A micro-história do imigrante Giuseppe Luigi Ferri e a sua interação com o meio ambiente italiano e brasileiro (1881 – 1969)
Gil Karlos Ferri Graduado em História pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Mestrando em História na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) gilferri@hotmail.com
Resumo Este artigo propõe uma análise da trajetória de vida do imigrante Giuseppe Luigi Ferri (1881 – 1969) e a sua interação com o meio ambiente nas localidades de Bérgamo (Itália), Treviso e Celso Ramos (Brasil). A metodologia deste trabalho utiliza uma interface entre a escala de observação da vida do imigrante (Micro-História) e a análise contextualizante dos locais explorados por este colono (História Ambiental). Diversas fontes foram mobilizadas neste trabalho, dentre as quais se destacam os registros religiosos e civis, fotografias, mapas, entrevistas, relatórios e legislações, bem como uma pertinente revisão bibliográfica dos temas analisados. Objetiva-se que a partir de uma história de vida, importantes aspectos socioambientais da colonização italiana sejam problematizados, considerando a natureza em sua vital importância neste processo histórico. Afinal, o conhecimento das trajetórias histórico-ambientais de sujeitos e territórios possibilita reflexões e conscientizações preservacionistas. Palavras-chave: Giuseppe Ferri; Colonização; História Ambiental.
Abstract This article proposes an analysis of the life path of immigrant Giuseppe Luigi Ferri (1881 -1969) and his interaction with the environment in the cities of Bergamo (Italy), Treviso e Celso Ramos (Brazil). The methodology of this study uses an interface between the observation scale of life of immigrant (microhistory) and the contextual analysis of the exploited sites by this settler (Environmental History). Several sources were mobilized in this study, among which stand out the religious and civil records, photographs, maps, interviews, reports and legislations, as well as a relevant literature review of the analyzed topics. The objective is to problematize the importance of socio-environmental aspects of the Italian colonization from a life story, considering the vital importance of nature in this process. After all, the knowledge of the historical environmental trajectories of people and territories allows reflections and preservationists awareness. Keywords: Giuseppe Ferri; Colonization; Environmental History.
Introdução A História Ambiental, enquanto viés para investigação histórica, possibilita compreender que toda ação humana interfere no meio ambiente de modo intrínseco; ou seja, as sociedades humanas organizam e reorganizam seus modos de vida de acordo com o ambiente físico e alteram-no conforme suas necessidades e ganâncias. Segundo o historiador ambiental Donald Woster: A história ambiental é, em resumo, parte de um esforço revisionista para tornar a disciplina da história muito mais inclusiva nas suas narrativas do que ela tem tradicionalmente sido. Acima de tudo, a história ambiental rejeita a premissa convencional de que a experiência humana se desenvolveu sem restrições naturais, de que os humanos são uma espécie distinta e “supernatural”, de que as consequências ecológicas dos seus feitos passados podem ser ignoradas. (WOSTER, 1991, p. 199).
A análise da trajetória de vida do imigrante Giuseppe Luigi Ferri (1881 – 1969) representa um privilegiado meio para o entendimento das relações que os italianos e seus descendentes estabeleceram com o meio ambiente italiano e brasileiro, no final do século XIX e no século XX. Não se pretende uma biografia do imigrante, mas sim uma conexão entre a sua história de vida e os impactos ambientais ocorridos nas localidades onde este agricultor viveu. De acordo com o historiador Giovanni Levi, um dos precursores do método historiográfico da Micro-História: A abordagem micro-histórica dedica-se ao problema de como obtemos acesso ao conhecimento do passado, através de vários indícios, sinais e sintomas. Esse é um procedimento que toma o particular como seu ponto de partida (...) e prossegue, identificando seu significado à luz de seu próprio contexto específico. (LEVI In: BURKE, 1992, p. 154).
A metodologia deste trabalho utiliza uma interface entre a escala de observação da vida do imigrante (Micro-História) e a análise contextualizante dos locais explorados por este colono (História Ambiental). O período analisado compreende o próprio tempo de vida do agricultor (1881 – 1969), e o recorte geográfico é representado pelas localidades onde ele viveu: Bérgamo (Itália), Treviso e Celso Ramos (Brasil). Para recompor esta trajetória
histórico-ambiental, diversas fontes foram utilizadas, como registros religiosos e civis, fotografias, mapas, entrevistas, produções cinematográficas, legislações, relatórios e pertinente revisão bibliográfica dos temas analisados. L’Ottocento: a Itália no século XIX O século XIX, também denominado em italiano de Ottocento, foi um período de intensas transformações na Europa, e no caso da Itália, possibilitou a sua própria formação enquanto Estado-Nação. Giuseppe Luigi Ferri nasceu neste momento histórico, em 23 de maio de 1881, na comuna de Zanica, província de Bergamo, região da Lombardia – Itália. Giuseppe passou sua infância nesta comuna, com seus pais Rocco Ferri e Anna Giassi Ferri, e o único irmão, Giovanni, nascido em 1879. (ATTO DI NASCITA, Comune di Zanica, 1881).
