

3. Sobre o desfecho do romance, pergunte a opinião dos alunos, se o acharam surpreendente ou se já esperavam certos acontecimentos. Permita que todos tenham seu momento de fala e observe se respeitam os turnos de escuta.

4. Outro ponto interessante de se trabalhar em sala de aula é o uso de diferentes formas de falar, evidenciadas pela diferença histórica entre os tempos da narrativa. Peça aos alunos que registrem diferenças de vocabulário no discurso dos personagens.

5. Proponha aos alunos, para finalizar as atividades com o romance, a criação de um vlog ou podcast, a depender do equipamento disponível para a tarefa. A partir de uma resenha por escrito do romance, comentando alguns trechos importantes, a atividade pode ser feita individualmente ou em grupo, dividindo, com equilíbrio, as tarefas para que todos possam participar. Se a escolha for pelo podcast, pode ser gravada uma conversa sobre o romance com alguns pontos mais significativos para ser comentados. Em ambos os casos, o objetivo é despertar o interesse em colegas em ler o romance As vidas e as mortes de Frankenstein

Se necessário, oriente os alunos passo a passo na gravação, a começar pela elaboração de um roteiro, sua edição e revisão e quem serão os responsáveis pelas diferentes tarefas.

Após a escolha do equipamento para a gravação, é só gravar o vídeo ou o áudio, que serão, respectivamente, o vlog ou o podcast. Relembre aos alunos que é importante o emprego de uma linguagem acessível e ágil.

Para editar a gravação, os alunos poderão utilizar algum aplicativo gratuito ou recur sos de edição do próprio celular ou computador, se disponíveis. Depois, oriente-os a fazer o upload da gravação para uma plataforma digital e a compartilhar o material com amigos e familiares.

Competências e habilidades da BNCC contempladas na seção

CG 3: Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.

CG 6: Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.

CE 1: Compreender o funcionamento das diferentes linguagens e práticas culturais (artísticas, corporais e verbais) e mobilizar esses conhecimentos na recepção e produção de discursos nos diferentes campos de atuação social e nas diversas mídias, para ampliar as formas de participação social, o entendimento e as possibilidades de explicação e interpretação crítica da realidade e para continuar aprendendo.

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CE 2: Compreender os processos identitários, conflitos e relações de poder que permeiam as práticas sociais de linguagem, respeitando as diversidades e a pluralidade de ideias e posições, e atuar socialmente com base em princípios e valores assentados na democracia, na igualdade e nos Direitos Humanos, exercitando o autoconhecimento, a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, e combatendo preconceitos de qualquer natureza.

CE 6: Apreciar esteticamente as mais diversas produções artísticas e culturais, considerando suas características locais, regionais e globais, e mobilizar seus conhecimentos sobre as linguagens artísticas para dar significado e (re)construir produções autorais individuais e coletivas, exercendo protagonismo de maneira crítica e criativa, com respeito à diversidade de saberes, identidades e culturas.

CE 7: Mobilizar práticas de linguagem no universo digital, considerando as dimensões técnicas, críticas, criativas, éticas e estéticas, para expandir as formas de produzir sentidos, de engajar-se em práticas autorais e coletivas, e de aprender a aprender nos campos da ciência, cultura, trabalho, informação e vida pessoal e coletiva.

EM13LP03: Analisar relações de intertextualidade e interdiscursividade que permitam a explicitação de relações dialógicas, a identificação de posicionamentos ou de perspectivas, a compreensão de paródias e estilizações, entre outras possibilidades.

EM13LP15: Planejar, produzir, revisar, editar, reescrever e avaliar textos escritos e multissemióticos, considerando sua adequação às condições de produção do texto, no que diz respeito ao lugar social a ser assumido e à imagem que se pretende passar a respeito de si mesmo, ao leitor pretendido, ao veículo e mídia em que o texto ou produção cultural vai circular, ao contexto imediato e sócio-histórico mais geral, ao gênero textual em questão e suas regularidades, à variedade linguística apropriada a esse contexto e ao uso do conhecimento dos aspectos notacionais (ortografia padrão, pontuação adequada, mecanismos de concordância nominal e verbal, regência verbal etc.), sempre que o contexto o exigir.

EM13LP17: Elaborar roteiros para a produção de vídeos variados (vlog, videoclipe, videominuto, documentário etc.), apresentações teatrais, narrativas multimídia e transmídia, podcasts, playlists comentadas etc., para ampliar as possibilidades de produção de sentidos e engajar-se em práticas autorais e coletivas.

EM13LP18: Utilizar softwares de edição de textos, fotos, vídeos e áudio, além de ferramentas e ambientes colaborativos para criar textos e produções multissemióticas com finalidades diversas, explorando os recursos e efeitos disponíveis e apropriando-se de práticas colaborativas de escrita, de construção coletiva do conhecimento e de desenvolvimento de projetos.

EM13LP20: Compartilhar gostos, interesses, práticas culturais, temas/problemas/questões que despertam maior interesse ou preocupação, respeitando e valorizando diferenças, como forma de identificar afinidades e interesses comuns, como também de organizar e/ou participar de grupos, clubes, oficinas e afins.

EM13LP29: Resumir e resenhar textos, com o manejo adequado das vozes envolvidas (do autor da obra e do resenhador), por meio do uso de paráfrases, marcas do discurso reportado e cita ções, para uso em textos de divulgação de estudos e pesquisas.

EM13LP46: Compartilhar sentidos construídos na leitura/escuta de textos literários, perce bendo diferenças e eventuais tensões entre as formas pessoais e as coletivas de apreensão desses textos, para exercitar o diálogo cultural e aguçar a perspectiva crítica.

EM13LP49: Perceber as peculiaridades estruturais e estilísticas de diferentes gêneros literários (a apreensão pessoal do cotidiano nas crônicas, a manifestação livre e subjetiva do eu lírico diante do mundo nos poemas, a múltipla perspectiva da vida humana e social dos romances, a dimensão política e social de textos da literatura marginal e da periferia etc.) para experimentar os diferentes ângulos de apreensão do indivíduo e do mundo pela literatura.

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EM13LP52: Analisar obras significativas da literatura brasileira e da literatura de outros países e povos, em especial a portuguesa, a indígena, a africana e a latino-americana, com base em ferramentas da crítica literária (estrutura da composição, estilo, aspectos discursivos), consi derando o contexto de produção (visões de mundo, diálogos com outros textos, inserções em movimentos estéticos e culturais etc.) e o modo como elas dialogam com o presente.

