PREFEITURA MUNICIPAL DE ARATUBA Secretaria de Educação Básica
Orientação Técnico-Pedagógica para execução do Projeto Vida Saudável no Nosso Semiárido.
Aratuba 2011
Coordenação Secretária de Educação Básica Maria Adiléia Farias Lima Diretora do Ensino Fundamental I Francisca de Paula Melo de Assis Diretora do Ensino Fundamental II Naãma Andrade Martins Colares Assessora Pedagógica da Secretaria de Educação Básica Maria Isaura Batista Barbosa
Elaboração e Organização Prof. Francisco Evandro Alves da Silva – PCA de Linguagens e Códigos Prof. Francisco Antônio Oliveira Monteiro – PCA de Ciências Humanas Prof. Francisco Gildo Alves Gomes – PCA de Cultura e Sociedade
Colaboração Rosângela Lopes Rocha – Coordenação de Atenção Básica da Secretaria de Saúde Adriano Lopes Vasconcelos – Contador da Prefeitura Municipal de Aratuba Márcia Freitas Leitão – Secretária de Banco de Dados da Secretaria de Educação Cleto Santos Custódio – Departamento de Recursos Hídricos Aurilene Borges Lourenço – Conselho Tutelar de Aratuba
Apoio Prefeito Municipal de Aratuba – Júlio César Lima Batista Diretores e Coordenadores Pedagógicos das Escolas Nucleadas do Município Todos os Professores da Rede Pública do Município de Aratuba
SUMÁRIO
01.APRESENTAÇÃO......................................................................................... 02.Fundamentação Filosófica, Pedagógica e Histórica do Projeto Vida Saudável no Nosso Semiárido.................................................................................................... 03.Orientação Técnico-Pedagógica de Execução do Projeto na Área de Linguagens e Códigos................................................................................................................. 04.Orientação Técnico-Pedagógica de Execução do Projeto na Área das Ciências da Natureza .............................................................................................................. 05.Orientação Técnico-Pedagógica de Execução do Projeto na Área da Cultura e Sociedade................................................................................................................ 06.Referências Bibliográficas.................................................................................
APRESENTAÇÃO
O presente projeto ―Vida Saudável no Nosso Semiárido‖ visa esclarecer sobre o significado do semiárido e a influência que esse clima exerce sobre a vida das pessoas no dia-a-dia. É um estudo de cunho predominantemente ambiental, mas inclui os aspectos sociais, políticos e econômicos existentes nessa região. Apesar de moramos em Aratuba, município encravado no Maciço de Baturité e sermos privilegiados pelo clima serrano ameno, mesmo assim tal realidade não se estende a todo o território aratubense. Somos hoje 11.410 habitantes vivendo numa dimensão territorial de 115 Km2 segundo o IBGE de 2010 e nessa dimensão várias localidades do município no todo ou em parte como Balança, Jardim, Pai João, Tope e outros convivem diretamente com o semiárido. Sem contar que o estado do Ceará com uma área de 148.825,602Km2 e uma população em torno de 8.547.809 habitantes conforme dados do ultimo censo, tem na sua quase totalidade a presença marcante do semiárido. O projeto será desenvolvido nas Escolas Nucleadas do Município de Aratuba e tem o objetivo de conscientizar professores e alunos sobre a realidade ampla do semi-árido brasileiro, regional, estadual e no próprio município onde vivemos, e a partir dessa conscientização tomar uma nova postura frente às questões problemáticas e a conseqüente busca de soluções. Seu lançamento acontecerá no dia 1º. de abril de 2011 e sua culminância se dará em 06 de maio do mesmo ano em cada escola do nosso município. A Geografia como disciplina eixo do projeto determina os temas e os tópicos a serem estudados que por sua vez serão abordados nas demais disciplinas auxiliares que trabalharão o conteúdo de forma interdisciplinar, criativa, crítica e acima de tudo, prática para que o aluno perceba e veja durante o estudo seu ―lugar‖ e sua ―vida‖. Para isso os temas integradores foram divididos por turmas conforme o nível e complexidade dos mesmos nos seguintes tópicos estabelecidos junto com os Coordenadores Pedagógicas das escolas. Turma do Ensino Fundamental I e II 1º. Ano 2º. Ano 3º. Ano 4º. Ano 5º. Ano 6º. Ano 7º. Ano 8º. Ano 9º. Ano
Temas Integrados A Fauna no Semiárido A Flora no semiárido Paisagens do semiárido A Convivência no semiárido Preservação ambiental no semiárido A Preservação da água no semiárido Características geográficas do município no semiárido A Política e economia no semiárido A Cultura no semiárido
A Secretaria de Educação Básica designou os PCAs – Professores Coordenadores de Áreas para dar suporte técnico-pedagógico aos professores da rede pública municipal de Aratuba. Um slide sobre o semiárido foi apresentado aos docentes durante as visitas as escolas nucleadas com o auxílio tecnológico do data-show. A presente apostila continua e aprofunda o material ali explicado. Mas além do enfoco conceitual e geográfico do próprio assunto temático do projeto, o material que o professor tem em mãos fornecerá sugestões pedagógicas para sua execução em sala de aula. Cada PCA contribuiu em sua área para elaborar e organizar as informações sobre o semiárido envolvendo a compreensão teórica e a metodologia pedagógica do tema integrador em cada disciplina tendo a Geografia como disciplina eixo do projeto Vida Saudável no Nosso Semiárido. Dessa forma o professor Evandro Alves organizou e
elaborou a orientação técnico-pedagógica na área de Linguagens e Códigos; o professor Francisco Monteiro, elaborou e organizou na área das Ciências Naturais; e o professor Gildo Gomes procedeu de igual forma na área de Cultura e Sociedade, sendo que o mesmo responsabilizou-se também pelo designer, apresentação e fundamentação filosófica, pedagógica e histórica do presente material como professor coordenador da disciplina eixo. No final da apostila temos uma bibliografia por áreas para que cada professor possa aprofundar mais ainda os conteúdos, conceitos e sugestões fornecidas aos educadores. Tanto as obras como os sites serviram como fundamentação de tudo que aqui está exposto. Os PCAs ora elaboraram a partir dos dados disponíveis no uso das próprias palavras e idéias, e ora transcreveram textos de material disponível nas fontes consultadas e citadas no final da apostila. Além do acesso ao material impresso a apostila também será disponibilizada em formato de PDF aos professores. A Secretaria de Educação Básica também disponibiliza a direção de cada escola a cópia da apostila do SENAR/CE de autoria do prof. Ricardo Léo Ramos Gomes, Engenheiro Agrônomo pela UFC. Esse material será usado no próximo ano 2012 quando o Programa Agrinho trabalhará a temática ―Convivendo com o Semiárido‖. Desejamos que o material atenda o propósito ao qual foi elaborado – servir de instrumental norteador aos professores do ensino fundamental da escola pública de Aratuba para trabalharem com criticidade e criatividade o projeto Vida Saudável no Nosso Semiárido de forma contextualizada e prática conforme a realidade de cada comunidade onde se insere a escola nucleada.
Aratuba-Ce, 25 de Março de 2011 Data do 54º. Ano da Emancipação Política do Município de Aratuba
FUNDAMENTAÇÃO FILOSÓFICA, PEDAGÓGICA E HISTÓRICA SOBRE O PROJETO VIDA SAUDÁVEL NO NOSSO SEMIÁRIDO O projeto ―Vida Saudável no Nosso Semiárido‖ foi desenvolvido pela Secretaria de Educação Básica do Município de Aratuba que procura viabilizar práticas educativas para uma convivência no semiárido brasileiro, cearense e aratubense. O projeto é lançado no mesmo ano que a CNBB faz um apelo à sociedade por uma mudança de relacionamento entre homem e natureza através da Campanha da Fraternidade de 2011. E é praticamente impossível falarmos de semiárido sem frisarmos os problemas ambientais que nos atingem e reclamam medidas de solução urgente. Não é primeira vez que as escolas de município trabalham o semiárido, embora o seja de maneira mais precisa e sistemática. Em 2010 as escolas nucleadas apresentaram experiências exitosas do projeto Agrinho. Um trabalho belíssimo pela comunidade escolar das nucleadas da zona rural. Com o sucesso a Secretaria de Educação, através de seu Departamento de Ensino, pela diretora Naãma Andrade, conseguiu material de curso sobre mudanças climáticas para capacitação de professores pela Fundação Demócrito Rocha. O objetivo é que o professor esteja mais preparado e entenda melhor os fenômenos climáticos do mundo, principalmente o clima semiárido no qual estamos envolvidos diretamente. O estudo da Geografia e sua relação com os temas transversais conforme estabelecido pelos Parâmetros Curriculares Nacionais(PCNs), enfatiza que ―a compreensão das questões ambientais pressupõe um trabalho interdisciplinar. A análise de problemas ambientais envolve questões políticas, históricas, econômicas, ecológicas, geográficas, enfim envolve processos variados, portanto, não seria possível compreendê-los pelo olhar de uma única ciência. Como o objetivo de estudo da Geografia, no entanto, refere-se às interações entre a sociedade e a natureza, um grande leque de temáticas de meio ambiente está necessariamente dentro de seu estudo‖. (PCN, Geografia p.46). É com essa compreensão de uma Geografia que se relaciona com as demais ciências do saber que a Secretaria de Educação Básica lançou ―Vida Saudável no Semiárido‖, tendo Geografia como disciplina eixo, mas sem o isolamento dos demais conteúdos escolares. Cada professor em sala trabalhará a realidade global e local do semiárido dentro das sugestões pedagógicas sugeridas na sua respectiva disciplina. Para entender o semiárido brasileiro é preciso compreender um pouco do processo histórico de exploração que fomos submetidos durante o período de colonização européia e as políticas públicas mal empregadas pelo coronelismo brasileiro, principalmente na região nordeste onde o semiárido é mais marcante. E os nordestinos viveram e ainda vivem em menor intensidade uma realidade de exclusão social histórica. Com a chegada de Pedro Álvares Cabral em 1500 trazendo os primeiros colonizadores, a região Nordeste do país foi a primeira a ser ocupada juntamente com a exploração de sua costa. Os interesses portugueses em explorar os recursos naturais brasileiros, resultaram na divisão do território brasileiro em capitanias e sesmarias. No blog www.blogdogemaia.com de Geraldo Maia ele afirma que ―A colonização do Nordeste brasileiro deu-se pelo litoral, onde os portugueses encontraram condições ideais para o plantio da cana-de-açúcar. O açúcar era um produto de grande aceitação na Europa e alcançava um alto valor comercial. Após as experiências positivas de cultivo no Nordeste, já que a cana-de-açúcar se adaptou bem ao clima e ao solo nordestino, começou o plantio em larga escala. E o litoral bastava para os colonizadores. Toda parte não habitada era chamada de deserto, ou "desertão", palavra essa que posteriormente ficou resumida a "Sertão". Surgiram então os engenhos para processar o açúcar, e para mover as moendas tiveram que importar o gado para os trabalhos de tração. Com o crescimento do rebanho, começaram a surgir problemas entre os senhores de engenho e os criadores de gado, de forma que em 1701 uma Carta-Régia determinou a retirado do rebanho das terras litorâneas. As 10 primeiras léguas (aproximadamente 60km), a partir da quebra do mar, estavam reservadas para a plantação de cana-de-açúcar. Restava, pois, aos criadores o sertão. E foi no rastro do gado que o sertão foi colonizado. Os pecuaristas aproveitavam os leitos secos dos rios como estradas para conduzirem as suas boiadas e quando chegavam num lugar plano, fora da faixa proibida, construíam os seus currais, erguiam as suas cabanas, fixavam-se na terra‖. E com a divisão das
terras brasileiras em capitanias e sesmarias, a conseqüente exploração da cana-de-açúcar e a formação de grandes fazendas nordestinas, montou-se um palco político de exploração da mão de obra e da consciência do cidadão nordestino. Como disse o escritor e jornalista, Antônio Carlos Olivier:, ―As origens do coronelismo se relacionam à própria colonização do território brasileiro: ao dividir o Brasil em capitanias hereditárias e criar a figura do donatário, a Coroa portuguesa lançava, sem o saber, as bases do coronelismo. O donatário, como depois os donos de sesmarias, eram proprietários de grandes extensões agrárias nas quais exerciam o poder absoluto‖. A exploração da terra, dos recursos naturais, da mão-de-obra e da consciência do povo, empobreceram o Nordeste e enriqueceram muitos europeus lá fora e muitos brasileiros aqui dentro tanto no nordeste como nas outras regiões brasileiras. Ainda hoje a dívida do governo no Brasil é enorme com o povo brasileiro, especialmente com as populações do semiárido, especificamente no semiárido nordestino. A própria Presidente da República Dilma Rouseff, reconheceu isso num discurso no XII Fórum dos Governadores do Nordeste em Aracajus-SE, em 21 de fevereiro quando afirmou ―...Nós não podemos olhar o Nordeste vendo todas as regiões como iguais porque, assim como não há solução para o Brasil sem solução para o Nordeste, não há solução para o Nordeste sem solução para o semiárido nordestino. E isso significa que nós vamos ter de regionalizar os nossos instrumentos, as nossas ações, e que vai ficar mais difícil fazer a política, porque ela vai ter de ser mais precisa, ela vai ter de ser mais requintada, e nós teremos de ter uma parceria cada vez mais estreita. Territórios ainda vulneráveis da região, eles devem ser incorporados ao ciclo virtuoso de crescimento que nós já vimos surgir em várias áreas dos vários estados nordestinos. Nós vamos precisar, para que a gente de fato tenha um novo Nordeste, espraiar o desenvolvimento por todo o território...‖ (grifo nosso). É necessário portanto, no estudo do semiárido abordar sim as políticas públicas voltadas para essa região e percebermos de forma ampla e crítica as diferenças entre os investimentos que respeitem a cidadania e o desenvolvimento social sustentável sem jamais aceitarmos o clientelismo ou oportunismo eleitoreiro de governantes que exploram os sentimentos do povo nordestino.
Por fim, tanto alunos quanto professores, ao final do projeto compreenderão o semiárido brasileiro e suas complexidades ambientais, econômicas, sociais e políticas, numa visão crítica e contextualizada com a vida cotidiana, destacando a realidade desafiadora(os problemas do semiárido); a realidade admiráveis(as riquezas e belezas do semiárido); e ainda a realidade sonhadora(os desejos de um futuro melhor). Tudo isso só será possível com uma conscientização geo-política e sócio-ambiental num constante processo educativo transformador e renovador. E assim alcançaremos os objetivos específicos propostos no projeto que são:
Conscientizar sobre a importância da preservação ambiental do semiárido, principalmente a Caatinga como bioma de exclusividade brasileira, e os problemas do desequilíbrio ecológico causado pelos desmatamentos e queimadas; Perceber as riquezas do semiárido em suas múltiplas formas na agricultura, alimentação, cultura, arte, costumes, religiosidade dentre outros. Desenvolver uma formação cidadã que diferencie as políticas públicas de soluções permanentes das ―políticas‖ de projetos ou programas superficiais de cunho politicamente eleitoral. Entender que as diferenças climáticas entre o semiárido e as demais regiões brasileiras não justifica as políticas públicas mal empregas, ou o subdesenvolvimento de um e o desenvolvimento de outra. Os baixos índices na educação e saúde do semiárido, por exemplo, não é culpa do clima e, sim, de políticas mal direcionadas e empregadas ao longo de nossa história. Alimentar no educando o sentimento de afetividade pela sua terra, sua gente, seus costumes, sua cultura, sua arte, sua história e a partir dessa perspectiva lutar por um semiárido mais justo, sustentável, fraterno e igualitário. Acreditamos que os objetivos propostos e alcançados resultarão numa mudança de postura de educador e educando frente aos desafios do semiárido e assim, ambos, como cidadãos de sua comunidade, experimentarão um melhor relacionamento ambiental, político e social com o semiárido numa vida saudável para todos. Departamento de Ensino da SEDUC - ARATUBA.
Orientação Técnico-Pedagógica de Execução do Projeto na Área das Linguagens e Códigos.
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO Leitura e escrita são atividades que, desde quando o homem sentiu necessidade de ampliar suas formas de comunicação, andaram juntas. Não se concebe na atualidade, atividades de leitura e escrita de forma dissociada. Assim, para que o aluno seja um bom escritor é necessário que ele seja também um bom leitor. Bom leitor no sentido de interpretar de forma coerente e critica algo lido. Desta forma, além das atividades de produção de textos propriamente ditas, é importante que o professor tenha a preocupação de estar atento a quatro aspectos que o leitor atende quando lê: percepção da palavra, compreensão, reação e integração. Isto quer dizer que, ao ler, nossos alunos além de RECONHECER a palavra escrita devem COMPREENDER o que leu, isto é, ligar a palavra ao seu significado; REAGIR À LEITURA, o que significa gostar ou não do que leu, o que denota subjetividade; INTEGRAR, ou seja, relacionar o que leu com outras partes do texto e com as suas experiências anteriores sobre o assunto. Isto ocorrendo vai favorecer o desempenho do aluno enquanto produtor de um texto. Além das atividades de leitura, que envolvem situações de interpretação, desenvolvimento da linguagem oral (saber ouvir e falar), quando trabalhamos produção de texto com nossos alunos devemos estar atentos a alguns aspectos importantes para que eles sejam capazes de produzir textos originais, criativos, coesos, coerentes. Dessa forma, para um bom desempenho do aluno em situações de leitura e produção de texto faz-se necessário promover o desenvolvimento da sua capacidade de criação, de observação, de reflexão, de discriminação, de participação, de coorperatividade, de decisão e de ação. Como sugestões para que isto ocorra apresentamos as seguintes atividades:
Dicas para montar uma oficina de leitura
Ao planejar uma oficina de leitura, tenha em mente que essa atividade implica em participação ativa e construtiva das crianças nos procedimentos e resultados dela. Um preparativo importante é a triagem preliminar dos livros, que devem ser escolhidos de acordo com a faixa etária, os conhecimentos e o interesse dos alunos. Outro item dos preparativos é o espaço em que se dará a oficina: tranquilo, confortável e alegre. Resolvido o espaço, pense no tempo. Para a primeira oficina, reserve no mínimo uma hora. A duração, e sua possível expansão em oficinas subseqüentes, vão depender da concentração das crianças, que deve ser avaliada o tempo todo. Se notar impaciência na turma, abrevie a oficina. Assim as crianças não vão achar que a atividade é alguma coisa chata que a professora faz. Cumpridos os preparativos, defina uma proposta de trabalho. De que tipo de obras as crianças se ocupariam na oficina? Uma categoria a considerar seria a temática. Digamos livros de aventura, de mistério, fábulas etc. Outra opção é classificá-las pela forma: versos ou prosa. Ou por autores. Você pode ainda propor cruzamentos
simples de categorias. Por exemplo, fábulas em versos de certo autor. É também possível considerar a escolha de livros de uma mesma coleção. Aliás, os próprios catálogos podem ser objetos de uma oficina de leitura. Proponha que os alunos leiam, em grupos de dois ou três, diferentes livros do conjunto escolhido para posterior comentário, discussão e crítica. Enquanto cada grupo lê seu livro, procure não interferir no trabalho, a menos que solicitada a fazê-lo. Você também pode ler um ou mais livros enquanto os grupos fazem sua leitura. Isso vai fazer a classe sentir em você uma atitude participativa. Uma vez concluída a leitura, você terá diferentes propostas a apresentar. Uma delas é a de cada grupo discutir a obra lida: o enredo, as personagens, o final. Depois que todos tiverem concluído essa etapa, cada um pode expor à classe sua crítica do livro, que, claro, pode ser tanto favorável quanto desfavorável. Pode partilhar com outro grupo. Pode desenhar criar, representar.
O IMPORTANTE FAZER DESSES MOMENTOS UMA POSSIBILIDADE DE EXPRESSÃO, DE FALA E DE ESCUTA PARA CADA ALUNO: TEXTO ILUSTRADO OFICINA -01
RECURSOS
Usando uma cartolina, revista para recorte, cola e tesoura o aluno pode criar um belo texto ilustrado. O professor divide a sala em grupos e dá a cada um o material que irão precisar e o tema para cada grupo. Eles colam as figuras de acordo ao tema e em seguida apresentam oralmente seu texto ilustrado... É muito gratificante a dinâmica e desenvolve a oralidade dos alunos Livros, jornais revistas. Etc.
DURAÇÃO
Média de duas aulas
LOCAL
Biblioteca ou a própria sala de aula
TELEFONE SEM FIO
OFICINA-02
RECURSOS
Consiste em um curto texto que o professor fala ao ouvido do primeiro aluno do círculo; este se encarrega de contar ao ouvido do segundo e assim sucessivamente, até que todos estejam sabendo do fato. O último aluno deve narrar como a história chegou até ele e os colegas devem estabelecer comparações com o que ouviram. O professor deve escolher o tipo de texto adequado ao seu objetivo. Após os comentários, pode-se sugerir a proposta de produção: recontagem, relação com um fato semelhante, mudança de final.. Um tema sobre o projeto
Duração
50 minutos
LOCAL
A própria sala de aula ou ar livre, pátio da escola
TEXTO COLETIVO
OFICINA-03
O professor organiza grupos de quatro alunos, cada um deve iniciar um texto qualquer. Ao sinal do professor, os alunos devem trocar as folhas e o colega continua o texto que começou a escrever na folha que o colega lhe passou. O orientador deve dar alguns sinais para que os alunos troquem as folhas. O resultado é que os textos ficarão bastante engraçados e até ilógicos. Os alunos devem ler os textos em grupo e escolher um para apresentar à classe toda. Os alunos depois devem organizar os textos que iniciaram de forma coerente. OBS: Essa dinâmica também pode ser feita com desenhos e no final o aluno verá se foi realmente o que imaginou do seu desenho Papel Ofício, caderno, lápis etc.
RECURSOS 50 minutos DURAÇÃO LOCAL
A própria sala de aula ou ar livre, pátio da escola.
PARA DESENVOLVER A IMAGINAÇÃO OFICINA-04
- Narre, para seus alunos, o final de um filme e peça que eles imaginem o início. - Selecione gravuras de uma história completa. Retire uma das cenas para os alunos - Peça seus alunos para: Recomporem de outras maneiras a história apresentada... Um tema sobre o projeto, objetos do semiárido fotos paisagens etc.
RECURSOS DURAÇÃO LOCAL
OFICINA-05
Médias duas aulas A própria sala de aula, ar livre ou pátio da escola
Criar :( escrevendo, desenhando, pintando etc. )um personagem fundamentado no real ou na fantasia. A professora (o) dá o Roteiro conforme achar conveniente.
RECURSOS
Exemplo de roteiro: Peso e altura: Cor da pele e situação financeira, local de moradia etc. Um tema sobre o projeto, objetos do semiáriodo fotos paisagens etc.
DURAÇÃO
50 minutos
LOCAL
A própria sala de aula, o pátio da escola
OFICINA-06
Imaginar e escrever sobre: Como as pessoas viveriam em casas só de vidro? Como seria o mundo se todas as coisas fossem cinza? O que aconteceria se os jumentos fossem os únicos meio transporte de uma cidade? Como seria o mundo se os pássaros vivessem só em gaiolas?