Figura 01: Localização da comuna de Zanica, província de Bérgamo, região da Lombardia – Itália. Fonte: GOOGLE MAPS. Itália e Zanica. 2016. Disponível em: <https://www.google.com.br/maps/place/Italia>. Acesso em: 20 ago. 2016.
A ocupação humana do território Norte da Península Itálica remonta ao período préhistórico, porém, o seu povoamento teve maior impulso com a expansão do Império Romano,
devido ao crescimento populacional, a produção de alimentos e a utilização de rotas para as províncias romanas localizadas além dos Alpes. Na comuna de Zanica, distante oito quilômetros de Bérgamo, de acordo com o arquivista Sergio Del Bello: L’attività agricola in passato era ostacolata dalla presenza di terreni ghiaiosi e soggetti alle esondazioni fluviali che determinarono nel corso del tempo vari lavori di bonifica e irrigazione attuati con la costruzione di rogge e canali. [No passado, a atividade agrícola foi dificultada pela presença de cascalho e inundações que determinaram, com o passar do tempo, várias obras de recuperação e de irrigação com a construção de valas e canais]. (DEL BELLO, 1990).
Podemos inferir que, durante os períodos medieval e moderno, as terras próximas a Bérgamo passaram por alterações antrópicas para se adequarem às necessidades agrícolas da população que ali vivia. Sobre os produtos agrícolas cultivados no século XIX, o escritor Giovanni Maironi da Ponte observou que Zanica: È in un territorio fertile di frumento e di gelsi; ma forse più di granturco; ed ha i suoi mille cento sessanta abitanti quasi tutti agricoltori. [Está em um território fértil em trigo e amoreiras; mas talvez mais em milho; e possui os seus mil cento e sessenta habitantes, quase todos agricultores]. (DA PONTE, 1819, p. 237).
Até o século XIX a Itália era dividida em diversos reinos com diferentes leis e senhores. Os privilegiados proprietários arrendavam as terras aos camponeses, que ficavam, de modo nem sempre justo, com metade do que era produzido. Os rigorosos invernos dificultavam o cultivo da terra, dificultando assim a própria sobrevivência de outrora. Além da falta de recursos e a precariedade perante o clima rigoroso de uma região próxima aos Alpes, a região Norte da Península Itálica sofreu com as sucessivas batalhas pela unificação da Itália. Durante todo Ottocento, e ainda na primeira metade do século XX, as condições de vida dos agricultores italianos eram difíceis, marcadas pela miséria e a insalubridade. Nas regiões setentrionais, sobretudo no Vêneto e na Lombardia, conforme registrou o sociólogo Renzo Grosselli: L’ambiente contadino era soprattutto identificabile com due aggettivi:
povero e malsano. (...) La cura dell’igiene non era un’abitudine in voga nel tempo e vi erano spesso invasi d’immondizie. (...) Era abitudine delle famiglie contadine rimanere intere giornate, specie in inverno quando il lavoro dei campi lo permetteva, chiuse nella stalla, al calore degli animali. [O ambiente rural era, sobretudo, identificável com dois adjetivos: pobre e insalubre. (...) O cuidado com a higiene não era um hábito em voga naquele tempo e era muitas vezes invadido pelo lixo. (...) Era costume das famílias de agricultores ficarem o dia inteiro, especialmente durante o inverno quando o trabalho agrícola permitia, fechados no estábulo, aquecidos com o calor dos animais]. (GROSSELLI, 1986, p. 68).
