A PROPÓSITO DO FILME PEÕES EM JOGO, ROBERT REDFORD (2007)
Retórica e Filosofia encontram-se intimamente ligadas. São inseparáveis, na sua génese, do regime político nascido na Grécia Antiga, no século V a.C.: a democracia. O confronto de argumentos e posições apenas pode ocorrer em condições de igualdade quando ele se efetua numa sociedade democrática. Sendo a capacidade de argumentação um factor decisivo na conquista do poder, sempre que o objetivo seja persuadir, então a retórica está presente na tentativa de obtenção de apoios nas sociedades democráticas. No filme Peões em Jogo confrontamo-nos com o recurso à retórica e argumentação, numa fronteira muito ténue entre posições dos indivíduos perante a Guerra, quer sejam políticos, jornalistas, professores ou soldados, «peões» de um jogo em que manipulação e persuasão se encontram em permanente tensão. Na minha perspetiva, o tema do filme, analisado à luz da argumentação e retórica nas sociedades democráticas, torna mais evidente que são as ações e não apenas as palavras que caraterizam o caráter de um indivíduo. Neste caso, o cordeiro (lamb) e o leão (lion) podem coexistir em cada um de nós, sendo as nossas ações influenciadas pelo uso da retórica, seja pela manipulação, seja pela discussão racional dos argumentos.
Para além disso, sendo a Guerra a expressão máxima da violência e a negação do respeito democrático, neste filme, o tema é apresentado como algo discutível, sem oposições de «preto e branco». De facto, será de questionar se a ausência de ação, perante um agressor, é aceitável ou se tal não nos transforma em cordeiros face a leões. Em conclusão, estará a eficácia persuasiva apenas centrada na manipulação? Haverá ou não uma posição ética no desencadear de uma Guerra?
Inês Grijó Pinto de Almeida Santos nº11 11ºC (Trabalho realizado no âmbito da disciplina de Filosofia, professora Sónia Múrias)