EM13LP53: Produzir apresentações e comentários apreciativos e críticos sobre livros, filmes, discos, canções, espetáculos de teatro e dança, exposições etc. (resenhas, vlogs e podcasts lite rários e artísticos, playlists comentadas, fanzines, e-zines etc.).

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vidas e as mortes de Frankenstein

Propostas de atividades II

Além de Linguagens e suas Tecnologias, o romance As vidas e as mortes de Frankenstein possibilita um trabalho amplo na perspectiva de outros componentes curriculares, por meio de atividades relacionadas a outros campos do saber, tais como Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Matemática e suas Tecnologias. A fim de guiar esse trabalho, apresentamos a seguir algumas sugestões e propostas que podem ser trabalhadas com os alunos.

ciências da naTureza e suas TecnoLogias

Uma grande quantidade de atividades pode ser pensada a partir do romance As vidas e as mortes de Frankenstein na área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, uma vez que se trata do pano de fundo de toda a narrativa. Aqui, propomos uma atualização da discussão presente desde os primeiros romances góticos: o limite da ciência. Tal atividade contempla a Competência específica de Ciências da Natureza e suas Tecnologias no 3, que permite aos alunos:

Investigar situações-problema e avaliar aplicações do conhecimento científico e tecnológico e suas implicações no mundo, utilizando procedimentos e linguagens próprios das Ciências da Natureza, para propor soluções que considerem demandas locais, regionais e/ou globais, e comunicar suas descobertas e conclusões a públicos variados, em diversos contextos e por meio de diferentes mídias e tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) (BRASIL, 2018, p. 553).

na seção

As vidas e as mortes de Frankenstein
Habilidade da BNCC contemplada
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EM13CNT304: Analisar e debater situações controversas sobre a aplicação de conhecimentos da área de Ciências da Natureza (tais como tecnologias do DNA, tratamentos com células-tronco, produção de armamentos, formas de controle de pragas, entre outros), com base em argumentos consistentes, éticos e responsáveis, distinguindo diferentes pontos de vista.

anTes da LeiTura

Comente com os alunos que não é raro os romances e contos góticos falarem de temas como a bioética, isto é, discussões que envolvem o avanço da Medicina e de outras ciências naturais. Frankenstein foi “apenas” o primeiro romance a tratar disso, sendo seguido por outros, como A ilha do Dr. Moreau e A máquina do tempo, de H. G. Wells, até os contos mais recentes de ficção científica, que atualizam a discussão abrangendo também o infinito mundo digital. Séries de sucesso, como é o caso de Black Mirror, podem ser utilizadas para o debate do tema. Pergunte aos estudantes o que eles já discutiram sobre o tema e se conhecem essas obras mais recentes que atualizam os horrores.

duranTe a LeiTura

Peça aos estudantes que se atentem para as descrições dos momentos em laborató rio, além dos projetos de pesquisa dos quais Liz faz parte na Alemanha. Questione-os nos momentos que julgar pertinente, comentando pesquisas e sondando quais elementos os alunos identificam mais claramente no enredo.

depois da LeiTura

Comente que, deixando de lado a fantasia da ficção científica, assistimos hoje, nos telejornais, a avanços espaciais, clonagens de seres vivos e os avanços das pesquisas sobre células-tronco. Por isso, o mundo se vê diante de um problema complexo sobre as questões éticas envolvidas nesse campo, pois pensá-las é pensar, com o máximo de responsabilidade, o limite entre morrer e viver.

O canal da Casa do Saber, instituição que compartilha conhecimento por meio de pequenas conferências ou debates, propôs uma conversa com a pesquisadora Lygia da Veiga Pereira, As barreiras éticas em torno da ciência (disponível em: <https:// www.youtube.com/watch?v=JRhJ1H6wkmA>. Acesso em: 16 fev. 2021.) Convide os estudantes a assistirem ao vídeo e, em seguida, debaterem o assunto expondo suas opiniões sobre essas pesquisas. Se julgar conveniente, outros temas podem ser incorporados, como o uso de animais em experiências científicas, por exemplo.

Após assistir ao filme com a turma, apresente algumas manchetes de jornais sobre a questão. Sugerimos que sejam manchetes recentes, ou de eventos que são incluídos até hoje como referência, como a clonagem da ovelha Dolly, por exemplo.

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mortes de Frankenstein

ciências Humanas e sociais apLicadas

“— Cala a boca, Max! Queres ser preso e condenado à fogueira?”, repreende o pai do garoto no capítulo “A história que o taberneiro contou”. Embora a leitura do romance contemple muitas das competências específicas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, são especialmente as Competências específicas de números 1 e 6 que são parcialmente desenvolvidas na questão aqui proposta, uma vez que os alunos são levados a “analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos epistemológicos, científicos e tecnológicos” e se posicionar em debate de forma crítica, “respeitando diferentes posições e fazendo escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade” (BRASIL, 2018, p. 570).

Ao final da leitura, proponha uma atividade de pesquisa, seguida de análise crítica, que tenha como objetivo verificar os mais importantes impasses entre a sociedade e os avanços da Ciência.

Habilidades da BNCC contempladas na seção

EM13CHS101: Identificar, analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em diversas linguagens, com vistas à compreensão de ideias filosóficas e de processos e eventos históricos, geográficos, políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais.

EM13CHS504: Analisar e avaliar os impasses ético-políticos decorrentes das transformações científicas e tecnológicas no mundo contemporâneo e seus desdobramentos nas atitudes e nos valores de indivíduos, grupos sociais, sociedades e culturas.

anTes da LeiTura

Faça uma sondagem acerca dos conhecimentos dos alunos sobre os embates entre ciência e outros campos da sociedade. Pergunte se eles conhecem algum cientista ou pensador que foi perseguido por uma descoberta, invenção ou forma de pensar.

duranTe a LeiTura

Peça para os alunos registrarem momentos na narrativa em que a ciência é desa creditada ou questionada. Peça ainda que registrem episódios nos quais o discurso político ou religioso concebe um pré-conceito em relação ao cientista. Quais argu mentos esses discursos apresentam?