RECURSOS
Papel oficio, caderno etc.
DURAÇÃO
50 minutos
LOCAL
A própria sala de aula
Falando da comunidade OFICINA-07
A partir do relato dos alunos sobre as características do lugar onde está localizada a escola, levantar alguns problemas e tentar solucioná-los. Por exemplo, o lixo, a falta de água, as queimadas etc.
RECURSOS
Obs. os alunos podem escrever notícias e montar um pequeno jornal da escola A internet, papel oficio figuras etc.
DURAÇÃO
Média de duas aulas
LOCAL
A própria sala de aula a comunidade, a biblioteca da escola
CONCURSOS PARA PRODUÇÃO DA ESCRITA DO SEMIÁRIDO: Concurso de Cordel
1-Juventude produzindo e gerando renda na agroecologia do semiárido; 2-Educação contextualizada para a convivência com o Semiárido; 3-Juventude e suas expressões culturais;
4-Juventude e comunicação serra x sertão.
5-O os ―biomas‖ do semi-árido;
6- A convivência com o semi-árido;
7- A vida no sertão nordestino;
8- A diferença entre serra e sertão;
9-A escola do sertão e a escola da serra;
10-O meio ambiente no semi-árido.
Que tipo de produção pode ser feita: (Cordel)
CONCURSO DE CARICATURAS DO PATATIVA DO ASSARÉ: PROMOVER NA ESCOLA O CONCURSO DA MELHOR (OS) CARICATURAS DO POETA MAIOR DO NORDESTE BRASILEIRO;
OS ALUNOS PODEM VERIFICAR FOTOS E DESENHAR AS CARICATURAS EM CARTOLINAS OU OUTRO MATERIAL.
CONCURSO DE PAISAGENS DO SEMIÁRIDO NORDESTINO:
A ESCOLA PODE TRABALHAR AS PAISAGENS NORDESTINAS DO SEMI-ÁRIDO ATRAVÉS DE DESENHO COM TINTAS, CARVÃO, LÁPIS DENTRE OUTROS.
COLETÂNEA DE TEXTOS PARA ESTUDO E PESQUISA: Semiárido brasileiro
O Semi-Árido brasileiro representa 18% do território nacional e abriga 29% da população do País. Possui uma extensão de 858.000 km2, representando cerca de 57% do território nordestino, sendo que a área designada como Polígono das Secas (ocorrência de secas periódicas) é estimada em 1.083.790,7 km2. No Semi-Árido, vivem 18,5 milhões de pessoas, com destaque para o fato de que 8,6 milhões pertencem à zona rural, caracterizada por alta vulnerabilidade, já que estão entre os mais pobres da região, com índices de qualidade de vida muito abaixo da média nacional. Sua densidade demográfica de 20 hab/km2 não parece alta quando comparada com a média nordestina que é de 28 hab/km2. Contudo, tomando por base outras regiões semi-áridas no mundo, apresenta-se como uma das mais elevadas. Acresça-se a esse fato as próprias características naturais ali predominantes. Longe de se caracterizar como um espaço homogêneo, o SemiÁrido pode ser apresentado como um "grande mosaico". Como principal característica climática, destaca-se as temperaturas médias elevadas e precipitações médias anuais inferiores a 800 mm, extremamente concentradas, gerando os períodos de chuva e estiagens. Cerca de 50% dos terrenos do Semi-Árido são de origem cristalina, rocha dura que não favorece a acumulação de água, sendo os outros 50% representados por terrenos sedimentares, com boa capacidade de armazenamento de águas subterrâneas. Suas feições de relevo refletem a dinâmica climática e estrutural, mas, apesar de dominar grandes extensões dissecadas, é possível registrar significativas áreas ocupadas por serras e vales úmidos. São apenas dois os rios permanentes que cortam o Semi-Árido: o São Francisco e o Parnaíba; sendo que os demais aparecem de forma intermitente (apenas nos períodos de chuva), desempenhando, contudo, um papel fundamental na dinâmica de ocupação dos espaços nessa região. Mas a disponibilidade de água existente e potencial devem ser vista considerando, também, os açudes públicos e reservatórios privados, além das alternativas crescentes de captação de água para o consumo doméstico. Essa diversidade natural comporta práticas de manejo do território marcadas por relações sociais "arcaicas" e "modernas", includentes e excludentes; por atividades econômicas tradicionais, de pouca inserção no
mercado, com baixo uso de tecnologia em contraste com setores de ponta oriundos da agricultura irrigada. Em ambas as situações, as conseqüências ambientais são graves. Comporta, antes de tudo, uma alta concentração de terras e uma estrutura sócio-política altamente paternalista. Na agricultura tradicional, baseada no sistema de policultura (principalmente milho e feijão) e pecuária (rebanhos de bovinos, ovinos e caprinos), a vulnerabilidade à existência das secas é elevada e a situação agrava-se quando o foco recai nos pequenos agricultores ou nos trabalhadores sem-terra.
Palavras e expressões do semiárido: Dicionário Sertanejo Brasileirismos, archaismos e corruptelas coligidas por Cornélio Pires e empregadas na ―Musa Caipira‖, ―Scenas e paisagens de minha terra‖, ―Quem conta um conto...", e em muitas de suas obras literárias. A não manutenção da ortografia da época foi para facilitar a compreensão aos nossos alunos. A Aááb! - Exclamação correspondente a "Ave Maria", "Aáááh!...Maria Credo". Abancamos - Sentamo-nos em bancos. Abancar - Correr fugindo ou em perseguição de alguém. Abrir-o-pala - Fugir correndo. Acauan - Ave que se alimenta de répteis. Seu canto prenuncia a chuva. Acabritada - Amulatada - Mestiça de branco e preto. Aceiro - Terreno capinado ao redor da roçada a ser queimada. Afincar o pé - Caminhar com energia. Correr. Afiniz - Doce - Alfenim. Agarrar ou Garrar - Principiar. Segurar. Tomar um caminho -"Garrei a estrada". Agregado - Indivíduo que vive parasitariamente em terra alheia. Agua-de-assucar - Água com açúcar. Aguado - Diz-se do cavalo que adoece vendo os outros comer ou beber tendo ele fome e sede. Aguia - Finório. Inteligente. Astuto. Aiva - Desorientado. Fora de si. Misterioso. Esquisito. Sensação indefinível. Alentado - Robusto. Forte. Alimá - Animal cavalar ou muar. Aluncio - Anúncio. Amarrano - Cão negaceando a presa. Preando a perdiz. A'me! - Exclamativo: "homem"! Amiudá - Diz-se quando os galos vão diminuindo o canto ao amanhecer. Amó-que - A modos que... Parece-me... Amóde - Por causa de...
Andasso - Epidêmico. Antónho Conseiêro - Pantomima extraída da grande tragédia baiana em que o governo chacinou sem razão os sertanejos chefiados pelo caipira Antonio Conselheiro. Anún - Pássaro preto insetívoro, que acompanha os animais no campo. Há também o "anún branco". Anún - ficar de - Nú. Apalermado - Boquiaberto. Abobalhado. Aparêio - Isqueiro, pedra de fogo de fuzil. Aparelho de fogo. Após-as-aguas - Depois das chuvas. Águas, tem o sentido de "chuvas". Aporrinhar - Cacetear. Amolar. "Ser pão". Vem de porrete. Ara. . . se - O'ra. . . se. . . Vale a pena Araponga ou Guaraponga - Ave cujo canto imita o retinir do martelo na bigorna, entre sons semelhante aos produzidos por lima, ao se afiarem as grandes serras "traçadeiras". Chamam-lhe por isso o "Ferreiro" ou "Serrador": "Gúiraponga", do tupyguarany. Araribá - Arvore grande. Arejar - Estupor no cavalo que apanha golpe de ar estando suado. Arimbá - Vasilha de barro. Arisca - Mulher fácil. Esposa infiel. Arriba! - Acima! "Arriba o samba"! Sus! Arrebentado - Falido. Empobrecido. Arrendado - (animal) - Descadeirado. Animal de montaria que, forçado pela rédea e espora, deixa o trote natural, para marcha, transformando-se assim um "trotão" em "marchador". A definição dada noutros volumes está errada). -Nota do Autor. Arrotar - Fazer-se valente. Provocar com arrotos e escarros. Gabolice. Arrudado - Zangado. Impulsivo. Bravo Arma-penada - Duende. Assombramento. Espírito que paira sem destino. Arma do padre Aranha - Celebre assombração que perseguia os tropeiros. Arvado - Parte em que se encaba a foice. As-coisa-feito - Feitiçaria. Magia negra. Bruxaria. Atiçar - Açular. Instigar. Compelir. Atripeçar - Sentar-se em tripeça. Atrodia - (istrodia - strudia - trodia - estrodia) - Noutro dia. Ha poucos dias. Avacalhar-se - Desdizer-se. Retratar-se. Abandonar seus companheiros em política, sem-vergonhamente, a pretexto de transigência. Aviamento - Apetrecho para a caçada. Pólvora, chumbo e espoletas. Azeite de carro - Óleo grosso de mamona. Azeitinho - Óleo de recinto, purgativo.
Azoretado - Irritadiço. Nervoso. Zangado. Azucrinado - A mesma coisa que "Azoretado".
B Bacaiáu - (Bacalhau). Instrumento de tortura usado noutros tempos contra escravos. Era um misto de relho e chicote, com quatro tiras de couro no extremo, em lugar da tala. Bacazio - Tiro forte, com grande estampido. Baderna - Bebedeira acompanhada de desordem. Bagre - Peixe de couro. Baguá - Bagoal. Cavallo inteiro. Grande. Volumoso. Bandeirantes - Desbravadores dos sertões brasileiros eram, geralmente, paulista de tempera jamais igualada, pois sem estradas e bussolas, percorreram todo o Brasil á cata de ouro e pedras preciosas. Levaram os espanhóis até o Rio da Prata e chegaram a colocar marcos de posse em pleno centro do Peru. Os bandeirantes demarcaram as fronteiras da Pátria, dilataram a Nação, e fizeram o Brasil.Muitos deles só se dedicavam á escravização dos índios. Bangué - Padiola em desuso, podendo transportar uma família. Tinha quatro cabeçalhos para um animal em cada ponta, sendo carregada suspensa sobre dois animais. Banzé - Desordem. Conflito. "Rolo". Banzativo - Preocupado. Pensativo. Triste. Bacapary - Deliciosa fruta silvestres, trepadeira, menor que a jabuticaba. Barba-de-bode - Capim (gramínea) de terra esgotada. Marca de terra ruim. Bardeado - Transportado. Barróca - Despenhadeiro. Valle. Grota. Sulco profundo na terra. Batuira - Ave ribeirinha, pernalta, a que também chamam "monjolinho" ou "monjoleiro". Bate-pé - Dança cabocla. O mesmo que "sapateado", "cateretê ou "catira". Batê-bocca - Discussão. Altercação. Batuque - Dança de pretos. Formam roda de sessenta e mais pessoas, que cantam em coro os últimos versos do "cantador" e ao som dos tambús, - tubos de madeira com uma pele numa das extremidades e que produz sons altos com diversas graduações, requebram e saltam homens e mulheres, dando violentas umbigadas uns contra os outros. Usa-se também nessas danças, o quingengue - semelhante ao tambú, tendo inteiriça a metade do volume. O compasso é marcado também com palmas. - Hoje raramente dansa-se o batuque. Confundem-no com o jongo e este com o samba. . . Batuque é dança de negros e o samba é dança de caboclos... Bão-de-sá - Bem temperada (comida). Bebudo - beudo - Alcoolizado. Embriagado. Beicinho - Movimento de pouco caso com os lábios. Distensão do lábio inferior, prenunciando chôro e desaponto.
Bentinho - Medalha com imagem benzida pelo padre romano. Berne - Verme que se introduz na pelle das aves e no couro dos animais. Bitatá - Fogo fatuo. Do tupy guarany: "Mboytatá" - mboy:cobra, - tatá: fogo. Diabo. Espírito dos não batizados. Birro - nome onomatopaico de um passaro que procura para habitação casas e igrejas velhas. Boava - Portuguez, no sentido pejorativo. Do tupy guarany "Amboabaê" - pessoa estranha. Bobagem - Tolice. Bocage Palavriado insultuoso e depravado. Bocó - Vasilha feita de couro ou crosta do tatú: sem tampo o bocó está sempre aberto, d'ahi chamarem "bocó" ao "boca-aberta", palerma ou bobo, ou "bobó". Bocó - Pateta. Bodoque - Arma rustica de pau em arco, com cordas e malha para arremesso de pedras ou pelote de barro. Bolantim - Circo de cavalinhos. Artista eqüestre ou ginasta. Bolo - Pancada com a mão, palmatória ou régua, na palma da mão. Botá-a-cuié-torta - Intrometer-se onde não é chamado. Bóto - (a faca) - Meto a faca. Botá - Pôr. Colocar. Braba - Bravia - (Sertania) - Inculta, desconhecida. Branca - Aguardente de canna. Bragado - Cavalo manchado de branco e zaino. Brascuiá - Vasculhar. Remexer no fundo do bolso. Broca - Ferida profunda que só ataca as mãos, não os pés, do cavalo ou burro. Bruaca - Grandes bolsas de couro crú, para transporte em lombo de animal - Duas bruacas formam o cargueiro. Bruaca - (pejorativo) - Mulher velha, imprestavel. Bufar - Dizer-se valente. Bugio - Macaco barbado. Engenhoca para canna; produz sons na moagem iguaes ao roncar do bugio. Bugre - Silvícola - Índio do Brasil. Buquinha - Beijo. Buré - Sopa do caldo de milho verde. Burcão - Bulcão - "Cummulus" prenunciadores de chuvas. Burbuia - Bolhas de ar que sobem á tona d'água; bolhas de puz. Do tupy-guarany "bubúi": sobre-nadar.
Buta - (comer) - Ser logrado, enganado. Butia, é um vegetal medicinal, muito amargo; o estrangeiro, metido a sabichão, ao ver-lhe o fruto, colhe, elogia-lhe a doçura e. . . mete-lhe os dentes. . . Comeu Buta. . . a fruta é amarga. Buxa - Logro, velhacamente preparado num negocio ou barganha.
C Cabeça seco - Soldado da policia. Caboclo - Caipira cor de cuia ou cobre, descendente dos bugres. Cabra - (bom, valente, sarado, etc.) - Individuo. Cabra - Mulato, ou mulata. Cabrita - Mulata nova. Cabreúva - Madeira de lei também chamada Óleo ou balsamo. Cabórge - Força misteriosa. Valentia sobrenatural. Força oculta protetora do valente. Caça - Animais selvagens. Caça foice - Vagabundo. Homem inútil. Cadorna - Pequena perdiz - codorna. Caguira - Azar. Caiporismo. Medo. Cahidas - (mulheres). Apaixonadas. Caieira - Monte de lenha que, logo depois de acessa, toma o nome de fogueira. Caiçara - Caboclo ruim, incorreto. Não usam os caipiras do planalto a expressão caiçara, como denominação de caipira da beira-mar. No tupy guarany, "caaiçá" quer dizer "cerca de ramos a que se recolhem os peixes pescados". "Caí" tambem quer dizer o gesto do macaco tapando o rosto. . . Gesto comum ás crianças, caipiras. . . Caiçára também quer dizer trincheira, paliçada, arraial. Caipira - Por mais que rebusque o "étimo" de "caipira", nada tenho deduzido com firmeza. Caipira seria o aldeão; neste caso encontramos no tupy guarany "Capiabiguára". Caipirismo é acanhamento, gesto de occultar o rosto; neste caso, temos a raiz "caí" que quer dizer: "Gesto do macaco occultando o rosto". "Capipiara", quer dizer o que é do mato. "Capia", de dentro do mato: faz lembrar o "capiáu mineiro. "Caapi", - "trabalhar na terra, lavrar a terra" - "Caapiára", lavrador. E o "caipira" é sempre lavrador. Creio ser este ultimo caso mais aceitável, pois, "caipira" quer dizer "roceiro", isto é, lavrador. Sinonimos de "caipira" conheço apenas os seguintes-"Capiáu", em Minas; "quejeiro", em Goyaz; "matuto", Estado do Rio e parte de Minas; "mandy", sul de S. Paulo; guasca ou gaúcho no Rio Grande do Sul; "tabaréo", Distrito Federal e alguns outros pontos do paz; "caiçara", no litoral de S. Paulo e em todo o paz, "sertanejo". Caipóra ou capóra - Infeliz - Do tupy-guarany: "Caapó" -mateiro. Pessoa do mato. Duende sertanejo, protector das caças, anda montado num grande porco selvagem. Calhambóla - V. canhimbóra. Caimbra - (doença). Camaras. Cambuquira - Grelos, brotos de aboboreira.
Campear - Procurar. Cambetear - Andar tropegamente. Empurrado, correr sem querer batendo uma perna na outra, quase caindo. Cambaio - Perna torta. Que puxa por uma perna no andar. Cambito - Pernil de porco. Peça para apertar correias e arreios. Camera - Câmara Municipal. Canelleira - Arvore imponentemente alta. Canhimbóra ou Canhambóra - Escravo fugido, tornado selvagem nas matas. Do tupy-guarany - "cañybó": o que foge muito. Canfrô - Alcanfora. Candimba - Lebre. Comatio - Corda de viola. Capêta - Diabo - Satanás. Capoeira - Mata de foice, ou mata nova nascida depois de derrubada a mata virgem. Do tupy-guarany: "Caa - mata- "poera" - que foi. Capoeirão - Capoeira grossa quase como mata-virgem: "capoeira de machado". Capim - Gramínea - Do tupy guarany "Caapim". Carpir - Cortar cerce o pequeno mato. Tupy-guarany, "Caapi". Carapina - Tupy-guarany Carpinteiro. Carona - Peça de couro colocada sob o arreio e sobre os baixeiros. Gozar sem pagar um divertimento. Carpa - Capinação. Capanga - Indivíduo assalariado para guarda de alguém, e que obedece quando o pagante manda agredir ou matar. Em Minas, Goiás e Norte, também têm o nome de "jagunço". Capanga - Pequeno saco que se traz a tiracolo. Cardume - (de peixe) - grande quantidade. Cardósa - Feminino de Cardoso, como Ribeira o é de Ribeiro. Carreiro - Trilho feito e seguido pelas caças. Carreira - Rima obrigatória nas danças caipiras. Ha a carreira do "Sagrado" (toda a rima em ado), ha a de S. João, do Itararé, do Marruá etc. Carancho - Ave de rapina. O maior dos gaviões. Carreação - Diarréia. Disenteria. "Destempero". Carreador - Caminho improvisado na lavoura para se tirar em carros o produto da lavoura. Catingueiro - Variedade de capim. Pequeno veado. Caugdo ou Cáudo - Cágado. Cavorteiro - Velhaco.
Caraminguás - Miudezas. Dinheiro miúdo achado no fundo da algibeira ou da mala. Tupy guarany: "Carameguá" -caixa ou cesto para miudezas. Catira ou Cateretê - Dança de caboclos formando duas linhas de seis ou mais pessoas, dois a dois, frente a frente, com violas. Cantam em dueto os cantadores seus amores ou os fatos principais do bairro e redondezas, respondendo o coro, sapateando nos intervalos sob compassos marcados a palmas. O som dos pés no chão e as palmas formam variada musica. Casaca de ferro - Empregados encasacados de circos de cavalinhos. Serventes encasacados. Cassununga - Pequena e bravíssima vespa. Catirina - Prostituta. Cavado - (amigo, dinheiro). Arranjado. Conquistado. Cerne - Âmago da madeira. Pau que dentro d'agua não apodrece. Estar no cerne (homem) resistir o tempo; não envelhecer. Cêrto de boca - Cavalo adestrado e dócil ás rédeas. Cerrado ou cerradão - Mata rachitica e escassa em terras que absolutamente nada produzem; nem capim de bôa qualidade. Cerigote - Arreio semelhante ao lombilho. Ceriema - Ave pernalta dos campos. Cerelepe - Espécie de esquilo. Canxinguelê, do Norte. Chavié ou xavi - Desinchabido - Desapontado. Chan-chan - Ave trepadora que com seu canto avisa a aproximação de alguém, avisando o caipira. É nome onomatopaico. "Cão-cão", do Norte e "Can-can", dos bugres. Chabó - Andorinha grande de cabeça chata. Taperá-guassú. Chapadão - Crapada - Rechã - Planalto. Araxá. Charrôa - Remate de uma obra de couro trançado. Chimbica - Jogo de cartas também chamado manilha. Chimburé - Peixe de escamas, d'água doce. Chico-lerê - Pássaro patéta. . . Paulo-pires; jucurêrê. Chichica - Excrementos. Sujidade. Chiqueirador - Grosso relho com cabo de madeira em forma de chicote. Chimbéva (homem). Nariz chato, do tupy guarany: "Ti": nariz; "péva": chato. Chilenas - Esporas grandes. Chilipe - Cárcere. Chilique - Desmaio. Choren - Cão sarnento. Gafo. Chuva - Bêbado - Alcoólico. Chuãã - Cesto ponte agudo para transporte de frutas. É tupy guarany.
Chucro - Bêbado - Cavallo não domado ou amansado. Chupim - Pássaro preto menor que o vira-bosta. Come os ovos do tico-tico e põe os seus no lugar, criando o tico-tico os filhos do chupim, apesar da enorme diferença. O tico- tico é rajado e o chupim é preto. Chupim - Marido de professora quando sustentado por ella. Chumbeado - Bêbado. Cobre - Dinheiro mesmo em papel moeda. Cócre - Pancada com os "nós dos dedos" na cabeça, tendo a mão fechada. Cócre de - Cócoras. Sentado sobre os proprios calcanhares Cogote - Toutiço, cangote. Coivara - Galhos e ramos que resistiram o fogo das queimadas, ficando apenas com as cascas queimadas ou chamuscadas. Geralmente os autores têm confundido "coivara" com "encoivarar", que quer dizer reunir as "coivaras" para queimar, afim de "destrancar" a roça. Colondria - de ladrão - Quadrilha de ladrões. Como que - Extremamente. Comeu-chão - Venceu grande distancia, em marcha. Consoante - De acordo. Conforme. Convencido - Soberbo. Emproado. Vaidoso. Coró - Verme. Bicho de pau podre. Coróte - Ancorote. Vaso de madeira em forma de pequeno barril portátil a tiracolo. Corymbatá - Peixe de escama, papa-terra. Corpo. - Cadáver. Corruira - Passarinho caseiro insetívoro. Carriça - Cambaxirra, do Norte. Ha a "corruira d'agua" que faz seus ninhos labyrinthicos de milhares de pauzinhos, impenetrável para as cobras e mais inimigos. Criozena - Petroleo, Kerozene. Cren-dós-padre - Creio em Deus, Pai. Crioulinhos (Em desuso) - Pretinhos, filhos de escravos. Cria - (estar com) - Filho novo de animal cavalar, caprino, ovino ou bovino. Curupira - (No tupy guarany não ha r forte). Duende selvagem. do Norte, pouco conhecida é a sua lenda em S. Paulo. Cuzarruim ou Coiza-ruim - Satanás - Diabo. Curió - Pássaro canoro dos pantanais. Cuja - A metade de um porungo ou cabaça. Cuitélo - Beija-flor. Colibry. Cuipeva - Colher. Cuipé - Pá de madeira para o forno.