A população bergamasca – isto é, da província de Bérgamo –, vivia amargamente seus dias, entre muito trabalho e pouca esperança. (L’ALBERO DEGLI ZOCCOLI, 1978). Entre estes bergamascos, estava o então menino Giuseppe Luigi Ferri e seus antepassados, agricultores que, devido à baixa mobilidade de outrora, trabalhavam na região há séculos – salvo as possíveis migrações sazonais em busca de trabalho temporário. A incipiente industrialização da Itália em centros como Milão, Turim, Gênova, Verona e Parma exerceu atração entre os agricultores, porém, não absorveu o grande contingente de trabalhadores desprovidos de terras e que não tinham outra possibilidade de sustento que não fosse a agricultura. As dificuldades político-econômicas que a Itália passou no Ottocento foram agravadas por problemas agrícolas e demasiada exploração no meio rural, causando desestruturação na sociedade do período, forçando milhares de camponeses a emigrar. La Grande Emigrazione: a diáspora italiana No período que vai da segunda metade do século XIX até o início da Primeira Guerra Mundial em 1914, milhares de europeus emigraram para outros continentes, sobretudo para a América, tornando o período conhecido na Itália como La Grande Emigrazione [A Grande Emigração]. No ano de 1891 o agricultor Rocco Ferri, então viúvo, emigrou com destino ao Brasil com os filhos Giuseppe e Giovanni, buscando melhores condições de vida. Enquanto na Itália havia poucas terras e muita gente, no Brasil, pelo contrário, o território era vasto e necessitava de povoamento. O fim do tráfico de escravos e a necessidade de pessoas para a colonização da região Sul fez com que o governo e as companhias
colonizadoras incentivassem a imigração para este país. Na época, notando sua laboriosidade e valores morais, os italianos do Norte da Itália foram os colonos mais indicados para a imigração, pois, dadas as situações de dificuldades e privações em que viviam, seriam mais facilmente convencidos a arriscar o pouco que tinham em uma viagem rumo ao desconhecido. Os camponeses italianos eram convencidos a emigrar pela propaganda de agentes recrutadores, pagos pelo governo brasileiro ou por companhias de colonização. Saindo de suas comunas de origem com poucos pertences, os emigrantes seguiam de trem ou carroças até o porto italiano de Gênova ou para o porto francês de Le Havre, onde embarcavam em navios para a América. A travessia do Atlântico demorava cerca de um mês, e, devido às péssimas condições de viagem, ocorriam diversas doenças e inclusive mortes durante o trajeto. Ao chegarem aos portos do Brasil, os imigrantes passavam por um período de quarentena, e eram conduzidos às fazendas ou colônias com as quais haviam efetuado contrato. (GROSSELLI, 1986, p. 253). Dentre as vantagens apresentadas aos colonos, destacam-se: o pagamento das despesas com a viagem; a facilitação da compra de terras por preços mínimos e prazos amplos, bem como a desburocratização destes negócios; e a garantia de serviço aos colonos em obras públicas, para que as famílias pudessem se manter até a primeira colheita. De acordo com o estudioso Emilio Franzina, milhares de italianos se deixaram envolver por estas propagandas e garantias, e se aventuraram em uma viagem até a América para realizar o sonho de ser proprietários de terras, fazer fortuna e garantir uma vida com mais conforto para a família. (FRANZINA, 1976, p. 157). É fato que o governo brasileiro e as empresas de colonização não cumpriram totalmente tais promessas, porém, a determinação e a falta de opção dos imigrantes os forçaram a trabalhar e tentar progredir economicamente em condições adversas. Colonia Nuova Venezia: a colonização neoeuropeia na América No final do século XIX, por meio de iniciativas governamentais e privadas, foram criadas diversas colônias para imigrantes europeus no Sul de Santa Catarina. Dentre estes
empreendimentos, a única colônia fundada na região após a Proclamação da República foi a Colonia Nuova Venezia. A colônia de Nova Veneza, situada entre os rios Urussanga e Araranguá, foi projetada através de um contrato de 22 de outubro de 1890, celebrado entre a empresa estadunidense Ângelo Fiorita & Cia. e o governo brasileiro – em 16 de junho de 1891 a empresa Ângelo Fiorita & Cia. passou todos os direitos e obrigações à outra empresa, a Companhia Metropolitana. A partir de 1891, Nova Veneza teve seus primeiros colonos estabelecidos, oriundos predominantemente das regiões italianas do Vêneto e da Lombardia. (BORTOLOTTO, 2012, p. 37-38). Na propaganda executada na Itália pelos agentes da companhia colonizadora, os recursos naturais da colônia eram expostos como um atrativo para os colonos, pois, segundo um folheto propagandístico: I suoi terreni (...) sono tuttavia ricoperti di boschi vergini, e il solo legname è bastante a pagarei il valore del suolo. Vi si trovano molti minerali, grande quantitá di piante medicinali, e vi si caccia in abbondanza. [Os seus terrenos (...) são, todavia, cobertos com florestas virgens, e o valor desta madeira é suficiente para pagar o valor do terreno. Neles existem muitos minerais, grande quantidade de plantas medicinais, e caça em abundância]. (BREVI NOTIZIE E CONDIZIONE SULLA COLONIA “NUOVA VENEZIA” IN SANTA CATHARINA BRASILE. Rio de Janeiro: Tipografia La Patria, 1891 In: BORTOLOTTO, 2012, p. 316).
E ainda, de acordo com o Decreto n. 528, de 28 de junho de 1890, que serviu de base legal para o contrato firmado entre o governo e a empresa colonizadora, o ambiente físico é notado como elemento fundamental para a organização de empreendimentos colonizatórios, onde consta, no artigo 23, que “as propriedades deverão ser divididas em lotes, convenientemente providos de água, e de alguma mata para os misteres domésticos”. (BRASIL, 1890). O imigrante Rocco Ferri e seus dois filhos, Giovanni e Giuseppe, estabeleceram-se em 01 de janeiro de 1892 em um dos núcleos da colônia Nova Veneza, denominado Nuova Treviso (atual município de Treviso), com um lote de 28,5 hectares na margem direita do rio Mãe Luzia. (BORTOLOTTO, 2012, p. 233 e 382).
