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www.gestaofitness.com.br Edição nº 08 – Mar/Abr 2011

O Lider verdade Quando as máscaras caem


Editorial

Thais de Almeida Administradora de Empresas com Pós Graduação em Marketing e Comunicação; Diretora da Álom Comunicação em Negócios - especializada em Publicações Digitais com interface em Mídias Sociais; Criadora e Editora da Gestão Fitness. gestaofitness@alom.com.br

O CALENDÁRIO

FITNESS 21-24 ABRIL COMEÇA

A Gestão Fitness começou 2011 de vento em polpa. Muitos elogios ao novo layout e as novidades da edição especial de aniversário. Em abril, o lançamento do 1º Workshop organizado pela revista superou as expectativas em inscrições, fato que confirma a grande importância e confiabilidade que a revista conquistou em seus leitores. Na próxima edição traremos a cobertura do evento. E mais novidades estão por vir. Nas redes sociais, uma nova publicação entre outras. Com uma gama cada vez maior de leitores a Gestão Fitness se consagra em seu segundo ano, uma das mais importantes fontes de informação gratuita, democrática e com o melhor custo benefício à indústria fitness.

2011 SANTOS|SP

AQUI

Até a próxima!! Abraço!!

Thais de Almeida

(11) 5095 2699 | (13) 3231 3164 | WWW.FITNESSBRASIL.COM.BR

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Marca Esportiva

Equipamento

REALIZAÇÃO

Pilates

Bebida Esportiva

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Expediente

A Revista Gestão Fitness é uma publicação bimestral, digital e gratuita, desenvolvida pela Álom Comunicação em Negócios. Diretora Thais de Almeida gestaofitness@alom.com.br Jornalismo e Revisão Madalena Almeida madalena.mozi@uol.com.br Colunistas Patricia Totaro Ivan de Marco Paulo Lobato Guilherme Moscardi Marynês Pereira Luiz Moura Carlos Cardoso Daniel Silva Projeto Gráfico e Diagramação Irene Asato Ruiz www.ireneruiz.com Tecnologia da Informação Ivan Carlos de Almeida www.icarlos.net Plataforma Digital Yudu - www.yudu.com Imagens Ilustrativas Sxc.hu e Photoexpress Contato 11 3731-6704

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Participe:

www.acadesystem.com.br Gestão Fitness - Ed. 08 - Mar/Abr 11

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Sumário Áreas de Conveniência

Espaço Físico Patricia Totaro

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Quando as Máscaras caem! Tendências

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Marynês Pereira

Uma é muito e mil são poucas

Atendimento

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O que fazer quando o diploma chegar? Carreira

Ivan de Marco

Luiz Moura

Qualidade de Vida

Empreendedorismo & Intraempreendorismo

Vendas

Paulo Lobato

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Gestão de Negócios

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Carlos Cardoso

Atenção Reducionistas

Gestão de Pessoas Guilherme Moscardi

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O uso de uma correta terminologia

Comportamento

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Daniel Silva

Proibida a reprodução total ou parcial sem prévia autorização escrita. Artigos e colunas não representam necessariamente a opinião da revista e são de total responsabilidade de seus autores. As imagens dos artigos e matérias foram cedidas pelos respectivos colunistas e entrevistados. As imagens ilustrativas são provenientes de banco de imagens e os créditos constam ao lado direito inferior de cada foto.

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Espaço Físico

Por Patrícia Totaro

Áreas de Conveniência

O primeiro passo para decidir o que colocar em uma área de conveniência é entender o que o seu cliente quer. Em casos de academias existentes é mais fácil: é só ouvir o que os alunos têm a dizer. No caso de novos empreendimentos, a decisão passa pelo entendimento do público-alvo, conhecimento da região e dos hábitos dos futuros clientes.

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O cliente de academias de ginástica está cada vez mais exigente. E isso é bom! Sim, é muito bom, pois o cliente exigente valoriza um local que cuida de seu bem-estar e de seu conforto. Uma das áreas da academia que sempre gera valor percebido para o cliente é a área de conveniência. Aáreaqueeuchamodeconveniênciaengloba, entre outros serviços, loja, brinquedoteca, sala de massagem, salão de cabeleireiro, ou seja, tudo o que não está diretamente ligado à prática de exercício físico nem à operação da academia, mas que proporciona algum tipo de facilidade para o cliente. Em empreendimentos lucrativos, o espaço de conveniência costuma ocupar 5% da área total construída da academia (excluindo-se estacionamento e casas de máquinas). Por exemplo, em uma academia com 1.500 m2, você tem 75 m2 para esta finalidade. Cabe

uma brinquedoteca e uma loja, por exemplo. Já em uma academia com 500 m2, a área de conveniência ideal de 25 m2 pode abrigar somente um serviço, que o empresário deve definir qual será. Chegamos aí em um ponto crítico: decidir o que colocar. Muitas vezes, o empresário decide de forma reativa: alguém o procura interessado em locar o espaço, e, pensando somente na receita da locação, o dono da academia aceita. Nada contra locar o espaço, muito pelo contrário, acredito que terceirizar para alguém competente o que não é o seu negócio principal é muito bom. Mas quem deve definir as regras do jogo é o dono da academia. O primeiro passo para decidir o que colocar é entender o que o seu cliente quer. Em casos de academias existentes é mais fácil: é só ouvir o que os alunos têm a dizer e filtrar as informações relevantes e possíveis. No caso de novos empreendimentos, a decisão passa pelo entendimento do público-alvo, conhecimento da região e dos hábitos dos futuros clientes. Depois de definir o que será colocado, temos que decidir onde. Eu acredito que o foco da academia deve ser proporcionar facilidade para os alunos matriculados. Por

isso, minha primeira ideia de localização é sempre dentro da academia, sem acesso ao público externo. Mas existem exceções, é claro, quando o espaço é muito importante para o aluno e não é viável sem o público externo. Vou repetir: importante para o aluno e não por outro motivo! Nesse caso, a arquitetura tem de ser muito bem pensada para que o serviço de conveniência não se sobreponha visualmente à própria academia. Falando em visual, chegamos em outra decisão: quem deve definir a arquitetura dos serviços de conveniência? Aí tem de entrar o bom-senso, sempre. A arquitetura e a comunicação visual desses serviços devem ser integradas à da academia, que é o espaço principal. Mas também deve ser respeitada a marca que está sendo colocada lá dentro. Minha sugestão é que o arquiteto responsável pela academia aprove o projeto dos espaços de conveniência, quando esses forem terceirizados, ou elabore, ele mesmo, o projeto usando o conceito de favorecer o aluno, respeitando o que é melhor para a imagem corporativa da academia como um todo, sem inviabilizar os outros negócios que estão lá dentro. Pense nisso e bom projeto!