As vidas e as mortes de Frankenstein

depois da LeiTura

Ao finalizar a leitura, comente com os alunos que filósofos e cientistas foram, em vários momentos da história, perseguidos, julgados, condenados e assassinados, acu sados de heresia ou quebra de alguma tradição a partir de uma descoberta científica ou forma de pensar. Caso exemplar e muito conhecido é do físico e astrônomo italiano Galileu Galilei (1564-1642), conhecido como “pai” da astronomia observacional, da ciência moderna e do método científico. Em seus estudos, inventou o termoscópio e vários tipos de bússolas, além de aperfeiçoar o telescópio para observar o espaço. Confirmou, assim, as fases de Vênus, os maiores satélites de Júpiter, observou os anéis de Saturno e as manchas solares. Ao defender o heliocentrismo, isto é, a tese de que o Sol era o centro do universo, foi investigado pela Inquisição católica, em Roma, a partir de 1615, que considerou a teoria uma heresia. Na obra Diálogo sobre os Dois Principais Sistemas Mundiais, de 1632, Galileu parecia atacar a Igreja e perdeu o pouco apoio que tinha. Julgado pela Inquisição, foi sentenciado como “veemen temente suspeito de heresia”. Para não ser condenado, teve que se retratar e viveu o resto de sua vida em prisão domiciliar.

Esse e outros exemplos ao longo da história podem ser pesquisados pelos alunos e, em seguida, apresentados em forma de podcast para que toda a turma conheça outros casos. Para tanto, divida a turma em cinco ou seis grupos, concedendo a cada um deles um tema de pesquisa. Algumas possibilidades são:

• Lucilio Vanini;

• Miguel Servet;

• Pietro d’Abano;

• Galileu Galilei;

• Roger Bacon;

• Guilherme de Ockham;

• Charles Darwin;

• Giordano Bruno;

• Nikolai Vavilov;

• Albert Einstein;

• Ignacio Chapela;

• Arpad Pusztai.

Solicite aos alunos que gravem, com a ajuda de smartphone ou de outro equipamento de gravação, as informações pesquisadas, devidamente organizadas e distribuídas entre os integrantes de cada grupo.

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Oriente-os na gravação do material, relembrando, se necessário, dicas e suges tões de procedimentos para uma gravação de boa qualidade, como escolher um lugar silencioso para gravar e falar o texto sem pressa.

Para mais informações sobre o assunto, acesse na página Com Ciência, um texto sobre a punição à ciência ao longo dos séculos, disponível em: <https://www.comciencia. br/punicao-na-ciencia-atraves-dos-tempos/>. Acesso em: 12 fev. 2021.

maTemáTica e suas TecnoLogias

Os conhecimentos dessa área também podem ser aproveitados, e suas compe tências desenvolvidas, em especial no que diz respeito à Competência específica no 4 da área, que é desenvolvida à medida que os alunos são levados a “compreender e utilizar, com flexibilidade e precisão, diferentes registros de representação mate máticos (algébrico, geométrico, estatístico, computacional etc.), na busca de solução e comunicação de resultados de problemas” (BRASIL, 2018, p. 530).

Habilidades da BNCC contempladas na seção

(EM13MAT104) Interpretar taxas e índices de natureza socioeconômica (índice de desenvol vimento humano, taxas de inflação, entre outros), investigando os processos de cálculo desses números, para analisar criticamente a realidade e produzir argumentos.

(EM13MAT406) Construir e interpretar tabelas e gráficos de frequências com base em dados obtidos em pesquisas por amostras estatísticas, incluindo ou não o uso de softwares que inter relacionem estatística, geometria e álgebra.

anTes da LeiTura

Questione os alunos sobre quais são, na opinião deles, os maiores avanços da ciên cia. Se necessário, questione diretamente sobre alguns campos para que a discussão não fique apenas em um tipo de tecnologia. Pergunte sobre os avanços espaciais, medicinais, farmacêuticos, o aperfeiçoamento de máquinas e computadores etc.

duranTe a LeiTura

Chame a atenção dos alunos para as motivações dos alquimistas, em especial de Dippel. Questione-os sobre as motivações que eles acreditam guiar as grandes indústrias e governos hoje em dia no que diz respeito à saúde da população.

As vidas e as mortes de Frankenstein

Retome com os estudantes o diálogo entre Max e seu pai, em que, respondendo a uma acusação de que Dippel estaria envolvido com o diabo, o garoto responde:

“— Claro que não! — devolveu Max. — Tem a ver com ciência, com medicina, com a busca de remédios que aliviem o sofrimento humano. Tem a ver com a busca do elixir que nos proporcionará, a todos, a vida eterna!”

O sonho dos alquimistas de encontrar o elixir, muito maior que qualquer trans formação de metais em ouro, foi alimento para a literatura em muitos momentos. A morte, eterna vilã da vida humana, poderia, de alguma forma, ser remediada?

A partir desses questionamentos, proponha aos alunos que desenvolvam uma pesquisa sobre o avanço das taxas de mortalidade e expectativa de vida do mundo, principalmente com os grandes avanços sociais, científicos e econômicos.

Com base nos dados obtidos por meio da pesquisa, proponha aos estudantes que desenvolvam um gráfico de barras contendo as informações encontradas. O objetivo é poder analisar as informações acerca das conquistas e dos avanços científicos, como descobertas de curas, medicamentos e vacinas.

Os alunos podem construir os gráficos com o auxílio de aplicativos gratuitos disponíveis em sites de confiança na rede. Estabeleça uma data para a realização e entrega da atividade.

As vidas e as
Frankenstein
mortes de

Aprofundamento

Diariamente, nossos jovens estudantes entram em contato com diferentes textos, de diferentes gêneros e funções. São mensagens instantâneas, e-mails, notícias, receitas, crônicas, poemas, informes e vários outros, pertencentes às mais variadas esferas sociais. Mas, e quando o leitor abre um romance e se depara, logo no primeiro capítulo, com um e-mail, o que pensar? É justamente o que acontece em As vidas e as mortes de Frankenstein

Mais importante do que o gênero no qual o texto foi escrito, são os recursos lin guísticos que ele utiliza, assim como a função social que seu autor projeta naquele discurso.