Figura 02: Localização do município de Treviso, Estado de Santa Catarina – Brasil. Fonte: GOOGLE MAPS. Brasil e Treviso. 2016. Disponível em: <https://www.google.com.br/maps/place/Brasil>. Acesso em: 20 ago. 2016.
Sobre a importância do rio Mãe Luzia para a localidade de Treviso, a pesquisadora Zeide Carminati De Lorenzi destaca que: Nova Treviso (hoje Treviso) era rica em recursos naturais. Os montes e vales repletos de animais, árvores e frutos. Certamente os olhos claros dos imigrantes iluminaram-se com a exuberância do verde e os sinais de riqueza. Os rios cheios de peixes forneciam alimentos e diversão e encantavam os imigrantes. A água límpida saciava a sede e servia para o banho. O recurso hídrico e a criatividade italiana produziram as serrarias e olarias que geravam as construções, e os engenhos, as atafonas e os alambiques que transformavam os frutos da terra domada em alimento e bebida. Tudo saía da terra e do trabalho. (DE LORENZI, 1991, p. 118).
A presença de indígenas na região Sul de Santa Catarina era milenar, apesar de ter sido omitida pela imprensa, receosa que os índios – denominados pejorativamente de “bugres” – se tornassem um empecilho à atração de imigrantes. O contato dos autóctones com os europeus e brasileiros não foi pacífico, resultando no extermínio dos indígenas. De acordo com o historiador ambiental Alfred Crosby:
Qualquer teoria respeitável que tente analisar o avanço demográfico dos europeus [na América] deve explicar pelo menos dois fenômenos. O primeiro é o abatimento moral e em muitos casos a aniquilação das populações indígenas das Neo-Europas [áreas colonizadas por imigrantes europeus]. (...) Em segundo lugar, devemos explicar o assombroso, quase assustador, sucesso da agricultura europeia nas Neo-Europas. (CROSBY, 1993, p. 134).
O final do século XIX representa uma extrema e infeliz guinada para a história da natureza dos vales atlânticos, pois, com a introdução de colonos europeus, a antiga relação de subsistência dos silvícolas com o meio ambiente foi substituída por uma lógica capitalista de produção de excedentes agrícolas, causando o desflorestamento e diversos conflitos socioambientais. O ambiente foi ainda mais exaurido em seus recursos com a extração do carvão mineral existente na região, o que já era previsto no Título Provisório de Terras que cada colono possuía com a Companhia Colonizadora, onde se observa que: “La Direzione della Colonia si riserva il diritto di esplorare il sottosuolo”. [“A Direção da Colônia se reserva o direito de explorar o subsolo”]. (BORTOLOTTO, 2012, p. 96). Assim como os demais colonizadores, Rocco Ferri e seus filhos precisaram desmatar uma parte de sua propriedade para iniciar o cultivo agrícola e a criação de animais. De acordo com o padre italiano Luigi Marzano, que esteve como missionário em Urussanga, a coivara – queima da vegetação para adubagem da terra com as cinzas – era um os sistema utilizado para o plantio nas colônias: “Preparato così il terreno col l’incendio, quali sono le piantagioni? La principale e più rimuneratrice è la seminagione del mais o granoturco.” [“Preparado assim o terreno com a coivara, quais são as plantações? A principal e mais lucrativa é a semeadura do milho e do (possivelmente) trigo”]. (MARZANO, 1904, p. 225). Em seu relatório de inspeção procedida na Colônia Nova Veneza em 1893, que foi entregue ao governo do Estado, o engenheiro Nicolau Paranhos Pederneiras registrou as seguintes observações sobre a produção agrícola da colônia: Como praticam geralmente os colonos italianos, fizeram os trabalhos preparatórios para a plantação do milho que lhes fornece o alimento substancial e que muito apreciam: – a polenta. Não quer isto dizer que se tivessem dedicado exclusivamente a esta espécie de cultura; o feijão, o arroz
e a mandioca foram também cultivados em uma escala, por enquanto, proporcional às necessidades do consumo. Em todas as linhas que percorri observei extensas plantações, sendo para admirar em alguns lotes o trabalho produzido por um só indivíduo. (PEDERNEIRAS, 1893).