Patricia Totaro é Arquiteta especializada em projetos esportivos com mais de 90 projetos neste segmento. Membro do Fitness XP Group. patricia@patriciatotaro.com.br www.patriciatotaro.com.br

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Atendimento

Por Ivan de Marco

Uma é muito e mil são poucas

O serviço nas academias parece estar muito apoiado em abordagens genéricas. As iniciativas que se preocupam em cuidar das pessoas, acabam agindo muito mais no sentido de introduzir os clientes ao sistema da academia do que em fazer com que a academia faça parte da vida delas.

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de destaque, por meio de abordagens humanas diferenciadas, comunicação empática e cativante, aposte que ele faz a diferença na vida de muitos dos seus clientes e serve como inspiração para outros colaboradores. Uma única academia, entre todas as que conhecemos, resolve realmente arriscar, ousar e romper padrões. Passa a oferecer serviços inovadores, passa a criar e aplicar processos que primam pela personalização com procedimentos bem menos “engessados” e amplia o leque de atividades oferecidas para além do exercício físico. Ela se torna o possível início de uma mudança significativa em todo o mercado de fitness. É bem provável que na intenção de criar um serviço que possa atender centenas, ou até milhares de clientes, tenhamos perdido um pouco daquele toque pessoal tão importante e quase obrigatório para que as pessoas se sintam realmente ajudadas. Criamos e batizamos programas de treino: “Iniciante I” ou “Avançado III”. Muitas academias reproduzem as mesmas aulas,

com as mesmas músicas e esperam que os clientes realizem os mesmos movimentos. Acreditamos ser “pessoais” quando publicamos uma lista de papel com o nome dos aniversariantes da semana no mural cheio de informações, a maioria delas irrelevante para os clientes. É fato que optamos por nos organizar e nos estruturar para oferecer um serviço que seja capaz de atender mil pessoas se preparando para o verão ou para o carnaval, mas que tropeça na missão de ajudar uma pessoa por vez a transformar sua vida. O serviço nas academias parece estar muito apoiado em abordagens genéricas. As iniciativas que se preocupam em cuidar das pessoas, acabam agindo muito mais no sentido de introduzir os clientes ao sistema da academia do que em fazer com que a academia faça parte da vida delas. Identificar e compreender individualmente as pessoas é um ótimo início para inverter essa situação. Permitir, de alguma forma, que clientes participem do desenho de novas atividades e processos é outro passo seguro

Independentemente do motivo que atrai os clientes para a sua academia, uma das missões mais importantes do seu negócio é ajudar as pessoas a alcançar objetivos. Quando se fala em ajudar pessoas, em qualquer situação, acredito que vale a máxima: Uma já é muito e mil ainda serão poucas. Se apenas um, entre todos os seus clientes, transformar positivamente sua vida e a sua academia foi uma ferramenta importante nessa mudança, golaço. Se apenas um de todos os profissionais que trabalham na sua academia possui presença Gestão Fitness - Ed. 08 - Mar/Abr 11

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para a construção de um vínculo forte deles com a sua academia. A ideia central que vai mover essas ações é a de deixarmos de pensar em fazer para mil pessoas e nos concentrarmos em ajudar uma única pessoa de cada vez. Sei que atender demandas individuais de centenas ou milhares de clientes talvez seja uma tarefa muito desafiadora, mas não é impossível. Existe uma lanchonete do interior do estado de São Paulo que possui mais da metade de seu cardápio de lanches batizado com nomes de alguns de seus clientes. São combinações de ingredientes que vão muito além do hambúrguer e de suas tradicionais variações. Esses lanches foram sugeridos pelos clientes. Resultado: criaram sanduíches muito diferentes e com sabores muito particulares. E o cardápio continua aberto para novas sugestões. Uma única lanchonete. Transfiro esse exemplo para as academias e acredito que é assim que realmente se combate o sedentarismo e se transforma a população em gente cada vez mais ativa, saudável, bonita e, principalmente, feliz. Uma de cada vez, cada uma do seu jeito.

Ivan de Marco graduado em educacão Física, membro do XP Group e possui 14 anos de experiência como Personal Trainer e Life Coach. contato@ivandemarco.com.br www.ivandemarco.com.br

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Vendas

Por Paulo Lobato

Qualidade de vida!

Reveja seu conceito de qualidade vida! Será que você conseguiu agregálo ao seu produto? Será que seu cliente percebeu o que você fez? Ou melhor: será que você entendeu que esse cliente está comprando muito mais do que atividade física, ou seja, está adquirindo qualidade de vida!

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Para conceituar qualidade de vida, muitos o fazem e de maneiras distintas! Vender “qualidade de vida” poucos conseguem. Apresente ao seu cliente o pacote a partir das seguintes considerações: Alimentação: como seu cliente se alimenta? Entenda sua dieta e veja a relação que ele apresenta com os objetivos esperados. Caso você não seja também um nutricionista, não se preocupe, este profissional já está disponível em larga escala no mercado. Use-o, recomende-o, faça com que ele trabalhe com as bases estruturais para além de uma dieta – faça o trabalho conjunto. Assim, ele será o profissional capaz de lhe ajudar a fazer com que seu cliente comece a se preparar para a incorporação do produto prometido. Se a demanda alimentar estiver bem definida, a sensação de bem-estar já começa imediatamente a ser percebida. Não há a sensação de peso ou de desconforto. Não há quem não se sinta melhor! Sono: Que bobagem! Como seu cliente dorme? É o tempo da recuperação e da

reposição das energias. É essencial recarregar as baterias! Será que sem boas condições de sono alguém consegue ter boa qualidade de vida? Veja as implicações. Busque os reflexos. É essencial. Exemplos você encontra em todo momento. Reflita a partir de seus próprios hábitos: quando tem uma ótima noite de sono, como você acorda? Como você se sente? Como você se olha no espelho? Como é a sua disposição para as tarefas? Como é a sua produção e desempenho? Não se esqueça: você já agregou hábitos saudáveis de alimentação. Estado de espírito: o que é isso? Mas é isso mesmo: qual é a perspectiva que seu cliente te passa? Seu ânimo e disposição, sua vontade e determinação. Qual o grau de consciência sobre a importância de seu estado emocional em relação a sua vida? Os relacionamentos sociais e a disposição para adquirir novos hábitos. Seu autoconceito e sua autoestima. Suas perspectivas e, porque não, seus sonhos. Traga-o para esse mundo, apresente-o às condições reais, reforce seu estado de espírito e o conduza para as