Cuéra - Decidido. Valente. Bom. No tupy-guarany quer dizer convalescente. Cuiára - Hábil no jogo. Velhaco. Espertalhão. Rato silvestre. Cumieira - Parte mais elevada da casa. Currução - Moléstia nervosa. Deita-se a vítima, sem dores, e não ha o que a faça deixar o leito. Come se lhe dão comida, se não, pouco se incomoda. Há moléstia semelhante que na França chamam "corru". Cumerações - Cálculos. Curtindo - Suportando, triste, uma paixão ou ciúme. Curiango - Ave noturna. Cururú - Dança em que tomam parte os poetas sertanejos, formando roda e cantando cada um por sua vez, atirando os seus desafios mútuos. Os instrumentos usados são: a "puyta", (Instrumento africano trazido pelos escravos), rouquenha, em forma de um pequeno barril tendo o fundo de couro de cabra com uma varinha ao centro; a trepidação produzida com um pano molhado empalmado pelo executante, produz o som, um verdadeiro ronco; o "réqueréque" que é um gomo de bambu, de meio metro, dentado, em que o tocador passa compassadamente uma palheta do mesmo vegetal, seco; o "pandeiro", os "adufes", e a celebre "viola". Os "cururueiros" cantam sem amostras de cansaço, desde o anoitecer até o amanhecer. É uma dança mista do africano e do bugre.
D Dante - Antigamente. N'outros tempos. Dar-volta - Exterminar. Acabar. Matar. Debruços - Em decúbito dorsal. Decumê - Comida aos porcos. Comida. Decuada - Extrato da cinza para aproveitamento da potassa. De-já-hoje-já-hoje - Ainda pouco. Agora pouco. A poucos momentos. De-mão - Auxilio gratuito no serviço. Desgranhado - Desgraçado. "Maldito"! Desguaritado - Extraviado. Desorientado. Sem guarida. Despique - Acinte. Disputa. Represália. Desafio (de viola) -Vingança. Desbronque - Grande desgraça. Mortandade em tiroteio. Dependurar - Pendurar. Depindura - Na iminência de uma queda ou de empobrecimento. Déstão - Dez tostões. Destrocido - Ágil. Desembaraçado. Direito. Descanhotar - Desnocar - Destroncar. Desengonçar. Desarticular. Diá... - A crendice faz com que o caipira não pronuncie ou nunca complete a palavra diabo. Ou diz: "Diá - Dianho Tinhoso - Capeta - Malino - Bicho - Pé de pato - Bóde preto - Tentação - Cuizarruim Satanais - Cifé", etc.
Diagonal - Tecido de algodão, preto, em linhas diagonais. Dór - Dó. Dourado - Peixe de escamas, d'água doce - É o Piraju dos índios - "pira" peixe - "jú" (ba) amarelo. Douradilho - Cavallo meio dourado. Duas e meia boa - Sempre que o caipira se refira a distancia, dirá légua quando em numero inteiro; havendo o quebrado de meia légua, não pronuncia ele a palavra légua; dirá: 2 1/2, "5 1/2 puxada" - "3 1/2 bôa", etc. Dunga - Corresponde ao "Dégas!" Quer dizer, com embase, "cá eu!" "Quem venceu? O Dégas! Sou mesmo um "Dunga!".
E Eá! - Exclamação usada pelas mulheres, quando muito admiram. Montoya registra no seu livro: "Língua Guarany" essa exclamação só usada pelas mulheres. Eito (de tempo) - Extensão. Pedaço. Parte da lavoura entregue ao capinador. É mão - Ocasião (de se ir embora). "É mão de trabaiá". Embira - Resistente fibra da madeira chamada jangada. Embira - (Estar na) Preso. Atado. Coberto de dividas. Encamboiado - Ligado dois a dois. Encomboiados. Encrenca - Embrulho. Desordem. Atrapalhada. Pendência. Ençampar - Enganar. "Çampa", quer dizer mentira. Encambitar (atrás dele) - Correr em perseguição de alguém. Enfiar a agua no espeto - Vadiar. Engrovinhada - Paralitica. Engrossamento de articulações. Mirrada. Entojado - Cheio de si. Vaidoso. Emproado. E... puca - Exclamação de gabolice. Erpe - Expressão de gabola - Venci! ê cabra herpes na luta!" Escórva - Exercício. Experiência de forças dos galos de briga. Escorvar - (A espingarda). Fazer explodir a escórva para enxugar o "ouvido" da arma. Exercitar-se para experimentar as forças. Escopa - Jogo de cartas introduzido pelo italiano, no sul do Brasil. Escorar - (um homem). Enfrentar o inimigo, fazendo-o parar. Escóra - Pé direito. Apoio para que uma parede ou objeto não caia. Esculpido - Muito parecido. Espera - O mesmo que "ésse". Lugar onde se espera a caça. Pau em que se engancha o cabeçalho de carro. Espigão - Planalto. Espigado - Rapaz de corpo direito. Desenvolto.
Esparrela - Armadilha para pássaros composta de lacinhos de cedenho sobre uma tabua. Esquentado - Impulsivo. Esquesito - Fora do natural. Não comum. Esquisitice - Sensação estranha. Excentricidade. Ésse - Travessa no bocal do punhal ou faca, com a fornia da letra S Essa ua - Expressão muito usada: "Este um" - "aquele um", em lugar de este ou aquele. Estaqueô - Parou bruscamente. Estanhados (olhos) - Fixos. Estirão - Trecho de rio, em reta. Estaca - Pau fincado na parede à guisa de cabide. Pau fincado na lavoura para marco de lugar em que tem de ser plantado o café ou a vinha. Estiada - Paragem momentânea da chuva no tempo das águas, prosseguindo logo a chuva. Estranja - Estrangeiro. Estaqueá - Parar bruscamente. Cair morto. Estrupicio - Grande quantidade. Asnice. Esturdio - Esquisito. Fora do comum. Esturdinario - Extraordinário. E-vê - Parece-me. Parecido. Semelhante. Envidado - Enganado. "Não sou eu; o sr. se envidou".
F Facho - Vegetais secos facilmente inflamáveis, nas queimadas. Famia - Filho ou filha. Far-má - Não faz mal. Deixam de pronunciar o não. Fazenda - Grande propriedade agrícola. Fazendeiro - O dono da "fazenda". Festa do Divino - a festa em honra do Espírito Santo, que se reveste de grande brilho, na cidade de Tietê. Os caboclos têm como obrigação cumprir a promessa de seus antepassados, que desciam em numero de sessenta ou mais, nos grandes batelões, pelo rio Tietê, e subiam esmolando entre o povo ribeirinho, durante vinte e mais dias. As casas, na passagem das canoas, são enfeitadas com palmas e arbustos, sendo oferecidas lautas mesas aos canoeiros e ao povo do bairro, que aflui nessas ocasiões. Onde pousa o Divino e toda a comitiva, organizam interessantíssimas diversões, reunindo-se no sitio mais de mil pessoas. Será esta festa uma reminiscência da partida dos bandeirantes? Feiticeiro - Mago. Bruxo. Fiapico - Pequeníssima quantidade.
Fôrgo - Fôlego. Forgá - Dançar o batuque ou o samba. Fôrra - Liberta. De alforria. Fruita - Jabuticaba. Para o caipira só a jabuticaba silvestre é fruta. Fruiteira - Jabuticabeira. Frande - Facão. Fula - Mulato. Zangado. Fuá - Assustadiço. Desconfiado.
G Gadeiúda - Cabeluda. Guedelhuda. Cabelos em desordem. Gabiróba - Espécie de pitanga. Frutinha também chamada "Guabiroba". Gafeira - Doença que derruba o pelo dos animais. Garapa - Caldo de cana de açúcar. Garrar - Tomar (um caminho). Começar (a pensar). Garraio - Novilho enfezado e raquítico. Garupa - A anca do animal arreado. Gateado - Cavallo assinalado de branco e amarelado. Gavião - Ave de rapina. A parte volteada interna da foice. Gaúcho - Vivedor. Parasita. Filante. O caipira paulista chama o rio-grandense do sul: sulista; paranaense: paranista; a todo o nortista, baiano; não fazendo referencias aos catarinenses, que são raros nos outros Estados. Geringonça - Qualquer machinismo complicado. Geribita - Pinga. Aguardente. Giráo - Tablado alto para deposito de algodão e cereais. Górpe - Gole grande. Trago. Golpeão - Idem. Serra grande, braçal. Gróta - Valle. Furna. Despenhadeiro. Guaiavada - Doce de goiabas. Pantomima sobre a vida em Campos, terra do açúcar, cognominada "Terra da goiabada". Guaiava - Goiaba. Fruta silvestre brasileira. Guapé - Planta aquática trazida do Amazonas para o Tietê pelo grande brasileiro, mais digno que qualquer outro de uma estátua, o general Couto de Magalhães, o maior dos sertanistas brasileiros, um dos primeiros a descrever nossos sertões, registrando lendas e brasileirismos. "Aguapé", no tupy-guarany, quer dizer "Aguá" - redondo, "pé" -chato. Formato do vegetal de folhas chatas. A raiz do "Guapé" e igual a uma cabelleira, não vem, pois, fora de propósito outro "étimo": "Água" - cabelos; "pé" -chato. Chato e cabeludo. Guarapa - Água com açúcar preto ou escuro.
Guariróva - Palmito amargo. Do tupy-guarany. "Iróba" -amargo. Guaratan - Madeira própria para postes e cercados. Guampa - Vazo de chifre em que o viajante toma água. Guampudo - Cornu do. Gran p... Guanhacy - Vespas que fazem casas crespas de barro, tubulares. Guainxuma - Vegetal. Aramina própria para vassouras. Guasca - Corrêa do relho. Açoite. Camponês riograndense do sul. Guascadas ou guascaços - Relhadas. Guaraiuva - Madeira própria para lenha.
I Içá - Tanajura. Formiga saúva no tempo da reprodução da espécie. No tupy-guarany quer dizer "formiga que se come". Ichú - Casa de vespas cassununga, marimbondos e outras. Impalamado - Pálido. Amarelado pela doença. Incartar - Juntar-se um cão a outro em perseguição da caça. Incarangada - Entrevada pelo reumatismo. Paralitica. Indaguassú - Andaassú - Arvore grande que produz castanhas proprias para purgante de cavalo. Inficionado - Infeliz. Infeccionado. Ingaeiro ou ingazeiro - Arvore de beira de rio que produz o "ingá" Ingá - Fruta, em bainha, do ingazeiro. Inguiçá - Açular. Estimular. Influir. Insinuar. Inferno - Sorvedouro onde cai a água depois de mover uma roda ou monjolo. Inorar - Criticar. Observar censurando o trajar da pessoa. In-riba - Em cima. Inquizila - Irrita. Dá quizilha. Ingerizar - Irritar. De ogeriza. Intojado - Cheio de si. Invernada - Campo para engorda de animais. Iissui - (corpo) entorpecido. Perna "iissui" - perna dormente. Tupy-guarany. Isqueiro - Tubo de metal, bambu ou taquara em que se coloca a isca, algodão queimado, para, ferindo a pedra de fogo, arranjar com que acender o cigarro.
J Jacaré - Arvore de casca serriforme, semelhante á "serra" do jacaré, animal. Jacú - Ave galinácea selvagem. Jararaca - Variedade de cobra. Mulher velha enfurecida. Jaguapéva - Cão chato. Do tupy-guarany - "Jaguá" - cão; "péba" - chato. Jaguané - Typo de boi. Do tupy-guarany - yaguá - "onça", "tigre" - "né" - certo - "certo é um tigre!" Tambem quer dizer ladrido de cães. Jaguatirica - Gato do mato. Onça pequena, do tupy-guarany. Jatahy - Variedade de abelha silvestre. Arvore também chamada játobá. Javevó - Meio inchado. Encafifado. Desapontado com cara de tolo. Javevó - Farinha de milho, crespa, bijuenta e grossa. Jiquitivá ou Jequetibá - A mais frondosa e alta das nossas arvores. O gigante da mata. Jerivá - Palmeira fina e altíssima. Juquiá - Casinha labyrinthica para caça de aves que entram e não mais encontram a sahida. É tupy-guarany. Juruviá - Desapontadíssimo Jurupóca - Peixe de couro. Tupy-guarany - "juruboia" -Bocca mediana. Judiação - Mao tratamento desnecessário.
L Lagarto - Réptil. Lambedô - Adulador. Lambancero - Arreliento. Embrulhão. Lambuja - Vantagem. Lambujem. Lameu - Bartolomeu. Lambary - Pequeno peixe de escama, d'água doce, sendo da mesma família o "tambiú", "piquirantan", "piquira" e "guarú-guaru"'. Lapiana - Facão. Fabricada na Lapa? Lavano-cachorro - (sem sabão). Vadiando. Lavage - Lavagem de fressuras de porco, no rio, afim de atrair peixes. Lazão - (cavalo). Alazão. Levante - Descoberta do veado pelo cão que o faz saltar e o persegue com latidos especiais que atraem outros cães. Ligá - Peça de couro cru com que cobrem os cargueiros. Liquidô - Matou. Limá - Animal cavalar ou muar. Livé - Nível.
Lixa - Arbusto de capoeira. Liza - Aguardente. Lobizóme - Duende representado por um grande cão preto comedor de estrume de galinhas e que sai às sextas-feiras em procura de crianças, não batizadas, que devora, tendo, por isso, fiapos de baeta vermelha dos cueiros entre os dentes. Lombriga-assustada - Medo. Lonca - Couro de cavalo.
M Macaia - Fumo ruim. Macho - Burro grande. Macóta - Grande. Bom. Mãe d'agua - Duende protetor dos peixes. Persegue rapazes e lavadeiras. Mãe de oro - Duende que oculta o ouro. Crêem ser "Mãe de Ouro", qualquer bolide. Male-e-má - Mais ou menos. Pouquíssimo. Feito por cima, sem capricho. Malacara - Cavallo de cara branca. Mamparra - Mangação. Preguiça. Manha. Maman - Ama de leite. Ama seca. Aplicado ás negras velhas. Mandy - Peixe de couro, da família do bagre. Mandioca - Raiz feculenta, é o pão dos pobres. Tupy-guarany-"Mandiog". Mangueira - Grande terreiro cercado para o gado. Matungo - Cavallo forte, castrado. Mãozinha preta - Assombramento. Era uma pequena mão que a tudo attendia com grande rapidez, inclusive varrer casa, baldear agua e dar palmadas nas crianças manhosas. Mardade - Puz. Matéria pútrida das chagas. Massapé - Terra de ótima qualidade para cultura: muita liga e muito húmus. Mea - Minha. Minhoca - Verme da terra semelhante a uma pequena cobra. Moça - Barregã - Prostituta. Amasia. Moçar - Prostituir-se. Mocotó - Mão de vaca. Moda - Poesia sertaneja. Moquetear - Dar murros com a mão fechada. Dar com a "móca", cacete. Morrudo - Grande. Bem criado e gordo. Mumbava - Individuo que vive parasitariamente em casa alheia. Munheca - Pulso.
Muchirão, puchirão ou mutirão - Do tupy-guarany "Apotyrõ" roçada? - É a aplicação do auxilio mutuo, belo exemplo de solidariedade. Os lavradores da vizinhança, do bairro, determinam um dia e vão trabalhar gratuitamente para o mais necessitado, e, nesse único dia, fazem grandes roças. Algumas vezes fazem além da roçada, as capinações e colheita. Durante o trabalho é costume cantar em coro, numa toada interessante e agradável. - o trabalho e a festa ao mesmo tempo. Mundéo - Do tupy-guarany "Mundé" - Armadilha, com um peso para esmagar a caça que passar descuidada pelo seu carreiro ou que vai procurar o milho que a attrahe.
N Namby - Sem orelha - No tupy-guarany: "Namby" quer dizer sem orelha. Namby-uvú - Moléstia que ataca as orelhas do cão. Napéva - Galinha chata. Negacear - Atacar sorrateiramente. Nervosa - Preocupação de espírito. Negra de cusinha - (Em desuso). Escrava estimada. Ne (mim) - Em - "Em casa ninguém bate em mim Negro atôa - Preto vadio. Nhan-pan - Bobo. Nhapindá - Arbusto espinhento também chamado "arranha-gato". Nhato - Que tem o maxilar inferior muito saliente - Prognata. Nhô - Senhor. Nhô Pae - Senhor meu Pai. Nhá - Senhora. Nome-feio - Qualquer palavra contra a moral.
O Ôta - Equivalente, entre os caipiras, da interjeição, "olá". Ao que parece, no tempo de Camões, se pronunciava como hoje o caipira. Encontra-se no grande épico o conhecido verso: "Oulá, Velloso amigo. Ôta! - Equivalente á exclamação "O!" (Assisti o "aluito". (espécie de luta romana) o Bastião venceu! "Ota" cabra sarado!" O caipira tanto emprega ôta como "êta".
P Paió - Depósito de milho. Paineira - Arvore que produz a paina, fibra mais alva que o algodão. Palmito - Parte da palmeira de onde saem as folhas, âmago, usado como ótimo alimento.
Palanque - Pau roliço fincado no meio do terreiro onde se amarram animais xucros para curar ou encilhar. Pala - Chalé manto furado ao centro, para homem. Pamonam - Abobarrado. Lerdo. Grosso excremento humano. Pamonha - Bolo de extrato de milho verde. Pateta. Bobo. (azeda) Idiota. Pampa - Cavallo com grandes manchas brancas pelo corpo. Panca - Alavanca. (Dar -) Dar trabalho. "Venci mas deu panca". Panquéca - Vadiação. "Dolce far niente". Pangaré - Cavalo de cor entre alazão e zaino claro. Papuan - Variedade de capim. Paqueiro - Cão caçador de paca. Rufião. Pareiada - Faca com cabo e bainha de prata. Pareiado - Tudo que é trabalhado em prata. "Zarreio pareiado": Arreio prateado. Parêlhas - Corrida de cavalos em raia reta para dois animais. Passageira - Trem diurno de passageiros. Com o estabelecimento dos noturnos já os caipiras não dizem a passageira, mas "urno" (diurno) e "turno" (noturno). Passarinhar - Caçar pássaros com bodoque. Com espingarda é"matar passarinho". Passarinheiro - Cavallo de vista curta que, se assustando, foge bruscamente derrubando o cavaleiro. Passando estreito - Vivendo com grande dificuldade. Patrona - Bolsa de couro, a tiracolo, com chumbeiro, polvarinho, etc. Patativa - Pássaro canoro dos banhados. Patuá - Pequeno invólucro contendo orações, relíquias e pedras sagradas que os caipiras caboclos e pretos trazem ao pescoço. Pau-de-fumo - Pejorativo - Negro. Paula-Souza - o chumbo mais grosso que ha. Perdigoto. Pé de moleque - Rapadura com amendoim torrado. Pé d'ouvido - Golpe de mão aberta sobre o ouvido do adversário. Pelega - Cédula de papel moeda. Peceta - Cavallo mau corredor. Pengó - Capenga apalermado. Pereréco - Briga cheia de peripécias. Pereréca - Sem parada. Bater de azas do pássaro ferido -Do tupy-guarany pererég". Certa busina de automóvel. Perna-molle - Fracalhão. Medroso. Piaba - Peixe d'água doce, de escama. Pião - Domador de cavalos.
Piché - Do tupy-guarany - (Odor a chamusco). Leite piché-queimado. Picuman - Fuligem. Picada - Caminho improvisado nas matas. Pica-pau - Ave trepadora. Espingarda de um só cano de carregar pela boca. Picaço - (Cavalo) Pigarço. Picaço - Carrapato estrela. Pida - Do verbo pedir, corresponde a "peça-lhe". Pileque - Bebedeira. Pinho - Viola. Pinga - Aguardente de cana. Pinicão - Dentada do peixe na isca. Pindacoema - Anzol de espera: isca-se á tarde ou á noite e vae-se visital-o cedo. Do tupy-guarany: "Pinda", anzol -"Coe" amanhecer. Pinduca - Rima para Juca. Brincam as crianças provocando os José: - "Juca, pinduca; ladrão de açúcar". Pinchum - pincham - Jogam fora. Desprezam. Piquete - Pequeno pasto cercado. Piquira - Cavallo pequeno e fino. Peixinho. Piranha - Peixe de dentes aguçados e raivoso. Piracanjuba - Peixe de escama, d'água doce. Do tupy-guarany: "Pira", peixe - "acã", cabeça - "juba", amarela. Piroá - Milho de pipoca não arrebentado. "Piruá", bexiga, no tupy-guarany. Piririca - Pele áspera e trincada devido a falta de asseio. Piracêma - Migração de peixes. Pirapóra - Tupy-guarany; lugar onde o peixe pula. Pitanga - Fruta do campo - "Guabirapitã", dos indios. Pitiço - Cavallo pequeno e grosso. Pisadêra - Pesadelo. Duende representado por uma velha esquelética de garras aduncas que está sempre sobre o telhado pronto a pousar sobre o peito de quem dorme de costas. Pito - Cachimbo. Descompostura. Piuca - Pau podre. Piuva - Pau próprio para porrete, por ser muito resistente. Plomonia - Pneumonia. Poáia - Individuo cacete. Planta medicinal - vomitório. Poiá - Fogão. Pórte - Tamanho. Pola - Pela - Pela certa: "póla certa".
Potro - Poldro - Cavallo novo não castrado. Porunga ou porungo - Cabaça. Podão - Pequena foice para corte de cana. Porquêra - Desordem. Briga. Poleiro - Cavallo velho e magro. Poleiro de corvo. Poita - Pedra ou qualquer peso que sirva de ancora. Poitar - Ancorar. Pontear - (a viola) Tirar acordes. Ponche - Capa de roda inteira com abertura ao centro para a cabeça. P'ros quinto - Para os 5º dos infernos. P'ramóde - Por amor de... Pulmonia - Pneumonia. Puia - Mentira. Puçaguá - Pano com uma redesinha ao centro para pescaria de arrasto, de peixe miúdo. Punga - Cavallo magro e velho, ruim. Pulador - Cepos colocados de cada lado da cerca para que o homem pule o cercado e os animais não possam passar. Pururuca - Quebradiço. O couro torrado de leitoa é "pururuca".
Q Quatro-paus - Campeão. Invencível. Valentão. Sendo o "quatro de paus" a maior carta no jogo de truco, a carta invencível, vem dai o dar-se o nome acima ao valentão invencível. Quen-quen - Formiga. Que-nem - Semelhante. Parecido. Equivalente. Quentão - Aguardente quente com gengibre e açúcar. Querencia - Lugar predileto. "E, estando em casa da namorada está na sua querência." "Procurou o animal na baixada, junto á figueira: é a querência dele". Quibebe - Cosido de picadinho de abobora madura. Quilombolá - V. Canhimbóra. Quimjengue - Espécie de tambor usado no batuque. Quinhentão - Quinhentos réis. Quizano - Ha quanto tempo! - A que anos. Quistan - Questão.
