Introdução à filosofia da cultura

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INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DA CULTURA Mito e Cultura


Sondagem inicial – pág.60 • Mito: o mito expõe uma realidade humana ou natural, em linguagem própria, por referência a fábulas e seres fantásticos. Em toda a sua riqueza, ele tematiza o vínculo entre natureza e cultura e permite aos homens pensar as diferenças, as interpretações e as passagens de um estado a outro. É parte da cultura em geral, mesmo nas sociedades em que vigora o pensamento científico, e vincula-se com frequência à religião, sem, no entanto, reduzir-se a esta.


Sondagem inicial – pág.60 • Cultura: conjunto das representações e práticas simbólicas, que permeiam as relações entre o homem e a natureza e entre os homens em sociedade.


Sondagem inicial – pág.60

• Linguagem: além de ser por excelência o meio de comunicação entre os homens, a linguagem exprime sentimentos e organiza o pensamento. Refere-se às coisas, mas indiretamente. Suas relações mais diretas são com o pensamento. Os homens podem sentir sem ter uma linguagem concomitante às paixões e emoções que os acometem. Mas só podem pensar e raciocinar se tiverem signos, isto é, se dispuserem de uma linguagem. As línguas que encontramos pelo mundo são exemplos de linguagem; a matemática pode ser considerada uma linguagem, a arte e o mito também.


Sondagem inicial – pág.60 • Natureza: por contraposição à cultura, conjunto das relações entre seres exteriores ao homem, a ser conhecido pela ciência e dominado pela tecnologia. Em um sentido mais amplo, o mundo natural corresponde a todos os objetos existentes, incluindo-se aí o homem.


Sondagem inicial – pág.61

• Determinismo: doutrina filosófica de acordo com a qual as ações dos homens dependem inteiramente de leis preexistentes que não podem ser modificadas por sua vontade. Há determinismos de variadas espécies: religioso, biológico, econômico, social, histórico etc.


Sondagem inicial – pág.61 • Relativismo: método de questionamento inventado no século XX, o relativismo põe em questão os valores universais, sejam eles científicos (a objetividade do conhecimento), sejam políticos (a existência de máximas eternamente válidas, como liberdade, igualdade e fraternidade, por exemplo).


O que ĂŠ o amor?


Vídeo


Será que o Amor para a Filosofia é o mesmo tipo de Amor que sentimos? ◦ Poetas e filósofos da Grécia Antiga, no período que abarca os séculos VIII, VII e VI a.C., registraram diferentes interpretações para compreender o amor e sua importância para os seres humanos.


Amor para os GREGOS... ◦ Hesíodo, poeta grego do século VIII a.C., escreveu a obra Teogonia, na qual descreve em poemas a origem dos deuses gregos. ◦ Para ele, o deus do amor, Eros, era filho do primeiro deus manifesto no mundo: Caos. ◦ No poema de Hesíodo, Eros é um deus de extrema beleza e capaz de organizar o mundo, fazendo que os seres saiam do caos e construam o cosmo. ◦ Em grego antigo, “caos” significa o início sem ordem, e “cosmo” é o mundo organizado. Eros é o deus capaz de unir os seres e de organizar o mundo.


JÁ NA ANTIGUIDADE GREGA... ◦ Há outra interpretação para a origem e o papel desse deus. Posterior à obra de Hesíodo, outro modo de interpretar o amor está registrado no diálogo O banquete, de Platão. ◦ A obra nos conta que, no mesmo dia em que nasceu Afrodite, deusa da beleza, Poros e Penia se encontraram e conceberam Eros, deus do amor sensual. ◦ A vida desse deus é marcada pela necessidade da presença e da posse de um outro. ◦ Para suprir essa carência constante, Eros conta com sua extraordinária inteligência, e, por ter nascido no mesmo dia em que Afrodite, com uma beleza incomum, qualidades que, combinadas, o habilitam a seduzir, conquistar e dominar os que despertam a sua paixão.


foi e it d o r f A a deus à s o r o E d e ío d s e o H ã ç a a s i e c terior ◦ A a sso s o p s a t e o or p ma p u a á d H a . t o e r lh i p f r inte ãe e m e d ia o g ã ç lo o la t i e r M a a m obre s a como u d a lg u v es i d m r e e t n H a t e s d a o b h o fil m o c tradição s o r E a sent e r p a e u q grega e Afrodite.


fragmento do diálogo O banquete, de Platão, com sua interpretação para a origem e o significado do amor. PÁGINA 61 – CADERNO DO ALUNO


◦ Por ocasião do nascimento de Afrodite, os deuses celebraram com uma grande festa e, entre eles, estava Porus (a Abundância), filho de Métis. ◦ Após a ceia, Penia (a Penúria), percebendo tanta fartura, veio mendigar as sobras e encostou-se junto à porta. Porus, embriagado pelo néctar dos deuses, já que o vinho ainda não havia sido inventado, entra no jardim de zeus e cai em sono profundo. ◦ Penia, desejosa de gerar um filho de Porus para superar sua situação de penúria, deita-se junto a ele e, nesse encontro, Eros é concebido. ◦ Eros é, portanto, seguidor e servo de Afrodite, pois foi concebido no dia do nascimento dessa deusa, e também por ser naturalmente um amante de tudo o que é belo, e Afrodite era bela.