Que produto é este que tanto se fala e poucos conseguem entregá-lo? É mais do que uma sequência de movimentos e exercícios em qualquer intensidade que se propõe a entregar aos alunos. É um estilo de vida, uma nova forma de viver. Para quem deseja construir um novo valor para seu cliente deve pensar em pelo menos em quatro aspectos que considero essenciais para que você possa conseguir entregar esse produto a qualquer cliente. Antes de qualquer coisa, se um cliente lhe procurou, entenda e defina claramente o que ele deseja ou tem necessidade. Agregue o valor: qualidade de vida! Gestão Fitness - Ed. 08 - Mar/Abr 11

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realizações com o maior grau de percepção dos resultados alcançados. Essa sensação irá implicar em atitudes mais positivas e consistentes. O emocional e a motivação serão essenciais. Atividades físicas – Ah!!! Agora sim, aos poucos e de forma muito bem orientada, mostre o seu valor, mostre o que você tem para oferecer ao seu cliente. Reconheça as suas limitações e explore seu potencial – após cada sessão, o sentimento deverá ser de prazer, de bem-estar. Faça-o se sentir realizado, feliz, descansado e com o astral lá no alto! Isso é qualidade de vida, pode ter certeza. A atividade física é um componente muito importante e cada vez mais reconhecido pelos seus benefícios e suas possibilidades! Embrulhe tudo isso em um pacote de recomendações: hábitos saudáveis, corte de vícios, reeducação – seja alimentar, de rotinas etc. Faça acompanhamento médico e assim a mágica estará completa: mais que uma máquina de repetições e de cargas variadas, seu cliente tem de ser humanizado, desestressado e integrado socialmente. Agora reveja seu conceito de qualidade vida! Será que você conseguiu agregá-lo ao seu produto? Será que seu cliente percebeu o que você fez? Ou melhor: será que você entendeu que esse cliente está comprando muito mais do que atividade física, ou seja, está adquirindo qualidade de vida! Esse é seu produto, e quem o quiser terá de procurá-lo. E pode ter a certeza: poucos são capazes de produzi-lo, pois sua maior característica é ser intangível: não se vê e não se toca, apenas se sente. Bom trabalho! 16

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Paulo Lobato graduação em Educação Física na UFV, Professor do curso de Educação Física da Univ Federal de Viçosa MG na disciplina de Natação e Polo Aquatico e nas disciplinas de Organização Esportiva, Administração em Educação Fisica e Esportes e Marketing da Educação Fisica. plobato@ufv.br

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Gestão de Pessoas

Por Guilherme Moscardi

Atenção aos Reducionismos!

Nos negócios, assim como em qualquer esporte coletivo, é preciso valorizar os pontos fortes e desenvolver os pontos fracos. Baseado em números, sabe-se exatamente o que precisa ser melhorado e o que pode ser cada vez mais explorado como vantagem. São as vantagens que podem gerar a identidade que diferencia o time e o negócio.

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Muito comum no meio científico, quando é preciso reduzir o homem a uma característica que se possa dar ênfase. Tais distorções do todo é que permitem a ciência existir. Com o reducionismo se determinaram os padrões generalizados para classificar e dizer que existem quatro gerações no mercado de trabalho nos dias atuais. A divisão de grupos de idade e de características nos mostra comportamentos, expectativas e anseios comuns aos grupos passíveis de generalização. A diferença no contexto da empresa consiste, basicamente, na necessidade de dar tratamento pessoal. Mesmo no percentual dos funcionários da

geração Y, cada um trás consigo hábitos familiares, religiosos, entre tantos outros que fazem deles muito mais do que tecnologicamente superiores, capazes de entendimento global, com pressa por crescimento na carreira, multitarefeiros e atentos em conciliar a vida pessoal com a profissional. Até podem ter muitas das características de sua geração, mas cada ser humano sempre será mais do que conseguimos analisar em uma entrevista, apreciar em uma experiência ou mesmo compartilhar em um período de tempo trabalhando ao seu lado. A esmagadora maioria dos funcionários de todas as empresas tem mais talento para empregar do que conseguem.

fechados, faltava apenas o elefante, e para ganhar tempo, cada um tocaria uma parte do elefante e compartilharia sua percepção com os demais. Eram quatro deficientes visuais, que, colocados um ao lado do outro, começaram a experiência. O primeiro tocou o rabo e deu seu parecer: “- Nossa! Este bicho é realmente muito interessante. Parece uma cobra molinha”. O segundo tocou a perna e compartilhou: “Que intrigante! Este animal parece um tronco de bananeira”. O terceiro, ao tocar o dorso, deu sua opinião: “- Concordo que este bicho é diferente de todos que já conhecemos! Parece uma parede”. E o quarto, tocando a orelha, arrematou: “- Que coisa estranha! Para mim, ele parece uma folha de bananeira”.

A ausência de identidade e clareza desta para todos os níveis da empresa gera divergências exageradas na percepção de todos os “stakholders”. Como na historinha dos cegos que foram conhecer o zoológico. Depois de terem conhecido todos os animais, tocandoos, sempre acompanhados pelos tratadores, tocaram os mais calmos normalmente e os mais ferozes anestesiados. Quando se aproximava o momento dos portões serem

Deixar clara a “Big Idea”, aquela expressão ou palavra única que define o seu negócio, alinhar tudo o que se faz a esse conceito, do propósito a missão, visão, valores e atitudes dos líderes. Contratar as pessoas que possam materializar esse conceito pode acelerar tudo o que se faz, e ganhar de presente mais dinamismo nas rotinas de trabalho e sinergia no planejamento e realização das ações e projetos. Gestão Fitness - Ed. 08 - Mar/Abr 11

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Fazendo um paralelo com um jogo de futebol, todos sabem que o objetivo em uma partida é marcar gols. Agora como se marca gols contra um determinado time e se protege dele é um trabalho que antecede ao jogo. O técnico, com a visão do todo, olha onde o time está se desempenhando melhor e movimenta os jogadores para buscarem mais as laterais ou a região central etc. Tais informações são baseadas no “scout” dos jogadores e na constante apuração dos números. Nos negócios, assim como em qualquer esporte coletivo, é preciso valorizar os pontos fortes e desenvolver os pontos fracos. Baseado em números, sabe-se exatamente o que precisa ser melhorado e o que pode ser cada vez mais explorado como vantagem do time. São as vantagens que podem gerar a identidade que diferencia o time e o negócio. E assim como nos times, mesmo contra um adversário conhecido e estudado, quando os jogadores vão além de suas características mais marcantes, claras para cada técnico ou companheiro, é que surpreendem e conquistam vitórias mais significativas. Por isso, sugiro encorajar a manifestação da parte que não vemos! 20

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Afinal, como disse Platão: “ – A parte que ignoramos é muito maior do que tudo quanto sabemos!”