Vamos pensar em algumas situações hipotéticas: a pessoa recebe uma proposta de emprego por e-mail, ou precisa avisar um professor que faltará à aula na próxima semana ou, ainda, precisa mandar um recado para um amigo que mora distante. Todas essas situações apresentam uma função comunicacional, isto é, quem escre ve o texto tem o objetivo de estabelecer uma comunicação com determinados fins práticos, diferentes do que ocorre, por exemplo, com um conto ou um poema, textos nos quais as palavras se tornam signos, imagens e figuras poéticas. Textos literários não têm uma função pragmática; sua função social é estética, ou seja, são objetos estéticos criados a partir de um uso não comum da linguagem: enquanto os e-mails sobre o emprego, para o professor e para o amigo têm a função de comunicar deter minada informação, os e-mails que Liz, uma das personagens de As vidas e as mortes de Frankenstein, escreve para sua família da Alemanha fazem parte de uma narrativa ficcional. Logo, o que eles informam interessa enquanto elemento da ficção. Em outras palavras, eles significam além do que a linguagem informa, pois a palavra literária é sempre ambígua, sempre representação metafórica de um real que não existe, senão na ficção.

o romance, o romanTismo e o góTico

Apesar de As vidas e as mortes de Frankenstein ser um romance contemporâneo, isto é, escrito no nosso tempo, é muito relevante voltar alguns séculos no tempo para entender como o romance se constitui como um dos grandes gêneros literários e como surgiu a estética explorada pela escritora Jeanette Rozsas em sua obra (o gótico).

As vidas e as mortes de Frankenstein
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Romance não precisa necessariamente tratar de uma história de amor. De forma frequente, romance e amor são conceitos aproximados, justamente porque o gênero alcançou seu auge durante o Romantismo.

Enquanto gênero literário, a palavra romance pode designar dois tipos de texto: o primeiro é uma forma poética de origem popular, muitas vezes de fundo histórico ou lírico, em versos, rimados ou não, que era transmitido oralmente antes do advento da imprensa e do livro físico. Por ser de origem oral, eram histórias sem autor definido, muitas das quais perderam e ganharam elementos ao longo dos séculos sendo con tadas e recontadas. Em segundo lugar, romance designa uma composição em prosa.

Ambas as formas contam uma história por meio de um narrador que, vez ou outra, concede voz aos personagens do enredo, que se desenvolve em um (ou mais) tempo e espaço. Ambas, portanto, são herdeiras da epopeia, primeiros registros narrativos literários do Ocidente.

Após o fim da Idade Média, as epopeias e os romances tradicionais foram desen volvidos por meio de diferentes gêneros, sendo os três principais o romance, o conto e a novela. A diferença entre eles é, muitas vezes, sutil, mas podemos elencar como duas principais a quantidade de espaços, tempos e personagens e a presença do clí max: enquanto o conto e a novela apresentam, muitas vezes, um clímax mais nítido, no romance costuma haver um enfraquecimento, uma resolução do conflito que se dá pouco a pouco. A crônica, que também encontra diferentes concepções ao longo da história, encontrou grande público leitor a partir do século 19, principalmente no Brasil.

Dom Quixote de La Mancha, do escritor espanhol Miguel de Cervantes, escrito no começo do século 17, estando a epopeia praticamente extinta, é considerado o primeiro romance moderno. Daí em diante, com o aperfeiçoamento da imprensa, o romance foi ganhando o gosto popular, sendo adotado como gênero preferencial a partir do Romantismo, quando a burguesia começa a consumir livros e literatura.

Dito em outras palavras, com a queda do sistema e do pensamento feudais, o romance ganha espaço e se configura como o conhecemos hoje. Assim, enquanto os deuses e heróis do mundo antigo ganharam vida por meio das epopeias de Homero e Hesíodo, os sujeitos modernos, com suas famílias, seus trabalhos, seus sonhos e suas realizações, assim como seus fracassos e medos, seriam representados pelo romance.

O gênero chega ao século 20 na sua melhor forma, já aproveitado com excelência pelos escritores realistas e naturalistas; e mesmo com as vanguardas artísticas, o

As vidas e as mortes de Frankenstein

romance é reinventado, mas não descartado. Com escritores como Marcel Proust, Virginia Woolf e William Faulkner, o romance é desmontado: o tempo cronológico resumido em começo, meio e fim é substituído pelo tempo psicológico, e o foco narrativo dá vazão ao fluxo de consciência. O gênero é influenciado fortemente pela fotografia e, principalmente, pelo cinema.

Hoje, começo da segunda década do século 21, o romance se comprovou sendo multifacetado, capaz de, qual esponja, absorver as características de seu tempo e representá-las na narrativa. Temos personagens fragmentados, estruturas móveis, a influência do jornalismo e da televisão, a presença maciça da e na internet. Tudo isso ajuda a compor o romance contemporâneo que, dentre as várias características que apresenta, é essencialmente intertextual e interdiscursivo, isto é, está sempre em diálogo com outras obras, outras épocas e outros discursos. Citando a ideia desenvolvida por Dominique Maingueneau (1976), nenhum discurso nasce sozinho, em uma solitude inocente, como palavra dita pela primeira vez. Tudo se constrói por meio do já dito.

Assim, “os textos literários abrem sem cessar o diálogo da literatura com sua própria historicidade, e a noção tem todo o interesse em tornar a crítica sensível à consideração dessa complexa relação que a literatura estabelece entre si e o outro” (SAMOYAULT, 2008, p. 22).

Resumidamente, intertextualidade é todo e qualquer diálogo, explícito ou implí cito, que uma literatura, seja oral ou escrita, tem com outros textos, anterior ou ao mesmo tempo produzidos. Nessa retomada de um texto, revela-se uma linguagem metatextual, pois a literatura pensa e escreve a literatura já escrita. Assim, “um texto pode sempre ler um outro, e assim por diante, até o fim dos textos” (GENETTE, 2010, p. 5), pois a literatura “se escreve com a lembrança daquilo que é, daquilo que foi” (SAMOYAULT, 2008, p. 47).

As vidas e as mortes de Frankenstein mantém, desde o título, uma relação dialógica e intertextual com o romance publicado em 1818, de Mary Shelley, que consolidou o gótico e se tornou uma das obras mais aclamadas de terror de todos os tempos.

Mary Shelley, influenciada pelo seu tempo e em diálogo com grandes nomes do Romantismo inglês, escreveu Frankenstein ou o Prometeu moderno para uma aposta que ela, seu noivo (o poeta Percy Bysshe Shelley) e Lord Byron fizeram. Ela estava com 19 anos.