No ano de 1913, aos 31 anos, Giuseppe Luigi Ferri casou-se com Maria Carminatti (1896 – ± 1965), filha de Vitalle Carminatti e Carolina Ravelli. (REGISTRO CIVIL DE CASAMENTO, Urussanga, 1913). Dessa união tiveram os seguintes filhos e filhas: João, Carolina, Amélia, Luiz, Remédio, Mário, Olívio, Angelo, Arthur e Ignácio Ferri. Conforme a expressão recorrente entre os descendentes de italianos, a situação da época impunha duas opções: “vencer ou morrer”. A prosperidade de uma família de origem italiana poderia ser auferida, entre outros fatores, por seus bens, pelas melhorias realizadas na propriedade e pela grande quantidade de filhos. Deste modo, “vencer na vida” também significava expandir suas posses e garantir que os filhos conquistassem seu espaço, de costume, através do matrimônio e a aquisição de uma propriedade para o novo núcleo familiar formado. Seguindo este sistema, Giuseppe Ferri e seus filhos buscaram novas terras. Serra Acima: a migração ítalo-brasileira para o interior de Santa Catarina O sistema sociocultural italiano baseia-se, em resumo, na fé cristã católica, na família, no trabalho e na propriedade. Com o passar dos anos, as antigas colônias do Sul de Santa Catarina tornaram-se escassas em terras, levando muitos colonos a migrarem para novas áreas de colonização. Os migrantes que colonizaram o território do atual município de Celso Ramos – conhecido no passado como Entre Rios, devido a confluência dos rios Canoas e Pelotas – a partir de 1934, eram provenientes das antigas colônias de Urussanga, Nova Veneza e Criciúma. Objetivando expandir suas posses e possibilidades de ascensão social, Giuseppe Ferri migrou em 1935, e, após algum tempo, sua esposa e filhos também o seguiram, ocupando uma gleba de terra próxima ao rio Canoas, em Celso Ramos. (FERRI, 2012).
Figura 03: Localização do município de Celso Ramos, Estado de Santa Catarina – Brasil. Fonte: GOOGLE MAPS. Santa Catarina e Celso Ramos. 2016. Disponível em: <https://www.google.com.br/maps/place/Santa Catarina>. Acesso em: 20 ago. 2016.
Apesar da ocupação esparsa por luso-brasileiros, e, ocasionalmente, por ameríndios, no final do século XIX ocorreram as primeiras transações comerciais registradas envolvendo a venda de terras no território de Entre Rios – atual Celso Ramos. No início do século XX, conforme os relatos do migrante José Comin, por meio de herança a região era propriedade de Fausta Soares Rath, que na década de 1930 tratou de vender suas terras. Em 1934, a família Rath firmou acordo com João Comin, para que este noticiasse a disponibilidade de terras para a colonização, mediante o ganho de uma determinada comissão com os negócios. A notícia exaltava a qualidade da terra para a agricultura e a construção, já em andamento, de uma estrada que passaria pela colônia, possibilitando a trafegabilidade e o escoamento da produção. João Comin reuniu alguns colonos no Sul do Estado, e deste modo, com ajuda de tropeiros, em julho de 1934 partiram em direção a Celso Ramos, sendo seguidos sucessivamente por outras levas de migrantes. (COMIN, 2012). Vida nova, velhos costumes: uma fronteira agrícola em Celso Ramos (SC)
Com a vinda dos colonos de origem italiana a região do atual município de Celso Ramos teve um grande impulso de produtividade agrícola. O esparso povoamento lusobrasileiro foi acrescido com ítalos de famílias numerosas, que tinham na fé, na unidade familiar e no trabalho sua ocupação, visando a prosperidade econômica. Do ponto de vista ambiental, a partir da década de 1930 teve início um grande impacto na natureza local, causado pela colonização ítalo-brasileira. Em 1936 foi construída a primeira capela de madeira, dedicada a São Paulo Apóstolo, devido a sua atribuída proteção contra animais peçonhentos, assim, o povoado recebeu a denominação de Colônia São Paulo. Neste contexto, em 1937 a família de Giuseppe Ferri adquiriu uma propriedade de cerca de 50 hectares (duas colônias de terra) na encosta do rio Canoas, distante três quilômetros da sede da colônia, e, a partir da ocupação da terra pela família, o local passou a ser denominado de Linha Ferri. (FERRI, 2012). Assim como a maior parte do Planalto Meridional Brasileiro, a região de Celso Ramos possui coberturas vegetais que fazem parte da Floresta Ombrófila Mista (FOM) e da Floresta Estacional Decidual (FED). Estas florestas fazem parte do bioma Mata Atlântica, ocorrendo normalmente em altitudes elevadas, afastadas das influências marítimas e com chuvas distribuídas durante o ano todo. (IBGE, 1991, p. 13). Foi neste ambiente físico que a família de Giuseppe Ferri se estabeleceu, modificando intensamente a fauna e a flora local. As florestas de araucárias tiveram sua exploração econômica associada, na maioria das vezes, com a migração de colonos interessados na ocupação da área com lavouras. Conforme apontam os pesquisadores Cleodes Maria Piazza Julio Ribeiro e José Clemente Pozenato: De fato, a presença do pinheiro do gênero araucária (Araucaria angustifolia), o chamado pinheiro brasileiro, nos três estados meridionais do Brasil, determinaram, em grande parte, o rumo de sua ocupação e organização. (RIBEIRO & POZENATO, 2005, p. 148).