R Rabacuada - Ralé - Escoria social. Rabo de boi - Capim que estraga o pasto, verdadeira praga. Rabo-de-tatu - Chicote com quatro tiras de couro no extremo. Raleando - Escasseando. Tornando raro. Rancho - Casa tosca de sapé. Razôra - Grande destruição. De arrasar. Redomão - Cavallo ou burro recém-domado. Redoleiro - (Goiás) Carrapato estrela ou picaço. Reducino - Idem. Refugar - Vacilar para avançar. Recuar. Relancina - Golpe rápido. Golpe de vista. Rêngo - Que puxa uma perna. Descadeirado. Reiúno - Sem dono. De "res-nulius". Resorjo - Águas revoltas abaixo das pedras de rios corentosos. Ressaca - Mau estar após a embriaguez alcoólica. Resa - Função - Fandango. Festa de sitio a pretexto de orações. Roça - Terra com culturas. Terra lavrada. Roqueira - Espécie de morteiro. Cano de espingarda montado num cepo para salvas. Roge - Valente - Invencível - Campeão. Vem da fama da cutelaria Joseph Rodgers & Sons, da Inglaterra e suas celebres facas e canivetes.
S Sabiá - Pássaro canoro. Sacy - Duende representado por um negrinho, moleque de seus onze a doze anos, de uma perna só, sempre risonho, de olhos vermelhos, dentes salientes, topete alevantado, a arreliar quem passa, fazendo mil diabruras nas cruzes de estrada e encruzilhada, não perdoando cavaleiro que passe á noite de sexta-feira: trepa-lhe na garupa a fazer-lhe cócegas puxando o cavalo pelo rabo. À noite vai trançar a crina dos cavalos. Vêm-se realmente crinas trançadas tosca-mente. . . por morcegos. Safada (terra) - Improdutivas. Cansada. Sahira - Pássaro. Espécie de sanhaço. Sala-de-fóra - Sala de visitas. Samba.- Dança de caboclos. Nada tem com o jongo africano hoje dançado em todo o Brasil. O samba é dança de caboclos, com violas, adufes e pandeiros. Ao canto e coro os dançarinos em trejeitos tiram as damas e estas aos cavalheiros, sem se tocarem, dançam e voltam aos seus lugares. Samambaia - Vegetal da família do feto. Praga das terras cansadas. Sanhaço - Pássaro frugívoro.
Sanhaçuira - Pássaro da mesma família do "sanhaço"; menor que este. Sangrador - Regos nas estradas para desvio de águas pluviais. Santa Luzia - Palmatória para castigo (em desuso). São Gonçalo - Pessoa que faz o pedido de casamento. Sapé - Vegetal com que se cobrem casas toscas no campo. Sapecar - Tupy-guarany "çapec" - Chamuscar. Sapicuá - Dois pequenos sacos ligados pelas bocas para se pendurar ao ombro. Sapieira - Sarapilheira - Sapé e vegetais secos nas capoeiras de terra ruim. Sapituca - Soluço - Impulsividade - ímpeto. Sapo - Espectador no jogo ou divertimento. Sapuá - Pequena área de terra cultivada. Sapiroca - Que tem os olhos inflamados. Do tupy-guarany "çapiron", chorar. Sara-cura - Ave pernalta ribeirinha. "Siri-cóia" no Norte. Sarambé - Bobo - Idiota. Sarado - Invencivel. Bom para tudo. Saúva - Grande formiga devastadora de lavouras. A maior praga do Brasil. Sastifa - Dar confiança. Dar explicação de um gesto. Dar satisfação. Secreta - Policia á paisana. Sentenciado - Condenado pelo júri. Serraia - Verdura nativa nas lavouras. Ótimo alimento. Serigote - Arreio de montaria. Serrar - (baralho) Misturar as cartas. Trançar. Sinhá - (Em desuso) Antiga proprietária de escravos. Senhora. Siá - Senhora. Siô - Senhor. Sô - Senhor. Sôr - Senhor. Sôres - Senhores. Siriluia Formiga com azas, no tempo da procriação. Siriri - A mesma cousa. Sarará - A mesma cousa. Ave de Mato Grosso. Conta-se que o sarará macho morre de paixão durante o choco da femea. Siri-siri - Pássaro amarelo menor que o "bem-te-vi"! Sitiante ou situante - Proprietário de pequena lavoura. Sitio - Pequena lavoura. Sirrino - Rindo com força.
Socado - Arreio parecido com o lombilho. Sondá - Linha longa de pesca com chumbada para pesca em "poço", isto é, o lugar mais profundo do rio. Sopé - Dourado pequeno. Sucia - Festa no sitio - Córja - Sociedade comercial. Sucre - Açúcar. Sunga-munga - Idiota meio paralitico. Sufragante - Em flagrante. Suguirá - Peixe da família dos papa-terra. Supricante - Individuo. Pessoa. Vítima. Surucuá - Ave da mata virgem. Sururuca - Peneira grossa. Suta - (Goiás) Surpresa por um grupo de famílias amigas chegando inesperadamente, á noite, á casa do fazendeiro, formando uma festa.
T Tabôa - Junco próprio para esteiras. "Piri", dos índios. Tacáro - (o pau). Deram bordoadas. Puseram (na cadeia). Tacar ou tocar - Atacar. Pôr em ação: "Tacar fogo". Tacurú - Pedras para suporte de panelas e caldeirões, em cozinha improvisada. Vem do tupy-guarany "Ytácurú". Tala - Chicote. Tambiu - Variedade de lambary. Tambú - Tambor oblongo para o batuque. O mesmo que "tambaque". Tan-tan - Bobo. Em tupy-guarany: "Tapaná". Taquara - Cana ôca, silvestre, mais delicada que o "bambú". Do tupy-guarany: "Taqua" cana ôca. "Taquaratin" ou "Taquaritinga" taquara massiça. Tapéra - Casa velha abandonada. Do tupy-guarany: "Taba", casa povoada, "puêra", que foi. "Tapé", "tabapuêra" que foi moradia. Taperá - Variedade de andorinha. Faz ninho em buracos nos barrancos e taperas. Taperá-guassú - Andorinha grande. Chabó. Tapiara - Estradeiro. Aguia. Velhaco. Ligeiro de mão. Tapururuca - Piçarra. Terra em estado quase de pedras quebradiças. Tarecos - Objetos velhos. Miudezas estragadas. Tassuira - Formiguinha cujas ferroadas são ardidas e dolorosas. Do tupy-guarany "Tacin". Tarasca - Mulher assanhada, irrequieta, dada a engraçada.
Telha-vã - Telhado simples, sem emboco. Tenda - Parte do engenho de cana onde ficam os tachos para o açúcar. Tento - Fita de couro com que se fazem obras trançadas. Ter de seu - Possuir para viver sem grandes apertos. Terereca - (Pião) Que tem a ponta rombuda e gira saltitando. Tiguéra - Roça de milho depois de colhida. Talvez venha do tupy-guarany: "Abati" milho - "coéra" ossos; pois as canas do milho dão impressão de ossos. Ossos do milharal. Tirá-cipó - Fugir pela mata com o pretexto de tirar cipó em época de guerra. Tira-prosa - Afamado. Valentão. Tiririca - Capim daninho que ataca as lavouras. Tóca - Covil. Buraco em que se escondem as caças. A mesma cousa que "Lóca". Toeira - Corda de viola. Tolete - (de fumo ou de pau) Pedaço roliço, curto e grosso. Tovaca - Ave da mata virgem. Trabuco - Espingarda de um canno, de carregar pela bocca,-grosso calibre, para salvas. Trama - Barganha. Negocio. Tranqueira - Coivaras velhas em meio da capoeira, impedindo o transito pela mata. Traira ou taraira - Peixe pequeno, de escama, de tanques e ribeirões, feroz, de dentes aguçados. Trapeira - Grande desordem. Trem - Qualquer objeto. Individuo inútil. Trenhera - Quantidade de objetos diversos misturados. Trelente - Que mexe com alguém que passa. Intrometido. Treze-de-maio - Pejorativo aplicado aos pretos por serem libertos naquela data. Tropicão - (cavalo) Que tropeça ou dá topadas sobre objetos resistentes. Trocer - Torcer. Tripeça - Assento tosco composto de duas tabuas inclinadas para dentro e duas peças laterais. Truco - Jogo de cartas em que tomam parte quatro parceiros:a maior carta, o "zape" é o "Quatro-páus"; jogado a dois recebe o nome de truco-de-mano. Tú - Modo de tratar com grande desprezo. É um insulto, tanto que as crianças ao serem chamadas por "tú" respondem: "tú turú tutú, parente do teu. Tucura - (Goiás) - Gado selvagem que não toma sal. Tuncun - Palmeira que produz uma fibra de grande resistência. Turuna - Invencível. Turtuviar - Atordoar-se. Vacilar. Titubear.
Tusta - Tostão - Cem réis. Tuvira - Peixe. Enguia de tanques e ribeirões.
U Ue'i-me! - Expressão usual que corresponde á exclamativa "O homem!" Urú - Ave gallinacea. Urucungo - Instrumento (em desuzo) composto de um arco, uma corda e uma cabaça, fazendo o executante vibrar a corda á bocca da cabaça, graduando o som com sua própria bocca junto ao orificio da cabaça. É instrumento introduzido pelos escravos africanos. Urucurana - Arbusto. Urupé - Fungo. Urutáu - Ave noturna cujo canto imita o gemer humano em prolongados e altos "aai. . . aai. . . ai. . ." Brincam as crianças ao escurecer, dialogando com a ave. "Urutau, urutau. . . seu pai morreu. (silencio) Urutau, urutau. seu irmão morreu! (silencio) Urutau, urutau. . . sua avó morreu! áái. . . áái . . ái. . . coincide gritar gemente a ave, com grande sucesso para as crianças. Com o desaparecimento das matas vai o urutau desaparecendo. Urucubaca - Azar. Infelicidade. Febre eruptiva.
V Vevuia - Fígado ou pulmão. Virado - Farnel. Matula. Virador - Ponto do rio de onde voltam os canoeiros. Vira - Pássaro preto - Semelhante a graúna - Vira-bosta. Vasqueiro - Raro. Virar bicho - Zangar-se. Vazio - Ilharga. Vinrá? - (com o r brando) Virá; do verbo vir. Veadeiro - Cão caçador de veado. Váo - Ponto do rio que dá passagem sem ser preciso nadar. Vendido - Enganado. "Não é por ahi o caminho, vancê tá vendido". De "invidado". Você, vancê, vacê, voncê, acê, ocê, cê - Quer dizer vossa-mercê.
Y Yaçanan - Ave do brejo
DICAS E ESTRATÉGIAS EM SALA Caros colegas, as praticas em sala de aula são mais um desafio que o professor enfrenta hoje, No que diz respeito à melhoria e qualidade da educação brasileira. Uma companheira educadora me passou algumas idéias que a meu ver ajudarão a você a trabalhar melhor os conteúdos de sua disciplina em sala; leia e a medida do possível e de acordo com sua realidade tente aplicá-las.... Bom trabalho!!!!! 1-Leitura individual, coletiva e silenciosa; 2-Leitura paragrafada e sugerida pelo professor e os alunos; 3-Leitura espontânea com troca de parágrafos (passa a bola); 4-Turma em organizada em forma circular; 5-Turma organizada em pequenos grupos para trabalhos em sala; ( Dê nomes aos grupos); 6-Aprofundamento do conteúdo com o envolvimento do aluno, uso de dinâmicas ; 7-Resolução das atividades fora da sala de aula espaço ao ar livre; 8-Jogo das palavras para melhorias da escrita uso do dicionário ( ex: Uso de palavras com som de X e CH); 9-Palavras ditadas pelo professor e revisadas pelos alunos no quadro; 10- Reflexão e tira dúvidas em grupo de assuntos trabalhados em sala; 11-Acompanhamento individual dos alunos; 12-Pesquisa extra-sala na biblioteca, internet, (DVD, s),jornais, revistas etc.; 13- Tentar fazer o acompanhamento Nos cadernos dos alunos individualmente; 14-Trabalhar com agenda e diários dos alunos; 15-Montar dinâmicas em grupo para facilitar o aprendizado e a convivências em sala e fora dela; 16- fazer produções textuais com temas da atualidade; 17- promover debates em sala com temas da atualidade; 18- Fazer a predição das leituras em sala; 19-montar entrevistas orais e escritas com os alunos e a comunidade; 20- Fazer uso de equipamentos tecnológicos para as aulas de campo; 21-Adote o momento da leitura nas aulas pelo menos 30 minutos diários.
DICAS E CONCEITOS SOBRE LEITURA E ESCRITA EM SALA DE AULA
LIVRO AMIGO "O livro traz a vantagem de a gente poder estar s贸 e ao mesmo tempo acompanhado."
M谩rio Quintana
CONCEITOS DE LETRAMENTO
“(…) um conjunto de práticas de uso da escrita que têm modificado profundamente a sociedade, mais amplo do que as práticas escolares, incluindo-as, porém.” Angela Kleiman (João Pessoa, 2008)
• Mesmo vivendo em uma sociedade letrada, existem indivíduos que não são nem mesmo alfabetizados.(Kleiman, 2008)
Podemos considerar iletrada uma pessoa que é capaz de “ler” a conta de luz de sua residência, de identificar informações contidas em um rótulo de um produto na prateleira de um supermercado ou de tomar um ônibus?
Será que uma pessoa que foi alfabetizada, mas que não faz uso da leitura e da escrita no seu cotidiano, pode ser considerada letrada?
Diferenciação Alfabetização
Letramento
Aquisição e domínio do código; ler/escrever para aprender a ler/escrever
Situações comunicativas, sociohistóricas, culturalmente determinadas, com finalidades específicas
Capacidade individual, competitiva
Coletiva, cada um segundo sua capacidadedivisão do trabalho
Homogênea, segundo uma instituição dominante
Diversificada, segundo instituições, identidade dos participantes
Texto acadêmico e literário
Todas as esferas: cotidiano, burocracia, comércio, jornalístico, publicitário, etc.
Texto como objeto de análise: atividades eminentemente analíticas
Texto como objeto cultural visando a construção de sentido
Preparo para transferência a outras atividades e contextos
Realização da tarefa específica: relação entre prática e instituição
Separação oral - escrito
Oral-escrito integrados, nos textos multimodais produzidos na prática social
ALFABETIZAÇÃO e LETRAMENTO A alfabetização refere-se às habilidades e conhecimentos que constituem a leitura e a escrita, no plano individual, ao passo que o termo letramento refere-se às práticas efetivas de leitura e escrita no plano social. (Kleiman, 1995)
CONCEITOS SOBRE LEITURA E ESCRITA
1.LER A leitura é uma das ferramentas imprescindíveis para apropriação de novas aprendizagem. Não é apenas decodificar. É preciso interpretar, compreender, construir o sentido e conhecer a intencionalidade do texto.
2. ESCREVER A escrita não é um dom: é algo que se ensina e se aprende. FUNÇ FUNÇÃO DA ESCRITA: age sobre o leitor e é instrumento para dirigir, informar, divertir, emocionar, persuadir o outro interlocutor e argumentar com ele.
3. ACESSO À AMBIENTES DA CULTURA LETRADA. 4. PAPEL DO PROFESSOR: a) Mediador da leitura. b) Deve preparar o aluno para interagir na sociedade. c) Intervir com criatividade, criticidade e funcionalidade. 5. OCORREM PARTE NO COTIDIANO E PARTE POR MEIO DE ATIVIDADES SISTEMÁTICA NA ESCOLA.
TRÊS PONTOS FUNDAMENTAIS NO TRABALHO COM LEITURA a) O texto e o leitor como criadores de significado(s). b) Objetivo de cada leitura. c) Conhecimentos prévios para produção significado.
Estratégias de Leitura para a Compreensão Leitora
A Velha e os Ladrões “Era uma vez uma velha que morava nos arredores de um povoado. Uma noite estava se aquecendo junto ao fogo com a única companhia das ardentes chamas, quando, de repente, ouviu ruídos em cima, em seu quarto. Surpresa, disse: - Eu diria que há ruídos lá em cima... ou será impressão minha? Depois ouviu claramente passos que iam de um lado para o outro e compreendeu que se tratava de ladrões que tinham ido roubá-la. Como estava sozinha e ninguém podia acudir em sua ajuda, começou a pensar: - O que é que eu poderia fazer para esses ladrões irem embora? Ah, já sei!” Qual você acha que foi a idéia da velhinha para expulsar os ladrões? Leia bem o texto antes de responder e preste atenção no lugar em que ela mora, no fato de se encontrar sozinha e ser velha. Escreva sua resposta, acabe a leitura e veja se adivinhou.
“E, decidida, dirigiu-se para o pé da escada e começou a gritar: - Bernardo, suba para o terraço! Maria, pegue a espingarda! - Juan, cace-os! - E você, Pedro, bata neles! - Ramón, conte quantos são!” Ao ouvir os gritos da velha, os ladrões se assustaram muito e disseram: - Olhe que não tem pouca gente nesta casa ... É melhor ir embora, porque entre todos, eles vão nos pegar... Mais tarde a velha, sentada diante do fogo, começou a gargalhar ... e contam que ainda continua rindo.” Onde você acha que estavam Bernardo, Maria, Juan, Pedro e Ramón? Onde é que os ladrões pensaram que eles estavam? Por que a velha ria tanto?
Desenvolvendo Estratégias de Leitura
• Durante a leitura, vá estimulando a participação dos alunos, por meio de questionamentos e comentários: • levante os conhecimentos que eles têm sobre o assunto (Você já ouviu falar nesse autor ou nesse personagem?) e peça a eles que antecipem o que o texto trará (O que você acha que vai acontecer agora?, Como ele vai reagir?) – antecipação; • estimule-os a relacionar esses conhecimentos com o que o texto traz, a compreender o que não está explícito no texto, a ler nas entrelinhas (Por que vocês acham que ele disse isso?, O que será que levou fulano a agir assim?, O que o autor quis dizer com...?) – inferência;
Desenvolvendo Estratégias de Leitura • pergunte aos alunos se o que pensavam a respeito do texto se confirmou ou não, após sua leitura-checagem; • proponha que avaliem tanto os recursos do texto como as situações ou fatos narrados (Você acha que a história seria melhor se fosse contada pelo personagem tal...?, Essa gíria ficou bem, aqui? Por quê?, O que você faria no lugar de fulano?, O que responderia?) – crítica; • incentive os alunos e exercitarem o raciocínio lógico, a coerência, questionando sobre o que aconteceria se determinado fato fosse alterado (E se fulano tivesse agido assim?, O que mudaria na história, se beltrano tivesse respondido isto...?) – transformação;
Desenvolvendo Estratégias de Leitura
Após a leitura, estimule outros comentários e discussões a respeito de usos e costumes de outras épocas e povos, bem como do comportamento dos personagens. Não se recuse a ler novamente um texto que tenha feito sucesso; estimule os alunos a trazer outros para serem lidos na classe; proponha atividades de recriação das histórias por meio de dramatização, desenho ou escrita.
Leitura Compreender o texto é, ao longo de sua descoberta (ouvindo ou lendo) quebrar a sua linearidade e organizar as informações recebidas em representações. O leitor deve desconstruir mentalmente a cadeia lingüística e reconstruir a informação de outra forma. Um procedimento que combina ao mesmo tempo a continuidade linear (plano lexical e sintático) e um movimento de antecipações e retomadas textuais progressivas. Esses processos ativos podem ser ensinados? Pode-se “aprender a compreender”?
Formação em leitura e produção de texto” Finalidades da Leitura Finalidade
Procedimento
Exemplos
Ler para obter uma informação precisa
Leitura seletiva
Número de telefone numa lista;Jornal;Palavra no dicionário
Ler para seguir instruções
Leitura atenta. Ler tudo para garantir a compreensão, até as imagens.
Instruções de um jogo;Receitas;Manua l de instruções
Ler para aprender
Leitura eficaz e controladora, mais lenta e requer procedimentos de sublinhar, anotar, fazer esquemas, etc.
Enciclopédias;Livros de textos expositivos e informativos
Formação em leitura e produção de texto” Finalidades da Leitura Finalidade
Procedimento
Exemplos
Ler para revisar
Leitura crítica, regulada.
Revisão dos próprios textos.
Ler por prazer
Leitura guiada pela experiência do leitor sem compromisso.
Literatura
Ler para um público
A leitura requer a compreensão do texto, entonação e preparação
Bíblia;Discurso de orador
Procedimentos interpretativos manifestados logo que a criança começa a falar:
• • • •
evocar o que conhece; imaginar a partir do que se conhece formular hipóteses mais fantasiosas associar idéias, imagens, para dar conta de uma informação • abandonar uma pista por outra com a chegada de um novo dado • reunir informações
Para ler e orientar as crianças na leitura é necessário:
• Organizar uma progressão pedagógica; • Determinar uma ordem de tratamento que hierarquize as informações, integrar progressivamente os elementos, relacionando entre os diversos sentidos possíveis de uma palavra ou expressão, aquele que for mais compatível com o que se sabe, deduzir a partir das informações mais explicitas que permitam uma interpretação global da mensagem.
Orientação Técnico-Pedagógica de Execução do Projeto na Área das Ciências da Natureza Parte Pedagógica: Sugestões para atividades com o semiárido Disciplina: matemática
Leituras e interpretações de gráficos; Análise de dados estatísticos; Produção de textos: percentuais sócio-econômicos, educacionais, crescimento populacional, etc.; Representar dados e informações através de gráficos; Construções de gráficos (barras, setores, linhas e colunas); Trabalhar com áreas ( extensão de território ); Situações-problemas envolvendo o preço, a compra e venda de produtos produzidos na região (EX: o preço da arroba do caprino); Trabalhar com volumes ( aumento e vazão das águas das chuvas, açudes e rios; precipitação pluviométrica); Geometria: formas, espaço físico, arquitetura e paisagens. (EX: maquetes, desenhos e etc.); Trabalhar localização, vistas, mapas e escalas.
Disciplina: Ciências
Trabalhar a construção de vocabulário ( biomas, biodiversidade, ecossistemas ,queimadas, espécie, desmatamento, desequilíbrio ecológico, ecologia, extinção, reciclagem, poluição, preservação, biomassa, solar, biodiesel manejo, calor, energia, temperatura, renovável, e eólica.); Trabalhos de pesquisas: animais do semiárido ameaçados de extinção ou extintos, alimentos produzidos no semiárido, utilização de recursos renováveis do semiárido na produção de energias alternativas, energias e combustíveis (biomassa,biodiesiel,solar,eólica e etc.) e utilização dos recursos naturais da região como fonte de renda ( EX: mamona, carnaúba, etc. ). Produções de textos: desmatamento do bioma caatinga, manejo e utilidade do solo, abastecimento e tratamento de água, esgoto e aterro sanitário; Exposição: vídeos, fotos, gravuras e desenhos do cotidiano do semiárido (vegetação, animais, rios, riachos, açudes, e moradia.).