O banquete (o amor, o belo)


◦ E por ser filho da Penúria e da Abundância, Eros partilha da natureza e do destino de seus pais. ◦ Ele é eternamente pobre, e longe de ser delicado e belo como imaginado pelos homens, é esquálido e enrugado; seu voo é raso junto ao chão e ele não tem morada ou sapatos; dorme ao relento junto aos umbrais das portas, em ruas desprotegidas; possuindo, assim, a mesma condição de sua mãe, ele é eternamente insaciável.

O banquete (o amor, o belo)


◦ Mas, visto que traz algo de seu pai, ele está sempre a fazer planos para obter coisas que sejam boas e belas; ele é destemido, veemente e forte; um caçador cruel, sempre está a tramar novas armadilhas; extremamente cauteloso e prudente, possui inúmeros recursos; é também, ao longo de toda sua existência, um filósofo, um poderoso sedutor, um mago e um sofista sutil. ◦ E, por não ser nem mortal nem imortal, no mesmo dia em que pode ser bem-aventurado e bem-sucedido, ele irá simultaneamente florescer e morrer para, em seguida, e de acordo com a natureza de seu pai, renascer novamente. ◦ Tudo o que conquista, escapa-lhe continuamente, de tal modo que Eros não é jamais rico ou pobre, e encontra-se permanentemente em um estado intermediário entre a ignorância e a sabedoria.

O banquete (o amor, o belo)


O QUE É UM MITO? ANOTAR NO CADERNO AS INFORMAÇÕES RELEVANTES


O QUE É UM MITO? ◦ É uma forma de explicar o mundo, uma forma de pensamento tão válida quanto a Filosofia ou a religião. ◦ O que o mito tem de peculiar, e o que o torna interessante, é que ele explica as coisas com narrativas, simbólicas, acerca das origens – do mundo, dos deuses, dos homens, da sociedade. ◦ Ele dá um sentido, portanto, a realidades difíceis de entender ou mesmo incompreensíveis: a vida, a morte, o amor, a guerra, e assim por diante. ◦ Em um sentido mais amplo, a palavra “mito” é utilizada para se referir, positivamente, a pessoas ou feitos marcantes ou memoráveis; e negativamente, a noções falsas que passam por verdadeiras.


O QUE É UM MITO? ◦ VÍDEO TELECURSO


EXERCÍCIOS PÁGINA 62 2. Com base no texto apresentado e nas explicações do professor, explique o que é um mito. _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 3. Escreva sobre um mito que você conheça. Se preferir, pesquise algum. _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________


SIGNO É SIGNIFICADO A filosofia das formas - Ernest Cassirer (2004)


• Para Cassirer , o mito seria a primeira forma de interpretação do mundo, o que deu lugar, depois, à religião, sem que esta lhe seja superior. • Todo o contato do homem com a natureza e com os outros homens é realizado por meio de símbolos, que, por sua vez, colaboram na construção dos mitos. O homem toca o mundo pelos signos, ele os inventa e deles tira o sentido das coisas.

QUAL O SIGNIFICA DO DO MITO? Ernest Cassirer


• Desde os primórdios da história, o homem acredita e representa suas crenças e suas visões do mundo. Os símbolos são a forma que o homem usa para representar sua vida. Por exemplo: • Quando falamos à pessoa amada “Você é tudo de que meu coração precisa”, é fácil entender que estamos dizendo que a amamos e que sofreremos se não formos correspondidos;

QUAL O SIGNIFICA DO DO MITO?

• Quando uma criança pega algum objeto que estava no chão e coloca na boca, dizemos “caca!” – usamos um símbolo (uma palavra) que representa a sujeira.

Ernest Cassirer


• Os símbolos são amplamente partilhados, mas também podem ser muito pessoais, e o mesmo acontece com os significados. lembre-se de que os signos são a representação dos sentidos de algo: pode ser uma imagem, um som, um cheiro, um sabor, um gesto, uma temperatura, uma dança.

QUAL O SIGNIFICA DO DO MITO?

Ernest Cassirer


• O significado é o “conteúdo” desse signo, a ideia que está por trás daquilo que se apresenta para as pessoas ou para si mesmo. • Ainda que Cassirer faça uma crítica ao tipo de uso que Platão fez do mito, podemos perceber que se trata de uma narrativa simbólica, e que cada símbolo ou signo corresponde a um ou mais significados no mundo.

QUAL O SIGNIFICA DO DO MITO?

Ernest Cassirer


EXERCÍCIOS PÁGINA 62


EXERCÍCIOS - PÁGINA 62 • 4. Os símbolos são partilhados por várias pessoas, mas também podem ser muito pessoais; o mesmo acontece com os significados. Lembre--se de que o signo é a representação aos nossos sentidos de algo que existe: pode ser uma imagem, um som, um cheiro, um sabor, um gesto, uma temperatura, uma dança. O significado é o “conteúdo” desse signo, a ideia que está por trás daquilo que se apresenta para as pessoas ou para si mesmo. Complete o quadro a seguir, escrevendo o significado ou desenhando um signo.


EXERCÍCIOS PÁGINA 62


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