Com inspirações na estética romântica, Frankenstein é um romance de horror gótico considerado o primeiro exemplo de narrativa de ficção científica. Narra a trajetória trágica do cientista Victor Frankenstein, estudante que se fascina com os

As vidas e as mortes de Frankenstein

sonhos científicos dos alquimistas. Assim, em uma de suas pesquisas em busca do elixir da vida eterna, Victor acaba criando um monstro.

No fim do século 18, o estilo romântico nasce, em resumo, como uma resposta às estéticas clássica e neoclássica, assim como uma oposição ao racionalismo pregado no Século das Luzes (o século 18). Em contraponto, o Romantismo exaltava a natureza, a emoção e a subjetividade. Por um lado, há também certa retomada de temas medievais e históricos. Por outro lado, apesar de motivar o individualismo, o Romantismo não foi alheio ao seu contexto político, econômico e social; ao contrário, pregava a fuga da realidade para a natureza, para lugares amenos, em defesa das ágeis transformações provocadas pela Revolução Industrial, principalmente na Inglaterra.

Talvez uma das principais características sociais desse momento seja a nítida sepa ração de classes na sociedade, como se percebe no romance As vidas e as mortes de Frankenstein: Max só se tornou discípulo de Johann Konrad Dippel porque este insistiu e pagou um pequeno salário ao pai do garoto. A relação entre eles era socialmente limitada por serem de classes sociais diferentes: a família de Max pertencia à classe burguesa, trabalhadora, enquanto Dippel era um rico médico cuja família tinha passado nobre. Essa diferença fica clara no diálogo do capítulo “A história que o taberneiro contou”, quando Max afirma que não quer fazer o que seu pai e seu avô fizeram durante a vida:

“— Com os demônios, não, senhor. Não quero ser camponês como meu pai, e muito menos soldado, como meus irmãos mais velhos.”

Quando já mostrava sinais de fraqueza, o Romantismo acaba oferecendo seu último impulso com um subgênero conhecido como Dark Romantism, isto é, romantismo sombrio. É aqui que encontramos o gótico, que tem muita proximidade com os temas medievais e lendários, como lembra o escritor H. P. Lovecraft, em seu estudo “O horror sobrenatural na literatura” desde o primeiro romance considerado gótico, O castelo de Otranto, de 1764, de Horace Walpole. Segundo Lovecraft (2007, pp. 15-16):

[…] em primeiro lugar do castelo gótico, com sua lúgubre vetustez, vastas distâncias e labirintos, alas abandonadas ou em ruínas, cor redores úmidos, catacumbas malsãs escondidas e uma procissão de fantasmas e de lendas tenebrosas, como núcleo de suspense e demonismo assustador.

A natureza também aparece no romantismo gótico, mas sempre cercada pelo mistério, pelo sobrenatural e, não raras vezes, pelo horror. Assim, a natureza aparece como assombrada, nefasta e ameaçadora.

As vidas e as
mortes de Frankenstein

Por fim, o que mais nos interessa do gótico é a presença do receio e do pavor em relação ao aparente poder ilimitado da ciência. Descobertas feitas, principalmente durante e depois do Renascimento, assim como pesquisas e novas profissões e instrumentos, permitiram um avanço sem igual. Inimigos deixam de ser apenas os monstros e seres fantásticos, mas também aquilo que não se vê (vírus, bactérias, micróbios) e o que está dentro da mente humana, incluindo as recentes descobertas sobre hipnotismo e de doenças psicológicas.

Sobre as características do romance, Moisés (2013, p. 412) escreve:

Estruturalmente, o romance caracteriza-se pela pluralidade de ação, pela coexistência de várias células dramáticas, conflitos ou dramas. Em princípio, não há limite para o número de células dramáticas que con correm para a organização do romance. Entretanto, o ficcionista elege apenas algumas, as que podem harmonizar-se dentro de um conjunto. Assim, de modo genérico, o romance apresenta menos células dramáticas que a novela: esta pode estender-se para além do derradeiro episódio, ao passo que o romance termina completamente na última cena.

Plural também no número de personagens, de conflitos e de espaços, e de sua simultaneidade; por vezes, a pluralidade até mesmo da voz do narrador e de tempos narrativos. O tempo, aliás, talvez seja o elemento mais complexo e relevante, uma vez que “tudo no romance visa a transformar-se em tempo, que constituiria, em última instância, o escopo magno do romancista” (MOISÉS, 2013, p. 412).

Enquanto recurso narrativo, o tempo corresponde ao quando da história, mas é importante observar não apenas quando a história se passa, mas também quando a história é contada. Além disso, o tempo narrativo pode ser cronológico (com início, meio e fim, obedecendo ao desenrolar de dias, meses ou anos) ou psicológico (a sequência dos acontecimentos é alterada pelo fluxo da mente dos protagonistas, ganhando um tom de sonho ou de delírio, fazendo com que o menor dos aconteci mentos desencadeie uma enxurrada de pensamentos).

Outro elemento narrativo fundamental é o narrador. A função da voz narrativa é organizar os fatos no enredo, escolhendo, para isso, um ponto de vista, uma perspec tiva específica que chamamos de foco narrativo, que é uma forma de olhar e contar uma história em primeira ou terceira pessoa.

Por esse motivo, podemos propor aos alunos que identifiquem qual é o foco nar rativo do livro “As vidas e as mortes de Frankenstein” da escritora Jeanette Rozsas.

As vidas e as mortes de Frankenstein

O foco narrativo está em primeira ou terceira pessoa? O narrador é protagonista, onisciente ou observador? Qual a diferença entre eles? Recomende que os alunos façam comparações com séries, filmes ou livros que estão assistindo e que possuem o mesmo foco narrativo e compartilhe com os demais colegas.

Devido à versatilidade do foco narrativo há vários tipos de romance. Romance histórico, romance linear ou progressivo, de formação, psicológico, de horror, de enredo etc. Edwin Muir (1929) propõe uma classificação interessante, dividida em três tipos, a saber: romance de ação, romance de personagem e romance de drama. No caso de As vidas e as mortes de Frankenstein, trata-se de um romance de ação, pois sua intriga é mais ressaltada que os demais componentes da obra.

LeiTura e escriTa LiTerárias

Como começamos dizendo, o texto literário não é um texto qualquer. É preciso tomar certos cuidados e posturas diante dele, porque a leitura literária costuma provocar certos efeitos no leitor que um texto não literário, muitas vezes, passa longe de provocar. Também já falamos que se trata de um uso diferenciado da linguagem, que passa a significar algo além do seu significado do dicionário.