Parte Científica: Conteúdos nas Àreas das Ciências Naturais PROBLEMAS NO SEMIÁRIDO Apesar das dificuldades socioeconômicas do sertão e da imagem de solo e vida pobres, cientistas brasileiros revelam o lado rico em biodiversidade da caatinga, único ecossistema totalmente compreendido em território nacional. Biólogos listam as espécies de répteis, aves e mamíferos encontradas na região e alertam: é preciso criar, o quanto antes, pelo menos oitenta áreas de preservação nos 800.000 km2 de semiárido. A onça-pintada, encontrada na caatinga, está entre as espécies ameaçadas de extinção. A caatinga é um ecossistema diferenciado dos demais pelo fato de ser o único que se situa totalmente dentro dos limites territoriais brasileiros. A biodiversidade ali encontrada sempre foi considerada pobre, quando comparada à de ecossistemas como o Pantanal Mato-grossense ou à Floresta Equatorial da Amazônia, que abrigam milhares de espécies endêmicas da fauna e da flora. Mas um olhar um pouco mais apurado sobre a biologia da caatinga revela surpresas no que diz respeito à riqueza de sua biodiversidade. Foi o que fez o herpetólogo (estudioso de répteis e anfíbios) da Universidade de São Paulo (USP), Miguel Trefaut Rodrigues, professor de Biociências especialista em lagartos, que pesquisou espécies animais que vivem nas dunas do ―pequeno Saara brasileiro‖. Rodrigues chegou à caatinga disposto a encontrar, principalmente nas dunas de areia, novas espécies de lagartos e anfisbenídeos, um grupo de répteis de corpo alongado, sem cauda, cujos representantes são popularmente chamados de cobra-de-duas-cabeças. O professor descobriu que a região
funciona como uma bomba de especiação, já que, em relação a esses animais, metade vive próximo à região de Santo Inácio, situada na margem esquerda do rio São Francisco, enquanto 37% das espécies da caatinga são endêmicas das dunas. É preciso lembrar que a área das dunas ocupa menos de um por cento de toda a caatinga (7.000 km2 de região semiárida). As pesquisas nesse ecossistema ganharam impulso nos últimos anos, principalmente a partir de 2000. A literatura científica já registra 47 espécies de lagartos, 52 de serpentes, dez de anfisbenídeos e 48 anfíbios, sem contar grupos de invertebrados. Mas as pesquisas que visam à compreensão dos processos de evolução e formação das espécies que ali vivem atualmente exigem estudos geomorfológicos sobre a região. Por volta de doze mil anos atrás (final do último período de glaciação), o rio São Francisco não chegava até o oceano Atlântico, como hoje. O rio desaguava em um grande lago natural, onde, em seu entorno, viviam juntas diversas espécies de lagartos. Mais tarde, quando as águas transpuseram as serras do norte da Bahia e o rio chegou ao oceano, as espécies que formavam uma única comunidade foram separadas, dando início ao processo de especiação por isolamento geográfico. Isso fez com que, anos depois, herpetólogos descobrissem que apesar de serem morfologicamente muito parecidas, havia diferenças genéticas entre espécies irmãs de lagartos que viviam nas margens opostas do São Francisco. PRESERVAÇÃO O nível de importância de um ecossistema se dá, entre outros fatores, em função da biodiversidade observada. E graças à riqueza da caatinga, organizações não-governamentais como a Conservação Internacional defendem a criação urgente de parques nacionais de proteção ambiental na caatinga, principalmente na região do Médio São Francisco, onde estão as dunas. "O número de áreas protegidas está muito aquém das reais necessidades", afirma Mônica Fonseca, bióloga e pesquisadora da instituição, que, em seu último estudo sobre o ecossistema, constatou que apenas dois por cento do semiárido está dentro de parques. Segundo ela, esse percentual deveria subir para 59,4%. Mas não é apenas nas dunas da caatinga que são encontradas espécies animais. Segundo o ictiólogo Ricardo Rosa, da Universidade Federal da Paraíba, já foram descobertas 240 espécies de peixes de água doce. Entre as aves, a constatação da riqueza de vida do semiárido não é diferente: são 510 espécies, sendo que mais de noventa por cento delas reproduzem-se na própria região, o que descarta a possibilidade de estarem na caatinga apenas durante alguma migração. Na lista de aves do ecossistema em processo de extinção aparecem espécies conhecidas, como o maracanã (Ara maracana) e o pintassilgo-do-nordeste (Carduellis yarelli), o que reforça a necessidade de criação de áreas de preservação ambiental. Apesar das imagens de carcaças em processo de decomposição que povoam o imaginário brasileiro, a caatinga também é berço de espécies de mamíferos, como a onça-pintada, o tamanduá-bandeira e a jaguatirica, que vivem na serra da Canastra. Das 143 espécies que ocorrem no ecossistema e que foram listadas pelo zoólogo João Alves de Oliveira, do Museu Nacional, dezenove são endêmicas da região. Entre os primatas, são encontrados duas variações de guaribas: o macaco-prego e o macaco-sauá, recémdescoberto na região de Canudos. A aridez do sertão e as dificuldades encontradas pelo sertanejo foram ricamente retratadas pelo jornalista e escritor Euclides da Cunha, principalmente em seu clássico Os Sertões, no qual apresenta as maravilhas da caatinga. Aquele magnífico cenário, porém, está sendo degradado. Segundo dados recentes, estima-se que trinta por cento de todas as caatingas tenham sofrido algum grau de degradação pelo homem, o que leva à fragmentação das áreas intactas em ilhas de vegetação. Trata-se de um problema para um ecossistema que, sabe-se agora, é rico em flora e fauna. É um tipo de vegetação cuja localização é principalmente o nordeste brasileiro, mas ocorrendo também no norte de Minas Gerais. Esta região é marcada pelo clima semi-árido, com chuvas irregulares. Apresenta duas estações não muito bem definidas: Uma quente e seca, e outra quente e com chuvas. É comum a estação seca se prolongar, o que provoca grande mal a população do local. Assim que começam as primeiras chuvas a vegetação ganha novos ramos, aparecem várias gramíneas, e a caatinga toma um aspecto verde, bem diferente do marrom que se tem como cor predominante na estação seca. A maior parte da população local sobrevive as custas de uma agricultura insipiente, de um extrativismo vegetal pobre, e de uma pecuária irrisória. Existe a pecuária bovina e a pecuária caprina, sendo esta mais importante que a outra. As cabras tiram seu sustento dos brotos das plantas, e até de raízes que buscam cavando com seus cascos.
O solo é raso e pedregoso, o que torna a agricultura uma prática difícil na região. Existem algumas manchas de solo que podem ser aproveitados pela agricultura, e hoje em dia, com uma forte irrigação e correção do solo (o solo é básico, alcalino, o que causa salinização da água dos açudes, com a evaporação) planta-se café, manga, e outras frutas com grande sucesso. É necessário estudar também a existência de águas subterrâneas, como o imenso lençol que existe no Piauí e que poderia resolver o problema de escassez de água de toda uma região, demonstrando que há uma questão de vontade política para esta solução. A vegetação é ramificada, com um aspecto arbustivo, tendo folhas pequenas ou modificadas em espinhos. Estas são algumas das soluções encontradas pelas plantas para evitar a evapotranspiração (perda de água pela epiderme). Além disso, ocorre a perda de folhas na época seca (folhas caducas). Algumas espécies armazenam água como adaptação para a época seca; por exemplo, bromélias e cactáceas. A vegetação é distribuída de forma irregular, contrastando áreas que se assemelham a florestas, com áreas com solo quase descoberto. A fauna de répteis é abundante, podendo ser encontrados um grande número de lagartos e cobras. Além disso, existem alguns roedores, muitos insetos e, principalmente, aracnídeos. A dificuldade de se encontrar água dificulta a existência de grandes mamíferos na região, mas são encontrados cachorros do mato e outros animais que se alimentam principalmente de roedores. A área seca do nordeste é o que se chama de depressões Inter planálticas, pois a região é cortada por serras e chapadas onde a vegetação nem sempre é de caatinga, recebendo o nome local de "brejo". Brejo, portanto, não significa várzea, aqui, mas área cuja umidade permite o crescimento de vegetação de mata. É nas encostas destas serras que as massas de ar atlânticas vão depositar sua umidade. Outras formações de relevo características na depressão nordestina são os 'inselbergs', blocos rochosos sobreviventes ao desgaste deste clima de estações marcadas
Biodiversidade e Vegetação do Semiárido História ecológica de degradação Estima-se que mais 36 milhões de pessoas habitem o semiárido brasileiro e dependam de forma direta ou indireta dos recursos naturais da região, os quais, muitas vezes são explorados de forma nãosustentável. O crescimento da população tem levado a uma pressão cada vez maior sobre os recursos naturais, alterando ou suprimindo a presença de algumas espécies, modificando a estrutura das populações e alterando os fatores abióticos, com interferências diretas na paisagem por meio de ações como irrigação e terraplanagem. O desmatamento é principal causador da fragmentação da vegetação remanescente, deixando essas áreas susceptíveis ao fogo, à colonização por espécies invasoras e consequentemente à redução da biodiversidade endêmica. Entre os principais impactos atuais na vegetação nativa, está a agricultura baseada em corte e na queima, a extração de produtos vegetais principalmente para fins energéticos, a pecuária extensiva, a má utilização dos aquíferos, lençóis freáticos e da mata ciliar resultando em assoreamento e contaminação ou poluição. Um bom exemplo é a contaminação dos lençóis freáticos causada por infiltração de dejetos industriais no solo. Outra característica do semiárido é a alta salinização do solo devido à grande evapotranspiração e precipitação pluviométrica insuficiente para lavar os sais que se acumulam na zona agricultável do solo. A salinidade pode ter relações com a desertificação na medida em que resíduos de dessalinização de águas salobras são despejados ao acaso no solo, elevando a salinidade dos mesmos a níveis tão altos que impedem o crescimento de plantas cultivadas e nativas. Além das secas, as zonas semiáridas do mundo caracterizam-se pela presença da desertificação, fenômeno natural cujas relações causais estão referidas ao clima e ao uso inadequado dos recursos naturais (solo, água e vegetação). Significa dizer que a semiaridez, a desertificação e as secas constituem fenômenos naturais associados, cujos efeitos são potencializados pela ação do homem. A degradação ambiental nos espaços sujeitos a semiaridez alcança seu limite com a desertificação. Quadro atual de degradação O principal bioma do semiárido, a Caatinga, já tem metade da sua vegetação original destruída. Em 2008, a vegetação remanescente da área era de 53,62%. Dados do monitoramento do desmatamento no bioma realizado entre 2002 e 2008 revelam que, neste período, o território devastado foi de 16.576 km², o
equivalente a 2% de toda a Caatinga. A taxa anual média de desmatamento na mesma época ficou em torno de 0,33% (2.763 km²). Com uma área total de 826.411 km², a Caatinga está presente nos estados da Bahia, Ceará, Piauí, Pernambuco, Paraíba, Maranhão, Alagoas, Sergipe, Rio Grande do Norte e Minas Gerais. Os dois primeiros desmataram, sozinhos, a metade do índice registrado em todos os estados. Em terceiro e quarto lugar estão Piauí e Pernambuco. Já o estado de Alagoas, por exemplo, possui atualmente apenas 10.673 km² dos 13.000 km² de área de Caatinga originais. Os municípios que mais desmataram foram Acopiara(CE), Tauá (CE), Bom Jesus da Lapa (BA), Campo Formoso (BA), Boa Viagem (CE), Tucano (BA), Mucugê (BA) e Serra Talhada (PE)
Conservação Ações necessárias para recuperação e conservação: • Incentivar a criação de novas Unidades de Conservação que englobem as diversas fitofisionomias presentes nos biomas, inclusive áreas destinadas à recuperação da vegetação, além de áreas que garantam a proteção de encostas e corpos d’água; • Criação de corredores ecológicos para interligar as áreas fragmentadas ou unidades de conservação; • Investir no desenvolvimento de políticas públicas dirigidas à promoção de sistemas produtivos, atividades extrativistas sustentáveis e investimento na educação básica voltada à valorização e ao respeito à riqueza natural do semiárido; • Fomentar a realização de estudos integrando diversos grupos biológicos para entendimento de processos ecológicos, tais como reprodução de espécies vegetais e interações animais-plantas; • Controlar a invasão da vegetação nativa por espécies exóticas. Espécies ameaçadas presentes no semiárido Um dos principais impactos ambientais que ocorrem no semiárido hoje é a extinção de várias espécies nativas tanto de flora como de fauna. A extinção é um processo natural que vem acontecendo desde a origem da vida, onde espécies se extinguem enquanto outras se especiam (processo de formação de novas espécies). A interferência do homem promove um aceleramento nesses processos de extinção sem que as espécies tenham chance de se adaptarem e, consequentemente, se especiarem. Veja abaixo uma lista das principais espécies que se encontram ameaçadas de extinção no semiárido: Flora Gomphrena chrestoides, Myracrodruon urundeuva > Aroeira-do-sertãoSchino, psis brasiliensis > Brauna, baraúna, Blepharodon hirsutum, Cynanchum morrenioides, Tabebuia selachidentata, Aechmea cariocae, Aechmea eurycorymbus, Orthophytum amoenum, Brasilicereus markgrafii, Cipocereus pusilliflorus, Coleocephalocereus purpureus, Discocactus horstii, Espostoopsis dybowskii, Facheiroa cephaliomelana ssp estevesii, Melocactus azureus > Cacto, Melocactus deinacanthus > Cacto, Melocactus glaucescens > Cacto, Melocactus pachyacanthus > Cacto, Micranthocereus auriazureus > Cacto, Rhynchospora warmingii, Syngonanthus bahiensis, Syngonanthus harleyii, Syngonanthus mucugensis > Sempre-viva-de-mucugê, Erythroxylum bezerrae > Pirunga, maçarenga, Erythroxylum pauferrense> Guarda-orvalho, pau-crioulo, Erythroxylum tianguanum, Isoetes luetzelburgii, Hyptis carvalhoi, Hyptis pinheroi, Hyptis simulans, Cattleya labiata > Catléia, parasita-roxa, orquídea, Cattleya tenuis > Orquídea, Thelyschista ghillanyi > Orquídea, Lippia bromleyana, Xyris almae, Xyris morii
Invertebrados Arachnida,Charinus troglobius > Aranha-chicote, Ianduba caxixe > Aranha, Ianduba paubrasil > Aranha, Ianduba vatapá > Aranha, Giupponia chagasi > Opilião, Gastropoda, Tomigerus (Biotocus) turbinatus > Caracol, Insecta, Coarazuphium cessaima > Besouro, Coarazuphium tessai >Besouro, Megasoma gyas rumbucheri > Besouro-de-chifre Anfíbios Amphibia, Adelophryne baturitensis > Rãzinha, Adelophryne maranguapensis > Rãzinha Répteis Reptilia, Cnemidophorus abaetensis > Lagartixa-de-Abaeté, Bothrops pirajai > Jararaca Aves Phaethornis ochraceiventris camargoi > Besourão-de-bico-grande, Thalurania watertonii > Beija-flor-dascostas-violetas, Thalasseus maximus > Trinta-réis-real, Picumnus limae > Pica-pau-anão-da-caatinga, dontophorus capueira plumbeicollis > Uru-do-nordeste, Iodopleura pipra leucopygia > Anambezinho, Procnias averano averano > Araponga-de-barbela, Dendrocincla fuliginosa taunayi > Arapaçu-pardo-donordeste, Xiphorhynchus fuscus atlanticus > Arapaçu-de-garganta-amarela-do-nordeste, Caryothraustes canadensis frontalis > Furriel-do-nordeste, Carduelis yarrellii > Pintassilgo-baiano, Automolus leucophthalmus lammi > Barranqueiro-do-nordeste, Sclerurus scansor cearensis > Vira-folhas-cearense, Synallaxis infuscata > Tatac, Xenops minutus alagoanus > Bico-virado-liso, Antilophia bokermanni > Soldadinho-do-araripe, Schiffornis turdinus intermedius > Flautim-marrom, Cercomacra laeta sabinoi > Chororó-didi, Herpsilochmus pectoralis > Chorozinho-de-papo-preto Mamíferos Mammalia Felinos Leopardus pardalis mitis > Jaguatirica, Leopardus tigrinus > Gato-do-mato, Puma concolor greeni > Onça-vermelha, suçuarana, onça-parda, Morcego Platyrrhinus recifinus > Morcego Primatas Cebus xanthosternos > Macaco-prego-de-peito-amarelo, Callicebus barbarabrownae > Guigó, Callicebus coimbrai > Guigó-de-Coimbra-Filho Roedores Callistomys pictus > Rato-do-cacau, Phyllomys unicolor > Rato-da-árvore, Chaetomys subspinosus > Ouriço-preto, Xenarthra, Bradypus torquatus > Preguiça-de-coleira, Tolypeutes tricinctus > Tatu-bola, Myrmecophaga tridactyla > Tamanduá-bandeira.
CONSERVAÇÃO DA CAATINGA A Caatinga é uma das regiões semiáridas mais populosas do mundo. O sistema vem sofrendo historicamente drásticas modificações devido às ações humanas. O estudo "A Conservation Assessment of the Terrestrial Ecoregions of Latin America and the Caribbean", realizado pelo Banco Mundial e a WWF, define prioridades para a conservação da biodiversidade, as quais são estabelecidas em seis níveis por ordem de relevância, assim estipulados: Prioridades I, I, II, III, IV e V. O ecossistema caatinga está classificado no nível Iª. Esta alta prioridade é alcançada quando se considera que além da situação de vulnerabilidade do ecossistema, deva ser acrescentada a sua representatividade para a biorregião. Com efeito, "os domínios de caatinga" estão presentes em quase todo o Nordeste brasileiro, ou ainda, mais precisamente, na área denominada de Polígono das Secas, que inclui parte do norte do estado de Minas Gerais. A essa representatividade, somam-se os aspectos físicos e as formas de exploração econômica do ecossistema, resultando daí a sua vulnerabilidade. Realmente, a forma de exploração adotada através dos tempos contribuiu fortemente para que o Nordeste se tornasse, hoje, a área mais vulnerável do país à incidência da degradação ambiental: meio ambiente frágil, fundamentado em grande parte sobre um embasamento cristalino, com solos rasos, com amplas zonas tropicais semiáridas e forte pressão demográfica. Além disso, a questão econômico-social da grande parcela da população nordestina, residente no semiárido de dominação da caatinga é, sem dúvida, a causa principal de degradação do ecossistema. O uso dos recursos da flora e da fauna pelas necessidades do homem nordestino é uma constante, já que ele não encontra formas alternativas para o seu sustento. A lenha e o carvão vegetal, juntos, são a segunda fonte de energia na região, perdendo somente para a eletricidade. Em 1992, a lenha e a estaca destacaram-se como os principais produtos de origem florestal. No Ceará 91% das Unidades de Produção Rural (UPR) extraíram lenha, enquanto 46% produziram estacas. A cobertura vegetal está reduzida a menos de 50% da área dos estados e a taxa anual de desmatamento é de aproximadamente meio milhão de hectare. Por outro lado, o desmatamento e a caça de subsistência são os principais responsáveis pela extinção da maioria dos animais de médio e grande porte nativos do semiárido. O hábito de consumir animais da fauna autóctone é antigo, vindo desde antes da colonização e, ainda hoje, é grande a importância social da fauna nativa nordestina. As principais fontes de proteína animal das populações sertanejas continuam sendo a caça e a pesca predatórias. Durante as grandes secas periódicas, quando as safras agrícolas são frustradas e os animais domésticos dizimados pela fome e pela sede, a caça desempenha importante papel social na região, por fornecer carne de alto valor biológico às famílias famintas do sertão. Mesmo com todas essas ameaças, o percentual de áreas protegidas e/ou sob forma de unidades de conservação é insignificante. Embora ocupe 11% do território nacional, apenas 0,45% desta eco região encontra-se em unidades de conservação, a maioria destas protegendo hábitats de transição entre caatinga e outros sistemas, como o cerrado e a mata atlântica. PERFIL DO ESTADO DO CEARÁ A expectativa de vida do cearense foi de 71,0 anos em 2009, com uma das maiores diferenças do País entre os homens (66,8 anos, 0,1 ano a menos que a média nordestina) e as mulheres (75,4 anos, 1,3 ano a mais que a média nordestina). O valor atual representa uma melhora de 5,3% em relação à de 1999 (67,4 anos). Assim, o estado acompanhou e até superou o aumento geral da esperança de vida do brasileiro, que foi de 4,4% (passando de 70,0 para 73,1 anos no mesmo período). Ainda assim, está muito inferior à maior expectativa de vida do País, que é a do Distrito Federal(75,8 anos). O Ceará foi o estado que mais diminuiu a mortalidade infantil de 1980 a 2006, atingindo 30,8 por mil a partir da altíssima taxa de 111,5 por mil de 1980. Houve, portanto, uma redução de 72,4%. Ainda assim, o Ceará em 2008 estava acima da taxa de mortalidade nacional de 24,9 por mil. Por outro lado, dentre os estados nordestinos, só perde para o Piauí (29,3 mortes por mil nascimentos). Seu desenvolvimento humano, contudo, ainda é muito incipiente, embora tenha gradualmente avançado: de um IDH de 0,604 em 1991, passou a 0,723 em 2005. O componente do IDH que mais avançou foi o da Educação, que passou de 0,604 para 0,808 no mesmo período, sobretudo devido ao grande aumento da matrícula de jovens. Em 2008, o Ceará atingira índices sociais mais altos que a média do Nordeste em diversos aspectos, como a expectativa de vida, escolaridade média e analfabetismo funcional, e apresentava tendência à diminuição de sua disparidade com relação à média do Brasil, superando já o índice nacional no tocante ao desemprego, ao índice de Gini e à razão entre
os 10% mais ricos e os 50% mais pobres da população, denotando uma desigualdade de renda que, outrora maior que a brasileira, tornou-se ligeiramente menor a partir de 2006 Economia
Evolução do PIB (R$) Ano
PIB (R$ 1.000)
Per Capita
2006
R$ 46.303.000
5.634
Quase metade da economia cearense se concentra na capital. Em 2008, o PIB cearense, em preços de mercado, 2007 R$ 50.331.383 6.149 foi de R$ 60.098.877.000, dos quais 47,17% estão 2008 R$ 60.099.000 7.112 concentrados na capital Fortaleza, segundo estudo do 2009 R$ 64.713.000* 7.800* Ipece.[126] Há um suave processo de desconcentração da riqueza no Estado, visto que em 2004 a capital 2010 R$ 74.949.000* 8.900* representava 47,80% do PIB estadual. Por outro lado, as cidades mais ricas, no geral, seguem aumentando sua proporção em relação ao PIB total. Destacam-se além da capital: Maracanaú (5,19%),Juazeiro do Norte (3,31%), Caucaia (3,25%), Sobral (2,83%), Eusébio (1,56%), Horizonte (1,39%), Maranguape(1,07%) , Crato (1,07%) e São Gonçalo do Amarante (1,02%). Os cinco municípios com PIB per capita mais altos no Ceará são: Eusébio (R$ 23.205), Horizonte (R$ 15.947), Maracanaú (R$ 15.620), São Gonçalo do Amarante (R$ 14.440) e Fortaleza (R$ 11.461), todos muito acima da média estadual, que é de R$ 7.112. Os dez municípios de maior PIB abrangem 67,86% do PIB total. A partir da década de 1960 houve uma progressiva industrialização e urbanização, que ganhou impulso a partir da década de 1980, em parte devido à política de concessão de benefícios fiscais a empresas que se instalassem no estado. Atualmente, embora sendo ainda uma economia sub-industrializada em relação a vários outros estados do Brasil, a economia cearense não é mais baseada sobretudo nas atividades agropecuárias, sendo preponderante o setor terciário de comércio e serviços, com grande destaque para o turismo. Apesar disso, aquelas ainda possuem grande relevância na economia do estado, em especial a pecuária, mas há também crescente importância de cultivos não-tradicionais no estado, como a produção de frutas e legumes no Vale do Rio Jaguaribe e de flores na Serra da Ibiapaba e no Cariri. Desde 2004 a economia cearense vem crescendo, moderada, mas sustentadamente, entre 3,5% e 5% ao ano.[128] Em 2007 o crescimento foi de 4,4%, e em 2008 de 6,5%, sendo o primeiro inferior à média brasileira para aquele ano e o segundo bastante superior, principalmente devido à forte recuperação da agropecuária cearense (24,59%) aliada à manutenção em níveis altos do crescimento da indústria (5,51%) e do setor de serviços (5,21%). Em 2009, apesar da crise econômica internacional e de perdas no setor primário, o PIB cearense cresceu 3,1%, bastante acima do resultado do PIB brasileiro, de -0,2%, sobretudo devido ao bom desempenho do setor de serviços.[3] Com isso, o PIB cearense atingiu pela primeira vez um patamar de mais de 2% da produção nacional.[129] Uma estimativa feita pelo IPECE mostra que o PIB do Ceará teve um crescimento nominal recorde, quando cresceu 10 bilhões, quando comparado o ano de 2010 com o ano de 2009.[130] Em 2010 também foi registrado o recorde de participação da economia cearense na economia nacional. Tal participação que era de 1,89% em 2007, subiu para 2,04% em 2010.