Os colonos de origem italiana trouxeram consigo um complexo sistema capitalista desenvolvido na Europa, diferente do ritmo de vida e produção com que os caboclos (lusobrasileiros) locais estavam acostumados. Este dinamismo através da agricultura e do comércio modificou a região, transformando a terra em propriedades produtivas e possibilitando a
abertura de estradas para a circulação de pessoas e mercadorias. Desse modo, a Colônia São Paulo foi crescendo em seus aspectos socioeconômicos e políticos. Através da Lei Municipal de Lages n. 145/57, de 14 de novembro de 1957, foi criado o Distrito de Celso Ramos. E, em 1961, quando foi criado o município de Anita Garibaldi, o distrito passou a pertencer a este novo município. Através de um movimento emancipacionista iniciado em 1984, Celso Ramos obteve êxito nas articulações políticas, e o município foi criado pela lei n. 7.585, de 26 de abril de 1989, sancionada pelo governador do Estado em exercício, Casildo João Maldaner, constituiu-se oficialmente município através do desmembramento de Anita Garibaldi, em 01 de janeiro de 1990. (ESTADO DE SANTA CATARINA, 1990, p. 07). Porém, todo o progresso econômico notado no período teve seu impacto ambiental, pois, para transformar as florestas em lavouras e pastagens foi preciso derrubá-las. Junto ao interesse dos proprietários de terras para torná-las agriculturáveis, a partir da década de 1940, aliou-se outro fator do desflorestamento: o interesse dos empresários madeireiros, dispostos a transformar os abundantes pinhais da região em capital, através da industrialização da madeira. Para os proprietários de terras, a atividade madeireira surgiu como uma nova fonte de renda, sem muito custo e com grande rentabilidade. Os colonos vendiam os pinheiros e os madeireiros se encarregavam das derrubadas e transportes até as serrarias, ficando o proprietário da terra com o terreno limpo para aumentar a criação de animais ou fazer lavouras, além de obterem um imediato ganho financeiro com a venda da madeira. (GOULARTI FILHO, 2002, p. 145). Conforme observou o geógrafo e historiador Paulo Afonso Zarth: Justamente os colonos foram os maiores protagonistas de um enorme impacto ambiental causado pela agricultura. (...) A concepção de natureza também contribuiu para a execução de um programa de colonização ambientalmente danoso, no qual a floresta era um estorvo e deveria ser devastada, ou deveria ser dominada por uma tecnologia considerada moderna. Tais ideias serviram plenamente para atender os interesses econômicos das companhias de colonização e do próprio Estado. (ZARTH In: NODARI & KLUG, 2012, p. 73).
Neste contexto, todos os filhos e filhas de Giuseppe Ferri e Maria Carminatti foram se casando, formando novas famílias e adquirindo novas terras. (Cf. figura 04). O ímpeto de “desbravamento” continuou ativo entre seus descendentes, que buscavam “dominar” a natureza em suas propriedades, tornando-as mais produtivas e rentáveis. A floresta nativa da Linha Ferri, notada pelos colonos como empecilho à agricultura, foi intensamente transformada em áreas agropastoris. No século XX, assim como foi desde tempos remotos, o progresso foi relacionado com a derrubada das matas, propiciando o avanço da civilização nos sertões. (Cf. figura 05). Desta forma, para a mentalidade da população do século XX, o progresso significava também dominar a natureza, utilizando-a conforme suas necessidades, pois acreditava-se que somente com a dominação do fauna e da flora o homem se libertaria da escassez e das arbitrariedades que o mundo natural impõe. (BRANDT, 2012, p. 163).
Figura 04: Pintura da sede da propriedade de João Ferri, filho de Giuseppe Ferri. ± 1970. Linha Ferri, interior do município de Celso Ramos (SC). Acervo: Inês Ferri. Celso Ramos (SC).
Figura 05: Vista aérea da propriedade de João Ferri, 2007. Linha Ferri, interior do município de Celso Ramos (SC). Acervo: Inês Ferri. Celso Ramos (SC).
Italianidade: tradições e adaptações Ao migrarem para o planalto catarinense, os colonos de origem italiana trouxeram da região Sul do Estado uma organização étnico-social e conhecimentos laborais que precisaram ser readaptados à nova realidade geográfica encontrada. Notando as necessidades do novo local, muitos colonos instalaram moinhos e serrarias movidos com a força d’água para processar produtos como o milho e a madeira. O migrante Ivo Delorenzi informa que: Esses nossos migrantes italianos tinham um saber de fazer industriazinhas tocadas com água, em quedas da costa do rio, no Pelotas e no Canoas. Tocavam engenhos de cana-de-açúcar, atafonas de farinha de mandioca, moinhos, monjolos pra descascar arroz, e serrarias tocadas a água. Não tinha outros meios, então era desse jeito. (DELORENZI, 2012).