A princípio, o leitor literário desenvolve sua empatia, sua personalidade, aumenta sua vivência acerca dos paradoxais comportamentos humanos, os segredos mais escondidos revelados em histórias escritas há séculos.

Um dos efeitos que podem surgir ao ler literatura é a aptidão para escrever literatura. É preciso dizer que não se pode ensinar alguém a escrever bem ou de determinada forma, mas o que todos os escritores e professores de escrita criativa afirmam é que a escrita é consequência da leitura. Quer escrever romances? Primeiro passo é ler romances. Quer escrever poemas? Comece lendo poemas.

Mas se o texto literário não tem uma função prática, para que escrever um?

Contar histórias é uma necessidade humana. Há até mesmo quem defenda que é justamente o fato de contar e acreditar em histórias que permitiu ao Homo sapiens chegar ao topo da cadeia alimentar. Desde muito antes de romances e contos, os seres humanos se reuniam em volta da fogueira ou à beira do riacho; e os mais velhos contavam aos mais novos as histórias antigas, os homens contavam as histórias de caçadas.

As vidas e as
mortes de Frankenstein

Além disso, as histórias ancestrais, aquelas que chamamos de mitos e lendas e que são as bases de todas as histórias contadas, são responsáveis em construir o imaginário humano. Isso quer dizer que a literatura constrói os arquétipos, isto é, “resíduos psíquicos acumulados no inconsciente coletivo através dos séculos, e revelados como ‘imagens primordiais’, ou ‘engramas’, que ressurgem na intuição dos poetas e ficcionistas, independentemente do tempo e do espaço” (MOISÉS, 2013, p. 39).

Isso quer dizer muitas coisas, mas talvez uma das mais importantes seja a possibi lidade de compreender melhor os mistérios da consciência humana, em compreender melhor o outro, pois um dos efeitos alcançados, sem dúvida, pela leitura literária é o da empatia a partir da identificação entre leitor e personagem. Mais do que viajar em infinitos espaços, a literatura permite ao leitor viver infinitas vidas.

Escritores não são seres superiores, mais inteligentes, mais espertos ou mais sábios. Escritores são observadores, isso, sim; e grandes leitores, e sabem, é claro, usar as palavras, montar as frases e organizar parágrafos com mais facilidade, con sequência das leituras. Eles sabem lidar com a ficção, essa espécie de cola que liga os acontecimentos, personagens. Desde pequena, uma criança pode mostrar predileção para contar histórias. Quando as emoções são mais latentes, essa predileção se torna mais subjetiva, as emoções que afloram na puberdade tornam a escrita mais madura, mais arredondada.

Em As vidas e as mortes de Frankenstein, Jeanette Rozsas partiu de um clássico da literatura para escrever um novo romance. Além disso, ela “emprestou” personagens históricos para criar ficção a partir deles. Esses são dois exercícios para aprender a lidar com a ficção: imaginar como aconteceu de fato alguns eventos históricos, por exemplo, imaginar quais foram os pensamentos de determinados personagens, o que sentiram; ou emprestar algum personagem já bastante conhecido e criar outras histórias sobre aquele mesmo universo ficcional.

Além disso, a escrita literária possibilita um excelente exercício de autoconhe cimento, assim como a escrita de diários e de cartas, práticas cada vez mais raras na sociedade contemporânea.

Talvez seja esse outro objetivo aqui, quem sabe o mais importante: torcer para que dessas leituras surjam também algumas páginas literárias escritas pelos jovens leitores e por você, professor.

As vidas e as mortes de Frankenstein

Sugestões de complementaresreferências

Aseguir, apresentamos algumas propostas que estabelecem relações intertextuais e interdiscursivas com o romance As vidas e as mortes de Frankenstein pelos estudantes a partir dos cinco campos de atuação social das práticas de linguagem estabelecidas pela BNCC.

campo da vida pessoaL

1. Enquanto algumas pessoas alimentam um medo terrível de lugares fúnebres, como cemitérios e crematórios, outras buscam nesses lugares um ambiente agradável para leitura; justamente esses lugares sombrios, espaço primordial dos filmes de horror. Compartilhe com a turma a informação sobre a ideia inusitada da Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura, localizada no Cemitério da Colônia, no distrito de Parelheiros, Zona Sul de São Paulo. Peça aos alunos que façam a leitura da repor tagem Biblioteca localizada em cemitério promove Sarau do Terror, de Mônica Cardoso. O texto na íntegra pode ser encontrado na Plataforma do Letramento, disponível em: <http://www.plataformadoletramento.org.br/em-revista-reportagem/1142/ biblioteca-localizada-em-cemiterio-promove-sarau-do-terror.html >. Acesso em: 16 fev. 2021. Após a leitura, convide-os a criar uma narrativa ambientada nesse lugar. Após criarem, convide-os a organizarem um momento para que possam ler as histórias uns para os outros/uns dos outros.

2. Mary Shelley tinha apenas 19 anos quando finalizou seu romance, entre 1816 e 1817. No começo do ano seguinte, 1818, o texto foi publicado por uma pequena edi tora de Londres em uma modesta edição de 500 exemplares, após ter sido rejeitada por outras duas editoras. Essa primeira edição não apresentava o nome da autora na capa, embora trouxesse um prefácio assinado por Percy Shelley, então seu noivo e já um escritor de certo renome. Cinco anos depois, a segunda edição foi publicada, desta vez com o nome de Mary Shelley como autora na capa.

Talvez esse fato deva ser levado em consideração na leitura de As vidas e as mortes de Frankenstein , de Jeanette Rozsas, uma vez que é uma mulher escrevendo sobre mulheres em uma sociedade marcadamente machista. A fim de conhecer a

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vida e o trabalho dessas mulheres para que não sejam, mais uma vez, silenciadas ou apagadas pelo tempo, solicite aos alunos uma pesquisa sobre a presença de mulheres na literatura.

Inicie a atividade com o longa-metragem Mary Shelley. Baseado em fatos reais, inclusive alguns narrados também no romance As vidas e as mortes de Frankenstein, o filme explora o lirismo, paixões e sonhos da escritora.

Mary Shelley. Direção de Haifaa Al Mansour. Estados Unidos: Netflix, 2017. (121 min.).