Guilherme Moscardi é consultor de Gestão de Pessoas, pesquisador do GEPAE-USP, coautor do livro “Ser Mais Saudável e Melhorar Seu Bem Estar” e Sócio da Esistere. guilherme@esistere.com.br www.esistere.com.br Gestão Fitness - Ed. 08 - Mar/Abr 11

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Tendências

Por Marynês Pereira

Quando as máscaras caem!

Muitos líderes ainda acreditam que para serem respeitados têm que ficar de cara feia, dar respostas “curtas e grossas” e criar um clima de horror e de desconfiança entre as pessoas. Mais uma vez, a ciência do cérebro confirma que o otimismo é uma excelente estratégia.

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O momento atual é de muita reflexão em todos os sentidos. Passamos por diversas mudanças. Todos avaliam suas crenças, seus paradigmas, e nunca o ser humano foi tão confrontado com os seus valores, seus comportamentos e seu propósito de vida. A cada dia se depara com o significado da vida e da sua existência quando a natureza resolve mostrar a sua força, e assim o ser humano se dá conta da sua “pequenez”. A física quântica não fala mais em universo, mas sim em multiverso, portanto, sejamos, talvez, menos do que grãozinhos de areia espalhados pelo Cosmos.

A ciência vem apresentando muitas teorias que não temos como discutir, a não ser que tenhamos mais pesquisas para confrontar. Com todas essas informações, não podemos nos dar ao luxo de permanecer cronicamente com a falta de humildade. Precisamos, sim, estarmos abertos e mudarmos rapidamente nossos comportamentos. E um dos pontos que percebo ser fundamental e o que mais precisa de reflexão sobre o seu papel é o Líder. A figura do líder é importante na vida saudável das empresas e das pessoas. Um líder disfuncional destrói pessoas, esperanças, resultados e pode levar uma empresa à falência. Portanto, conto com você que quer ser líder, ou você que é líder, para refletir (acreditando ou não, já que é ciência) sobre as máscaras usadas atualmente em nome de resultados a qualquer custo e que possa aplicar os pontos abaixo. O que a ciência já sabe e o mundo dos negócios ainda não pratica A Neurociência consegue unir o desejo das pessoas por empresas mais humanas e um lugar de trabalho que promova a felicidade, comprovando pressupostos, antes empíricos na área de Gestão de Pessoas. Por que decidi aprofundar meus estudos na ciência, em especial na ciência do cérebro (Neurociência)? Sempre atuei de forma favorável a exercer uma Liderança Humanista, baseada em propósito de vida e entendendo que são as pessoas que nos ajudam a chegar aos resultados. Esse discurso sempre fez parte de minhas palestras, livros e artigos, mas a área de gestão de pessoas era muito empírica na época. Há dez anos, eu ministrava uma palestra para líderes, quando um dos participantes

levantou e me falou: “ –Marynês, todo esse seu discurso é muito bonito, mas, na prática, o que funciona mesmo é pancada e grito”. Daquele dia em diante, prometi a todos os líderes que encontraria uma maneira de provar que estávamos certos, pois a prática já confirmava esses pressupostos, mas ainda não tínhamos os números para mostrar a essas pessoas céticas e cartesianas. Nessa época, pouco se falava sobre a ciência do cérebro, mas consegui encontrar o Profo. Luiz Machado do Rio de Janeiro, PHD e pesquisador, que já estava bem à frente em relação às pesquisas sobre o cérebro, e, inclusive, havia sido um dos precursores com relação aos estudos de Daniel Goleman. Depois desse aprendizado seguiram-se muitos outros, muitos livros e pesquisas, cujo conhecimento quero compartilhar com vocês, oferecendo cinco dicas para sua atuação como líder fundamentada na ciência do cérebro. Neurologistas e Neurocientistas estão descobrindo cada vez mais que o sentimento é uma parte crucial da inteligência e, dessa forma, contribui para que os líderes tomem as decisões corretas. Mas neste artigo, não farei uma explicação detalhada do funcionamento do cérebro. Gestão Fitness - Ed. 08 - Mar/Abr 11

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Cinco dicas para uma LIDERANÇA HUMANA E EFICAZ 1. Delegar é importante: Os líderes centralizadores reclamam que suas equipes são ineficazes e não atendem bem o cliente. Líderes ditadores, centralizadores e que amedrontam suas equipes na base da pancada e do grito, geram altos níveis de cortisol sobre a amídala cerebral. Isso faz com que as pessoas se desliguem e façam apenas o necessário para garantir o emprego, fechamse para as mudanças e novas ideias e passam a não querer ajudar ninguém, tornando-se egoístas e cegos. Pessoas egoístas não irão atender bem o seu cliente. Para aumentar as conexões neurais e aumentar a capacidade e competências de sua equipe lidere com perguntas e não com respostas e deixe sua equipe buscar as soluções. Aprende quem faz e não quem apenas escuta.

2. A verdade nua e crua: Não adianta esconder informações, mentir e achar que ninguém está percebendo, ou falar uma coisa e fazer outra. Os neurôniosespelho são suscetíveis à captação das intenções abusivas dos líderes, mesmo antes de qualquer ação. As pessoas registram qualquer incompatibilidade entre as intenções e a prática. Os neurônios-espelho capturam as ações e as emoções dos outros. Portanto, quando você estiver em dúvida sobre o que está acontecendo ou sobre o que fazer, reúna sua equipe, identifique os principais problemas e se concentre em como as pessoas lerão suas intenções. Identifique as intenções compartilhadas. Incongruência da liderança só faz diminuir a credibilidade. Ninguém vai seguir uma pessoa em quem não confia. No máximo, o que esse líder terá são mercenários que trocam horas por salário. Portanto, falar a verdade é muito importante e aumenta a confiança. Por isso, use e abuse dos feedbacks, converse com a sua equipe, peça a opinião deles. Não viva de aparências e mentiras e acabe com a tática das manhas e artimanhas, que só diminuem os seus resultados. Dessa forma, você irá impulsionar o moral e aumentar a produtividade por meio de um maior senso de responsabilidade compartilhada. Não negue os problemas, mas mude o foco para a solução.Ao fazê-lo, você terá impacto direto sobre o cérebro de todos e do faturamento que pretende atingir.