Setor primário Destacam-se na atividade agrícola: feijão, milho, arroz, algodão herbáceo, algodão arbóreo, castanha de caju, cana-de-açúcar, mandioca, mamona, tomate,banana, laranja, coco e, mais recentemente, a uva Recentemente tem crescido um pólo de agricultura irrigada dirigida principalmente à exportação, em áreas próximas à Chapada do Apodi, dedicando-se especialmente ao cultivo de frutas como melão e abacaxi.
Outro destaque muito recente é o do cultivo de flores, que tem ganhado importância especialmente na Cuesta da Ibiapaba. Na pecuária os rebanhos de maior representatividade são: bovinos, suínos, caprinos, eqüinos, aves, asininos, carcinicultura e ovinos. Os principais recursos minerais extraídos do solo cearense são: ferro, água mineral, calcário, argila, magnésio, granito, petróleo, gás natural, sal marinho,grafita, gipsita, urânio bruto. O município de Santa Quitéria, na localidade de Itataia, possui uma das maiores reservas de urânio do Brasil. Setor secundário Os principais setores da indústria cearense são vestuário, alimentícia, metalúrgica, têxtil, química e calçadista. A maioria das indústrias esta instalada na Região Metropolitana de Fortaleza, com destaque para Fortaleza,Caucaia e Maracanaú onde se encontra o Distrito Industrial de Maracanaú sendo um importante complexo industrial, dinamizando a economia do estado do Ceará.[134] Em Caucaia e São Gonçalo do Amarante será instalada a ZPE do Ceará no Complexo Industrial e Portuário do Pecem onde serão instaladas uma siderúrgica e uma refinaria de petróleo. A Federação das Indústrias do Estado do Ceará é a entidade sindical dos donos das empresas. A entidade congrega a maioria dos donos e dirigentes industriais. Algumas das grandes empresas do Ceará com alcance nacional vinculadas a FIEC são: Aço Cearense, Companhia de Alimentos do Nordeste,Grendene, Café Santa Clara, Grande Moinho Cearense, Grupo Edson Queiroz, Indústria Naval do Ceará, J. Macêdo, M. Dias Branco, Troller e Ypióca. Setor terciário O comércio é muito marcante na economia do Ceará compondo o PIB do estado com mais de 70% A Associação Comercial do Ceará foi a primeira instituição classista cearense, fundada em 1866. Atualmente a principal instituição comercial no estado é a Federação do Comércio do Estado do Ceará(Fecomercio). Algumas redes de comércio varejista filiadas a Fecomercio com destaque no nacional são Rede de Farmácias Pague Menos, Cone Pizza,Otoch e Esplanada. Em 2009 foi iniciada a construção da segunda central de abastecimento do estado que ficará na região do Cariri e complementará a distribuição de alimentos juntamente com a Ceasa da RMF.[136]Complementando a atividade comercial da Ceasa, todas as cidades mantêm mercados municipais. Em Fortaleza existem vários Shopping centers: Iguatemi Fortaleza, North Shopping (Fortaleza), Shopping Aldeota, Shopping Benfica, Shopping Center Um, Shopping Del Paseo e Shopping Via Sul. Além desses, somente outros dois shoppings ficam fora da capital: o Maracanau Shopping Center, que fica em Maracanaú e o Cariri Shopping, que fica em Juazeiro do Norte Ciência e Tecnologia O Ceará mantém a Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico como principal instituição de fomento científico e tecnológicodo estado.[138] Fazem parte ainda do sistema de C&T do Ceará a Fundação Cearense de Meteorologia, a Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará e as universidades estaduais. O Governo federal tem duas unidades da Embrapa no estado: Embrapa Agroindústria Tropical em Fortaleza e Embrapa Caprinos em Sobral. Instituições privadas de destaque são o Instituto Atlântico e o Instituto de Tecnologia da Informação e Comunicação.O principal espaço de
desenvolvimento científico do estado é o Campus do Pici, em Fortaleza, abrigando boa parte dos laboratórios da Universidade Federal do Ceará e outras instituições como o Centro Nacional de Processamento de Alto Desempenho no Nordeste e a sede da rede GigaFOR e vários cursos de pósgraduação. Em todo o estado são ofertados 108 cursos de pós-graduação sendo 69 de mestrado e 29 de doutorado. Ceará tem destaque na história e na pesquisa astronômica do Brasil. O Rádio-Observatório Espacial do Nordeste do INPE instalado em Eusébio é o maiorradiotelescópio do Brasil. A Sociedade Brasileira dos Amigos da Astronomia (SBAA), com sede em Fortaleza, é uma das principais instituições divulgadoras da astronomia no país. Esqueleto do Anhanguera no "North American Museum of Ancient Life". Em 2009, Ano Internacional da Astronomia, o Ceará passou e integrar a Rede Internacional de Centros para Astrofísica Relativística (Icranet). Essa integração visa orientar os cursos de graduação em física das universidades UVA e UECE, respectivamente em Sobral e Fortaleza, para estudos nas áreas de astrofísica, astronomia e criar um programa de pós-graduação específico na UECE. O primeiro registro de fósseis no Brasil se deu com o livro "Viagem pelo Brasil" (Reise in Brasilien), publicado entre 1823 e 1831, relatando a descoberta de um peixe Rhacolepis na atual cidade de Jardim.] A bacia sedimentar da Chapada do Araripe conta com uma formação muito rica em fósseis da flora e fauna do Cretáceo, boa parte em excelente estado de preservação, sobretudo na cidade de Santana do Cariri. Os fósseis da região tem sido importantes para comprovar a deriva dos continentes africano e sul-americano. Nessa área foi estabelecido o Geoparque Araripe, o primeiro do gênero no Hemisfério Sul, visando a proteger sua significativa importância geológica e paleontológica. O trecho mais importante do geoparque é a Formação Santana, que se destaca por conter os primeiros registros de tecidos moles (não ósseos) de pterossauros e tiranossauros do mundo, as primeiras fanerógamas fósseis da América do Sul e várias espécies de peixes fossilizados. Na cidade de Santana do Cariri existe o Museu de Paleontologia da Universidade Regional do Cariri que ajuda no estudo e divulgação científica paleontológica.
Educação A primeira instituição de ensino do Ceará foi o Liceu do Ceará fundado em 1845 em Fortaleza. Fortaleza concentra o maior número de escolas particulares do estado. O Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará, transformado em Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, que comanda as unidades de ensino técnico em várias cidades do interior do estado e o Colégio Militar de Fortaleza são importantes unidades de ensino federal no estado. No Ceará a taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade em 2007 foi de 19,2% e de analfabetos funcionais foi de 30,7%, valores acima da média nacional. A média de estudo dos cearenses acima de 10 anos é de 5,9 anos, acima da média nordestina, mas bem abaixo da nacional, e a grande disparidade entre a capital e o interior fica clara, com a Região Metropolitana de Fortaleza obtendo média muito superior, de 7,2 anos. Dados de 2008 demonstram que as gerações mais antigas sofreram com o escasso acesso à educação comparado aos jovens: a média de anos de estudo chega a 8,9 anos na faixa de 20-24 anos, mas cai abruptamente para só 2,8 anos na faixa de 60 anos ou mais de idade. Quanto ao índice de desenvolvimento da educação básica (IDEB), o Estado obteve em 2009 as melhoras notas da Região Nordeste em todas as categorias: para alunos da 4ª e 5ª séries do ensino
fundamental, 4,4 (11ª mais alta no ranking nacional), seguida por Pernambuco (4,1); para os da 8ª e 9ª séries, a nota 3,9 (10ª melhor do País), seguida por Piauí (3,8); e para os do 3º ano do ensino médio, 3,6 (8ª melhor), seguida por Paraíba (3,4).
Resultados no ENEM
A rede de ensino do estado no ano de 2007 era composta por 17.234 escolas sendo 7.668 pré-escolares, 8.773 de ensino fundamental e 793 de ensino médio. Estas escolas receberam 2.290.213 matriculas sendo 261.030 no
Ano
Português
Redação
2006 Média
34,74 (12º) 36,90
51,59 (10º) 52,08
2007 Média
46,73 (15º) 51,52
55,10 (14º) 55,99
38,13 (13º) 41,69
59,15 (9º) 59,35
2008
Média pré-escolar, 1.624.943 no fundamental e 404.240 no ensino médio Servindo a rede havia 92.636 docentes sendo 12.988 no pré-escolar, 63.651 no fundamental e 15.997 no ensino médio. Em 2005 o Ceará abrigava 47 instituições de ensino superior com 6.797 docentes e 99.597 alunos matriculados.]A Universidade Federal do Ceará foi a primeira do estado, fundada em 1954. Atualmente existem além da UFC, mais 4 universidades: Universidade Estadual do Ceará,Universidade Regional do Cariri e Universidade Estadual Vale do Acaraú mantidas pelo governo do estado e a Universidade de Fortaleza particular. Futuramente é prevista a criação da Universidade Federal de Integração Luso-Afrobrasileira na cidade de Redenção. Saúde Durante o século XIX somente oitenta cearenses foram diplomados pelas duas faculdades de medicina existentes no Brasil. Desses, somente trinta voltaram para o Ceará. Em 1861 ficou pronto o primeiro hospital do estado, Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza, que foi o foco de combate à várias pestes que assolaram o estado: varíola, febre amarela e cólera na década anterior.[161] Nos primeiros anos do século XX foi fundada a primeira entidade médica do Ceará, Associação Médica Cearense, em 1913. Em 1925 iniciou-se as atividades da Santa Casa de Misericórdia de Sobral, sendo até hoje o maior hospital do interior cearense. Durante toda a década de 1930 houve um surto de malária no estado. Os principais hospitais públicos do estado estão concentrados na Capital. Atualmente o sistema de saúde pública cearense é composto por hospitais municipais e estaduais, totalizando 164 unidades hospitalares com internação e 2.198 sem internação O Hospital Geral de Fortaleza é o maior hospital público. O Instituto Doutor José Frota é o maior hospital de emergência. Dois hospitais de grande porte serão construídos durante o atual governo do estado nas regiões do Cariri e Sobral para diminuir a superlotação do sistema de saúde cearense. O sistema também é composto por centenas de postos de saúde e centenas de equipes do Programa de Saúde da Família em quase todos os municípios. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência está sendo implantado em todas as regiões do Ceará. O atendimento médico privado é bastante desenvolvido com um total de 127 hospitais, destacando-se os hospitais São Mateus, Antônio
Prudente, Unimed,Monte Klinikum. Há grande disparidade no acesso a médicos e a leitos hospitalares. Os municípios com mais médicos por mil habitantes são Barbalha (3,6 por mil), Guaramiranga (2,6) e Aracoiaba (2,3) — Fortaleza é a 9ª com mais médicos em termos proporcionais (1,5 por mil) —, enquanto os que possuem menos são Varjota, Granja e Pires Ferreira, todos com apenas 0,2 médico por mil. Barbalha também se destaca como a cidade com mais leitos por mil habitantes (8,1), seguida por Brejo Santo (6,0), Jati (5,9) e Crato (5,4), enquanto as que apresentam menos leitos possuem índices muito menores:Forquilha (0,1), Pacatuba (0,3) e Beberibe (0,5).
Caatinga Dentre os principais tipos de vegetação do semiárido, nenhum é mais característico do que a caatinga. Ocupando uma área de aproximadamente 955.000 km2 , está presente em todos os estados inseridos no semiárido. Vale a pena ressaltar que o bioma caatinga, no qual este tipo de vegetação está inserida, não é compartilhado com nenhum outro país. A vegetação considerada mais típica de caatinga encontra-se nas depressões sertanejas, uma ao norte e outra ao sul do bioma. Essa vegetação se caracteriza por apresentar um estrato arbóreo de porte relativamente baixo, até 5 m. As árvores e arbustos geralmente têm troncos finos, frequentemente armados, com folhas pequenas ou compostas e folhagem decídua na estação seca. Cactos e bromélias terrestres são, também, elementos importantes da paisagem da caatinga. O estrato herbáceo é efêmero e constituído principalmente por terófitas e geófitas que aparecem apenas na curta estação chuvosa. Olhar para uma paisagem da caatinga em período seco pode fazer-nos acreditar que este é um ambiente sofrido, pobre e deserto. Durante muito tempo se acreditou que a caatinga seria o resultado da degradação de formações vegetais mais exuberantes, como a Mata Atlântica ou a Floresta Amazônica. Essa crença sempre levou à falsa idéia de que o bioma seria homogêneo, com biota pobre em espécies e em endemismos, estando pouco alterado desde o início da colonização do Brasil ou ameaçado, tratamento este que permitiu a degradação do meio ambiente e a extinção em âmbito local de várias espécies. Sabe-se hoje que a vegetação de caatinga é bastante heterogênea. Para se ter uma idéia, somente no Ceará, ela pode apresentar-se na forma de caatinga arbórea (com árvores que chegam a alcançar de 8 a 15 metros de altura), caatinga arbustiva (constituído significativamente por lianas e cactáceas), carrasco (onde predomina um estrato arbustivo bastante fechado), mata seca (de fisionomia arbóreoarbustiva, presente em locais de maior altitude) e cerradão (com árvores de grande porte e vegetação densa e fechada). A vegetação do bioma é extremamente diversificada, incluindo, além das caatingas, vários outros ambiente associados. São reconhecidos 12 tipos diferentes de Caatingas, que chamam atenção especial pelos exemplos fascinantes de adaptações aos hábitats semi-áridos. Tal situação pode explicar, parcialmente, a grande diversidade de espécies vegetais, muitas das quais endêmicas ao bioma. Estima-se que pelo menos 932 espécies já foram registradas para a região, sendo 380 endêmicas. A caatinga é um tipo de formação vegetal com características bem definidas: árvores baixas e arbustos que, em geral, perdem as folhas na estação das secas (espécies caducifólias), além de muitas cactáceas. A caatinga apresenta três estratos: arbóreo (8 a 12 metros), arbustivo (2 a 5 metros) e o herbáceo (abaixo de 2 metros). Contraditoriamente, a flora dos sertões é constituída por espécies com longa história de adaptação ao calor e à seca, é incapaz de reestruturar-se naturalmente se máquinas forem usadas para alterar o solo. A degradação é, portanto, irreversível na caatinga. O aspecto geral da vegetação, na seca, é de uma mata espinhosa e agreste. Algumas poucas espécies da caatinga não perdem as folhas na época da seca. Entre essas destaca-se o juazeiro, uma das plantas mais típicas desse ecossistema. Ao caírem as primeiras chuvas no fim do ano, a caatinga perde seu aspecto rude e torna-se rapidamente verde e florida. Além de cactáceas, como Cereus (mandacaru e facheiro) e Pilocereu (xiquexique), a caatinga também apresenta muitas leguminosas (mimosa, acácia, emburana, etc.). Algumas das espécies mais comuns da região são a emburana, a aroeira, o umbu, a baraúna, a maniçoba, a macambira, o mandacaru e o juazeiro. No meio de tanta aridez, a caatinga surpreende com suas "ilhas de umidade" e solos férteis. São os chamados brejos, que quebram a monotonia das condições físicas e geológicas dos sertões. Nessas ilhas, é possível produzir quase todos os alimentos e frutas
peculiares aos trópicos. As espécies vegetais que habitam esta área são em geral dotadas de folhas pequenas, uma adaptação para reduzir a transpiração. Gêneros de plantas da família das leguminosas, como Acacia e Mimosa, são bastante comuns. A presença de cactáceas, notavelmente o cacto mandacaru (Cereus jamacaru), caracterizam a vegetação de caatinga; especificamente na caatinga da região de Morro do Chapéu, é característica a palmeira licuri (Syagrus coronata). Quando chove na caatinga, no início do ano, a paisagem e seus habitantes se modificam. Lá vive a ararinha-azul, ameaçada de extinção. Outros animais da região são o sapo-cururu, a asa-branca, a cotia, a gambá, o preá, o veado-catingueiro, o tatu-peba e o sagui-do-nordeste, entre outros.A situação de conservação dos peixes da Caatinga ainda é precariamente conhecida. Apenas quatros espécies que ocorrem no bioma foram listadas preliminarmente como ameaçadas de extinção, porém se deve ponderar que grande parte da ictiofauna não foi ainda avaliada. São conhecidas, em localidades com feição características da caatinga semi-áridas, 44 espécies de lagartos, 9 espécies de anfisbenídeos, 47 de serpentes, quatro de quelônios, três de crocolia, 47 de anfíbios - dessas espécies apenas 15% são endêmicas. Um conjunto de 15 espécies e de 45 subespécies foi identificado como endêmico. São 20 as espécies ameaçadas de extinção, estando incluídas nesse conjunto duas das espécies de aves mais ameaçadas do mundo: a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) e a arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari). Levantamentos de fauna na Caatinga revelam a existência de 40 espécies de lagartos, 7 espécies de anfibenídeos (lagartos sem patas), 45 espécies de serpentes, 4 de quelônios, 1 de crocodiliano, 44 anfíbios. Também constituída por diversos tipos de aves, algumas endêmicas do Nordeste, como o patinho, chupa-dente, o fígado, além de outras espécies de animais, como o tatu-peba, o gato-do-mato, o macaco prego e o bicho preguiça. Destaca-se também a ocorrência de espécies em extinção, como o próprio gato-do-mato, o gato-maracajá, o patinho, a jararaca e a sucuri-bicode-jaca. A Caatinga possui extensas áreas degradadas, muitas delas incorrem, de certo modo, em rsico de desertificação. A fauna da Caatinga sofre grande prejuízos tanto por causa da pressão e da perda de hábitat como também em razão da caça e da pesca sem controle. Também há grande pressão da população regional no que se refere à exploração dos recursos florestais da Caatinga. A Caatinga carece de planejamento estratégico permanente e dinâmico com o qual se pretende evitar a perda da biodiversidade do seu bioma. Biodiversidade Estudos recentes indicam que grande parte do patrimônio biológico da Caatinga não é encontrada em nenhum outro lugar do mundo. Mesmo diante de tamanha importância, a Caatinga é o terceiro bioma mais devastado do Brasil, numa lista encabeçada pela Amazônia, seguida pelo Cerrado. Porém, se considerarmos o número de áreas protegidas nestes três biomas, a Caatinga possui o menor número de unidades de conservação, sendo portando o bioma mais vulnerável. Cerca de 45% de sua área já foi desmatada. Somente entre 2002 e 2008, a caatinga perdeu 16.500 km² de sua cobertura original. A taxa anual média de desmatamento entre 2002 e 2008 foi de 2.763 km². Por ter essas especificidades, o Semiárido apresenta alto grau de espécies endêmicas. Essas espécies apresentam suas adaptações ao semiárido, as plantas são caducifólias (perdem suas folhas nas estações secas) e apresentam folhas modificadas em espinhos para evitar a perda d’água. Os répteis e os anfíbios, por exemplo, tem hábitos noturnos, apresentam atividades fortemente relacionadas ao período chuvoso, vivem próximos a locais úmidos, desovam em ninhos de espuma e se enterram para sobreviver a períodos mais secos. Algumas espécies endêmicas estão listadas abaixo:
Flora Copaifera mortii > Copaibarana Cordia leucomalloides > Pau-d’óleo Croton argirophyloides > Marmeleiro-branco Hymenaca eriogyme > Jatobá Mimosa caesalpinifolia > Sabiá Auxemna oncocalyx > Pau-branco-preto Zanthoxyllum stelligerum > Limãozinho
Mamíferos Kerodon rupestris > mocó Wiedomys pyrrhorhinus > rato Aves Caprimulgus hirundinaceus cearae > Bacurauzinho-da-caatinga Paroaria dominicana > Galo-de-campina Picumnus pygmaeus > Pato-de-asa-branca Sakesphorus cristatus > Choca-do-nordeste Hylopezus ochroleucus > Torom-do-nordeste Gyalophylax hellmayri > João-chique-chique Megaxenops parnaguae > Bico-virão-da-caatinga BIODIVERSIDADE Devido às condições tremendamente agrestes deste ecossistema, a biodiversidade não é muito grande, em se comparando com outros. FLORA Entre as principais espécies vegetais estão:
Schinopsis brasiliensis;Baraúna Copernicia prunifera;Carnaubeira Tabebuia caraiba;Craibeira Zizyphus joazeiro; Juazeiro Hancornia speciosa;Mangabeira Auxemma oncocalyx;Pau-branco Spondiar tuberosa; Umbuzeiro
Insa e Embrapa apresentam alternativas econômicas para o Semiárido Com uma extensão de 969.589 Km², distribuídos por 1.133 municípios, o Semiárido brasileiro (SAB) oferece ao país grande potencial econômico, desde que respeitadas as condições climáticas da região, que abriga mais de 23 milhões de brasileiros. Esta é a avaliação do Instituto Nacional do Semiárido (Insa) e da Embrapa Semiárido de Petrolina (PE). Para o diretor-adjunto do Insa, Alberício Pereira de Andrade, para estimular o desenvolvimento da região é imprescindível, primeiramente, desconstruir o conceito de que irrigar a área é a única alternativa viável. ―Nosso desafio requer um trabalho inovador, um rompimento de alguns conceitos construídos ao longo dos anos. Claro que água é fundamental, mas não é a única solução para o SAB‖, destacou durante a 4ª Conferência Regional Nordeste de Ciência, Tecnologia e Inovação, realizada nos dias 15 e 16 deste mês, em Maceió (AL). Já o chefe-geral da Embrapa, Natoniel Franklin de Melo, ressaltou que o Semiárido brasileiro é o mais chuvoso do mundo e desta forma é fundamental intensificar os investimentos em soluções para o armazenamento deste bem natural. ―Uma alternativa que já se estabeleceu como política pública e que tem se mostrado eficiente é a construção de cisternas públicas‖, lembrou. Dentre as iniciativas que podem modificar o cenário de pobreza comum a várias localidades do SAB apontadas pelos especialistas, destaque para a substituição do cultivo de culturas tradicionais por organismos xerófilos (adaptado ao meio seco). Isto significa trabalhar como cultivo regular as plantas nativas e as adaptadas às peculiaridades locais. São plantações como imbuzeiro, maniçoba, umbu, caju, mamãozinho-de-veado, entre outros. ―Nós não conhecemos a nossa diversidade. É fundamental investir em pesquisa, ciência e tecnologia para aproveitar esse potencial‖, reforçou Natoniel de Melo. Para ele, o desenvolvimento de ações neste sentido fortalecerá o comércio exterior e também garantirá a segurança alimentar da população, formada principalmente por
famílias de baixa renda. Exemplo é o município de Petrolina (PE), que tem apostado na agricultura irrigada e se tornou um grande exportador de frutas, movimentando cerca de R$ 500 milhões por ano. ―Só no plantio e colheita da uva são gerados cerca de 70 mil empregos‖, disse Natonielde Melo. Ele também lembrou que a maior parte do solo do Semiárido se estende por rochas cristalinas e desta forma é preciso intensificar ações de PD&I para viabilizar sistemas de produção agrícola nestes locais, além de incentivar o desenvolvimento técnico para novos cultivos e melhoramento genético dessas espécies. Outro nicho promissor apontado é o mercado de carbono. Para o Insa é fundamental maximizar o número de pesquisas com foco no Semiárido, pensando sempre na economia de baixo carbono. ―Nós somos relativamente uma região limpa, com poucas entradas de agrotóxicos e esse é o maior cartão de visitas do SAB. É importante agregar valor aos produtos produzidos aqui, mostrando que eles têm qualidade e emitem poucos gases de efeito estufa para a atmosfera‖, disse o diretor do Insa. Ainda segundo os pesquisadores, devem ser priorizadas iniciativas para o manejo da água, conservação pós-colheita e mudanças nas condições de educação, apostando na educação contextual. ―O estudante precisa reconhecer o seu espaço, saber onde ele vive e o que pode fazer para conservar e viver bem naquelas condições naturais‖, explicou Alberício Pereira. A Embrapa destacou que hoje o potencial de mercado do SAB está focado na bacia leiteira, vinicultura, oleicultura, fruticultura irrigada e no artesanato. ―O que se deve fazer agora é agregar valor a estes produtos, e isto elevará o potencial de geração de emprego e renda‖, completou.