Em seguida, peça aos alunos que leiam o texto Vozes silenciadas: a sofrida partici pação feminina no mundo das Letras, de Cecília Prada (disponível em: <https://www. sescsp.org.br/online/artigo/2435_VOZES+SILENCIADAS>. Acesso em: 17 fev. 2021.

Após dividir a turma em grupos, solicite uma pesquisa da biografia de algumas escritoras brasileiras silenciadas no tempo. São algumas propostas, a depender do número de alunos em cada realidade escolar:

• Narcisa Amália;

• Júlia Lopes de Almeida;

• Albertina Bertha;

• Teresa Margarida da Silva e Orta;

• Maria Firmina dos Reis;

• Beatriz Francisca de Assis Brandão;

• Adélia Josefina de Castro Fonseca;

• Rita Barém de Melo;

• Nísia Floresta;

• Helena Morley;

• Maria Angélica Ribeiro;

• Luíza Amélia de Queiroz Brandão;

• Josefina Álvares de Azevedo;

• Carmen Dolores;

• Maria Ignez Sabino;

• Emília de Freitas;

• Ângela do Amaral Rangel;

• Anália Franco.

Peça que pesquisem sobre os dados biográficos dessas mulheres que escreveram prosa e poesia nos séculos 18 e 19. Para mais informações sobre algumas dessas escri toras, acesse o documento As Mensageiras: Primeiras Escritoras do Brasil, espécie

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vidas e as mortes de Frankenstein

de catálogo da exposição de mesmo nome, parte da série Histórias não contadas, produzida pelo Centro Cultural Câmara dos Deputados. Disponível em: <https:// www2.camara.leg.br/a-camara/visiteacamara/cultura-na-camara/arquivos/.lixeira/ as-mensageiras-primeiras-escritoras-do-brasil>. Acesso em: 17 fev. 2021.

campo jornaLísTico midiáTico

1. Ao abordar o horror, a literatura apresenta uma metáfora que vai muito além dos monstros e medos do ser humano em obras estritamente ligadas ao seu contexto de produção. José Garcez Ghirardi, professor da Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, discute, em cinco vídeos promovidos pela Casa do Saber, clássicos literários que nos ajudam a entender o mundo atual. Um deles é Frankenstein, de Mary Shelley. Para isso, acesse o vídeo 5 Clássicos para entender o mundo atual: Frankenstein, que pode ser encontrado em plataformas de compartilhamento de vídeos na internet.

Após assistirem ao vídeo, promova um debate com os estudantes acerca do romance

As vidas e as mortes de Frankenstein, questionando os alunos sobre como a narrativa retrata a sociedade atual: seus paradigmas, suas relações sociais, questões mun diais (como as fronteiras entre países, intercâmbio cultural e incentivo à pesquisa científica).

campo de aTuação na vida púbLica

1. O medo do desconhecido percorre tudo que é gótico. A noite, a mente, a morte. A ciência, desde seu primeiro impulso em alguma noite perdida na história, quando o primeiro humano olhou para as estrelas e temeu esse incógnito e escuro infinito, procurou desvendar parte ou alguns desses mistérios. Se, por um lado, a ciência ampliou nossos horizontes de uma forma absurda, e isso ocorreu literalmente no século 20 com a corrida espacial; por outro acarretou um egoísmo cada vez mais evi dente em parte da humanidade. Quanto mais livres pensamos que somos por parte do tamanho do Cosmos, mais presos estamos a nós mesmos. Seria esse o embate trágico do sujeito contemporâneo?

Essas e outras questões são colocadas pelo pesquisador português Alexandre Quintanilha na conferência TED intitulada “Ética e Ciência, múltiplos desafios”. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=1fyGo7-IWjE>. Acesso em: 16 fev. 2021.

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vidas e as mortes de
Frankenstein

Antes, oriente os alunos a, durante a palestra, fazerem anotações que abordem várias informações, dados e números que sirvam de argumentos para alguns pontos defendidos.

Após os alunos assistirem ao vídeo, promova um debate com eles sobre as ideias apresentadas pelo pesquisador, se eles concordam ou discordam de algum dos pontos e por quê.

1. O romance As vidas e as mortes de Frankenstein, de Jeanette Rozsas, é um intertexto com o Frankenstein, de Mary Shelley, que, por sua vez, apresentava o subtítulo: ou o Prometeu moderno, fazendo referência ao mito grego. Portanto, Rozsas se inspirou em Mary Shelley que se inspirou na mitologia. Solicite que, em grupo, pesquisem e leiam mitos que foram incorporados por escritores modernos. Não é necessário apresentar uma análise das obras e dos mitos, mas eles precisam indicar essas interferências ou influências. Elas podem aparecer no título da obra, como é o caso dos romances aqui citados, e podem apresentar personagens com o nome de heróis mitológicos.

Uma vez finalizadas a pesquisa e a leitura, combine com os alunos a apresentação das informações obtidas aos colegas. Se achar mais prudente, separe previamente quais mitos devem ser pesquisados. Algumas opções são: Édipo, Medeia, Prometeu, Narciso, Eros e Psiquê, entre outros.

2. Assim como a literatura, o cinema buscou de inúmeras maneiras representar esses horrores, muitas vezes colhendo na própria literatura enredos e personagens que ajudam a dar rosto a esses medos e monstros. Uma excelente proposta de dis cussão e ilustração do que o romance propõe como tema é partir do cinema e suas representações. Para tanto, propomos alguns filmes longas-metragens adaptações de romances de ficção científica que colocam em questão esse sonho sem limites proposto quando a ciência perde a razão e é dominada pela loucura e pelo trágico:

• A máquina do tempo. Direção de Simon Wells. Estados Unidos: Warner Bros., 2002. (96 min.).

• Frankenstein, de Mary Shelley. Direção de Kenneth Branagh. Estados Unidos: American Zoetrope; TriStar Pictures, 1994. (123 min.).

• A ilha do Dr. Moreau. Direção de John Frankenheimer, Paul Rubell e Adam P. Scott. Estados Unidos: New Line Cinema, 1996. (96 min.).

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vidas e as mortes de Frankenstein

Proponha o filme como tarefa extraclasse ou, se possível, combine um dia com os alunos para assistirem na escola, se houver equipamentos e espaço.