3. Elogiar faz bem: Chega de falar que elogiar só faz as pessoas pedirem aumento. O elogio reforça no cérebro quais os comportamentos que são adequados, além de inundar a amídala 24

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cerebral com SEROTONINA, que faz com que as pessoas se ajudem, se aproximem, e isso aumenta a vontade de atender bem o cliente. As pessoas podem sentir quando a injustiça está ocorrendo no ambiente de trabalho. Se a sua equipe está feliz, seu cliente fica feliz e, com certeza, sua gratidão será expressa à medida que ele continua com você por anos como cliente. Fácil fidelizar, não é mesmo? Elogie e reconheça as pessoas e comemore os seus sucessos.

4. De “pernas para o ar”: Na gestão do século XXI, alguns indicadores devem fazer parte: FIB (Felicidade Interna Bruta) de seus colaboradores; “Índices de Inovação e Criatividade”; “Conselho de Economia Criativa”; colaboração coletiva (chão de fábrica e alta gestão). Mas todos esses indicadores para florescerem precisam de um ambiente que diminua o excesso de cortisol sobre a amídala, favorecendo assim a criatividade e a inovação. Por exemplo: momentos de descontração durante o expediente, sair para dar uma volta quando algum problema parece insolúvel, trabalhar em outro ambiente, por exemplo, em casa em vez de ficar no trânsito, criar seu próprio horário de trabalho, dedicar meia hora para outros

projetos que não sejam os de seu cargo, tirar férias. Estas são as estratégias mais utilizadas e que comprovam o maior número de insights e criatividade nas empresas. Mas ainda temos empresas que fazem o “terrorismo das férias”, ou seja, demitem as pessoas assim que elas voltam de férias, o que faz com que as pessoas ao saírem de férias fiquem estressadas pensando na perda do emprego. Esse estresse todo só diminui a criatividade e afeta os resultados da sua empresa, pois diminui a produção de neurônios (competência abaixo da média); compromete a memória (esquecimentos e lentidão); deixa as pessoas mais frias e distantes em relação aos outros (atendimento sofrível); diminui a imunidade (empresas cheias de atestados médicos gerando altos custos) e acaba diminuindo em dez anos sua expectativa de vida. Promova pausas criativas no seu dia, pois nessas horas o cérebro é inundado de serotonina e tem os melhores insights, as decisões mais acertadas, o foco na solução e, consequentemente, melhores serviços e produtos. Veja Google, Toyota, Microsoft, Facebook etc.

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5. Pratique o bom humor: Muitos líderes ainda acreditam que para serem respeitados têm que ficar de cara feia, dar respostas “curtas e grossas” e criar um clima de horror e de desconfiança entre as pessoas. Mais uma vez, a ciência do cérebro confirma que o otimismo é uma excelente estratégia. A Amídala Cerebral é um detector de emoções relevantes e responde ao medo por ser uma das emoções mais fortes. E a amídala está conectada à parte do cérebro que pensa. O medo pode interromper o pensamento e afetar a produtividade. Essas equipes ficam mais preocupadas em agradar esse tipo de líder do que em fazer o seu trabalho e atender bem ao cliente. Sobrecarregando o cérebro com medo, mesmo que seja inconscientemente, você utiliza recursos valiosos do cérebro que poderiam ser utilizados para construir seu negócio. Ansiedade excessiva perturba a integração das informações recebidas pelo cérebro. Quando a amídala está caótica, todo o sistema de monitorar erros se torna caótico

e a atenção às coisas internas e externas se tornam caóticas. A amídala responde muito bem às ideias positivas, recompensa e sucesso, e transmitirá ao córtex um ambiente mais propício e menos frustrante. Tranquilize sua equipe, seja confiante. Espero que os líderes agora entendam que a Gestão Humanista das pessoas está fundamentada na ciência e que percebam que essa “ressignificação pessoal” leva em consideração a ênfase em metas e não na ansiedade, provocando uma nova visão de futuro e tornando-se uma grande ferramenta crítica para reprogramar o seu cérebro e o de seus colaboradores. Sucesso!

Marynês Pereira é Business & Career Coach pelo SBC e NeuroCoach – Siriny Pilay (Harvard). marynes@providersolutions.com.br www.providersolutions.com.br

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Carreira

Por Luiz Moura

O que fazer quando o diploma chegar?

O que antes parecia impossível torna-se possível quando alguém se sente apto a transpor todos os obstáculos, conhecendo a sua verdadeira grandeza interior.

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em livros, acessórios esportivos, cursos, palestras e eventos, a remuneração supra citada chega a suprir suas necessidades, como moradia, alimentação, roupas, transporte e maior qualificação profissional? Se sua resposta for negativa, trace melhor a estratégia de atuação e explore-a como o produto principal, seja personal trainer e trabalhe com uma h/a em torno de 30 a 80 reais, multiplicando seus ganhos. Personalize suas roupas, atue com mídias sociais, faça folders, cartões, brindes promocionais e mãos à obra (investimento mínimo em torno de R$ 300,00). Não desvalorize seu trabalho e sua profissão. O investimento em saúde tem retorno garantido e seus clientes precisam saber o valor do seu trabalho. Você pode utilizar ações simples, como o envio de e-mail ou mensagens de celular, incentivando e parabenizando-os pelos treinos e pela melhora do condicionamento físico e da qualidade de vida. Ofereça um kit-treino (água + suco + frutas = custo médio de R$ 3,00) por sessão ou quinzenalmente, faça treinos coletivos ao ar livre (parques públicos), e, certamente, sua atuação será

indicada a amigos (novos clientes). Registre todo o treino por meio de fotos e vídeos, envie posteriormente aos alunos, insira este material em seu site, blog ou em outras mídias sociais, mas lembre-se de que cada foto ou vídeo promovido na internet deve ser autorizado pelo seu cliente. Analise sempre sua atividade para não perder seus objetivos, pois somente o amor pela profissão não sustenta sua remuneração. Tudo necessita de planejamento, e metas próximas evitam a frustração (planeje com metas em pequeno, médio e longo prazos). O equilíbrio entre planejamento, paixão e ação faz alcançar o sucesso profissional. Procuro sempre tratar nos breves relatos as reais necessidades do profissional de Educação Física. A seguir, segue o relato de um profissional de Educação Física (nome preservado), que atinge sua função como empreendedor, pois consegue aliar planejamento + satisfação do cliente = negócio lucrativo: “Elaborei esse relato após um dos meus treinamentos físicos em um dos parques públicos de São Paulo. A energia do ambiente