Orientação Técnico-Pedagógica de Execução do Projeto na Área da Cultura e Sociedade. I.
Parte Pedagógica: Sugestões para atividades com o semiárido 1.0. Aulas expositivas dialogadas com os alunos sobre a temática do semiárido 1.1. Uso do mapa múndi, país, região, estado e município; 1.2. Produção textual sobre o semi-árido no gênero narrativo, descritivo ou dissertativo sobre o semiárido seus problemas, desafios e soluções; 1.3. Trabalho de pesquisa sobre o semi-árido (características, políticas públicas, fauna, flora, solo, água, cultura, música, costumes, comidas e a influência do povo do semiárido no território brasileiro); 1.4. Exposição em sala de fotos da realidade do semi-árido brasileiro; 1.5. Levantamento e exposição de gráficos estatísticos sobre a realidade sócio-econômica, ambiental e educacional dos habitantes do semi-árido brasileiro, regional e cearense; bem como estatísticas da população que vive no semiárido no município, Ceará, Nordeste e parte do Sudeste. 1.6. Desenho ou pintura de quadros que retratem a paisagem e a vida no semi-árido; 1.7. Estudo e aprofundamento das questões sociais e econômicas do semi-árido (fome, desnutrição, condição de vida, agricultura, pecuária, analfabetismo, programas sociais, preconceito, etc); usar o dicionário das palavras usadas no semiárido nos conteúdos de linguagens e códigos; 1.8. Identificação das regiões características de semi-árido no próprio município e suas particularidades (transporte, comunicação, saúde, educação, emprego e renda, etc); usar o mapa do slide ou da própria apostila; 1.9. Poesias, literatura de cordel e crônicas que retratam o semi-árido; os recursos fornecidos nas linguagens e códigos ajudarão muito. 1.10. Pesquisar na internet, livros, revistas e jornais sobre personagens que viveram no semiárido e se destacaram no cenário nacional e internacional na música, no esporte, nas ciências, na política, pintura, arquitetura, arte, etc); o aluno perceberá que o fato de morar no semiárido não o impede de crescer, sonhar e conquistar seus sonhos e ideais.
II.
Parte Científica: Conteúdos nas Àreas da Cultura e Sociedade.
CERTAMENTE QUANDO FALAMOS DE SEMIÁRIDO AS SEGUINTES IMAGENS VEEM EM NOSSA MENTE...
Mapa Climático Global – O Clima Semiárido no Mundo
Clima no Mundo A grande diversidade verificada na conjugação dos fatores climáticos pela superfície do planeta dá origem a vários tipos de clima. Os principais tipos de clima são: Polares ou glaciais: ocorrem em latitudes extremamente elevadas, próximas aos círculos polares árticos e Antártico, onde há grande variação na duração do dia e da noite e, consequentemente na quantidade de radiação absorvida ao longo do ano. São climas que se caracterizam por baixas temperaturas o ano inteiro, atingindo no máximo 10 ºC nos meses de verão, em regiões onde a massa de neve e gelo que recobre o solo derrete e o dia é muito mais longo que a noite Temperados: é apenas nas zonas climáticas temperadas que encontramos uma definição clara das quatro estações do ano: primavera, verão, outono e inverno. Há uma nítida distinção entre as localidades que sofrem influência marítima, de amplitude térmica menor, e no interior dos continentes, onde as variações de temperatura diária e anual são bastante acentuadas. Mediterrâneos: apresentam verões quentes e secos, invernos amenos e chuvosos. Do ponto de vista de temperatura, são bastante parecidos com os climas tropicais. Seus índices pluviométricos, no entanto, são um pouco menores e as chuvas ocorrem no outono e no inverno. Tropicais: São climas quentes o ano inteiro, apresentando apenas duas estações bem definidas: inverno ameno e seco, verão quente e chuvoso. Nas localidades de clima tropical sob influência da maritimidade, a amplitude térmica diária e anual é menor e o inverno não é tão seco, em comparação com as regiões que sofrem influência da continentalidade. Áridos ou desérticos: devido à extrema falta de umidade, caracterizam-se por elevada amplitude térmica diária e sazonal. Os índices pluviométricos são inferiores a 250 mm/ano.
Semi-áridos: são climas de transição, que se caracterizam por apresentar chuvas escassas e mal distribuídas ao longo do ano. São encontrados tanto em regiões tropicais (onde as temperaturas são elevadas o ano inteiro) quanto em zonas temperadas (onde os invernos são frios).
Mapa Climático do Brasil – O Clima Semiárido no Brasil
A) CLIMA EQUATORIAL Domina os cerca de 5 milhões de km² da Amazônia Legal. Que corresponde a Amazônia: Acre, Amazonas, Amapá, Rondônia, quase todo o estado do Pará ( menos a porção sudeste), o noroeste do Maranhão e do Mato Grosso e parte de Roraima. Caracteriza-se por temperaturas médias entre 24ºC e 26ºC e sendo no mês mais frio superior a 18ºC , com amplitude térmica anual de até 3 graus, chuvas abundantes (mais de 2.500 mm/ano) e bem distribuídas. A ação da massa equatorial continental (mEc) produz as chuvas locais (ou de convecção). No inverno, ocasionalmente, a região recebe frentes frias originárias da massa polar atlântica (mPa), ocasionando as friagens. A umidade atmosférica é elevada, geralmente superior a 80%. B) CLIMA TROPICAL O clima tropical abrange quase a totalidade da área correspondente ao planalto Brasileiro, domina extensas áreas do planalto Central e das regiões Nordeste e Sudeste. Suas temperaturas são também elevadas, mas este tipo de clima se diferencia do equatorial por apresentar duas estações bem delimitadas pelas chuvas: Apresenta inverno quente e seco e verão quente e chuvoso. As temperaturas médias são superiores a 20ºC, com amplitude térmica anual de até 7ºC e precipitações de 1.000 a 1.500 mm/ano. Mas para o Nordeste, a estação seca vai se tornando mais longa, efetuando-se a transição para o clima semi-árido. No litoral oriental do Nordeste (do Rio Grande do Norte até o litoral baiano), as chuvas tornam-se novamente abundantes, caindo predominantemente no outono e no inverno. Por influência da latitude (mais alta) e do relevo, no Sudeste estas características sofrem algumas modificações, que dão origem ao clima tropical de altitude. C) CLIMA TROPICAL DE ALTITUDE Corresponde às áreas mais altas do relevo brasileiro, representado elevações das serras do Mar e da Mantiqueira, assim como pelo planalto que se estende ao norte de São Paulo, sul de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. As médias mensais de temperatura que caracterizam este clima estão entre 18º e 22ºC, com amplitudes térmicas anuais de 7 a 9ºC e precipitações entre 1.000 e 1.500 mm/ano, não existindo maiores diferenças entre o clima tropical de altitude e o
tropical, pois os meses mais chuvosos, nas áreas de ocorrência deste tipo de clima, coincidem com a primavera e o verão (setembro a março) e os de estiagem, com o outono e inverno(abril a setembro) .O verão tem chuvas mais intensas, devido à ação úmida da massa tropical atlântica (mTa). No inverno, as massas frias originárias da massa polar atlântica (mPa) podem provocar geadas com temperaturas abaixo de 0ºC. D) CLIMA TROPICAL ATLÂNTICO Atua na fachada atlântica desde o sul do Rio Grande do Norte até o sul do Rio Grande do Sul. Temperaturas médias entre 18º e 26ºC, com amplitudes térmicas crescentes à medida que aumenta a latitude. As chuvas abundantes superam 1.200 mm/ano, mas têm distribuição desigual. No litoral do Nordeste, concentram-se no outono e inverno e mais ao sul no verão. E) CLIMA SEMIÁRIDO O clima semi-árido caracteriza-se, predominantemente, pela escassez de chuva. Este tipo de clima domina o sertão nordestino. Quando ocorrem anos normais as chuvas caídas no período próprio atendem às necessidades dos habitantes. A situação torna-se calamitosa apenas quando elas deixam de cair na época devida, prolongando-se assim a estação seca. Alias, as estiagens anormais não ocorrem somente na área compreendida pelo sertão nordestino, mas abrangem também áreas mais distantes das influências do clima semi-árido. Caracteriza-se por médias térmicas elevadas, em torno de 27ºC, com extremos, como Sobral, no Ceará, com uma média mensal de 28,9ºC ( em dezembro). Amplitude térmica anual em torno de 5ºC. Chuvas poucas e irregulares (menos de 800 mm/ano). F) CLIMA SUBTROPICAL Ocorre na maior parte do planalto Meridional. Predomina na zona temperada ao sul do Trópico de Capricórnio, exceto no norte do Paraná. Caracteriza-se por temperaturas médias inferiores a 18ºC, com amplitude térmica anual entre 9 e 13ºC. Nas áreas mais elevadas, o verão é suave e o inverno rigoroso, com geadas constantes e nevascas ocasionais. Muitas chuvas (entre 1.500 e 2.000 mm/ano), e bem distribuídas.
http://noticias.uol.com.br
PRECIPITAÇÃO PLUVIÔMETRICA DO MUNICÍPIO DE ARATUBA – CHUVAS DE 1964 A 1999
Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos - FUNCEME Município: ARATUBA ANO
JAN
FEV
MAR
ABR
MAI
JUN
JUL
AGO
SET
OUT
NOV
DEZ
1964
321,0
383,0
387,7
415,7
336,1
162,1
192,1
66,9
81,0
44,9
3,3
25,0
2.418,8
1965
186,6
101,1
287,1
788,3
418,8
525,8
72,4
4,2
18,3
26,4
10,8
16,5
2.456,3
1966
12,8
80,1
221,2
154,0
307,9
231,2
484,2
34,5
18,8
3,4
7,1
17,0
1.572,2
1967
37,8
466,6
728,1
435,3
691,1
394,5
159,6
105,9
7,4
-
2,2
109,7
3.138,2
1968
150,4
101,4
700,8
330,7
445,1
134,0
146,4
32,9
-
14,8
14,3
75,0
2.145,8
1969
90,7
283,4
290,5
431,7
340,7
311,3
354,8
194,0
25,9
14,7
5,7
4,3
2.347,7
1970
122,4
71,9
323,1
399,2
65,3
169,0
133,4
28,0
4,2
1,4
21,4
16,6
1.355,9
1971
176,0
213,1
352,1
320,6
457,7
245,7
220,4
116,5
37,5
99,2
40,1
47,4
2.326,3
1972
126,6
135,8
401,6
297,5
438,1
230,9
174,9
40,5
1,2
1,5
8,8
112,0
1.969,4
1973
187,3
143,1
220,2
292,2
289,7
286,9
207,6
40,5
18,7
15,8
6,4
54,3
1.762,7
1974
320,0
190,3
358,5
490,8
582,7
232,3
107,4
13,5
93,3
10,4
9,0
71,8
2.480,0
1975
68,7
142,9
245,1
104,6
215,0
276,0
152,4
18,3
53,6
3,8
14,8
120,0
1.415,2
1976
72,8
144,4
202,9
187,0
31,6
71,2
10,8
31,8
3,2
101,8
40,2
38,3
936,0
1977
73,5
233,4
166,5
236,8
414,5
263,5
253,8
-
-
-
7,4
-
1.649,4
1978
47,2
213,4
249,0
270,4
141,5
208,1
79,7
98,3
36,2
44,5
40,8
101,0
1.530,1
1979
7,0
100,9
156,7
101,8
295,5
134,5
36,8
-
21,6
6,8
46,1
2,0
909,7
1980
85,3
325,6
225,6
90,3
43,0
120,1
36,2
-
-
15,8
9,0
30,2
1981
109,0
67,0
406,0
181,4
180,0
101,0
16,0
-
-
-
5,0
1982
88,0
87,0
235,0
200,0
257,0
95,0
43,0
-
-
-
1983
2,0
235,0
219,0
161,0
76,0
-
-
-
-
-
1984
45,0
116,0
237,5
265,0
366,0
154,0
150,0
26,0
-
20,0
1985
105,0
223,5
453,2
370,7
281,4
203,2
294,0
55,0
13,0
1986
74,4
244,6
358,6
552,2
313,9
305,1
102,4
71,2
47,6
1987
27,8
86,9
261,5
248,6
48,6
466,5
48,4
35,0
-
1988
86,7
75,5
204,5
395,1
226,7
141,0
36,0
14,0
1989
137,1
32,0
140,9
251,6
185,7
225,0
270,0
24,0
1990
33,0
119,6
104,6
223,0
132,8
64,2
84,6
1991
39,0
75,8
234,0
122,0
260,5
52,1
17,4
1992
90,8
344,6
179,5
230,2
-
70,8
1993
29,7
36,4
112,2
78,6
36,2
41,0
1994
89,6
101,0
173,8
175,3
164,3
1995
85,4
120,4
158,6
252,6
1996
192,6
96,6
180,3
263,1
1997
32,1
64,0
95,2
131,1
ANOS
34
34
34
34
TOTAL
981,1
107
1.065,4
-
-
1.005,0
-
-
693,0
-
-
1.379,5
-
-
70,0
2.069,0
47,5
49,0
51,0
2.217,5
-
-
-
1.223,3
17,0
-
14,0
51,0
1.261,5
15,0
-
-
67,0
1.348,3
38,0
43,0
26,2
13,4
14,5
896,9
22,5
1,0
16,0
3,2
5,0
848,5
19,4
-
10,4
27,6
19,8
3,2
996,3
62,0
3,0
2,0
15,2
-
-
416,3
316,9
71,1
9,4
4,1
1,0
6,5
72,0
1.185,0
224,0
150,7
140,4
-
2,0
13,0
10,2
-
1.157,3
107,7
47,5
68,5
80,8
15,0
66,3
37,7
15,5
1.171,6
206,8
5,0
34
34
534,2 33
33
33
33
33
33
MÉDIA
98,0
160,0
272,0
277,0
252,0
189,0
128,0
36,0
17,0
19,0
13,0
39,0
DesPad
76,0
104,0
144,0
150,0
164,0
125,0
110,0
43,0
23,0
26,0
14,0
39,0
MaxAbs
321,0
466,0
728,0
788,0
691,0
525,0
484,0
194,0
93,0
101,0
49,0
120,0
MinAbs
2,0
32,0
95,0
78,0
-
-
-
-
-
-
-
-
A QUESTÃO DA ÁGUA
TOTAL 50.863,4
Disponibilidade Hídrica per capita Unidade/Região
Volume (km3/ano)
NORDESTE
186,2
Maranhão
84,7
Piauí
24,8
Ceará
15,5
População 2000
47.741.711 5.651.475 2.843.278
Disponibilidade per capita m3/hab/ano 3.900 14.987 8.722 2.086
7.430.661 Rio G. do Norte
4,3
Paraíba
4,6
Pernambuco
9,4
7.918.344
1.187
Alagoas
4,4
2.822.621
1.559
Sergipe
2,6
Bahia
35,9
13.070.250
2.747
BRASIL
5.732,8
169.799.170
33.762
2.776.782 3.443.825
1.784.475
1.549 1.336
1.457
Obs: Os valores de disponibilidade referem-se a vazões médias de longo período
A SOLUÇÃO PARA A ESCASSEZ DE CHUVAS NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO Para conviver com a distribuição irregular das chuvas, uma das técnicas mais utilizadas no semi-árido brasileiro é o armazenamento da água em açudes para utilização nos períodos secos. O Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) tem utilizado esta técnica há mais de um século, com a construção de grandes açudes públicos em todos os Estados da região Nordeste.
PLANO DE CONVIVÊNCIA COM A SECA • •
•
As doenças de veiculação hídrica são responsáveis pelas altas taxas de mortalidade infantil e internações hospitalares. É possível mudar esse quadro, a curto e médio prazos, através de experiências simples, aplicando métodos baratos e eficientes de captação e armazenamento de água das chuvas, por meio da construção de Cisternas Rurais, Barragens Subterrâneas, Sistemas Simplificados de Abastecimento de Água, Dessalinizadores,integradas a um processo educativo para um adequado manejo e uso da água, significando saúde para as famílias e convivência do homem com o seu ambiente. No mundo, a cada ano mais de 5 milhões de pessoas morrem acometidas por doenças relacionadas à ingestão de água poluída ou contaminada, ambientes domésticos sujos e saneamento básico impróprio ou inexistente (OMS- 1996
Doença transmitida pela água:
•Cólera, Febre Tifóide, Leptospirose, Giardíase,
Doenças controladas pela limpeza com água
•Escabiose,sepsia Dérmica, Bouba, Lepra, Piolhos
Doenças associadas a água:
•Esquistossomose Urinária, Esquistossomose
Doenças cujos vetores se relacionam com a água
Febre Amarela, Dengue E Febre Hemorrádica Por Dengue, Febre Do Oeste Do Nilo E Do Vale Do Rift, Encefalite Por Arbovírus, Filiarose , Bancroft, Malária, Ancorcercose, Doenças Do Sono Necatoriose, Clonorquíase, Difilobotríase, Fascilose, Paragonimíase
Doenças associadas ao destino de dejetos
Amebiase, Hepatite Infecciosa; •
e Tifo, racoma, Conjuntivite, Desinteria Bacilar, Salmonelose, Diarréia Por Enterovírus, Febre Paratifóide, Ascaridiáse, Tricurose, Enterobiose,
Retal, Dracunculose
PLANO DE CONVIVÊNCIA COM A SECA • No contexto intertropical do Brasil, o Nordeste é a região que possui a maior diversidade de quadros naturais. • O semi-árido abrange uma área de cerca de 900.500 Km2 e caracteriza-se por curtas estações chuvosas e elevado déficit anual. Normalmente assolado por secas cíclicas. Abriga aproximadamente, 29% da população brasileira, dispondo apenas de 3,3 % dos recursos hídricos nacionais. • Dos cerca dos 3,3 milhões dos domicílios rurais existentes no Nordeste, apenas um terço das famílias tem acesso à água de boa qualidade, cabendo à população restante, em períodos críticos, aguardar dias seguidos pela chegadado carro-pipa ou fazer longas caminhadas na busca de água quase sempre imprópria para o consumo humano, acarretando danos à saúde. O deslocamento médio diário para obtenção de água é de 6 Km, equivalente a 1 hora. As famílias rurais, principalmente mulheres e crianças gastam em média 4 dias por mês para o suprimento de água.
ABASTECIMENTO DA POPULAÇÃO RURAL DISPERSA
2.200.000 DOMICÍLIOS RURAIS DO NORDESTE NÃO DISPÕEM DE ÁGUA DE BOA QUALIDADE
Deslocamento e tempo gasto na obtenção de água FONTES DE ÁGUA
3 km média (mulheres e crianças) 1 HORA / DIA
Programa de Abastecimento de Água da População Rural Difusa do Nordeste INDICADORES DE DEMANDAS CONSUMO HUMANO População Rural Difusa •
70 A 100 litros/ per capita/ dia
DISCRIMINAÇÃO
NECESSIDADE
ÁGUA DE BEBER
2A 3
PREPARO DE ALIMENTOS
3A4
.ASSEIO CORPORAL
25 A 32
.LAVAGE M DE ROUPA
20 A 30
.LIMPEZA DE CASA E UTENSÍLIOS DE COZINHA
20 A 30
TOTAL DIÁRIO
70 A 100
CONSUMO ANIMAL • • • • • • • •
BOVINO Boi Gado Vacum (45 a 50 litros/dia) EQUINO Cavalo/ Égua (45 a 50 litros/dia) ASININO Burro/ Jumento (45 a 50 litros/dia) OVINO Ovelha/ Carneiro (8 a 10 itros/dia) CAPRINO Cabra/ Bode (8 a 10 litros/dia) SUÍNO Porco Galinha/Guine/Pato ( 100 cabeças) 15L/dia Peru (100 cabeças) 25L/dia
NORDESTE –SEMI-ÁRIDO - PLUVIOMETRIA E EVAPOTRANSPIRAÇÃO A Região Nordeste ocupa a posição norte-oriental do país, entre 1º e 18º30’ de latitude Sul e 34º30’ e 40º20’ de longitude Oeste de Greenwich. Sua área é de 1.219.021,50 Km2 e equivale a, aproximadamente, um quinto de superfície total do Brasil, abrangendo nove Estados: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. O Semi-Árido Brasileiro se estende por uma área que abrange a maior parte de todos os estados da Região Nordeste (86,48%), a região setentrional do estado de Minas Gerais (11,01%) e o norte do Espírito Santo (2,51%), ocupando uma área total de 974.752 Km2. Apenas uma pequena parcela da região tem uma Média Pluviométrica anual inferior a 400mm. No semi-árido como um todo, essa média sobe para 750mm por ano. Elevado potencial de perda de água por Evapotranspiração, que chega a 2.500mm ao ano;
MAPA DA VEGETAÇÃO/ BIOMAS DO BRASIL
Mata Atlântica: também chamada de Floresta tropical úmida de encosta, a mata atlântica estendia-se originalmente do Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul. Foi na mata atlântica nordestina que começou o processo de extração do pau-brasil. Mata dos Cocais: formação vegetal de transição entre os climas semiárido, equatorial e tropical. As espécies principais são o babaçu e a carnaúba, os estados abrangidos por esse tipo de vegetação são o Maranhão, o Piauí, o Rio Grande do Norte, parte do Ceará e o Tocantins na Região Norte. Cerrado: no Nordeste só abrange o sul do estado do Maranhão e o oeste da Bahia. Apresenta árvores de baixo porte, com galhos retorcidos, no chão é coberto por gramíneas e apresenta um solo de alta acidez.