A readaptação às novas propriedades aconteceu em um contexto desfavorável aos colonos de origem italiana – e, sobretudo germânica – no Brasil. O governo do presidente Getúlio Vargas (1937 – 1945), executou uma série de medidas visando a integração dos imigrantes e seus descendentes com a população e a cultura brasileira. Algumas das restrições impostas foram: a necessidade de autorização para viagens, a destruição de documentos e a eventual prisão daqueles que não falassem o português. (SEYFERTH In: PANDOLFI, 1999, p. 223-224). Sobre o período, José Comin relata um fato ocorrido com o imigrante Giuseppe Ferri e seus amigos: Foi um tempo que não podia falar italiano, era proibido falar estrangeiro. Então tinha as autoridades que cuidavam dos gringos que falassem em italiano. E o velho Giuseppe Ferri, o Joanin Ambrosio e o Pedro Grassi fizeram uma cantiga em italiano. Tomaram um vinho e saíram contando por aí... ah, denunciaram. Fizeram os três ir bater picareta. Fazer estrada, os três. (COMIN, 2012).
A convivência interétnica entre italianos e brasileiros não foi fácil, possibilitando interrogatórios, penas e prisões daqueles que não falassem a língua nacional. Porém, como no caso de Giuseppe, a língua portuguesa não foi assimilada totalmente, ocasionando o surgimento de adaptações linguísticas entre os dialetos italianos e o idioma português. A caça foi muito apreciada por Giuseppe Ferri e seus descendentes por ter um caráter esportivo e fornecer carne de diversos animais. Por vezes, como no caso das passarinhadas (molho de pássaros servido com polenta), as caçadas tinham caráter de tradição, mantidas como aspecto de uma cultura e diferenciação social, principalmente dos descendentes de italianos. De qualquer modo, a caça foi proibida em todo o território nacional conforme a Lei n. 5.197, de 03 de janeiro de 1967. (BRASIL, 1967). A partir da década de 1970, Celso Ramos teve um notável êxodo rural. A queda do extrativismo vegetal, a falência de pequenas propriedades rurais e a influência da mídia foram fatores que estimularam este êxodo. Neste cenário, alguns filhos de Giuseppe Ferri migraram em busca de novas oportunidades de renda, sobretudo para o Oeste de Santa Catarina e do Paraná, e os Estados do Mato Grosso e do Pará – fronteiras agrícolas do Brasil.
Após viver 87 anos e ter contribuído na alteração das paisagens de Bérgamo (Itália), Treviso e Celso Ramos (Brasil), Giuseppe Luigi Ferri faleceu em sua residência, na Linha Ferri (Celso Ramos), em 26 de março de 1969. (REGISTRO CIVIL DE ÓBITO, Anita Garibaldi, 1969). Se considerarmos os aspectos socioeconômicos valorizados pelos colonos de origem italiana, sua vida foi um “sucesso”, marcada pelo árduo trabalho em tornar os lotes coloniais produtivos, através da derrubada da mata e da produção de alimentos. A “memória oficial” das áreas de colonização vinculam os imigrantes oriundos da Itália à ideia de “transformação” e “progresso”. Porém, os impactos ambientais deste processo precisam ser reconsiderados sob a crítica histórica, que esclarece o passado e nos possibilita melhores relações com o meio ambiente no presente em que vivemos.
Figura 06: Fotopintura de Giuseppe Luigi Ferri. Celso Ramos (SC), ± 1950. Acervo do autor.
Considerações Finais O estudo das ações do imigrante Giuseppe Luigi Ferri procurou estabelecer intersecções entre a sua trajetória de vida e o contexto ambiental do período e dos locais onde este agricultor viveu, buscando conectar o particular com o geral, e vice-versa. Se levarmos em conta a história da ocupação humana para as regiões deste estudo, percebemos que seus objetivos socioeconômicos foram alcançados. Entretanto, precisamos reconsiderar a colonização sob uma perspectiva que extrapole o discurso oficial e memorialístico. A fitogeografia das áreas de colonização neoeuropeias sofreu notáveis alterações ao longo do tempo, onde a vegetação nativa cedeu lugar às lavouras e habitações – símbolos do progresso e do triunfo humano sobre a natureza. Os migrantes não avaliaram os ganhos futuros proporcionados pela preservação. Assim, com o esgotamento do solo e por questões econômicas, muitos pequenos proprietários tiveram que vender a terra, ou investiram no plantio de monoculturas, como a soja, e o reflorestamento com pinus e eucaliptos. Atualmente, os movimentos migratórios, a agricultura e a criação de animais precisam ser repensados sob a crítica da história, pois os recursos são finitos e a sustentabilidade na nossa relação com a natureza se faz urgente. Afinal, o equilíbrio no uso dos recursos naturais é fundamental para a continuidade da trajetória humana no planeta terra. Referências ATTO DI NASCITA. Ferri Giuseppe Luigi. Parte I, n. 29, anno 1881. Comune di Zanica (BG): Ufficio Servizi Demografici, 23 mag. 1881. Acervo do autor. BRASIL. Decreto n. 528, de 28 de junho de 1890. Regulariza o serviço da introdução e localização de imigrantes. Coleção de Leis do Brasil – 1890, Página 1424, Vol. 1, fasc. VI. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-528-28junho-1890-506935-publicacaooriginal-1-pe.html>. Acesso em: 20 ago. 2016. BRASIL. Lei n. 5.197, de 03 de janeiro de 1967. Dispõe sobre a proteção à fauna. Diário Oficial da União. Seção 1, 5 jan. 1967, p. 177. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-5197-3-janeiro-1967-364679normaatualizada-pl.html>. Acesso em: 20 ago. 2016.