Certamente, inúmeros profissionais de Educação Física se encontram com essas indagações pessoais e procuram direcionar seu trabalho como empregado ou como patrão. É notório que academias não conseguem remunerar suficientemente bem profissionais para uma jornada de oito horas diárias, já que pesquisas de mercado apontam o valor de h/a em torno de 6 a 15 reais (salário entre R$ 960,00 a R$ 2.400,00). E então nobres colegas, será que após quatro anos de formação acadêmica, investindo Gestão Fitness - Ed. 08 - Mar/Abr 11

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e das pessoas nos faz perceber que na imensidão de prédios, que cercam esse local, ecoa uma beleza singela e cores vivas, que trazem harmoniosamente uma leveza. Com toda certeza, em vários lugares encontramos a natureza. Ao acordar, agradeça pela oportunidade de ouvir os sons e vivenciar as paisagens, as pessoas e toda a forma de alegria, ou seja, agradeça por desfrutar um ambiente sadio. O que dizer de tanto esplendor quando encontramos paz e a melhor fase do amor, em que todo projeto esperançoso, como o brilho do olhar, escolhe um caminho entre tantos que somente Deus é capaz de nos mostrar? A felicidade está em toda parte, até mesmo em coisas que achamos simples e normais, como o ato de respirar. Temos a certeza de que entre milhares de galáxias, entre milhares de épocas, milhares de lugares e famílias que poderíamos ter convivido, chegamos a ponto de não perceber o momento, o exato instante em que vivemos pelo simples fato de pensarmos tanto aonde supostamente deveríamos estar. A genialidade de obras e a valorização de sua atividade têm total incerteza de quanto se pode mensurar, mas a evidência e a intensidade do comprometimento são capazes de se tornar

a maior inspiração humana.” Percebam, meus amigos, a citação do ilustre Kim, W. Chan, na sua obra A Estratégia do Oceano Azul, quando menciona o tema saltando a barreira motivacional: “Para que a nova estratégia se converta em ação, as pessoas devem não só saber o que precisa ser feito, mas também agir com base nessas ideias, de maneira duradoura e eficaz”. Evidenciamos então que a paixão, o planejamento e a força de sua mente são a certeza do tamanho do seu projeto. E claro não poderíamos deixar de mencionar o breve relato do ilustre professor Nuno Cobra, na sua obra A Semente da Vitória, quando nos fala sobre o poder da mente: “O que antes parecia impossível torna-se possível quando alguém se sente apto a transpor todos os obstáculos, conhecendo a sua verdadeira grandeza interior”. Acrescento, nobres leitores, que utilizem seus conhecimentos acadêmico e pessoal para descobrirem sua grandeza, que consigam encontrar o seu tesouro, que explorem ao máximo seus pontos fortes, buscando sempre a qualificação profissional e tendo como meta etapas alcançáveis, que estimulem seus próximos passos. Até a próxima e sigam em frente. Sucesso a todos.

Luiz Moura é gestor do Portal Esportivo Mkpro. www.mkpro01.blogspot.com

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Gestão de Negócios

Por Carlos Cardoso

Empreendedorismo & Intraempreendedorismo

Empreendedorismo, “Um Estado de Espírito” Empreendedores e empresários, empregados e empregadores, professores e profissionais, ambas as categorias sofrem para se adaptar aos novos paradigmas do mercado de trabalho, diferentemente de meados do século passado, quando havia a segurança aos graduados em cursos tradicionais.

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Em todos os cursos que ministrei nesses últimos 18 meses sobre empreendedorismo, a todos os alunos que questionei qual era a maior incidência, o empreendedorismo por necessidade (alternativa ao desemprego), ou o empreendedorismo por oportunidade (alternativa por livre-arbítrio), a resposta sempre foi unânime: empreendedorismo por necessidade. Como profetizou Nelson Rodrigues, com a sua característica crueldade, “a maioria é burra”. No caso supracitado, todos erraram. Vejam que interessante: no Brasil, o empreendedorismo por necessidade tem uma

taxa de 4%, enquanto o empreendedorismo por oportunidade de 8%, gerando um total de 12% de empreendimentos em estágio inicial. A pesquisa internacional, realizada em 2009 pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM), surpreende a todos nós, porém, ilustra o cenário contemporâneo. Outro dado interessante é que o Brasil tem uma taxa média de empreendedores iniciantes de 12,72%, bastante acima da dos outros países participantes da pesquisa, que é de 7,25%, o que demonstra algumas das características de nosso povo – a pró-atividade, a ousadia. O assunto da nossa coluna é bastante propício e atual, pois entre os dias 15 e 21 de novembro de 2010 aconteceu a Semana Global do Empreendedorismo, evento mundial que ocorreu simultaneamente em 103 países, e no Brasil, em 2010, chegou a mil eventos simultâneos, mobilizando quase três milhões de pessoas nessa terceira edição. Mas o que diferencia essas pessoas das demais? Quais são as características de um empreendedor? Pelo know-how que adquiri

nesses 37 anos de empreendimentos, ser empreendedor é transformar simples ocasiões em grandes acontecimentos; é possuir a capacidade de detectar oportunidades em crises; vislumbrar cenários; viabilizar ideias; implantar projetos; concretizar sonhos. Ser empreendedor é um “Estado de Espírito”.

Intraempreendedorismo Estudante Vitalício

e

o

Por volta do ano 2020, o emprego tradicional tende a extinguir! Essa ideia vem ganhando cada vez mais adeptos. São os grandes pensadores contemporâneos e os consagrados estrategistas internacionais que vislumbram esse cenário para o final dessa década. Em entrevista sobre o mercado de trabalho para o programa de TV “Sem Censura”, o renomado consultor de empresas, Waldez Ludwig, explica que você reconhece um profissional que detesta trabalhar pela resposta imediata à pergunta do que ele faria no caso de ganhar na mega sena: “ – Nunca mais eu passava na porta da empresa em que trabalho! Segundo Ludwig, “o ser humano é a chave das estratégias das empresas, pois em uma economia baseada em conhecimento, o que importa é a capacidade de inovar, e inovação vem de gente, não de equipamento”. A melhor máquina do mundo não vale um tostão se não houver por trás dela um espetacular capital intelectual. Nas empresas de vanguarda não existe um departamento específico de marketing, ou seja, todos os colaboradores, independentemente do setor que ocupam, têm responsabilidade com o marketing. Portanto, participação no impacto que o produto final causa e influência direta nos consumidores. Essas organizações estão Gestão Fitness - Ed. 08 - Mar/Abr 11

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sempre à procura de pessoas que vão além das suas obrigações e responsabilidades, que se antecipam aos acontecimentos, que se sentem donos da firma – são os intraempreendedores, indivíduos com capacidade de promover mudanças significativas no universo dos negócios, suplantando todas as barreiras e quebrando novos paradigmas. Intraempreendedor é a versão em português do termo francês “intrapreneur”, que significa empreendedor interno, pessoa que pratica os conceitos empreendedores mesmo não sendo o proprietário da empresa. Buscam a liberdade de criar e não têm medo de falhar, aprendem mais com os erros do que com os acertos. A estratégia corporativa de retenção desses talentos é promover continuamente a expansão da empresa, de forma a dar vazão a essas pessoas raras de se encontrar – quando não há evolução, ao longo do tempo, acontece uma estagnação natural da organização.