Organize, em seguida, um debate oral envolvendo toda a turma, que pode ser instigado a partir do vídeo, indicado nas Propostas de Atividades II, de Lygia da Veiga Pereira, As barreiras éticas em torno da ciência

campo das práTicas de esTudo e pesquisa

1. Histórias de suspense e horror mexem com nossos medos. Temos nossos medos particulares (de insetos, de certos animais, da violência urbana), e temos medos mais universais, medos que todo mundo tem (medo de morrer, medo de perder, medo de ficar louco). Mas nossos medos também nos protegem do que é perigoso, e viver é perigoso. O livro A história do medo no Ocidente, de Jean Delumeau (São Paulo: Companhia das Letras, 2009) é o resultado de uma enorme pesquisa que buscou compreender o sentimento do medo e como ele evoluiu na humanidade. Em outras palavras, como ele foi construído no decorrer dos séculos em seus aspectos científicos, psicológicos e sociais.

Proponha a leitura de alguns trechos para os alunos, ou capítulos que sejam mais significativos para a proposta. Em seguida, eles podem fazer uma pesquisa sobre os medos mais frequentes entre os estudantes ou na família, a depender da realidade de cada escola. Para isso, um formulário pode ser entregue ou criado com a ajuda de algum site na internet. Ponto importante é a observação de que os questionários não precisam, necessariamente, ser identificados, a fim de preservar a identidade e a privacidade dos entrevistados.

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Bibliografia comentada

BRAIT, Beth. A personagem. São Paulo: Ática, 1985. Nessa didática introdução ao estudo do personagem, Beth Brait analisa grandes personagens da literatura brasileira e universal a partir de conceitos claros e precisos que ajudam na leitura e análise de narrativas literárias.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Conselho Nacional de Educação. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Brasília, MEC/SEB/ CNE, 2018. Documento-base que define os conhecimentos, as competências e as habilida des a serem desenvolvidos durante a Educação Básica, norteando os currículos municipais, estaduais e federais em todos os níveis (Ensino Fundamental I, II e Ensino Médio).

CHEVALIER, Jean; GHEERBRANT, Alain. Dicionário de Símbolos: mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números. Trad. de Vera da Cosa e Silva et. al. 30ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2017. Obra clássica, fundamental para consulta de quem quer analisar e ampliar sua leitura literária. São milhares de verbetes que dão subsídios para pensar a simbologia dos mitos, sonhos e costumes, além de uma excepcional pesquisa no que diz respeito a tradições de sociedades primitivas.

GENETTE, Gerárd. Palimpsestos: a literatura de segunda mão. Trad. Luciene Guimarães e Maria Antônia Ramos Coutinho. Belo Horizonte: Faculdade de Letras da UFMG, 2010. Um dos mais importantes linguistas do século 20, Genette discorre nessa obra acerca do fenômeno intertextual na literatura, não apenas pela luz do moderno e contemporâneo, mas como princípio desde sempre inerente ao literário.

KRISTEVA, Julia. Introdução à semanálise. São Paulo: Perspectiva, 1974. Obra fundamental daquela que nomeou pela primeira vez o recurso intertextual. Nessa obra, a semiologista francesa conceitua o termo “intertextualidade” a partir de sua leitura de Bakhtin e seu conceito de dialogismo.

LOVECRAFT, Howard Phillips. O horror e o sobrenatural na literatura. Trad. Celso M. Paciornik. São Paulo: Iluminuras, 2007.

Estudo bastante informativo e conhecido do escritor americano H. P. Lovecraft, que parte da premissa de que o medo é a emoção primordial dos seres huma nos e, por isso, é objeto central de diversas narrativas, em especial as de

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horror. Lovecraft analisa o fenômeno do horror e seus símbolos e suas carac terísticas recorrentes, mostrando-se, além de excelente escritor, também primoroso crítico.

MAINGUENEAU, Dominique. Initiation aux methodes de l’analyse du discours Paris: Hachette, 1976.

Obra introdutória que permite ao leitor, por meio de um panorama das princi pais correntes linguísticas, desenvolver uma visão do texto como um todo, em suas diferentes esferas: a lexicologia, a sintaxe e a enunciação.

MOISÉS, Massaud. Dicionário de termos literários. 12ª ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Cultrix, 2013.

Obra fundamental para quem se propõe a analisar obras literárias. São verbetes que buscam analisar os principais gêneros e formas literárias e seus elementos (narrativos, líricos e dramáticos).

MUIR, Edwin. The Structure of the Novel. New York: Harcourt, 1929.

Livro destinado tanto a quem lê como quem escreve textos literários, que serve como guia para a construção de um romance.

SAMOYAULT, Tiphaine. A intertextualidade Trad. Sandra Nitrini. São Paulo: Aderaldo e Rothschild, 2008.

A partir do conceito de “memória literária”, Tiphaine Samoyault discorre sobre a importância basilar do conceito de intertextualidade para conceituar a palavra literária.

SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. Trad. Claudia Schilling. 6ª ed. Porto Alegre: ArtMed, 1998.

Lançada no Brasil em 1992, essa obra segue até hoje como uma das grandes referências sobre o ensino de leitura e o papel do professor na formação de lei tores na escola. A autora, professora na Universidade de Barcelona, na Espanha, aponta alguns caminhos para que o professor possa promover a autonomia dos alunos nesse complexo processo que é a leitura, incluindo o das estratégias que favorecem a interpretação e a compreensão de textos.

As vidas e as mortes de Frankenstein

As vidas e as mortes de Frankenstein

Jeanette Rozsas

Coordenação Editorial: Fernanda Emediato

Elaboração do conteúdo: Cassia Leslie Garcia de Souza

Revisão: Josias A. de Andrade e Hugo Almeida

Leitura crítica: Ricardo Augusto de Lima

Projeto gráfico e diagramação: Alan Maia

ISBN: 978-65-88436-12-7

Temas: Ficção, mistério e fantasia, Protagonismo juvenil, Diálogos com a sociologia antropologia e Limites e impasses da ciência

Gênero: Romance

Ensino Médio

TROIA EDITORA E DISTRIBUIDORA LTDA.

Avenida Mofarrej, 348 | Vila Leopoldina São Paulo | SP | 05311-000

As vidas e as mortes de Frankenstein
1ª edição 2021

Jeanette Rozsas

MATERIAL DIGITAL DO PROFESSOR

ISBN (13) 978-65-88436-12-7

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