Caatinga: vegetação típica do sertão, suas principais espécies são o pereiro, a aroeira, o aveloz e as cactáceas. É uma formação de vegetais xerófitos (vegetais de regiões secas), mas é muito rica ecologicamente. Vegetação Litorânea: Na categoria de vegetação litorânea podemos incluir os mangues, que é um riquíssimo ecossistema, local de moradia e reprodução dos caranguejos e importante para a preservação de rios, lagoas; também podemos incluir as restingas e as dunas que são cenários bem conhecidos do Nordeste
O Semiárido no Brasil O clima semiárido é um tipo de clima caracterizado pela baixa umidade e pouco volume pluviométrico, ou seja, escassez de chuvas. Na classificação mundial do clima, o clima semi-árido é aquele que apresenta precipitação de chuvas média entre 300 mm e 800 mm. O clima semiárido está presente no Brasil nas regiões Nordeste e Sudeste. Corresponde a uma área de 982.563,3 quilômetros quadrados e é a região semiárida mais populosa do mundo, com 36 milhões de pessoas. Características do Semiárido
Clima com temperaturas médias anuais entre 26 e 28ºC; Insolação superior a 3.000 horas/ano; Umidade relativa em torno de 65% e precipitação pluviométrica anual abaixo de 800 mm; Solos com baixa profundidade e substrato predominantemente cristalino. O Bioma Caatinga
O Bioma Caatinga localiza-se na Zona Semi-Árida brasileira,ocupando uma área de 1.037.517,80 km2, abrangendo 09 (nove) estados nordestinos (Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia), além da região norte do estado de Minas Gerais. A região abrange 70% da área do Nordeste e 13% do Brasil,com 63% da população nordestina e 18% da população brasileira. Notícia sobre o Desmatamento da Caatinga Hoje, com a utilização do sistema de monitoramento através de satélite, é possível ao MMA Ministério do Meio Ambiente acompanhar de que forma se dá o desmatamento da caatinga nordestina. Dados recentemente divulgados pelo ministério indicam que num período de seis anos, entre 2002 e 2008, a caatinga perdeu uma área equivalente a 16.576 km2 de vegetação nativa, e que o ritmo do desmatamento nesta região é semelhante ao que ocorre na Amazônia. Ou seja, pelos dados do monitoramento, restam 54% da cobertura vegetal original do semiárido do Nordeste. Dos estados nordestinos, Bahia e Ceará são as duas unidades da federação onde o desmatamento está mais presente com, respectivamente, 4.527km2 e 4.132 km2 de área devastada. Na sequência, aparecem o Piauí com 2.586 km2, Pernambuco com 2.204 km2 e o RN com 1.142 km2. Acopiara e Tauá no Ceará, Bom Jesus da Lapa e Campo Formoso, na Bahia, e Boa Viagem também no Ceará são os municípios nordestinos que lideram o desmatamento na região. (Jornal Tribuna do Norte, 14/03/2010) Mais informações sobre a Caatinga, principalmente sobre as espécies de animais e plantas que habitam nessa região veja os conteúdos nas Áreas das Ciências da Natureza.
A Região Nordeste é uma região do Brasil com 1.558.196 km² de área e 51.871.449 habitantes. No censo de 2000 éramos 47.741.711 nordestinos É a região brasileira que possui a maior quantidade de estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Pernambuco (incluindo o Distrito Estadual de Fernando de Noronha), Rio Grande do Norte e Sergipe. http://www.censo2010.ibge.gov.br/dados_divulgados/index.php?uf=00
As quatro sub-regiões do Nordeste 1. Meio Norte 2. Sertão 3. Agreste 4. Zona da Mata
O meio-norte: corresponde à faixa de transição entre o sertão semi-árido do Nordeste e a região Amazônica, inclui os estados do Maranhão e oeste do Piauí. A vegetação natural dessa área é a mata de cocais, carnaúbas e babaçus, em sua maioria. As atividades econômicas de maior destaque são o extrativismo vegetal, praticado na mata de cocais remanescente, a pecuária extensiva e o cultivo do arroz e do algodão. O sertão: é uma extensa área de clima semi-árido, que compreende o centro da região Nordeste, está presente em quase todos os estados da região. As chuvas são escassas e mal distribuídas. A vegetação típica é a caatinga. A bacia do rio São Francisco é a maior da região e a única fonte de água perene para as populações que habitam suas margens. O agreste: é a área de transição entre a zona da mata, úmida e cheia de brejos, e o sertão semi-árido. A principal atividade econômica nos trechos mais secos do agreste é a pecuária extensiva; nos trechos mais úmidos é a agricultura de subsistência e a pecuária leiteira. Zona da mata: compreende uma faixa litorânea de até 200 quilômetros de largura que se estende do Rio Grande do Norte ao sul da Bahia. É a sub-região mais urbanizada e populosa. O clima é tropical úmido e o solo é fértil em razão da regularidade de chuvas. A vegetação natural é a mata Atlântica, praticamente extinta e substituída por cana de açúcar. Além da cana, do cacau, do fumo e da lavoura de subsistência, destaca-se também a produção de sal marinho, principalmente no Rio Grande do Norte.
Semiárido Cearense Com a nova delimitação em 2005 o Ceará passou a ter cento e cinqüenta municípios pertencentes ao semi-árido ocupando uma área de 126.514,9 Km2, que representa 86,8% da área total do estado.
Capital Área (km²) Número de Municípios População 2010
Fortaleza 148.920,538 184 8.448.055
IBGE - http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/default.shtm
MAPA DO CEARÁ – DESTAQUE PARA O CLIMA SEMIÁRID
MAPA DO CEARÁ DIVIDIDO EM MACRORREGIÕES
MAPAS COMPARATIVOS ENTRE MACRORREGIÕES E O CLIMA SEMIÁRIDO NO CEARÁ
Na Área das Ciências da Natureza, há muitas informações sobre o Ceará incluindo o perfil do estado sobre economia, trabalho, educação, saúde, energia dentre outros temas abordados. Consulte o material e verá obterá maiores informações para trabalhar o semiárido. Ainda no slide apresentado durante as visitas nas nucleadas, há também dados importantes sobre o estado do Ceará que você deve consultar e usar caso seja necessário.
MAPA DO MUNICÍPIO DE ARATUBA
MULUNGU Souza
Silva Ca na bra va
CANINDÉ
Ca noes Outeiro
Jap ão Oitis
Serra Verde Tope Olho d ’Água
Monte Serra do
CAPISTRANO
Ma ta s Sa ntana
Ca ntinho
Sa nta Rita Ga m eleira
Flexeira
Ca c hoeira
Tam anduá
Aning as
Sã o Leop oldo
Uruc u
Pa raiso
Vead o Sec o
Rég io
Ca ja zeiros Ca beç a de Onç a PINDOBA
Serra gem
Ced ro
Ba ixa Grande do Tope
Ba rreiros
Jac a randá de Cim a Ca rdoso
Pa u d ’Arc o
Fernandes Ca ip ora Água Boa
Covic o Pé de Serra
Ca na bra va I
Sede
Serrotão
Lim ã o
Ba na na l
Ba ixa Grande La m eiro
Côc o
Ba la nç a
Oriente
MUNDO NOVO
Três Palm eiras
Lim oeiro
Flexeira
Brejo d a Serra
Sã o José Bb rejo de Ba ixo Ca nto
Bura c o
Belm onte II Ca m ará
Olho d ’Água Serrote do Meio Jatobá
Bura c o
Contenda s
Sa nto Ângelo
Boa Vista da Sorte La jes Va za nte
Ac a rap e Sã o Bento
Ca m arão
Juriti Pa u d ’öleo
Ma rés
Sa lga do
Urubu Arac aju
Tenete
Vertente
Quatro Boc as Boa Água
PAI JOÃO
Belm onte I Pendanga s
Serrinha d e Baixo
Ba rrig ud a Jard im dos m elos Jard im
Jurem a
Serrinha d e Cim a
La gôa do Jard im Jard im de Ba ixo
ITAPIÚNA
Dados Geográficos de Aratuba(Mapa do PAT/Plano de Ação Turístico - Maciço de Baturité)
Área: 165Km² (Mapa/IBGE, 2000) e 115 Km² (IBGE, 2010) Microrregião; Serra de Baturité. Altitude: 840m Latitude: 4º 25’ Longitude: 39º 03’ Zona Eleitora: 89ª Comarca de Mulungú Distância de Fortaleza: 132 km População: 12.357 (Censo, 2000) 11.410(Censo de 2010, IBGE). Limites: ao Norte-Mulungú; ao Sul-Itapiúna; a Leste-Capistrano e a Oeste-Canindé.
POPULAÇÃO DE ARATUBA 1970 - 2010 ANOS População Urbana Rural Homens Mulheres
1970 10.558 850 9.708 5.481 5.077
1980 12.430 1.070 11.360 6.410 6.020
1991 10.578 1.510 9.68 5.586 4.992
1995 9.813 1.690 8.123 .......... ..........
1996 11.523 .......... .......... ........... ...........
2000 12.359 2.157 10.202 ........... ..........
2007 12.129 ........... .......... ........... ...........
2009 12.478 ........... ........... ........... ..........
2010 11.410 3.769 7.760 5.823 5.706
Fonte: IBGE – Instituto de Geografia e Estatística Brasileira (Censos de 1970, 1980, 1991, 2000 e 2010) Anos 1995, 1996, 2007, 2009 são estimativas. Funceme (http://www.ceara.gov.br/index.php/municipioscearenses/780-municipios-com-a-letra-a#munic-pio-aratuba) Uol Notícias Censo 2010
A Cor da População em Aratuba Censo de 2000
Qte
%
Branca
4.150
33,58%
Preta
1.066
8,63%
Amarela
45
0,36%
Parda
6.711
54,30%
Indígena
98
0,79%
Sem declaração
289
2,34%
População estimada de 2010 - Sexo e faixa etária Faixa Etária
Homem
Mulher
Total
0-4
727
689
1.416
5-9
697
652
1.349
10-14
693
641
1.334
15-19
726
636
1.362
20-29
1.184
1.111
2.295
30-39
695
676
1.371
40-49
624
610
1.234
50-59
446
460
906
60-69
314
308
622
70-79
203
204
407
80+
86
100
186
Total
6.395
6.087
12.482
Fonte: SARGSUS - Sistema de Apoio ao Relatório de Gestão
Informações da Funceme – Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos Município de Aratuba Geografia: Área: 142,538 km² Latitude: 4° 25' 06'' Longitude: 39° 02' 42'' Clima: Tropical subquente úmido com chuvas de janeiro a maio Relevo: Maciços residuais Vegetação: Caatinga arbustiva densa, Caatinga arbustiva aberta, Floresta subcaducifólia tropical pluvial e Floresta subperenifólia tropical pluvio- nebular Precipitação pluviométrica: 1.753,1 mm (média histórica) Recursos hídricos (2007): 93 poços Demografia: População estimada (2007): 12.129 População (2000): 12.359 População Urbana (2000): 2.157 População Rural (2000): 10.202 Densidade Demográfica (2000): 86,71 hab/ km² Taxa de urbanização (2000): 17,45% Economia: PIB (2005): R$ 37.145.000 Agropecuária: 34,06% Indústria: 6,38% Serviços: 59,56% Receita Orçamentária (2007): R$ 12.810.294,3 (http://www.ceara.gov.br/index.php/municipios-cearenses/780-municipios-com-a-letra-a#munic-pioaratuba)
MAPA DOS RECURSOS HÍDRICOS DISPONÍVEIS NO MUNICÍPIO DE ARATUBA
DADOS EDUCACIONAIS DE ARATUBA
Rendimento Escolar - 1997
Nº DE ALUNOS
%
MATRÍCULAS
2.094
100,00
Aprovados Evadidos
1.329 475
63,47 22,68
273 17
13,04 0,81
Reprovados Transferidos
2500 2000 MATRÍCULAS Aprovados Evadidos Reprovados Transferidos
1500 1000 500 0 1
Rendimento Escolar - 1998
MATRÍCULAS
2.257
% 100,00
Aprovados Evadidos Reprovados Transferidos
1.477 436 309 35
65,44 19,32 13,69 1,55
Nº DE ALUNOS
Rendimento Escolar - 1998 2500 2000 MATRĂ?CULAS Aprovados Evadidos Reprovados Transferidos
1500
1000 500 0 1
DADOS ESTATÍTISTICOS DA SAÚDE NO MUNICÍPIO
Dados Epidemiológicos Mortalidade por grupos de causas, faixa etária e por residência
( Fonte: Portal DATASUS Tabnet/SIM - 2009 - Preliminar)
Mortalidade por Capítulo CID 10
Faixa Etária Menor 1 a 5 a 10 a 15 a 20 a 30 a 40 a 50 a 60 a 70 a 1 4 9 14 19 29 39 49 59 69 79
80 e mais
Idade Ignorada
Total
Capítulo I Algumas doenças infecciosas e parasitárias
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
1
Capítulo II Neoplasias (tumores)
0
0
0
0
0
0
0
2
0
3
2
2
0
9
Capítulo IV Doenças endócrinas nutricionais e metabólicas
0
0
0
0
0
0
0
1
1
2
1
2
0
7
Capítulo V Transtornos mentais e comportamentais
0
0
0
0
0
0
1
0
1
0
0
0
0
2
Capítulo VI Doenças do sistema nervoso
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
1
0
2
Capítulo IX Doenças do aparelho circulatório
0
0
0
0
0
0
0
1
2
6
6
3
0
18
Capítulo X Doenças do aparelho respiratório
0
0
0
0
0
0
0
0
0
2
1
2
0
5
Capítulo XI Doenças do aparelho digestivo
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
2
1
0
3
Capítulo XVI Algumas afec originadas no período perinatal
3
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
3
Capítulo XVIIMalf cong deformid e anomalias cromossômicas
0
0
0
1
0
0
0
0
1
0
0
0
0
2
Capítulo XVIII Sint sinais e achad anorm ex clín e laborat
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
2
0
0
3
Capítulo XX Causas externas de morbidade e mortalidade
0
0
0
0
1
1
1
1
1
1
0
1
0
7
TOTAL
3
0
0
1
1
1
3
5
6
15
15
12
0
62
Fonte: SARGSUS - Sistema de Apoio ao Relatório de Gestão
Morbidade Hospitalar por grupos de causas, faixa etária e por residência Internações por Capítulo CID-10
( Fonte: Portal DATASUS Tabnet/SIH - 2010 )
Faixa Etária Menor 1 a 5 a 1 4 9
10 a 14
15 a 19
20 a 29
30 a 39
40 a 49
50 a 59
60 a 69
70 a 79
80 e mais
Total
Capítulo I Algumas doenças infecciosas e parasitárias
4
6
0
4
1
4
1
8
9
6
12
8
63
Capítulo II Neoplasias (tumores)
0
0
1
0
0
9
5
2
4
7
6
1
35
Capítulo III Doenças sangue órgãos hemat e transt imunitár
0
0
0
2
0
3
0
0
0
2
0
0
7
Capítulo IV Doenças endócrinas nutricionais e metabólicas
0
0
0
0
0
1
1
3
1
1
5
3
15
Capítulo V Transtornos mentais e comportamentais
0
0
0
0
1
4
4
0
1
0
0
0
10
Capítulo VI Doenças do sistema nervoso
0
0
0
1
0
0
0
0
1
0
1
0
3
Capítulo VIIIDoenças do ouvido e da apófise mastóide
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
1
Capítulo IX Doenças do aparelho circulatório
0
0
0
1
1
2
2
3
6
9
3
10
37
Capítulo X Doenças do aparelho respiratório
9
18
9
4
2
2
1
3
3
8
6
16
81
Capítulo XI Doenças do aparelho digestivo
2
1
3
3
5
9
9
7
11
11
8
7
76
Capítulo XII Doenças da pele e do tecido subcutâneo
1
0
1
2
1
4
6
2
4
0
2
1
24
Capítulo XIII Doenças sist osteomuscular e tec conjuntivo
0
0
3
1
1
1
1
3
0
1
2
0
13
Capítulo XIV Doenças do aparelho geniturinário
1
0
0
2
5
11
3
0
4
2
7
3
38
Capítulo XV Gravidez parto e puerpério
0
0
0
2
47
113
40
5
0
0
0
0
207
12
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
13
Capítulo XVII Malf cong deformid e anomalias cromossômicas
3
0
1
1
1
0
0
0
1
0
0
0
7
Capítulo XVIII Sint sinais e achad anorm ex clín e laborat
0
2
1
0
0
6
1
0
3
0
2
3
18
Capítulo XIX Lesões enven e alg out conseq causas externas
1
1
6
4
6
18
18
2
4
7
2
2
71
Capítulo XXI Contatos com serviços de saúde
2
0
0
1
0
9
10
6
2
3
0
0
33
35
28
25
28
71
196
103
44
54
57
56
55
752
Capítulo XVI Algumas afec originadas no período perinatal
TOTAL
Fonte: SARGSUS - Sistema de Apoio ao Relatório de Gestão
INDICADORES FINANCEIROS DO MUNICÍPIO – ANO 2009 Dados do TCM – Tribunal de Contas dos Municípios
Questões Sociais em Aratuba – Dados do Conselho Tutelar - Ano 2009 Denuncias 219 Zona Urbana 105
Casos Apurados 219 Zona Rural 114
A) Ameaça ou violação de direitos pela Família Violação Agente Violador Quantidade Abandono Familiar/familiar 06 Pai que nega pensão (Assistência) 02 Exploração no Trabalho 02 Maus tratos/ espancamento 06 Rapto de Menores 04 Molestamento Sexual (Pedofelia) 02 Utilização dos filhos para pedir Esmola 02 Violência física e ou Psicológica 09 Negligência familiar 17 Alcoolismo 15 Adoção 04
Violador Pai/mãe Pai Pai/mãe Pai/mãe Pai Mãe Pai/mãe Pai/Mãe Mãe
(B) Ameaça ou violação de direitos pela ação da própria criança ou adolescente Violação Evasão escolar Furto com ou sem violência Alcoolismo Agressão
Agente Violador Quantidade 13 04 12 19
Prostituição Desobediência Vandalismo Vexame e constrangimento Porte de Arma Acompanhamento Judiciário Criança/Adolescente fugido de casa
04 19 12 12 04 03 04
Violador Adolescente Criança /adolescente Criança Sociedade Adolescente Criança Adolescente Adolescente Sociedade Adolescente Adolescente
C) Ameaça ou violação de Direitos pela Sociedade Violação Agressão Atentado Violento ao pudor Molestamento Sexual Vexame e Constrangimento Lesão Corporal
Agente Violador Quantidade 05
08
Violador Sociedade e Adolescente
Membro da Sociedade
Questões Sociais em Aratuba – Dados do Conselho Tutelar - Ano 2010 Denuncias Zona urbana 122
315
Casos Apurados Zona rural 203
315
B) Ameaça ou violação de direitos pela Família Violação Abandono Familiar Pai que nega pensão Exploração no Trabalho Maus tratos Vexame e constrangimento Criança vitima de trafico de drogas Espancamento Molestamento Sexual Violência física e ou Psicológica Negligência familiar Alcoolismo Rapto de Menores
Agente Violador Quantidade 16 09 03 09 11 02 13 04 29 42 20 01
Violador Pai/mãe / / / / Pai Pai / Mãe Padrasto / tio Pai/mãe / pai pai
B)Ameaça ou violação de direitos pela ação da própria criança ou adolescente Violação Adolescente Armado Evasão escolar Furto com ou sem violência Alcoolismo Agressão Suspeita de Gravidez Criança/Adolescente fugido de casa Vandalismo Desobediência Tentativa de homicídio
Agente Violador Quantidade 04 22 17 17 20 02 13
Violador Adolescente Adolescente / / / / /
30 06 01
/ Criança adolescente
C) Ameaça ou violação de Direitos pela Sociedade Violação Sedução de menor Agressão Física Molestamento Sexual Vexame e Constrangimento Lesão Corporal
Agente Violador Quantidade 01 05 07
Violador Sociedade Sociedade Sopciedade
A apostila de Orientação Técnico-Pedagógica para execução do Projeto Vida Saudável no Nosso Semiárido foi elaborada e organizada a partir das referências citadas a seguir. Gostaríamos que você consultasse para aprofundamento ou checagem das informações. Caso haja algum erro de informação ou dados equivocados informe-nos para que seja feito a devida correção. As sugestões para futuras apostilas de outros projetos também serão bem vindas.
Fontes da Área de Linguagens e Códigos
PIRES, Cornélo Musa Caipira e as Estrambóticas Aventuras do Joaquim Bentinho, editado pela Prefeitura de Tietê, em 1985. www.desertdesmat.hpg.ig.com
www.editoramoderna.com
Fontes da Área de Ciências da Natureza
Ambiente Brasil. Disponível em www.ambientebrasil.com.br Ministério do Meio Ambiente. Lista oficial de espécies da flora ameaçadas de extinção SILVA, J.M.C. et al (org), 2003: A Biodiversidade da Caatinga: áreas e ações prioritárias para a conservação. Ministério do Meio Ambiente www.aultimaarcadenoe.com www.brazilnature.com
Fontes da Área de Cultura e Sociedade
Conselho Tutelar de Aratuba Departamento de Recursos Hídricos PAT/Plano de Ação Turístico – Maciço de Baturité. Prefeitura Municipal de Aratuba. Secretaria de Educação Básica de Aratuba Secretaria de Saúde de Aratuba Site da Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - http://www.empraba.br Site do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – www.ibge.com.br Site do Ipece – Instituto de Pesquisa e Estratégica Econômica do Ceará – www.ipece.ce.gov.br