Dois dos maiores desafios que o ser humano enfrenta nessas duas primeiras décadas do século XXI são a incerteza quanto a seu futuro e a insegurança cotidiana de que a qualquer momento pode estar desocupado. Logo após a primeira necessidade básica – a casa própria –, vem em segundo plano – mas tão importante quanto a primeira, o trabalho, que dignifica o Homem e é mola propulsora para sua evolução permanente – física, mental, emocional, socioambiental e espiritual. Empreendedores e empresários, empregados e empregadores, professores e profissionais, ambas as categorias sofrem para se adaptar aos novos paradigmas do mercado de trabalho, diferentemente de meados do século passado, quando havia a segurança aos graduados em cursos tradicionais, tais como medicina, engenharia e economia, da inserção e permanência em cargos de status e boa remuneração. Atualmente, a ordem do dia é ser“Estudante Vitalício”. A expressão exemplifica uma postura

de busca permanente pela atualização, por meio da informação de primeira linha e sua respectiva transformação em conhecimento, de forma a permitir vantagem competitiva nos setores de trabalho que cada um está inserido. Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas comprovou que cada ano de estudo acumulado no currículo, o salário incrementa aproximadamente 15,07%. Foi antenado nesse cenário contemporâneo que, atualmente, estou cada vez mais voltado para minhas origens de educador. Em meados de 2009, criei o Instituto de Ensino UPGRADE, que, entre outras ações estratégicas, visa promover a educação continuada e contribuir para construir um mercado de academias e de educação física muito mais promissor.

Rio, a capital brasileira do Empreendedorismo no Fitness e no Esporte O carioca exporta ideias criativas para todas as regiões do território nacional. Nos universos do fitness e do esporte não poderia ser diferente. A “ginástica carioca” é reconhecida e cria modismo em todo Brasil. No Rio, nasceu a primeira rede de academias do Brasil, a CORPORE, em 1980. E em 1991, 34

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surgiu o primeiro Clube-Academia do Brasil, o AKXE. Ambos foram conceitos inovadores que transformaram o pequeno mercado de academias de ginástica existentes até então em um novo filão de negócio. Foi também na cidade que nasceu a primeira associação de academias, a ACAD-Rio, e, logo após, onde se fundou a Associação Brasileira de Academias, a ACAD-Brasil, instituição que incentivou e serviu de modelo para a criação das demais associações regionais de academias hoje existentes no País. Para fechar com “chave de ouro” esse cenário, a sede do Conselho Federal de Educação Física também é nesse estado, sendo que o processo de regulamentação da profissão foi liderado desde o início pela Associação de Professores do Estado do Rio de Janeiro - APEF-Rio. Atualmente, no Brasil as academias com maior área construída estão situadas no Rio de Janeiro, mais especificamente na Barra da Tijuca. Isso se deve, principalmente, à geografia e à logística desse bairro, conhecido como a “Califórnia Brasileira”. Além disso, o estilo de vida do carioca o impulsiona a estar em forma o ano inteiro, auxiliado pelo clima e pelas praias, o que motiva as pessoas a permanecerem com sua estética mais apurada, possibilitando frequentarem os melhores points da orla marítima em diminutos trajes de banho. Como não poderia deixar de ser, a maior rede de academias do Brasil surgiu e tem sua sede também no Rio de Janeiro. Trata-se da A!Body Tech, que possui cerca de 45.000 clientes e 2.000 colaboradores distribuídos em suas 20 filiais. A meta do Business Plan para quatro anos é implantar mais 60 unidades. Mais uma vez, a cidade desponta no cenário, agora em nível mundial! É com muito Gestão Fitness - Ed. 08 - Mar/Abr 11

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entre o sucesso e o fracasso está próxima. Precisamos aproveitar essa oportunidade e mostrar que temos competência e efetividade em organizar, controlar e gerir eventos esportivos de relevância nacional e internacional. Por isso, urge capacitar profissionais de inúmeras áreas, desde a logística até alimentação. Acontecimentos do porte e da magnitude que iremos sediar requerem ótimos profissionais. É chegada a hora de aproveitarmos o ciclo virtuoso!”. O depoimento supracitado de Rogério Romano - Diretor de Esportes do Marina Barra Clube -, foi a mola propulsora para a criação do primeiro MBA em Gestão e Marketing de Eventos Esportivos, da Faculdade Gama e Souza e do Instituto de Ensino UPGRADE, direcionado a capacitar profissionais para atuar com qualificação

orgulho que a Comunidade da Ginástica Artística – nova denominação para a antiga Ginástica Olímpica – anuncia que “todo” Brasil aprovou o 1º Curso de Especialização em Ginástica Artística do Brasil, promovido pelo Instituto de Ensino UPGRADE com a chancela da Faculdade Gama e Souza, o apoio da Federação de Ginástica do Estado do Rio de

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Janeiro, presidida pela Prof.ª Andrea João, e o apoio da Confederação Brasileira de Ginástica, presidida pela Prof.ª Luciene Resende. Do Amazonas até Santa Catarina, passando pelo Ceará, Pernambuco, Sergipe, Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Brasília, Goiás, Mato Grosso do Sul, Campo Grande e Paraná, além de inúmeros locais do estado do Rio de Janeiro, profissionais de todos os cantos de nosso País vão estar no Rio ao longo dos próximos dezoito meses, aprendendo o que há de mais avançado nesse esporte, ministrado por uma equipe de escol, constituída de doutores, mestres, especialistas e empresários. “Estamos vivendo o momento de ouro do esporte nacional. O Brasil se tornou referência em eventos esportivos. Porém, a fronteira

nesse mercado, visto que, a cidade do Rio, simplesmente, no período 2007/2016, foi e será palco dos seguintes megaeventos: XV Jogos Pan-Americanos (2007); II Jogos Para Pan-Americanos (2007); Jogos Mundiais Militares (2011); Copa das Confederações (2013); Campeonato Mundial de Futebol (2014); XXXI Olimpíadas (2016); e Jogos Paraolímpicos (2016).