BORTOLOTTO, Zulmar H. História de Nova Veneza. 2ª ed. Florianópolis: Insular, 2012. BRANDT, Marlon. Uma história ambiental dos campos do planalto de Santa Catarina. Tese de Doutorado em História. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2012. COMIN, José. 86 anos. Entrevista concedida a Gil Karlos Ferri e Claudia de Bona Sartor. Celso Ramos, 01 ago. 2012. Acervo do autor. CROSBY, Alfred W. Imperialismo Ecológico: a expansão biológica da Europa (900 – 1900). São Paulo: Companhia das Letras, 1993. DA PONTE, Giorgio Maironi. Dizionario Odeporico della Provincia Bergamasca. Vol. I. Stamperia Mazzoleni: Bergamo, 1819. p. 237. E-book. Disponível em: <https://books.google.it/books?id=g8YOAAAAQAAJ&pg=RA4PT64&hl=it#v=onepage&q&f=false>. Acesso em: 20 ago. 2016. DEL BELLO, Sergio. Guida ai 249 Comuni della Provincia di Bergamo. Ferrari Editrice: Bergamo, 1990. Sistema Archivistico Intercomunali. Disponível em: <http://www.areadalmine.it/archivi/index.php?page=zanica>. Acesso em: 20 ago. 2016. DE LORENZI, Zeide Carminati. Treviso Ano 100: 1891 a 1991. Siderópolis: Prefeitura Municipal de Siderópolis, 1991. DELORENZI, Ivo. 77 anos. Entrevista concedida a Gil Karlos Ferri e Claudia de Bona Sartor. Celso Ramos, 16 nov. 2012. Acervo do autor. ESTADO de Santa Catarina. Diagnóstico Municipal de Celso Ramos. Florianópolis, 1990. FERRI, Olívio. 81 anos. Entrevista concedida a Gil Karlos Ferri. Celso Ramos, 01 dez. 2012. Acervo do autor. FRANZINA, Emilio. La Grande Emigrazione. Venezia: Marsiglio, 1976. GOULARTI FILHO, Alcides. Formação Econômica de Santa Catarina. Florianópolis: Cidade Futura, 2002. GROSSELLI, Renzo Maria. Vincere o Morire. Contadini trentini (veneti e lombardi) nelle foreste brasiliane. Parte I: Santa Catarina 1875 – 1900. Provincia Autonoma di Trento, 1986. IBGE. Manual Técnico da Vegetação Brasileira. Rio de Janeiro, 1991.
L’ALBERO degli Zoccoli. Direção: Ermanno Olmi. Itália: RAI (Radiotelevisione Italiana) e Cooperativa G.P.C. (Grupo Produzione Cinema Milano), 1978. 179 min. LEVI, Giovanni. Sobre a Micro-História. In: BURKE, Peter. A Escrita da História: novas perspectivas. São Paulo: UNESP, 1992. p. 133-161. MARZANO, Luigi. Coloni e Missionari Italiani nelle Foreste del Brasile. Firenze: Tipografia Barbera, 1904. PEDERNEIRAS, Nicolau Paranhos. Relatório da Inspecção feita na Colônia Nova Veneza. Rio de Janeiro: Ed. Diário Oficial, jul. 1893. REGISTRO CIVIL DE CASAMENTO. Giuseppe Ferri e Maria Carminatti. Livro 1909 – 1914, folhas 187 (verso) e 188, n. 53. Urussanga (SC), 27 ago. 1913. Acervo do autor. REGISTRO CIVIL DE ÓBITO. José Ferri. Livro 1959 – 1998, folha 34, n. 134. Anita Garibaldi (SC), 27 mar. 1969. Acervo do autor. RIBEIRO, Cleodes Maria Piazza Júlio; POZENATO, José Clemente. Fronteiras sem Divisas: aspectos históricos e culturais da UHE Barra Grande. Caxias do Sul: EDUCS, 2005. SEYFERTH, Giralda. Os imigrantes e a campanha de nacionalização do Estado Novo. In: PANDOLFI, Dulce. Repensando o Estado Novo. Rio de Janeiro: FGV, 1999. p. 199-228. WORSTER, Donald. Para fazer história ambiental. In: História e Natureza. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 04, n. 08, p. 198-215, 1991. ZARTH, Paulo Afonso. Agricultura e impactos ambientais no Planalto do Rio Grande do Sul. In: NODARI, E. S.; KLUG, João. História Ambiental e Migrações. São Leopoldo: Oikos, 2012. p. 54-76.
Agradecimentos Este artigo foi realizado com a contribuição dos familiares que residem na Linha Ferri. Agradeço o apoio nas pesquisas relativas à colonização italiana em Celso Ramos (SC).