Carlos Cardoso é Coidealizador do Instituto de Ensino UPGRADE; Programa de Pós-Graduação Lato Sensu em Educação Física e Áreas Correlatas da Faculdade Gama e Souza; MBA em Gestão e Marketing de Academias da UNIABEU; ACAD-Rio e ACAD-Brasil; Faculdade de Educação Física da Universidade Estácio Sá; AKXE (1º ClubeAcademia do Brasil); CORPORE (1ª Rede de Academias do Brasil). Contato: 2112.4916 upgradecursos@upgradecursos.com.br Gestão Fitness - Ed. 08 - Mar/Abr 11

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Comportamento

Por Daniel Silva

O uso de uma correta terminologia

Devemos usar termologias mais amplas e profissionais dentro da academia. Portanto, como não devemos buscar “alunos”, também devemos tratar nossos serviços como treinamentos e treinos e não como “aulas”. 38

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termos podem até ser usados por clientes, frequentadores de academias fitness, mas jamais por profissionais que trabalham nessas empresas. O uso correto da terminologia está diretamente ligado à eficiência e ao profissionalismo de uma gestão séria e competente. Diversos artigos já tratam com total seriedade da visão de que precisamos tratar nossos alunos como clientes. E devemos sim, tratá-lo como clientes. Afinal, eles querem e buscam se satisfazer com serviços de uma academia, da mesma forma como desejam isso de qualquer outra prestação de serviço. O cliente, ao optar por uma academia, efetua o seu pagamento, buscando ter seus objetivos e suas expectativas alcançadas. Ou seja, algo simples, como ser bem atendido, ter profissionais que cuidem da elaboração de treinamentos, encontrar a academia organizada e limpa, bem como equipamentos em funcionamento, treinadores bem preparados, recepcionistas atenciosas,

vestiários em ordem etc. E assim, ao tratar clientes como clientes, é que devemos usar termologias mais amplas e profissionais dentro da academia. Portanto, como não devemos buscar “alunos”, também devemos tratar nossos serviços como treinamentos e treinos e não como “aulas”. O termo “aula” está direcionado para escolas, para ensinar e aprender. Clientes podem se referir aos treinamentos como aulas, mas se o mesmo termo for empregado por profissionais da área fica caracterizada uma forma banal de se referir ao trabalho realizado. Nessa linha, também considero que no âmbito do treinamento o indivíduo ligado à elaboração e ao planejamento desse treino seja conhecido como treinador e não como “professor”. Até podemos compreender que com o avanço das redes sociais, a língua portuguesa está ficando um pouco esquecida e deixada de lado, mas se queremos uma academia fitness com profissionalismo e com um

Nos tempos atuais em que dedicamos uma maior preocupação com a gestão eficiente, visando ganho de lucratividade, percebemos uma lacuna grande por parte de algumas academias fitness em determinar uma terminologia mais profissional e correta ao tratar assuntos externos e internos que envolvem a academia em geral. Como, por exemplo: termos como “malhar, alunos, aulas, professores, personal, batata da perna, fazer abdominal para eliminar barriga, uso de bombas, treinar braço, treinar perna etc.”. Tais Gestão Fitness - Ed. 08 - Mar/Abr 11

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olhar no futuro, é fundamental agir como tal. Agir com seriedade é sim um fator de diferenciação. E não somente isso: deve ser uma obrigatoriedade na área de educação física, que rege e dirige uma academia fitness. Em diversas visitas a academias, vejo com clareza essa falta de domínio de terminologia por parte de secretárias, colaboradores e até mesmo de coordenadores, que ainda insistem em tratar seus clientes como meros alunos e ainda têm a visão de que seus maiores concorrentes são as academias de seu bairro. Não está relacionado a termos, mas sim em conhecimento, abrangência e conceitos sobre o mercado atual e o mercado fitness, de apontar e descobrir o seu verdadeiro concorrente. E após descobrir isso, é preciso planejar o marketing buscando a atração de clientes baseada nesse levantamento, afinal, sabemos que cerca de 95% da população brasileira não estão matriculados em nenhum centro para prática de exercício físico, como as academias. Às vezes, se acredita fielmente que a evolução vem seguida de tecnologia, de

internet, de redes sociais, de marketing e de propaganda. Não que isso não faça parte de um processo evolutivo, mas depositar as esperanças somente nisso é desacreditar no seu próprio esforço. Devemos entender que as terminologias são seguidas de conhecimentos, e com elas vem a elaboração de um planejamento, assim como foi dito no termo aluno-cliente. O simples fato de mudar o termo de aluno para cliente se altera toda uma metodologia de abordagem, técnicas, conceitos, métodos, significados e até de posicionamento inter-pessoal. Assim, o mesmo vale para o termo aulatreino ou até o termo malhar-treinar. O termo treino, na sua abrangência de treinamento, é muito mais amplo e rico em estudos científicos e em sua elaboração e aplicação para se obter resultados em aspectos como condicionamento físico, emagrecimento, bem-estar, prevenção, melhorias estéticas e de perfomance. E todos eles são os objetivos de 99% dos clientes que aderem a uma academia fitness.

Quando falamos sobre assuntos que envolvem as questões de profissionalismo em academias, fica claro que esse segmento vem crescendo de uma forma rápida em nosso País, mas assim como se faz uma grande academia, bem estruturada, com bons profissionais, também se ergue pequenas academias. E pequenas não somente em tamanho, mas em total falta de ética e administração. São empresas dirigidas por profissionais que veem o negócio como arma, assim como educação física como entretenimento. Ou

seja, fazem de suas academias um negócio barato, tentando conquistar clientes por preços baixos e com serviços de má qualidade. Com toda certeza, são pessoas que utilizam, e muito, de terminologias populares. Por isso, essa ligação se torna importante, pois ligamos totalmente o uso correto de termos e maneiras de falar e escrever à competência da entidade ou até mesmo do profissional. Os bons são nutridos de conhecimentos e sabedoria e os utilizam em seu dia a dia, correlacionando tudo ao seu favor.

Daniel Silva Bacharel em Educação Fisica-Universidade Estadual de Londrina; Personal Trainer enformafitness@hotmail.com

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